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17º CBECIMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais, 15 a 19 de Novembro de 2006, Foz do Iguaçu, PR, Brasil.

DISPOSITIVO PARA DETERMINAÇÃO DA FORÇA DE ENGASTE DE PARAFUSOS


PROTÉTICOS

Beck, J.C.P;Silva,I.N.L.;Guerra,K.;Meneghetti,L.;Messias,D.
Av. Ipiranga, 6681,prédio 30,sala169 - Partenon - Porto Alegre/RS - CEP: 90619-900
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Beck@PUCRS.BR

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi a elaboração de um instrumento capaz de avaliar a


pré-carga dos parafusos de engaste de pilares de próteses dentárias. A célula de carga
foi construída em aço SAE 1020 possuindo um elemento de mola central destinado a
avaliar as forças de engaste dos parafusos. Na eletrônica utilizaram-se quatro
extensômetros de resistência elétrica ligados em ponte inteira gerenciados por um
condicionador amplificador de sinais digitais. Os resultados obtidos com o dispositivo
idealizado foram excelentes uma vez que obtiveram repetitividade e alinearidade menor
que 1%.

Palavras-chave: pré-carga, engaste, próteses, parafusos.

INTRODUÇÃO

Nas próteses dentárias é fundamental a fixação dos pilares através de parafusos


que garantam um adequado engaste na estrutura óssea. Somente desta maneira é
possível obter-se uma boa estética, uma ótima funcionalidade de mastigação e grande
durabilidade. Neste sentido é importantíssimo avaliar a chamada força de pré-carga
destes pequeninos parafusos sejam de aço inoxidável, de titânio, ou de ouro.
17º CBECIMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais, 15 a 19 de Novembro de 2006, Foz do Iguaçu, PR, Brasil.

MEDIÇÃO DO TORQUE

O torque é uma medida derivada: conhecendo-se a força aplicada e a distância


entre seu ponto de aplicação e um centro de rotação, calcula-se o torque. As
deformações, mesmo sendo muito pequenas, podem ser mensuradas através da
utilização de extensômetros de resistência elétrica (strain gages). Basta que sejam
dispostos em locais convenientes que sofrerão deformações adequadas. A tensão que
os extensômetros ficam submetidos pode, então, ser calculada através da expressão:

Nesta equação a constante de proporcionalidade entre a tensão e a deformação é


o módulo de elasticidade, também conhecido como módulo de Young (E). Assim, se
estabelece uma relação linear entre a tensão ( ) e a deformação ( ), normalmente
esta linearidade não se mantém à medida em que a deformação atinge altos valores.

Em 1856, Thompson (Lord Kelvin) demonstrou que a resistência elétrica de um


fio de cobre ou de ferro variava quando eles eram submetidos a uma deformação
mecânica de tração ou compressão..

A medição de deformação é usualmente realizada com extensômetros de


resistência elétrica: um pequeno circuito elétrico metálico que é colado no corpo do
material que se deforma. A deformação do extensômetro é medida por variação da sua
resistência elétrica já que ele compõe parte de um circuito eletrônico. Considerando-se,
então, um condutor metálico com propriedades homogêneas e que tenha resistência R.
A resistência elétrica do condutor pode ser calculada através da conhecida expressão

Onde ρ é a resistividade do condutor (também chamada de resistência específica, que


é, uma propriedade dependente da natureza do material constituinte do condutor), L é o
comprimento do condutor e A é a área de seção transversal do condutor.
17º CBECIMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais, 15 a 19 de Novembro de 2006, Foz do Iguaçu, PR, Brasil.

Os extensômetros são então instalados (colados) no material que sofrerá


carregamento em um circuito tipo ponte e gerenciados por um condicionador de
amplificação. O material é sendo submetido a um carregamento, a variação relativa da
resistência, dR/R, será mensurada, e a deformação axial poderá ser calculada. Assim,
tem-se as deformações sofridas pela aplicação da tensão mecânica transformadas em
variações de tensão elétrica relativa (mV/V).

MATERIAS E MÉTODOS.

A instrumentação foi desenvolvida numa célula de carga construída em aço SAE


1020. Foi escolhido este tipo de aço por suas características tais como: facilidade de
usinagem, tensão de escoamento e baixo preço.
Para mensurar a força de pré-carga, desenvolveu-se uma célula de carga
constituída de dois pilares, duas vigas, uma lâmina sensora e um cilindro de
acionamento do elemento de mola (figura 1). Todos estes elementos foram construídos
em aço SAE 1020. Cada uma das vigas superiores e inferiores foram acopladas aos
pilares através de oito parafusos do tipo Allen para garantir um adequado acoplamento.
O cilindro de acionamento da lâmina sensora dispunha de um parafuso na parte inferior
com o objetivo de regular a altura para acionar o parafuso em teste, que era
posicionado superiormente. Com um torquímetro era possível enroscar o parafuso em
teste no cilindro que transferia a força de pré-carga ao elemento de mola central.

Figura 1- Vista lateral da célula de carga


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Extensômetros de resistência elétrica foram colados no elemento de mola central


(figura 2) que sofre deformação durante sua utilização, formando uma ponte de
wheatstone para que a leitura da deformação fosse possível com relativa compensação
de temperaturas e alta sensibilidade.

Figura 2-Elemento de mola central e extensômetros

Os passos seguidos durante a colagem dos extensômetros foram os seguintes:


a. Lixou-se a superfície onde os extensômetros seriam colados;
b. Limpou-se a superfície com álcool isopropílico;
c. Aplicou-se uma camada fina de pasta a base de cianoacrilato na superfície;
d. Posicionou-se o extensômetro sobre a cola e pressionou-se por alguns
segundos;
e. Esperaram-se alguns minutos para a secagem da cola;
f .Soldaram-se os fios de ligação
Depois de soldar os fios foi usada fita isolante para que estes não entrassem em
contato uns com os outros, evitando possíveis curtos que prejudicariam a leitura dos
dados e conseqüentemente a eficiência do instrumento.

PROJETO ELETRÔNICO

Consistiu no condicionamento e amplificação do sinal para determinação e


digitalização da força de engaste dos parafusos de próteses.
A eletrônica foi desenvolvida em linguagem C, a fim de ler o sinal de tensão em
mV/V enviada pelos extensômetros (strain Gages), amplificá-la e transformá-la para
unidade de força (N), e apresentar estes valores em um mostrador (display). O
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programa desenvolvido efetua uma média de cem leituras por amostragem, e também
apresenta retenção da força máxima estabelecida na chave quando do aperto.
A utilização de extensômetros de resistência elétrica como elemento sensor para
que a deformação da mola seja percebida é essencial para o projeto. Eles foram
dispostos em um circuito formando em ponte inteira de Wheatstone, a qual “sente” a
deformação e gera uma pequena variação de tensão e foram calibrados com pesos
mortos (figura 3). Um amplificador para instrumentação foi desenvolvido e foi utilizado
para amplificar essa variação de tensão e enviar um sinal entre 0 e 5V para o
processador compondo assim o condicionador de extensometria. No final do
processamento os dados são apresentados no display (figura 4).

Figura 3. Calibração da célula de pré-carga.

Na figura 4, a seguir, mostra-se a configuração final do estágio de


condicionamento e amostragem dos dados de força obtidos com a célula de pré-carga.
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Figura 4 – Condicionador e dados amostrados no visor.

DISCUSSÃO

O projeto deste torquímetro certamente trará benefícios tanto para as áreas de


engenharia quanto para as áreas de odontologia/medicina proporcionando sua
integração e a realização de trabalhos em equipe.
Os resultados obtidos certamente irão melhorar consideravelmente a qualidade do
trabalho desenvolvido pelos dentistas em relação a fixação de parafusos de implantes
gerando benefícios também para seus pacientes que terão os riscos de danos
minimizados e/ou afrouxamento de próteses.

CONCLUSÃO

O projeto realizado no Laboratório de Instrumentação da Faculdade de Engenharia


da PUC-RS obteve com sucesso os resultados esperados no início do
desenvolvimento.
Com a célula de carga, especialmente desenvolvida, foi possível medir-se com
exatidão a força de pré-carga dos parafusos de fixação de próteses. Os valores obtidos
durante os testes apresentaram uma acurácia melhor do que 5% com boa repetibilidade
e baixa histerese.
A precisão de informações que as cem leituras por amostragem proporcionam,
permite que a carga aplicada nos parafusos de prótese dentária seja feita da melhor
forma possível, fornecendo longevidade às próteses, preservando a saúde e evitando
transtornos aos pacientes.
Os dados são enviados para o mostrador de forma rápida e clara possibilitando
que o usuário assimile as informações sem nenhuma dificuldade, gerando mais
eficiência no trabalho cirúrgico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
17º CBECIMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais, 15 a 19 de Novembro de 2006, Foz do Iguaçu, PR, Brasil.

1. DINIZ, Anselmo Eduardo. Tecnologia da Usinagem dos Materiais. 4. ed. São


Paulo: Artliber,2003.
2.ISMAIL, Kamal; GONÇALVES, Mônica; BENEVENUTO, Francisco José.
Instrumentação Básica para Engenharia. Campinas, S.P.: Ed. Do Autor, 1998.
3. FRADEN, Jacob. Handbook of Modern Sensors: physics, designs, and
applications. New York: AIP PRESS, 1997.
4. KOBAYASHI, Albert. Handbook on Experimental Mechanics. 2.ed. New York: VHC
Publishers, 1993.
Artigo:
5. DOEBELIN, Ernest. Measurement Systems: Application and Design. New York:
McGraw Hill, 2005.

EQUIPMENT TO MEASURE DENTAL SCREW PROSTHESIS SETTING

ABSTRACT

Key-words: abutment, prosthesis, preload, screws.

The objective of this work was to constructed an equipment to measure de preload of


screw for transmucosal abutment setting. The preload cell was constructed in steel SAE
1020, possessing a central sensitive element. The electronic circuit consisting of four
strain gauge in wheatstone bridge with voltage amplifier and digital signal conditioning.
The obtained results with this measurement equipment showed good performances:
repetitivity and non-linearity minus than 1%.

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