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O Pé e o Calçado

A escolha do calçado adequado é muito importante para a saúde do pé e para o bem-estar físico e
psíquico do ser Humano em geral.
O calçado inadequado é das principais causas de dor no pé, restante membro inferior e coluna. É também o
principal responsável pela má postura, entorses e lesões que não se limitam apenas ao membro inferior.

‘Todos os anos a população feminina perde 44 milhões de dias de trabalho devido a dores, causadas pelos
saltos altos e sapatos inadequados.’

‘As mulheres têm 4 vezes mais problemas nos pés do que os homens, devido ao calçado inadequado’ e
principalmente, devido ao uso de saltos altos e frente apertadas.

A indústria do calçado é cada vez mais standardizada, o que inevitavelmente prejudica as capacidades
funcionais do pé.

Na hora de escolher o ‘sapato ideal’ para o dia-a-dia e principalmente para quem passa muito tempo em
pé ou tem problemas nos pés, deve perceber e respeitar a máxima:
‘O sapato adapta-se ao pé e não é o pé que se adapta ao sapato’

É errado pensar que podemos comprar um sapato que está justo ou um pouco apertado porque passado
uns dias já alargou.
O facto de ter alargado com a ajuda do pé, significa que o pé esteve comprimido, apertado e em esforço
dentro do sapato. O mais certo é ter provocado dor ou incómodo o que já não é bom, mas o pior é que
certamente provocou alterações ou deformações osteo-articulares e/ou musculo-ligamentares que por vezes
não são imediatamente visíveis, mas que no futuro podem ter consequências devastadoras para o pé, como
os joanetes, os dedos em garra, e os calos ou calosidades, entre outras.

Se pensarmos na anatomia, fisiologia e função biomecânica do pé percebemos que o calçado imposto para
a vida em sociedade e o caminhar sobre solos artificiais prejudicam as capacidades e propriedades
biomecânicas naturais do pé.

Na realidade um objecto estático como é o sapato nunca pode adaptar-se na perfeição a um órgão
dinâmico como é o pé. Isto resulta numa relação de compromisso com os inevitáveis conflitos que qualquer
solução de compromisso acarreta.

O pé é um órgão ancestral que está preparado para caminhar descalço sobre terrenos irregulares e algo
adaptáveis às suas curvaturas. Se pensarmos nisto percebemos que caminhar num solo liso e estático, como
aquele que temos nas cidades e nas nossas casas, não é o mais adequado para grande maioria dos pés
adultos.

É por isso que 2 a 3cm de salto é apropriado e até indicado para quase todos os adultos, uma vez que
contribui para a adaptação do pé ao solo artificial e nada ergonómico dos nossos dias.
Sapatos, meias, ortóteses plantares (palmilhas) ortóteses digitais (elementos de silicone que protegem os
dedos), devem respeitar a biomecânica do pé, favorecer e permitir o arejamento cutâneo, não impedir a
liberdade dos dedos, evitar o deslizamento do pé para a frente e a estabilidade transversal do pé, evitando
desequilíbrios e instabilidade do pé.

Características a ter em conta na escolha do calçado para o dia-a-dia:


• Pele natural ou couro curtido.
• Sola amortecedora (borracha/elastómero ou couro, mas este é mais duro e perde-se a propriedade
de amortização dos choques) e flexível, mas não demasiado mole para que não haja movimentos de
torção do pé.
• Frentes amplas que respeitem a volumetria do pé e dos dedos para que caibam em toda a sua
amplitude e se movam dentro do sapato sem sofrerem apertos e deformações.
• Contraforte no calcanhar que sustente o calcanhar e impeça a instabilidade do pé (não se recomenda
sapatos com contraforte mole no calcanhar).
• Salto ideal entre 2 e 3 cm.
Mas há que estabelecer um critério de selecção dos saltos que não é igual para todas as mulheres.
O salto máximo fisiológico depende do declive do pé (inclinação do pé).
Sabemos que o declive máximo fisiológico é 10º, de forma a não colocar o pé bem como o restante membro
inferior e coluna numa posição capaz de possibilitar alterações nefastas.
O declive é a relação entre o comprimento do pé e a altura do tacão; deste modo, podemos dizer que:
• Se calça 36/37 o salto máximo fisiológico é 3,5cm
• Se calça 38/39 o salto máximo fisiológico é 4cm
• Se calça 40/41 o salto máximo é 4,5cm
Os critérios básicos de selecção de calçado ideal para o dia a dia, são os acima referidos. Contudo existem
outros critérios igualmente importantes que se puderem ser atendidos só trarão benefícios:
• Comprar os sapatos ao final do dia (quando o pé está mais dilatado),
• Escolher o número do sapato, atendendo ao comprimento do dedo mais comprido que nem sempre é
o primeiro dedo (dedo mais gordinho ou hallux),
• Evitar costuras, principalmente a nível digital,
• Podem ter velcros, fivelas, elásticos ou atacadores que facilitam o ajustamento ou alargamento do
sapato mediante a necessidade,
• Devemos optar por marcas ou modelos de sapatos que já conhecemos, que tenhamos usado ou que
sabemos que nos farão sentir bem,
• Não devemos comprar sapatos apertados e que não ‘encaixem’ ou não se adaptem bem ao pé.
Resposta a algumas das Perguntas mais frequentes:

P: Qual é o tamanho ideal de salto que não comprometa a coluna ou uma má postura?
R: O salto máximo fisiológico depende do declive do pé (inclinação do pé).
Sabemos que o declive máximo fisiológico é 10º (de forma a não colocar o pé, o restante membro inferior e
coluna numa posição capaz de possibilitar alterações nefastas).
O declive é a relação entre o comprimento do pé e a altura do tacão; deste modo, podemos dizer que:
• Se calça 36/37 o salto máximo fisiológico é 3,5cm
• Se calça 38/39 o salto máximo fisiológico é 4cm
• Se calça 40/41 o salto máximo é 4,5cm
As medidas acima referidas são as alturas máximas, pelo que devemos usar um salto que não esteja no limite
máximo do desconforto para o organismo. Assim sendo podemos afirmar que para a maioria da população
Portuguesa o salto ideal varia entre 2 e 3 cm.

P: O sapato dito raso, não deverá ter alguns centímetros de salto? Porquê?
R: Se pensarmos na anatomia, fisiologia e função biomecânica do pé percebemos que o calçado imposto
para a vida em sociedade e o caminhar sobre solos artificiais prejudicam as capacidades e propriedades
biomecânicas naturais do pé.
Na realidade, um objecto estático como é o sapato nunca pode adaptar-se na perfeição a um órgão dinâmico
como é o pé, isto resulta numa relação de compromisso com os inevitáveis conflitos.
O pé é um órgão ancestral que está preparado para caminhar descalço sobre terrenos irregulares e algo
adaptáveis às suas curvaturas. Se pensarmos nisto percebemos que caminhar num solo liso e estático, como
aquele que temos nas cidades e nas nossas casas, não é o mais adequado para grande maioria dos pés
adultos.
É por isso que 2 a 3cm de salto é apropriado e até indicado para quase todos os adultos, uma vez que
contribui para a adaptação do pé ao solo artificial e nada ergonómico dos nossos dias.

P: Actualmente há uma avalanche de cuidados para o pé, bem como uma oferta enorme em calçado
anatómico (com um bom design) e que deixa o pé respirar. Haverá uma maior consciência de quão
importante é o conforto do pé?
R: Sim, mas de facto ainda há um longo caminho a percorrer entre a ergonomia e o design. Muitas vezes há
produtos com design atractivo e com rótulo ‘ergonómico’ ou ‘ortopédico’ usados abusivamente.
Por um lado percebemos que nos dias de hoje existe uma maior consciência e procura da saúde e do bem-
estar, pelo que as pessoas procuram aquilo que é mais saudável, cómodo e as faz sentir bem.
Por outro lado a indústria e o mercado vão inovando e tentam levar até ao consumidor produtos cada vez
melhores e mais atractivos.
Mas é nesta relação que por vezes está escondida uma realidade oposta. É que nem sempre o que é mais
saudável, ergonómico e confortável para o pé, é o mais atractivo ou bonito, mediante os padrões de moda
estabelecidos hoje em dia.
Sabendo as características que o calçado ideal deve ter facilmente percebemos que não se enquadram nas
características do calçado moderno e estilizado que vemos nas sapatarias comuns. Por outro lado quando
recorremos a lojas especializadas em calçado ergonómico, apercebemo-nos que na maioria dos casos não são
assim tão ergonómicos ou têm um design que apenas se adequa a algumas pessoas.

P: Que conselhos dá a quem abusa dos saltos altos e a quem não se aguenta em cima de um salto?
R:O uso diário de saltos altos (acima de 4,5cm, já é um salto demasiado alto para quase todas as mulheres),
pode provocar alterações irreversíveis a nível do membro inferior e da coluna vertebral e quase sempre
provoca uma má postura.
O salto demasiado alto limita a base de sustentação do pé, o que se traduz numa superfície de apoio muito
reduzida e desequilibrada, uma vez que as cargas são transferidas para a zona anterior do pé.
A nível do pé e restante membro inferior as alterações podem ser tão graves que muitas vezes são
irreversíveis (mesmo recorrendo a cirurgia), como algumas formas de joanete ou Hallux Abductus Valgus,
dedos em garra ou em martelo, encurtamento da musculatura posterior da perna (por vezes o paciente já
nem é capaz de apoiar o calcanhar no chão), instabilidade do tornozelo (favorecendo entorses),
metatarsalgias e fasceítes plantares (dores na planta do pé), calos, calosidades e unhas encravadas, entre
outras.
A nível da coluna vertebral uma das alterações mais comuns é a hiperlordose (excesso de curvatura a nível
lombar), que prejudica a postura e favorece o aparecimento de lesões osteo-articulares e musculo-
ligamentares.
É verdade que o salto alto proporciona elegância, na medida em que alonga as pernas e favorece o ‘rabinho
empinado’, mas o preço a pagar no futuro pode ser demasiado alto para alguns anos de elegância forçada.
O conselho que deixo a todas as mulheres é o que pratico; usem calçado confortável para o dia-a-dia e
recorram aos saltos altos apenas em ocasiões especiais ou mais formais.
Desta forma prolongam a saúde e o bem-estar e evitam anos de sofrimento físico e psíquico.

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