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5.

LEGISLAÇÃO PERTINENTE E APLICÁVEL SOBRE AS ÁREAS OBJETO


DE INTERVENÇÃO

5.1. Federal

Consoante disposto no artigo 225 da Constituição Federal, promulgada em 5 de outubro de


1988...“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e á coletividade o
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.” Frente a este objetivo,
o parágrafo 1º do referido artigo, em seu inciso IV, determina ao Poder Público “exigir, na
forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa
degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade.”
Desta forma a Carta Magna, praticamente sem exceção, convalida todos os dispositivos legais de
proteção ambiental que vigiam quando de sua promulgação. A Constituição de 1988, no que
respeita ao meio ambiente, se inspirou nos princípios da legislação vigente quando de sua
promulgação, a qual foi por ela, na prática, totalmente recepcionada, a ponto de normas e
diretrizes da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente serem elevados ao nível constitucional.

A Política Nacional do Meio Ambiente, através da Lei nº 6.938/81, consagrou como seu
principal objetivo “a compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação
do meio ambiente”, dando especial relevo, dentre outros, aos princípios de “racionalização do
uso do solo, do subsolo, da água e do ar”, do “planejamento e fiscalização do uso dos recursos
ambientais” e do “controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras”.
Para assegurar a efetividade desses princípios, estabeleceu como um de seus principais
instrumentos o licenciamento ambiental, ou, nas palavras da Lei, “o licenciamento e revisão
das atividades efetiva ou potencialmente poluidoras” (Art. 9°, IV).

Cabe lembrar que a Constituição, ao referir-se ao meio ambiente o classifica como sendo “bem
de uso comum do povo” outorgando ao Poder Público (e à coletividade) “o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. Assim, sendo o meio ambiente bem de uso
comum, o dever de defendê-lo e preservá-lo foi estabelecido exatamente para que possa ser
usufruído pelo maior número de pessoas, das presentes e futuras gerações. Este objetivo só
poderá ser alcançado se os recursos naturais forem usados de forma sustentada, isto é, racional,

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de maneira a que seu uso não cause desequilíbrios irreversíveis aos ecossistemas e que eles não
sejam desperdiçados. Neste sentido, os princípios da Política Nacional do Meio Ambiente,
especialmente no que respeita ao licenciamento de atividades potencialmente poluidoras, têm
integral respaldo constitucional. É através, portanto, através do instrumento de licenciamento
ambiental, que o Poder Público, ao examinar os projetos a ele submetidos, verifica sua
adequação aos princípios da Política Nacional do Meio Ambiente. Para tanto, avalia, em termos
ambientais, as conseqüências positivas e negativas, de sua implantação tendo em vista o bem
comum e decide pela autorização ou não de sua implantação, formulando as exigências cabíveis
para minimização de seus impactos ambientais negativos ou maximização de seus impactos
positivos, inclusive do ponto de vista sócio-econômico.

Por este motivo, a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente determina em seu Artigo 10:

Art. 10. A construção, instalação, ampliação e funcionamento de


estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados
efetiva e potencialmente poluidores, bem como os capazes, sob qualquer forma,
de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento de órgão
estadual competente, integrante do Sistema Nacional de Meio Ambiente -
SISNAMA, e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis - IBAMA, em caráter supletivo, sem prejuízo de outras licenças
exigíveis.

...........................................................................................................................

§ 4º. Compete ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos recursos Naturais


Renováveis - IBAMA, o licenciamento previsto no caput deste artigo, no caso de
atividades e obras com significativo impacto ambiental, de âmbito nacional ou
regional."

No caso específico das intervenções em pauta, como os eventuais impactos que poderão vir a ser
gerados pelas intervenções em pauta não chegarão a ultrapassar as fronteiras municipais, as
intervenções propostas deverão ser licenciadas pelo órgão estadual competente, integrante do
Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, no caso a Comissão Estadual de Controle
Ambiental – CECA através da FEEMA – Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente.

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Além dos dispositivos genéricos de defesa dos recursos naturais constantes da Lei nº 6.938/81,
os recursos florestais e hídricos têm legislação própria de proteção previstas no Código Florestal
(modificado pela Lei nº 7.511/86) e no Código das Águas, e suas modificações posteriores,
inclusive com a promulgação da Lei n° 9.984/2000, sobre a Política Nacional de Recursos
Hídricos.

5.1.1. Sobre as Águas

A Carta de 1988 “constitucionalizou” o direito-dever do Poder Público e da coletividade da


manutenção da higidez ambiental, inclusive em benefício das futuras gerações. Este fato, além
de representar a recepção de praticamente toda a legislação infraconstitucional sobre a matéria de
controle e proteção ambiental, força a mudança de critérios interpretativos de certos dispositivos
da Constituição anterior, que ela derrogou e substituiu, com evidentes reflexos sobre a legislação
infraconstitucional neles embasada. A modificação da legislação relativa às “águas” é
emblemática, uma vez que, tradicionalmente, era tida como de competência legislativa privativa
da União.

A legislação sobre águas que continuou privativa da União foi aquela que se refere a este recurso
natural sob o ponto de vista de seu aproveitamento econômico, principalmente para geração de
energia e como via de transporte (navegação). Já a defesa deste recurso natural, do ponto de vista
de proteção ambiental e controle da poluição, na forma do expresso no próprio Texto
Constitucional, passou a ser objeto de legislação concorrente. Neste sentido, sob o ponto de vista
da proteção ambiental, estão sob o domínio dos Estados “as águas superficiais ou subterrâneas,
fluentes, emergentes e em depósito” (Art. 26, I), que não estejam em terrenos sob o domínio da
União nem “banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a
território estrangeiro ou dele provenham”.

Ainda no que tange as legislações de competência federal incidentes sobre a área objeto de
intervenção cabe mencionar, à nível operacional, o CONAMA – Conselho Nacional do Meio
Ambiente, Órgão Federal Normativo do SISNAMA – Sistema Nacional do Meio Ambiente, que
editou a Resolução nº001/86 e a Resolução nº237/97, visando, respectivamente, estabelecer “as
definições, as responsabilidades, os critérios básicos e as diretrizes gerais para uso e

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implementação da avaliação de Impacto Ambiental, como um instrumento da Política Nacional
do Meio Ambiente” e “estabelecer critérios, competências, procedimentos, definições e
mecanismos a serem adotados a nível nacional para o Licenciamento ambiental, de forma a
efetivar a utilização do Sistema de Licenciamento como instrumento de Gestão Ambiental,
instituído pela Política Nacional do Meio Ambiente”.

Por sua vez o Estado do Rio de Janeiro, em termos de Licenciamento Ambiental, criou o SLAP –
Sistema de Licenciamento de Atividades Poluidoras, por intermédio do Decreto nº1.633/77,
regulamentando parte do Decreto-Lei nº134/75, já citado anteriormente. Em seqüência a CECA
em conjunto com a FEEMA, regulamentaram e operacionalizaram o Sistema de Licenciamento,
por intermédio de ampla normatização, destacando-se as diretrizes DZ-041 e a DZ-042, estas
compatíveis com as normas emanadas pelo CONAMA, em especial, aplicáveis aos casos em que
seja obrigatória a apresentação do EIA/RIMA, nos termos do que dispões a Lei Estadual
nº1.356/8, conforme será abordada nas legislações de competência estadual sobre a Gleba F.

5.1.2. Sobre as Resoluções CONAMA


Ainda no que diz respeito às Resoluções baixadas pelo CONAMA, merece atenção:

5.1.2.1. A Resolução CONAMA nº 04, de 18 de setembro de 1985, a qual estabelece através de


seu Art.1o que “são consideradas Reservas Ecológicas as formações florísticas e as áreas de
florestas de preservação permanente mencionadas no Artigo 18 da Lei nº 6.938/81, bem como as
que estabelecidas pelo Poder Público de acordo com o que preceitua o Artigo lº do Decreto nº
89.336/84.

Art.3o São Reservas Ecológicas:


I. os pousos das aves de arribação protegidos por Convênio, Acordos ou trajados assinados pelo
Brasil com outras nações; as florestas e demais formas de vegetação natural situadas:
II - ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais, desde o seu nível
mais alto medido horizontalmente, em faixa marginal cuja largura mínima será: de 30 (trinta)
metros para os que estejam situados em áreas urbanas;
III. nos manguezais, em toda a sua extensão;

Para efeitos desta Resolução são estabelecidas as seguintes definições que cabem na análise legal
sobre as intervenções em pauta:

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- pouso de aves - local onde as aves se alimentam, ou se reproduzem, ou pernoitam ou
descansam;

- aves de arribação - qualquer espécie de ave que migre periodicamente;

- manguezal - ecossistema litorâneo que ocorre em terrenos baixos sujeitos à ação das marés
localizadas em áreas relativamente abrigadas e formado por vasas lodosas recentes às quais
se associam comunidades vegetais características.

5.1.2.2. Resolução nº 303, de 20 de março de 2002, que dispõe sobre parâmetros, definições e
limites de Áreas de Preservação Permanentes.
A Resolução nº 303 reafirma as preocupações quanto a proteção das áreas passíveis de serem
permanentemente preservadas sob o ponto de vista ambiental (conforme já apresentado na
Resolução CONAMA 04), considerando as responsabilidades assumidas pelo Brasil por força da
Convenção da Biodiversidade, de 1992, da Convenção Ramsar, de 1971 e da Convenção de
Washington, de 1940, bem como os compromissos derivados da Declaração do Rio de Janeiro,
de 1992 e, dentre outras, considerando que as Áreas de Preservação Permanente e outros espaços
territoriais especialmente protegidos, integram o desenvolvimento sustentável, objetivo das
presentes e futuras gerações. Neste sentido resolve:
Art. 3º Constitui Área de Preservação Permanente a área situada:
III - ao redor de lagos e lagoas naturais, em faixa com metragem mínima de:

a) trinta metros, para os que estejam situados em áreas urbanas consolidadas;

IX- nas restingas:

b) em qualquer localização ou extensão, quando recoberta por vegetação com função


fixadora de dunas ou estabilizadora de mangues;

X- em manguezal, em toda a sua extensão;


Art. 2º Para os efeitos desta Resolução, são adotadas as seguintes definições:
I - nível mais alto: nível alcançado por ocasião da cheia sazonal do curso d`água perene ou
intermitente;
IX - manguezal: ecossistema litorâneo que ocorre em terrenos baixos, sujeitos à ação das marés,
formado por vasas lodosas recentes ou arenosas, às quais se associa, predominantemente, a
vegetação natural conhecida como mangue, com influência flúvio-marinha, típica de solos

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limosos de regiões estuarinas e com dispersão descontínua ao longo da costa brasileira, entre os
estados do Amapá e Santa Catarina;

5.1.2.3. Resolução 307, de 5 de julho de 2002, a qual estabelece diretrizes, critérios e


procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil.
Considerando, dentre outros fatores (1) a política urbana de pleno desenvolvimento da função
social da cidade e da propriedade urbana, conforme disposto na Lei nº 10.257, de 10 de julho de
2001 (Estatuto da Cidade), (2) a necessidade de implementação de diretrizes para a efetiva
redução dos impactos ambientais gerados pelos resíduos oriundos da construção civil, (3) que a
disposição de resíduos da construção civil em locais inadequados contribui para a degradação da
qualidade ambiental, (4) que os resíduos da construção civil representam um significativo
percentual dos resíduos sólidos produzidos nas áreas urbanas, (5) que os geradores de resíduos
da construção civil devem ser responsáveis pelos resíduos das atividades de construção, reforma,
reparos e demolições de estruturas e estradas, bem como por aqueles resultantes da remoção de
vegetação e escavação de solos, (6) que a gestão integrada de resíduos da construção civil deverá
proporcionar benefícios de ordem social, econômica e ambiental resolve:
Art. 1º Estabelecer diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da
construção civil, disciplinando as ações necessárias de forma a minimizar os impactos
ambientais.
Art. 2º Para efeito desta Resolução, são adotadas as seguintes definições:
I - Resíduos da construção civil: são os provenientes de construções, reformas, reparos e
demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de
terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas,
colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico,
vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras,
caliça ou metralha;
II - Geradores: são pessoas, físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, responsáveis por
atividades ou empreendimentos que gerem os resíduos definidos nesta Resolução;
Art. 3º Os resíduos da construção civil deverão ser classificados, para efeito desta Resolução,
da seguinte forma:
I - Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como:
a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de
infra-estrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;

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b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos
(tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto;
c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos,
tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras;
Art. 4º Os geradores deverão ter como objetivo prioritário a não geração de resíduos e,
secundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem e a destinação final.
§ 1º Os resíduos da construção civil não poderão ser dispostos em aterros de resíduos
domiciliares, em áreas de "bota fora", em encostas, corpos d`água, lotes vagos e em áreas
protegidas por Lei, obedecidos os prazos definidos no art. 13 desta Resolução
II - o cadastramento de áreas, públicas ou privadas, aptas para recebimento, triagem e
armazenamento temporário de pequenos volumes, em conformidade com o porte da área urbana
municipal, possibilitando a destinação posterior dos resíduos oriundos de pequenos geradores
às áreas de beneficiamento;
III - o estabelecimento de processos de licenciamento para as áreas de beneficiamento e de
disposição final de resíduos;
IV - a proibição da disposição dos resíduos de construção em áreas não licenciadas;
Art. 10. Os resíduos da construção civil deverão ser destinados das seguintes formas:
I - Classe A: deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados, ou encaminhados a
áreas de aterro de resíduos da construção civil, sendo dispostos de modo a permitir a sua
utilização ou reciclagem futura;

4. Resolução CONAMA Nº 8, de 31 de agosto de 1993


Considerando, dentre outras que, (1) a emissão de monóxido de carbono, hidrocarbonetos,
óxidos de nitrogênio, fumaça e material particulado, por veículos, contribuem para a contínua
degradação da qualidade do ar, (2) que já existem soluções técnicas, de uso comprovado, que
permitem a melhoria do controle de emissão para veículos pesados, (3) a necessidade de prazo
para que a adequação tecnológica de motores novos às exigências de controle seja
economicamente viável, (4) que as características do combustível têm influência no nível de
emissão e na durabilidade dos motores Diesel, (5) a necessidade de prazo para a melhoria de
qualidade do óleo Diesel, (6) a liberação das importações de motores e veículos automotores e a
tendência brasileira para a harmonização tecnológica internacional, (7) a necessidade de
compatibilização dos cronogramas de implantação dos limites de emissão dos gases de
escapamento com os de ruído dos veículos pesados do ciclo Diesel, estabelecidos na Resolução

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CONAMA n° 1, de 11 de fevereiro de 1993, (8) as disposições do Código de Proteção e Defesa
do Consumidor- Lei n° 8.078, de 11 de setembro de 1990, resolve:
Art. 1°. Em complemento à Resolução CONAMA n° 18, de 6 de maio de 1986, estabelecer os
Limites Máximos de Emissão de Poluentes para os motores destinados a veículos pesados novos,
nacionais e importados, conforme Tabela 1.

Tabela 1 -LIMITES MÁXIMOS DE EMISSÃO PARA MOTORES DE VEÍCULOS


PESADOS

CO HC Partículas (g/kWh)
NO (g/kWh) Fumaça (k) (1)
(g/kWh) (g/kWh) (1)
Fase I - - - 2,5 -
Fase II 11,2 2,45 14,4 2,5 -
Fase III 4,9 1,23 9,0 2,5 0,7/0,4(2)
Fase IV 4,0 1,1 7,0 - 0,15
(1) Aplicável somente para motores de ciclo Diesel
(2) 0,7 g/kWh, para motores até 85 kW e 0,4 g/kWh para motores com mais de 85kW.

Art. 2°. Os motores destinados a veículos pesados, fabricados e comercializados no Brasil,


devem atender aos limites máximos de emissão definidos na Tabela 1, de acordo com os
percentuais mínimos de produção e datas estabelecidos neste artigo, independentemente do tipo
de combustível que utilizarem.
Art. 5º. Os níveis de emissão medidos nos motores de veículos pesados são expressos em g/kWh
e referem-se à massa do poluente emitida por hora por unidade de potência efetiva líquida.
§ 1º. As emissões de monóxido de carbono (CO), hidrocarbonetos (HC) e óxidos de nitrogênio
(NOx) devem ser medidas conforme as Normas NB-1192, de 1992 -Determinação da Emissão do
Gás do Escapamento Emitidos por Motor Diesel e MB-3295, de 1990 -Motor Diesel -Análise de
Gases de Escapamento.
§ 1° As determinações da emissão do teor de fuligem devem ser realizadas em regime constante,
através de Opacímetro ou Amostrador por Elemento Filtrante, conforme prescrito nas Normas
Técnicas NBR 5484 - Motores Alternativos de Combustão Interna de Ignição por Compressão
(Diesel) ou Ignição por Centelha (Otto) de Velocidade Angular Variável - Método de Ensaio;
NBR 7027 -Gás de Escapamento Emitido por Motores Diesel -Determinação do Teor de
Fuligem em Regime Constante -Método de Ensaio; NBR 7026 -Gás de Escapamento Emitido por
Motor Diesel -Medição do Teor de Fuligem com Amostrador por Elemento Filtrante; e Projeto

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de Norma 05:017.02-002 de mar/92 -Emprego do Opacímetro para Medição do Teor de
Fuligem de Motor Diesel -Método de Absorção de Luz.
§ 3° Os limites máximos de fumaça, calculados de acordo com este artigo, são apresentados nos
Anexos I e II para altitudes inferiores a 350 m, bem como para altitudes superiores;
No que diz respeito ao limite máximo de ruído emitido por veículo em aceleração, a Tabela
abaixo indica os valores admitidos de acordo com a NBR-8433.

Tabela 1 A
Limites máximos de ruído emitido por veículos em aceleração, conforme NBR-8433

Nível de Ruído
Categoria
(dB(A))
Descrição Otto Diesel
Injeção Injeção
A Veículos de passageiros até nove lugares e veículo de Direta Indireta
A 77
uso misto derivado de automóvel
78 77
Veículo de passageiros com mais de PTB até 2.000 kg 78 79 78
nove lugares, veículo de carga ou de PTB acima de
B
tração, veículo de uso misto não 2000 kg e até 79 80 79
derivado de automóvel 3.000 kg
Potência máxima
abaixo de 150 kW 80 80 80
Veículo de passageiro ou até de uso (204 CV)
C
misto com PTB maior que 3.500 kg Potência máxima
igual ou superior a 83 83 83
150 kW (204 CV)
Potência máxima
abaixo de 75kW 81 81 81
(102 CV)

Veículo de carga ou de tração com Potência máxima


D entre 75 e 150 kW 83 83 83
PTB acima de 3.500 kg
(102 a 204 CV)
Potência máxima
igual ou superior a 84 84 84
150 kW (204 CV)
Observações PBT: Peso Bruto Total; Potência: Potência efetiva líquida máximo (NBR 5484);Esta Tabela
cancela e substitui a Tabela 1 da Resolução CONAMA n° 1, de 1/93.

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5.1.2.4. Resolução CONAMA Nº `16, DE 13 DE DEZEMBRO DE 1995

Considerando, dentre outras, que (1) a emissão de fumaça e material particulado dos veículos
contribui para a contínua degradação da qualidade do ar, (2) a existência de soluções técnicas de
uso comprovado, que permitem a intensificação do controle de emissão para os veículos
movidos a óleo Diesel e auxiliam na fiscalização e em Programas de Inspeção e Manutenção de
Veículos em Uso - I/M, resolve:
Art. 1° Em complemento à Resolução CONAMA n° 08/93, a partir de 1° de janeiro de 1996, os
motores novos do ciclo Diesel para aplicações em veículos leves ou pesados, devem ser
homologados e certificados quanto ao índice de fumaça (opacidade) em aceleração livre,
através do procedimento de ensaio descrito na Norma NBR 13037 - Gás de Escapamento
Emitido por Motor Diesel em Aceleração Livre - Determinação da Opacidade, em conformidade
com os limites definidos no § 1° e § 2° deste Artigo.
3° Para atender as condições atmosféricas de referência, o fator atmosférico fa deve estar no
intervalo 0,98 (( fa ( 1,02).
§ 4° O fator atmosférico fa deve ser calculado pela expressão abaixo, conforme definido pela
Diretiva 72/306/EWG, da Comunidade Econômica Européia de 2 de agosto de 1972, incluindo
todas as atualizações posteriores,
Art. 5° Em complemento à Resolução 08/93 do CONAMA, estabelecer a liberação do controle
de emissão de gases do cárter de motores turboalimentados do ciclo Diesel destinados a
veículos pesados, mantidos os limites de hidrocarbonetos (HC) estabelecidos na Tabela I da
mesma Resolução, desde que a emissão de gases de cárter de motores novos turboalimentados
seja no máximo 1,3% da vazão do ar de admissão (m3 / hora), determinada nos ensaios de
certificação dos motores.

5.1.2.5. Resolução Nº 9, de 31 de agosto de 1993

Considerando, dentre outros fatores, (1) que o uso prolongado de um óleo lubrificante resulta na
sua deterioração parcial, que se reflete na formação de compostos tais como ácidos orgânicos,
compostos aromáticos polinucleares, "potencialmente carcinogênicos", resinas e lacas, ocorrendo
também contaminações acidentais ou propositais, (2) que a Associação Brasileira de Normas
Técnicas - ABNT, em sua NBR-10004, "Resíduos Sólidos - classificação", classifica o óleo
lubrificante usado como perigoso por apresentar toxicidade, (3) que o descarte de óleos
lubrificantes usados ou emulsões oleosas para o solo ou cursos d'água gera graves danos

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ambientais, (4) que a combustão dos óleos lubrificantes usados pode gerar gases residuais
nocivos ao meio ambiente, (5) a gravidade do ato de se contaminar o óleo lubrificante usado com
policlorados (PCB's), de caráter particularmente perigoso, (6) que as atividades de
gerenciamento de óleos lubrificantes usados devem estar organizadas e controladas de modo a
evitar danos à saúde, ao meio ambiente, (7) que a reciclagem é instrumento prioritário para a
gestão ambiental, resolve:
Art. 2º Todo o óleo lubrificante usado ou contaminado será, obrigatoriamente, recolhido e terá
uma destinação adequada, de forma a não afetar negativamente o meio ambiente.
Art. 3º Ficam proibidos:
I - quaisquer descartes de óleo usados em solos, águas superficiais, subterrâneas, no mar
territorial e em sistemas de esgoto ou evacuação de águas residuais;
II - qualquer forma de eliminação de óleos usados que provoque contaminação atmosférica
superior ao nível estabelecido na legislação sobre proteção do ar atmosférico (PRONAR);
Art. 5º Fica proibida a disposição dos resíduos derivados no tratamento do óleo lubrificante
usado ou contaminado no meio ambiente sem tratamento prévio, que assegure:
I - a eliminação das características tóxicas e poluentes do resíduo;
II - a preservação dos recursos naturais; e
III - o atendimento aos padrões de qualidade ambiental.
Art. 7º Todo o óleo lubrificante usado deverá ser destinado à reciclagem.

5.1.2.6. Lei 4771, de 15 de setembro de 1965 (já alterada pela Lei Federal nº 7803, de 18 de
julho de 1989 que, revoga as Leis nºs 6.535, de 15 de junho de 1978, 7.511, de 7 de julho de
1986.), que Institui o Novo Código Florestal, determinando, dentre outras normas de relevância
para a área objeto de estudo.

Art. 1° . As florestas existentes no território nacional e as demais formas de vegetação,


reconhecidas de utilidade às terras que revestem, são bens de interesse comum a todos os
habitantes do País, exercendo-se os direitos de propriedade, com as limitações que a
legislação em geral e especialmente esta Lei estabelecem.

Art. 2° . Consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei, as florestas e


demais formas de vegetação natural situadas:

ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais;

nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;

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Parágrafo único. No caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos
perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações
urbanas, em todo o território abrangido, observar-se-á o disposto nos respectivos planos
diretores e leis de uso do solo, respeitados os princípios e limites a que se refere este artigo."

Art. 3º . Consideram-se, ainda, de preservação permanentes, quando assim declaradas por ato
do Poder Público, as florestas e demais formas de vegetação natural destinadas:

a atenuar a erosão das terras;

a assegurar condições de bem-estar público.

Parágrafo único. Nas áreas urbanas, a que se refere o parágrafo único do art. 2º. desta Lei, a
fiscalização é da competência dos municípios, atuando a União supletivamente.

Art. 26. Constituem contravenções penais, puníveis com três meses a um ano de prisão simples
ou multa de uma a cem vezes o salário-mínimo mensal, do lugar e da data da infração ou
ambas as penas cumulativamente:

destruir ou danificar a floresta considerada de preservação permanente, mesmo que


em formação ou utilizá-la com infringência das normas estabelecidas ou previstas nesta Lei;

fazer fogo, por qualquer modo, em florestas e demais formas de vegetação, sem tomar
as precauções adequadas;

impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas e demais formas de vegetação;

matar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, plantas de ornamentação de


logradouros públicos ou em propriedade privada alheia ou árvore imune de corte;

extrair de florestas de domínio público ou consideradas de preservação permanente,


sem prévia autorização, pedra, areia, cal ou qualquer outra espécie de minerais;

prática do ato.

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5.1.2.7. Lei Federal n° 7.511, de 07 de julho de 1986 (Altera dispositivos da Lei 4.771, de 15
de Setembro de 1965, que institui o novo Código Florestal)
Artigo 2° - O artigo 19 da Lei 4.771, de 15 de Setembro de 1965, passa a vigorar com a seguinte
redação:

§ 1° - É permitida ao proprietário a reposição com espécies exóticas nas florestas já


implantadas com estas espécies.

§ 2° - Na reposição com espécies regionais, o proprietário fica obrigado a comprovar o plantio


das árvores, assim como os tratos culturais necessários a sua sobrevivência e desenvolvimento."

5.1.2.8. Lei Federal Nº 9.433 - Política Nacional de Recursos Hídricos

Conforme fundamentos da Política Nacional de Recursos Hídricos, ficam determinados, dentre


outras normas:

Art. 1º A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes fundamentos:

I - a água é um bem de domínio público;

II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;

III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a
dessedentação de animais;

IX - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas;

O Capítulo II Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de


Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição
Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990,

Art. 2º São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos:

I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de


qualidade adequados aos respectivos usos;

II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com
vistas ao desenvolvimento sustentável;

III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos, de origem natural ou


decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais.

48
5.1.2.9. Decreto Federal Nº 24.643, de 10 de Julho de 1934 (Já alterado pelo Decreto nº
3.763/41), que decreta o Código de Águas.

Art. 1º . As águas públicas podem ser de uso comum ou dominais.


Art. 2º . São águas públicas de uso comum (dentre outras citadas nesta Lei) as correntes, canais,
lagos e lagoas navegáveis ou flutuáveis;
Art. 3º . A perenidade das águas é condição essencial para que elas se possam considerar
públicas, nos termos do artigo precedente.
Art. 10. O álveo será público de uso comum do dominial, conforme a propriedade das
respectivas águas; e será particular no caso das águas comuns ou das águas particulares.
§ 2º . Na hipótese de um lago ou lagoa nas mesmas condições, o direito de cada proprietário
estender-se-á desde a margem até a linha ou ponto mais conveniente para divisão eqüitativa das
águas, na extensão da testada de cada quinhoeiro, linha ou pontos locados, de preferência,
segundo o próprio uso dos ribeirinhos.
Art. 31. Pertencem aos Estados os terrenos reservados às margens das correntes e lagos
navegáveis, se por algum título não forem do domínio federal, municipal ou particular.
CAPÍTULO ÚNICO
Art. 32. As águas públicas de uso comum ou patrimoniais, dos Estados ou dos Municípios, bem
como as águas comuns e as particulares, e respectivos álveos e margens, podem ser
desapropriadas por necessidade ou por utilidade pública:
Art. 35. Se não houver este caminho, os proprietários marginais não podem impedir que os seus
vizinhos se aproveitem das mesmas para aquele fim, contanto que sejam indenizados do prejuízo
que sofrerem com o trânsito pelos seus prédios.
§ 1º Esta servidão só se dará verificando-se que os ditos vizinhos não podem haver água de
outra parte, sem grande incômodo ou dificuldade.
CAPÍTULO V : Desobstrução
Art. 53. Os utentes das águas públicas de uso comum ou os proprietários marginais são
obrigados a se abster de fatos que prejudiquem ou embaracem o regime e o curso das águas, e a
navegação, exceto se para tais fatos forem especialmente autorizados por alguma concessão.
CAPÍTULO III
Desobstrução e defesa
Art. 84. Os proprietários marginais das correntes são obrigados a se abster de fatos que possam
embaraçar o livre curso das águas, e a remover o obstáculos a este livre curso, quando eles

49
tiverem origem nos seus prédios, de modo a evitar prejuízo de terceiros, que não for proveniente
de legítima aplicação das águas.
Parágrafo único. O serviço de remoção do obstáculo será feito à custa do proprietário a quem
ela incumba, quando este não queira fazê-lo, respondendo ainda o proprietário pelas perdas e
danos que causar, bem como pelas multas que lhe forem impostas nos regulamentos
administrativos.
Art. 87. Os proprietários marginais são obrigados a defender os seus prédios, de modo a evitar
prejuízo para o regime e curso das águas e danos para terceiros.

5.1.3. Sobre os Terrenos de Marinha

Considerando as intervenções que se farão necessárias sobre os Terrenos de Marinha a partir da


implantação dos guias-correntes, cabe a observância dos seguintes aplicativos legais conforme
descritos mais adiante. O texto abaixo informa sobre a origem das terras públicas para garantir
algumas informações para contextualização do tema, conforme informa a Secretaria de
Patrimônio da União _ SPU:

“Descoberto o Brasil, em 22 de abril de 1500, somente em 1530 preocupou-se Portugal em


povoar e colonizar. Inicia-se, a partir de 1531, a ocupação do solo, com a adoção do sistema
das Capitanias Hereditárias. Ficaram os problemas fundiários, inicialmente, afetos aos
donatários, aos quais incumbia a distribuição de sesmarias, bem como a fiscalização do uso da
terra. Com a criação do Governo-Geral sediado em Salvador - BA, esses problemas fundiários
passaram aos Governadores-Gerais. Expandindo-se o povoamento da terra, coube a tarefa da
distribuição de áreas e sua fiscalização a autoridades locais.

O sistema fundiário seguiu no curso do tempo sem grandes alterações, de forma mais ou menos
desordenada, até a Independência do Brasil, em 1822.

Naquela época, diante da situação fundiária, totalmente tumultuada e até caótica, adotou-se
pouco antes da independência uma solução drástica, por intermédio da Resolução de 17 de
julho de 1822, quando suspenderam todas as concessões de terras, até que lei especial
regulasse, por completo, a matéria.

Somente com a Lei nº 601, de 18 de setembro de 1850, disciplinou-se o regime jurídico aplicável
às terras públicas. A referida lei, segundo Messias Junqueira ("Estudos sobre o sistema

50
sesmaria", Recife, 1965), constituiu uma das leis mais perfeitas que o Brasil já teve: humana,
liberal, conhecedora da realidade brasileira, sábio código de terras, que tanto mais se admira
quanto mais se lhe aprofunda o espírito, superiormente inspirado".

Possui, também, a referida lei, outra particularidade interessante: dela se originou a primeira
repartição pública, especificamente incumbida do problema fundiário, denominada Repartição-
Geral de Terras Públicas", criada no seu art. 21 e regulamentada pelo Decreto nº 1.318, de 30
de janeiro de 1854. Já após a promulgação da República, pela Lei nº 2.083, de 30 de julho de
1909, criou-se novo órgão, para cuidar das terras públicas, denominado Diretoria do
Patrimônio Nacional.

No curso do tempo, passou-se a denominar o Órgão: Diretoria do Domínio da União (Decreto


nº 22.250/32), Serviço do Patrimônio da União" (Decreto-lei nº 6.871/44), recebendo, por força
do Decreto nº 96.911, de 3 de outubro de 1988, sua atual denominação, Secretaria do
Patrimônio da União, quando ainda integrava a estrutura do Ministério da Fazenda.

Atualmente a SPU integra a estrutura do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão


(MP), tendo em vista a alteração em lei ocorrida em 1999, que dispõe sobre a estrutura da
Presidência da República e seus Ministérios. As atuais atribuições conferidas à Secretaria do
Patrimônio da União encontram-se descritas no art. 29 do Decreto nº 3.858, de 04 de julho de
2001, que aprovou a estrutura regimental do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.

Os Terrenos de Marinha e as Atividades Imobiliárias da SPU

Parcela considerável do patrimônio imobiliário da União encontra-se localizada nos terrenos


que, em regra, se limitam com as praias brasileiras.Tais áreas são conhecidas como terrenos de
marinha, e correspondem à faixa de 33 metros a contar da linha de preamar média do ano de
1831.Portanto, os terrenos da União são identificados a partir da média das marés altas do ano de
1831, tomando como referência o estado de situação da costa brasileira naquele ano.

Os terrenos que se formaram a partir da linha de preamar média do referido ano. em direção ao
mar, tanto os aterros como aqueles resultantes do recuo do mar no tempo, são denominados
acrescidos de marinha, que também são áreas de domínio da União.

Parte da linha de preamar média do ano de 1831 ainda não se encontra demarcada no litoral
brasileiro, resultando dessa circunstância muitas ocorrências de títulos outorgados por terceiros

51
com superposição de áreas, atingindo eventualmente área de domínio da União. Por isso, todo o
cidadão deve e pode consultar a Gerência Regional de seu Estado, para verificar a situação
dominial de imóvel que pretende adquirir, sempre que localizado próximo às praias.

As Gerências Regionais dispõem de mapas e materiais cartográficos que indicam a área de


domínio da União. Os terrenos de marinha e acrescidos, quando ocupados, sujeitam o ocupante
ao pagamento de taxa de ocupação equivalente a 5% do valor do terreno ao ano.

A Lei nº 9.636, de 15 de maio de 1998, veda expressamente a ocupação de imóvel da União a


partir de 15 de fevereiro de 1997. Portanto, toda a pessoa que ocupa imóvel da União e obedeça
as condições estabelecidas em lei devem requerer sua inscrição como ocupante de imóvel da
União.

A inscrição de ocupação, embora seja regime precário de ocupação de bem da União, é a forma
do cidadão promover a regularização da posse sobre o imóvel da União, e será deferida sempre
que não houver interesse público na utilização do imóvel, e quando forem observadas as normas
ambientais e posturas municipais aplicáveis.

Além da inscrição de ocupação, os terrenos de marinha, caso alienados, são submetidos ao


regime enfitêutico, quando então a União mantém consigo o domínio direto de tais bens
atribuindo ao adquirente o direito real de uso do imóvel também conhecido como domínio útil.

O titular do domínio útil é conhecido como foreiro de imóvel da União e deve recolher à União a
receita anual denominada foro, correspondente a 0,6% do valor do terreno. Tanto o ocupante do
imóvel da União, como o foreiro, quando alienam os seus direitos sobre imóveis da União,
devem requerer previamente a certidão autorizativa de transferência, emitida pela Gerência
Regional, desde que o transmitente esteja em dia com suas obrigações patrimoniais (pagamento
de foros ou taxas de ocupação) e recolha o laudêmio, correspondente a importância equivalente a
5% do valor do terreno e das benfeitorias existentes.

A Constituição tornou obrigatório o regime enfitêutico nos terrenos de marinha e acrescidos,


situados na faixa de segurança, a partir da orla marítima (art. 49, § 3º do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias). Portanto, quando submetidos ao regime enfitêutico e não
constituídos por terrenos de marinha e seus acrescidos, aos imóveis da União pode ser imposta a
extinção do regime enfitêutico ou foreiro.

52
Tal ocorrência denomina-se remição e dar-se-á pela importância equivalente a 17% do valor de
avaliação do terreno da União. A partir de tanto, o cidadão deixará de recolher à União os foros e
laudêmios, não mais necessitando de obtenção de certidões ou documentos junto às Gerências
Regionais. Os imóveis da União não utilizados no serviço público devem ser alienados. Por isso,
possuindo interesse na aquisição de imóveis da União, consulte nosso site para verificar as
concorrências públicas em andamento nos Estados, tendo por objeto a alienação de imóveis.

Decretos-Lei que devem ser observados:

5.1.3.1. Decreto-Lei 2.490 de 16 de agosto, que Estabelece Novas Normas para o Aforamento
dos Terrenos de Marinha e dá outras Providências.

Estabelece Novas Normas para o Aforamento dos Terrenos de


Marinha e dá outras Providências.

Art. 1º - O processo para concessão de aforamento dos terrenos de


marinha, acrescidos e terrenos de mangue na costa, obedecerá às
normas traçadas no presente Decreto-Lei.

Art. 2º - Executados os terrenos necessários aos serviços da União e


aos logradouros públicos, subordinam-se ao regime de aforamento,
concedido pelo Governo Federal unicamente a brasileiros, natos ou
naturalizados:

I - os terrenos de marinha e seus acrescidos, em terra firme e nas ilhas


de propriedade da União;

II - os terrenos de mangue na costa;

III - os terrenos situados à margem dos rios e lagoas, até onde chegue
a influência das marés.

§ 1º - O corte dos mangues aforados não será feito a altura de 0,50

53
acima do nível do preamar máximo.

§ 2º - Para efeito de reconhecimento dos terrenos de domínio da


União à margem dos rios ou lagoas, caracteriza-se a influência das
marés unicamente pela oscilação diária do nível das águas.

Art. 3º - A União não reconhece e tem por insubsistentes e nulas


quaisquer pretensões sobre o domínio dos terrenos de marinha, assim
considerados os que, banhados pelas águas do mar e pelas dos rios e
lagoas até onde alcance a confluência das marés, vão até à distância
de 33 metros para a parte da terra, medidos no ponto a que chegava o
preamar médio em 1831.

§ 1º - A Diretoria do Domínio da União providenciará quanto antes a


fim de que cesse de vez a posse mantida, a qualquer título, com
fundamento naquelas pretensões.

§ 2º - É da exclusiva competência da Diretoria do Domínio e órgãos


subordinados a determinação da linha do preamar médio de 1831.

Art. 4º - A partir da vigência do presente Decreto-Lei não se


concederão novas ocupações de terrenos de marinha e acrescidos,
continuando-se entretanto a receber as taxas atuais e providenciando-
se o recolhimento das porventura devidas, antes de resolvido o
aforamento pleiteado por ocupantes ou posseiros.

Art. 5º - Aos atuais posseiros ou ocupantes é concedido o prazo de


180 dias, contado da vigência deste Decreto-lei, a fim de que iniciem,
perante os Serviços Regionais da Diretoria do Domínio da União, o
processo de aforamento dos terrenos de marinha e seus acrescidos e
dos de mangue.

Art. 6º - Expirado o prazo (a que se refere o artigo anterior, sem que


os interessados iniciem o processo de aforamento, a Diretoria do
Domínio da União, pelos seus órgãos competentes, providenciará

54
sobre a enfiteuse dos terrenos, mediante concorrência pública.

§ 1º - As benfeitorias que, por sua natureza, se hajam incorporado ao


solo, serão vendidas em concorrência pública juntamente com a
preferência ao aforamento, depois de avaliada pela Diretoria do
Domínio, com a assistência da parte interessada ou seu representante
legal.

§ 2º - Da avaliação a que se proceder será lavrado termo, de que


constará a descrição minuciosa das benfeitorias e o valor a cada uma
atribuído.

§ 3º - A ausência do interessado, uma vez notificado do dia e hora em


que se procederá à diligência, não invalidará a avaliação.

§ 4º - Assista, ou não, à diligência, o interessado terá o prazo de 8


(oito) dias para dizer sobre o preço arbitrado às benfeitorias.

§ 5º - A falta de reclamação no prazo estabelecido importará na


concordância do interessado.

§ 6º - Apresentada reclamação no prazo estabelecido, serão


apreciados os motivos em que se baseia, mantendo-se, ou não, o valor
arbitrado.

Art. 7º - O preço obtido pelas benfeitorias em concorrência será


entregue ao interessado, deduzidas as despesas da diligência.

Parágrafo único. Essas despesas constarão apenas de transporte e


diárias ao pessoal incumbido da diligência, arbitradas, na forma da
legislação vigente.

Art. 8º - O pedido inicial para concessão do aforamento, dirigido ao


chefe do Serviço Regional, deverá conter elementos necessários à
identificação do terreno, bem como a indicação de suas medidas,
confrontações e benfeitorias.

55
Parágrafo único. Ao requerimento o pretendente não é obrigado a
anexar plantas ou títulos, mas apenas o comprovante da taxa de
ocupação, que porventura esteja pagando.

Art. 9º - Verificado que o terreno não foi objeto de aforamento


anterior, examinar-se-á preliminarmente a questão da preferência a
enfiteuse.

Art. 10 - Têm preferência para a concessão do aforamento: 1 - os que


estejam pagando taxa de ocupação de terrenos de marinha e seus
acrescidos, relativamente aos terrenos ocupados; 2 - os que tiverem,
nas testadas e frente dos terrenos, estabelecimentos de sua
propriedade, como trapiches, armazéns e outros semelhantes,
dependentes de franco embarque e desembarque; 3 - nas mesmas
circunstâncias, os posseiros dos terrenos, na suposição de lhes
pertencerem e fazerem parte de suas fazendas, sítios ou propriedades
contíguas; 4 - os que tiverem arrendado ou aforado os terrenos, na
suposição de lhes pertencerem, em concorrência com os arrendatários
ou foreiros, ainda que estes tenham benfeitorias; 5 - Os posseiros de
terrenos contíguos a terras devolutas, havendo benfeitorias; 6 - os
concessionários das marinhas fronteiras, em relação aos terrenos
acrescidos; 7 - os pescadores nacionais ou colônias de pescadores
nacionais, que se proponham à criação de estabelecimentos de pesca
ou de indústria resultante, relativamente aos terrenos de marinha e
seus acrescidos situados nas costas de terra firme e nas ilhas.

Parágrafo único. Se a forma do litoral marítimo, margem de rio ou


lagoa por sua curvatura ou outra circunstância, não permitir a
enfiteuse na mesma extensão correspondente à testada ou frente,
conceder-se-á o terreno proporcionalmente aos confiantes, caso não
seja mais conveniente reservá-lo para seu uso comum ou logradouro
público.

Art. 11 - A preferência, de que trata o artigo anterior, não se verifica a


respeito dos terrenos não ocupados ou possuídos, quando contíguos e

56
estrada, rua ou outro caminho de servidão pública.

Parágrafo único. Em igualdade e condições serão preferidos os


proprietários dos terrenos fronteiros que confinem do lado da terra
com a mesma estrada, rua ou caminho público.

Art. 12 - Resolvida a questão da preferência, abrir-se-á audiência,


simultaneamente e por meio de ofícios: 1 - à prefeitura municipal do
lugar em que estiver situado o terreno; 2 - ao Ministério da Guerra
diretamente, na capital federal, e às regiões militares, nos Estados; 3 -
ao Ministério da Marinha, diretamente, na capital federal, e às
capitanias dos portos, nos Estados; 4 - ao Ministério da Agricultura,
se se tratar de terreno rural, por intermédio ao órgão competente; 5 -
ao Ministério da Viação:

a) por intermédio do Departamento de Aeronáutica Civil, se o terreno


confinar com aeródromo ou aeroporto;

b) por intermédio do Departamento de Portos e Navegação, se houver


projeto portuário perto do lugar em que estiver situado o terreno;

c) por intermédio da Diretoria da Estrada de Ferro, à qual possa


interessar o terreno.

§ 1º - Essas audiências serão solicitadas às repartições locais e o seu


prazo notificado em todas as comunicações, se fixará em 20 (vinte)
dias, findo o qual se considerará o silêncio à consulta como
assentimento pleno à concessão.

§ 2º - A impugnação da municipalidade somente prevalecerá se a


concessão prejudicar o alinhamento no cais, arruamentos, servidão ou
obras que a municipalidade tenha executado, esteja executando ou
venha a executar, segundo projeto existente e do qual anexará cópia à
impugnação.

§ 3º - Os Ministérios da Marinha e da Guerra só se oporão ao

57
aforamento se da concessão decorrerem obstáculos, respectivamente,
à navegação e serviços navais e aos interesses da defesa nacional.

Art. 13 - Na hipótese de serem favoráveis as respostas obtidas, ou na


de haver expirado o prazo sem que respondam aquelas autoridades -
circunstância que se averbará no processo - publicar-se-á edital
durante 30 (trinta) dias consecutivos, no órgão oficial ou, à falta
deste, no de maior publicidade do local, intimando os posseiros
confinantes e a quem possa interessar o terreno, a reclamarem, dentro
de 30 (trinta) dias, contados da data da última publicação, o que for a
bem dos seus direitos sob pena de não mais serem atendidos se não o
fizerem no referido prazo.

§ 1º - A primeira publicação do edital far-se-á integralmente, com


todos os dados técnicos e esclarecimentos necessários; as publicações
posteriores referir-se-ão sumariamente àquela e mencionarão apenas o
nome do pretendente e a situação do terreno.

§ 2º - O Serviço Regional mandará afixar o edital nos lugares de


maior afluência da sede do município.

§ 3º - A Diretoria do Domínio da União custeará as despesas com o


edital.

§ 4º - Anexados ao processo exemplares do jornal em que se fizerem


a primeira e a última publicações, certificar-se-á a efetuação das
demais e o cumprimento do disposto no § 2º deste artigo.

§ 5º - Também se certificará no processo se houve, ou não,


reclamação conseqüente ao edital.

Art. 14 - Se houver reclamação contra o pedido do pretendente será


desde logo examinada, apurando-se a liquidez e certeza do direito ao
aforamento.

Art. 15 - Se das razões alegadas e provas oferecidas não se conseguir

58
verificar a quem cabe a preferência ao aforamento, efetuar-se-á
concorrência pública, para adjudicação da mesma preferência.

Art. 16 - As questões sobre propriedade, servidão e posse, ainda que


resultantes da natureza do local, ou fundadas em concessões
anteriores, são da competência exclusiva dos tribunais.

Art. 17 - Deliberada a concessão proceder-se-á a diligência no


terreno, para efeito de medição, demarcação, confrontação e
avaliação.

§ 1º - Dessa diligência, para a qual se convidará o pretendente, será


incumbido um engenheiro dos Serviços Regionais, acompanhado dos
auxiliares necessários.

§ 2º - O transporte do pessoal incumbido da diligência será custeado


pela Diretoria do Domínio da União, e as diárias, calculadas na forma
da legislação vigente, pelo interessado no aforamento, que depositará
previamente a importância presumível.

Art. 18 - Na avaliação, procurar-se-á fixar o valor do terreno,


levando-se em conta todos os elementos que possam contribuir para
mais segura apreciação, tais como, características próprias, situação
local, preço de venda dos terrenos vizinhos, pela área ou por metro de
frente.

Parágrafo único. Deduzir-se-á do valor encontrado o preço de aterros


e outras obras com que o pretendente haja beneficiado o terreno.

Art. 19 - Feita a avaliação calcular-se-á o foro anual, correspondente a


0,6% (zero vírgula seis por cento), do valor real do terreno, sejam
rural ou urbano.

Art. 20 - De todos os trabalhos da avaliação será lavrado termo


circunstanciado pelo engenheiro que o assinará com o pretendente ou
seu representante, concedendo-lhe, no mesmo instrumento, o prazo de

59
3 (três) dias, para qualquer protesto ou impugnação.

Parágrafo único. O termo descreverá minuciosamente a situação do


terreno, sua natureza, área, benfeitorias, confrontações, de tal modo
que se possa em qualquer tempo identificar o imóvel.

Art. 21 - Com o termo citado no artigo anterior, o engenheiro juntará


ao processo o cálculo analítico da área do terreno, para levantamento
da respectiva planta.

Parágrafo único. A planta ficará igualmente anexada ao processo,


com duas cópias heliográficas.

Art. 22 - A repartição verifica em seguida se se trata de terreno já


cadastrado para pagamento da taxa de ocupação, a fim de cobrar as
taxas e multas que forem devidas.

Art. 23 - Compete aos chefes dos Serviços Regionais conceder os


aforamentos, submetendo o seu despacho, com a minuta do termo,
feita pelo procurador fiscal, à aprovação do diretor do Domínio.

Parágrafo único. Além dos elementos necessários à perfeita


identificação do terreno, constará especificamente do termo do
aforamento: 1 - a importância anual do foro, que deverá ser paga
adiantadamente até 31 de março de cada ano, sob pena de multa
equivalente a 20% (vinte por cento) sobre o valor da dívida; 2 - que o
atraso do pagamento do foro durante 3 (três) anos consecutivos
importará na pena de comissão e imediata imissão de posse por parte
da União; 3 - que o terreno não pode ser vendido ou escambado sem
prévia licença da Diretoria do Domínio da União, sob pena de
comissão; 4 - que se a Fazenda Nacional não usar do direito de opção,
cobrará o laudêmio de 5% (cinco por cento) sobre o preço de
transferência ou sobre o valor do terreno.

Art. 24 - A escritura será assinada pelo chefe do Serviço Regional e

60
pelo pretendente ao aforamento.

Art. 25 - Registrada a concessão pelo Tribunal de Contas, expedir-se-


á a carta de aforamento para entrega ao foreiro, feitas as anotações na
Secção de Cadastro e a devida comunicação à repartição arrecadadora
local.

Parágrafo único. Das cartas de aforamento expedidas os Serviços


Regionais enviarão cópia autenticada à Diretoria do Domínio, com
referência expressa ao número do processo de concessão.

Art. 26 - As transferências de aforamento não se processarão sem que


o interessado solicite prévia licença à Diretoria do Domínio, juntando
ao pedido a carta de aforamento e prova de quitação dos foros e
indicando o preço da transação.

§ 1º - Todas as transferências onerosas, quaisquer que sejam suas


modalidades, estão sujeitas ao pagamento de laudêmico, que efetuará
mediante guia expedida após o deferimento do pedido de licença.

§ 2º - A Diretoria do Domínio terá o prazo de 30 (trinta) dias para


usar do direito de opção.

§ 3º - O laudêmio será cobrado de acordo com a avaliação oficial, se a


União não quiser usar do direito de opção ou não concordar com o
preço estipulado por imediata imissão de posse, independentemente
de ação judicial.

Art. 27 - Nas novações de aforamento, pleiteadas até 31 de dezembro


do corrente ano, não se exigirá o comprovante do pagamento dos
foros anteriores a 1933.

Art. 28 - Na hipótese de comisso, o domínio pleno da União ficará


consolidado por imediata imissão de posse, independente de ação
judicial.

61
Art. 29 - Verificado o comisso, se o interessado, após publicação de
edital com prazo de 30 (trinta) dias, não satisfazer o débito, poderá a
União proceder a novo aforamento, mediante concorrência pública,
depois de avaliadas as benfeitorias, na forma do Art. 6º e seus
parágrafos, do presente decreto-lei.

§ 1º - O preço obtido em concorrência pelas benfeitorias existentes no


terreno será entregue ao foreiro incurso em comissão, deduzido o
débito de foros e as despesas de avaliação e venda.

§ 2º - Se, intimado por edital, o foreiro assinar termo de


reconhecimento do comisso e satisfazer o débito, ser-lhe-á concedido
novo aforamento, de acordo com as disposições do presente decreto-
lei.

Art. 30 - Dos despachos proferidos pelo chefe do Serviço Regional


recurso, no prazo de 20 (vinte) dias, contado do interessado, para o
diretor do Domínio da União.

Parágrafo único. Em igual prazo, e pela mesma forma contado,


poderá ser interposto recurso dos despachos do diretor do Domínio da
União para o diretor geral da Fazenda Nacional.

Art. 31 - A Diretoria do Domínio da União baixará instruções aos


Serviços Regionais e mandará adotar os modelos atos necessários ao
processo de aforamento.

Art. 32 - Revogam-se as disposições em contrário.

DOU 19/08/1940

62
5.1.3.2. Decreto-Lei 1561 que dispõe sobre a ocupação de terrenos da União e dá outras
providências, conforme abaixo:
.

O Presidente da República, no uso da atribuição que lhe confere o


artigo 55, itens I e II, da Constituição,

Decreta:

Art. 1º É vedada a ocupação gratuita de terrenos da União, salvo


quando autorizado em lei.

Art. 2º O Serviço do Patrimônio da União promoverá o levantamento


dos terrenos ocupados, para efeito de inscrição e cobrança de taxa de
ocupação, de acordo com o disposto no Título II, Capítulo VI, do
Decreto-lei nº 9.760, de 5 de setembro de 1946, com as alterações
deste decreto-lei.

§ 1º A inscrição, ressalvados os casos de preferência ao aforamento,


terá sempre caráter precário, não gerando, para o ocupante, quaisquer
direitos sobre o terreno ou a indenização por benfeitorias realizadas.

§ 2º A inscrição será mantida enquanto não contrariar o interesse


público, podendo a União proceder ao seu cancelamento em qualquer
tempo e reintegrar-se na posse do terreno após o decurso do prazo de
90 (noventa) dias da notificação administrativa que para esse fim
expedir, em cada caso.

Art. 3º Nas ocupações que vierem a ocorrer posteriormente à vigência


deste Decreto-lei, a taxa de ocupação será cobrada em dobro.

_________

Nota:

Revogada pelo DL2.398/87

63
_________

Art. 4º Observadas as disposições do Decreto-lei nº 9.760, de 5 de


setembro de 1946, poderá ser concedido o aforamento, mediante o
pagamento do preço correspondente ao valor do domínio útil, aos
ocupantes de terrenos da União que, à data deste Decreto-lei, tenham
exercido posse contínua.

__________

Nota:

Revogado pela Lei 9.636/98, de 15 de maio de 1998.

__________

a) há mais de cinco (5) anos e realizado construção de valor


apreciável;

b) há mais de dez (10) anos e realizado construção de valor inferior


ao referido na alínea "a";

c) há mais de quinze (15) anos e realizado benfeitorias de qualquer


valor.

§ 1º Para os efeitos deste artigo, considera-se valor apreciável o que


corresponder a pelo menos metade do valor do domínio útil do
terreno.

§ 2º O preço do domínio útil poderá ser recolhido em até vinte e


quatro (24) parcelas mensais e consecutivas de valor igual, acrescidas
de juros e correção monetária; neste caso, o aforamento só será
constituído após a integralização do pagamento.

Art. 5º Fica revogado o § 3º do artigo 5º da Lei nº 4.947, de 6 de abril


de 1966, no que se refere aos terrenos de marinha.

64
Art. 6º O presente Decreto-lei não se aplica aos terrenos rurais de
domínio da União, sujeitos a planos de Reforma Agrária, nem altera o
regime de ocupação das terras devolutas federais, estabelecidas em
lei.

Art. 7º Este Decreto-lei entrará em vigor na data de sua publicação,


revogadas as disposições em contrário.

Brasília, 13 de julho de 1977; 156º da Independência e 89º da


República.

Ernesto Geisel

Mário Henrique Simonsen

65
5.1.3.3. LEI N° 7.661, de 16 de maio de 1988, Institui o Plano Nacional de Gerenciamento

Costeiro e dá outras providências:

O Presidente da República. Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a


seguinte Lei:

Artigo 1° - Como parte integrante da Política Nacional para os Recursos do Mar - PNRM e da
Política Nacional do Meio Ambiente - PNMA, fica instituído o Plano Nacional de
Gerenciamento Costeiro - PNGC.

Artigo 2° - Subordinando-se aos princípios e tendo em vista os objetivos genéricos da PNMA,


fixados respectivamente nos Artigos 2° e 4° da Lei 6.938, de 31 de Agosto de 1981, o PNGC
visará especificamente a orientar a utilização racional dos recursos na Zona Costeira, de forma a
contribuir para elevar a qualidade da vida de sua população, e a proteção do seu patrimônio
natural, histórico, étnico e cultural.

Parágrafo Único - Para os efeitos desta Lei, considera-se Zona Costeira o espaço geográfico de
interação do ar, do mar e da terra, incluindo seus recursos renováveis ou não, abrangendo uma
faixa marítima e outra terrestre, que serão definidas pelo Plano.

Artigo 3° - O PNGC deverá prever o zoneamento de usos e atividades na Zona Costeira e dar
prioridade à conservação e proteção, entre outros, dos seguintes bens:

I - recursos naturais, renováveis e não renováveis; recifes, parcéis e bancos de algas; ilhas
costeiras e oceânicas; sistemas fluviais, estuarinos e lagunares, baías e enseadas; praias;
promontórios, costões e grutas marinhas; restingas e dunas; florestas litorâneas, manguezais e
pradarias submersas;

II - sítios ecológicos de relevância cultural e demais unidades naturais de preservação


permanente;

III - monumentos que integrem o patrimônio natural, histórico, paleontológico, espeleológico,


étnico, cultural e paisagístico.

66
Artigo 4° - O PNGC será elaborado e, quando necessário, atualizado por um Grupo de
Coordenação, dirigido pela Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar -
SECIRM, cuja composição e forma de atuação serão definidas em decreto do Poder Executivo.

§ 1° - O Plano será submetido pelo Grupo de Coordenação à Comissão Interministerial para os


Recursos do Mar - CIRM, a qual caberá aprová-lo, com audiência do Conselho Nacional do
Meio Ambiente - CONAMA.

§ 2° - O Plano será aplicado com a participação da União, dos Estados, dos Territórios e dos
Municípios, através de órgãos e entidades integradas ao Sistema Nacional do Meio Ambiente -
SISNAMA.

Artigo 5° - O PNGC será elaborado e executado observando normas, critérios e padrões relativos
ao controle e à manutenção da qualidade do meio ambiente, estabelecidos pelo CONAMA, que
contemplem entre outros, os seguintes aspectos: urbanização; ocupação e uso do solo, do subsolo
e das águas; parcelamento e remembramento do solo; sistema viário e de transporte; sistema de
produção, transmissão e distribuição de energia; habitação e saneamento básico; turismo,
recreação e lazer; patrimônio natural, histórico, étnico, cultural e paisagístico.

§ 1° - Os Estados e Municípios poderão instituir, através de lei, os respectivos Planos Estaduais o


Municipais de Gerenciamento Costeiro, observadas as normas e diretrizes do Plano Nacional e o
disposto nesta Lei, e designar os órgãos competentes para a execução desses Planos.

§ 2° - Normas e diretrizes sobre o uso do solo, do subsolo e das águas, bem como limitações e
utilização de imóveis podendo ser estabelecidas nos Planos de Gerenciamento Costeiro,
Nacional, Estadual e Municipal, prevalecendo sempre as disposições de natureza mais restritiva.

Artigo 6° - O licenciamento para parcelamento e remembramento do solo, construção,


instalação, funcionamento e ampliação de atividades, com alterações das características naturais
da Zona Costeira, deverá observar, além do disposto nesta Lei, as demais normas específicas
federais, estaduais e municipais, respeitando as diretrizes dos Planos de Gerenciamento Costeiro.

§ 1° - A falta ou o descumprimento, mesmo parcial das condições do licenciamento previsto


neste artigo serão sancionados com interdição, embargo ou demolição, sem prejuízo da
cominação de outras penalidades previstas em lei.

67
§ 2° - Para o licenciamento, o órgão competente solicitará ao responsável pela atividade a
elaboração do estudo de impacto ambiental e a apresentação do respectivo Relatório de Impacto
Ambiental - RIMA, devidamente aprovado, na forma da lei.

Artigo 7° - A degradação dos ecossistemas, do patrimônio e dos recursos naturais da Zona


Costeira implicará ao agente a obrigação de reparar o dano causado e a sujeição às penalidades
previstas no Artigo 14 da Lei 6.938, de 31 de Agosto de 1981, elevado o limite máximo da multa
ao valor correspondente a 100.000 (cem mil) Obrigações do Tesouro Nacional - OTN, sem
prejuízo de outras sanções previstas em Lei.

Parágrafo Único - As sentenças condenatórias e os acordos judiciais (VETADO), que


dispuserem sobre a reparação dos danos ao meio ambiente pertinentes a esta Lei, deverão ser
comunicados pelo órgão do Ministério Público ao CONAMA.

Artigo 8° - Os dados e as informações resultantes do monitoramento exercido sob


responsabilidade municipal, estadual ou federal na Zona Costeira comporão o Subsistema
“Gerenciamento Costeiro”, integrante do Sistema Nacional de Informações sobre o Meio
Ambiente - SINIMA.

Parágrafo Único - Os órgãos setoriais, seccionais e locais do SISNAMA, bem como


universidades e demais instituições culturais, científicas e tecnológicas encaminharão ao
Subsistema os dados relativos ao patrimônio natural, histórico, étnico e cultural, à qualidade do
meio ambiente e a estudos de impacto ambiental, da Zona Costeira.

Artigo 9° - Para evitar a degradação ou o uso indevido dos ecossistemas, do patrimônio e dos
recursos naturais da Zona Costeira, o PNGC poderá prever a criação de unidades de conservação
permanente, na forma da legislação em vigor.

Artigo 10 - As praias são bens públicos de uso comum do povo, sendo assegurado, sempre, livre
e franco acesso a elas e ao mar, em qualquer direção e sentido, ressalvados os trechos
considerados de interesse de segurança nacional ou incluídos em áreas protegidas por legislação
específica.

§ 1° - Não será permitida a urbanização ou qualquer forma de utilização do solo na Zona


Costeira que impeça ou dificulte o acesso assegurado no caput deste artigo.

68
§ 2° - A regulamentação desta Lei determinará as características e as modalidades de acesso que
garantam o uso público das praias e do mar.

§ 3° - Entende-se por praia a área coberta e descoberta periodicamente pelas águas, acrescida da
faixa subseqüente de material detrítico, tal como areias, cascalhos, seixos e pedregulhos, até o
limite onde se inicie a vegetação natural, ou, em sua ausência, onde comece um outro
ecossistema.

Artigo 11 - O Poder Executivo regulamentará esta Lei, no que couber, no prazo de 180 (cento e
oitenta) dias.

Artigo 12 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Artigo 13 - Revogam-se as disposições em contrário.

69
5.2. Legislação Estadual

A atual Constituição do Estado do Rio de Janeiro, seguindo a orientação federal, protege de


maneira enfática os recursos ambientais dedicando ao Meio Ambiente um Capítulo inteiro de seu
Texto, com vários artigos.

O novo Estado do Rio de Janeiro (resultante da fusão, em 1975, dos antigos Estados do Rio de
Janeiro e da Guanabara), já manifesta, desde a sua implantação, preocupação com a questão
ambiental tendo sido baixado, desde àquela época, o Decreto-Lei nº 39 de 24 de março de 1974,
autorizando a criação de Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente – FEEMA e da
Superintendência Estadual de Rios e Lagoas – SERLA. A primeira tendo como objetivo a
pesquisa, o controle ambiental e o estabelecimento de normas e padrões ambientais, assim como
o treinamento de pessoal e a prestação de serviços visando à utilização racional do meio
ambiente; e a segunda encarregada da execução dos princípios gerais da Política Estadual de
Defesa e Proteção das Bacias Fluviais e Lacustres do Estado do Rio de Janeiro, que só veio a ser
completa e formalmente consolidada pela Lei nº 650, de 11 de janeiro de 1983.

Nesta última legislação foram estabelecidos como instrumentos de controle do sistema de


proteção dos lagos e cursos d’água: o Projeto de Alinhamento de Rio (PAR), o Projeto de
Alinhamento de Lago (PAO) e a Faixa Marginal de Proteção (FMP). No que diz respeito ao
licenciamento ambiental das intervenções pretendidas pelo empreendedor o órgão de
competência é o da esfera estadual, devendo ser seguida a legislação fluminense de controle
ambiental, que se baseia no Decreto-Lei nº 134, de 15 de junho de 1975 (que dispõe sobre a
prevenção e controle da poluição do meio ambiente no Estado do Rio de Janeiro) e no Decreto n°
1.633, de 21 de dezembro de 1977 ( que regulamenta em parte o Decreto-Lei nº 134 e institui o
SLAP– Sistema de Licenciamento de Atividades Poluidoras), também normatizado por inúmeras
Deliberações da Comissão Estadual de Controle Ambiental – CECA, de vez que, na forma desta
legislação, a ela compete baixar deliberações aprovando Instruções, Normas, Diretrizes e outros
atos complementares necessários à implantação e ao funcionamento do SLAP, atuando a
Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente – FEEMA, como órgão técnico, exercendo
em seu nome a fiscalização do cumprimento da legislação de controle ambiental em todo o
território do Estado.

70
Neste sentido, as obras pretendidas estão submetidas ao Licenciamento Ambiental, cuja
elaboração do Estudo de Impacto Ambiental - EIA e seu respectivo Relatório de Impacto
Ambiental - RIMA deverá seguir Instrução Técnica emitida pela FEEMA, atendendo ao que
determina a Resolução CONAMA nº 001/86, a Lei 1.356/88 e a DZ-041_ Diretrizes para
Implementação do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e seu respectivo Relatório de Impacto
Ambiental (RIMA), aprovado pela Deliberação CECA nº 3.586/96, bem como ao Artigo 2o da
Deliberação CECA/CLF nº 4.148, de 19/03/2002.

Portanto, a competente licença ambiental deverá ser requerida á CECA, através da FEEMA.
Logo, nos termos do artigo 1° da Lei nº 1.356, de 3 de outubro de 1988 ( que dispõe sobre
procedimentos vinculados à elaboração, análise e aprovação dos Estudos de Impactos
Ambientais) o empreendimento, deverá, previamente ao seu licenciamento ambiental, apresentar
e obter aprovação da FEEMA para o necessário Estudo de Impacto Ambiental e respectivo
RIMA. Quanto à elaboração do EIA / Rima, também tem pertinência (1) os dispositivos
acrescentados à Lei nº 1.356 através da Lei nº 2.535 de 08/04/96, (2) a Deliberação CECARJ nº
3.663, de 28 de agosto de 1987, (3) NA-042, que orienta sobre pedido, recebimento e análise dos
EIA / Rima e (4) a IT- nº 013/2005, conforme já mencionada, que apresenta roteiro para a
formulação de instrução técnica e específica para a elaboração de EIA / Rima e (5) a Deliberação
CECA-RJ nº 2.555 de 26 de novembro de 1991, que regulamenta a realização de Audiência
Pública.

5.2.1. As Faixas Marginais de Proteção (FMP) e os Diferentes Olhares sobre sua


Demarcação

Entende-se ser de competência da SERLA a demarcação da FMP, conforme determina em


Parágrafo único a Lei n° 650, que dispõe sobre a Política Estadual de Defesa e proteção das
bacias fluviais no Estado do Rio de Janeiro, cujo texto recupera-se abaixo:

“A Faixa Marginal de Proteção (FMP), nos limites da definição contida no artigo 2° da Lei n°
4.771, de 15 de setembro de 1965, será demarcada pela Superintendência Estadual de Rios e
Lagoas - SERLA, obedecidos os princípios contidos no artigo 1° do Decreto-Lei n° 134, de 16
de junho de 1965 e artigos 2° e 4° da Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981, na largura mínima
estabelecida no artigo 14 do Decreto n° 26.643, de 10 de junho de 1934”.

71
Cabe ainda, dentro da competência estadual, resgatar a aplicabilidade da Lei 3.239 de 02 de
agosto de 1999 a qual Institui a Política Estadual de Recursos Hídricos, cria o Sistema Estadual
de Recursos Hídricos e regulamenta a Constituição Estadual, sendo pertinente atentar para as
determinações do Capítulo V – da Proteção dos Corpos d’água e dos Aqüíferos, merecendo
destaque:

Art.33.- Sobre a proteção das margens e leitos de rio, lagoas e lagunas por:

II - Projeto de Alinhamento de Orla de Lagoa ou Laguna (PAOL);

III - Projeto de Faixa Marginal de Proteção (FMP)

A SERLA considera a largura mínima das FMPs com largura mínima de 30 m e máxima de 500
m ao longo de rios e lagoas. Cabe considerar também que:as Faixas Marginais de Proteção
(FMP) se constituem em limitação administrativa ao direito de propriedade garantido pela
Constituição Federal. Decorrem do poder administrativo de polícia do Estado, com amparo no
dispositivo constitucional que determina: “a propriedade atenderá a sua função social”. 1

5.3. Legislação Municipal

Abordagem Geral

A Constituição de 1988 trouxe várias inovações, dentre elas algumas que se refletem diretamente
no ordenamento do ambiente urbano. Ao contrário das anteriores, a atual Carta Constitucional
demonstra nítida preocupação com o meio ambiente, que permeia todo o Texto. Apesar de não
considerar, no Capitulo dedicado ao meio ambiente, distinção formal entre o meio ambiente
urbano e o rural, está subjacente que os postulados constitucionais relacionados com a
manutenção do equilíbrio ambiental devem ser interpretados, e aplicados, de forma distinta para
atendimento dos objetivos constitucionais de garantir o desenvolvimento nacional e promover o
bem-estar social2. (basta ver que a Lei Maior distingue as funções sociais da propriedade rural
da urbana.)

A expressiva novidade, no que se refere ao planejamento urbano, foi ter criado como que uma
Política Urbana, divida em dois segmentos significativos: um contemplando o planejamento

1
Confira-se CF, Art. 5°, incs. XXII e XXIII.
2
Confira-se: CF, art. 3°.

72
interurbano e outra do planejamento urbano propriamente dito. Com respeito aos objetivos desta
Política Urbana, parece importante a opinião do emérito constitucionalista e especialista em
direito urbanístico Professor JOSÉ AFONSO DA SILVA:

...a política urbana tem por objetivo construir e ordenar um meio ambiente
urbano equilibrado e saudável. É que a qualidade do meio ambiente urbano
constitui mesmo um ponto de convergência da qualidade do meio ambiente
natural (água, ar e outros recursos naturais) e da qualidade do meio ambiente
artificial (histórico-cultural), pois a “qualidade da vida das pessoas que se
reúnem nas comunidades urbanas está claramente influenciada por quanto
suceda nos meios, natural e obra do homem, que se acham diretamente
correlacionados”.

A qualidade do meio ambiente urbano se torna cada vez mais um assunto de


interesse público. Por isso é que os planos urbanos, antes preocupados
basicamente com o controle do uso do solo, voltam sua atenção, hoje, até
com certa ênfase, para os recursos naturais urbanos. Água, ar, solo e áreas
verdes são componentes da realidade urbana e por ela intensamente
consumidos. É especialmente no meio urbano que primeiramente repercute
a degradação ambiental, uma vez que sobre este “todas as formas de
poluição concorrem para a contaminação do meio: a poluição auditiva,
pela excessiva concentração de ruídos de diversas fontes, a poluição visual,
pela enorme massa de apelos propagandísticos e publicitários, a poluição
atmosférica proveniente das emissões fabris e domésticas que remetem ao
ar toneladas de partículas sólidas, gasosas ou líquidas contaminadas de
elementos químicos e tóxicos, a poluição das águas provinda de
lançamento, descarga ou emissão de substâncias líquidas, gasosas ou
sólidas que contaminam ou destroem as propriedades físicas, químicas e
biológicas da água, a poluição do solo, pelo depósito de resíduos de
variada natureza e diversas fontes, alguns patogênicos e altamente
perigosos como o lixo hospitalar 3

No que respeita ao planejamento urbano e sua execução a Lei Maior fortaleceu sobremaneira a
competência e autonomia municipal. Ao lado deste ordenamento urbano, robusteceu também o

3
Perloff.Direito Ambiental Cosntitucional;;MALHEIROS.1994;p.151

73
planejamento urbanístico em nível nacional e intermunicipal. A rigor, neste caso, “usar a
expressão “urbanístico”, apesar de coerente, afigura-se como que uma simplificação. “na
verdade, nos termos constitucionais, o que se tem em vista é mais o ordenamento territorial,
sendo o urbanismo apenas parte deste ordenamento. “ 4

Conforme determina o artigo 21, IX compete à União “elaborar e executar planos nacionais e
regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social”. Assim, o
ordenamento territorial pode abranger áreas urbanizadas ou não. Mas, de qualquer forma, é
inequívoca a competência federal tanto para o macro ordenamento territorial como para dar
diretrizes ao desenvolvimento urbano. Ao Município, a Constituição deu expressa competência
para “promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e
controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano”.(CF., art. 30, VII)

No ordenamento territorial pelo planejamento urbano municipal, o Município deve observar o


disposto no artigo 182 da Constituição Federal:

Art. 182- A política de desenvolvimento urbano, executada pelo


Poder Público Municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por
objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e
garantir o bem-estar de seus habitantes.

§ 1°- O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para


cidades de mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de
desenvolvimento e de expansão urbana.

§ 2° - A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às


exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.

§ 2° - As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e


justa indenização em dinheiro.

§ 4° - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica


para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do
proprietário do solo urbano não edificado, subtilizado ou não utilizado, que
promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:

4
Oliveira,ªA,I. 2003

74
I - parcelamento ou edificação compulsórios;

II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo


no tempo;

III - desapropriação com pagamento mediante títulos da


dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado
Federal, com prazo de resgate até dez anos, em parcelas anuais,
iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os
juros legais.

A Carta Magna trata de forma diferenciada, porém coerente com seus princípios gerais, da
política urbana e da política agrícola e fundiária. No que tange à Política Urbana, na forma do
artigo 182 (antes transcrito), deve-se destacar que ela “tem por objetivo ordenar o pleno
desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir bem-estar de seus habitantes” e que
“A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de
ordenação da cidade expressas no plano diretor”

Com referência aos demais espaços territoriais a Lei Maior dá outro tratamento, especialmente
no que concerne à sua função social. Neste sentido cabe citar:

Art. 186 - A função social é cumprida quando a propriedade rural


atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em
lei, aos seguintes requisitos:

I - aproveitamento racional e adequado;

II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio


ambiente;

III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho;

IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.

Desta forma, embora, em ambos os casos, o legislador revele-se preocupado com o bem-estar
dos habitantes e com a higidez do meio ambiente, coloca a questão de forma diferente. É natural
que assim tenha sido, as funções dos terrenos urbanos e dos rurais são mesmo diferentes.

75
Portanto, a aplicação da legislação ambiental, especialmente a protetora da natureza, tem
conotação diferente em ambos os casos. Se no meio ambiente rural a terra destina-se fortemente
à produção agrícola, devendo ser mais protegidas as condições ambientais que lhe são propícias
e mesmo necessárias; no meio ambiente urbano, em que a terra se destina precipuamente à
edificação, seja para habitação indústria, comércio ou lazer, a legislação de proteção aos bens
naturais, que são patrimônio comum, deve ter uma aplicação condizente com a função social da
propriedade urbana.

Em relação aos imóveis urbanos, a verificação do cumprimento de sua função social é feita pelo
município e caso não esteja cumprindo sua função social, pode ser desapropriado pela Prefeitura
com o pagamento mediante títulos da dívida pública.

Contudo, nas cidades predomina o ambiente construído, com prédios, conjuntos arquitetônicos,
monumentos e outros bens que devem ser preservados em benefício da memória histórica e
cultural. Da mesma forma, existem nas cidades árvores, jardins, parques, áreas verdes
plantadas, que embora não sejam “naturais” na concepção da legislação florestal protetora,
merecem ser conservadas ou preservadas.

Dentro do contexto, via de regra, caberá ao Plano Diretor fixar as normas de uso do solo urbano,
e de edificação, às quais deve se conformar o particular, mas que os demais regulamentos
urbanísticos não podem contrariar.

5.3.1. A Lei Orgânica Municipal

Determina o caput do artigo 29 da Carta Constitucional:

Art. 29 - O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com
interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da
Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos
nesta Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos: ...

JOAQUIM DE CASTRO AGUIAR, dissertando sobre o dispositivo constitucional, faz didático e feliz
comentário sobre esta espécie de diploma legal, diferenciando-o da demais legislação municipal:

“A lei orgânica é uma espécie de constituição municipal. Não se confunde com a


lei ordinária nem com a lei complementar, tampouco com a lei delegada,
resolução ou decreto legislativo. “

76
Cumpre salientar que, sendo as Leis Orgânicas como que as Constituições Municipais, devem
elas coerência com a Constituição Federal e as Constituições Estaduais respectivas. Assim
como as Constituições Estaduais não podem discrepar da Constituição Federal, uma vez que
subordinadas aos seus princípios, da mesma forma a Lei Orgânica não pode contrariar
disposições da Constituição Estadual.

Inspiradas nas Constituições Federal e Estadual, a Lei Orgânica carioca denota preocupação com
a qualidade de vida dos munícipes, mediante medidas de proteção ambiental e do patrimônio
histórico, cultural, estético e paisagístico.

5.3.2. O Plano Diretor Decenal da Cidade do Rio de Janeiro e o Zoneamento do Uso do


Solo na Área de Influência Direta das Intervenções em Pauta – a XXIV RA _
Barra da Tijuca

O artigo 30 da Constituição dá competência ao Município para legislar sobre assuntos de


interesse local suplementar a legislação federal e estadual (no que couber) e também, para
promover o adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do
parcelamento e da ocupação do solo urbano. Desta maneira, apesar de ordenar o
desenvolvimento municipal, o Plano Diretor se destina, especificamente, ao desenvolvimento das
cidades, isto é, a rigor, abrange apenas as zonas urbanas e de expansão urbana, não atingindo
necessariamente a zona rural.

Com relação à definição de zonas urbanas e de expansão urbana, o conceito constante do Código
Tributário Nacional: “entende-se como zona urbana a definida em lei municipal; observado o
requisito mínimo da existência de 2 (dois) dos incisos seguintes, construídos ou mantidos pelo
Poder Público (...)” ...” a lei municipal pode considerar urbanas as áreas urbanizáveis, ou de
expansão urbana constantes de loteamentos aprovados pelos órgãos competentes destinados à
habitação, à indústria ou ao comércio, mesmo que localizadas fora das zonas definidas nos
termos do parágrafo anterior”. 5

Neste sentido, o zoneamento de uso do solo traduz-se em instrumento da maior relevância para
organizar o espaço urbano de modo a atender os requisitos de preservação do meio ambiente.

5
Parágrafos 1° e 2° do Art. 32 da Lei n° 5.172, de 23 de outubro de 1966.

77
Mediante este enfoque, conforme determina a Lei Complementar nº 16, de 04 de junho de 1992
que dispõe sobre a Política Urbana do Município do Rio de Janeiro e Institui o Plano Diretor
Decenal da Cidade, em sua SEÇÃO VI – da Lei de Uso e Ocupação do Solo, é pertinente
observar:
Art. 105 - Para controle do uso e ocupação do solo, o Município será dividido em Zonas, que
poderão conter, no todo ou em parte, Áreas de Especial Interesse.

De acordo com o Decreto nº 322, de 3 de março de 1976, que Aprova o Regulamento de


Zoneamento do Município do Rio de Janeiro, em seu Capítulo II – Divisão e Delimitação das
Zonas, Art.4o, para os fins deste Regulamento, o Município fica dividido em 8 tipos de zonas,
inclusive as Zonas Especiais, nas quais se inclui a ZE 5 – Barra da Tijuca.

Em 1981, o Decreto nº 3.046, de 27 de abril, consolidou as instruções normativas e os demais


atos complementares baixados para disciplinar a ocupação do solo na área de Zona Especial 5
(ZE-5), definida e delimitada pelo Decreto nº 322. As Instruções Normativas, além da
delimitação e caracterização das 46 (quarenta e seis) subzonas em que está dividida a Zona
Especial 5, impõem as condições de uso do solo, do parcelamento da terra e das edificações em
cada uma delas controlada pela definição de densidades demográficas e prediais específicas,
sendo que os controles são exercidos pór meio da determinação de índices e parâmetros
urbanísticos. Entende-se por índice urbanístico a relação mensurável entre o solo e seu
aproveitamento edificável, condicionado a usos específicos, a condições ambientais e a infra-
estrutura de transportes e saneamento básico 6 .Atualmente, o Plano Diretor está passando por
revisões ainda não aprovadas definitivamente.

6
PLANO Diretor Decenal do Rio de Janeiro; 1993

78
INSERIR MAPA ÁREA DE INFLUENCIA DIRETA _ ZONEAMENTO URBANO

79
Ainda no que diz respeito às questões legais que se aplicam à Área de Influência Direta das
intervenções em pauta, cabe mencionar o Projeto de Estruturação Urbana de Vargem Grande
(PEU das Vargens), que embora ainda esteja passando por várias audiências públicas merece
destaque pela relação que tem diretamente não só com a região mas principalmente com as
conseqüências que advirão das intervenções pretendidas sobre os canais, análise que se fará
oportunamente.

5.3.2.1. O PEU das Vargens: Informações Importantes para Contexto da Situação

Originalmente em área de vocação agrícola a região passa por um acelerado processo de


transformação em área residencial, com elevado adensamento populacional nos 10 últimos anos
sem, no entanto, contar com um plano normatizador de ocupação do solo. De acordo com os
representantes dos moradores a área sofre um processo de degradação ambiental e não conta com
infra-estrutura adequada de serviços urbanos além de ser alvo de interesses especulativos dos
setores imobiliários.Parte da ocupação descontrolada na região é atribuída a uma legislação
antiga que ainda classifica o local como área agrícola quando a realidade é o avanço de um
mercado imobiliário informal. Previsto desde a criação do Plano Diretor da Cidade do Rio de
Janeiro, o Plano de Estruturação Urbana (PEU como ficou conhecido) da região
(especificamente PEU das Vargens) ainda não foi implantado, apesar de estar na pauta da
Câmara Municipal desde o início do ano de 2005.

De acordo com informações de membros da Comissão Permanente de Assuntos Urbanos da


Câmara, mais da metade dos 20 mil haitantes da região contemplada pelo PEU_ compreendida
entre os bairros de Vargem Grande, Vargem Pequena, Canorim e parte do Recreio dos
Bandeirantes_ vivem em loteamentos clandestinos e favelas. O crescimento populacional na área
foi de 90%. Há lotes na região cujo tamanho mínimo para a construção de uma casa é de 10 mil
m², o que só é possível para segmentos aferidores de alta renda. Nos terrenos que margeiam a
Estrada dos Bandeirantes, em Vargem Pequena, o lote mínimo é de 10 mil m². Com o PEU a
área mínima por lote passaria a ser de mil m² com permissão para edificações de até 3
pavimentos.

80
A Associação dos Moradores de Vargem Grande defende a preservação dos Campos de
Sernambetiba, uma área equivalente a um terço da região abrangida pelo PEU é condenada pelos
alagadiços.

Os campos funcionam como uma esponja que absorve toda a água do Maciço da Pedra Branca.
Algumas emendas que vem sendo apresentadas junto à Câmara dos Vereadores pretendem
destacar a região como sendo área de especial interesse ambiental. A microbacia hidrográfica
dos Campos de Sernambetiba, com área estimada de 7.853 há encontra-se sob forte pressão da
expansão urbana. Trata-se de uma vasta planície praticamente no nível do mar, cercada por
restingas e encostas íngremes ,de onde flui a drenagem que se acumula na planície, formando
brejos e lagoas rasas. A vegetação original era de Mata Atlântica e tipos associados, como a
restinga e formações paludosas.

A cerca de 10.000 anos atrás a planície era o fundo de uma grande lagoa rasa, salobra, que
perdeu profundidade e área. Até meados do século XX, antes da abertura dos grandes canais,
apenas canoas circulavam pela planície alagada, navegando por entre a vegetação pantaneira,
com morros e rochedos funcionando como ilhas

Esta planície funciona ainda hoje como uma grande bacia de acumulação de água, como um
biodigestor de resíduos e como um amortecedor de cargas pluviais e fluviais. Bacia de
acumulação que recebe água das chuvas e águas que renam pelas encostas do maciço e pelas
areias de restinga (onde está assentada a Avenida das Américas). Essas águas chegam a planície
descarregando detritos (pedras, areia, restos vegetais e animais e outros). A brusca diferença de
declividade entre encosta e planície faz com que os fluxos aflorem e os riachos se alarguem,
embora a água demore a escoar. 7

5.3.4. Áreas de Especial Interesse Social _Comunidade das Taxas

Dentro do que determina o Plano Diretor do Município do Rio de Janeiro (Seção VI _DA LEI
DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO), em seu Art.107, “ Cada Área de Especial Interesse
receberá apenas uma das seguintes denominações e conceitos....” Dentre as quais cabe destacar

7
Salvador C. de Sá e Benevides

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para este estudo o item II _ Área de Especial Interesse Social, a que apresenta terrenos não
utilizados ou subutilizados e considerados necessários à implantação de programas
habitacionais de baixa renda ou, ainda, aquelas ocupadas por favelas, loteamentos irregulares e
conjuntos habitacionais, destinadas a programas específicos de urbanização e regularização
fundiária”.

5.3.4.1. Comunidade do Canal das Taxas

Assim , no âmbito da área de influência direta das intervenções em pauta, cabe considerar a
recente determinação da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro em delimitar a favela do Canal
das Taxas em Área de Especial Interesse Social, conforme espacializado no Mapa Área de
Influência Direta _ Zoneamento.

5.3.4.2. Comunidade do Cortado ( Ocupação ao longo do Canal do Cortado)

De acordo com documentos apresentados pelos moradores da Comunidade do Cortado os


domicílios presentes ao longo deste canal também receberam tratamento compatível com a
delimitação de Área de Interesse Social, na medida em que o local foi abrangido pelo projeto da
Prefeitura denominado “Bairrinho” , sendo para uso residencial, que visava a regularização
fundiária e urbanística, além de ser abrangido também pelas obras de infra-estrutura e
urbanização da Prefeitura ao longo da Rua Célia Ribeiro (vide documentação fotográfica Meio
Antrópico). Dentro do contexto da Área de Influência Direta das intervenções foram também
contempladas dentro do Programa “Bairrinho” as seguintes comunidades quais sejam (1) Novo
Palmares em Vargem Pequena e, no bairro do Itanhangá, as seguintes comunidades, (2)
Cambalacho, (3) Muzema e (4) Vila da Paz. 8

8
Armazém dos Dados ? IPP / 2005

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