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NOVA VERSÃO I N T E R N A C I O N A L

FAÇA UMA J O R N A D A VISUAL


ATRAVÉS DA V I D A E D O S
TEMPOS BÍBLICOS
INTRODUÇÃO A

AUTOR, LUGAR E DATA DA REDAÇÃO

Esta breve carta, muito semelhante a 2João, tradicionalmente é tida como obra do apóstolo João, e não há motivos para duvidar dessa
tradição. Assim como 1 e 2João, foi provavelmente escrita no final do século I, em Éfeso.

DESTINATÁRIO

João endereça a carta ao seu amigo Gaio. Nome romano comum, não se sabe se o Gaio da carta deve ser identificado com outro personagem
do NT de mesmo nome (ver At 19.29; 20.4; Rm 16.23; 1 Co 1.14).

FATOS CULTURAIS E DESTAQUES

Alguns colaboradores de João foram comissionados e enviados por ele para ensinar nas igrejas, e eles contavam com a hospedagem dos
cristãos nos locais em que ministravam. Demétrio (v. 12), evidentemente um desses ministros itinerantes, pode ter sido o portador da carta
de João.
Entretanto, numa das igrejas, o líder local, Diótrefes, recusava-se a receber os emissários de João. Por isso, o apóstolo escreve a
Gaio, cristão em cuja lealdade ele confiava, para afirmar que esperava melhor tratamento aos seus discípulos. Se Gaio fazia parte da mesma
comunidade que Diótrefes, deveria se manifestar e pôr um ponto final ao domínio de Diótrefes sobre aquela igreja. Mas, se pertencia
a outra comunidade, era seu dever garantir que a atitude de Diótrefes não se estendesse à sua igreja. Há uma advertência implícita de
que João poderia vir e confrontar Diótrefes cara a cara — sem dúvida, uma fonte potencial de problema para a igreja.

LINHA DO TEMPO

r
10 A.C. D. .1 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Nascimento de Jesus (ca. 6/5 a.C.)

João se torna discípulo (ca. 26 d.C.)


I
Morte, ressurreição e ascensão de Jesus (ca. 30 d.C.)
I
Reinado de Nero (ca. 54-68 d.C.)

Destruição do templo de Jerusalém (ca. 70 d.C.)


1
Redação de 3João (ca. 85-95 d.C.)

Exílio de João em Patmos (ca. 90-95 d.C.)


I N T R O D U Ç Ã O A 3JOÃO 2 03 5

ENQUANTO VOCÊ LÊ

Atente para 0 elogio de João a Gaio, por sua hospitalidade, e para sua condenação a Diótrefes, pela maneira em que tratava os irmãos.

VOCÊ SABIA?

• Hoje, os judeus ortodoxos costumam se dirigir a Deus com 0 título Ha-Shem (“0 Nome”) (v. 7).

TEMAS

A terceira carta de João contém os seguintes temas:


1. Hospitalidade. João elogia Gaio por sua hospitalidade e condena Diótrefes, que recusa hospitalidade aos “irmãos”. O comportamento
de Diótrefes, na verdade, pode ser 0 que João tinha em mente quando fez referência ao ódio entre irmãos (1Jo 3.15-17). Os pregadores
itinerantes dependiam da hospitalidade dos cristãos entre os quais ministravam. Essa rede de comunicação funcionava entre as igrejas
perseguidas e promovia um sentimento de solidariedade. As igrejas locais viam-se como parte da Igreja una, unida em torno da verdade
fundamental do evangelho.
2. Verdade. Demétrio, que também é desconhecido, é provavelmente 0 portador da carta. Ele deve ser recebido, afirma João, porque mani­
festa a verdade (v. 12). Podemos presumir que Demétrio havia passado nos testes éticos de fé delineados em 1João. Para mais informações
sobre a “verdade” em João, ver os temas listados na introdução de2João.

SUMÁRIO

I. Saudação (1,2)
II. Gaio é elogiado (3-8)
III. Gaio é exortado (9-12)
A. Diótrefes: um mau exemplo (9-11)
B. Demétrio: um bom exemplo (12)
IV. Conclusão (13,14)
20 36 3JOÃO 1

10 presbítero3
ao amado Gaio, a quem amo na verdade.
2 Amado, oro para que você tenha boa saúde e tudo corra bem, assim como vai bem a sua alma.
3 Muito me alegrei ao receber a visita de alguns irmãosb que falaram a respeito da sua fidelidade, de 3 bv.5,10;'2Jo4
como você continua andando na verdade.0 4 Não tenho alegria maior do que ouvir que meus filhosd 4 d1 C o 4 .1 5 ;
1Jo 2.1
estão andando na verdade.
5 Amado, você é fiel no que está fazendo pelos irmãos, apesar de não os conhecer®6 Eles falaram 5à'Rm 12.13;
Hb 13.2
igreja a respeito desse seu amor. Você fará bem se os encaminhar em sua viagem de modo agradável
a Deus, 7 pois foi por causa do Nome* que eles saíram, sem receber ajuda alguma dos gentiosa.s 7 Uo 15.21;
oAt 20.33,35
8E, pois, nosso dever receber com hospitalidade irmãos como esses, para que nos tornemos coopera-
dores em favor da verdade.
9 Escrevi à igreja, mas Diótrefes, que gosta muito de ser o mais importante entre eles, não nos
recebe.10 Portanto, se eu for,h chamarei a atenção dele para o que está fazendo com suas palavras 10h2Jo12;v. 5;
Uo 9.22,34
maldosas contra nós. Não satisfeito com isso, ele se recusa a receber os irmãos,' impede os que desejam
recebê-los e os expulsa da igrejaJ
11 Amado, não imite o que é mau, mas sim o que é bom.kAquele que faz o bem é de Deus;1aquele 11 «SI 37.27;
'1J02.29;
que faz o mal não viu a Deus.m12 Quanto a Demétrio, todos falam bem dele,n e a própria verdade tes­ "1Jo 3.6,9,10
12 n1Tm 3.7;
temunha a seu favor. Nós também testemunhamos, e você sabe que o nosso testemunho é verdadeiro.0 «Jo 21.24
13 Tenho muito que escrever, mas não desejo fazê-lo com pena e tin ta.14 Espero vê-lo em breve, e1 4 P 2 J 0 1 2
então conversaremos face a face.P
15 A paz seja com você. Os amigos daqui enviam saudações. Saúde os amigos daí, um por u m í 15 uo 10 3

a 7 Isto é, dos que não são judeus.

1 Sobre o “presbítero”, ver nota em 2Jo 1. 4 “Meus filhos” talvez sejam os convertidos de João ou cristãos sob sua
Gaio era um nome romano comum. Esse Gaio em particular, cristão orientação espiritual.
de uma das igrejas da província da Ásia, permaneceu firme enquanto 7 Sobre “o Nome”, ver nota em Jr 16.21. Hoje, os judeus ortodoxos
sua comunidade enfrentava a pressão de um único adversário: Diótre­ costumam se dirigir a Deus com o título Ha-Shem (“o Nome”).
fes, poderoso líder eclesiástico que havia obtido certo poder e rejeitava 9 Talvez João esteja fazendo alusão à uma carta anterior, que se perdeu.
a autoridade de João. A comunidade cristã sob a influência de João era Diótrefes deve ter exercido considerável influência, pois conseguia
evidentemente formada por congregações dispersas que absorveram al­ excluir pessoas da comunhão da igreja (v. 10).
guns convertidos que desconheciam a tradição apostólica. Quando uma 10 A frase “e os expulsa da igreja” refere-se à excomunhão (ver notas em
fonte de autoridade — como o apóstolo João — se apresentava, alguns Jo 9.22; lT m 1.20).
resistiam a submeter-se. 12 Demétrio pode ter sido o portador da carta.
3 J O Ã O 15

M ateriais de escrita no mundo antigo


3JOÃO João afirma que está escrevendo com caracteres em forma de cunha. Depois de reutilizado. 0 papiro apagado e utilizado ou­
"com pena e tinta" (3Jo 13), o que soa um secadas no forno, as tabuinhas se tornavam tra vez é chamado "palimpsesto".
tanto moderno, mas os povos antigos usa­ virtualmente indestrutíveis, e assim Rolos e códices. Durante quase
vam materiais de escrita muito antes de pen­ muitas sobreviveram através toda a história bíblica, o papiro
sarmos em caneta e papel. Os textos antigos dos séculos.4 e o couro eram transforma­
foram escritos sobre os seguintes materiais: ❖ Óstracos. Óstraco é dos em longas tiras e en­
um caco de cerâmica rolados. Entretanto, por
•S* Pedra. Podia ser uma pedra calcária, comum (pedaço de volta do século I d.C.,
arenito ou, para uma pequena inscrição, vaso quebrado). Podia começou-se a unir com
uma pedra semipreciosa como a ametista, a ser inscrito com um uma costura um dos
turquesa ou a opaia. A ferramenta de escrita estilete de metal ou lados de um conjunto
podia ser um buril ou um estilete de metal, escrito com tinta.5 Os de papiros ou de folhas
mas também se escrevia na pedra com tinta. óstracos eram mais couro, e o resultado foi
Às vezes, a pedra era coberta com uma capa adequados a notas um arranjo semelhante
de gesso (como em Dt 27.2,3). A pedra, inclu­ curtas e cartas. Em ao livro moderno, chamado
sive o mármore, era bastante utilizada para Atenas, os eleitores os "códice". Os primeiros cris­
inscrições em monumentos que descreviam usavam para escrever tãos adotaram a ideia do
as festas dos reis,1 porém as inscrições sim­ o nome do cidadão códice, por isso a maioria
ples também eram talhadas em pedras. que queriam enviar das Bíblias cristãs primiti­
❖ Metal. Esse material foi primeiramente para o exílio ou para vas apresenta essa forma,
usado em objetos comemorativos e decorati­ o "ostracismo" (daí o não a de rolo.8
vos, como nas inscrições em tigelas de prata. nome). ❖ Tinta. João menciona a
Dois am uletos 2de prata inscritos com o tex­ ❖ Couro. As páginas de "tinta". No mundo an­
to de Números 6.24-27 foram descobertos couro são o velino e o per­ Frasco de tinta de Qumran tigo, era geralmente
perto de Jerusalém,3 enquanto que um rolo gaminho. Em Israel, o couro Preserving Bible Times; © dr. James C. Martin; usado com preta, feita de carbono
permissão do Museu de Amã
de cobre foi localizado em Qumran. foi o meio de comunicação misturado com goma
• f Tabuinhas de madeira. Para escolhido para o re­ natural. A tinta ver­
se obter a superfície da es­ gistro dos livros das Escrituras. melha, no entanto, também era bastante
crita, podiam ser cobertas 0 Rolo de Isaías, de Qumran, utilizada.
com cera ou estuque. A cera por exemplo, é composto
era especialmente útil, de couro com a escrita A taxa de alfabetização era alta no mun­
pois qualquer um po­ em tinta preta.6 do greco-romano, e os materiais de escrita,
deria escrever com 4 - Papiro. É o ma­ embora difíceis de trabalhar pelos padrões
um estilete pon­ terial mais próximo modernos, existiam em grande quantidade.
tiagudo e depois do papel no mundo Escrever cartas era um hábito comum,9 e a
apagar e reutilizar a antigo. A planta de relativa facilidade de comunicação facilitava o
tabuinha. papiro (egípcia) era trabalho missionário e pastoral dos apóstolos.
Tabuinhas de cortada em tiras. As
argila. A argila era o tiras eram prensadas
1Ver "A pedra de Mesa (ou Moabita)", em
meio de comunicação até virarem folhas e
2Rs 3. 2Ver o Glossário na p. 2080 para as
cuneiforme. Ainda depois coladas juntas. definições das palavras em negrito.
úmida, podia receber Isso contribuía para 3Ver "Os amuletos de Ketef Hinnom",
inscrições feitas com um uma superfície de es­ em Nm 6. 4Ver "O cuneiforme e os tabletes de
barro no antigo Oriente Médio", em Is 30.
graveto pontiagudo para crita forte e lisa. 0 papiro 5Ver "Os óstracos de Samaria", 2Rs 14.
criar a escrita distintiva e tornou-se, naturalmente, 6Ver "0 grande Rolo de Isaías", em Is 34.
muito popular no mundo 7Ver "0 papiro John Rylands (p52)", em Jo 18.
Tinteiro do Scriptorium, de
8Ver "Rolos, selos e códices", em Ap 5.
Qumran (sítio dos manuscritos do antigo.7 A tinta aplicada sobre o pa­
9Ver "As cartas no mundo greco-romano", em 2Co 3.
mar Morto); anterior a 68 d.C. piro podia ser apagada, e o papiro,
© The Schayen Collection; cortesia do sr. Martin Schayen

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