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5.1. Federal
A Política Nacional do Meio Ambiente, através da Lei nº 6.938/81, consagrou como seu
principal objetivo “a compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação
do meio ambiente”, dando especial relevo, dentre outros, aos princípios de “racionalização do
uso do solo, do subsolo, da água e do ar”, do “planejamento e fiscalização do uso dos recursos
ambientais” e do “controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras”.
Para assegurar a efetividade desses princípios, estabeleceu como um de seus principais
instrumentos o licenciamento ambiental, ou, nas palavras da Lei, “o licenciamento e revisão
das atividades efetiva ou potencialmente poluidoras” (Art. 9°, IV).
Cabe lembrar que a Constituição, ao referir-se ao meio ambiente o classifica como sendo “bem
de uso comum do povo” outorgando ao Poder Público (e à coletividade) “o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. Assim, sendo o meio ambiente bem de uso
comum, o dever de defendê-lo e preservá-lo foi estabelecido exatamente para que possa ser
usufruído pelo maior número de pessoas, das presentes e futuras gerações. Este objetivo só
poderá ser alcançado se os recursos naturais forem usados de forma sustentada, isto é, racional,
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de maneira a que seu uso não cause desequilíbrios irreversíveis aos ecossistemas e que eles não
sejam desperdiçados. Neste sentido, os princípios da Política Nacional do Meio Ambiente,
especialmente no que respeita ao licenciamento de atividades potencialmente poluidoras, têm
integral respaldo constitucional. É através, portanto, através do instrumento de licenciamento
ambiental, que o Poder Público, ao examinar os projetos a ele submetidos, verifica sua
adequação aos princípios da Política Nacional do Meio Ambiente. Para tanto, avalia, em termos
ambientais, as conseqüências positivas e negativas, de sua implantação tendo em vista o bem
comum e decide pela autorização ou não de sua implantação, formulando as exigências cabíveis
para minimização de seus impactos ambientais negativos ou maximização de seus impactos
positivos, inclusive do ponto de vista sócio-econômico.
Por este motivo, a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente determina em seu Artigo 10:
...........................................................................................................................
No caso específico das intervenções em pauta, como os eventuais impactos que poderão vir a ser
gerados pelas intervenções em pauta não chegarão a ultrapassar as fronteiras municipais, as
intervenções propostas deverão ser licenciadas pelo órgão estadual competente, integrante do
Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, no caso a Comissão Estadual de Controle
Ambiental – CECA através da FEEMA – Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente.
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Além dos dispositivos genéricos de defesa dos recursos naturais constantes da Lei nº 6.938/81,
os recursos florestais e hídricos têm legislação própria de proteção previstas no Código Florestal
(modificado pela Lei nº 7.511/86) e no Código das Águas, e suas modificações posteriores,
inclusive com a promulgação da Lei n° 9.984/2000, sobre a Política Nacional de Recursos
Hídricos.
A legislação sobre águas que continuou privativa da União foi aquela que se refere a este recurso
natural sob o ponto de vista de seu aproveitamento econômico, principalmente para geração de
energia e como via de transporte (navegação). Já a defesa deste recurso natural, do ponto de vista
de proteção ambiental e controle da poluição, na forma do expresso no próprio Texto
Constitucional, passou a ser objeto de legislação concorrente. Neste sentido, sob o ponto de vista
da proteção ambiental, estão sob o domínio dos Estados “as águas superficiais ou subterrâneas,
fluentes, emergentes e em depósito” (Art. 26, I), que não estejam em terrenos sob o domínio da
União nem “banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a
território estrangeiro ou dele provenham”.
Ainda no que tange as legislações de competência federal incidentes sobre a área objeto de
intervenção cabe mencionar, à nível operacional, o CONAMA – Conselho Nacional do Meio
Ambiente, Órgão Federal Normativo do SISNAMA – Sistema Nacional do Meio Ambiente, que
editou a Resolução nº001/86 e a Resolução nº237/97, visando, respectivamente, estabelecer “as
definições, as responsabilidades, os critérios básicos e as diretrizes gerais para uso e
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implementação da avaliação de Impacto Ambiental, como um instrumento da Política Nacional
do Meio Ambiente” e “estabelecer critérios, competências, procedimentos, definições e
mecanismos a serem adotados a nível nacional para o Licenciamento ambiental, de forma a
efetivar a utilização do Sistema de Licenciamento como instrumento de Gestão Ambiental,
instituído pela Política Nacional do Meio Ambiente”.
Por sua vez o Estado do Rio de Janeiro, em termos de Licenciamento Ambiental, criou o SLAP –
Sistema de Licenciamento de Atividades Poluidoras, por intermédio do Decreto nº1.633/77,
regulamentando parte do Decreto-Lei nº134/75, já citado anteriormente. Em seqüência a CECA
em conjunto com a FEEMA, regulamentaram e operacionalizaram o Sistema de Licenciamento,
por intermédio de ampla normatização, destacando-se as diretrizes DZ-041 e a DZ-042, estas
compatíveis com as normas emanadas pelo CONAMA, em especial, aplicáveis aos casos em que
seja obrigatória a apresentação do EIA/RIMA, nos termos do que dispões a Lei Estadual
nº1.356/8, conforme será abordada nas legislações de competência estadual sobre a Gleba F.
Para efeitos desta Resolução são estabelecidas as seguintes definições que cabem na análise legal
sobre as intervenções em pauta:
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- pouso de aves - local onde as aves se alimentam, ou se reproduzem, ou pernoitam ou
descansam;
- manguezal - ecossistema litorâneo que ocorre em terrenos baixos sujeitos à ação das marés
localizadas em áreas relativamente abrigadas e formado por vasas lodosas recentes às quais
se associam comunidades vegetais características.
5.1.2.2. Resolução nº 303, de 20 de março de 2002, que dispõe sobre parâmetros, definições e
limites de Áreas de Preservação Permanentes.
A Resolução nº 303 reafirma as preocupações quanto a proteção das áreas passíveis de serem
permanentemente preservadas sob o ponto de vista ambiental (conforme já apresentado na
Resolução CONAMA 04), considerando as responsabilidades assumidas pelo Brasil por força da
Convenção da Biodiversidade, de 1992, da Convenção Ramsar, de 1971 e da Convenção de
Washington, de 1940, bem como os compromissos derivados da Declaração do Rio de Janeiro,
de 1992 e, dentre outras, considerando que as Áreas de Preservação Permanente e outros espaços
territoriais especialmente protegidos, integram o desenvolvimento sustentável, objetivo das
presentes e futuras gerações. Neste sentido resolve:
Art. 3º Constitui Área de Preservação Permanente a área situada:
III - ao redor de lagos e lagoas naturais, em faixa com metragem mínima de:
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limosos de regiões estuarinas e com dispersão descontínua ao longo da costa brasileira, entre os
estados do Amapá e Santa Catarina;
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b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos
(tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto;
c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos,
tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras;
Art. 4º Os geradores deverão ter como objetivo prioritário a não geração de resíduos e,
secundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem e a destinação final.
§ 1º Os resíduos da construção civil não poderão ser dispostos em aterros de resíduos
domiciliares, em áreas de "bota fora", em encostas, corpos d`água, lotes vagos e em áreas
protegidas por Lei, obedecidos os prazos definidos no art. 13 desta Resolução
II - o cadastramento de áreas, públicas ou privadas, aptas para recebimento, triagem e
armazenamento temporário de pequenos volumes, em conformidade com o porte da área urbana
municipal, possibilitando a destinação posterior dos resíduos oriundos de pequenos geradores
às áreas de beneficiamento;
III - o estabelecimento de processos de licenciamento para as áreas de beneficiamento e de
disposição final de resíduos;
IV - a proibição da disposição dos resíduos de construção em áreas não licenciadas;
Art. 10. Os resíduos da construção civil deverão ser destinados das seguintes formas:
I - Classe A: deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados, ou encaminhados a
áreas de aterro de resíduos da construção civil, sendo dispostos de modo a permitir a sua
utilização ou reciclagem futura;
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CONAMA n° 1, de 11 de fevereiro de 1993, (8) as disposições do Código de Proteção e Defesa
do Consumidor- Lei n° 8.078, de 11 de setembro de 1990, resolve:
Art. 1°. Em complemento à Resolução CONAMA n° 18, de 6 de maio de 1986, estabelecer os
Limites Máximos de Emissão de Poluentes para os motores destinados a veículos pesados novos,
nacionais e importados, conforme Tabela 1.
CO HC Partículas (g/kWh)
NO (g/kWh) Fumaça (k) (1)
(g/kWh) (g/kWh) (1)
Fase I - - - 2,5 -
Fase II 11,2 2,45 14,4 2,5 -
Fase III 4,9 1,23 9,0 2,5 0,7/0,4(2)
Fase IV 4,0 1,1 7,0 - 0,15
(1) Aplicável somente para motores de ciclo Diesel
(2) 0,7 g/kWh, para motores até 85 kW e 0,4 g/kWh para motores com mais de 85kW.
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de Norma 05:017.02-002 de mar/92 -Emprego do Opacímetro para Medição do Teor de
Fuligem de Motor Diesel -Método de Absorção de Luz.
§ 3° Os limites máximos de fumaça, calculados de acordo com este artigo, são apresentados nos
Anexos I e II para altitudes inferiores a 350 m, bem como para altitudes superiores;
No que diz respeito ao limite máximo de ruído emitido por veículo em aceleração, a Tabela
abaixo indica os valores admitidos de acordo com a NBR-8433.
Tabela 1 A
Limites máximos de ruído emitido por veículos em aceleração, conforme NBR-8433
Nível de Ruído
Categoria
(dB(A))
Descrição Otto Diesel
Injeção Injeção
A Veículos de passageiros até nove lugares e veículo de Direta Indireta
A 77
uso misto derivado de automóvel
78 77
Veículo de passageiros com mais de PTB até 2.000 kg 78 79 78
nove lugares, veículo de carga ou de PTB acima de
B
tração, veículo de uso misto não 2000 kg e até 79 80 79
derivado de automóvel 3.000 kg
Potência máxima
abaixo de 150 kW 80 80 80
Veículo de passageiro ou até de uso (204 CV)
C
misto com PTB maior que 3.500 kg Potência máxima
igual ou superior a 83 83 83
150 kW (204 CV)
Potência máxima
abaixo de 75kW 81 81 81
(102 CV)
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5.1.2.4. Resolução CONAMA Nº `16, DE 13 DE DEZEMBRO DE 1995
Considerando, dentre outras, que (1) a emissão de fumaça e material particulado dos veículos
contribui para a contínua degradação da qualidade do ar, (2) a existência de soluções técnicas de
uso comprovado, que permitem a intensificação do controle de emissão para os veículos
movidos a óleo Diesel e auxiliam na fiscalização e em Programas de Inspeção e Manutenção de
Veículos em Uso - I/M, resolve:
Art. 1° Em complemento à Resolução CONAMA n° 08/93, a partir de 1° de janeiro de 1996, os
motores novos do ciclo Diesel para aplicações em veículos leves ou pesados, devem ser
homologados e certificados quanto ao índice de fumaça (opacidade) em aceleração livre,
através do procedimento de ensaio descrito na Norma NBR 13037 - Gás de Escapamento
Emitido por Motor Diesel em Aceleração Livre - Determinação da Opacidade, em conformidade
com os limites definidos no § 1° e § 2° deste Artigo.
3° Para atender as condições atmosféricas de referência, o fator atmosférico fa deve estar no
intervalo 0,98 (( fa ( 1,02).
§ 4° O fator atmosférico fa deve ser calculado pela expressão abaixo, conforme definido pela
Diretiva 72/306/EWG, da Comunidade Econômica Européia de 2 de agosto de 1972, incluindo
todas as atualizações posteriores,
Art. 5° Em complemento à Resolução 08/93 do CONAMA, estabelecer a liberação do controle
de emissão de gases do cárter de motores turboalimentados do ciclo Diesel destinados a
veículos pesados, mantidos os limites de hidrocarbonetos (HC) estabelecidos na Tabela I da
mesma Resolução, desde que a emissão de gases de cárter de motores novos turboalimentados
seja no máximo 1,3% da vazão do ar de admissão (m3 / hora), determinada nos ensaios de
certificação dos motores.
Considerando, dentre outros fatores, (1) que o uso prolongado de um óleo lubrificante resulta na
sua deterioração parcial, que se reflete na formação de compostos tais como ácidos orgânicos,
compostos aromáticos polinucleares, "potencialmente carcinogênicos", resinas e lacas, ocorrendo
também contaminações acidentais ou propositais, (2) que a Associação Brasileira de Normas
Técnicas - ABNT, em sua NBR-10004, "Resíduos Sólidos - classificação", classifica o óleo
lubrificante usado como perigoso por apresentar toxicidade, (3) que o descarte de óleos
lubrificantes usados ou emulsões oleosas para o solo ou cursos d'água gera graves danos
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ambientais, (4) que a combustão dos óleos lubrificantes usados pode gerar gases residuais
nocivos ao meio ambiente, (5) a gravidade do ato de se contaminar o óleo lubrificante usado com
policlorados (PCB's), de caráter particularmente perigoso, (6) que as atividades de
gerenciamento de óleos lubrificantes usados devem estar organizadas e controladas de modo a
evitar danos à saúde, ao meio ambiente, (7) que a reciclagem é instrumento prioritário para a
gestão ambiental, resolve:
Art. 2º Todo o óleo lubrificante usado ou contaminado será, obrigatoriamente, recolhido e terá
uma destinação adequada, de forma a não afetar negativamente o meio ambiente.
Art. 3º Ficam proibidos:
I - quaisquer descartes de óleo usados em solos, águas superficiais, subterrâneas, no mar
territorial e em sistemas de esgoto ou evacuação de águas residuais;
II - qualquer forma de eliminação de óleos usados que provoque contaminação atmosférica
superior ao nível estabelecido na legislação sobre proteção do ar atmosférico (PRONAR);
Art. 5º Fica proibida a disposição dos resíduos derivados no tratamento do óleo lubrificante
usado ou contaminado no meio ambiente sem tratamento prévio, que assegure:
I - a eliminação das características tóxicas e poluentes do resíduo;
II - a preservação dos recursos naturais; e
III - o atendimento aos padrões de qualidade ambiental.
Art. 7º Todo o óleo lubrificante usado deverá ser destinado à reciclagem.
5.1.2.6. Lei 4771, de 15 de setembro de 1965 (já alterada pela Lei Federal nº 7803, de 18 de
julho de 1989 que, revoga as Leis nºs 6.535, de 15 de junho de 1978, 7.511, de 7 de julho de
1986.), que Institui o Novo Código Florestal, determinando, dentre outras normas de relevância
para a área objeto de estudo.
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Parágrafo único. No caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos
perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações
urbanas, em todo o território abrangido, observar-se-á o disposto nos respectivos planos
diretores e leis de uso do solo, respeitados os princípios e limites a que se refere este artigo."
Art. 3º . Consideram-se, ainda, de preservação permanentes, quando assim declaradas por ato
do Poder Público, as florestas e demais formas de vegetação natural destinadas:
Parágrafo único. Nas áreas urbanas, a que se refere o parágrafo único do art. 2º. desta Lei, a
fiscalização é da competência dos municípios, atuando a União supletivamente.
Art. 26. Constituem contravenções penais, puníveis com três meses a um ano de prisão simples
ou multa de uma a cem vezes o salário-mínimo mensal, do lugar e da data da infração ou
ambas as penas cumulativamente:
fazer fogo, por qualquer modo, em florestas e demais formas de vegetação, sem tomar
as precauções adequadas;
prática do ato.
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5.1.2.7. Lei Federal n° 7.511, de 07 de julho de 1986 (Altera dispositivos da Lei 4.771, de 15
de Setembro de 1965, que institui o novo Código Florestal)
Artigo 2° - O artigo 19 da Lei 4.771, de 15 de Setembro de 1965, passa a vigorar com a seguinte
redação:
III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a
dessedentação de animais;
IX - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas;
II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com
vistas ao desenvolvimento sustentável;
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5.1.2.9. Decreto Federal Nº 24.643, de 10 de Julho de 1934 (Já alterado pelo Decreto nº
3.763/41), que decreta o Código de Águas.
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tiverem origem nos seus prédios, de modo a evitar prejuízo de terceiros, que não for proveniente
de legítima aplicação das águas.
Parágrafo único. O serviço de remoção do obstáculo será feito à custa do proprietário a quem
ela incumba, quando este não queira fazê-lo, respondendo ainda o proprietário pelas perdas e
danos que causar, bem como pelas multas que lhe forem impostas nos regulamentos
administrativos.
Art. 87. Os proprietários marginais são obrigados a defender os seus prédios, de modo a evitar
prejuízo para o regime e curso das águas e danos para terceiros.
O sistema fundiário seguiu no curso do tempo sem grandes alterações, de forma mais ou menos
desordenada, até a Independência do Brasil, em 1822.
Naquela época, diante da situação fundiária, totalmente tumultuada e até caótica, adotou-se
pouco antes da independência uma solução drástica, por intermédio da Resolução de 17 de
julho de 1822, quando suspenderam todas as concessões de terras, até que lei especial
regulasse, por completo, a matéria.
Somente com a Lei nº 601, de 18 de setembro de 1850, disciplinou-se o regime jurídico aplicável
às terras públicas. A referida lei, segundo Messias Junqueira ("Estudos sobre o sistema
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sesmaria", Recife, 1965), constituiu uma das leis mais perfeitas que o Brasil já teve: humana,
liberal, conhecedora da realidade brasileira, sábio código de terras, que tanto mais se admira
quanto mais se lhe aprofunda o espírito, superiormente inspirado".
Possui, também, a referida lei, outra particularidade interessante: dela se originou a primeira
repartição pública, especificamente incumbida do problema fundiário, denominada Repartição-
Geral de Terras Públicas", criada no seu art. 21 e regulamentada pelo Decreto nº 1.318, de 30
de janeiro de 1854. Já após a promulgação da República, pela Lei nº 2.083, de 30 de julho de
1909, criou-se novo órgão, para cuidar das terras públicas, denominado Diretoria do
Patrimônio Nacional.
Os terrenos que se formaram a partir da linha de preamar média do referido ano. em direção ao
mar, tanto os aterros como aqueles resultantes do recuo do mar no tempo, são denominados
acrescidos de marinha, que também são áreas de domínio da União.
Parte da linha de preamar média do ano de 1831 ainda não se encontra demarcada no litoral
brasileiro, resultando dessa circunstância muitas ocorrências de títulos outorgados por terceiros
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com superposição de áreas, atingindo eventualmente área de domínio da União. Por isso, todo o
cidadão deve e pode consultar a Gerência Regional de seu Estado, para verificar a situação
dominial de imóvel que pretende adquirir, sempre que localizado próximo às praias.
A inscrição de ocupação, embora seja regime precário de ocupação de bem da União, é a forma
do cidadão promover a regularização da posse sobre o imóvel da União, e será deferida sempre
que não houver interesse público na utilização do imóvel, e quando forem observadas as normas
ambientais e posturas municipais aplicáveis.
O titular do domínio útil é conhecido como foreiro de imóvel da União e deve recolher à União a
receita anual denominada foro, correspondente a 0,6% do valor do terreno. Tanto o ocupante do
imóvel da União, como o foreiro, quando alienam os seus direitos sobre imóveis da União,
devem requerer previamente a certidão autorizativa de transferência, emitida pela Gerência
Regional, desde que o transmitente esteja em dia com suas obrigações patrimoniais (pagamento
de foros ou taxas de ocupação) e recolha o laudêmio, correspondente a importância equivalente a
5% do valor do terreno e das benfeitorias existentes.
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Tal ocorrência denomina-se remição e dar-se-á pela importância equivalente a 17% do valor de
avaliação do terreno da União. A partir de tanto, o cidadão deixará de recolher à União os foros e
laudêmios, não mais necessitando de obtenção de certidões ou documentos junto às Gerências
Regionais. Os imóveis da União não utilizados no serviço público devem ser alienados. Por isso,
possuindo interesse na aquisição de imóveis da União, consulte nosso site para verificar as
concorrências públicas em andamento nos Estados, tendo por objeto a alienação de imóveis.
5.1.3.1. Decreto-Lei 2.490 de 16 de agosto, que Estabelece Novas Normas para o Aforamento
dos Terrenos de Marinha e dá outras Providências.
III - os terrenos situados à margem dos rios e lagoas, até onde chegue
a influência das marés.
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acima do nível do preamar máximo.
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sobre a enfiteuse dos terrenos, mediante concorrência pública.
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Parágrafo único. Ao requerimento o pretendente não é obrigado a
anexar plantas ou títulos, mas apenas o comprovante da taxa de
ocupação, que porventura esteja pagando.
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estrada, rua ou outro caminho de servidão pública.
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aforamento se da concessão decorrerem obstáculos, respectivamente,
à navegação e serviços navais e aos interesses da defesa nacional.
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verificar a quem cabe a preferência ao aforamento, efetuar-se-á
concorrência pública, para adjudicação da mesma preferência.
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3 (três) dias, para qualquer protesto ou impugnação.
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pelo pretendente ao aforamento.
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Art. 29 - Verificado o comisso, se o interessado, após publicação de
edital com prazo de 30 (trinta) dias, não satisfazer o débito, poderá a
União proceder a novo aforamento, mediante concorrência pública,
depois de avaliadas as benfeitorias, na forma do Art. 6º e seus
parágrafos, do presente decreto-lei.
DOU 19/08/1940
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5.1.3.2. Decreto-Lei 1561 que dispõe sobre a ocupação de terrenos da União e dá outras
providências, conforme abaixo:
.
Decreta:
_________
Nota:
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_________
__________
Nota:
__________
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Art. 6º O presente Decreto-lei não se aplica aos terrenos rurais de
domínio da União, sujeitos a planos de Reforma Agrária, nem altera o
regime de ocupação das terras devolutas federais, estabelecidas em
lei.
Ernesto Geisel
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5.1.3.3. LEI N° 7.661, de 16 de maio de 1988, Institui o Plano Nacional de Gerenciamento
Artigo 1° - Como parte integrante da Política Nacional para os Recursos do Mar - PNRM e da
Política Nacional do Meio Ambiente - PNMA, fica instituído o Plano Nacional de
Gerenciamento Costeiro - PNGC.
Parágrafo Único - Para os efeitos desta Lei, considera-se Zona Costeira o espaço geográfico de
interação do ar, do mar e da terra, incluindo seus recursos renováveis ou não, abrangendo uma
faixa marítima e outra terrestre, que serão definidas pelo Plano.
Artigo 3° - O PNGC deverá prever o zoneamento de usos e atividades na Zona Costeira e dar
prioridade à conservação e proteção, entre outros, dos seguintes bens:
I - recursos naturais, renováveis e não renováveis; recifes, parcéis e bancos de algas; ilhas
costeiras e oceânicas; sistemas fluviais, estuarinos e lagunares, baías e enseadas; praias;
promontórios, costões e grutas marinhas; restingas e dunas; florestas litorâneas, manguezais e
pradarias submersas;
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Artigo 4° - O PNGC será elaborado e, quando necessário, atualizado por um Grupo de
Coordenação, dirigido pela Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar -
SECIRM, cuja composição e forma de atuação serão definidas em decreto do Poder Executivo.
§ 2° - O Plano será aplicado com a participação da União, dos Estados, dos Territórios e dos
Municípios, através de órgãos e entidades integradas ao Sistema Nacional do Meio Ambiente -
SISNAMA.
Artigo 5° - O PNGC será elaborado e executado observando normas, critérios e padrões relativos
ao controle e à manutenção da qualidade do meio ambiente, estabelecidos pelo CONAMA, que
contemplem entre outros, os seguintes aspectos: urbanização; ocupação e uso do solo, do subsolo
e das águas; parcelamento e remembramento do solo; sistema viário e de transporte; sistema de
produção, transmissão e distribuição de energia; habitação e saneamento básico; turismo,
recreação e lazer; patrimônio natural, histórico, étnico, cultural e paisagístico.
§ 2° - Normas e diretrizes sobre o uso do solo, do subsolo e das águas, bem como limitações e
utilização de imóveis podendo ser estabelecidas nos Planos de Gerenciamento Costeiro,
Nacional, Estadual e Municipal, prevalecendo sempre as disposições de natureza mais restritiva.
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§ 2° - Para o licenciamento, o órgão competente solicitará ao responsável pela atividade a
elaboração do estudo de impacto ambiental e a apresentação do respectivo Relatório de Impacto
Ambiental - RIMA, devidamente aprovado, na forma da lei.
Artigo 9° - Para evitar a degradação ou o uso indevido dos ecossistemas, do patrimônio e dos
recursos naturais da Zona Costeira, o PNGC poderá prever a criação de unidades de conservação
permanente, na forma da legislação em vigor.
Artigo 10 - As praias são bens públicos de uso comum do povo, sendo assegurado, sempre, livre
e franco acesso a elas e ao mar, em qualquer direção e sentido, ressalvados os trechos
considerados de interesse de segurança nacional ou incluídos em áreas protegidas por legislação
específica.
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§ 2° - A regulamentação desta Lei determinará as características e as modalidades de acesso que
garantam o uso público das praias e do mar.
§ 3° - Entende-se por praia a área coberta e descoberta periodicamente pelas águas, acrescida da
faixa subseqüente de material detrítico, tal como areias, cascalhos, seixos e pedregulhos, até o
limite onde se inicie a vegetação natural, ou, em sua ausência, onde comece um outro
ecossistema.
Artigo 11 - O Poder Executivo regulamentará esta Lei, no que couber, no prazo de 180 (cento e
oitenta) dias.
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5.2. Legislação Estadual
O novo Estado do Rio de Janeiro (resultante da fusão, em 1975, dos antigos Estados do Rio de
Janeiro e da Guanabara), já manifesta, desde a sua implantação, preocupação com a questão
ambiental tendo sido baixado, desde àquela época, o Decreto-Lei nº 39 de 24 de março de 1974,
autorizando a criação de Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente – FEEMA e da
Superintendência Estadual de Rios e Lagoas – SERLA. A primeira tendo como objetivo a
pesquisa, o controle ambiental e o estabelecimento de normas e padrões ambientais, assim como
o treinamento de pessoal e a prestação de serviços visando à utilização racional do meio
ambiente; e a segunda encarregada da execução dos princípios gerais da Política Estadual de
Defesa e Proteção das Bacias Fluviais e Lacustres do Estado do Rio de Janeiro, que só veio a ser
completa e formalmente consolidada pela Lei nº 650, de 11 de janeiro de 1983.
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Neste sentido, as obras pretendidas estão submetidas ao Licenciamento Ambiental, cuja
elaboração do Estudo de Impacto Ambiental - EIA e seu respectivo Relatório de Impacto
Ambiental - RIMA deverá seguir Instrução Técnica emitida pela FEEMA, atendendo ao que
determina a Resolução CONAMA nº 001/86, a Lei 1.356/88 e a DZ-041_ Diretrizes para
Implementação do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e seu respectivo Relatório de Impacto
Ambiental (RIMA), aprovado pela Deliberação CECA nº 3.586/96, bem como ao Artigo 2o da
Deliberação CECA/CLF nº 4.148, de 19/03/2002.
Portanto, a competente licença ambiental deverá ser requerida á CECA, através da FEEMA.
Logo, nos termos do artigo 1° da Lei nº 1.356, de 3 de outubro de 1988 ( que dispõe sobre
procedimentos vinculados à elaboração, análise e aprovação dos Estudos de Impactos
Ambientais) o empreendimento, deverá, previamente ao seu licenciamento ambiental, apresentar
e obter aprovação da FEEMA para o necessário Estudo de Impacto Ambiental e respectivo
RIMA. Quanto à elaboração do EIA / Rima, também tem pertinência (1) os dispositivos
acrescentados à Lei nº 1.356 através da Lei nº 2.535 de 08/04/96, (2) a Deliberação CECARJ nº
3.663, de 28 de agosto de 1987, (3) NA-042, que orienta sobre pedido, recebimento e análise dos
EIA / Rima e (4) a IT- nº 013/2005, conforme já mencionada, que apresenta roteiro para a
formulação de instrução técnica e específica para a elaboração de EIA / Rima e (5) a Deliberação
CECA-RJ nº 2.555 de 26 de novembro de 1991, que regulamenta a realização de Audiência
Pública.
“A Faixa Marginal de Proteção (FMP), nos limites da definição contida no artigo 2° da Lei n°
4.771, de 15 de setembro de 1965, será demarcada pela Superintendência Estadual de Rios e
Lagoas - SERLA, obedecidos os princípios contidos no artigo 1° do Decreto-Lei n° 134, de 16
de junho de 1965 e artigos 2° e 4° da Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981, na largura mínima
estabelecida no artigo 14 do Decreto n° 26.643, de 10 de junho de 1934”.
71
Cabe ainda, dentro da competência estadual, resgatar a aplicabilidade da Lei 3.239 de 02 de
agosto de 1999 a qual Institui a Política Estadual de Recursos Hídricos, cria o Sistema Estadual
de Recursos Hídricos e regulamenta a Constituição Estadual, sendo pertinente atentar para as
determinações do Capítulo V – da Proteção dos Corpos d’água e dos Aqüíferos, merecendo
destaque:
Art.33.- Sobre a proteção das margens e leitos de rio, lagoas e lagunas por:
A SERLA considera a largura mínima das FMPs com largura mínima de 30 m e máxima de 500
m ao longo de rios e lagoas. Cabe considerar também que:as Faixas Marginais de Proteção
(FMP) se constituem em limitação administrativa ao direito de propriedade garantido pela
Constituição Federal. Decorrem do poder administrativo de polícia do Estado, com amparo no
dispositivo constitucional que determina: “a propriedade atenderá a sua função social”. 1
Abordagem Geral
A Constituição de 1988 trouxe várias inovações, dentre elas algumas que se refletem diretamente
no ordenamento do ambiente urbano. Ao contrário das anteriores, a atual Carta Constitucional
demonstra nítida preocupação com o meio ambiente, que permeia todo o Texto. Apesar de não
considerar, no Capitulo dedicado ao meio ambiente, distinção formal entre o meio ambiente
urbano e o rural, está subjacente que os postulados constitucionais relacionados com a
manutenção do equilíbrio ambiental devem ser interpretados, e aplicados, de forma distinta para
atendimento dos objetivos constitucionais de garantir o desenvolvimento nacional e promover o
bem-estar social2. (basta ver que a Lei Maior distingue as funções sociais da propriedade rural
da urbana.)
A expressiva novidade, no que se refere ao planejamento urbano, foi ter criado como que uma
Política Urbana, divida em dois segmentos significativos: um contemplando o planejamento
1
Confira-se CF, Art. 5°, incs. XXII e XXIII.
2
Confira-se: CF, art. 3°.
72
interurbano e outra do planejamento urbano propriamente dito. Com respeito aos objetivos desta
Política Urbana, parece importante a opinião do emérito constitucionalista e especialista em
direito urbanístico Professor JOSÉ AFONSO DA SILVA:
...a política urbana tem por objetivo construir e ordenar um meio ambiente
urbano equilibrado e saudável. É que a qualidade do meio ambiente urbano
constitui mesmo um ponto de convergência da qualidade do meio ambiente
natural (água, ar e outros recursos naturais) e da qualidade do meio ambiente
artificial (histórico-cultural), pois a “qualidade da vida das pessoas que se
reúnem nas comunidades urbanas está claramente influenciada por quanto
suceda nos meios, natural e obra do homem, que se acham diretamente
correlacionados”.
No que respeita ao planejamento urbano e sua execução a Lei Maior fortaleceu sobremaneira a
competência e autonomia municipal. Ao lado deste ordenamento urbano, robusteceu também o
3
Perloff.Direito Ambiental Cosntitucional;;MALHEIROS.1994;p.151
73
planejamento urbanístico em nível nacional e intermunicipal. A rigor, neste caso, “usar a
expressão “urbanístico”, apesar de coerente, afigura-se como que uma simplificação. “na
verdade, nos termos constitucionais, o que se tem em vista é mais o ordenamento territorial,
sendo o urbanismo apenas parte deste ordenamento. “ 4
Conforme determina o artigo 21, IX compete à União “elaborar e executar planos nacionais e
regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social”. Assim, o
ordenamento territorial pode abranger áreas urbanizadas ou não. Mas, de qualquer forma, é
inequívoca a competência federal tanto para o macro ordenamento territorial como para dar
diretrizes ao desenvolvimento urbano. Ao Município, a Constituição deu expressa competência
para “promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e
controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano”.(CF., art. 30, VII)
4
Oliveira,ªA,I. 2003
74
I - parcelamento ou edificação compulsórios;
A Carta Magna trata de forma diferenciada, porém coerente com seus princípios gerais, da
política urbana e da política agrícola e fundiária. No que tange à Política Urbana, na forma do
artigo 182 (antes transcrito), deve-se destacar que ela “tem por objetivo ordenar o pleno
desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir bem-estar de seus habitantes” e que
“A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de
ordenação da cidade expressas no plano diretor”
Com referência aos demais espaços territoriais a Lei Maior dá outro tratamento, especialmente
no que concerne à sua função social. Neste sentido cabe citar:
Desta forma, embora, em ambos os casos, o legislador revele-se preocupado com o bem-estar
dos habitantes e com a higidez do meio ambiente, coloca a questão de forma diferente. É natural
que assim tenha sido, as funções dos terrenos urbanos e dos rurais são mesmo diferentes.
75
Portanto, a aplicação da legislação ambiental, especialmente a protetora da natureza, tem
conotação diferente em ambos os casos. Se no meio ambiente rural a terra destina-se fortemente
à produção agrícola, devendo ser mais protegidas as condições ambientais que lhe são propícias
e mesmo necessárias; no meio ambiente urbano, em que a terra se destina precipuamente à
edificação, seja para habitação indústria, comércio ou lazer, a legislação de proteção aos bens
naturais, que são patrimônio comum, deve ter uma aplicação condizente com a função social da
propriedade urbana.
Em relação aos imóveis urbanos, a verificação do cumprimento de sua função social é feita pelo
município e caso não esteja cumprindo sua função social, pode ser desapropriado pela Prefeitura
com o pagamento mediante títulos da dívida pública.
Contudo, nas cidades predomina o ambiente construído, com prédios, conjuntos arquitetônicos,
monumentos e outros bens que devem ser preservados em benefício da memória histórica e
cultural. Da mesma forma, existem nas cidades árvores, jardins, parques, áreas verdes
plantadas, que embora não sejam “naturais” na concepção da legislação florestal protetora,
merecem ser conservadas ou preservadas.
Dentro do contexto, via de regra, caberá ao Plano Diretor fixar as normas de uso do solo urbano,
e de edificação, às quais deve se conformar o particular, mas que os demais regulamentos
urbanísticos não podem contrariar.
Art. 29 - O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com
interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da
Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos
nesta Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos: ...
JOAQUIM DE CASTRO AGUIAR, dissertando sobre o dispositivo constitucional, faz didático e feliz
comentário sobre esta espécie de diploma legal, diferenciando-o da demais legislação municipal:
76
Cumpre salientar que, sendo as Leis Orgânicas como que as Constituições Municipais, devem
elas coerência com a Constituição Federal e as Constituições Estaduais respectivas. Assim
como as Constituições Estaduais não podem discrepar da Constituição Federal, uma vez que
subordinadas aos seus princípios, da mesma forma a Lei Orgânica não pode contrariar
disposições da Constituição Estadual.
Inspiradas nas Constituições Federal e Estadual, a Lei Orgânica carioca denota preocupação com
a qualidade de vida dos munícipes, mediante medidas de proteção ambiental e do patrimônio
histórico, cultural, estético e paisagístico.
Com relação à definição de zonas urbanas e de expansão urbana, o conceito constante do Código
Tributário Nacional: “entende-se como zona urbana a definida em lei municipal; observado o
requisito mínimo da existência de 2 (dois) dos incisos seguintes, construídos ou mantidos pelo
Poder Público (...)” ...” a lei municipal pode considerar urbanas as áreas urbanizáveis, ou de
expansão urbana constantes de loteamentos aprovados pelos órgãos competentes destinados à
habitação, à indústria ou ao comércio, mesmo que localizadas fora das zonas definidas nos
termos do parágrafo anterior”. 5
Neste sentido, o zoneamento de uso do solo traduz-se em instrumento da maior relevância para
organizar o espaço urbano de modo a atender os requisitos de preservação do meio ambiente.
5
Parágrafos 1° e 2° do Art. 32 da Lei n° 5.172, de 23 de outubro de 1966.
77
Mediante este enfoque, conforme determina a Lei Complementar nº 16, de 04 de junho de 1992
que dispõe sobre a Política Urbana do Município do Rio de Janeiro e Institui o Plano Diretor
Decenal da Cidade, em sua SEÇÃO VI – da Lei de Uso e Ocupação do Solo, é pertinente
observar:
Art. 105 - Para controle do uso e ocupação do solo, o Município será dividido em Zonas, que
poderão conter, no todo ou em parte, Áreas de Especial Interesse.
6
PLANO Diretor Decenal do Rio de Janeiro; 1993
78
INSERIR MAPA ÁREA DE INFLUENCIA DIRETA _ ZONEAMENTO URBANO
79
Ainda no que diz respeito às questões legais que se aplicam à Área de Influência Direta das
intervenções em pauta, cabe mencionar o Projeto de Estruturação Urbana de Vargem Grande
(PEU das Vargens), que embora ainda esteja passando por várias audiências públicas merece
destaque pela relação que tem diretamente não só com a região mas principalmente com as
conseqüências que advirão das intervenções pretendidas sobre os canais, análise que se fará
oportunamente.
80
A Associação dos Moradores de Vargem Grande defende a preservação dos Campos de
Sernambetiba, uma área equivalente a um terço da região abrangida pelo PEU é condenada pelos
alagadiços.
Os campos funcionam como uma esponja que absorve toda a água do Maciço da Pedra Branca.
Algumas emendas que vem sendo apresentadas junto à Câmara dos Vereadores pretendem
destacar a região como sendo área de especial interesse ambiental. A microbacia hidrográfica
dos Campos de Sernambetiba, com área estimada de 7.853 há encontra-se sob forte pressão da
expansão urbana. Trata-se de uma vasta planície praticamente no nível do mar, cercada por
restingas e encostas íngremes ,de onde flui a drenagem que se acumula na planície, formando
brejos e lagoas rasas. A vegetação original era de Mata Atlântica e tipos associados, como a
restinga e formações paludosas.
A cerca de 10.000 anos atrás a planície era o fundo de uma grande lagoa rasa, salobra, que
perdeu profundidade e área. Até meados do século XX, antes da abertura dos grandes canais,
apenas canoas circulavam pela planície alagada, navegando por entre a vegetação pantaneira,
com morros e rochedos funcionando como ilhas
Esta planície funciona ainda hoje como uma grande bacia de acumulação de água, como um
biodigestor de resíduos e como um amortecedor de cargas pluviais e fluviais. Bacia de
acumulação que recebe água das chuvas e águas que renam pelas encostas do maciço e pelas
areias de restinga (onde está assentada a Avenida das Américas). Essas águas chegam a planície
descarregando detritos (pedras, areia, restos vegetais e animais e outros). A brusca diferença de
declividade entre encosta e planície faz com que os fluxos aflorem e os riachos se alarguem,
embora a água demore a escoar. 7
Dentro do que determina o Plano Diretor do Município do Rio de Janeiro (Seção VI _DA LEI
DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO), em seu Art.107, “ Cada Área de Especial Interesse
receberá apenas uma das seguintes denominações e conceitos....” Dentre as quais cabe destacar
7
Salvador C. de Sá e Benevides
81
para este estudo o item II _ Área de Especial Interesse Social, a que apresenta terrenos não
utilizados ou subutilizados e considerados necessários à implantação de programas
habitacionais de baixa renda ou, ainda, aquelas ocupadas por favelas, loteamentos irregulares e
conjuntos habitacionais, destinadas a programas específicos de urbanização e regularização
fundiária”.
Assim , no âmbito da área de influência direta das intervenções em pauta, cabe considerar a
recente determinação da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro em delimitar a favela do Canal
das Taxas em Área de Especial Interesse Social, conforme espacializado no Mapa Área de
Influência Direta _ Zoneamento.
8
Armazém dos Dados ? IPP / 2005
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