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ENTREVISTA
Alexandre Couso, diretor-
presidente da Edalco Construtora,
destaca a importância do uso
da tecnologia nos projetos
NOSSO CRAQUE
Mestre Bruno Contarini conta suas
experiências e sua trajetória
Ponte
Anita
Garibaldi
Um marco em projeto estrutural por ser a primeira ponte estaiada do
Brasil em curva construída com uso de aduelas pré-fabricadas coladas
ÍNDICE | REVISTA ESTRUTURA
DIVULGAÇÃO DNIT
PONTE ANITA ÍNDICE
GARIBALDI 04 | EDITORIAL
CONVERSA DE BAR
55 | NORMAS TÉCNICAS
FORÇAS PARA O PROJETO DE ESTRUTURAS
DE GARAGENS E ZONAS DE CIRCULAÇÃO DE
05 | PALAVRA DO PRESIDENTE VEÍCULOS EM EDIFÍCIOS
ABECE 2030
60 | APRENDENDO COM O ERRO
08 | ENTREVISTA PROJETO DE ESTRUTURAS EM SITUAÇÃO
ALEXANDRE COUSO DE INCÊNDIO
EXPEDIENTE
A Revista Estrutura é uma publicação da ABECE – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENGE-
NHARIA E CONSULTORIA ESTRUTURAL, dirigida aos escritórios de engenharia estrutural
e engenheiros projetistas, construtoras, arquitetos e demais profissionais do setor.
PRESIDENTE: Augusto Guimarães Pedreira Gusmão, Antonio Laranjeiras, Augusto C. DIAGRAMAÇÃO: Alcibiades Godoy
de Freitas Vasconcelos, Augusto G. Pedreira de Freitas, PUBLICIDADE: ABECE
VICE-PRESIDENTE DE RELACIONAMENTO: Carlos Britez, Cesar Pinto, Daniel Domingues Av. Brigadeiro Faria Lima, 1.993 - cj. 61 -
Jefferson Dias de Souza Júnior Loriggio, Eduardo Barros Millen, Guilherme CEP: 01452-001 - São Paulo/SP
VICE-PRESIDENTE DE TECNOLOGIA E A. Parsekian, Inês L. S. Battagin, Joaquim abece@abece.com.br
QUALIDADE: Ricardo Leopoldo e Silva França Mota, José Celso da Cunha, Leonardo Braga Tel.: (11) 3938-9400
VICE-PRESIDENTE DE MARKETING: José Luiz Passos, Márcio Roberto Silva Correa, Mario IMPRESSÃO: Editora Gráfica Nywgraf
V.C.Varela Cepollina, Milton Golombek, Nelson Covas, TIRAGEM: 6.000
DIRETOR ADMINISTRATIVO-FINANCEIRO: Ricardo Leopoldo e Silva França, Selmo
Roberto Dias Leme C. Kuperman, Sergio Hampshire, Valdir ERRATA: na página 54 da primeira edição da Revista
Estrutura foi editada uma ilustração que não faz parte
DIRETORES: Claudio Adler, Enio Canavello Pignatta e Silva. do tema tratado na seção Aprendendo com o Erro.
Barbosa, Fabrício Tomo, Guilherme Covas, EDIÇÃO: Mecânica de Comunicação
João Alberto de Abreu Vendramini, João Luis www.meccanica.com.br
Casagrande, José Martins Laginha Neto, Luiz JORNALISTA RESPONSÁVEL: Enio Campoi –
Aurélio Fortes da Silva, Suely Bacchereti Bueno, MTB 19.194
Thomas Garcia Carmona e Tomás Vieira. REDAÇÃO: Lázaro Evair de Souza, Sylvia Mie Cadastre-se no
SECRETARIA GERAL: Elaine C. M. Silva PRODUÇÃO GRÁFICA: MGDesign site da ABECE para
COMITÊ EDITORIAL: Alexandre Duarte www.mgdesign.art.br receber a revista.
03
EDITORIAL
CONVERSA DE BAR
T
enho tido muita sorte na vida... força muito grande e é ele que vai auferir
O privilégio de fazer este edito- e avaliar o resultado ao habitar, traba-
rial é uma delas... lhar, utilizar e avaliar todos esses itens do
Mas quando olhamos para o “pa- imóvel que adquiriu para uso próprio ou
pel em branco”... investimento.
O que dizer a projetistas e executores? Outro ponto chave:
Não quero um artigo técnico, quero uma • Obra entregue!
conversa de bar... Você construtora entregou, está entre-
Incorporadores/Projetistas/Executores!!! gue!
Sentemos nesta mesa. Fim de Obra!
Não entrarei no mérito da pesquisa de Mer- Se precisou voltar a ela por solicitação do
cado e definição do produto, mas vamos lá. cliente, por qualquer motivo, deve ter ha-
A partir daí, tudo se inicia na concepção vido alguma falha no processo, seja em
da arquitetura que tem que estar casada projeto, materiais empregados, mão de
com o projeto estrutural. obra ou na execução.
O sucesso de um empreendimento passa Isso é custo, entenda-se prejuízo.
hoje, muito mais do que antes, pelo ne- As construtoras focam:
cessário entrosamento dessa parceria. • Compra do terreno
Quanto mais afinada, melhor o resultado • Projetos
JEFFERSON DIAS DE SOUZA JÚNIOR,
final. • Execução
VICE-PRESIDENTE DE
E para a garantia dos resultados inicial- RELACIONAMENTO DA ABECE • Produto final com qualidade
mente propostos, tudo começa no per- • Preço compatível
feito desenvolvimento do projeto que ne- • Maximização de lucros
cessita de equipes bem montadas e bem Exemplos: Tudo passando por um rigoroso controle
equilibradas, mesclando profissionais • Uma simples sondagem pode iden- de custos.
jovens com mais experientes... tificar a inviabilidade de um em- Esses custos deveriam se encerrar com
Dessa quase simbiose entre o arquiteto e preendimento! a entrega do produto, mas nem sempre
o estruturista é que nascem as obras com • Um estudo de implantação num de- isso ocorre.
melhor resultado, tanto estético quanto terminado terreno, com ênfase em Nós projetistas temos sim que ampliar
de desempenho técnico financeiro. locação e níveis de assentamento nossas visões para além do projeto.
Quando falo projetos, me refiro a toda pode ser fator preponderante para Enxergarmos além da estabilidade global
gama de projetistas envolvidos: uma rentabilidade positiva ou nega- e efeitos de segunda ordem.
• Arquitetura tiva. Nossos parceiros empreendedores ne-
• Estrutura Eu diria que o maior foco dos projetos cessitam de nosso apoio. Temos de an-
• Fundações tem que estar no custo final da obra, tecipar problemas e propor soluções.
• Paisagismo sem dúvida, e na qualidade do produto
• Instalações elétricas que a construtora/incorporadora irá en- A lucratividade das Construtoras/Incor-
• Instalações Hidráulicas tregar ao seu cliente, em parte refletida poradoras é parte de nossas metas.
• Ar condicionado na durabilidade, no conforto e na ausên- Temos também que ajudar a identificar
• Automação cia de patologias ao longo da vida útil da qual seria o melhor partido estrutural
• Outros construção. para cada empreendimento.
Todas as etapas tem que estar interliga- É sabido que hoje, como não poderia dei- Mas aí já é outro assunto.
das e devidamente analisadas. xar de ser, o consumidor final tem uma Garçom, vê a conta e a saideira.
ABECE 2030
N
o dia 26 de julho de 2016, um • Projetista Estrutural
grupo de profissionais com o Tipologias de construções que está ca-
atuação relevante na condução pacitado
da ABECE desde sua formação, • Avaliador Técnico de Projeto
esteve reunido com o propósito de discu- o Tipologias de construções que está ca-
tir sobre o futuro da associação e da pro- pacitado
fissão de engenharia de estruturas. • Empresa de Engenharia Estrutural
É fundamental que a ABECE atue com me- o Tipologias de construções que está ca-
tas de longo prazo que busquem objeti- pacitada em função dos profissionais
vos que não podem ser alcançados por que compõem a empresa
uma atuação isolada de um escritório, Conforme amplamente discutido, existem
sendo fundamental a atuação da associa- diversos pontos a serem trabalhados nes-
ção. As metas devem ser acordadas entre se processo de certificação, tais como:
os associados, visando o coletivo. • Necessidade de se complementar a gra-
A reunião não foi conclusiva no sentido de de curricular da universidade que não
definir as ações a serem realizadas, mas atender as necessidades de formação do
foram levantados diversos pontos de vis- profissional de engenharia estrutural:
ta e proposto alguns caminhos a serem o Criar cursos de aperfeiçoamento;
trilhados. o Criar programas de estágios, podendo
Deverão ser criados grupos de trabalho praticar a engenharia estrutural em es-
para atuarem em questões de longo pra- critórios, como formação complemen-
zo e que tenham um Plano de Ações de tar, semelhante à residência exercida
médio e longo prazos bem definido que pelos médicos.
será acompanhado ao longo das gestões • Participação da ABECE no processo de
da ABECE. certificação:
Pelo que foi discutido, teríamos pelo me- o Entende-se que o processo de avalia-
nos 3 temas com metas de longo prazo ção não deva ser feito pela ABECE, mas
que merecem uma dedicação especial. que a certificação seja realizada pela
Associação;
1. CERTIFICAÇÃO DO o Necessidade de associação com o Con-
PROFISSIONAL fea para validação do processo;
Verificou-se a necessidade de caminhar- • Comunicação com a sociedade sobre a
mos para um processo de certificação que importância desta certificação;
busque a competência e experiência téc- • Definição do formato de avaliação:
nica no exercício da profissão, por meio o Necessidade de definir quem será o
de um processo evolutivo de qualificação responsável pelo processo de avalia-
e certificação. ção segundo as premissas e quesitos
É fundamental passar para a sociedade definidos pela ABECE, buscando:
o entendimento do quanto é importante Que o controle do processo de cer-
esta certificação para a segurança das tificação permaneça com a ABECE;
construções. Garantia de isonomia;
Entende-se que deva ser certificado o pro- Abrangência nacional;
fissional quanto às suas atribuições: Que seja um processo evolutivo.
05
PALAVRA DO PRESIDENTE | AUGUSTO GUIMARÃES PEDREIRA DE FREITAS
• Definição dos passos a serem dados para Essa busca pelo “Acidente Zero” passa por O entendimento sobre o funciona-
implementação da certificação. ações que são desenvolvidas pela ABECE, mento das estruturas;
tais como: Mostrar ao poder público um pas-
2. PROFISSIONALIZAÇÃO DOS • Certificação dos profissionais, que é uma sivo de risco nas cidades devido ao
ESCRITÓRIOS das metas de longo prazo; envelhecimento das estruturas e
A Norma de Desempenho no mercado de • Evolução da normalização, que é conti- quais as medidas a serem tomadas
edificações traz à tona uma preocupação nuadamente acompanhado pela Direto- para prolongar a vida útil destas
já existente e que tem se tornado mais ria de Normas da ABECE; estruturas.
frequente para os escritórios que atuam • Pela efetivação da ATP (Avaliação Técnica • Seja um fórum permanente para análise
com obras de infraestrutura: de Projeto); das causas dos acidentes, definido a pro-
• A responsabilidade civil do profissional A evolução da engenharia estrutural pas- vável causa real do acidente, auxiliando
de projeto sa, necessariamente, pelo entendimento tecnicamente na definição das responsa-
O risco de questionamentos jurídicos de dos insucessos para que sejam tomadas bilidades
insucessos, de qualquer tamanho, é cada ações corretivas e preventivas: • Seja um fórum permanente de discussão
vez maior e presente. • O entendimento dos erros permite ações de novas soluções estruturais e necessi-
Desta forma, a possibilidade de ações ju- para evitarem novos acidentes dades de correções do processo norma-
rídicas de responsabilidade se somam às Desta forma, entende-se que este comitê tivo em função de análise de insucessos;
questões trabalhistas e tributárias exigin- deva ter esta ação como seu principal ob- • Seja um fórum permanente de referência
do do escritório cada vez mais profissio- jetivo. para solução de conflitos entre profissio-
nalização. Além disso, a ABECE precisa transmitir nais, no caso de conceitos técnicos.
A questão que fica é: como buscar esta segurança à sociedade, com relação à • Seja um fórum permanente para incen-
profissionalização de maneira consistente engenharia de estruturas, se tornando a tivar a manutenção e inspeção periódi-
em função dos recursos existentes? referência para a mídia e órgão públicos. ca das edificações, visando aumento de
O grupo entende que o Seguro de Respon- Para isso, ao analisar qualquer acidente, vida útil.
sabilidade Civil é a principal forma de se deve-se ter total isenção e atuar exclu- Gostaria de agradecer a participação de
proteger às questões jurídicas, mas verifi- sivamente sob o ponto de vista técnico, grandes colegas que compareceram à reu-
cou-se a necessidade de evoluir o seguro evitando que um associado seja respon- nião e que ao longo dos anos vem fazendo
hoje existente, principalmente em função sabilizado por algo que não é de sua res- da ABECE uma associação cada vez mais for-
do custo que tem aumentado e tende a ponsabilidade. te e relevante para a Engenharia Estrutural:
aumentar ainda mais em razão da avalia- Com estes objetivos entende-se que este Alberto Naccache, Antonio Carmona Filho,
ção do risco envolvido pelas seguradoras. comitê deva ser criado com as seguintes Candido Magalhães, Claudio Adler, Eduar-
Levantaram-se pontos importantes a se- características e funções: do Barros Millen, Enio C. Barbosa, Fabricio
rem trabalhados na questão do Seguro de • Seja composto de engenheiros que sejam Tomo, Francisco Paulo Graziano, Guilherme
Responsabilidade: referência em engenharia estrutural; Covas, Jefferson Dias de Souza, João A. Ven-
• Possibilidade de ser contratado um segu- • Estabeleça parcerias com órgãos públi- dramini, João Luis Casagrande, José A. Avila,
ro por empreendimento com divisão de cos para ser referência de assessoria téc- José Luiz V.C. Varela, José Martins Laginha,
riscos e prêmios proporcionais entre os nica em casos de acidentes; Júlio Timerman, Leonardo Braga Passos, Lu-
envolvidos. • Tenha uma assessoria de imprensa espe- ciano Rodrigues Coelho, Luiz Aurélio Fortes
o Nesta situação, profissionais com maior cífica que busque: da Silva, Marcelo Rozenberg, Marcos Mon-
qualificação representariam menor risco o Capacitação dos interlocutores pelo teiro, Marcos Velletri, Nelson Covas, Ricardo
Relação direta com o processo de CAA/ABECE; França, Suely B. Bueno, Thomas Carmona,
certificação contribuindo para a o Atuação junto a órgãos públicos e mí- Tomás Vieira de Lima, Valdir Silva Cruz
necessidade de implementação. dia no sentido de tornar o CAA/ABECE Finalmente, gostaria de agradecer a todos
• Os projetos que tivessem ATP (Avaliação referência para comunicação com a so- os outros colegas que ao longo destes dois
Técnica de Projeto) também representa- ciedade no caso de acidentes; últimos anos nos ajudaram na condução da
riam um risco menor o Esta comunicação deve ser cuidadosa- ABECE.
o Um grande impulso à introdução da mente estudada pelo comitê para que Os projetos nos últimos anos... Quase zero
ATP como uma atividade necessária não se perca a credibilidade nem que reais!
se seja negligente; O lucro nos últimos anos ... Alguns reais ne-
3. COMITÊ DE ANÁLISE DE o Atuação junto a órgãos públicos e mí- gativos!
ACIDENTES (CAA) dia possibilitando que o CAA/ABECE Ter amigos que se doaram no objetivo co-
O entendimento da criação de um comitê possa passar recomendações para a mum de fazer a ABECE crescer e se fortale-
de análise de acidentes é muito mais am- sociedade objetivando: cer, além da fantástica convivência que me
plo do que simplesmente o atendimento O entendimento da segurança ne- propiciaram crescimento profissional e pes-
da demanda gerada por um acidente es- cessária nas estruturas; soal... Não tem preço!
trutural, pois o objetivo da ABECE deve ser O melhor desempenho das estru-
a busca por uma redução destes acidentes, turas mostrando o uso correto e a Grande Abraço a todos!
sendo o mais desejável que não ocorram. manutenção necessária; Boa sorte ao Jefferson e sua equipe!
BIM É UM A
Edalco Engenharia atua nas
áreas comercial e residencial,
em especial, nos segmentos de
alto e médio padrão e, também,
PROCESSO
no de produtos econômicos, por meio
do programa Minha Casa, Minha Vida.
Já são mais de dois milhões de metros
quadrados construídos e 13 mil unida-
des entregues. Liderada pelo engenheiro
SEM CAMINHO
Alexandre Couso, diretor-presidente da
empresa, foi uma das primeiras constru-
toras a implantar a tecnologia BIM – Buil-
ding Information Modeling no Brasil. Isso
DE VOLTA
porque, com uma atuação de mais de 27
anos no mercado, tem em seu DNA uma
preocupação com a evolução constan-
te dos seus processos e metodologias.
“Conseguimos, por meio desse proces-
so, fazer uma integração entre as várias
áreas da empresa. Assim, o BIM é uma
atividade multidisciplinar integrada, con-
tribuindo para mudar a cultura e a forma
como os departamentos interagem, tor-
ENGENHEIRO ALEXANDRE COUSO, DIRETOR-PRESIDENTE DA nando a companhia mais eficiente e pro-
EDALCO ENGENHARIA, MOSTRA OS RESULTADOS OBTIDOS dutiva”, afirma.
09
ENTREVISTA | ALEXANDRE COUSO
cesso colaborativo, o não cumprimento ABECE – Atualmente, todos os projetos senvolvimento do empreendimento em to-
dos objetivos por um departamento (ou são desenvolvidos em BIM? das as etapas. A participação do projetista
mesmo indivíduo) pode por em cheque o Alexandre Couso – Todos os novos proje- de estrutura junto com a construtora na
sucesso de todo um investimento e esfor- tos estão a ser desenvolvidos em ambiente concepção do produto e desenvolvimen-
ço da equipe. Além disso, o fato de o BIM BIM. Esta foi a opção estratégica tomada. to do projeto é extremamente necessária,
ter sido implantado na Edalco de forma Consideramos que não justificaria o inves- pois acreditamos que a técnica e a criação
colaborativa permite a contínua motiva- timento migrar projetos já em curso. precisam andar juntas, objetivando a viabi-
ção dos profissionais envolvidos e, conse- lidade técnica e econômica, a racionaliza-
quentemente, o aprimoramento do pro- ABECE – Quais os principais benefícios ção da construção, o desempenho do pro-
cesso. Assim sendo, o investimento nas com sua utilização? duto e a facilidade da manutenção.
pessoas e em sua capacitação foi essen- Alexandre Couso – Além dos benefícios Na fase de execução da obra podemos,
cial para o sucesso da implementação do referidos anteriormente em termos de pro- através do acompanhamento e controle da
BIM na Edalco. dutividade e redução de custos, o modelo execução, garantir a aplicação das melhores
BIM, quando integrado com o orçamento práticas, orientando a equipe técnica para
ABECE – Comparando uma obra de igual e o planejamento (com linha de balanço), garantir o desempenho previsto em proje-
porte com uso do BIM e sem a ferra- traz objetividade ao processo. Ele torna o to e evitar patologias futuras possíveis ao
menta, qual o ganho de produtividade? planejamento físico mais detalhado e mais incorporador. Os benefícios dessa sinergia
E redução do custo final? assertivo, cria um banco de dados de pro- se evidenciam na finalização do empreendi-
Alexandre Couso – Todas as obras são di- dutividade e deixa visíveis as folgas que no mento, no custo, no prazo planejado e com
ferentes, com diferentes complexidades e planejamento em Gantt deixa as atividades a qualidade e desempenhos projetados.
dimensões e, portanto, a definição de uma da obra mais parecidas com uma linha de Na fase após a entrega, entendemos a
percentagem de ganho de produtividade produção. Por outro lado, como lado, como necessidade de ouvir nosso cliente atra-
ou de redução de custo deve ter isso em o acompanhamento é feito no mesmo am- vés de pesquisa e acompanhar a vida do
conta. Nas nossas implementações, temos biente BIM, a metodologia imprime inteli- empreendimento, fazendo uma análise
avaliado várias métricas de forma a analisar gência ao planejamento de forma que seja crítica do trabalho realizado, corrigindo
o sucesso do ponto de vista de performan- possível projetar a produtividade realizada procedimentos usados na elaboração do
ce ao nível dos custos, tempo e qualidade. nos pavimentos já executados, sobre os pa- projeto, desde a sua concepção até sua
Podemos, assim, exemplificar os ganhos vimentos seguintes. Dessa forma, ele rea- manutenção, melhorando os custos e
obtidos por meio de nossas experiências: justa a produtidade e produz uma previsão buscando no futuro desenvolver melho-
– Cerca de 30% das revisões de projetos do que irá acontecer na obra permitindo res projetos que vão ao encontro dos an-
são relativos a problemas de incompati- tomar ações corretivas com antecedência. seios do nosso público consumidor.
bilidades não detectados devidamente. É ainda promovida uma eliminação do
Com o BIM temos conseguido diminuir o trabalho de execução do cronograma fi- ABECE – Qual sua opinião sobre a am-
número destas revisões devido ao pro- nanceiro, uma vez que devido à integração pliação do escopo do projetista estrutu-
cesso rápido e automático de checagem do orçamento com o planejamento físico, ral, passando a incluir uma participação
de interferências. qualquer alteração nele ou ao modelo (es- no planejamento da execução da estru-
– Em média, a duração dos levantamentos copo da obra) se reflete no cronograma tura junto à equipe de execução?
dos quantitativos realizados manualmente financeiro. Alexandre Couso – Entendo como ne-
dura em torno de 20 dias trabalhados. A Por fim, uma situação positiva identificada cessária a ampliação do escopo de con-
partir do edifício modelado, a extração de no processo de implantação do BIM foi a tratação do projetista de estrutura, com a
quantitativos é instantânea. Assim sendo, oportunidade que os profissionais de dife- finalidade de acompanhar todas as fases
temos uma diminuição no tempo de orça- rentes áreas dentro da empresa tiveram de do projeto e do empreendimento, princi-
mentos, pois se aproveita o trabalho reali- conhecer os processos de outros departa- palmente na sua concepção, implantação e
zado na modelagem para compatibilização mentos, ou seja, motivada pelo objetivo no seu planejamento, onde fazemos simu-
dos projetos, eliminando-se o trabalho de principal de integração do BIM, a empresa lações de vários sistemas estruturais, ana-
medição manual usando o Autocad e o Ex- teve a oportunidade de renovar seu olhar lisando seus impactos, no prazo e no custo,
cel com os respectivos erros associados. sobre o processo como um todo. buscando a racionalização e a viabilidade
Testes comparativos demonstraram que técnica mais adequada.
as diferenças entre quantidades levanta- ABECE – Qual sua opinião sobre a siner-
das manualmente e quantidades geradas gia necessária entre o construtor/incor- ABECE – Quais são os fatores mais im-
do modelo foram inferiores a 1%, reforçan- porador e o projetista de estrutura nas portantes para a concepção do projeto
do a confiabilidade no uso do BIM. diversas etapas de desenvolvimento do estrutural na construtora?
– Relativo à redução de custos, a nossa ex- empreendimento: concepção, desen- Alexandre Couso – Os fatores são o atendi-
periência demonstra que é possível uma re- volvimento do projeto, durante a execu- mento às normas técnicas, a elaboração de
dução de aproximadamente 55% dos cus- ção da obra e após a entrega? uma estrutura que atenda as necessidades
tos de horas trabalhadas dos profissionais Alexandre Couso – A integração entre do produto e da arquitetura, de forma mais
envolvidos nas fases de Projetos, Orçamen- construtor, incorporador e projetista de racional possível para a execução da obra e
tos e Planejamento. estrutura é fundamental para o bom de- menor custo para o empreendimento.
60 ANOS DE
GENIALIDADE
CONSIDERADO UM DOS MAIORES PROJETISTAS ESTRUTURAIS DO PAÍS, CONTARINI
CONSTRUIU, EM PARCERIA COM OSCAR NIEMEYER, OBRAS ICÔNICAS EM VÁRIOS PAÍSES
C
om exatos 60 anos de atuação, CONTARINI – Na vida devemos ter sem-
o engenheiro Bruno Contarini pre ordem e organização em todos os tra-
tem uma estreita ligação com o balhos que executamos. Para isso acon-
universo dos arquitetos, até por tecer tem de haver uma responsabilidade
ter feito especialização na área pela Escola ao mesmo tempo em que devemos ter
Nacional de Engenharia da Universidade uma hierarquia a ser respeitada. Não sou
do Brasil, atual Escola Politécnica da militar de carreira, mas trabalhei e convivi
Universidade Federal do Rio de Janeiro. muito com profissionais do Exército e da
“Tive a felicidade de trabalhar com ótimos Aeronáutica. Com eles aprendi a valorizar
arquitetos. Com eles aprendi a valorizar algo muito importante: a hierarquia. Em
algo muito importante: a hierarquia. Em tudo na vida, há gente que manda e gen-
tudo na vida, há gente que manda e gente te que obedece. Isso é fundamental em
que obedece. Isso é fundamental em todos todos os serviços que venhamos a exe-
os serviços que executamos. Para executar cutar. E aí a ligação com a sinergia entre
bem uma obra é necessário ter um chefe arquiteto e engenheiro.
e, para mim, o chefe da obra é sempre o
arquiteto, o autor do projeto que será ABECE – Podia comentar esta sinergia
executado”. Em sua trajetória profissional, entre o senhor e aquele que é consi-
Contarini conviveu com os mais importantes derado o mais destacado arquiteto
arquitetos de sua geração, com destaque brasileiro e que o senhor chama cari-
para Oscar Niemeyer, com quem manteve nhosamente de “Oscar”?
estreita parceria em diversas obras CONTARINI – Tive a felicidade de traba-
no Brasil e no exterior. Tem seu nome lhar com ótimos arquitetos, os principais
ligado a vários projetos de destaque no foram: Oscar Niemeyer, Affonso Eduar-
Brasil, na África e na Europa. Dentre as do Reidy, Sergio Bernardes, Lúcio Costa,
principais obras assinadas por Contarini, Glauco Campello, Carlos Magalhães, en-
BRUNO CONTARINI destacam-se: Ponte Rio-Niterói, que foi a tre outros. E aí entra a hierarquia. Para
primeira obra a utilizar tecnologia de ilhas executar bem uma obra é necessário
flutuantes com uso de tubulões e treliças sempre ter um chefe e para mim, o che-
de lançamento; edifício da Universidade fe da obra é sempre o arquiteto, o autor
de Constatine, na Argélia; Viaduto Negrão do projeto que será executado. Para o
de Lima e Sambódromo (RJ); Museu de engenheiro, como um grande auxiliar do
Arte Contemporânea de Niterói (RJ); ponte Arquiteto, é fundamental ter uma rela-
sobre o Rio Tocantins, que possibilitou a ção íntima com ele. Um exemplo disso
conclusão da Rodovia Belém-Brasília, entre é o fato de o Oscar ter nos presenteado
outras. Confira a seguir outras opiniões com algo muito especial. Minha filha Pa-
de Contarini, um dos mais reconhecidos trícia, que conhecia muito bem o Oscar,
engenheiros brasileiros. numa ocasião ganhou de presente dois
ABECE – Qual a importância da siner- desenhos feitos especialmente por ele:
gia entre o arquiteto e o projetista de um sobre a Universidade Constantine
estruturas? (na Argélia) e outro sobre o MAC- Mu-
11
NOSSO CRAQUE | BRUNO CONTARINI
CONTARINI CONSIDERA A PONTE RIO-NITERÓI A OBRA MAIS IMPORTANTE DAS QUAIS PARTICIPOU, EM TERMOS DE DESAFIOS DE ENGENHARIA ESTRUTURAL.
13
MATÉRIA | O QUE ELES QUEREM DE NÓS
INTEGRAÇÃO:
PROJETO X OBRA
N
os últimos anos, sucedendo a dos a seguir regras e requisitos particu-
Divulgação
“
chamados “protótipos de obra”, para que
se faça um ajuste fino do projeto e para
que sejam feitas sugestões de melhoria,
retroalimentando as equipes envolvidas
Penso que a atividade de projeto
no projeto. poderia ser cada vez mais
Além disto, a aproximação do projetista
e do construtor enriquecerá o repertório integrada e colaborativa,
dos envolvidos, trazendo mais elementos
para que o projeto, ao conceber a “me-
com a participação mais efetiva
lhor relação custo-benefício”, intensifique
dos construtores
“
e aprimore a utilização de novos concei-
tos, para formatar, por exemplo, soluções
que aumentem a produtividade, facilitem
ou tornem a execução mais segura.
Assim, haverá condições para que as me-
lhores opções estejam disponíveis ainda
na fase de projeto, evitando futuras “deci-
sões em canteiros de obra”, limitadas em
suas opções, e privadas, normalmente, de administração de empresas pela dução de obras por cerca de 10 anos.
de uma visão sistêmica. Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), Atua desde 2005 como gerente de de-
com mestrado na área de tecnologia senvolvimento tecnológico, qualidade
* Maurício Bernardes é engenheiro civil e gestão da produção pela POLI - USP. e assistência técnica no mercado da
pela UNICAMP, especializado na área Trabalhou como engenheiro de pro- construção civil.
15
ESTRUTURA EM DESTAQUE | ANITA GARIBALDI
ALTO GRAU DE
DIFICULDADE
NO PROJETO
ESTRUTURAL
PONTE ANITA GARIBALDI, NA BR-101, DARÁ UM GRANDE IMPULSO ECONÔMICO E,
TAMBÉM, TURÍSTICO À REGIÃO
A
POR: ENESCIL ENGENHARIA DE PROJETOS Rodovia Governador Mário Covas ou BR-101 é uma
rodovia federal de 4.772,4km de extensão que liga 12
Estados do Brasil de norte a sul, tendo início na cidade
de Touros-RN e final na cidade de São José do Norte-
-RS. Devido a seu traçado ser paralelo a costa leste Brasileira, a
BR-101 também é chamada de Rodovia Translitorânea.
Em toda sua extensão, a BR-101 conta com trechos duplicados
e em duplicação, trechos em pista simples pavimentados e um
trecho ainda em fase de planejamento entre os municípios de
Peruíbe-SP e Garuva-SC.
Em um dos trechos em duplicação, no município de Laguna-SC,
a BR-101 cruza com o Canal das Laranjeiras, onde já havia uma
ponte do antigo trecho em pista simples, e que com a duplica-
LOCALIZAÇÃO DA OBRA
ção da rodovia o tráfego usual de 25mil veículos diários, que no temi. A construção da obra de arte ficou a cargo do consór-
verão chega a 40mil veículos/dia, passou a sofrer com o afunila- cio Ponte Laguna, composto pelas empresas Camargo Corrêa,
mento das pistas sobre a travessia. Aterpa e Construbase, e o estaiamento feito pela Freyssinet.
Dada a necessidade do aumento da capacidade de tráfego foi
ENESCIL
então projetada e construída uma nova ponte, com 2830m de
extensão, ao lado da existente, de modo a comportar o fluxo de
veículos e também proporcionar navegabilidade às embarca- ELEVAÇÃO ESQUEMÁTICA DA PONTE.
ções que adentram o canal.
Conforme o projeto, em planta, tem-se trechos em tangente com
GOOGLE MAPS
17
ESTRUTURA EM DESTAQUE | ANITA GARIBALDI
RONALDO AMBONI
BLOCOS DE FUNDAÇÃO DOS MASTROS E PILARES PAREDE DE APOIO SOB O TABULEIRO.
ENESCIL
Sequência executiva:
• Posicionamento da balsa;
• Cravação da camisa metálica com martelo vibratório;
• Escavação do solo/rocha;
• Montagem das armaduras;
• Concretagem.
A mesoestrutura do trecho de acessos conta com pilares, con-
soles de apoio, calços e aparelhos de apoio metálicos para uma
carga de 900tf (fixos e unidirecionais). Os caixões bi-apoiados
se apoiam nos aparelhos de apoio e estes, por sua vez, se
apoiam nos calços, fixados nos consoles.
DETALHE EM PLANTA DO BLOCO DE FUNDAÇÃO DE UM DOS MASTROS.
ENESCIL
TRECHOS DE ACESSO
ESQUEMA DE APOIOS DO TRECHO DE ACESSOS. Os trechos de acesso são constituídos de seções tipo caixão, for-
mados por aduelas pré-moldadas dispostas num vão bi-apoiado.
No prolongamento das estacas tem-se os pilares e no topo dos Um fator de grande desafio para obra, apesar da concepção sim-
pilares estão os consoles de apoio dos caixões. Não são uti- ples, foi o uso de um sistema construtivo relativamente novo no
lizados blocos ou quaisquer outros elementos de travamento Brasil, composto por treliças de autocimbre, ou sistema OPS (Or-
entre as estacas e pilares. ganic Prestressing System) da portuguesa Berd.
Características dos vãos de acesso:
ENESCIL
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Ainda, de acordo com os engenheiros da Enescil, mesmo com
a utilização do sistema OPS, havia esforços na seção caixão re-
cém colada devido ao içamento das aduelas posteriores, sendo
assim necessário verificar as forças de protensão provisórias,
de modo a garantir que a seção estivesse sempre comprimida.
Através da metodologia executiva empregada, foi possível a
CORTE TRANSVERSAL DA SEÇÃO DA PONTE NO TRECHO DE ACESSOS. execução de um vão de 50m por semana, onde as etapas exe-
A protensão provisória feita durante a colagem das aduelas foi cutivas compreendiam:
feita com auxílio de barras Dywidag, através de blocos de anco- 1. Suspensão das 7 primeiras aduelas;
ragem provisórios fixados em diversos pontos da seção. 2. Posicionamento do contrapeso;
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ADUELAS PRÉ-MOLDADAS ESTOCADAS NO PÁTIO DA OBRA
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O sistema executivo empregado, com uso do sistema OPS da Após a suspensão e colagem de todas as aduelas, efetuou-se a
Berd, consiste em um sistema ativo de protensão na treliça, que protensão definitiva, sendo que a sequência de protensão con-
visa minimizar os esforços na estrutura devido a possíveis defor- sistia em uma primeira etapa, onde se protendiam apenas 4
mações na treliça durante o içamento e montagem. dos 7 cabos em cada alma das aduelas.
19
ESTRUTURA EM DESTAQUE | ANITA GARIBALDI
ENESCIL
Após a fixação das mãos-francesas, era realizado o posiciona-
ENESCIL
mento das pré-lajes entre os vãos de cada mãos-francesas e
em seguida era procedido com a concretagem in loco da laje de
modo a solidarizar todos os elementos de concreto.
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A premissa de protensão em duas etapas foi adotada, pois de-
vido ao peso próprio da ponte ainda estar mobilizado na treliça,
a protensão de todos os 7 cabos em uma única etapa poderia As juntas de dilatação estão locadas a cada 200m, sendo que
causar a ruptura do caixão. nos vãos intermediários, sem juntas, foram utilizadas lajes flexí-
Para a segunda e última etapa de protensão foi necessário rea- veis executadas após a conclusão do tabuleiro.
lizar a desmobilização da treliça, onde foram utilizados maca-
cos hidráulicos de modo a suspender o vão, desconectar a treli- TRECHOS ESTAIADO
ça e na sequência os próprios macacos hidráulicos realizavam o O trecho estaiado da ponte Anita Garibaldi possui vão central
posicionamento do caixão sobre os aparelhos de apoio. com 200m e mais dois vãos adjacentes de 100m cada, totalizan-
do o comprimento de 400m, descritos em um raio de curvatu-
ENESCIL
ENESCIL
No trecho estaiado as juntas de dilatação estão localizadas
Após a transferência de apoio da treliça para os aparelhos de junto aos apoios dos caixões, e sua composição se dá por:
apoio, a treliça se movimenta para o vão seguinte e o restante • 2 mastros com plano único de estais;
dos cabos recebe a segunda etapa de protensão. • Altura dos mastros em relação ao tabuleiro: 66,50m
Na sequência construtiva são montadas as mãos-francesas, • Aduelas pré-moldadas coladas com epóxi com 3,30m de
pré-lajes e concretagens adjacentes ao caixão. As mãos-france- comprimento;
sas são fixadas no caixão com auxilio de barras Dywidag. • Número total de aduelas pré-moldadas coladas: 104, exe-
cutadas via balanços sucessivos;
ENESCIL
ENESCIL
tava apenas com a contribuição da restrição parcial dada pelos
estais transversais.
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SEÇÃO TRANSVERSAL DO MASTRO.
ELEVAÇÃO ESQUEMÁTICA DO TRECHO ESTAIADO.
ENESCIL
-moldadas coladas. Diferentemente do trecho de acesso, onde
os caixões são retos em planta, as aduelas do trecho estaiado
foram pré-moldadas em canteiro já considerando a curvatura
da obra, ou seja, as aduelas possuíam formato trapezoidal, em
planta, de modo a se ajustarem à curvatura.
ESTAIAMENTO TRANSVERSAL Em pontes estaiadas convencionais, moldadas in loco, há o re-
O projeto básico da ponte não previa a existência de estais curso de ajuste da treliça de modo a promover a adequação da
transversais ao mastro. Entretanto, durante o desenvolvimento ponte ao greide vertical da obra, durante a concretagem, o que
do projeto executivo, ao se realizar as verificações das ações possibilita o ajuste da ponte durante a execução. Já no sistema
do vento de modo mais preciso, computando no modelo a se- de aduelas pré-moldadas coladas (justapostas), não há possibi-
quência de execução, curvatura do traçado entre outros, cons- lidade de ajuste uma vez que as aduelas já estão fabricadas e
tatou-se que haveria a necessidade da colocação destes estais, estocadas em canteiro.
transversais ao eixo de rolamento, de modo a se compensar os Devido à rigidez da seção tipo caixão a movimentos verticais,
esforços horizontais no tabuleiro, gerados pelas cargas perma- apenas pequenos ajustes são possíveis de serem feitos com au-
nente e móvel. xílio das forças dos estais. Também, a alta rigidez em planta do
Em um primeiro momento, buscou-se não utilizar os estais caixão reduzia muito a possibilidade de correção de erros em
transversais, porém isso implicava na necessidade de se utilizar planta nos encontros dos dois balanços.
um mastro inclinado, que além de não causar um bom efeito Dessa forma, o posicionamento correto da primeira aduela
estético, gerava interferência com o gabarito vertical do tráfego, tinha importância fundamental para o correto alinhamento
além de conferir uma grande dificuldade executiva. vertical e em planta do caixão, bem como das demais aduelas
A solução de mastros inclinados, por si só, também não era subsequentes.
suficiente para equilibrar os esforços de vento elevados, e o Mesmo com todo o rigor adotado na execução, no vão central
alargamento dos mastros implicaria no aumento da largura chegou-se, antes do fechamento, a uma diferença de nível de
do tabuleiro, o que causaria um grande aumento nos custos 36cm entre os dois avanços, sendo que os vãos adjacentes
da obra. A proximidade com o nível d’água inviabilizou outras chegaram de forma adequada sem diferenças de nível signifi-
soluções com uso de mastros por fora do tabuleiro, o que cativas. Para corrigir o desnível, foi necessário proceder com o
também descaracterizaria o projeto básico, concebido com retensionamento dos estais em um dos lados e destensiona-
mastro único. mento no outro avanço, observada a limitação dada pela alta
rigidez do caixão e a protensão originalmente projetada.
ENESCIL
ENESCIL
21
INTERNACIONAL | PRÉ-MOLDADOS
LE SAINT JUDE
RESIDENCE:
UM EDIFÍCIO
TOTALMENTE
PRÉ-MOLDADO
O
POR: BPDL (BÉTONS PRÉFABRIQUÉS DU LAC)
Edifício “Le Saint Jude Residen- com Guy Bouchard, vice-presidente da
ce”, construído em Saguenay BPDL (Bétons Préfabriqués du Lac), “esse
- Lac St Jean, região de Quebe- sistema era única solução porque permitia
c-Canadá, tem como objetivo controlar o jeito em que a estrutura era
atender a população crescente de apo- construída e éramos capazes de acelerar o
sentados. Com seis pavimentos de altura projeto”.
e mais 10.700m² de área construída, o
conjunto residencial oferece 126 apar-
CRONOGRAMA E PEÇAS PRÉ-
tamentos, área comercial, restaurante MOLDADAS
e espaço de convivência para os idosos. Uma das vantagens do emprego de pe-
O acesso à área externa proporcionado ças pré-fabricadas de concreto está na
AUTOR: FERNANDO
PALAGI GAION pelos amplos terraços priva-
(DIRETOR DA STAMP dos contribui com a saúde
PRÉ-FABRICADOS física e emocional dos usuá-
ARQUITETÔNICOS LTDA) rios. A Figura 1 apresenta a
planta tipo do projeto.
O edifício foi construído
usando o sistema constru-
tivo nomeado como “Total
Precast” (Totalmente pré-
-moldado). A justificativa
para a escolha desse sis-
tema está no cronograma
ousado e nos detalhes ar-
quitetônicos de difícil exe-
FIGURA 1. PLANTA DO PAVIMENTO TIPO
cução no local. De acordo
confiabilidade do orçamento e na preci- sura de 29cm e seção FIGURA 3. FOTO EM PERSPECTIVA DA MONTAGEM
são do cronograma. Prazos apertados de transversal do tipo
execução requerem soluções previamen- sanduíche, propor-
te pensadas na fase de projeto e execu- cionando conforto
tadas na fase de produção das peças, de térmico-acústico aos
forma a facilitar a montagem e ligações. usuários além de, es-
O cronograma de execução da obra está truturalmente, garan-
apresentado na Figura 2. Os serviços de tir resistência ao fogo
fundação começaram em Março de 2010 e e à ação de sismos.
em Dezembro de 2010 o primeiro proprie- A obra limpa e “seca”
tário já havia se mudado para o edifício. permite que os pai-
Para tanto, alternativas como o uso de néis arquitetônicos
painéis de parede com tripla função (es- sejam aplicados dis-
trutural, vedação e arquitetônico) foram pensando assim eta-
utilizados, otimizando assim o processo pas de acabamento
construtivo sem denegrir a qualidade e/ como revestimentos,
FIGURA 4. FOTO INTERNA DO PAVIMENTO
ou prazo. Os painéis apresentam espes- pinturas e execução
23
INTERNACIONAL | PRÉ-MOLDADOS
(A) (B)
(A) (B)
FIGURA 9. LIGAÇÕES SOLDADAS ENTRE LAJES FIGURA 10. LIGAÇÕES ENTRE PAINÉIS DE PAREDE E LAJES
25
ESTRUTURAS METÁLICAS | DIMENSIONAMENTO DE VIGAS ESBELTAS MISTAS
PROJETO DE
VIGAS ESBELTAS
PARA PONTES
MISTAS DE AÇO E
CONCRETO
POR:
ARTHUR DE CARLI 1
RESUMO
ZACARIAS MARTIN CHAMBERLAIN PRAVIA 2 As vigas mistas esbeltas proporcionam alternativas eficientes e econômicas nas es-
truturas de pontes mistas de aço e concreto. Constituídas por um perfil de aço de
seção I monossimétrica e, acima, uma capa de concreto ligada à mesa superior por
conectores de cisalhamento, o elemento misto fornece grande capacidade resistente,
fator preponderante para estruturas com grandes vãos e elevadas ações móveis e
permanentes. O dimensionamento é realizado para dois estágios: dimensionamento
da viga de aço para ações referentes à execução e lançamento do concreto e dimen-
sionamento do conjunto de aço e concreto para ações permanentes e variáveis. O
principal problema em vigas mistas esbeltas são as instabilidades ocasionadas pela
grande altura da alma e pelo elevado vão, para a instabilidade na alma são inseridos
enrijecedores transversais e longitudinais e para a instabilidade lateral com torção
ARTHUR DE CARLI
são criadas restrições laterais ao longo do vão. Estudos por elementos finitos auxiliam
enormemente na compatibilização dos enrijecedores com a estrutura global, possi-
bilitando, com auxílio das normas nacionais e internacionais, otimizar a estrutura de
modo a obter uma distribuição de restrições e enrijecedores ideal e que possibilitem
comportamento adequado da estrutura frente às elevadas cargas atuantes.
Palavras-chave: Vigas esbeltas mistas de aço e concreto; Pontes.
ZACARIAS MARTIN
CHAMBERLAIN PRAVIA 1. INTRODUÇÃO O cálculo do momento fletor resistente
O projeto de vigas mistas esbeltas con- sucede para duas situações: antes e de-
1 Engenheiro Civil, Universidade de Passo
Fundo, arthurdc28@gmail.com templa análises ao momento fletor, à força pois do endurecimento do concreto. A
2 D.Sc., Professor Titular do programa de pós- cortante e, como foco principal, à estabili- primeira etapa ocorre durante a obra e
graduação em Engenharia Civil e Ambiental,
Universidade de Passo Fundo, zacarias.
dade e ao uso de enrijecedores transver- leva em consideração as ações causadas
chamberlain@gmail.com sais e longitudinais. pela execução e moldagem do concreto,
27
ESTRUTURAS METÁLICAS | DIMENSIONAMENTO DE VIGAS ESBELTAS MISTAS
2. METODOLOGIA Além de obedecer aos limites de esbel- que é a relação dos módulos de elasti-
A ABNT NBR 8800:2008 contém o pro- tez do Anexo H da ABNT NBR 8800:2008, cidade dos materiais. A este valor é re-
cesso de dimensionamento de vigas de também deve respeitar as relações geo- comendável pela ABNT NBR 8800:2008
aço esbeltas e de vigas mistas não es- métricas impostas nesse mesmo anexo. multiplicar pelo coeficiente 3, em razão
beltas, porém, o método de cálculo é o O dimensionamento para o momento fle- dos efeitos de longa duração no concre-
mesmo que o preconizado pelas normas tor resistente para estado-limite último to. Portanto, primeiramente define-se
internacionais AISC 360:10 e EUROCODE se dá pelo menor valor dentre três consi- a largura efetiva pelo qual o concreto
3 (2005), que permitem vigas mistas es- derações: escoamento da mesa traciona- irá contribuir na resistência, em segui-
beltas. Portanto, e obedecendo aos cri- da (EMT), instabilidade lateral com torção da divide-se pelo valor triplo da razão
térios impostos pelas normais interna- (FLT) e instabilidade local da mesa (FLM). modular, finalizando, assim, a geometria
cionais, como inclusão de enrijecedores Para os últimos dois estados-limites, FLT da seção transformada. Fluxogramas e
longitudinais e transversais, e da norma e FLM, há a consideração do fator de re- maiores detalhes sobre o dimensiona-
brasileira, com inclusão de enrijecedo- dução de momento fletor (k pg ), respon- mento de vigas esbeltas de aço e mistas
res transversais às vigas de aço esbeltas, sável por não submeter o cálculo à fase podem ser consultadas em DE CARLI,
o procedimento presente na ABNT NBR elástica, que é dado por: CHAMBERLAIN(2016).
8800:2008 foi estendido, pelos autores, De posse das propriedades geométricas
para vigas mistas esbeltas. e dos esforços atuantes, é realizada a
A compatibilização dos enrijecedores verificação do elemento. Primeiramen-
foi realizado com auxílio de análises não (Eq. 6) te, calcula-se a tensão de compressão
lineares pelo método dos elementos onde: atuante no concreto:
finitos, através do programa SAP2000 ar é igual a relação entre a área da
v16.0.0. Dessa maneira, fica evidencia- (Eq. 7)
alma e da mesa comprimida,
do o comportamento da estrutura glo- sendo que a seção não pode ter a
bal e de instabilidades locais perante relação com valor superior a 10. Para determinar a tensão de tração no
acréscimos e decréscimos de restrições, aço, determina-se a interação na viga mis-
possibilitando definir espaçamentos 3.2. Dimensionamento à ta: parcial ou completa. Segundo a ABNT
e posicionamentos dos enrijecedores 8800:2008, há dois fatores que definem
flexão das vigas mistas
transversais e longitudinais. o tipo de interação: relação das mesas da
viga de aço e o comprimento do vão no
3. RESULTADOS E trecho de momento positivo (Le).
DISCUSSÃO Portanto, a interação será:
Ø Completa, quando Le > 25 m e mesas
3.1. Dimensionamento à de áreas iguais;
flexão das vigas de aço Ø Parcial, quando Le ≤ 25 m e mesas de
O dimensionamento da viga de aço é áreas iguais;
realizado levando em consideração as Ø Completa, quando Le > 20 m e mesas
cargas referentes aos estados-limites de áreas diferentes;
durante a execução, incluindo a ação de Ø Parcial, quando Le ≤ 20 m e mesas de
moldagem do concreto. áreas diferentes.
A classificação da esbeltez é dada pela Assim, a tensão de tração atuante no aço,
relação entre a altura da alma e sua es- quando interação completa, é:
pessura.
(Eq. 8)
(Eq. 2)
Para ser classificada como esbelta, a se- O cálculo para interação parcial é o mes-
ção deve possuir esbeltez maior que: SEÇÃO MISTA TRANSFORMADA mo, apenas alterando (Wtr) i para Wef.
(Eq. 10)
3.4.1. Enrijecedores
(Eq. 11) transversais
Os enrijecedores trans-
3.3. Dimensionamento ao versais, obrigatórios em
cortante vigas mistas esbeltas, são
A força cortante resistente de cálculo de inseridos normalmente
vigas mistas de alma cheia deve ser de- em um lado da viga, nesse
terminada considerando apenas a resis- caso serão inseridos nos
tência do perfil de aço. dois lado.
Ou seja: As principais funções dos
enrijecedores transversais
(Eq. 12)
FIGURA 2. SEÇÃO MISTA CONSIDERADA são:
Inicialmente, devem ser calculados os Ø Garantir a estabilida-
parâmetros de esbeltez, mesma meto- de geométrica da viga de aço;
dologia utilizada para momento fletor (Eq. 16) Ø Restringir as instabilidades locais da
resistente. alma (FLA); e
Ø Aumentar a força cortante resistente.
(Eq. 13)
No caso deste estudo, realizado através
(Eq. 17)
do método de elementos finitos, por aná-
(Eq. 14) lises não lineares, observou-se a impor-
tância da obrigatoriedade dos enrijece-
(Eq. 15) (Eq. 18) dores em seções esbeltas. Observando a
figura abaixo, percebe-se a instabilidade
onde: 3.4. Compatibilização dos geométrica ocorrida apenas com o peso
próprio da viga, ainda não mista.
enrijecedores
Com a inclusão dos enrijecedores trans-
A compatibilização consiste em determi- versais, a estabilidade geométrica foi res-
nar o melhor posicionamento dos enrije- taurada, entretanto, ocorre instabilidade
cedores transversais e longitudinais na local da alma.
Com os parâmetros de esbeltez deter- alma da viga de aço. O espaçamento entre enrijecedores foi
mina-se a força cortante resistente de Os estudos foram realizados para um vão fixado em: 2m, 2m, 3m, 3m, 3m, 3m, 2m
cálculo: de 20 metros, considerando seguinte seção: e 2m. O espaçamento máximo foi fixa-
A discretização na do em três metros, obedecendo o limite
alma possui, entre ei- imposto pelas normas internacionais de
29
ESTRUTURAS METÁLICAS | DIMENSIONAMENTO DE VIGAS ESBELTAS MISTAS
1,5h (altura da alma). Posteriormente, pois as instabilidades somente ocorrem FIGURA 8. COMPATIBILIZAÇÃO FINAL DO
ELEMENTO NÃO MISTO
serão incluídos mais enrijecedores em lo- em elementos comprimidos.
cais com excesso de instabilidades. Portanto, a posição onde os enrijecedo- Analisando os casos já modelados, pode-
Como o intuito desse elemento estrutural res longitudinais serão inseridos é acima -se observar a importância do equilíbrio de
é para pontes, serão incluídas mais duas da linha neutra, considerando, claro, que restrições, levando em consideração, claro,
vigas, cada uma distante três metros da a viga é biapoiada. os valores dos esforços ao longo da viga. A
subsequente. Como forma de restringir última modelagem deixou claro que esse
uma possível Instabilidade Lateral por equilíbrio não corresponde à igualdade de
Torção (FLT), serão inseridos três trava- restrições e sim à proporcionalidade das
mentos, sendo dois nos apoios e um no restrições perante os esforços.
centro diminuindo, assim, o comprimen-
to destravado, fator de principal influên- 3.5. Compatibilização da viga
cia na torção em vigas de aço. mista
Após a modelagem (Figura 6), observa- Como explanado anteriormente, quando
-se, como esperado, ainda as instabilida- o elemento se tornar misto, a instabilida-
des na alma. de local na mesa cessará, e então será
possível observar como atua a alma, já
que se torna o único elemento a sofrer
FIGURA7. ENRIJECEDORES LONGITUDINAIS instabilidade local.
A modelagem dos conectores de cisalha-
Como destacado na figura 7, a instabili- mento foi realizada pela consideração de
dade na alma no centro da viga foi res- uma barra rígida de seção T. O elemento
tringida, porém, a instabilidade na alma foi implantando a cada 20 cm. A mode-
continua ocorrendo, mas agora próximo lagem foi feita de maneira a ultrapassar
ao apoio, local onde há maior esforço a disposição exata e assim concentrar as
cortante. análises nas instabilidades da alma.
FIGURA 6. INSTABILIDADE LOCAL DA ALMA Inserindo enrijecedores transversais nos Com a aplicação de toda a carga, agora
pontos de instabilidades, chegou-se à no elemento misto, observou-se total
A instabilidade local da mesa, não ocor- estrutura compatibilizada final da situa- restrição das instabilidades na mesa su-
rida até o momento, é, juntamente com ção anterior à moldagem do concreto. A perior e no sistema global por torção.
a lateral por torção, restringida após o carga foi aplicada e, conforme a figura 8, Entretanto, como destacado na figura 9,
elemento se tornar misto, isso se deve
pelo grande aumento de rigidez que o
concreto, ligado à viga de aço por conec-
tores de cisalhamento, fornece ao ele-
mento estrutural.
31
ARTIGO TÉCNICO | FUNDAÇÕES PARA ESTAÇÕES EÓLICAS
FUNDAÇÕES
PARA ESTAÇÕES
EÓLICAS
33
ARTIGO TÉCNICO | FUNDAÇÕES PARA ESTAÇÕES EÓLICAS
NÍVEL DO MAR
SOLO
FIGURA 3: PARQUE EÓLICO LONDON ARRAY – INGLATERRA. LONDON ARRAY É O MAIOR PARQUE
OFFSHORE DO MUNDO E ENCONTRA-SE LOCALIZADO NO MAR DO NORTE, A CERCA DE 20 KM DA FIGURA 4: FUNDAÇÃO EM BASE DE
COSTA DE KENT, NA INGLATERRA. FONTE: PORTAL DE ENERGIAS RENOVÁVEIS (2016) GRAVIDADE. FONTE: PRÓPRIO AUTOR (2016).
FIGURA 7: PARQUE EÓLICO GERIBATU – COMPLEXO EÓLICO RS CAMPOS NEUTRAIS. FONTE: PORTAL DA ENERGIA (2015).
35
ARTIGO TÉCNICO | FUNDAÇÕES PARA ESTAÇÕES EÓLICAS
CONCLUSÃO
Este estudo busca apresentar
os tipos usuais de fundações
para estações eólicas, visto que
a escolha do mesmo têm-se di-
retamente após análise e estu-
do do local a ser implementado,
uma vez que está diretamente
ligada ao tipo de solo e seus re-
correntes.
FIGURA 13: MONTAGEM DE BLOCOS DE FUNDAÇÃO - ONSHORE . FONTE: CONSTRUÇÃO CIVIL, TEORIA E
PRÁTICA (2016).
COROAMENTO ELEMENTOS DA
Coroamento ou blocos de fundação é FUNDAÇÃO
a parte da estrutura da fundação que Quanto à parte estrutural, o formato de
é responsável por distribuir a carga es- inserção das torres eólicas à fundação,
trutural da torre eólica para a fundação na maioria dos casos, até os dias atuais,
profunda. Quando as estacas forem o acoplamento das torres ao alicerce se
fixadas próximas, formarão blocos de dá através de parafusos. Porém, existem
fundação rígidos porque possuem uma já no mercado outros tipos de ligação. A
menor dimensão, do contrário seriam soldagem vem ganhando um amplo es-
flexíveis. Cabe lembrar que não é usual paço no mercado, porém, para que esse
o cravamento de estaca na parte central tipo de acoplagem seja utilizado, quan-
do coroamento ou bloco de fundação, e do da construção do bloco de fundação,
que a construção estrutural do bloco deve ser concretado junto a esse bloco
de fundação não deve ser feita direta- um fundamento inferior da torre eólica, FIGURA 14: SOLDAGEM DA TORRE A
mente no solo, logo deve ser realizada permitindo, assim, a soldagem posterior FUNDAÇÃO. FONTE: CENTRO DE ENERGIA
EÓLICA – PUCRS.
uma concretagem de regularização de (CE-EÓLICA, 2016).
37
ARTIGO TÉCNICO | FUNDAÇÕES PARA ESTAÇÕES EÓLICAS
CONHECIMENTOS
SÔBRE AS RELAÇÕES
ENTRE TENSÕES E
DEFORMAÇÕES NOS
CONCRETOS 1
POR: ANTONIO CARLOS REIS
LARANJEIRAS Com forma de rememorar alguns dos importantes temas tratados pela predecessora
da revista Estrutura, vamos reeditar alguns artigos publicado no passado. A ideia é
revisitar assuntos e conceitos técnicos, de forma a que o leitor possa ter uma noção da
situação existente no passado e também perceber as alterações ocorridas ao longo do
tempo. Vale observar que os conteúdos técnicos já sofreram alterações significativas ao
longo do tempo.
39
ARTIGO RETRÔ | REVISTA 47 - 1962
3. A DEFORMAÇÃO ELÁSTICA.
O MÓDULO <<E>>
A relação simples e = E.s estabelecida para
os materiais perfeitamente homogêneos
e isótropos não se verifica em nenhum
dos nossos materiais que apresentam,
em diferentes proporções, tôdas essas FIG. 4 – DIFERENTES DEFINIÇÕES DO MÓDULO DE ELASTICIDADE DO CONCRETO (E = TG )
deformações já referidas. Nos concretos
especialmente, as outras deformações im-
pedem sempre a obtenção das medidas
correspondentes às deformações elásti-
cas. Como a inclusão de todo a enorme
gama de influência sob forma de parâme-
tros, iria complicar demais a tão simples
lei de Hooke, têm insistido os pesquisa-
dores em fixar um valor para o “módulo
de elasticidade do concreto”. E assim, é
que, enquanto autores (tomando a curva
tensão-deformação) definem “E” como a
inclinação da tangente n origem, ( 1) ou
mesmo na região correspondente à “ten-
são admissível” ( 2), outros preferem a
inclinação da secante ( 3). Outros auto-
res preferem a curva de descarregamento
( 4) à do carregamento e ainda outros
preferem a curva fixada após um carrega-
mento repetido ( 5).
Na Fig. 5 estão as curvas representati-
vas de 4 equações empíricas que rela- FIG. 5 – REPRESENTAÇÃO DE FUNÇÕES PROPOSTAS PARA E = E sK )
cionam o módulo “E” com a resistência a
compressão do concreto, estabelecidas
em ensaios de compressão simples por
por um mesmo pesquisador — Sachno-
wski em ensaios de compressão simples
4. A DEFORMAÇÃO
diferentes autores. Tão apenas as dife- e flexão (Fig. 6). LENTA
rentes definições utilizadas provocaram Já em 1930, Glanville estudando o proble- A deformação lenta é determinada ge-
a enorme dispersão que se vê, mas, tam- ma indicava que o procedimento que afas- ralmente como a soma da fluência com a
bém, as diferentes condições de ensaio, taria a participação das deformações não deformação anelástica (ou “elástica retar-
cura, idade dos concretos e outros fato- elásticas, dependentes do tempo, seria dada”). São realmente duas parcelas difí-
res que tornam difícil qualquer compara- se se pudesse introduzir o carregamento ceis de serem medidas em separado. En-
ção. Se refletirmos que cada uma dessas e medir as deformações em um espaço tretanto não devemos esquecer que uma
curvas está determinada em função de de tempo t = 0. Com isso era irrealizável, dessas parcelas —a “ elástica retardada
valôres médios de grande número de determinou êle, por extrapolação, através “ — sendo recuperável, não pode ser de-
resultados, verificamos o quanto é difícil de resultados de ensaios nos quais o car- signada como deformação plástica.
uma fixação clara de uma equação para regamento foi introduzido com diferentes
do Dr. R. Sell, “Der E - Modul des Betons”
«E». E essa dispersão se acentua, ainda velocidades, uma reta (t = 0) que indicava realizado no Laboratório de Munique, que
mais se a determinação de «E» é feita um comportamento elástico3. traz além da discussão do problema, uma
sugestão, justificadas em ensaios, para
através ensaios de compressão e flexão. 3 Para melhores detalhes sobre êsse assunto unificação da definição e determinação
Compare-se, p. ex., resultados obtidos seria recomendável a leitura do trabalho experimental do módulo “E”.
41
ARTIGO RETRÔ | REVISTA 47 - 1962
5. A DEFORMAÇÃO
TRANSVERSAL
Sôbre a deformação transversal pouco
se tem estudado em face a dificuldade,
hoje superada, de encontrar métodos
de medidas com a precisão necessária.
Admite-se geralmente que essa defor-
mação no concreto é da ordem de 1/6
(= 0,17) da deformação longitudinal e FIG. 8 – MODÊLO REOLÓGICO DO CONCRETO PARA ENTENDIMENTO DO COMPORTAMENTO ENTRE
as Normas Brasileiras recomendam a PASTA DE CIMENTO E AGREGADO
adoção dêsse valor. Na realidade êsses
valôres oscilam bastante. Nas proximida- tamento do material na ruptura, assume to, mas também nas vigas armadas com
des da ruptura essa deformação aumen- êsse fato enorme importância. Com a estribos. Ensaios realizados no mesmo
ta sensivelmente e pode atingir valôres existência dessas grandes deformações Laboratório de Munique mostraram p.
superiores a 0,5 da deformação longi- transversais, entende-se a grande in- ex., que, em estados de rupturas, as de-
tudinal. Veja-se a Fig. 10. Agora em que fluência da presença de uma armadura formações transversais medidas nas pe-
todos os países procuram fixar os méto- transversal resistência a compressão ças, nas seções próximas aos estribos,
dos de dimensionamento das peças de dos concretos. Influência essa não ape- são sensivelmente menores que as ob-
concreto armado em função do compor- nas existente nos pilares com cintamen- tidas em seções afastadas dos estribos.
ARTIGO RETRÔ | REVISTA 47 - 1962
6. INFLUÊNCIA DA
VELOCIDADE DE DEFORMAÇÃO
SOBRE A RELAÇÃO
TENSÃO-DEFORMAÇÃO
A forma da curva tensão-deformação do
concreto depende de uma série de mui-
tas condições. Nas curvas experimentais
obtidas por GIanville p. ex., (ver Fig. 7) em
cada ensaio o carregamento cresceu com
velocidade constante e a cada velocida-
de de carregamento correspondeu uma
curva de forma diferente. Além disso ao
se aproximar o material da ruptura, cres-
cem as deformações com maior velocida-
de com o que se precipita a ruptura. Seria
interessante poder observar o trecho da
curva tensão-deformação situado após FIG. 9 – RELAÇÃO ENTRE A DEFORMAÇÃO LENTA DO CONCRETO E O MÓDULO DE ELASTICIDADE
a tensão mais alta ter sido atingida. Isso DO AGREGADO
seria possível se se mantivesse constante
não a velocidade de carregamento mas a constante de deformação os diagramas grama de tensões para o instante consi-
velocidade de deformação, evitando que de tensões nas zonas de compressão derado. Resta saber, se nos referimos ao
as rupturas fôssem rapidamente alcan- das vigas. Pela hipótese de Bernouilli a estado de ruptura, qual a deformação
çadas (Fig. 11). velocidade de deformação dessa zona máxima que poderá ser atingida no bor-
Segundo uma sugestão do Eng. C. Rüsch de compressão é proporcional às distân- do. Essa deformação será aquela que,
que conduziu também os respectivos en- cias à linha neutra. Assim, em um dado pela integração do diagrama, conduza a
saios no Laboratório de Munique, deter- instante, a cada elemento corresponde um valor máximo do momento resisten-
mina-se através as curvas de velocidade uma dada curva, o que determina o dia- te. Observa-se assim que êsse máximo
FIG. 10 – RELAÇÃO ENTRE A CARGA E AS DEFORMAÇÕES LONGITUDINAL, TRANSVERSAL E MODIFICAÇÃO DE VOLUME EM UM ENSAIO DE
COMPRESSÃO SIMPLES
7. INFLUÊNCIA DA
VELOCIDADE DE
DEFORMAÇÃO SOBRE FIG. 12 – RELAÇÃO ENTRE A DEFORMAÇÃO DE BORDO NA RUPTURA E A FORMADA SEÇÃO
A RELAÇÃO TENSÃO- TRANSVERSAL E PERCENTAGEM DE ARMADURA LONGITUDINAL
DEFORMAÇÃO
A resistência de um material perfeita-
mente elástico independe do tempo de
ação do carregamento pois a sua defor-
mação não se altera com a permanência
da carga. Em um material perfeitamen-
te plástico por sua vez, as deformações
crescem sempre com a permanência do
carregamento sem que a ruptura seja
com isso alcançada. Pergunta-se porém
4 Essas diferentes teorias encontram
sempre para as peças subarmadas, no
domínio da flexão pura, boa concordância
com os resultados experimentais. O que
seria de esperar pois estando, nas peças
subarmadas na ruptura, a fôrça na armadura
longitudinal determinada pela sua tensão de
escoamento, seria preciso que se avaliasse
muito mal o braço da alavanca “z” para que
o valor do momento resistente calculado
para a seção se afastasse sensivelmente do
encontrado em ensaio. FIG. 13 – DISTRIBUIÇÃO DE TENSÕES DE RUPTURA. CONCRETO sC56 = 210 KG/CM²
45
ARTIGO RETRÔ | REVISTA 47 - 1962
U
ma nova turma iniciou o curso
de Capacitação em Inspeção
de Estruturas de Concreto, no
dia 16 de setembro, em São
Paulo. Com 22 alunos inscritos, o curso
é o primeiro a ter um conteúdo didático
direcionado, exclusivamente, para capa-
citar profissionais de engenharia e de
arquitetura para atuarem como inspeto-
res de estruturas de concreto de edifica-
ções em uso.
Desenvolvido pela ABECE, Alconpat Brasil
– Associação Brasileira de Patologia das
Construções e Ibracon – Instituto Brasi-
leiro do Concreto e coordenado pela NGI
Consultoria e Desenvolvimento, o curso CURSO CAPACITA PROFISSIONAIS DE ENGENHARIA E DE ARQUITETURA PARA ATUAREM COMO
INSPETORES DE ESTRUTURAS DE CONCRETO DE EDIFICAÇÕES EM USO.
compreende quatro módulos, que esta-
belece procedimentos para a realização
das inspeções de estruturas de concreto, Britez, Eduardo Barros Millen, Francisco tos que já atuam ou pretendem atuar
com toda uma metodologia própria. Paulo Graziano, Mauro Martins, Thomas no campo das inspeções de estruturas
Os temas são ministrados por um sele- Garcia Carmona, professor Ênio Pazi- de edificações, ou ainda aqueles que
to grupo de especialistas nas áreas de ni Figueiredo da Universidade Federal trabalham na execução de estruturas
engenharia e de estruturas, entre os de Goiás, o professor Luiz Carlos Pinto de concreto em edificações, na coorde-
quais estão: o professor Bernardo Fon- da Silva Filho da Universidade Federal nação de projetos e no desenvolvimento
seca Tutikian da Universidade do Vale do do Rio Grande do Sul, e Maria Angélica de projeto de estruturas de concreto,
Rio dos Sinos, o advogado Carlos Pinto Covelo Silva, coordenadora. O curso é nas áreas de assistência técnica pós-en-
Del Mar, os engenheiros Carlos Amado voltado para engenheiros e arquite- trega de obras de edificações.
47
REGIONAIS ABECE | ACONTECE NAS REGIONAIS
EVENTO CONTOU COM A PARTICIPAÇÃO DA ABECE E REUNIU ESPECIALISTAS NACIONAIS E INTERNACIONAIS, QUE DISCUTIRAM ASPECTOS
RELATIVOS A PROJETOS DE EDIFÍCIOS ALTOS
E
ntre os dias 13 e 16 de setembro, I puderam acompanhar as apresentações Nos dois primeiros dias do evento – 13 e 14
Jornada Internacional: Projetos de de importantes especialistas nacionais e de setembro –, foi promovido o curso Dinâ-
Edifícios Altos, uma iniciativa inédita internacionais sobre o status quo dos pro- mica Estrutural Aplicada à Concepção e Análise
da ABECE, da Univali – Universidade jetos de edifícios altos bem como a discus- de Projetos de Edifícios Elevados, ministrado
do Vale do Itajaí, e do Sinduscon-BC – Sin- são de boas práticas e recomendações na pelo engenheiro civil especializado em es-
dicato da Indústria da Construção Civil de elaboração de projetos seguros e aderen- truturas, o uruguaio Sérgio Stolovas. O cur-
Balneário Camboriú, reuniu cerca de 500 tes às normas técnicas, a partir dos avanços so contou com 125 inscritos. Já nos dias 15
profissionais de vários estados do País, que tecnológicos observados nos últimos anos. e 16 de setembro, uma ampla programação
de palestras e debates trouxe temas como
ensaios de túnel de vento para edifícios al-
tos, fundações, projetos estruturais, susten-
tabilidade, construções em aço, estruturas
metálicas, estruturas mistas, análises estru-
turais e de desempenho dinâmico.
Um dos especialistas que estiveram no
evento foi o diretor da ABECE, Luiz Aurélio
Fortes da Silva, que debateu o assunto Ava-
liação Técnica de Projetos com foco em Edifí-
cios Altos. A solenidade de abertura teve a
participação do presidente da ABECE, Au-
gusto Guimarães Pedreira de Freitas, do
presidente do Sinduscon, Carlos Haacke, do
reitor da Univali, Mário Cesar dos Santos e
do superintendente da ABNT – Associação
Brasileira de Normas Técnicas, Salvador de
TEMA ABORDADO ATRAIU A ATENÇÃO DE 500 PROFISSIONAIS PROVENIENTES DE VÁRIOS ESTADOS
Sá Benevides.
N
os dias 8 e 9 de setembro, o 15º (Gemarq), que falou so-
Congresso Sinduscon-MG de bre as frases do escopo
Materiais, Tecnologia e Susten- e a entrega dos proje-
tabilidade na Construção reuniu tos de arquitetura com
mais de 170 profissionais e empresários vistas ao desempenho
do setor. O evento é uma realização do Sin- das edificações.
dicato da Indústria da Construção Civil no Já na parte da tarde,
Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG) e ministraram apresenta-
ocorreu durante o Minascon - 13º Encontro ções: Carla Macedo, da
Unificado da Cadeia Produtiva da Indústria Associação Brasileira de
da Construção. Engenharia de Sistemas
No primeiro dia do evento, foi promovido o Prediais (Abrasip-MG),
1º Fórum Mineiro de Coordenação de Pro- que explicou como os
jetos para o Desempenho, que teve a par- sistemas elétricos e
ticipação do engenheiro Leonardo Braga LEONARDO PASSOS, DIRETOR DA REGIONAL BELO HORIZONTE, hidráulicos podem im-
MINISTRA PALESTRA SOBRE GESTÃO DO PROCESSO DE PROJETOS.
Passos, diretor da Regional Belo Horizon- pactar no desempenho
te da Associação Brasileira de Engenharia de uma edificação; Mar-
e Consultoria Estrutural (ABECE). Em sua Instituto Izabela Hendrix, e Paulo Roberto co Antônio Vecci, da UFMG, que abordou
apresentação, ele destacou a importância Andery, da Universidade Federal de Minas detalhes do desempenho acústico e os cui-
de se investir na fase de projetos e reforçou Gerais (UFMG), que trouxeram informa- dados para evitar que erros no processo
que é preciso que haja uma revisão para ções detalhadas do Manual para Contra- possam elevar o nível de transferência de
evitar problemas na construção ou mesmo tação de Projetos para o Desempenho ruído em desconformidade com a norma;
riscos de colapsos das estruturas. de Edificações Habitacionais (vide Box); e Rejane Loura, também da UFMG, que mos-
Também participaram da parte da manhã Fernanda Basques, do Grupo de Empre- trou Minas é o Estado que tem a maior va-
doo Fórum: Patrícia Gomes Barbosa, do sas Mineiras de Arquitetura e Urbanismo riação de classes relativas ao desempenho
térmico, impactando na escolha pelo tipo
de cobertura e até cores das fachadas dos
Lançado recentemente, Consultoria Estrutural edifícios; e Márcia Menezes, do Centro de
o Manual para Contra- (ABECE-Regional Belo Tecnologia de Edificações (CTE), que mos-
tação de Projetos para Horizonte). trou os resultados de uma pesquisa reali-
o Desempenho de Edi- Para o presidente da zada pela instituições para identificar o que
ficações Habitacionais Fiemg, Olavo Machado, o setor deve fazer para a plena aplicação
contempla aspectos o Manual é uma ferra- da Norma de Desempenho.
técnicos e gerenciais, menta indispensável
estabelecendo roteiro para que as empresas
49
NOTAS E EVENTOS
N
o mês de junho de 2016 ocor-
D
e 20 a 22 de setembro, o setor da
construção metálica esteve reu-
nido na 7ª edição do Construme-
tal, uma iniciativa da Associação
Brasileira de Construção Metálica (Abcem).
O evento contou com a participação de re-
nomados conferencistas nacionais e inter-
nacionais, além de um amplo programa de
palestras técnicas e tecnocientíficas, onde
foram apresentadas tendências, inovações
e melhores práticas do setor.
A Associação Brasileira de Engenharia e
Consultoria Estrutural (ABECE) esteve pre-
sente no Construmetal. No dia 22, o Painel
5 Estruturas mistas de aço e concreto mos-
trou as principais características dessas
estruturas e apresentou os principais be-
nefícios de sua utilização. Esse painel con-
tou com a participação de Ricardo França,
vice-presidente de Tecnologia e Qualidade
da ABECE, João Alberto Vendramini, diretor
da ABECE, e do engenheiro calculista Julio
Fruchtengarte, também representando a
associação, e professor Acir Mércio Lore-
do Souza, da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS).
Durante sua apresentação, Acir Mércio Lo-
redo-Souza (UFRGS) falou sobre os efeitos
dinâmicos dos fenômenos meteorológicos PAINEL DO CONSTRUMETAL CONTOU COM A PARTICIPAÇÃO DA ABECE, QUE CONTRIBUIU PARA
DISSEMINAR INFORMAÇÕES SOBRE AS SOLUÇÕES MISTAS DE AÇO E CONCRETO.
e sua influência em edificações, inclusi-
ve estruturas mistas, e demonstrou seus
estudos na área. Em seguida foi a vez de gresso da área. Jorge Arraes, Secretário discussões são realizados para afinar, cada
Ricardo França (ABECE) proferir palestra Especial do Município do Rio de Janeiro, fa- vez mais, a utilização da ferramenta.
sobre a utilização das estruturas mistas, lou sobre o Projeto Olímpico, o legado dos A primeira palestra do painel 3 foi de Sér-
aço e concreto, no São Paulo Corporate jogos e como as parcerias privadas foram gio Leusin, sócio-gerente da GDP – Geren-
Towers. Para França, “essa solução mista é importantes para a construção das obras. ciamento e Desenvolvimento de Projetos,
muito eficiente”. Em seguida, Júlio Fruchten- Segundo ele, o grande legado é a infraes- que falou das principais funcionalidades
garten (ABECE) também comentou a cons- trutura. Analisando grandes projetos na- do BIM, seu conceito, difusão e evolução
trução do São Paulo Corporate Towers, cionais, José Carlos Martins, presidente da para o mercado. Segundo ele, a utilização
mas do ponto de vista da estrutura me- Câmara Brasileira da Indústria da Constru- da ferramenta auxilia na integração dos
tálica utilizada. A medição do painel ficou ção (CBIC), comentou a importância deles projetos, podendo ser aplicada em todo
a cargo de Yorki Estefan, coordenador do para o país, defendendo que o que o Brasil ciclo de vida da construção. Na sequência,
Comitê de Tecnologia e Qualidade do Sin- precisa hoje é obra de infraestrutura. Ronaldo Martineli, gerente de orçamentos
dicato da Indústria da Construção Civil do Também no evento o tema inovação e tec- da Medabil Sistemas Construtivos desta-
Estado de São Paulo (SindusCon-SP). nologia, por meio do painel Novos Processos cou que uma das principais vantagens do
O Construmental que reuniu aproximada- de Automação, Tecnologia e BIM (sistemas de BIM é a segurança que ele proporciona
mente 2,2 mil profissionais da segmento integração de projetos), cuja coordenação ao projeto, consistindo em maior com-
da construção também trouxe temas ma- ficou a cargo de Vinicius Morais, vice-pre- petitividade de preço. Finalizando o pai-
crossetoriais como o painel Investimentos sidente da ABCEM: “o tema do painel é o nel, o arquiteto Ricardo Bianca de Mello,
em Infraestrutura: como melhorar o ambiente que tem maior relação com o futuro da especialista técnico da Autodesk, disse
de negócios? Com foco na macroeconomia construção civil”. Na sequência, o mediador que as macrotendências e rupturas são
nacional, José Roberto Bernasconi, do Sin- Eduardo Toledo, Coordenador da Comissão importantes fatores evolutivos para novas
dicato Nacional das Empresas de Arquite- de Estudo de Modelagem de Informação da metodologias, e que as mudanças de pa-
tura e Engenharia Consultiva (Sinaenco), Construção, ressaltou que o BIM já é uma radigmas em vertentes como produção,
comentou o cenário político do ponto de realidade presente no dia a dia dos escritó- demanda e produto, impulsionam as em-
vista do setor e as alternativas para o pro- rios de construção e que diversos eventos e presas a buscar novos processos.
51
VALORIZAÇÃO PROFISSIONAL | NÃO BASTA SABER
E
POR RICARDO LEOPOLDO E SILVA FRANÇA stá na hora de a engenharia bra- tegoria denominada Fundamentals of
VICE-PRESIDENTE DE TECNOLOGIA E QUALIDADE
DA ABECE sileira adotar um processo de ca- Engineering (FE), na qual ele não pode
pacitação profissional com maior atuar de forma autônoma, para a de
rigor e que inclua exames perió- Professional Engineer (PE), é necessário
dicos para comprovar a efetiva forma- um exame, precedido de capacitação. O
ção e competência dos profissionais, as- mesmo ocorre, caso o profissional queira
sim como ocorre em outros países. Nos alcançar a categoria chamada Structural
Estados Unidos, por exemplo, um enge- Engineer (SE). E a comprovação da habi-
nheiro para ter uma atuação autônoma lidade, em qualquer das categorias, tem
e assinar projetos precisa se submeter validade restrita: a certificação para atuar
a diversos exames, processo que pode num estado não dá o direito ao colega
durar de três a quatro anos, dependen- americano de trabalhar em outro. Se ele
do do Estado. Não basta o engenheiro pretender exercer a profissão em vários
saber, ele tem de comprovar seu conhe- estados, terá de se submeter a diversos
cimento por órgãos independentes e exames específicos em cada um deles.
auditáveis. No caso do Professional Engineer, os exa-
Além disso, no caso americano, há uma mes são divididos por especialidades.
exigência para um contínuo aprendiza- Assim, há uma avaliação para atuar em
do e aprimoramento, sempre balizado construção, geotecnia, estrutura, trans-
por exames. Assim, para passar da ca- porte e recursos hídricos. Já para obter
COMPROVAÇÃO
DE QUE O PROJETO
FOI BEM
ELABORADO
Um segundo nível de comprovação,
o Structural Engineer, o exame dura dois Nosso esforço de capacitação precisa ser para conferir se o projeto estrutural
dias e só pode ser feito após dois anos de algo semelhante à ação de outras catego- foi bem elaborado e atende as normas
prática comprovada em escritório de es- rias, como a dos advogados, que também técnicas brasileiras, vem com a prática
truturas. Os americanos levam tão a sé- se submetem a exames periódicos para do uso da Avaliação Técnica de Projeto
rio a questão da capacitação continuada comprovar competência, ou a dos médi- (ATP), conceito para o qual o mercado
e com comprovação que existem dois or- cos. Como pontuou um recente trabalho brasileiro vem se conscientizando. O
ganismos cuidando do tema: o National da NCSEA: tema é objeto de amplo debate e refle-
Council of Examiners for Engineering and xão na ABECE e muitos profissionais já
“
Surveying (NCEES) e o National Council of perceberam que podem ficar fora do
Structural Engineers Associations (NC- UMA COISA QUE MÉDICOS E mercado caso não se atualizem nes-
SEA). O primeiro é o encarregado de criar se aspecto. No caso da ATP também
ENGENHEIROS DE ESTRUTURAS
a metodologia dos exames para avaliar a há práticas internacionais que podem
competência dos engenheiros. TÊM EM COMUM É QUE AMBOS servir de referência. Em uma região da
SALVAM VIDAS. NO ENTANTO, Alemanha, por exemplo, há um instituto
COMPROVAÇÃO DA BOA OS MÉDICOS NORMALMENTE de verificação de projeto no qual o pro-
fissional tem de fazer um exame para
FORMAÇÃO LIDAM COM PROBLEMAS JÁ
se tornar um verificador. A principal
Entendo que esse deve ser um caminho a EXISTENTES, ENQUANTO OS justificativa para a verificação é o que
ser perseguido também pela engenharia ENGENHEIROS DEVEM EVITAR os alemães denominam “Vier-Augen
brasileira. Nesse sentido, necessitamos ter QUE PROBLEMAS SEQUER Prinzip”, ou Princípio dos Quatro Olhos,
uma comprovação de que o engenheiro segundo o qual, se o projeto for anali-
ACONTEÇAM. ALÉM DISSO, O
teve uma boa formação, assim como su- sado por duas pessoas, o projetista e
cessivas especializações para o exercício ERRO DE UM MÉDICO PODE o engenheiro de verificação, as chances
da profissão. Temos de acabar com a práti- CAUSAR FERIMENTOS OU A de erro são menores.
ca, que ainda ocorre no país, de engenheiro MORTE DE UMA PESSOA, JÁ O O ideal é que a verificação do projeto es-
recém-formado que assina projeto de edi- trutural seja feita desde o início da obra,
ERRO DE UM ENGENHEIRO DE
fícios de 40 andares. A adoção de um pro- pois os profissionais vão interagindo e
grama que inclua maior rigor na educação ESTRUTURAS PODE LEVAR A ajustando as ações. Uma vantagem adi-
continuada, além de auditagem e fiscaliza- UMA TRAGÉDIA AINDA MAIOR cional do trabalho do verificador é que,
“
ção, funcionará como uma maior proteção quando ele atua por muito tempo, acu-
para toda a sociedade, pois reduziríamos mula um conhecimento que pode ser
os riscos de colapsos, que tem ocorrido bastante útil para uma visão crítica dos
com inquietante frequência no país. projetos futuros.
53
VALORIZAÇÃO PROFISSIONAL | NÃO BASTA SABER
COMPROVAÇÃO SE A
ESTRUTURA FOI BEM
EXECUTADA E SE
SEGUIU O PROJETO
O terceiro nível de compro-
vação é saber se a estrutura
foi bem executada e se obe-
deceu ao que estava previs-
to no projeto original. Nessa
fase, que é de competência
da construtora, ainda não
existe uma sistematização
de quem e nem de como se
faz isso. O que tem ocorrido
é que a função de checar se
a execução seguiu o projeto
estrutural original tem ficado
a cargo de estagiários, que
não tem bagagem profissio-
nal suficiente para detectar
problemas ou até mesmo
ainda nem aprendeu no cur-
so de engenharia a matéria
necessária para entender se
o que está sendo executado
é o correto.
Tenho dito que a melhor for-
ma de fazer essa verificação
é por meio de registros fotográficos das duítes colocados de forma inadequada, comprometer a integridade de pilares ou
várias etapas da obra, para eventual colocação incorreta de barras de aço de vigas que podem comprometer toda a
checagem posterior, até para se conse- em pilares e vigar, ou ainda em bitolas estrutura da edificação.
guir descobrir a origem de futuros pro- diferentes da prevista orginalmente no
blemas que venham a ocorrer na obra. projeto estrutural. COMPROVAÇÃO DA
Nesse caso, há certa resistência cultural Todos esses são fatores que comprome-
ADEQUADA MANUTENÇÃO
e corporativa em relação a esse regis- tem a segurança da estrutura. Um aper-
tro de imagens, pois ele pode apontar feiçoamento do processo de rastreabilida- DOS PRÉDIOS
falhas que não se deseja admitir, mas de é catalogar, por lote, data de chegada Por fim, no caso da manutenção rotineira
o mercado caminha para esse nível de e até por cor, as amostras de concreto de edifícios, o grande vilão é lavar a fa-
rastreabilidade. Uma consequência po- retiradas dos caminhões para mapear e chada com produto a base de cloro, que
sitiva de se fazer um acompanhamento saber exatamente em qual parte da obra pode penetrar na parede e iniciar, preco-
fotográfico do andamento da obra é ob- cada uma das remessas foi utilizada. cemente, o processo de corrosão das ar-
ter um comprometimento maior de toda maduras por cloretos, caso haja fissuras
a equipe em fazer exatamente o previsto COMPROVAÇÃO SOBRE e presença de umidade. Lavar a fachada
no projeto. sem o devido cuidado pode acelerar a
A ADEQUADA FORMA DE
Acompanhar fotograficamente as diver- deterioração da estrutura do edifício.
sas fases da obra é uma iniciativa que UTILIZAÇÃO DO EDIFÍCIO Em razão de todo esse contexto de risco,
deve complementar todos os registros Outro cuidado a se tomar é em relação ganha importância um apelo para uma
de verificação de serviços executados, a comprovação e certificação de como constante política de contínuo aprimora-
que já é feito regularmente pela maioria os usuários estão utilizando o edifício. mento profissional de todos que atuam
das construtoras. Muitos dos proble- Nesse aspecto, é preciso aumentar o ri- na engenharia estrutural do país. Não de-
mas que ocorrem nas obras são decor- gor em relação a laudos para reformas vemos ter a esperança de conseguir um
rentes de a estrutura não ter sido fis- que possam vir a comprometer a estru- avanço expressivo no curto prazo, mas
calizada na hora da execução. E temos tura do prédio. Hoje, com determinados trata-se de um trabalho de longo prazo.
uma coleção grande de problemas re- equipamentos e ferramentas utilizadas Devemos plantar para, no futuro, termos
gistrados, que vão desde uma laje que em reformas e adaptações, é possível fa- cada vez mais segurança em todas as
foi concretada com um excesso de con- zer todo tipo de perfuração e, com isso, etapas das nossas obras.
FORÇAS PARA
O PROJETO DE
ESTRUTURAS DE
GARAGENS E ZONAS
DE CIRCULAÇÃO DE
VEÍCULOS EM EDIFÍCIOS
POR: ODINIR KLEIN JÚNIOR,
SECRETÁRIO DA COMISSÃO DE REVISÃO DA
RESUMO
NORMA ABNT NBR 6120. O presente artigo visa apresentar e justificar a origem das forças para o projeto de
garagens e zonas de circulação de veículos em edifícios propostas no projeto de revi-
são da norma ABNT NBR 6120:1980. Este estudo foi realizado no âmbito da Comissão
de Estudo de Ações para o Cálculo de Estruturas de Edifícios (CE-02:124.11) do Comi-
tê Brasileiro da Construção Civil (ABNT/CB-02). É importante ressaltar que o estudo
não contempla cargas móveis rodoviárias e de pedestres para pontes, viadutos e
passarelas, sendo estas escopo da norma ABNT NBR 7188:2013 [11].
55
NORMAS TÉCNICAS | NBR 6120
ma a contemplar a atuação de um maca- classes dos veículos e combinações de Em seguida, procedeu-se à pesquisa das
co automotivo apoiando-se sobre o piso. veículos, bem como o seu PBT (peso bru- características técnicas dos veículos em
Para caminhões e ônibus, a norma ASCE to total) e agrupamentos de eixos para circulação no Brasil (para as diversas
7-10 [2] orienta que a estrutura deve ser cada classe. classes, incluindo os veículos especiais),
projetada conforme a norma AASHTO
LFRD Bridge Design Specifications [4], per- TABELA 1 – AÇÕES EM GARAGENS E DEMAIS ÁREAS DE CIRCULAÇÃO DE VEÍCULOS
mitindo dispensar considerações relativas
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8)
à fadiga e efeitos dinâmicos. São especi-
Categoria PBT (kN) Carga Altura Cargas Força Força Altura H de
ficadas também forças horizontais para o uniformemente máx. concentradas horizontal horizontal aplicação
projeto de barreiras sujeitas ao impacto distribuída (m) Qk (kN) Fx (kN) e Fy (kN) e das forças
de veículos de passeio. (kN/m²) Fx e Fy (m) e
O Eurocode 1 parte 1-1 [5] prescreve Ia ≤ 30 3,0 2,30 12 b 100 50 0,50
cargas para o projeto de estruturas para II f
≤ 90 5,0 2,60 60 (Fig. 1) 180 90 0,50
duas categorias de veículos: (a) veículos III ≤ 160 7,0 3,00 100 (Fig. 2) 240 120 1,00
de passageiros com peso bruto total de
IV > 160 10,0 > 3,00 170 (Fig. 3) 320 160 1,00
até 30 kN e (b) veículos médios com peso 255 (Fig. 4)
bruto total de até 160 kN. Para ambas as Vc ≤ 230 10,0 ≥ 4,50 170 (Fig. 3) 320 d 160 d 1,00 d
categorias, são apresentadas cargas uni- viaturas
formemente distribuídas e cargas con- bombeiros
centradas. Estas últimas são aplicadas
NOTAS:
isoladas das demais cargas, dispostas na a As ações da Categoria I são adequadas também para veículos de passeio blindados, des-
forma de um eixo-tipo, nas posições em de que a blindagem corresponda a um acréscimo de no máximo 15% do PBT do veículo.
que provocarem os efeitos mais desfavo- b A carga concentrada deve ser considerada atuando numa região de 10 cm x 10 cm.
ráveis. As forças horizontais para o pro- c As cargas devido a viaturas de bombeiros podem ser consideradas Excepcionais, con-
forme a ABNT NBR 8681, se atuarem apenas em situações de combate a incêndio. Para
jeto de barreiras sujeitas ao impacto de
demais situações, devem ser consideradas como ações variáveis Normais, conforme a
veículos são especificadas no Eurocode 1 ABNT NBR 8681.
parte 1-7 [6]. d A verificação das forças horizontais, nesse caso, só precisa ser feita caso a atuação das viatu-
Mesmo com algumas limitações, a análise ras de bombeiros seja considerada uma ação variável Normal, conforme a ABNT NBR 8681.
das prescrições de normas estrangeiras e As forças horizontais devem ser consideradas Excepcionais, conforme a ABNT NBR
8681. X é a direção paralela ao tráfego dos veículos, y é a direção perpendicular ao trá-
permitiu definir itens a serem abordados
fego dos veículos. As forças horizontais podem ser consideradas atuando de forma não
no projeto de revisão da norma ABNT concomitante numa faixa de 25 cm de altura e 150 cm de largura ou a largura da face do
NBR 6120:1980 [1]: pilar em questão, o que for menor (Fig. 5). Alternativamente, podem-se prever barreiras
• definição de cargas uniformemente que resistam aos mesmos valores de forças horizontais.
distribuídas para categorias de veí- f As ações da Categoria II são adequadas também para carros-fortes e UTI’s móveis
culos mais pesados, além de veícu-
los de passeio;
• definição de cargas concentradas
para a verificação da atuação de
macacos automotivos e rodas de
veículos médios e pesados;
• definição de forças horizontais para
o projeto de barreiras sujeitas ao
impacto de veículos;
• definição de critérios para a verifica-
ção de veículos especiais (blindados,
FIGURA 1 – EIXO-TIPO SIMPLES PARA VERIFICAÇÃO DE CARGAS CONCENTRADAS – CATEGORIA II
caminhões de bombeiros, cami-
nhões betoneira, carros-fortes, etc.).
METODOLOGIA
Os estudos partiram da premissa de que
no Brasil podem circular veículos cujos
pesos e dimensões atendam aos limites
estabelecidos pelo CONTRAN (Conselho
Nacional de Trânsito) [7], conforme de-
terminam os artigos 99 e 100 do Código
de Trânsito Brasileiro [8]. O documento
Quadro de Fabricantes de Veículos [9]
FIGURA 2 – EIXO-TIPO SIMPLES PARA VERIFICAÇÃO DE FORÇAS CONCENTRADAS – CATEGORIA III
apresenta os pesos máximos por eixo, as
TEXTO PROPOSTO
Apresenta-se a seguir o texto proposto
para o projeto de revisão da norma ABNT
NBR 6120:1980 [1].
57
NORMAS TÉCNICAS | NBR 6120
59
APRENDENDO COM O ERRO | PROJETO DE ESTRUTURAS EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIO
O PROJETO
ARQUITETÔNICO PODE
PREJUDICAR O PROJETO
DE ESTRUTURAS EM
SITUAÇÃO DE INCÊNDIO
COLABORAÇÃO: VALDIR PIGNATTA E SILVA
SÃO PAULO, SP – JUNHO, 2015 “Uma pessoa inteligente aprende com os seus protendido, estruturas de aço, patologia
erros, uma pessoa sábia aprende com os er- das estruturas. Abordam problemas de
ros dos outros”, escreveu o psiquiatra e escri- estruturas sob ações estáticas, dinâmicas
tor Augusto Cury, contrapondo-se ao pensa- e situações de incêndio. Falam das edi-
mento de Otto van Bismarck: “Os tolos dizem ficações, das pontes, das adutoras, dos
que aprendem com os seus próprios erros; eu reservatórios, da chaminé de equilíbrio,
prefiro aprender com os erros dos outros”. dos muros, da proteção costeira. Os casos
Ambos, no entanto, reconhecem que os referem-se à fissuração exagerada, à de-
erros cometidos, por nós mesmos ou por formações inconvenientes, à corrosão, à
outros, podem nos servir de proveitosa li- vibrações excessivas e ao colapso.
ção. A condição necessária para que isso Os coautores impõem seu próprio estilo
aconteça é que nos aproximemos deles de linguagem, de narrativa e diversificam
com humildade, convencidos de que errar o formato do texto, impedindo assim que
é humano e, por isso, eles estão sempre a leitura se torne monótona ao passar de
presentes em todas as nossas atividades. um caso para outro.
Os engenheiros que se uniram para escre- Todos os coautores desejam que essa co-
ver essa coletânea de casos, em que apren- letânea de casos, rica em ensinamentos,
demos com erros dos outros, não são nem tenha divulgação tão ampla quanto as vir-
sábios nem tolos, mas apenas conscientes tudes que contém. Essa divulgação é livre,
de que uma experiência adquirida, se parti- mas deverá ser sempre gratuita. Se alguma
lhada por muitos colegas, elevará a compe- instituição desejar editar esse trabalho,
tência coletiva de sua profissão. está autorizada a fazer, desde que mante-
São ao todo 27 coautores engenheiros a nha integralmente a coletânea como está
relatar 50 casos distintos, que pontificam, e sem auferir benefícios financeiros. Se al-
justamente, por sua diversidade de assun- guém desejar divulgar casos isolados que o
tos e de estilos. Os assuntos permeiam por faça, desde que forneça a referência.
erros em diversas áreas de conhecimento:
geotecnia, concreto armado, concreto Boa leitura e bom aprendizado.
61
MUSEU DO PROJETO | CLUBE XV
CLUBE XV
DE SANTOS
O
POR MARIO FRANCO, s arquitetos Pedro Paulo Sa- os pórticos, lajes de 7cm com 2,50m de
DA JKMF ENGENHEIROS CIVIS
raiva e Francisco Petracco, vão. Apoios articulados sobre coxins de
vencedores do Concurso de neoprene (uma novidade na época). To-
Arquitetura para a construção dos os pórticos (exceto os externos) te-
das instalações do Clube XV, em Santos, riam imensas aberturas, como mostra
procuraram-me, em 1961, para ver se o corte. O Clube se desenvolveria assim
a estrutura que haviam imaginado se- em 3 pisos, com área construída total de
ria viável. Ela consistiria de 15 pórticos 7000m².
paralelos de concreto armado, muito fi- A estrutura não era nada convencional, e
nos (15cm) e altos, distanciados 2,50m na época só tínhamos, para analisá-la, a
um do outro. Teriam um vão central de régua de cálculo e uma máquina elétrica
33m e grandes balanços de 11m. Entre FACIT. Os primeiros grandes programas
63
ESPAÇO ABERTO | CBCA
PROTEÇÃO
CONTRA FOGO
E CORROSÃO
ESTRUTURAS METÁLICAS DEVEM SE PREVENIR
PINTURA E GALVANIZAÇÃO POR IMERSÃO A
CONTRA O FENÔMENO NATURAL DA CORROSÃO QUENTE SÃO OS MÉTODOS MAIS ADOTADOS DE
E CONTRA OS INDESEJÁVEIS INCÊNDIOS PROTEÇÃO CONTRA CORROSÃO
P
ara minimizar riscos contra a vida Já a tinta intumescente, quando submeti- poliuretânica é a tinta recomendada para
e ao patrimônio, todo projeto de da a altas temperaturas, aumenta de vo- estruturas em ambientes externos.
edificação deve prever sua segu- lume e forma uma espuma rígida, retar- A aderência é importante pois, se houver
rança contra incêndio. O sistema dando o efeito do calor sobre o aço. Essa qualquer corrosão (por falha na película
de segurança é uma combinação de pro- tinta precisa de uma aplicação de primer ou danos durante a vida útil da estrutura),
teção ativa (detecção de calor ou fumaça, para proteger a estrutura contra corro- sua ação restringe o movimento da corro-
chuveiros automáticos, entre outros) e são e garantir aderência do material. são, que deixa de avançar. E a boa flexibi-
proteção passiva (resistência ao fogo das lidade da tinta deve acompanhar toda sua
estruturas, compartimentação, saídas PROTEÇÃO À CORROSÃO vida útil, acompanhando os movimentos
de emergência, entre outras). Os mate- Corrosão é o fenômeno natural de dete- de dilatação e contração da base, sem fis-
riais de proteção contra fogo impedem o rioração de um material, geralmente um surar ou trincar. Outro processo de prote-
aumento excessivo da temperatura dos metal, resultante de reações químicas ção contra a corrosão é a galvanização a
componentes metálicos. ou eletroquímicas com seu ambiente. quente (ou a fogo). Trata-se de um reves-
Eles devem apresentar baixa massa es- Pode-se dizer que as substâncias fun- timento de sacrifício feito de zinco sobre
pecífica aparente, baixa condutividade damentais na corrosão do aço carbono um componente de aço ou ferro fundido.
térmica, alto calor específico, resistên- são a água e o oxigênio, presentes na no Um grande diferencial é que as pequenas
cia mecânica adequada, garantia de in- ar atmosférico e na umidade relativa do áreas danificadas não necessitam de reto-
tegridade durante evolução do incêndio ar. Os dois métodos mais adotados para ques e não sofrem corrosão. Além disso,
e, claro, custo compatível. Atualmente, proteção de estruturas de aço contra a mesmo que o custo inicial de aplicação seja
a proteção mais utilizada para proteção corrosão são a pintura e a galvanização mais alto que o da pintura, ele gera gastos
de estruturas metálicas é a argamassa por imersão a quente (ou a fogo). Uma menores de manutenção ao longo da vida
projetada cimentícia, feita de gesso, das vantagens da pintura é sua facilidade útil da estrutura. Também é possível unir
agregados minerais, partículas de po- de aplicação e de manutenção. os dois sistemas, sendo que o tempo total
liestireno, celulose e água. Ela deve ser O que se deve atentar nas tintas anticor- de proteção é maior que a soma dos tem-
aplicada de forma homogênea e contí- rosivas são suas características de imper- pos de cada sistema individualmente.
nua, de forma a trabalhar monolitica- meabilidade, aderência e flexibilidade.
mente com a estrutura e acompanhar Quanto menor a permeabilidade da tinta, REFERÊNCIAS
seus movimentos sem fissuras ou des- maior é sua durabilidade, pois os agen- • Série Manuais de Construção em Aço,
prendimento. tes corrosivos ficam afastados do metal. publicados pelo CBCA:
Também existe a placa rígida pré-fabri- Pode-se classificar as tintas, das mais – Projeto e Durabilidade
cada, geralmente composta de materiais permeáveis às de menor permeabilida- – Tratamento de Superfície e Pintura
fibrosos, vermiculita, gesso e suas com- de, a partir das alquídicas, seguidas das – Resistência ao Fogo das Estruturas de
binações. Elas são fixadas na estrutura e epoxídicas e por último as poliuretânicas, Aço
possibilitam acabamentos diversos. as duas últimas bicomponentes. Assim, a www.cbca-acobrasil.org.br
65
ESPAÇO BIM | O BIM COMO ELO DE LIGAÇÃO ENTRE OS PROJETOS DE ENGENHARIA E A ARQUITETURA
2. O FLUXO DE TRABALHO
DO PROJETO DE ESTRUTURA
METÁLICA EM BIM
O processo de produção do projeto de
estrutura metálica iniciou com o estudo
e interpretação dos projetos das demais
disciplinas envolvidas, após as etapas
de reuniões virtuais e estudo do mode-
lo conjunto com as demais disciplinas,
seguindo-se pela elaboração de um mo-
FIGURA 1.2 – EMISSÃO DE RELATÓRIOS ALERTANDO INTERFERÊNCIAS ENTRE delo em três dimensões composto por li-
AS DISCIPLINAS DE PROJETO
nhas (unifilar) que é produzido utilizando
software de desenho assistido por com-
putador (AutoCad®), modelo este que foi
utilizado tanto para desenvolvimento do
estudo preliminar (utilizando o conceito
BIM através do software Revit®), quanto
para análise de esforços e dimensiona-
mento das estruturas utilizando o soft-
ware Strap®, sendo que estes softwares
permitem a total interação entre si, evi-
tando assim duplicidade de trabalho,
pois um só modelo atende tanto a fase
preliminar do projeto quanto a fase de
dimensionamento da estrutura. Já nesta
etapa inicial é possível que seja emitido
um documento prévio de reações de
apoio da estrutura, o qual é emitido já
nas pranchas do Estudo Preliminar.
Depois de finalizadas as etapas iniciais
de aprovação, que aconteceram em am-
bientes virtuais colaborativos, o modelo
é dimensionado, validando ou modifican-
do os estudos iniciais, seguindo todos os
critérios de normas vigentes. Nesta etapa
foram emitidas reações definitivas, além
FIGURA 1.3 – VINCULAÇÃO ENTRE BANCO DE DADOS COM INFORMAÇÕES DO PROJETO E do projeto da fase executiva, onde são
CÓDIGOS EXTERNOS (COMO O SINAPI) geradas as listas de materiais para a obra.
Com a utilização da plataforma BIM se tor-
do modelo a fim de que recebam esses
códigos e gerem tabelas completas de
orçamento, contabilizando recursos hu-
manos, impostos, etc.
Existem algumas maneiras de fazer esse
vínculo dos códigos de composição, sen-
do que algumas são mais fáceis que as
outras. Algumas demandam de um pro-
cesso de alimentação de dados manual
FIGURA 1 – INDICAÇÃO DOS NÓS FIGURA 2 – TABELA DE REAÇÕES
e outras, via aplicações externas, permi-
67
ESPAÇO BIM | O BIM COMO ELO DE LIGAÇÃO ENTRE OS PROJETOS DE ENGENHARIA E A ARQUITETURA
Ilustramos abaixo o processo de produção inicial utilizado no projeto: na automática a geração de tais listas atra-
vés de “tags” atribuídas a cada perfil, o que
acelerou o processo de produção. Antes
da utilização do BIM tais listas eram levan-
tadas manualmente, levando até dias para
ficarem prontas, dependendo do porte da
obra, além de serem revistas diversas ve-
zes para que não ocorressem erros.
Na fase de projeto executivo além da lista
de materiais contemplou-se também os
chumbadores da estrutura (ligação dos
perfis metálicos com os elementos de con-
creto). A primeira fase deste processo foi
o dimensionamento dos elementos desta
ligação. Depois de dimensionados todo
processo é automatizado utilizando-se o
Revit® com templates previamente configu-
rados para que as vistas correspondentes
se adequem a parâmetros estabelecidos
na vista em três dimensões. Facilitando
assim o detalhamento que anteriormen-
te era feito manualmente no software de
desenho assistido por computador (Auto-
Cad®), para que se possa cumprir a repre-
sentação gráfica 2D exigida normalmente
FIGURA 2.3 – PROCESSO INICIAL DO PROJETO
pelos processos executivos das obras.
FIGURA 2.4 – LEGENDA DE PERFIS COM “TAGS” PARA LEVANTAMENTO DA FIGURA 2.5 – LISTA DE MATERIAIS LEVANTADA AUTOMATICAMENTE
LISTA DE MATERIAIS PELO SOFTWARE REVIT®
FIGURA 2.6 – PARÂMETROS PREVIAMENTE CONFIGURADOS FIGURA 2.7 – DETALHE 3D GERADO E RESPECTIVAS VISTAS FRONTAL E LATERAL
3. O FLUXO DE TRABALHO DO
PROJETO ESTRUTURAL DE
CONCRETO ARMADO EM BIM
O processo de criação do projeto estru-
tural começa pelo lançamento das peças
estruturais tendo como base as plantas
de arquitetura.
Este processo, antigamente, era feito
com desenho a lápis em papel transpa-
rente, onde eram lançadas as primeiras
peças estruturais (os pilares) e depois as
demais, tendo como base a planta de ar-
quitetura, normalmente recebida em pa-
pel vegetal desenhada a nanquim ou em
cópia heliográfica.
O papel transparente facilitava a visua-
lização ao mesmo tempo das peças es- FIGURA 3.1 – ESTRUTURA LANÇADA NO REVIT SOBRE ARQUITETURA EM VISUALIZAÇÃO
truturais ali lançadas e a arquitetura, SIMPLIFICADA (LINHAS EM 3D)
69
ESPAÇO BIM | O BIM COMO ELO DE LIGAÇÃO ENTRE OS PROJETOS DE ENGENHARIA E A ARQUITETURA
FIGURA 3.3 – MODELO ESTRUTURAL NO REVIT PRONTO PARA SER EXPORTADO FIGURA 3.4 - MODELO ESTRUTURAL JÁ IMPORTADO NO TQS
PARA O TQS (PROGRAMA DE CÁLCULO)
FIGURA 3.5 – INDENTIFICAÇÃO DAS PEÇAS ESTRUTURAIS E LANÇAMENTO FIGURA 3.6 – IMPORTADO DO TQS O MODELO RECEBE TRATAMENTO
DE CARGAS NO TQS GRÁFICO NO REVIT
71
BOAS PRÁTICAS CONSTRUTIVAS | CIMBRAMENTO - ACI
CARGAS DE CONSTRUÇÃO
EM LAJES COM FORMAS DE
ESCORAMENTO EM EDIFÍCIOS
MULTIPAVIMENTOS
LANDMARK SERIES
ARTIGO PUBLICADO NA REVISTA CONCRETE INTERNATIONAL
DE JULHO DE 2004, A PARTIR DA PÁGINA 99 ATÉ A PÁGINA 112.
N
POR PAUL GRUNDY e A. KABAILA a construção de edifícios multipavimentos, o escoramento de uma laje de
concreto recém concretada é apoiado nos pavimentos inferiores que podem
não ter alcançado sua capacidade de resistência total. Para planejar a melhor
maneira de aplicar essas cargas com segurança, o projetista de formas preci-
sa entender sua magnitude e distribuição. Este artigo de Grundy e Kabaila, publicado
no ACI Journal em dezembro de 1963, foi uma das primeiras a apresentar um método
de análise para essas cargas de construção em edifícios multipavimentos. Nos dias
que antecederam o advento do computador, eram usadas premissas simplificadoras
que permitiam a determinação analítica das cargas de construção quando os pavi-
mentos superiores são escorados nos inferiores. O artigo estimulou os profissionais
a adaptarem ao método e realizarem medições no campo para verificar as cargas
calculadas, dando aos engenheiros e empreiteiros uma maior garantia de segurança
na construção de estruturas com muitos pavimentos e com ciclos rápidos de formas.
Atualmente, embora os computadores nos permitam fazer análises com elevada pre-
cisão teórica, os fatores relacionados com a construção que não podem ser quantifi-
cados levam muitos construtores a confiar no método simplificado, onde os escora-
mentos são posicionados muito próximos uns dos outros, permitindo considerar as
reações como carga distribuída.
Eugene H. Boeke, Jr.
Membro Honorário da ACI
73
BOAS PRÁTICAS CONSTRUTIVAS | CIMBRAMENTO - ACI
RIGIDEZ
À FLEXÃO
Na prática, o módulo de
elasticidade do concreto
Ec aumenta com a idade
bem como a resistência
do concreto fc´, embora
este aumento seja em uma
proporção diferente. Os
gráficos típicos de Ec e fc’
para valores aos 28 dias
são mostrados na Figura
3, onde o Ec se desenvolve
75
BOAS PRÁTICAS CONSTRUTIVAS | CIMBRAMENTO - ACI
a raiz quadrada de fc’, desenvolvem-se tes. Consequentemente, é intuitivo dizer redução exige uma verificação experi-
mais rapidamente do que a resistência à que a estrutura irá apresentar menos de- mental antes que isso aconteça.
compressão nos primeiros dias, e as re- formação se mais lajes forem escoradas,
duções da resistência não são grandes. como confirmado teoricamente, embora FORÇAS DE
Vê-se a partir da discussão acima, que os ganhos não sejam tão grandes quanto ESCORAMENTO
o cisalhamento e a aderência durante a poderiam ter sido esperados.
construção serão fatores críticos em mui- Embora os escoramentos sejam apoia-
tos projetos de lajes. OUTROS FATORES dos em fundações rígidas, eles suportam
A fluência é um componente impor- toda a estrutura. Assim sendo, as forças
DEFORMAÇÕES DURANTE A tante da deformação total da laje, bem de escoramento podem ser prontamente
CONSTRUÇÃO como o meio de redistribuição da car- calculadas a partir das cargas suportadas
A estimativa quantitativa das deforma- ga, quando as tensões locais forem al- pelas lajes. Uma inspeção dos três siste-
ções durante a construção é incerta por- tas. Ainda não está claro, mas está sen- mas de construção revela que a carga
que as taxas de fluência no concreto nos do pesquisado como a taxa de fluência máxima transmitida por um nível de es-
primeiros dias permanecem indetermi- do concreto nos primeiros dias com- coramento quando m = 2 é 1,24 vezes o
nadas em sua maior parte. É verdade que para-se com concreto aos 28 dias. Od- peso próprio de uma laje mais a forma. O
se pode estabelecer uma tolerância para man, ao calcular as cargas teóricas de fator máximo é 1,56 quando m = 3 e 1,92
as deformações que ocorrem durante a Neilson¹ afirmou que a fluência poderia quando m = 4. Além disso, não há uma
construção pela pré-curvatura da forma, ser negligenciada porque altos índices redução consistente nas forças de esco-
mas esse é um processo incerto quando de fluência eram contrabalançados por ramento nos níveis mais baixos de um
essas deformações iniciais são excessi- baixas tensões iniciais nas lajes, resul- sistema de escoramento, a partir do qual
vas. É desejável limitar as deformações tando em um índice aproximadamente podemos concluir que os escoramentos
durante a construção. constante de taxa de fluência em todas deveriam ser distribuídos por igual ou,
O cálculo direto da deformação durante as lajes. Essa parece ser uma premissa pelo menos o suficiente em todos os ní-
a construção é um processo demorado, razoável sobre este estágio de conheci- veis para exercer as cargas indicadas.
de precisão duvidosa e satisfação sufi- mento da fluência.
ciente, que as deformações seriam de- O método de retirada das formas é im- CONCLUSÕES
rivadas da limitação das tensões obtida portante porque a maioria deles exige As cargas de construção em uma estrutura
na laje pela teoria da elasticidade. Em- a remoção e a substituição de alguns de concreto em que os pavimentos supe-
bora as tensões de flexão possam ser escoramentos em um curto tempo. Nor- riores são escorados nos pavimentos infe-
muito altas em uma laje em um deter- malmente, para que os escoramentos riores podem exceder as cargas do projeto
minado momento, sem que a estrutura sejam substituídos, basta uma pequena para as condições de serviço em uma mar-
fique insegura, conforme foi mostrado força de compressão neles para que fi- gem considerável e não devem ser ignora-
anteriormente, talvez seja mais sensato quem no lugar. Posteriormente, após a das no projeto. A determinação analítica de
se a relação da tensão máxima à flexão substituição, essa força vai aumentar tais cargas, como foi demonstrado neste
no concreto, para a resistência de pro- novamente, mas o efeito geral de retira- paper, não apresenta grandes dificulda-
jeto na idade em questão seja limitada da das formas por este método é reduzir des. O efeito de tais cargas de construção
à relação especificada na Norma para as cargas nas lajes de baixo e aumentar no projeto pode ser resumido como segue:
o projeto de elasticidade. Para desco- as cargas por uma quantidade corres- Resistência à flexão
brir o exemplo mais crítico durante a pondente nas lajes de cima. Com as car- Por causa da redistribuição da carga po-
construção, no que se refere à tensão gas mais altas que atuam nas lajes que tencial, a resistência à flexão não pode
à flexão, as relações de carga durante a suporta o nível inferior de escoras, este ser um fator crítico no projeto para as
construção, mostradas na Figura 4, são efeito poderia ser benéfico, desde que cargas da construção.
divididas pelas relações de resistência não cause carga em excesso. Poderia Deformação
no projeto para dar as cargas equiva- ser usado um controle sistemático das Se as deformações forem limitadas, as
lentes aos 28 dias, conforme mostradas forças nos escoramentos com uso de tensões máximas de flexão na constru-
na Figura 5. chaves de torsão ou algo similar, desde ção deverão ser limitadas sem levar em
A comparação dessas cargas equivalen- que a economia no projeto justifique tal consideração a redistribuição da carga.
tes na Figura 5 (a), (b) e (c) mostra uma controle rigoroso na construção. A limitação deverá, de preferência, ser a
queda considerável em seus máximos Na falta de tal controle sistemático é ra- mesma que as tensões nas cargas de tra-
para uma laje típica com o aumento do zoável pressupor as cargas teoricamente balho, com reduções apropriadas à idade
número de níveis de escoramento. Os derivadas. As cargas máximas que ocor- do concreto.
máximos são 2,53, 2,19 e 2,08 para m rem somente em uma laje podem ser Resistências à aderência e
= 2, 3 e 4, respectivamente. Como uma mais baixas do que os valores teóricos, ao cisalhamento
primeira aproximação, as deformações por causa do alívio resultante da subs- Como a falha de aderência ou cortante
sob os diferentes sistemas de escora- tituição dos escoramentos e da flexibili- pode ocorrer antes da redistribuição da
mento podem ser consideradas como dade das fundações, que supostamente carga de flexão, a estrutura deverá ser
proporcionais a essas cargas equivalen- eram assumidas rígidas na análise. Essa projetada para as cargas máximas de
77
BOAS PRÁTICAS CONSTRUTIVAS | CIMBRAMENTO - ACI
cisalhamento. No caso de escoramen- certamente será alvo da insatisfação trado no paper, existe uma diferença
tos centrais, esse perigo é aumentado do proprietário por atrasar a constru- muito pequena entre os dois resulta-
porque os momentos são reduzidos a ção e do empreiteiro por causar um dos, a partir da qual os autores concluí-
uma pequena fração do que seriam em custo extra no tempo e nas formas. O ram que qualquer um, na pressa, iria
uma laje sem escoramentos (pela redu- engenheiro é particularmente sensível ignorar o refinamento da variação de
ção dos vãos livres pela metade), mas às críticas, porque está exercendo um Ec. Para o caso mais extremo mencio-
a cortante nos escoramentos centrais controle que anteriormente não era sua nado por Sr. Royer para concreto de 1
podem ser iguais ao cortante nas par- preocupação. ou 2 dias de idade submetido a carga,
tes superiores dos pilares. Este redator sugere que seja feita uma variações em Ec seriam mais significa-
Os autores sugerem um ajuste dos no- medição simples – a deformação sob tivas, mas os autores não concordam
vos escoramentos com uma chave de cada laje à medida que as escoras in- totalmente porque Ec se desenvolve
torsão. Embora provavelmente não seja feriores são retiradas dos pavimentos. rapidamente em comparação com a
prático, este é um melhoramento em Conforme foi mencionado acima, existe resistência ao esmagamento e, conse-
relação à recomendação de que as ten- muito desconhecimento envolvido na quentemente, é mais constante.
sões não devem ser excessivas. tentativa de estimar as tensões reais ou Sr. Royer observa que a rigidez à flexão
O redator está impressionado pelo re- estabelecer as programações, mas pa- da laje é aumentada perto dos pilares
lato das épocas do ano em que ocorre rece que há um consenso no sentido de onde há mais armação. Isso normal-
colapso da forma; as estações do ano que a primeira laje que suporta o peso mente é compensado pela fissuração
mais comuns são a primavera e o ou- dos pavimentos acima dela receba uma que é comum naquela área quando
tono, normalmente no início da tarde. carga substancialmente menor do que atua as cargas de trabalho. É claro que
Durante o verão, são encontradas as os pavimentos superiores. Uma medida a variação na rigidez à flexão (mesmo
condições adequadas de cura; duran- dessa deformação dará um indício das com variação nas espessuras das lajes)
te o inverno, a construção é mais len- cargas esperadas acima, e em um nú- não afeta a validade das análises, desde
ta e as programações têm menores mero que é prontamente entendido por que os escoramentos permaneçam rígi-
probabilidades de ser mantidas. Para todos. As deformações que excedam os dos e que os pavimentos sucessivos se-
se alcançar o tempo do acabamento, valores normativos, independentemen- jam da mesma forma, com as mesmas
os pavimentos normalmente são fina- te de outras computações, ou da falta variações na rigidez.
lizados entre meio-dia e 14h. Esse é, delas, são evidências imediatas de pe- É interessante notar que o redator achou
portanto, o momento de maior ten- rigo. E tais medidas podem ser feitas e interessante considerar um exemplo em
são nos suportes. Em um caso, a falha entendidas por qualquer pessoa. que o efeito da carga na construção é
ocorreu enquanto a última caçamba Se for feita uma análise detalhada, e se mais severo do que no caso menciona-
de concreto estava sendo lançada. As o engenheiro prescrever o sistema de do pelos autores. Claramente, a relação
falhas raramente ocorrem depois do forma, essa medida resulta em maiores entre a carga máxima de construção e
término do lançamento do concreto. A informações sobre seu sucesso e co- a carga de serviço vai depender da re-
partir dessas observações, sentimos loca em evidência sua necessidade. Se lação das cargas sobrepostas e o peso
que muitas estruturas se aproximam o engenheiro não estiver investigando próprio da laje, bem como dos procedi-
do carregamento último, mas são sal- as tensões nas formas, as deformações mentos da construção adotados. Assim,
vas, talvez, por uma noite quente, um servirão como um índice das tensões a relação entre as cargas de construção
lançamento de concreto lento, ou sim- envolvidas. e serviço vão variar de um canteiro de
plesmente uma caçamba a menos de A medição de tais deflexões pode ser in- obras para outro.
concreto, que poderia ter sido usada. cluída nas especificações do cargo com O redator se refere ao ajuste por uma
O carregamento dos escoramentos é um pequeno custo adicional, se houver. chave de torsão sugerido pelos autores
especialmente crítico, porque a falha Mais importante: exigir que o empreitei- como “provavelmente não ser prático”,
de um único escoramento pode levar a ro realize tais medições não coloca uma mas não oferece quaisquer objeções
uma falha generalizada de uma grande responsabilidade geral no engenheiro, específicas. Embora esse procedimen-
estrutura, tanto horizontal quanto ver- caso ocorra uma falha nas formas, como to seja provavelmente novo, os autores
ticalmente, o que não ocorreria em um apresentado nas descrições detalhadas deixaram de explicar por que ele deve-
edifício completo. dos deveres do engenheiro. ria ser menos prático do que qualquer
outro método novo de construção.
CONCLUSÕES CONCLUSÃO Em conclusão, os autores concordam
É necessária uma análise teórica e a su- DOS AUTORES com a recomendação geral da discus-
pervisão por parte de um engenheiro Os autores agradecem o Sr. Royer por são de Sr. Royer, segundo a qual a ma-
qualificado. As várias recomendações suas discussões e sugestões com rela- neira mais simples de lidar com as car-
afirmam que ele deverá fazer essas ção aos procedimentos da construção. gas da construção é fazer um projeto
análises, mas são muito vagas sobre Sr. Royer sugere que Ec é mais errático para elas. A opinião dos autores é que
como tais análises devem ser feitas. no valor do que a tendência admitida. essas cargas da construção podem ser
O engenheiro, no correto exercício de Na comparação das duas análises para calculadas tão rapidamente quanto po-
sua profissão, pode poupar vidas, mas Ec constante ou variável, como é mos- dem ser adotadas.
CAUSAS FREQUENTES DE
INSUCESSOS NA “MATERIALIZAÇÃO”
DE SUBSOLOS ESTANQUES
NO QUE SE REFERE À ESTABILIDADE
DA ESTRUTURA
79
BOAS PRÁTICAS PARA PROJETO | SUBSOLOS
tendência é o N.A. se
estabilizar pelo nível
mais alto.
2) INADEQUAÇÕES NA
CONCEPÇÃO DO
PROJETO E ANÁLISE
ESTRUTURAL
2.1) Na Concepção do Pro-
jeto Estrutural
Para garantir a estan-
queidade do subsolo,
devemos limitar a aber-
tura de fissuras em
lajes, vigas e paredes
entre 0,1mm a 0,2mm.
Implicando que:
• A estrutura do sub- FIGURA 1 – CORTE ESQUEMÁTICO INDICANDO NÍVEIS DE IMPLANTAÇÕES E N.A. – SONDAGEM COM NÍVEL DE
solo deve ser mo- REFERÊNCIA NO MEIO-FIO E IMPLANTAÇÃO PELO NÍVEL TOPOGRÁFICO (N.T.)
nolítica, sem plas-
tificações ou rótulas nas ligações
entre parede e lajes, não só nos
limites do subsolo, mas também
em poços (elevadores, aguas ser-
vidas), reservatórios, etc. (Ver figu-
ras nº 2 e nº 3).
• O dimensionamento e o detalha-
mento das armaduras devem res-
peitar esses limites, e contemplar a
continuidade entre lajes e paredes.
• Juntas de dilatação devem ser evi-
tadas, pois a inércia térmica da es-
trutura em contato com o solo sa-
turado é muito grande, impedindo
variações térmicas, e a vedação des-
sas juntas é muito pouco eficiente.
• Devem ser previstas em projeto,
FIGURA 2 - CONCEPÇÃO ESTRUTURAL INADEQUADA.
juntas de concretagem para per-
mitir a retração hidráu-
lica do concreto.
2.2) Na Análise Estrutural
A análise estrutural tem
que contemplar a mono-
liticidade do subsolo e a
correta combinação dos
carregamentos que solici-
tarão a estrutura ao longo
de sua vida útil, com varia-
ções e atuação simultânea,
ou não, de:
a) Sobrecargas gravita-
cionais
b) Subpressão do lençol
freático
c) Empuxos de terra
d) Sobrecargas de funda-
ções vizinhas gerando
acréscimo de empuxo
nas paredes limítrofes. FIGURA 3 – CONCEPÇÃO ESTRUTURAL ADEQUADA
81
REVISTA ESTRUTURA | OUTUBRO • 2016 82
RESPOSTAS
1 – Viga com vão de 10,20 m entre eixos de pilares 3 – Cobrimento da armadura deverá ser de 15 mm em tel), segundo o item 13.2.4.1 da NBR 6118:2014, as espes-
com altura de 30 cm: pilares, 15 mm em vigas e 10 mm em lajes: suras mínimas a serem adotadas devem ser de 16 cm e 14
Comentário: para o pré-dimensionamento de vigas em Comentário: para estruturas em concreto armado o cobri- cm respectivamente;
concreto armado é usual adotar como parâmetro inicial mento nominal mínimo que pode ser adotado é de 20 mm 6 – Laje em balanço (L8) com 9 cm de espessura:
que a viga possua uma altura na ordem de 10% da dimen- para lajes, e 25 mm para pilares e vigas, conforme tabela Comentário: para lajes em balanço, segundo o item
são do vão entre eixos de pilares, porém isto não é uma 7.2 da NBR 6118:2014. Porém, de acordo com o item 7.4.7.4 13.2.4.1 da NBR 6118:2014, a espessura mínima a ser ado-
regra e tão pouco uma normativa. Porém, vale a dica para desta norma, “permite-se, então, a redução dos cobrimen- tada deve ser de 10 cm;
que os demais profissionais envolvidos no processo cons- tos nominais, prescritos na tabela 7.2, em 5 mm”, desde 7 – Viga (V15a) com 9 cm de seção transversal:
trutivo possam saber analisar e questionar o por que da que se tenha “um controle adequado de qualidade e li- Comentário: para vigas, segundo o item 13.2.2 da NBR
utilização de uma viga com tão pouca inercia como a do mites rígidos de tolerância da variabilidade das medidas 6118:2014, a seção transversal “não pode apresentar lar-
exemplo, que irá gerar grandes deformações mesmo con- durante a execução” e também “a exigência do controle gura menor que 12 cm e a das vigas-parede menor que
siderando apenas o peso próprio da estrutura; rigoroso deve ser explicitada nos desenhos de projeto”; 15cm”, porém, “estes limites podem ser reduzidos, respei-
2 – Concreto estrutural FCK ≥ 15 MPa: 4 – Pilar (p23) com dimensões de 16x16 cm: tando-se um mínimo absoluto de 10cm em casos excep-
Comentário: para estruturas em concreto armado, sub- Comentário: pilares em concreto armado, segundo o item cionais”.
metida à classe II de agressividade ambiental, o concreto 13.2.3 da NBR 6118:2014, não podem apresentar seção Observação: como se trata de um exemplo e não um pro-
estrutural especificado deve ser no mínimo C25 (portan- transversal com área inferior a 360 cm2; jeto completo, diversos outros itens (carimbo, notas mais
to deve ter resistência característica à compressão, fck, 5 – Laje maciça (L7) apoiada diretamente sobre pilar completas, legendas, etc...) E desenhos (cortes, armações,
maior ou igual a 25 MPa), conforme tabela 7.1 da ABNT com 12 cm de espessura: detalhes construtivos, etc...) Devem fazer parte de um
NBR 6118:2014; Comentário: para lajes lisas e lajes cogumelo (fora do capi- projeto estrutural adequado as normas técnicas.
AS 7 FALHAS
ENCONTRE
JOGO DE SETE ERROS