14o ENCONTRO DE
ENGENHARIA ELÉTRICA
22 a 24 de novembro de 2017
Auditório do EDICIN - Rio de Janeiro/RJ
Coordenação: RH/Universidade Petrobras
APLICAÇÃO DE SPDA EM TANQUES DE TETO FIXO:
UMA ALTERNATIVA PARA EVITAR A SUBSTITUIÇÃO DE TETOS COM
ESPESSURAS ABAIXO DE 4 MM
Alam S. Menezes Lincoln Lessa
TRANSPETRO TRANSPETRO
RESUMO
O presente trabalho apresenta
resumidamente os principais requisitos normativos
para proteção de tanques contra descargas
atmosféricas. É apresentado ainda um estudo de
caso referente à instalação de um SPDA para o
tanque TQ-14043 do terminal de Cubatão. A
motivação desse projeto foi evitar a substituição
completa do teto, condenado pela inspeção por
apresentar espessura abaixo de 4 mm.
1.0 – INTRODUÇÃO
Tanques atmosféricos são equipamentos
essenciais para logística de transporte de petróleo
e derivados. Em geral, tais equipamentos
armazenam produtos prontamente inflamáveis, tais
como petróleo e seus derivados. Dessa forma,
questões relacionadas à incidência de descargas
atmosféricas nos tanques, sobretudo num país
tropical como o Brasil, com elevada taxa anual de
tempestades, são fundamentais para evitar
incêndios de grandes proporções e garantir a
segurança das pessoas, a integridade das
instalações, bem como a continuidade operacional
e consequentemente o abastecimento do país.
Estudos sobre a incidência de descargas
atmosféricas em tanques de petróleo e seus riscos
vêm sendo realizados há décadas [1]. Em [2] é
apresentado um estudo dos principais acidentes
com tanques de combustível entre os anos de 1960
e 2003. Segundo [2], a descarga atmosférica é a
principal causa dos 242 acidentes analisados no
estudo, correspondendo a 33% dos casos, seguida
da manutenção a quente (13%) e erros
operacionais (12%). Conforme analisado no estudo
[2], as principais deficiências dos tanques que
propiciaram acidentes decorrentes de descargas
atmosféricas foram: i) aterramento inexistente ou
mal dimensionado; ii) vazamentos de produto
inflamável pelo selo dos tanques de teto flutuante;
iii) baixa espessura da chapa do tanque,
provocando pontos quentes na superfície interna
do tanque, na região de incidência da descarga.
Este documento e as informações contidas nele são propriedades da Petrobras.
Reprodução, uso ou divulgação, mesmo que parcial, e por qualquer processo, para a utilização fora da Petrobras,
sem prévia autorização por escrito, é estritamente proibida.
Marcelo de A. Lopes Thiago D. Gomes
TRANSPETRO TRANSPETRO
Como consequência desses acidentes, há um
amplo conjunto de normas e padrões reunindo a
experiência da indústria. Essas normas e padrões
estabelecem requisitos que devem ser
considerados no projeto, manutenção e operação
de tanques para evitar incêndios decorrentes de
descargas atmosféricas [3]-[9].
Em tanques de teto flutuante externo,
descargas atmosféricas podem induzir correntes e
provocar centelhas nos interstícios entre o teto e o
costado, sobretudo quando a conexão por shunt é
deficiente [10]. Portanto, vazamentos no selo
seguidos de má equipotencialização do teto e do
costado podem provocar incêndios [10]. Por outro
lado, para os tanques de teto fixo, o principal
problema é a formação de pontos quentes internos,
na região de incidência da descarga atmosférica.
Nesse sentido, estudos vêm sendo conduzidos
para avaliar a espessura mínima da chapa para
evitar a ignição [11].
O presente trabalho visa apresentar um
apanhado dos requisitos das principais normas
referentes às condições que devem ser atendidas
para considerar um tanque de combustível
autoprotegido em relação à incidência de
descargas atmosféricas. São analisados os
requisitos referentes à espessura mínima da chapa
do tanque para evitar pontos quentes, assim como
questões relacionadas ao aterramento do tanque.
Apresentamos ainda um estudo de caso
envolvendo o tanque de petróleo TQ-14043 no
terminal de Cubatão. Após a inspeção detalhada,
foi recomendada a substituição completa do teto
em decorrência da espessura do mesmo estar
abaixo da requerida em norma. Para esse caso, foi
avaliado e decidido pela instalação de um sistema
de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA)
para o tanque a fim de evitar a substituição do teto.
O presente trabalho está organizado da
seguinte forma: a Seção 2 apresenta
resumidamente os requisitos normativos referentes
à aplicação de SPDA em tanques de combustível,
a Seção 3 apresenta o estudo de caso da
instalação do SPDA no TQ-14043 no terminal de
Cubatão; a Seção 4 mostra um comparativo de
custos das duas soluções, substituição do teto e a
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APLICAÇÃO DE SPDA EM TANQUES DE TETO FIXO:
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ESPESSURAS ABAIXO DE 4 MM
instalação do SPDA no TQ-14043; na Seção 5 são
listadas as lições aprendidas e recomendações
para futuros projetos; por fim, a Seção 6
apresentada a conclusão do trabalho.
2.0 – SPDA EM TANQUES DE TETO FIXO:
REQUISITOS NORMATIVOS
Descarga atmosférica é um dos principais
eventos causadores de incêndio em tanques que
armazenam produtos inflamáveis. Os mecanismos
que favorecem a formação de centelhas em
tanques decorrentes de descargas atmosféricas
vêm sendo estudado na indústria de óleo e gás há
décadas. Consequentemente, há uma ampla
normatização sobre o assunto, refletindo a
experiência acumulada ao longo dos anos. Essa
seção apresenta resumidamente os requisitos das
principais normas no que se refere à espessura da
chapa e aterramento de tanques para proteção
contra descargas atmosféricas.
2.1 – REQUISITOS DA NORMA N-2318
A norma Petrobras N-2318 apresenta o
roteiro de inspeção de tanque de armazenamento
atmosférico em operação e fora de operação,
assim como os critérios de aceitação.
Considerando a condição do tanque em
operação, a N-2318 determina a metodologia para
inspeção da bacia de contenção, pintura e
isolamento térmico, escadas, plataformas,
passadiços, costado e teto. Dentre os itens
inspecionados, aqueles relacionados à proteção
contra descarga atmosférica estão incluídos nas
recomendações de inspeção da base e das
escadas. Nesse sentido, a N-2318 remenda a
inspeção da condição física e de fixação do
aterramento na base do tanque, assim como do
aterramento entre o costado e o teto flutuante e
entre a escada e o teto flutuante, quando for o
caso.
Para a condição do tanque fora de
operação, a N-2318 propõe um roteiro geral e mais
abrangente considerando a inspeção externa e
interna de tanques de teto fixo e flutuante. Para a
inspeção interna, são avaliados as condições da
pintura, fundo, costado e teto. Para cada item
inspecionado do tanque, a N-2318 estabelece
critérios de aceitação. Sendo a espessura mínima
da chapa o principal critério de aceitação
diretamente relacionado ao conceito de
autoproteção do tanque contra descargas
atmosféricas. Em relação à espessura mínima da
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chapa do costado, a N-2318 referencia a API 653,
que estabelece dois critérios para calcular a
espessura mínima do costado. O critério adotado
para o anel da base (mais espesso) é apresentado
na sequência:
66,04 1
, 1
em que é a espessura mínima do costado em
(mm). é altura entre a parte inferior do anel e o
nível máximo líquido em pés (ft). é o diâmetro
nominal do tanque em pés (ft). é a densidade
relativa mais alta dentre os produtos a serem
armazenados no tanque. é o estresse máximo
permitido em (lbf/in2) e é a eficiência da junta
original do tanque. A API 653 estabelece que a
espessura mínima requerida do costado não deve
ser inferior a 2,54 mm.
A N-2318 estabelece o valor de 2,5 mm
para a espessura mínima da chapa do teto do
tanque. Por outro lado, a N-2318 determina que
para tanques armazenando produto com ponto
fulgor inferior a 60 ºC, a espessura mínima
requerida é de 4 mm. No entanto, a N-2318 permite
a espessura mínima de 2,5 mm para o teto, mesmo
para tanques com produtos com pontos de fulgor
abaixo de 60 ºC, desde que seja elaborada uma
criteriosa análise de risco considerando: i) produto
armazenado; ii) tipo de estrutura; iii) material do
costado e do teto; iv) localização do tanque; v)
topografia; vi) índice isoceráunico da região; e vii)
SPDA. A metodologia para elaboração da análise
de risco considerando descargas atmosféricas em
tanques, assim como os critérios de projeto de
SPDA para tanques são apresentados na série de
normas ABNT NBR 5419.
2.2 – REQUISITOS DA ABNT NBR 5419-3
A norma ABNT NBR 5419-3 orienta o
dimensionamento e a especificação dos elementos
dos subsistemas de captação, descida e
aterramento de um SDPA em função do nível de
proteção requerido por meio de uma análise de
riscos. A ABNT NBR 5419-3 prevê que estruturas
metálicas podem ser utilizadas como elementos
naturais de captação, desde que atendidas
algumas condições.
Conforme apresentado na ABNT NBR
5419-3, tanques armazenando misturas explosivas
ou produtos prontamente inflamáveis podem ser
considerados como elementos naturais do
subsistema de descida, desde que a espessura
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mínima da chapa de aço seja de 4 mm e a
elevação na superfície interna no ponto de impacto
da descarga não constitua alto grau de risco. Para
os casos em que essas duas condições não sejam
atendidas, a norma determina que os tanques
sejam incluídos no volume de proteção dos
respectivos SPDA.
O anexo D da ABNT NBR 5419-3 detalha
as condições e requisitos do SPDA para estruturas
com risco de explosão. Para o caso de tanques
metálicos contendo líquidos que podem produzir
vapor inflamável passíveis de ignição nos pontos
quentes na superfície interna, a norma define o
conceito de tanque autoprotegido. Segundo a
norma, um tanque de aço é considerado
autoprotegido, ou seja, contido dentro de um
recipiente metálico contínuo, desde que a
espessura da chapa de aço seja superior a 5 mm,
sem espaços que permitam a formação de
centelhas. Nesse caso, as chapas do teto e do
costado são consideradas como elementos
naturais de captação e descida do SPDA,
respectivamente. O escoamento para terra da
descarga que atinge o tanque é outro fator a ser
considerado por meio do subsistema de
aterramento.
Essa revisão da ABNT NBR 5419-3 elimina
o conceito de tanque autoaterrado. Na revisão
anterior da ABNT NBR 5419, tanques com
diâmetros acima de um valor específico não
necessitavam de aterramento. Por outro lado, essa
nova revisão da ABNT NBR 5419 determina que os
tanques sejam aterrados, mesmo os tanques
autoprotegidos. Conforme a ABNT NBR 5419-3,
tanques com diâmetro até 20 m, devem ser
aterrados em dois pontos equidistantes no
perímetro, no mínimo. Para tanques com diâmetro
acima de 20 m, devem ser considerados dois
pontos de aterramento, mais uma ligação à terra a
cada 10 m adicionais no perímetro do tanque.
Entretanto, a norma prevê que para tanques
agrupados em pátios, interconectados por
tubulações metálicas, um único ponto de
aterramento é suficiente.
Para tanques de teto flutuante, deve haver
uma interligação eficaz entre o teto e o costado.
Essa interligação deve ocorrer a cada 1,5 m e ser
instalada de forma a evitar a formação de laços. As
escadas de acesso ao teto do tanque deve ser
equipotencializada por meio de cabo flexível de no
mínimo 35 mm2. Essa equipotencialização deve ser
realizada nas dobradiças entre a escada e o
costado e entre a escada e o teto do tanque.
Cuidado especial deve ser considerado nos selos
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sem prévia autorização por escrito, é estritamente proibida.
utilizados entre costado e teto, a fim de evitar
pontos favoráveis à formação de centelhas.
2.3 - REQUISITOS DA API 545
O padrão API 545 é uma prática
recomendada para proteção contra descargas
atmosféricas de tanques instalados sobre o solo
que armazenam líquidos inflamáveis. Esse padrão
apresenta requisitos específicos para tanques de
teto fixos, tanques de teto fixo com teto interno
flutuante e tanques de teto externo flutuante. Em
relação aos tanques de teto fixo e teto flutuante
interno, a API 545 desconsidera a aplicação de
elementos em derivação (shunt) e condutores de
interligação entre o teto fixo e o costado para
proteção contra descargas atmosféricas. Contudo,
a API 545 referencia a API 650 para
equipotencialização do teto flutuante ao costado
para evitar descargas decorrentes de eletricidade
estática. Por lado, para tanques de teto flutuante
externo, a API 545 recomenta a utilização de
shunts e condutores de interligação para
equipotencialização do teto e do costado e,
consequentemente, minimizar fontes de riscos
decorrentes de centelhas provocadas por
descargas atmosféricas.
Segundo a API 545, para os casos
aplicáveis, elementos deslizantes denominados
shunts devem estar 0,3 m submergidos da
superfície do líquido, pelo menos. A bitola mínima
requerida do shunt é de 20 mm2, largura mínima de
51 mm e material de aço inoxidável, com o menor
comprimento possível. Os shunts devem ser
dispostos ao longo do perímetro do tanque,
espaçados de no mínimo 3 m. A API 545
recomenda que os shunts instalados acima do teto,
não submergidos, devem ser removidos assim que
o tanque entrar em manutenção geral.
Cabos fixos são empregados para fazer a
interconexão entre o teto e o costado do tanque. A
API 545 recomenda que seja instalado um cabo a
cada 30 m ao longo do perímetro do tanque, com
resistência elétrica máxima de 0,03 Ω.
A API 545 referencia a API 653
(Equação 1) no que se refere à espessura mínima
da chapa para evitar a formação de pontos quentes
internos no local de impacto da descarga, conforme
apresentado na Seção 2.1.
Em relação ao aterramento do tanque, a
API 545 considera que os tanques instalados sobre
o solo são considerados autoaterrados, ou seja,
não precisam de interligação adicional. Segundo a
API 545, a formação de centelhas entre o teto e o
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costado não são decorrentes da
aterramento.
2.3 - REQUISITOS DA NFPA 780
A NFPA 780 é um padrão para instalação
de sistemas de proteção contra descargas
atmosféricas para estruturas em geral. Sendo o
capítulo 7 especifico para estruturas contendo
vapores ou líquidos inflamáveis. A NFPA 780
apresenta o conceito de proteção inerente,
equivalente ao conceito de autoprotegido da ABNT
NBR 5419. Segundo a NFPA 780, para que o
tanque possa ser considerado inerentemente
protegido, a espessura das chapas deve ser maior
ou igual a 4,8 mm, com todas as juntas
devidamente seladas para evitar o escape de
gases inflamáveis.
Para os tanques em que os requisitos para
aplicação do conceito de proteção inerente não são
atendidos, a instalação de um SPDA em
conformidade com a NFPA 780 é requerido.
Para evitar centelhamentos decorrentes de
descargas atmosféricas incidentes próximas ou no
próprio tanque de teto flutuante externo, a NFPA
780 recomenda a instalação de elementos de
contatos deslizantes (shunts) e/ou elementos fixos
como cabos para a equipotencialização do teto e
do costado. Por outro lado, assim como a API 545,
a NFPA não exige a instalação de shunts ou cabo
de interligação para tanques de teto flutuante
interno.
Para os tanques de teto flutuante externo, a
NFPA 780 recomenda que os elementos fixos de
interligação entre o teto flutuante e o costado
(shunts) sejam instalados nos casos em que selos
não condutores são empregados. Nesses casos, a
norma recomenda que os shunts sejam de aço
inoxidável, com seção mínima de 20 mm2, largura
mínima de 50 mm. Para os shunts submersos, a
profundidade mínima é de 0,3 m da superfície do
líquido. A norma recomenda a substituição dos
shunts sobre o teto por shunts submersos durante
a parada do tanque para manutenção geral.
Segundo a NFPA 780, os shunts devem ser
distribuídos ao longo do perímetro dos tanques em
intervalos regulares de no máximo 3 m.
A NFPA 780 recomenda a instalação de
cabos para equipotencialização do teto flutuante
externo e do costado. A resistência elétrica do cabo
deve ser menor ou igual a 0,03 Ω. Segundo a
norma, a cada 30 m ao longo do perímetro deve
ser instalado um cabo de interligação, sendo dois
cabos no mínimo. Para os tanques que utilizam
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sem prévia autorização por escrito, é estritamente proibida.
falta de escadas articuladas, deve ser instalado um cabo
exclusivo para a equalização da escada ao teto e
ao costado.
A NFPA 780 considera que tanques
metálicos sobre o solo são aterrados se pelo
menos uma das seguintes condições é atendida:
 Tanques conectados à tubulação metálica
enterrada sem junta isolante;
 Tanques com diâmetro maior ou igual a 6 m
diretamente sobre o solo ou tanque com
diâmetro maior ou igual a 15 m posicionados
sobre o pavimento betuminoso;
 Tanques conectados a eletrodos de
aterramento espaçados de 30 m ao longo do
perímetro, sendo considerados no mínimo dois
eletrodos.
3.0 – ESTUDO DE CASO: PROJETO DE SPDA
PARA O TQ-14043 NO TERMINAL DE CUBATÃO
O tanque TQ-14043 foi construído no ano
de 1949 no Terminal de Cubatão. Esse tanque é do
tipo teto fixo com teto flutuante interno, sendo
utilizado para armazenamento de petróleo, cujo
ponto de fulgor é inferior a 60 ºC. Originalmente
esse tanque foi dimensionado com a espessura do
teto de 4,8 mm, sendo o diâmetro do tanque de
45 m, a altura 14,63 m e área do teto é de
1642 mm2.
3.1 – REQUISITOS DA INSPEÇÃO DO TQ-14043
No ano de 2016, o tanque TQ-14043
passou por uma inspeção completa. A medição da
espessura do teto indicou a espessura média
abaixo de 4 mm. Em decorrência desse resultado,
a equipe de inspeção, por meio do documento
recomendação prévia de inspeção (RPI) [12],
recomendou: “Executar a substituição total das
chapas. Chapa ASTM A-283 Gr C, espessura 4,8
mm. Atender integralmente as normas API-650,
API-653 e norma Petrobras N-270.”. No entanto,
nessa mesma RPI, consta uma nota originada da
N-2318 salientando a possibilidade de instalação
de um sistema SPDA ao invés da substituição
completa do teto, desde que a espessura seja
maior ou igual a 2,5 mm.
Em função do custo elevado para
substituição do teto, optou-se pela elaboração de
um projeto de SPDA para o tanque TQ-14043 a fim
de comparar os custos das duas soluções.
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3.2 – PROJETO DE SPDA DO TQ-14043: Tabela 1 - Valores típicos de risco tolerável ,
SUBSISTEMA DE CAPTAÇÃO conforme ABNT NBR 5419-2.
PERDA RISCO
RISCO
ASSOCIADA TOLERÁVEL
O projeto do subsistema de captação foi
baseado no modelo eletrogeométrico, tendo em - Perda de Vida Humana 10

vista que em geral o método das malhas é mais - Perda de Serviço Público 10
adequado para superfícies sem curvaturas, e o - Perda de Valor Econômico 10
método do ângulo de proteção superestima o
volume protegido pelo SPDA. A partir dos dados de projeto, considerando
O processo de escolha do nível de como premissa a proteção do tanque com SPDA
proteção do SPDA adotado no projeto para o classe I (nível I de proteção), foram calculados os
tanque TQ-14043 é apresentado de forma sucinta riscos conforme apresentado na Tabela 2. Verifica-
na sequência. se que os valores obtidos estão abaixo no risco
A primeira etapa do projeto consiste em tolerável.
levantar informações do local e da estrutura a ser
protegida, no caso o tanque TQ-14043. A partir dos
Tabela 2 - Valores calculados para os riscos
dados coletados referentes ao local, ao tanque e analisados, considerando a utilização de SPDA
da densidade de descargas atmosféricas da cidade classe I.
de Cubatão, foram identificados e calculados os VALORES OBTIDOS NO RISCO
RISCO
riscos pertinentes. PROJETO TOLERÁVEL
Em função da localização do TQ-14043: 7,92 10 1 10
terminal de petróleo e derivados, do tipo de produto 3,96 10 1 10
armazenado: petróleo com ponto fulgor abaixo de
3,96 10 1 10
60 ºC e, considerando o TQ-14043 um
equipamento estratégico para a logística de
transporte de petróleo para atendimento das Por outro lado, supondo a instalação de um
refinarias da Petrobras em São Paulo, foram SPDA classe II (nível II de proteção), a
mapeados os seguintes riscos: probabilidade de danos físicos à estrutura devido a
descargas atmosféricas ( ) se altera. Nesse caso,
, 2 passa do valor 0,01 para SPDA classe I,
para 0,05 no caso de um SPDA classe II,
, 3 conforme ABNT NBR 5419-2. Esse acréscimo no
valor de implica no aumento dos componentes
, 4 de risco e , e consequentemente no risco .
Conforme ABNT NBR 5419-2, os componentes de
em que é risco de perda de vida humana; é o riscos e são calculados da seguinte forma:
risco de perda de serviço ao público e é o risco
de perda de valor econômico. Conforme a ABNT , 5
NBR 5419-2, é a componente de risco
associada a ferimentos em seres vivos devido à , 6
descarga na estrutura; é a componente de risco
associada aos danos físicos na estrutura devido à em que é o número de eventos perigosos
descarga na estrutura; é a componente de risco devido às descargas atmosféricas em uma
associada à falha dos sistemas internos devido a estrutura; é a probabilidade de redução; éa
descarga na estrutura; é a componente de risco probabilidade de danos físicos à estrutura
associada à falha dos sistemas internos devido a (descargas atmosféricas à estrutura); é a perda
descarga perto da estrutura. As componentes e relacionada aos ferimentos a seres vivos por
não se aplicam na análise de risco para choque elétrico (descargas atmosféricas à
tanques de combustível. estrutura); é a perda em uma estrutura
Os riscos calculados na memória de relacionada a danos físicos (descargas
cálculo do projeto foram então comparados aos atmosféricas à estrutura).
riscos toleráveis típicos, apresentado na ABNT Considerando a hipótese de um SPDA
NBR 5419 e reproduzidos na Tabela 1. classe II, o risco (Equação 2) com as novas
componentes de risco (Equação 5) e
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(Equação 6) passa para 3,96 10 , que é
maior que o risco tolerável 1 10 . O que
torna evidente a necessidade de instalação de
SPDA classe I para a proteção do TQ-14043.
Para o nível de proteção adotado (SPDA
classe I), o raio da esfera rolante fictícia é de 20 m,
conforme a Tabela 2 da NBR 5419-3 e
representado na Figura 1. Para atender este nível
de proteção, o projeto especificou 24 hastes
captoras, sendo 15 hastes de 3 metros na periferia
do teto do tanque, 8 hastes de 4 metros na região
intermediária do teto e uma haste de 6 metros no
centro do teto, conforme apresentado na Figura 2.
Figura 1 - Vista lateral do TQ-14043 indicando as
zonas de proteção (hachura), posicionamento das
hastes e as esferas rolantes.
Figura 2 - Planta com vista do teto do TQ-14043 com
a disposição das hastes captores (círculos pretos).
As hastes foram especificadas em aço inox
AISI 304, o que demandará menos intervenções de
manutenção. As chapas de suporte são do mesmo
material do tanque (ASTM A-283), de forma a criar
mais uma barreira para a corrosão galvânica entre
a haste e o teto do tanque.
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3.3 - PROJETO DE SPDA DO TQ-14043:
SUBSISTEMA DE ATERRAMENTO
Inicialmente foi concebido um projeto de
aterramento elétrico com uso de hastes e cabos de
cobre. Porém, após considerar a possibilidade de
corrosão galvânica do fundo do tanque devido à
formação de uma pilha galvânica entre o
subsistema de aterramento de cobre e as chapas
do fundo do tanque de aço carbono, o projeto do
subsistema de aterramento foi reavaliado.
Caso o subsistema de aterramento fosse
instalado com materiais de cobre, as chapas de
aço carbono poderiam sofrer corrosão, enquanto
os componentes de cobre estariam imunes, ou
seja, as chapas de aço seriam os anodos,
enquanto os componentes de cobre seriam os
catodos. Tal fato ocorreria pela associação de três
fatores, são eles: o fato do aço carbono possuir um
potencial padrão de redução mais negativo do que
o cobre; o fato de ambos os materiais estarem
imersos em um mesmo eletrólito, neste caso o solo
da bacia do tanque; e o fato de que ambos
estariam interligados eletricamente através do
subsistema de captação. Portanto, a pilha
galvânica seria estabelecida com a tendência de
oxidação do aço e redução do cobre.
Como o uso de materiais de cobre geraria
o risco de corrosão eletroquímica do fundo do
tanque, a reavaliação do projeto considerou o
emprego de materiais de aço carbono para a
composição do subsistema de aterramento.
Após definidos os conceitos para o projeto,
a execução do mesmo foi iniciada através de
levantamentos de campo para verificar o local da
instalação e determinar eventuais interferências
físicas, assim como realizar as medições de
resistividade do solo, as quais são parâmetros de
entrada para o cálculo da resistência de
aterramento.
Foram efetuadas medições de resistividade
do solo em quatro locais no interior da bacia do
tanque. Para cada local foram realizadas medições
em duas direções (eixo N-S e eixo L-O) e em
quatro profundidades (1,5 m; 3,0 m; 4,5 m e 6,0 m).
A resistividade média para cada profundidade se
situou entre 300 e 550 Ω.m, sendo obtido o valor
médio de 426 Ω.m.
O cálculo da resistência de aterramento
considerou o valor médio da resistividade do solo e
a instalação de uma única malha em anel, afastada
1,70 m do costado do tanque e a 0,60 m de
profundidade em relação ao nível do solo,
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constituindo um perímetro de 150 m. Com isso,
foram obtidos os seguintes valores:

Tabela 3 - Resistência da malha de aterramento em

função da bitola do cabo de aço galvanizado.
BITOLA DO CABO DE RESISTÊNCIA DA MALHA
ATERRAMENTO2 DE ATERRAMENTO
95 mm2 16,4 Ω
200 mm2 7,7 Ω

Após os cálculos, foi considerada a

instalação de um cabo de aço galvanizado nu com
seção de 200 mm² e oito hastes de aço
galvanizado de 3 m de comprimento em pontos
simétricos ao longo da malha de aterramento,
conforme ilustra a Figura 3.
É importante destacar que a seção do cabo
da malha de aterramento seria menor caso fosse
utilizado o condutor de cobre ao invés do condutor
de aço galvanizado. No entanto, conforme
destacado neste trabalho, o cobre não foi adotado
para que fosse evitada a corrosão das chapas do
fundo do tanque.
Figura 4 – Detalhe do ponto de instalação da haste e
conexão ao costado do tanque.
4.0 – ANÁLISE ECONÔMICA: SUBSTITUIÇÃO
DO TETO FIXO VERUS IMPLANTAÇÃO DO
SPDA PARA O TQ-14043
A instalação de SPDA para proteção do
TQ-14043 foi considerada inicialmente como uma
alternativa à substituição do teto do tanque visando
uma eventual redução dos custos. A fim de
quantificar essa diferença de custo das duas
soluções, a Tabela 4 apresenta os resultados do
levantamento de custos referentes à execução das
duas soluções consideradas para o Tanque TQ-
14043. Os valores apresentados correspondem à
ordem de grandeza dos custos estimados dos
serviços e dos materiais previstos para cada
solução, com base em valores de referência para o
ano de 2017.

Tabela 4 - Levantamento dos Custos de C&M:

Substituição do Teto e Implantação de SPDA.
SUBSTITUIÇÃO IMPLANTAÇÃO
CUSTOS
DE TETO DE SPDA
Remoção de Chapas
R$ 500.000,00 NA
do Teto
Substituição de
R$ 1.000.000,00 NA
Chapas do Teto
Figura 3 – Planta do subsistema de aterramento do
Implantação de
TQ-14043. NA R$ 50.000,00
SPDA

A Figura 4 detalha a instalação das hastes TOTAL R$ 1.500.000,00 R$ 50.000,00

e dos pontos de conexão entre o aterramento e o
costado do tanque. O resultado demonstra uma elevada
diferença de custo entre as duas soluções. A
instalação de um novo sistema de SPDA
representa uma diferença de aproximadamente
96% em relação à substituição do teto. Este
resultado expressivo se deve aos custos de C&M
para implantação de cada solução.

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Reprodução, uso ou divulgação, mesmo que parcial, e por qualquer processo, para a utilização fora da Petrobras,
sem prévia autorização por escrito, é estritamente proibida.
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ENGENHARIA ELÉTRICA
APLICAÇÃO DE SPDA EM TANQUES DE TETO FIXO:
UMA ALTERNATIVA PARA EVITAR A SUBSTITUIÇÃO DE TETOS COM
ESPESSURAS ABAIXO DE 4 MM
5.0 – IMPLANTAÇÃO DO SPDA PARA O TQ-
14043: LIÇÕES APRENDIDAS E principais normas referentes à proteção contra
RECOMENDAÇÕES
A instalação do SPDA no TQ-14043
encontra-se em implantação, conforme foto
apresentada na Figura 5.
Figura 5 - Foto da instalação das hastes captoras no
teto do TQ-14043.
Ao avaliar a espessura mínima da chapa
para tanques de teto fixo sem SPDA instalado
visando evitar a formação de pontos quentes,
deve-se atentar também para a espessura do
costado, sobretudo para o anel superior. Posto que
uma descarga pode eventualmente atingir o
costado, ainda que com uma probabilidade muito
menor que o teto.
A Tabela 5 apresenta resumidamente as
espessuras mínimas da chapa de um tanque para
evitar a formação de pontos quentes internos. Para
espessuras acima desses valores, o tanque é um
captor natural, sendo considerado autoprotegido,
desde que devidamente aterrado.
Verifica-se que a N-2318 é menos
conservativa que a ABNT NBR 5419-3 no que se
refere à espessura mínima da chapa. Embora a
ABNT NBR 5419-3 apresenta a espessura mínima
da chapa de aço como sendo 4 mm para evitar
pontos quentes em tanques (ver Tabela 3 da ABNT
NBR 5419-3). O anexo D da ABNT NBR 5419-3
recomenda 5 mm. Aparentemente há uma
inconsistência na norma. Nesse caso, recomenda-
se utilizar o valor mais conservativo, no caso
específico 5 mm.
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Tabela 5 - Resumo da espessura mínima exigida nas
descargas atmosféricas em tanques de combustível.
ESPESSURA
PADRÃO/NORMA
MÍNIMA δ
N-2318 4 mm
ABNT 5419-3 5 mm
API 545 4 mm*
NFPA 780 4,8 mm
*Calculado para o último anel do costado do TQ-14043 (Equação 1).
Para tanques de teto flutuante externo, o
principal risco é o centelhamento entre o teto e o
costado na região do selo provocado pela
componente de corrente de longa duração da
descarga atmosférica. A instalação incorreta ou
manutenção ineficiente dos elementos shunt
podem provocar a produção de centelha numa
região com elevada probabilidade de presença de
atmosfera explosiva. Conforme recomendado na
API 545, recomenda-se que os elementos shunts
instalados sobre o teto sejam substituídos por
shunts submersos, além da instalação de cabos
para equalização de potencial entre o teto e o
costado.
Recomenda-se o aterramento do tanque e
a interligação da nova malha de aterramento com a
malha existente do terminal. No entanto, conforme
o item D.5.5.2 e 6.2.1.1 da ABNT NBR 5419-3,
tanques localizados em pátios de refinarias e
terminais, interligados por tubulações metálicas,
podem ser aterrados em um único ponto. Nota-se
que essa nova revisão da ABNT NBR 5419-3 não
apresenta o conceito de tanque autoaterrado.
A configuração do sistema de aterramento
do TQ-14043 é “TN”, o que proporciona tensões de
toque seguras para a operação do equipamento. É
importante destacar que este esquema de
aterramento deve ser mantido, não sendo permitida
a instalação de juntas de isolação em flanges, pois
estas juntas segregariam a malha de aterramento
do tanque da malha do terminal, configurando um
sistema de aterramento “TT”, ocasionando
potenciais de toque intoleráveis devido à diferença
de resistência das malhas durante curtos-circuitos
desequilibrados.
6.0 – CONCLUSÕES
O presente trabalho apresentou
resumidamente os principais requisitos normativos
para proteção de tanques de combustível contra os
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ENGENHARIA ELÉTRICA
APLICAÇÃO DE SPDA EM TANQUES DE TETO FIXO:
UMA ALTERNATIVA PARA EVITAR A SUBSTITUIÇÃO DE TETOS COM
ESPESSURAS ABAIXO DE 4 MM
efeitos provocados por descargas atmosféricas. Foi Efeitos das Descargas Atmosféricas –
apresentado ainda um estudo de caso do projeto Desenvolvimentos Experimentais e Análise de
de instalação de um SPDA no tanque de teto fixo Risco”, Revista O Setor Elétrico, Edição 125, Junho
TQ-14043 do terminal de Cubatão. de 2016.
Conforme verificado, a instalação de SPDA [12] TQ-14043 – Recomendação Prévia de
em tanques de teto fixo é uma alternativa técnica e Inspeção, Rev. 0, 26/08/2016.
economicamente viável, posto que evita a
substituição de teto para tanques com espessura
de chapa acima de 2,5 e abaixo de 4,0 . No
entanto, uma análise criteriosa da instalação das
hastes captoras no teto, assim como o aterramento
do tanque, deve ser aplicada no desenvolvimento
do projeto para que o SPDA possa operar com
segurança.

7.0 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] R. W. Sorensen, J. H. Hamilton, and C. D.

Hayward, “Lightning Protection for Oil Storage
Tanks and Reservoirs”, IEEE Transactions of the
American Institute of Electrical Engineers, Vol. 47,
No. 1, Jan.1928.
[2] J. I. Chang, and C. C. Lin, “A study pf
storage tank accidents”, Journal of Loss Prevention
in the Processes Industries, Vol. 9, May, 2006.
[3] N-2318 - Inspeção em Serviço de Tanque
de Armazenamento Atmosférico, Revisão H,
11/2016.
[4] ABNT NBR 5419-1 - Proteção contra
descargas atmosféricas Parte 1: Princípios gerais,
Primeira Edição 22/05/2015.
[5] ABNT NBR 5419-2 - Proteção contra
descargas atmosféricas Parte 1: Gerenciamento de
risco, Primeira Edição 22/05/2015.
[6] ABNT NBR 5419-3 - Proteção contra
descargas atmosféricas Parte 1: Danos físicos a
estruturas e perigos à vida, Primeira Edição
22/05/2015.
[7] API 545 - Recommended Practice for
Lightning Protection of Aboveground Storage Tanks
for Flammable or Combustible Liquids, FIRST
EDITION, OCTOBER 2009.
[8] NFPA 780 – Standard for the installation of
Lighting Protection Systems, 2017.
[9] API 653 - Tank Inspection, Repair,
Alteration, and Reconstruction, FIFTH EDITION,
NOVEMBER 2014.
[10] API/EI Research Report 545-A - Verification
of lightning protection requirements for above
ground hydrocarbon storage tanks, First edition,
October 2009.
[11] H. E. Sueta, L. E. Caires, V. Teixeira, e G.
F. Burani, “Proteção de Tanques de
Armazenamento de Combustíveis Contra os

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