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Ministério da Educação

Secretaria de Educação Básica


Diretoria de Apoio à Gestão Educacional

Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa

O TRABALHO COM GÊNEROS


TEXTUAIS NA SALA DE AULA

UNIDADE 4 | ANO 2

Brasília
2012
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
Sumário
Secretaria da Educação Básica – SEB
Diretoria de Apoio à Gestão Educacional

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Centro de Informação e Biblioteca em Educação (CIBEC)

O TRABALHO COM GÊNEROS TEXTUAIS NA SALA DE AULA

Iniciando a conversa 05

Aprofundando o tema 06
Por que ensinar gêneros textuais na escola? 06

Registro e análise da prática no 2º ano do Ensino Fundamental:


os textos na sala de aula 11

Os gêneros textuais na sala de aula


e a apropriação de conhecimentos 30

Compartilhando 34
Tiragem 125.616 exemplares
Direitos de aprendizagem no ciclo de alfabetização – Ciências 34
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Direitos de aprendizagem no ciclo de alfabetização – Geografia 38
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Esplanada dos Ministérios, Bloco L, Sala 500 Hábitos alimentares e saúde bucal  39
CEP: 70047-900
Tel: (61)20228318 - 20228320 Aprendendo mais 43
Sugestões de leitura  43

Sugestões de atividades para os encontros em grupo 45


O TRABALHO COM GÊNEROS TEXTUAIS NA SALA DE AULA
Unidade 5 | Ano 2 Iniciando a conversa
Autoras dos textos da seção Aprofundando o tema:
Ana Beatriz Gomes Carvalho, Francimar Martins Teixeira, Leila Nascimento da Silva,
Maria Helena Santos Dubeux

Autora dos relatos de experiência e depoimentos:


Rielda Karyna Albuquerque

Leitores críticos e apoio pedagógico:


Adelma Barros-Mendes, Adriana M. P. da Silva, Alfredina Nery, Amanda Kelly Ferreira, Ana
Márcia Luna Monteiro, Célia Maria Pessoa Guimarães, Erika Souza Vieira, Evani da Silva
Vieira, Ivane Maria Pedrosa de Souza, Juliana de Melo Lima, Lourival Pereira Pinto Na unidade 5 refletiremos sobre a importância da leitura e da produção de textos na
Lygia de Assis Silva, Magda Polyana Nóbrega Tavares, Patrícia Ramos, Rielda Karyna alfabetização. Neste caderno, direcionado para o 2º ano do ensino fundamental, destaca-
Albuquerque, Rochelane Vieira de Santana, Severina Érika Guerra, Severino Rafael da mos que na escola precisamos trabalhar com textos de diferentes gêneros, mediando as
Silva, Silvia de Sousa Azevedo Aragão, Telma Ferraz Leal, Vera Lúcia Martiniak situações em que as crianças tenham que ler e produzir textos para atender a diferentes
Yarla Suellen Nascimento Álvares
propósitos, além de refletir sobre as finalidades, formas composicionais e recursos esti-
Produção dos quadros de direitos de aprendizagem:
lísticos característicos dos gêneros trabalhados.
Francimar Martins Teixeira e Ana Beatriz Gomes Carvalho Com os conteúdos deste caderno esperamos proporcionar ricos momentos de socia-
lização voltados para o ensino de leitura e produção de textos de variados gêneros nas
Revisor:
Adriano Dias de Andrade salas de aula.

Projeto gráfico e diagramação:


Ana Carla Silva, Luciana Salgado, Susane Batista e Yvana Alencastro.
Os objetivos da unidade são:
Ilustrações: Airton Santos.

Capa: • entender a concepção de alfabetização na perspectiva do letramento, com aprofundamento


de estudos utilizando, sobretudo, as obras pedagógicas do PNBE do Professor e outros textos
Anderson Lopes, Leon Rodrigues, Ráian Andrade e Túlio Couceiro.
publicados pelo MEC;
• analisar e planejar projetos didáticos para turmas de alfabetização, integrando diferentes
componentes curriculares, e atividades voltadas para o desenvolvimento da oralidade,
leitura e escrita;
• conhecer os recursos didáticos distribuídos pelo Ministério da Educação e planejar
situações didáticas em que tais materiais sejam usados.
Aprofundando o tema definir essas noções fundamentais para se de novas atividades sociais. Se isso não
trabalhar leitura e produção textual na sala ocorresse, a comunicação seria quase im-
de aula, conteúdo central da unidade 5. possível, pois cada demanda comunicativa
exigiria a construção de um texto configu-
Referimo-nos a tipos textuais para tratar-
rado de modo completamente novo, que
mos de sequências teoricamente definidas
por sua vez precisaria ser compreendido
Por que ensinar gêneros pela natureza linguística da sua composi-
ção: narração, exposição, argumentação,
pelos envolvidos na atividade para que a

textuais na escola? descrição, injunção. Não são textos com


interação acontecesse. Segundo Bakhtin,
(1997, p. 302):
funções sociais definidas. São categorias
Maria Helena Santos Dubeux
Leila Nascimento da Silva teóricas determinadas pela organização Aprendemos a moldar nossa
dos elementos lexicais, sintáticos e rela- fala às formas do gênero e, ao
ções lógicas presentes nos conteúdos a ouvir a fala do outro, sabemos
serem falados ou escritos, distinguindo-se de imediato, bem nas primei-
capacidades de linguagem requeridas para ras palavras, pressentir-lhe o
Em uma perspectiva sociointeracionis- construção fixa e abstrata, mas, sim, palco
a produção de diferentes gêneros textuais. gênero, adivinhar-lhe o volume
ta, os eixos centrais do ensino da língua de negociações e produções de múltiplos
(MARCUSCHI, 2005; MENDONÇA 2005; (a extensão aproximada do todo
materna são a compreensão e a produção sentidos. Os textos são produzidos em si-
SANTOS, MENDONÇA E CAVALCANTE, discursivo), a dada estrutura
de textos. Nessas atividades, convergem tuações marcadas pela cultura e assumem
2006). composicional, prever-lhe o
de forma indissociável fatores linguísticos, formas e estilos próprios, também histo-
sociais e culturais. Nelas, os interlocu- ricamente marcados. Diferentes textos Os gêneros textuais, segundo Schneuwly e fim. (…) Se não existissem os
tores são participantes de um processo assemelham-se, como diz Bakhtin (1997), Dolz (2004), são instrumentos culturais gêneros do discurso e se não os
de interação, e, para isso, precisam ter porque se configuram segundo caracterís- disponíveis nas interações sociais. São dominássemos, se tivéssemos
domínio da mesma língua e comparti- ticas dos gêneros textuais que estão dispo- historicamente mutáveis e, consequente- de construir cada um de nos-
lharem as situações e as formas como os níveis nas interações sociais. Desse modo, mente, relativamente estáveis. Emergem sos enunciados, a comunicação
discursos se organizam, considerando seus pode-se dizer que a comunicação verbal só em diferentes domínios discursivos e se verbal seria quase impossível.
propósitos de usos e os diversos contextos é possível por meio de algum gênero que se concretizam em textos, que são singulares.
sociais e culturais em que estão inseridos. materializa em textos que assumem formas
Assim, para que a interação entre falantes
(SANTOS, MENDONÇA E CAVALCANTE, variadas para atender a propósitos diver- Observamos que para Bakhtin (1997), os
aconteça, cada sociedade traz consigo um
2006). sos. Para melhor entendermos essa dis- gêneros exercem certo efeito normativo.
legado de gêneros, por meio dos quais são
cussão, é importante enfocar as diferenças Por funcionarem como modeladores dos
Nesse sentido, a língua se configura como partilhados conhecimentos comuns. Em
entre gêneros textuais e tipos textuais. discursos em qualquer situação de intera-
uma forma de ação social, situada num consequência das mudanças sociais, os
ção verbal, os falantes recorrem a eles. Por
contexto histórico, representando algo do Para compreendermos essas relações gêneros se alteram, desaparecem, se trans-
possuírem aspectos relativamente estáveis/
mundo real. O texto, portanto, não é uma entre tipos textuais e gêneros, passamos a formam em outros gêneros. Desse modo,
comuns, os gêneros servem como modelos,
novos gêneros textuais vão se constituindo,
de modo que textos diferentes são aponta-
em um processo permanente, em função

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dos como pertencentes ao mesmo gênero Há visivelmente um sujeito, o sala de aula, explorando de forma aprofun- autores, o ensino da leitura e da escrita na
na medida em que possuem, por exemplo, locutor-enunciador, que age dada o que é peculiar a um gênero textual escola pode ser sistematizado de forma que O caderno da
“conteúdos”, “construções composicionais” discursivamente (falar/escre- específico, tendo em vista situações de uso o aluno possa refletir, apropriar-se e usar unidade 5, ano 3,
trata da seleção
e “estilos” semelhantes entre si. ver), numa situação definida também diversas. diversos gêneros textuais. Conforme sinte- de gêneros no
currículo.
por uma série de parâmetros, tizam Mendonça e Leal (2005), com uma
Nesse sentido, como foi dito, ao discutir No trabalho em sala de aula com os gêneros
com a ajuda de um instru- proposta de aprendizagem em espiral, um
o papel social dos gêneros nos atos inter- duas dimensões se articulam. A primeira
mento que aqui é um gênero, mesmo gênero pode ser trabalhado em anos
locutivos, Schneuwly (2004) apresenta se refere aos aspectos socioculturais rela-
um instrumento semiótico escolares diversos ou até na mesma série,
a noção de gênero como instrumento, cionados a sua condição de funcionamento
complexo, isto é, uma for- com variações e aprofundamento diversos.
utilizado/tomado pelo sujeito para agir na sociedade e a segunda se relaciona aos
linguisticamente. Nesse sentido, o autor, ma de linguagem prescritiva, aspectos linguísticos que se voltam para Com essa discussão teórica acerca do
baseando-se no conceito de instrumento que permite, a um só tempo, a a compreensão do que o texto informa ou conceito de gênero textual, procuramos
psicológico vygotskyano ressalta que, na produção e a compreensão de comunica. Refletindo sobre essas rela- fornecer ao professor elementos que lhe
perspectiva do interacionismo social, “a textos (SCHNEUWLY, 2004, p. ções, como defendem Schneuwly e Dolz permitam criar situações de ensino que
atividade é necessariamente concebida 23-24). (2004), enfatizamos a importância de se favoreçam o processo do alfabetizar letran-
como tripolar: a ação é mediada por obje- proporcionar aos alunos contatos com os do. Salientamos, no entanto, que é preciso
Por meio dos gêneros, a ação discursiva é,
tos específicos, socialmente elaborados, mais diversos gêneros textuais. Para esses tomar alguns cuidados:
ao menos parcialmente, prefigurada para
frutos das experiências das gerações pre-
cumprir os objetivos definidos para certas
cedentes, através dos quais se transmitem
atividades. As experiências prévias de inte-
e se alargam as experiências possíveis”.
rações permitem aos participantes da situa- 1. Escolher os textos a serem lidos, considerando-se não apenas os gêneros a que
(SCHNEUWLY, 2004, p. 21). Portanto, os
ção de comunicação específica chegar a um pertencem, mas, sobretudo, o seu conteúdo (o que é dito), em relação aos temas
objetos específicos se constituem nos ins- trabalhados. O objetivo é que as crianças aprendam a ler e escrever, mas também
grupo de gêneros que possivelmente podem
trumentos que segundo Schneuwly (2004, aprendam por meio da leitura e da escrita.
ser utilizados nas situações de interação.
p. 21) ”[...] encontram-se entre o indiví- 2. Propor situações de leitura e produção de textos com finalidades claras e diversificadas,
enfocando os processos de interação e não apenas as reflexões sobre aspectos formais.
duo que age e o objeto sobre o qual ou a Koch e Elias (2009) destacam que os gêne-
situação na qual ele age: eles determinam ros textuais são diversos e sofrem variações 3. Escolher os gêneros a serem trabalhos com base em critérios claros, considerando-se,
sobretudo, os conhecimentos e habilidades a serem ensinados; relações entre os gêneros
seu comportamento, guiam-no, afinam e na sua constituição em função dos seus escolhidos e os temas/conteúdos a serem tratados.
diferenciam sua percepção da situação na usos. Explicando essa dinâmica de amplia- 4. Abordar os gêneros considerando não apenas aspectos composicionais e estilísticos, mas,
qual ele é levado a agir [...]”. ção dos gêneros, as autoras apresentam sobretudo, os aspectos sociodiscursivos (processos de interação, como as finalidades,
como exemplos o e-mail e o blog, que como tipos de destinatários, suportes textuais, espaços de circulação...)
A partir dessas citações, percebemos a
recursos recentes decorrentes do progresso
relação que Schneuwly (2004) estabelece
tecnológico, são respectivamente transmu-
entre o conceito de instrumento e o papel
tações das cartas e dos diários. Portanto,
dos gêneros como mediadores das ativi- Tomando-se tais cuidados, o trabalho com os textos ocorre de modo articulado ao ensi-
o grande desafio para o ensino relativo ao
dades de interação verbal das pessoas na no dos gêneros, de forma que refletir sobre o gênero seja uma estratégia que favoreça a
componente curricular Língua Portuguesa
sociedade. O autor explica: aprendizagem da leitura e da produção de textos.
é trabalhar com essa diversidade textual na

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Referências:
Registro e análise da prática no 2º
ano do Ensino Fundamental:
BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
KOCH, Ingedore V.; ELIAS, Vanda Maria. Ler e compreender os sentidos do texto.
os textos na sala de aula
São Paulo: Contexto, 2009. Maria Helena Santos Dubeux
Ana Beatriz Gomes Carvalho
MARCUSCHI, Luiz Antonio. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONÍSIO, Francimar Martins Teixeira

Angela Paiva; MACHADO, Anna Rachel e BEZERRA, Maria Auxiliadora. Gêneros tex-
tuais & ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005.
MENDONÇA, Márcia. Gêneros: por onde anda o letramento? In: XAVIER, Antonio Carlos
Neste texto analisamos os registros da da rede pública de ensino, focalizando
dos Santos; ALBUQUERQUE, Eliana Borges Correia e LEAL, Telma Feraz (Orgs.). Alfa-
prática de uma professora com o objetivo os conteúdos de ensino; a natureza dos
betização e letramento: conceitos e relações. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.
de entender como o trabalho em sala materiais e recursos utilizados, a mediação
MENDONÇA, Márcia e LEAL, Telma Ferraz. Progressão escolar e gêneros textuais. In: de aula pode se voltar para o estudo da professora e as respostas dos alunos. A
XAVIER, Antonio Carlos dos Santos; ALBUQUERQUE, Eliana Borges Correia e LEAL, Tel- aprofundado de um gênero textual, como experiência foi vivenciada pela professora
ma Feraz (Orgs.). Alfabetização e letramento: conceitos e relações. Belo Horizonte: forma de desenvolver conhecimentos Rielda Karyna Albuquerque, na escola
Autêntica, 2005. e capacidades de compreensão e Ubaldino Figueirôa, situada em Jaboatão
produção de textos. Apresentamos e dos Guararapes/PE. A professora ensinava
SANTOS, Carmi Ferraz; MENDONÇA, Márcia e CAVALCANTE, Marianne, C. B.Trabalhar
refletimos sobre os eixos de ensino em uma sala de 2º ano, composta por 11
com texto é trabalhar com gênero? In: SANTOS, Carmi Ferraz, MENDONÇA, Márcia e
identificados nas atividades realizadas e alunos, na faixa etária de 7 e 8 anos.
CAVALCANTE, Marianne, C. B. (Orgs.). Diversidade textual os gêneros na sala de
procuramos destacar não só os conteúdos
aula. Belo Horizonte: Autêntica, 2006. Quanto ao domínio do Sistema de
do componente curricular Língua
Escrita Alfabética(SEA), observamos
SCHNEUWLY, Bernard. Gêneros e tipos de discurso: considerações psicológicas e onto- Portuguesa, mas também as relações de
que apenas um aluno encontrava-se
genéticas. In: DOLZ, Joaquim; SCHNEUWLY, Bernard. Gêneros orais e escritos na interdisciplinaridade estabelecidas com
na hipótese silábica-alfabética e os
escola. Campinas, São Paulo: Mercado das Letras, 2004. os componentes História e Ciências.
A proposta de ensino apresentada
SCHNEUWLY, Bernard; DOLZ, Joaquim e Colaboradores Gêneros orais e escritos na
consiste em uma sequência de atividades
escola. Campinas, São Paulo: Mercado das Letras, 2004.
organizadas em torno de uma temática:
Hábitos alimentares e saúde bucal.
Destacamos que refletiremos sobre o
planejamento e a realização da sequência
de atividades em sala de aula.
Para isso, detivemo-nos na análise desta
experiência realizada por uma professora

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demais, na alfabética. Três crianças que elaborada pela professora e apresentada O tema foi introduzido no primeiro momento, com a leitura do livro
Na Unidade 3, tinham hipótese alfabética utilizavam no item compartilhando, seu trabalho “Muitas maneiras de viver”.
é apresentada basicamente sílabas com estrutura objetivou o estudo do tema proposto,
a teoria da
psicogênese da consoante - vogal ( sílabas canônicas); tendo como alvo a produção de textos
escrita, baseada
em Emilia Ferreiro
dois alunos liam com pausas entre do gênero “cartaz educativo”, para ser
e Ana Teberosky, palavras e apresentavam algumas exposto na escola. Muitas maneiras de viver Obras
com descrição das
complementares
hipóteses de escrita dificuldades na leitura e escrita de sílabas Texto: Cosell Lenzi e Fanny Espírito Santo
elaboradas pelas Para a produção do gênero textual Imagem: Adilson Farias ... [et al]
não canônicas (sílabas com estrutura
crianças.
pretendido, a professora introduziu a Curitiba: Positivo, 2008.
consoante/consoante/vogal, consoante/
produção de outros gêneros, tais como: Neste livro, conhecemos as “muitas maneiras de viver” de diferentes
vogal/consoante, consoante/consoante/
ficha, tabela e receita culinária. Foram povos, que ocupam espaços diversos, bem como suas variações ao
vogal/consoante, dentre outras); e cinco longo do tempo. Apresentando-nos diferentes tipos de moradias,
realizadas leituras de textos diversos
apresentavam fluência na leitura. brincadeiras, brinquedos e roupas, a obra estimula o respeito à diver-
para que os alunos tivessem acesso aos sidade cultural. Promovendo a reflexão, também nos oferece alguns
Diante do esperado para o eixo de conhecimentos relacionados ao tema que questionamentos e traz sugestões para a confecção de brinquedos.
apropriação do Sistema de Escrita estava sendo estudado.
Alfabética, na sua maioria, os alunos
A seguir, passamos a apresentar as Antes de iniciar a leitura, a professora fez a exploração das ilustrações da capa e do título,
dominavam as correspondências entre
práticas desenvolvidas pela professora por meio dos seguintes questionamentos:
letras ou grupos de letras e seu valor
para o estudo do tema proposto.
sonoro, de modo a ler e escrever palavras,
mesmo que nem todos escrevessem Criança - Que cada um não é igual.
Na unidade 1, os corretamente palavras formadas P - Qual é o título desse livro que
quadros de direitos iremos ler? P - Como assim? Cada um não é igual?
de aprendizagem por diferentes estruturas silábicas,
(A criança não soube explicar quando a
detalham os
conhecimentos
capacidade indicada para ser aprofundada Crianças - Muitas maneiras de viver (As professora questiona)
e habilidades a e consolidada no 2º ano. Desse modo, crianças que tinham mais fluência na
serem abordados
em cada ano de era uma turma que tinha um perfil leitura fizeram a leitura rapidamente) P - Na capa, as imagens são de pessoas
escolaridade. esperado para esta etapa de escolaridade em lugares diferentes e fazendo coisas
P - Quais as imagens que estamos vendo diferentes, não é?
e a prática da professora se voltava
aqui na capa?
prioritariamente para leitura e produção Crianças - É.
de textos. No entanto, atividades de Crianças - Índio, menino, escola, meni-
alfabetização também se integravam na com a pipa, um ninja. P - Então por que será que Patrick disse
ao seu planejamento, para ajudar na que “Cada um não é igual”?
P - Pelo título do livro e pelas imagens
consolidação dessas aprendizagens – será que conseguimos saber do que será Criança - Porque tem muitas maneiras
pelos estudantes. que o livro vai falar? de viver.
Conforme podemos observar na síntese Criança - muitas maneiras de viver. P - Então vamos ver agora o que o livro
do planejamento da sequência didática quer dizer para nós?

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Observamos que a professora trabalha Vemos que a criança mostra facilidade mesmo tinha uma grande quantidade de
com o eixo de leitura levando os em localizar informações do texto informações, por isso decidiu retomar o amarelinha; boneca de palha de milho;
alunos a antecipar sentidos e a ativar e explicita de forma adequada o que tinha sido discutido e registrar no qua- jogos; boneca de madeira);
conhecimentos prévios relativos ao conteúdo relacionado à temática que dro o que os alunos foram dizendo, fazendo P - Esses brinquedos, eles contam a
texto que vai ser lido. Ela direciona os está sendo estudada. Conforme mostra a seguinte pergunta: história de quem? Por quem são cons-
questionamentos, sintetizando o que é o depoimento da professora, a sua truídas essas bonecas de pano?
mais relevante a ser considerado, tendo prática tem favorecido o domínio dessa
em vista o tema escolhido: a diferença habilidade: Crianças – Índios.
P - Sobre o que o livro está falando?
entre grupos e culturas diversas. Essa P – Para vocês essas maneiras de viver
forma de condução é importante porque
Sempre trabalho com leitu-
(as moradias, as roupas, os hábitos
os alunos ainda estão consolidando a
ra de imagens e construção de Observamos que, após a leitura, a professo- alimentares e os brinquedos) podem
capacidade de explicitar seu ponto de legendas, uma atividade bas- ra explorou o sentido geral de um texto lido contar a história de um povo?
vista, de se fazer entender perante os tante significativa em que as por outras pessoas, com a finalidade de pro-
crianças podem não só fazer a mover discussões que são necessárias para Crianças – sim.
outros.
interpretação das imagens, mas introduzir um tema que vai ser estudado. P - Por quê?
Em seguida, a professora iniciou a leitura constroem a legenda e refletem Nesse caso, o livro lido propiciou uma refle-
do livro, mostrando as ilustrações e, sobre a escrita das palavras. xão acerca da diversidade cultural, ponto de
à medida que lia, continuava a fazer partida do conteúdo das aulas seguintes. As crianças não conseguiram responder,
questionamentos. Na primeira parte Na continuidade da leitura feita pela então, a professora falou sobre os costumes
do texto “Tantas pessoas, tantas A professora iniciou o segundo mo- herdados dos nossos pais, avós e das pessoas
professora, as crianças foram percebendo
diferenças...”, as crianças observaram as mento retomando a leitura do livro que fazem parte do grupo em que convive-
que os costumes podem variar de um povo
diferenças de moradias, roupas e costumes “Muitas maneiras de viver”. Questionou os mos. Falou das brincadeiras que os pais já
para outro. Ao tratar dos hábitos alimen-
de alguns grupos e sociedades. Os alunos alunos sobre o que tinha sido visto no livro brincaram que também foram dos nossos
tares, os alunos acharam interessantes as
participaram ativamente da situação de e registrou no quadro o que eles falaram: avôs e que podem ter vindo de outros povos,
diferenças: os brasileiros têm o hábito de
leitura. Uma das crianças, ao observar a usar garfo, faca e colher para comer. Já os como, por exemplo, a boneca de palha que
imagem de um casamento em cerimônia japoneses têm o hábito de comer com o veio dos índios. Continuando a atividade,
P - Sobre o que o livro está falando?
indiana e de ter lido a legenda, mencionou hachi. A partir desse ponto, a professora a professora direcionou a discussão para
que os costumes de outros países não são dinamizou uma discussão sobre os hábitos Crianças - As muitas maneiras de os hábitos alimentares que fazem parte
iguais aos nossos: alimentares, chamando atenção para as viver. das maneiras de viver de diversos grupos
comidas dos japoneses e as dos brasileiros. P - De que maneiras o livro fala? e famílias, incluindo os da turma, mas que
Em outros países, os homens
Por fim, o livro ainda tratou dos tipos de podem mudar com o tempo. A partir desse
podem ter várias mulheres e Crianças - moradias: Iglu; oca, tipos
brincadeiras e brinquedos que se diferen- ponto, a professora ao propor aos alunos a
nos casamentos do nosso país só de casamentos, as roupas (p: as ves- construção de um mural das descobertas
se pode ter uma esposa. ciam entre os povos e a leitura foi finali-
timentas), as maneiras diferentes de sobre seus hábitos alimentares, dinamizou
zada. A professora havia planejado fazer a
brincar e os brinquedos (gangorra; uma discussão que acabou se encaminhan-
leitura do livro todo, mas percebeu que o
do para uma reflexão sobre a saúde bucal:

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A partir da fala das crianças percebemos ou intempéries até aspectos culturais
P - Estamos falando sobre hábitos P - Nossos hábitos alimentares podem que elas já apresentavam conhecimen- como crenças sobre alimentos. Nesse
alimentares, vocês sabem o que são contribuir para nossa saúde bucal? tos sobre a temática abordada. O modo sentido, o aprofundamento dessa temá-
hábitos alimentares? de trabalhar da professora foi propício tica para a produção de um cartaz educa-
Crianças: Sim! Por que comemos
Crianças - São vários jeitos de comer, muitos doces, - fica com bichinho se para integrar diferentes áreas de conhe- tivo não só favorece uma reflexão sobre
japonês e chinês comem de pauzinhos não escovar os dentes como um adulto, cimento. Em termos de ensino relativo os hábitos alimentares delas e sobre a
e brasileiros e americanos comem com - se não escovar fica com cárie, - que- ao componente curricular Ciências o importância dos cuidados com a saúde de
colher, - tipos de comidas que comemos, bra os dentes. entendimento do porque alguns hábitos sua boca, mas também um maior conhe-
- comer a mesma coisa sempre, comer alimentares são considerados saudá- cimento sobre o gênero cartaz educativo e
P - O que precisamos fazer para cuidar veis e outros não, envolve ultrapassar o sua finalidade na sociedade.
bem e se alimentar bem.
da nossa saúde bucal? conhecimento prévio que as crianças já
P - Será que nossos hábitos alimenta- Após a discussão, a professora apresen-
Crianças - Escovar direito os dentes e tinham, direcionando-as para diversos
res são sempre bons, comemos sempre tou uma ficha de pesquisa para os alunos
a língua, - Usar o fio dental. conceitos que viabilizem o entendimento
alimentos saudáveis? preencherem em casa com a ajuda dos
dos motivos pelos quais algo é conside-
pais ou responsáveis sobre seus hábitos
Crianças - Não, porque algumas rado saudável. Adicionalmente, trata-
alimentares. Explicou que essa ficha era
comidas são oleosas. A participação das crianças foi bem -se de temática que possibilita analisar
para auxiliar no levantamento dos hábitos
proveitosa durante os questionamentos. a satisfação e a necessidade biológica
P - Será que somos responsáveis pelos alimentares de cada um, avaliando se são
Em relação à importância do trabalho a sob diversas perspectivas. Por exemplo,
nossos hábitos alimentares? saudáveis ou não para a preservação da
ser realizado, elas concordaram em fazer diversos fatores interferem na “escolha”
saúde bucal. Segue abaixo o modelo da
Crianças – sim. o mural das descobertas e o cartaz da comida, dentre eles: poder aquisitivo,
ficha entregue aos alunos:
educativo sobre hábitos alimentares e fatores geográficos como a estação do ano
P - Por quê?
higiene bucal.
Crianças - Porque escolhemos a nos-
Hábitos Alimentares
sa comida, - Porque nos alimentamos
bem, - e ficamos saudáveis. Café da Manhã Almoço Jantar Lanches e Guloseimas

P - Qual a importância de bons hábi-


tos alimentares para nosso corpo?
Crianças - Para cuidar da pele; - to- No terceiro momento, a professora iniciou refletindo com as crianças sobre o que
mar leite, - beber muita água, - cuidar foi discutido na aula anterior. Algumas crianças relataram o que eles falaram sobre
bem do corpo (Obs.: Nesse momen- alimento. Em seguida, os alunos mostraram as fichas que levaram para casa, preen-
to as crianças se confundem com a chidas, e cada aluno fez a leitura da sua ficha, na frente da sala. À medida que liam,
pergunta e falam de como manter a a professora registrava no quadro os seus hábitos alimentares. É interessante obser-
saúde). var que a ficha é uma tabela. Desta forma os alunos estão sendo familiarizados com
uma disposição gráfica bastante utilizada para a exposição resumida de informações.

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Contas de luz e dosagem de remédios, Após a socialização da pesquisa, a professora formou grupos com 3 e 4 crianças e cada
por exemplo, são apresentadas desta muito gordurosa que se comemos com grupo ficou responsável pelo preenchimento de uma das colunas da tabela com as infor-
forma. Trata-se de um dos recursos grá- muita frequência poderá fazer mal a mações registradas no quadro (café da manhã; almoço; jantar; lanches e guloseimas). Tal
ficos mais comuns na área das Ciências nossa saúde. procedimento induz de modo bastante contextualizado ao entendimento de como se lê e
Naturais e da Matemática. P - Que mais? O que podemos con- escreve tabelas.
Após o registro das informações, estas siderar pela nossa tabela um hábito Em seguida, relacionando com a discussão sobre hábitos alimentares, a professora pro-
foram socializadas. Foi visto que os hábitos alimentar que não seja tão saudável? pôs a leitura do livro “Brinque-book com as crianças na cozinha”.
alimentares dos alunos são bem seme- C – Chocolate.
lhantes. Aproveitou-se para discutir sobre Brinque-book com as crianças
quais alimentos são saudáveis e quais não C – Sorvete.
na cozinha
são saudáveis para o dia-a-dia. Abaixo um P - Mas eu ainda estou notando uma Texto: Gilda de Aquino Obras
Imagem: Estela Schauffert complementares
trecho da aula: coisa aqui, na parte de lanches e gulo-
seimas, estou vendo muitas frutas isso São Paulo: Brinque-book, 2005 Apresentando a arte de coz-
inhar como algo prazeroso, Brinque-Book com as Crianças na
P - Vocês perceberam que temos é muito bom, mas percebi também que Cozinha traz receitas simples e investe na orientação dos cui-
hábitos alimentares parecidos, quais não colocaram os doces, por quê? dados que se deve ter, ao preparar comidas, de modo a evitar
acidentes e contaminações. O livro é rico em informações
são eles?
C - Eu trago salgadinhos. matemáticas, principalmente para o campo de grandezas e
medidas. Há variedade nas grandezas tratadas e se incluem
C - O pão; o café; sopa no café da manhã.
C - Eu confeitos. unidades convencionais e não convencionais, padronizadas e
não padronizadas.
C – Feijão, arroz.
C - Chiclete e pirulito, tia.
C - Frutas no lanche, tia. Mais uma vez a professora fez um exercí- cisamos ler o material por completo, tudo
C - Mas eu só como na hora da sobre-
C – Cuscuz. mesa, tia (...) cio de antecipações do conteúdo do texto, depende da finalidade da leitura. Assim,
a partir da capa, título e ilustrações. As ela começou explorando com os alunos o
P - Pois é, temos muitos hábitos ali- P - E esses hábitos são saudáveis? crianças com leitura mais fluente leram o sumário, com o seguinte questionamento:
mentares semelhantes, não é? Podemos comer essas coisas demais? título e o nome do autor com facilidade. “Quando vamos usar o livro para localizar
Se comermos muito desses alimentos, Feito isso, a professora perguntou para as a página que queremos ler o que fazemos?
- Mas também temos alguns hábitos ficaremos como?
aqui que não são muito legais. No café crianças sobre o que o livro iria falar. Os Onde procuramos?” Mas observou que as
da manhã o que seria um alimento não C - Com dor de barriga. alunos logo disseram que ia falar de co- crianças estavam sem entender os ques-
tão saudável? midas. Nesse momento, uma das crianças tionamentos e prosseguiu explicando que
C – Gordo. percebeu que o livro era grosso, dizendo: o sumário é a parte do livro que indica o
C – Hamburgues, tia. “Tia, esse livro é grosso, né?”. A professo- que vai ser encontrado no livro: os assun-
P - E o que mais? Como ficariam os
C – Refrigerante. nossos dentes? ra explicou que iriam escolher uma parte tos, as atividades etc., além dos números
do livro para ser lida. Com essa fala, a das páginas que facilitam a localização do
P - Pois é, o hamburguer é uma comida C - Com cárie. docente deixou implícito para os alunos que se deseja ler.
que em determinadas situações não pre-

18 unidade 05 unidade 05 19
Em seguida, em uma roda de leitura foi Nesse momento, a professora abriu o Inicialmente, procurando levantar os Durante a discussão, a professora voltava ao
lido o sumário do livro “Brinque-book com livro na página da receita escolhida e fez conhecimentos dos alunos sobre o que livro para verificar algumas das suas infor-
as crianças na cozinha”. Algumas crianças a leitura. É relevante ter em mente que o livro trata, explorou a capa e o título, mações. É importante mencionar que as
leram o sumário para escolher qual receita o termo vitaminas não está sendo refe- solicitando, sobretudo, a participação dos crianças participaram da discussão apre-
iam ler por inteiro: rência a componentes nutricionais e sim alunos que mostram mais dificuldade de sentando suas opiniões e algumas informa-
a um suco de consistência mais espessa. leitura. Ao final da leitura foram explora- ções que estavam explicadas no texto. A aula
P - Qual desses itens vocês querem ler? A professora também comentou sobre as dos os conteúdos lidos a partir dos questio- foi encerrada com a proposta de realização
C - Sucos e Vitaminas. semelhanças do texto que estava sendo namentos: de um experimento em sala de aula para
P - O que será que temos de sucos e lido com outros do mesmo gênero, receita verificar que o açúcar, juntamente com
vitaminas? culinária, que tinham trabalhado no início - Que alimentos aparecem no texto?; certas bactérias, é um dos responsáveis pela
C - Suco de abacaxi, suco de melão, do ano. Durante o resgate da estrutura do destruição do esmalte e que o flúor protege
gênero, ela percebeu que as crianças, ape- - O livro mostra alguns alimentos que o esmalte, tornando-o mais resistente.
vitamina de guaraná e vitamina dos ajudam no desenvolvimento do nosso
campeões. (Algumas crianças fizeram a sar de terem dito que para fazer a receita
leitura) corpo, que alimentos são esses?; Na aula seguinte, a professora deu conti-
é preciso saber os ingredientes, não se
- Alguns dão energia? Quais são?; nuidade ao quarto momento, lembran-
P - Qual dessas receitas vocês ficaram lembraram que é preciso também se ter o
com mais curiosidade de conhecer? do aos alunos que iriam fazer uma expe-
modo de fazer. Ainda, ao final da leitura, a - Outros alimentos permitem que riência na sala, destacando a importância
C- Vitamina dos Campeões. professora mostrou que na receita estava nosso corpo funcione de maneira
adequada, vocês lembram quais são?; de elaborarem e testarem hipóteses sobre
registrado “supersaudável” e propôs a sua
P - Como será essa vitamina, hein? a relação entre os hábitos alimentares e a
execução no dia seguinte. - E também tem alguns tipos de
C - Vitamina dos campeões, tia. saúde bucal, investigando a formação de
alimentos que ajudam a armazenar
No quarto momento, preparando a energias? Que alimentos são eles?; cáries, analisando as evidências surgidas
P - Para localizar no livro a receita da
vitamina a gente vai para que página? turma para uma experiência, a profes- no decorrer da experiência. O processo de
Será que o sumário vai ajudar? sora realizou a leitura do livro: “Estou - Quando comemos muito do mesmo elaboração de hipóteses e análise de evi-
em forma? aprendendo sobre nutrição e tipo de alimento, o que pode aconte- dências só é possível à luz de referenciais
C - Sim tia, a 53. cer?;
atividade física”. teóricos. Daí porque foi imprescindível a
- Se exagerarmos nos doces e nas leitura anterior sobre o tema. A vivência do
comidas gordurosas o que acontece?; experimento representa um aprendizado
Estou em forma? - O que é cárie? de procedimentos sobre como fazer ciên-
Aprendendo sobre nutrição e atividade física. cia. Abaixo apresentamos os textos lidos:
Autores: Claire Llewellyn e Mike Gordon.
Ilustração: Mike Gordon
Editora: Scipione, 2008
A química e a conservação dos dentes.
Autores: Roberto da Silva; Geraldo A. Luzes Ferreira; Joice de A. Baptista e Francisco Viana.
O livro demonstra o que devemos fazer para nos manter
saudáveis. Para tanto, apresenta os alimentos que neces-
É um artigo que aborda alguns aspectos da química do dentifrício, destacando sua composição
sitamos para manter o corpo inteiro sadio. Mostra o que
variada, bem como sua função na limpeza e preservação dentária e na prevenção das cáries.
o excesso de alguns alimentos, como os gordurosos e os
doces podem fazer ao nosso corpo. Fala também, como a (http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc13/v13a01.pdf), acessado em 4 de junho de 2012.
atividade física ajuda no desenvolvimento do corpo.

20 unidade 05 unidade 05 21
sílabas complexas pelos alunos que ingressaram na hipótese alfabética de escrita. Para o aluno
Os doces estragam os dentes: uma experiência. silábico-alfabético, a atividade possibilitou a observação da unidade silábica, ou seja, que uma
O texto propõe uma experiência que pode ser facilmente realizada na sala de aula para sílaba pode e na maior parte das vezes é composta por mais de uma letra.
demonstrar que o açúcar juntamente com certas bactérias é um dos responsáveis pela
destruição do esmalte do dente. Mostra também que o flúor protege o esmalte, tornando-o O quinto momento foi iniciado com a leitura do livro “Dente”.
mais resistente.

http://rinamaia2008.blogspot.com.br/2008/02/os-doces-estragam-os-dentes-uma.html,
em 4 de junho de 2012. Obras
complementares

Para dar início ao experimento, a professora diferenças ressaltadas pelas crianças e dis-
conversou com as crianças dizendo: “vamos cutiu um pouco sobre o que a ação do açúcar Dente
ser os investigadores dessa experiência, junto com algumas bactérias pode causar Texto: Ângelo Machado
Imagem: Lor e Thalma
todos os dias vamos olhar o ovo que está aos nossos dentes. No momento da produ- Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2004
com o refrigerante e o ovo que está com a ção dos cartazes educativos, os resultados do
Veja que problema tem Alice: ela precisa fazer uma tarefa sobre os dentes, mas não sabe nada sobre
pasta de dente com flúor e observaremos experimento foram retomados. isso. Quando estava pensando em como resolver seu problema, chega seu avô, um homem que sabe
as modificações e diferenças apresenta- muitas coisas. Então, ele começa a dar para Alice todas as informações de que ela precisava. De
Ainda ao final da aula, a professora realizou forma clara e divertida, o autor da obra Dente ensina as crianças sobre a importância de cuidar bem
das”. Desse modo, durante quatro dias dos dentes, assim como a anatomia deles e a comparação com os dentes de outros animais.
uma atividade de reflexão sobre o Sistema de
foram feitas observações e comparadas as
Escrita Alfabética (SEA), trabalhando com
diferenças existentes. No primeiro dia, as
um caça palavras para que os alunos locali- As crianças gostaram muito do livro e a Fez a leitura de cada imagem junto com
crianças já perceberam que o ovo que estava
zassem as palavras: frango, arroz, espinafre, professora aproveitou para, durante a as crianças e foi discutindo sobre a hi-
com o refrigerante estava ficando escuro e
cenoura, batata, abacaxi, macarrão, feijão leitura, fazer algumas perguntas com o giene bucal a partir de cada uma delas.
com rachaduras enquanto o ovo que esta-
e carne. A proposta dessa atividade ajudou objetivo de resgatar os conhecimentos Após essa leitura, a turma foi dividida em
va com dentifrício com flúor permanecia
na verificação da escrita de palavras com prévios, tais como: “se eles sabiam quais duplas, compostas por alunos com níveis
inalterado. No último dia, observaram que
o ovo com o refrigerante estava como se eram seus dentes caninos e molares e de leitura e escrita diferentes, para elabo-
a casca estivesse menos rígida. Já o outro qual seria a função de cada um”. Após a rarem cartazes também com imagens e
permaneceu com a casca intacta. Os estu- leitura, também de forma bem lúdica e legendas.
dantes apreciaram muito essa vivência e a contextualizada, a professora explorou os
Nesse momento, a professora refletiu
todo momento se mantiveram curiosos em conhecimentos adquiridos através da lei-
sobre a separação de palavras usadas na
saber o resultado do experimento. A cada tura e pediu que os estudantes, em duplas,
construção do texto, bem como, sobre
dia, observando a experiência, a profes- contassem seus dentes e observassem os
algumas regularidades ortográficas. Além
sora registrava no quadro com a ajuda dos caninos e os molares.
disso, a atividade foi muito proveitosa,
estudantes as diferenças observadas nos Dando continuidade à aula, a professo- pois permitiu que as crianças apresentas-
dois recipientes em que estavam os ovos. No ra apresentou algumas imagens com sem o que já tinham construído sobre os
final do experimento a docente retomou as legendas, relacionadas à higiene bucal. cuidados com a higiene bucal.

22 unidade 05 unidade 05 23
As produções das imagens com legendas foram coladas no mural das descober- dos na escola? Uma das crianças falou: Encerrada essa exploração, a professora
tas e a aula foi encerrada com uma leitura deleite de história em quadrinho da turma da “para ensinar as pessoas, tia”. dividiu a turma em quatro grupos: duplas
Mônica: e trios, e solicitou que eles construíssem
Observamos uma rica exploração da
seus cartazes educativos para colocar no
finalidade da produção proposta: cartazes
mural e apresentar na escola. Cada dupla
Turma da Mônica e a saúde Bucal educativos. Destacamos que essa prática é
ou trio fez um cartaz sobre cuidados com
importante porque leva o estudante não só
Uma narrativa em quadrinhos com a turma da Mônica. Mostra como Magali conseguiu se livrar a higiene bucal e/ou alimentação sau-
de uma dor de dente e o que ela precisaria fazer para cuidar dos seus dentes. Participam dessa a entender o porquê de estar fazendo uma
dável. Durante a produção, a professora
história Mônica, Cebolinha, Cascão, Franjinha e Magali. Com a leitura dos quadrinhos as crianças dada produção e se sentir motivado em
podem aprender como cuidar da saúde bucal de uma forma divertida com os personagens que foi verificando como as crianças estavam
realizar essa atividade, mas também para
tem características marcantes, Magali com apetite de leão e Cascão e sua aversão à água. organizando seus cartazes e tirando algu-
mostrar que na vida escrevemos sempre
http://www.monica.com.br/institut/s-bucal/pag6.htm (acesso em 8 junho de 2012) mas dúvidas sobre a escrita de algumas
por alguma razão, com alguma finalidade palavras, sem fazer interferências quanto à
social. organização dos textos. Ela apenas reco-
O 6º momento iniciou com uma discussão é educar, ensinar alguma ação e torná-la Após discussão sobre a finalidade do mendava que cada dupla ou trio planejasse
sobre cartaz educativo, preparando a visível a todos, ou seja, mostrar algo para gênero, os alunos foram estimulados a ob- antes de escrever como seria seu texto, o
turma para essa produção textual com o diversas pessoas. Essas reflexões foram servar as características estruturantes do que colocaria primeiro, o que colocaria
tema proposto: hábitos alimentares importantes para que as crianças enten- gênero cartaz educativo, a partir do ques- depois e assim por diante.
e saúde bucal. A professora começou a dessem o papel das suas produções serem tionamento: O que podemos encontrar de
aula fazendo junto com os alunos uma sín- expostas para toda a escola. A professora destacou que o interesse dos
parecido nesses três cartazes? alunos em realizar a produção dos cartazes
tese oral das temáticas abordadas durante
Prosseguindo nesses questionamentos, a foi grande. Os conhecimentos que foram
as aulas, levantando pontos importantes
professora perguntou onde os cartazes sendo construídos ao longo da sequência
sobre a alimentação saudável e cuidados
educativos são encontrados (contextos C - As letras são grandes. foram bem utilizados. No dia-a-dia, passou
com a higiene bucal.
de usos). As crianças ficaram caladas, mas a ser visível a preocupação do grupo com
Em seguida, apresentou três cartazes a professora lembrou que nos postos de C - Tem desenhos. os cuidados com a alimentação e a higiene
educativos da área da saúde e fez a saúde costumamos ver esses tipos de car- C - Está ensinando uma coisa? bucal. Dessa forma, embora o objetivo da
leitura deles com a turma. Aprofundan- tazes e os estudantes se empolgaram e dis- sequência didática fosse ensinar o gênero
do as reflexões sobre a finalidade desse seram que também tem nos hospitais e nos P - O que está ensinando? cartaz educativo, no processo de elaboração
gênero textual, num primeiro momento consultórios dos médicos. Tendo chamado C - Esse a cuidar dos dentes. dos conteúdos do texto, os alunos também
a professora questionou para que servem atenção para os locais onde geralmente tomaram como referência textos dos mais
esses tipos de cartazes. Uma das crianças encontramos esses cartazes, a professora C - O outro a cuidar da saúde. diversos gêneros, tais como, receitas, con-
falou que ele ensinava a cuidar da saúde. perguntou às crianças se seria interessante C - E o outro também. tos, textos expositivos, história em quadri-
A partir da fala desse aluno a professora esses cartazes serem colocados nas esco- nhos, tabelas, entre outros. Percebemos que
procurou chamar a atenção da turma sobre las, de imediato elas disseram que sim. A P - O que mais podemos observar de a partir desse trabalho os alunos desenvol-
os usos e contextos de usos do cartaz partir daí ela voltou a questionar: “Por que parecido nesses cartazes? veram habilidades importantes para a apro-
educativo. Destacou que a sua função seria legal termos esses cartazes espalha- priação de novos conhecimentos, sendo

24 unidade 05 unidade 05 25
esse um procedimento importante quando professora conduziu os questionamentos No primeiro momento, a apresentação do outros conceitos posteriormente. Indicar
se planeja uma prática voltada para o estu- apresentados a partir não só dos textos que livro “Muitas maneiras de viver” indica não uma relação entre a cultura e a paisagem
do de um gênero textual, como destacam ela selecionou para ler com seus alunos na apenas os aspectos culturais dos diferentes de determinadas localidades é muito mais
Dolz; Noverraz e Schneuwly (2004). sala de aula, mas também em função de povos, mas também a sua localização que promissor do que simplesmente dissociar
leituras individuais que fez para aprofun- estabelece uma relação com a paisagem. as duas informações.
Aqui, também, salientamos a adequação
dar os seus conhecimentos acerca do tema Por exemplo, viver em um iglu tem uma
na escolha dos materiais de leitura pela Algumas outras reflexões podem ser reali-
definido para ser trabalhado. Além disso, relação direta com a paisagem do local, da
professora e destacamos, sobretudo, a zadas a partir do relato exposto. Podemos,
o trabalho realizado, em decorrência da mesma forma que os nômades do deserto.
inclusão de três obras do acervo das “Obras por exemplo, discutir sobre outros tipos
natureza do tema estudado, incorporando Ao relacionar os diferentes modos de vida
Complementares 2010”. No entanto, de atividades ou assuntos que podem ser
outros componentes curriculares, como com a paisagem e a localização dos dife-
ainda é importante destacar que o rico foco de atenção em outras experiências
História, Geografia e Ciências, mostrou-se rentes lugares, o aluno começa a construir
trabalho da professora não se restringiu que tenham os temas enfocados por Rielda
fecundo para a aprendizagem de habilida- uma conexão entre informações que são
ao processo de letramento dos alunos, como ponto de partida.
des ligadas aos usos da linguagem oral. A normalmente apresentadas de forma isola-
mas também objetivou o processo de
participação dos alunos em situações de da (aspectos culturais são dissociados dos Entre o segundo e o terceiro momentos,
apropriação do sistema de escrita. Ela
interações orais com questionamentos, su- aspectos físicos de uma região, por exem- a lista de alimentos consumidos pelas
proporcionou atividades de apropriação do
gestões e explicações esteve bem presente plo). Mesmo que os alunos não consigam crianças poderia ser analisada não apenas
sistema, que possibilitaram, por exemplo,
na prática da professora. estabelecer as relações de forma completa, do ponto de vista da nutrição, mas tam-
o reconhecimento pelas crianças de que
o trabalho inicial será feito e eles poderão bém da origem dos alimentos naturais
as sílabas variam quanto às suas composi- Em relação à Geografia, o tema “hábitos
recuperar as informações obtidas nos anos ou industrializados. Todos os alimentos
ções, ou seja, que a estrutura consoante/ alimentares” aborda os conteúdos em duas
seguintes. industrializados trazem nos seus rótulos
vogal não é a única possível. frentes: a diversidade alimentar como
o local da produção. Uma proposta de
reflexo da cultura em diferentes regiões do Cabe aqui uma pequena pausa para digres-
Vale, ainda, salientar que para ensinar atividade interessante seria recortar os ró-
país e do mundo e a produção de alimen- são: é muito importante que o docente te-
gêneros textuais na sala de aula não basta tulos dos alimentos e localizar no mapa o
tos em diferentes localidades. Os hábitos nha consciência de como deseja apresen-
que o professor domine a estrutura com- seu estado de origem. Nessa atividade, os
alimentares de um determinado grupo não tar um determinado conceito ou ideia para
posicional do gênero e sua finalidade, alunos iriam observar que muitos alimen-
estão associados apenas ao aspecto social, os seus alunos. Muitas vezes, é preferível
é preciso também buscar informações tos consumidos são oriundos de regiões
mas também aos aspectos físicos da produ- deixar algumas lacunas abertas para que
relevantes para a elaboração do conteúdo distantes do local de consumo final. É
ção de alimentos em cada localidade. possam ser preenchidas futuramente do
informacional que o texto vai conter. A possível então conversar sobre como esses
que insistir em um conceito equivocado.
alimentos chegam até o supermercado
Um bom exemplo é quando o mapa é apre-
mais próximo deles, quais os meios de
sentado ao aluno com indicações de “em
transporte utilizados para carregar cargas
cima” e “em baixo”. Uma vez internalizada
pesadas (que são diferentes do transpor-
a ideia de que os países que estão locali-
te de pessoas). O percurso da proposta
zados na parte superior do mapa estão em
de aprendizagem pode ser resumido da
cima, o aluno carregará uma construção er-
seguinte forma:
rada que dificultará a sua compreensão de

26 unidade 05 unidade 05 27
transgenia como o uso de agrotóxicos são aprendizado de como conceber e conduzir
Hábitos alimentares = aspectos culturais = relação com a natu- questões de impacto ambiental, social, pesquisas empíricas, caracterizando um
reza/paisagem (o que se produz e onde) = localização da origem econômico e cultural. processo de ensino e aprendizagem, no qual
dos alimentos = transporte (dinâmica no espaço geográfico). diversas áreas de saber são mobilizadas.
Tais exemplos mostram, portanto, que pode-
mos tratar de assuntos relevantes com alunos Por fim, destacamos que a sistemática de
do ciclo de alfabetização. A secretaria de trabalho desenvolvida pela professora pro-
O professor poderia refletir com os es- mos no molho industrializado? Qual a desenvolvimento agrário produziu uma car- porcionou o contato e o estudo de gêneros Cartilha disponível

tudantes sobre a informação de que os diferença no sabor? Quanto tempo cada tilha com ilustrações do Ziraldo que também textuais diversos de modo que os alunos em http://www.
slideshare.net/
alimentos naturais (frutas, verduras, legu- um pode durar na geladeira? E fora dela? poderia ajudar o professor nessa discussão. tanto exploraram os textos a partir das suas moiza/produtos-
-orgnicos-4008573.
mes etc.) estragam com o passar do tempo. funções e usos sociais, como também dis-
A partir da discussão acerca das diferenças Esta ponte constituiria a base para o apro-
Assim, ao serem deslocados de uma região cutiram ideias e organizaram informações
entre alimentos industrializados e não fundamento de conhecimentos relaciona-
para outra precisam ser acondicionados apreendidas. Estes são fatores relevantes
industrializados, pode-se estabelecer a dos à compreensão acerca de quais alimen-
em embalagens apropriadas, bem como a serem considerados no planejamento
ponte para uma discussão sobre os alimen- tos são considerados saudáveis e sob quais
transportados em transporte com refrige- das atividades da professora, uma vez que,
tos saudáveis e os que não são saudáveis. circunstâncias. Concomitantemente, tais
ração. Em casa, também se faz necessário conforme observamos, puderam favorecer
reflexões também sinalizam oportunidades
cuidarmos do armazenamento adequado Também poderiam ser realizados experi- a incorporação dos alunos à comunidade
para o aprendizado acerca de como condu-
dos produtos naturais. Alguns deles, se mentos verificando o teor de vitamina C de escritores e leitores.
zir pesquisas bibliográficas, bem como o
colocados em geladeira, duram por mais encontrado em remédios e em algumas
tempo. Outros precisam ser embalados frutas, tais como laranja, limão, acerola,
antes de colocarmos na geladeira para que de modo a trazer evidências de que as
suas folhas não fiquem escuras. frutas contém mais vitamina C, substância
importante para o sistema imunológi-
Os alimentos industrializados passam por
co humano. Adicionalmente, as frutas
um tratamento no qual são adicionados
também são em geral de mais baixo custo
conservantes e corantes para que durem
que os medicamentos. Neste sentido, os
mais tempo e possam ser distribuídos
alunos, além da experimentação, pode-
por várias regiões no Brasil e no mundo.
riam também ser estimulados a comparar
Aqui também caberia uma reflexão com os
o preço das frutas com o de medicamentos.
alunos sobre como a natureza, incluindo Referências:
os alimentos, pode ser transformada pelo O uso de agrotóxicos e a manipulação de
homem. Uma atividade interessante seria sementes para a produção de alimen-
fazer o molho de tomate apenas cozinhan- tos transgênicos também poderiam ser DOLZ, Joaquim; NOVERRAZ, Michèle; SCHNEUWLY, Bernard. Sequências didáticas para
do e amassando e analisar a composição abordados, pois tais preocupações são o oral e a escrita: apresentação de um procedimento. In: SCHNEUWLY, Bernard e DOLZ,
de um molho de tomate comprado pronto. recorrentes no nosso tempo e têm relação Joaquim. Gêneros orais e escritos na escola. Campinas, São Paulo: Mercado das
Quais são os ingredientes que encontra- direta com os alimentos e a saúde. Tanto a Letras, 2004.

28 unidade 05 unidade 05 29
Os gêneros textuais na sala de aula e além de modos específicos de produção,
circulação, recepção e implicações ideoló-
vamos que, ao mesmo tempo em que ela
explora os elementos característicos dos
a apropriação de conhecimentos gicas particulares. gêneros lidos (textos didáticos, contos,
história em quadrinhos, legendas, cartazes
Em diversas situações didáticas vivencia-
Maria Helena Santos Dubeux educativos, dentre outros), sistematiza
Ana Beatriz Gomes Carvalho das pela turma do 2º ano da professora
os conteúdos presentes nos textos. Desse
em questão, é notável, a partir dos seus
modo, as produções se diversificaram
relatos, sua preocupação em estimular a
para possibilitar o registro dos conteúdos
participação das crianças instigando-as a
estudados, em função das representações
desenvolver suas habilidades argumenta-
e apresentações dos textos trabalhados
tivas, bem como, no desenvolvimento das
O relato da prática da professora Rielda Para que a leitura como objeto em sala e dos contextos de comunicação
estratégias de leitura. De acordo com Solé
discutido no segundo texto deste cader- de ensino não se afaste dema- visadas para a situação didática.
no nos mostrou como leituras diversas (1998), para que possamos compreen-
siado da prática social que se
possibilitaram ricas discussões relaciona- der o que estamos lendo, desenvolvemos Para falar do trabalho pedagógico com
quer comunicar, é imprescin- estratégias de leitura definidas pela autora gêneros textuais voltados para as turmas
das à temática que estava sendo estudada: dível “representar” e “apre-
“Hábitos alimentares e saúde bucal”. como processos cognitivos e metacogni- de alfabetização, retomamos o conteúdo
sentar”, na escola, os diversos tivos complexos, que exigem de quem lê a abordado no texto 1. Segundo Mendonça
Observamos que a mediação da professora usos que ela tem na vida social.
levou os alunos a aprenderem conteúdos habilidade de pensar e planejar durante e Leal (2005), a aprendizagem em espiral
Em consequência, cada situa- a leitura. No momento que a docente defendida por Dolz e Schneulwy concre-
do componente curricular Língua Portu- ção de leitura responderá a um
guesa e de outros componentes de forma explora os conhecimentos prévios dos tiza a retomada dos gêneros ao longo do
duplo propósito. Por um lado, estudantes, faz antecipações da leitura processo de escolarização, tratados com
integrada. um propósito didático: ensinar através da exploração das ilustrações, do novos olhares e com a descoberta de novas
Lerner (2007), ao refletir sobre as pos- certos conteúdos constitutivos título e do suporte textual e leva os alu- facetas dos mesmos. Para as autoras, a
sibilidades de leitura na escola, aponta da prática social da leitura, com nos a compreenderem o sentido geral do organização do trabalho com os gêneros
elementos que subsidiam as nossas o objetivo de que o aluno possa texto, favorecendo o desenvolvimento de textuais em cada ano escolar depende dos
reflexões acerca do trabalho com os reutilizá-los no futuro, em situ- habilidades de leitura que serão de suma objetivos pedagógicos propostos e das
gêneros na sala de aula. A autora destaca ações não didáticas. Por outro importância para alcançar os objetivos de habilidades e competências que se preten-
dois aspectos inerentes à leitura na escola. lado, um propósito comunicati- aprendizagem pretendidos. de explorar. Assim, para um trabalho com
Ao mesmo tempo em que ela é objeto de vo relevante desde a perspectiva o mesmo tema no primeiro ou terceiro ano
Dessa maneira, Brandão (2006, pp.
ensino, também se transforma em objeto atual do aluno. do Ensino Fundamental, poderíamos ter
de aprendizagem, sendo necessário que 60 – 61) atribui ao docente “a tarefa de
a leitura e produção dos mesmos gêneros Na Unidade 8 a

tenha sentido do ponto de vista do aluno, Conforme vimos no texto 1 deste caderno, propor a leitura de textos interessantes, progressão escolar
textuais, mas a atuação do educador deve e progressão de
ou seja, que cumpra uma função voltada os gêneros textuais são instrumentos cul- que tenham significado para seu grupo de aprendizagem são
levar em conta os níveis de aprofunda- alvo de discussão.
para a realização de um propósito por ele turais e cumprem determinados propó- alunos, assim como proporcionar um bom
mento requeridos em cada ano do ciclo da
conhecido e valorizado. Assim, segundo sitos comunicativos na sociedade, tendo trabalho de exploração e compreensão
alfabetização.
Lerner (2007, p. 79-80): cada um características e estilos próprios, desses textos”. No relato de Rielda, obser-

30 unidade 05 unidade 05 31
Abaixo apresentamos alguns dos direitos de aprendizagens que puderam ser explorados que exclui a carne? Ainda, os alunos podem seja na primeira série/ano escolar ou nas úl-
por meio da experiência vivenciada pela turma da professora Rielda, diferenciados por discutir sobre os meios de transporte utili- timas séries/anos do Ensino Fundamental.”
níveis de aprofundamento em cada ano de ensino: zados para transportar diferentes tipos de (p. 92). Assim, como as atividades relativas
carga, o tempo que levam, quais são as alter- ao componente curricular Língua Portu-
nativas mais adequadas, o custo do transpor- guesa, envolvendo momentos de conversa,
Direitos de aprendizagem Ano 1 Ano 2 Ano 3 te no preço final do produto etc. Também é exposições orais, leitura e escrita de textos,
Compreender e produzir textos destinados à organização e possível trabalhar a questão da industriali- análise de imagens, quadros, gráficos, pro-
socialização do saber escolar/científico (textos didáticos, notas
de enciclopédia, verbetes, resumos, resenhas, dentre outros) e à I/A I/A/C I/A/C zação dos alimentos, onde estão localizadas blemas e outras atividades possibilitaram o
organização do cotidiano escolar e não escolar (agendas, crono- as grandes indústrias alimentares, como é o estudo de conteúdos das diversas áreas de
gramas, calendários, cadernos de notas...).
processo de industrialização dos alimentos e conhecimentos, a gradação também pode
Reconhecer os assuntos de textos de diferentes gêneros, temáti-
cas e níveis de complexidade, lidos pelo professor ou outro leitor I/A A/C C sua distribuição. ser garantida no trabalho com textos mais
experiente. complexos, como a elaboração de resumos,
Como destaca Goulart (2007), “todos somos
Produzir textos de diferentes gêneros com autonomia, atendendo esquemas e resenhas.
a diferentes finalidades. I I/A A/C responsáveis pelo trabalho com linguagem,
Participar de interações orais em sala de aula (questionando, suge-
rindo, argumentando e respeitando os turnos e a vez de intervir). I/A A/C C

Dominar as correspondências entre letras ou grupos de letras e


seu valor sonoro, de modo a ler e escrever palavras formadas por I/A A/C C
Referências:
diferentes estruturas silábicas.

I – Introduzir; A – Aprofundar; C – Consolidar


BRANDÃO, Ana Carolina Perrusi. O ensino da compreensão e a formação do leitor:
explorando as estratégias de leitura. In: SOUZA, Ivane Pedrosa e BARBOSA, Maria Lúcia
Da mesma forma que defendemos a progres- outros países? Já no ano 3, a abordagem das Ferreira de Figueiredo. Práticas de leitura no ensino fundamental. Belo Hori-
são de um trabalho com os gêneros textuais atividades relacionadas com as regiões do zonte: Autêntica, 2006.
e com as atividades de apropriação do SEA, país e seu perfil agrícola, pode ser associada GOULART, Cecília. A organização do trabalho pedagógico: alfabetização e letramento
as atividades envolvendo o tema explorado a questões de meio ambiente e implicações como eixos orientadores. In: Ensino Fundamental de nove anos: orientações para
podem ser realizadas nas séries seguintes, de tais questões no nosso dia-a-dia. Alguns a inclusão da criança de seis anos de idade. Brasília: MEC, 2007.
aumentando o nível de aprofundamento das questionamentos se fazem pertinentes: Qual
questões abordadas. No ano 2, por exemplo, o custo da produção agrícola? Qual o impacto LERNER, Delia Ler e escrever na escola: o real, o possível e o necessário. Porto Ale-
os alunos podem realizar atividades relacio- da qualidade do solo após anos seguidos de gre: Artmed, 2007.
nadas com as regiões do país e seu perfil agrí- plantio de uma única espécie? O que aconte- MENDONÇA, Márcia e LEAL, Telma Leal. Progressão escolar e gêneros textuais. In: XA-
cola. Quais são os grandes estados produtores ce às mais variadas espécies animais quando VIER, Antonio Carlos dos Santos; ALBUQUERQUE, Eliana Borges Correia e LEAL, Telma
de arroz, laticínios, carne bovina, soja etc.? se desenvolve uma agricultura monocultural? Feraz (Orgs.). Alfabetização e letramento: conceitos e relações. Belo Horizonte:
Em quais regiões estão localizados? Quais Quanto de água se consome para produzir Autêntica, 2005.
são os estados que mais exportam alimentos? um quilo de carne? Quais os benefícios e os
Quais são os alimentos que importamos de malefícios para a saúde humana de uma dieta SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. Porto Alegre: Artmed, 1998.

32 unidade 05 unidade 05 33
Compartilhando e produtos, para a vida social e política dos é feito por pessoas que organizam ideias e
cidadãos. desenvolvem técnicas a serem utilizadas
na busca de elementos para construção
Estas três condições que a escola deve
do entendimento acerca do que estudam.
oferecer favorecem a garantia dos direitos
Ao se conceber a ciência como atividade
de aprendizagem que estão diretamente
humana, assume-se que fatores sociais,
Direitos de aprendizagem no ciclo de relacionados a eixos estruturantes, nor-
teadores específicos da ação pedagógica
culturais, políticos e econômicos interfe-

alfabetização – Ciências relativa ao componente curricular Ciên-


rem no processo de construção de conhe-
cimento. O terceiro eixo estruturante do
cias. Nomeadamente estes eixos são: 1)
ensino das ciências é a ‘compreensão das
compreensão conceitual e procedimental
relações entre ciência, sociedade, tec-
da ciência, 2) compreensão sociocultu-
nologia e meio ambiente’ e diz respeito à
O ensino das ciências é um direito das crianças previsto na lei das diretrizes e bases da ral, política e econômica dos processos e
utilização do conhecimento cientifico e aos
A Resolução nº 7,
educação nacional, no Art. 16 onde registra: produtos da ciência, 3) compreensão das
de 14 de dezembro desencadeamentos que o uso deste traz.
de 2010, do Con- relações entre ciência, sociedade, tecnolo-
selho Nacional de
Educação, que fixa gia e meio ambiente. Para a realização de práticas pedagógicas
§ 1º. Os currículos a que se refere o caput devem abranger, obrigatoriamente, o estudo
Diretrizes Curricula- estruturadas sob tais eixos é relevante ter-
res Nacionais para o da Língua Portuguesa e da Matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da O primeiro eixo estruturante ‘compre-
Ensino Fundamen- realidade social e política, especialmente do Brasil. mos clareza dos direitos de aprendizagem
tal de 9 (nove) anos ensão conceitual e procedimental da
pode ser lida no Há, ainda, outras referências a esse direito. No Art. 32, podemos ler: especificamente relacionados a cada um
ciência’ refere-se à obrigatoriedade da
caderno do ano 1,
O ensino fundamental, com duração mínima de oito anos, obrigatório e gratuito na escola deles, nos três primeiros anos do ensino
Unidade 8. escola proporcionar aos estudantes en-
pública, terá por objetivo a formação básica do cidadão, mediante: fundamental. Neste sentido, apresenta-
tendimento de conhecimentos científicos
I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno mos a seguir quadro com a exposição de
domínio da leitura, da escrita e do cálculo; básicos e mostrar como tais conhecimen-
tais direitos.
II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das
tos foram construídos. Portanto, envolve
artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade; tanto a compreensão de conceitos quanto a
compreensão das diversas maneiras como
tais conceitos foram produzidos. O segun-
Considerando tal direito, a escola deve (3) de se fazer uso das compreensões sobre do eixo é constituído da ‘compreensão
oferecer condições: (1) que permitam a o mundo para estabelecer a relação entre os sociocultural, política e econômica dos
elaboração de compreensões sobre o mundo conhecimentos que se produzem sobre este processos da produção do conhecimento
condizentes com as perspectivas atuais mundo e as aplicações e cientifico’. Remete-se, assim, ao trabalho
da comunidade científica, (2) de enten- produtos que tais conhe- a ser desenvolvido em sala de aula, para
dimento de que as compreensões sobre o cimentos possibilitam práticas que possibilitem o reconhecimen-
mundo são produções humanas, criadas e gerar, quanto dos efeitos to da ciência como atividade humana. Dito
influenciadas por um contexto histórico, de ambos, compreensões em outras palavras, visa-se a construção
da ideia de que o conhecimento científico

unidade 05 35
Direitos Entender que as Compreensão - Diferenciar ciência de I I/A I/A/C
Direitos
Gerais de Eixos de Ensino compreensões sociocultu- tecnologia
Específicos de
Aprendizagem das Ciências Ano 1 Ano 2 Ano 3 sobre o mundo ral, política - Perceber o papel das ci-
Aprendizagem em
em Ciências Naturais são produções e econômica ências e das tecnologias na
Ciências Naturais
Naturais humanas, dos processos vida cotidiana
criadas e in- e produtos da - Compreender a ética que
Elaborar Compreensão - Aprender como a ciência I I/A I/A/C
compreensões conceitual e constrói conhecimento so- fluenciadas por ciência. monitora a produção do
sobre o mundo procedimental bre os fenômenos naturais seus contextos conhecimento cientifico
condizentes da ciência - Entender conceitos bási- históricos, - Considerar o impacto do
com perspec- cos das ciências progresso promovido pelo
tivas atuais da - Ler e escrever textos conhecimento científico e
comunidade em que o vocabulário da suas aplicações na vida, na
científica. ciência é usado sociedade e na cultura de
- Interpretar textos cien- cada pessoa
tíficos sobre a história e a - Compreender que o saber
filosofia da ciência científico é provisório, sujei-
- Perceber as relações to a mudanças.
existentes entre as infor- - Utilizar o conhecimento
mações e os experimentos científico para tomar deci-
adquiridos e desenvol- sões no dia-a-dia.
vidos por cientistas e - Desenvolver posição criti-
o estabelecimento de ca com o objetivo de identi-
conceitos e teorias ficar benefícios e malefícios
- Relacionar as informa- provenientes das inovações
ções científicas lidas com científicas e tecnológicas.
conhecimentos anteriores - Compreender a maneira
- Possuir conhecimentos como as ciências e as tecno-
sobre os processos e logias foram produzidas ao
ações que fazem das ciên- longo da história.
cias um modo peculiar de
se construir conhecimento
sobre o mundo Fazer uso da Compreensão - Conhecer a natureza da I I/A I/A/C
- Identificar as fontes compreensão das relações ciência entendendo como
válidas de informações sobre o mundo entre ciência, os conhecimentos são pro-
científicas e tecnológicas para estabele- sociedade, tec- duzidos e suas implicações
e saber recorrer a elas cer a relação nologia e meio para a humanidade e o meio
- Aprender a tecer rela- entre o conhe- ambiente. ambiente.
ções e implicações entre cimento que se - Considerar como a ciência
argumentos e evidencias produz sobre e a tecnologia afetam o bem
- Aprender a planejar este mundo e estar, o desenvolvimento
modos de colocar co- as aplicações e econômico e o progresso
nhecimentos científicos produtos que tal das sociedades.
já produzidos e ideias conhecimento - Reconhecer os limites da
próprias como suposições possibilita gerar, utilidade das ciências e das
a serem avaliadas (hipóte- quanto dos efei- tecnologias para a promo-
ses a serem exploradas) tos de ambos ção do bem estar humano
- Desenvolver raciocínio compreensão e e para os impactos sobre o
lógico e proporcional produtos, para meio ambiente.
- Aprender a seriar, organi- a vida social - Participar de situações
zar e classificar informa- e política dos em que os conceitos e
ções cidadãos. procedimentos científicos,
- Elaborar perguntas e juntamente com as refle-
aprender como encontrar xões sobre a natureza ética
conhecimentos científicos da ciência são mobilizados
já produzidos sobre o para direcionar tomadas de
tema em questão posição acerca de situações
- Estimular o exercício sociais atuais e relevantes.
intelectual

36 unidade 05 unidade 05 37
Direitos de aprendizagem no ciclo de Hábitos alimentares e saúde bucal
Professora: Rielda Karyna de Albuquerque
alfabetização – Geografia
Na lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional, no Art. 16, registra-se que todas as
áreas de conhecimento constituem direitos de aprendizagem das crianças:
Componentes curriculares:
§ 1º. Os currículos a que se refere o caput devem abranger, obrigatoriamente, o estudo Língua Portuguesa, Ciências, Geografia e História.
da Língua Portuguesa e da Matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da
realidade social e política, especialmente do Brasil.
Objetivos específicos:
Nesse sentido, a Geografia, como componente curricular, colabora para a garantia do - Refletir sobre os hábitos alimentares articulando com as medidas de
acesso aos conhecimentos do mundo físico e natural e da realidade social e política. higiene bucal;
- Reconhecer diferentes maneiras de viver a partir dos costumes e
hábitos alimentares;
- Comparar hábitos alimentares e identificar a presença de frutas, legu-
Direitos gerais de aprendizagem: Geografia Ano 1 Ano 2 Ano 3 mes e verduras (ou não) na dieta alimentar das pessoas;
Reconhecer a relação entre sociedade e natureza na dinâmica - Produzir tabela;
do seu cotidiano e na paisagem local, bem como as mudanças ao I I/A/C I/A/C - Compreender o que a cárie pode fazer com os dentes;
longo do tempo.
- Identificar os principais fatores cariogênicos;
Descrever as características da paisagem local e compará-las com
as de outras paisagens. I/A A/C A/C - Antecipar sentido do texto a partir do suporte textual, título e ilustra-
ções;
Conhecer e valorizar as relações entre as pessoas e o lugar: os
elementos da cultura, as relações afetivas e de identidade com o I/A A/C A/C - Identificar informações explícitas no texto;
lugar onde vivem. - Fazer inferências;
Ler, interpretar e representar o espaço por meio de mapas simples. I I/A/C I/A/C - Reconhecer a importância das legendas para a compreensão das
Reconhecer os problemas ambientais existentes em sua comuni-
imagens;
dade e as ações básicas para a proteção e preservação do ambien- I I/A/C I/A/C - Reconhecer a finalidade do gênero textual cartaz educativo;
te e sua relação com a qualidade de vida e saúde.
- Ler cartazes educativos, reconhecendo suas características e sentidos;
Produzir mapas, croquis ou roteiros utilizando os elementos da - Produzir cartaz educativo;
linguagem cartográfica (orientação, escala, cores e legendas). I I/A/C I/A/C
- Estabelecer relação entre unidades sonoras e representações gráficas;
Ler o espaço geográfico de forma crítica através das categorias
lugar, território, paisagem e região. I I/A I/A/C - Identificar a separação entre as palavras (espaços) na construção do
texto;
Identificar as razões e os processos pelos quais os grupos locais e a
sociedade transformam a natureza ao longo do tempo, observando I I/A I/A/C
as técnicas e as formas de apropriação da natureza e seus recursos.

I – Introduzir; A – Aprofundar; C - Consolidar.

38 unidade 05 unidade 05 39
Situações Didáticas: fazer reflexão sobre a sílaba inicial do título, para localizar a obra.
Fazer exploração da capa do livro: antecipações do texto a partir do
1º momento: apresentar o livro “Muitas maneiras de viver!”
título e das ilustrações. Iniciar a leitura mostrando as ilustrações
Fazer antecipações antes da leitura a partir do título e das ilus- para as crianças, questionando sobre o conteúdo do livro. A partir
trações da capa. Fazer a leitura coletiva e, em seguida, conversar da tabela de alimentos e das receitas mais frequentes nos hábitos
Obras sobre o texto. Levantar os conhecimentos prévios das crianças alimentares das crianças, fazer uma discussão. Propor um EXPE-
complementares
sobre a temática do livro. Dinamizar uma discussão direcionada RIMENTO para verificar o que a cárie pode fazer com os dentes,
para aspectos mencionados no livro: moradias; costumes; rituais; baseado nos textos: “Os doces estragam os dentes – uma experiên-
padrões culturais; hábitos alimentares; brincadeiras. Refletir so- cia” (http://rinamaia2008.blogspot.com.br/2008/02/os-doces-
bre a importância das diferentes formas de viver para a construção -estragam-os-dentes-uma.html), (http://qnesc.sbq.org.br/online/
da identidade cultural dos grupos sociais e da sociedade. qnesc13/v13a01.pdf).
2º momento: Retomar o momento anterior da leitura e realizar 5º momento: Fazer questionamentos sobre os cuidados com os
discussão direcionada para os hábitos alimentares. Apresentar dentes. Registrar no quadro os cuidados mencionados pelas crian-
proposta de confecção de um mural das descobertas sobre os hábi- ças, apresentar o livro: “Sorriso alegre: os amigos da boca” ou “Den-
tos alimentares da turma e suas influências para a saúde. Propor, te” (Obras Complementares) e fazer a leitura da primeira parte (até
a partir das descobertas registradas, a construção de cartazes a página 8). Levantar os conhecimentos prévios dos alunos sobre os
informativos e educativos sobre hábitos saudáveis e higiene bucal cuidados com os dentes. Apresentar imagens de pessoas realizando
para apresentar para as outras turmas da escola. Pedir aos alunos sua higiene bucal. Dividir a turma em duplas e distribuir imagens
que pesquisem em casa os alimentos mais frequentes nas suas de crianças e adultos cuidando dos dentes. Fazer a leitura das ima-
refeições do dia-a-dia e receitas das comidas que compõem sua gens com as crianças e em seguida pedir para construírem legendas
dieta alimentar. Elaborar ficha para pesquisa. para cada imagem. Socializar no grande grupo e colar no mural das
descobertas. Propor a construção de uma nova tabela que indique a
3º momento: Trabalhar com alimentos e receitas mais fre-
frequência de escovação dos dentes da criança.
quentes no dia-a-dia. Fazer a leitura deleite: “Brinque-book com
as crianças na cozinha” . Retomar o momento anterior: socializar 6º momento: Fazer a Leitura deleite: Dente! (Obras Comple-
a pesquisa sobre os alimentos mais frequentes nas refeições mentares) ou continuação da leitura do livro “Sorriso alegre: os
Obras
complementares e dieta alimentar do dia-a-dia das famílias. Listar no quadro amigos da boca” (p. 8 - 17) açúcar e frutose. Retomar o momento
os tipos de alimentos e receitas. Construir uma tabela com os anterior sobre os cuidado com os dentes, lendo com os alunos as
alimentos mais frequentes na dieta alimentar dos alunos para legendas produzidas na aula anterior. Relembrar a intenção de
colocar no mural. Observar, com os alunos, as comidas mais estudar um pouco mais sobre a higiene bucal e a importância da
presentes no dia-a-dia. construção de um cartaz educativo. Apresentar um cartaz educativo
e fazer a interpretação oral com as crianças, destacando os seguin-
4º momento: Levar as crianças para uma área livre e pedir que
tes pontos: assunto discutido no cartaz; a leitura das imagens; como
cada uma escolha um livro. Perguntar quem pegou o livro cujo título
está organizado o cartaz e as suas características. Dividir a turma
é: “Estou em forma: Aprendendo sobre nutrição e atividade física”.
em grupos e apresentar um cartaz educativo retalhado (imagens e
Caso a criança que pegou o livro ainda não esteja no nível alfabético

40 unidade 05 unidade 05 41
instruções educativas) para o grupo organizar. Socializar as mon-
Aprendendo mais
tagens, questionando sobre a estrutura do cartaz.
7º momento: Apresentar um texto que discuta as técnicas de
escovação, o uso do antisséptico bucal e do fio dental. Realizar
atividade de compreensão textual e escrita em duplas (alfabético

1.
com silábico alfabético). Retomar com os alunos a atividade de Leitura e produção de textos na alfabetização.
compreensão anterior e levá-los a fazer as técnicas de escovação; BRANDÃO, Ana Carolina P.; ROSA, Ester (org.) Leitura e produção de textos na
alfabetização. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.
uso do fio dental e antisséptico bucal. (Disponível em: http://www.ufpe.br/ceel/e-books/Leitura_Livro.pdf).

8º momento: Fazer a leitura deleite da música “Ratinho esco-


vando os dentes – Castelo Ra-Tim-Bum” (Disponível em: letras. O livro mostra que a literatura acadêmica tem respaldado uma mudança de enfoque no en-
mus.br/castelo-ra-tim-bum/1127537/). Retomar a atividade an- sino da leitura e escrita de textos no processo de alfabetização. Recomenda uma integração,
terior, relembrando o que é preciso para manter a higiene bucal. desde as fases iniciais, entre atividades de reflexão acerca do Sistema de Escrita Alfabética
Retomar a finalidade da produção do cartaz educativo e apresentar e o contato intenso com a produção e leitura de textos diversificados. Partindo da ação e
exemplos desse gênero. Produzir o cartaz educativo com as crian- reflexão de docentes sobre o processo de alfabetização dos seus alunos, o livro representa um
ças. Registrar no quadro o que os alunos observaram e em seguida rico material teórico que reflete sobre a integração da apropriação do sistema de escrita ao
discutir a importância da higiene bucal e os hábitos alimentares. trabalho com diversos gêneros textuais, em sala de aula. Depoimentos e registros da prática
desses professores subsidiam reflexões sobre o trabalho com textos literários; textos que
9º momento: Reproduzir o cartaz educativo para colocar na ajudam a organizar o dia-a-dia; textos jornalísticos; cartas e textos instrucionais.
escola. Apresentar o mural das descobertas para as outras turmas.

2.
Alfabetização linguística da teoria à prática.
BIZZOTTO, Maria Inês; AROEIRA, Maria Luisa e PORTO, Amélia. Alfabetização
linguística da teoria à prática. Belo Horizonte: Dimensão, 2009.
(Acervo do PNBE do Professor 2010)

A obra aborda os temas alfabetização e letramento, de forma integrada, com reflexões


teóricas, sugestões de atividades práticas e exemplos de produções infantis. Discute sobre
o processo de aprendizagem, tendo como referência as teorias de Piaget e Vygotsky. Base-
ado em Emília Ferreiro, o livro aborda a apropriação do Sistema de Escrita Alfabética, com
exemplos e análises de escrita de crianças, além de apresentar situações de ensino em que
a escrita é aprendida para ser utilizada em situações significativas. Trata também de temas
como o papel do professor enquanto mediador; o ambiente alfabetizador; o trabalho com tex-
tos diversos orais e escritos na escola e a avaliação como diagnóstico e base para o trabalho
pedagógico.

42 unidade 05
Sugestões de atividades
3.
Produção textual, análise de gêneros e compreensão.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreen-
são. São Paulo: Parábola, 2008.
(Acervo do PNBE do Professor 2010)
para os encontros em grupo

A obra trata do ensino da língua materna, tomando como base uma perspectiva sociointe- 1º momento (4 horas)
racionista e cognitiva dos fenômenos linguísticos. O livro é organizado em três partes. Na
primeira, o objeto de estudo é o processo de produção textual ou a textualização, o autor
1 – Ler texto para deleite: “Pêra, uva ou
considera a língua como um sistema verbal, heterogêneo, vinculado aos contextos sociais. A maçã”. Roseane Murray
segunda parte analisa o conceito de gênero textual, a partir de propostas como a de Schneu-
wly, Dolz e Bronckart, para o ensino de língua materna baseado no trabalho com gêneros.
Analisa ainda como os Parâmetros Curriculares Nacionais abordam o conceito de gênero e 2 – Socializar as atividades com jogos sugeridas na uni-
reflete sobre propostas para o ensino desse conteúdo. A última parte se volta para a leitura e dade 4.
compreensão, processos desenvolvidos coletivamente no ambiente em que as pessoas estão 3 - Analisar os quadros de acompanhamento da apren-
inseridas. O autor enfoca também as noções de inferência e sentido literal, além da questão dizagem, em pequenos grupos, para identificar os prin-
da compreensão de textos em livros didáticos. cipais avanços e dificuldades em cada turma; planejar
estratégias para ajudar as crianças a avançarem,
4 – Fazer leitura compartilhada da seção “Iniciando a
Produção de textos na escola reflexões e práticas no conversa”.

4.
ensino fundamental. 5 – Ler em grupo o texto 1 (Por que ensinar gêneros
LEAL, Telma Ferraz e BRANDÃO, Ana Carolina Perrusi (Orgs.). Produção de
textos na escola reflexões e práticas no ensino fundamental. Belo Horizonte: textuais na escola?); discutir a questão: Por que é impor-
Autêntica, 2006. (Disponível em: http://www.ufpe.br/ceel/e-books/Produ- tante a escola trabalhar com gêneros textuais?; montar
cao_Livro.pdf). um cartaz que exemplifique uma situação de ensino de
um gênero textual, identificando os direitos de aprendi-
O livro aborda o ensino da escrita de textos baseado em questões debatidas com professores em zagem contemplados; socializar as reflexões.
encontros de formação continuada. Dentre esses questionamentos, destaca-se a preocupação
com o desenvolvimento do gosto pela escrita, ou seja, o que fazer para o aluno gostar de escrever. 2º momento (4 horas)
Partindo de uma perspectiva sociointeracionista, as autoras apontam para a importância de se
trabalhar com a escrita como instrumento de comunicação, de modo que, na escola, o aluno faça
uso dos diversos gêneros textuais como existem na sociedade. Os oito capítulos que compõem a 1 – Ler texto para deleite: “O sanduíche da Mari-
obra buscam tratar de questões comuns ao dia-a-dia do professor, apresentando fundamentação cota” Avelino Guedes
teórica e encaminhamentos didáticos ligados à produção de textos na sala de aula.
2 – Ler o texto 2 (Registro e análise da prática no 2º ano
do Ensino Fundamental: os textos na sala de aula) em
grupos (cada grupo lê dois momentos seguidos do re-
lato da professora, para identificar os gêneros textuais

44 unidade 05 unidade 05 45
trabalhados em sala pela professora e analisar sua im- (tarefa de casa e escola); discutir e registrar as conclu-
portância para o estudo do tema proposto; refletir sobre sões do grupo quanto: a) às relações entre as situações
a mediação da professora durante a vivência das ativida- de leitura e produção de textos e o estudo do tema pro-
des; socializar as reflexões por meio de cartazes. posto; b) aos eixos de ensino trabalhados e às relações
de interdisciplinaridade entre os componentes curricula-
res Língua Portuguesa, Ciências e Geografia; c) ao que os
3 - Analisar os quadros de aprendizagem de alunos aprenderam; elaborar um cartaz com as conclu-
Ciências e Geografia (metade da turma analisa sões gerais do grupo; socializar as conclusões dos grupos
o quadro de um componente e a outra metade em grande grupo.
fica responsável pelo outro) e planejar uma 3 - Discutir sobre os textos da seção Aprendendo mais,
aula que contemple alguns conhecimentos/ com base nas questões elaboradas.
habilidades citados nos quadros; analisar se
a aula também contempla conhecimentos e 4 - Ler o texto 3 (Os gêneros textuais na sala de aula e a
habilidades relativos ao componente curricular apropriação de conhecimentos); fazer uma síntese, em
Língua Portuguesa, utilizando o livro didático e forma de esquema, das principais aprendizagens realiza-
algum livro do PNLD Obras Complementares. das na unidade 5.
5 - Assistir ao programa Para ser cidadão da cultura
4 - Assistir ao Programa “Literatura e temas transver- letrada. (Série Letra Viva; 07) (Disponível em http://
sais”, da TVE, com assessoria de Elizabeth Serra. www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.
do?select_action=&co_obra=47208)

Tarefa (para casa e escola):


- Planejar uma sequência didática ou projeto didático
que se articule com a aula planejada no segundo mo-
mento; desenvolver a sequência ou projeto.
- Ler um dos textos da seção Aprendendo mais, elaborar
uma questão para discussão no encontro seguinte (deci-
dir coletivamente qual texto será discutido).

3º Momento (4 horas)

1 – Ler texto para deleite: “Sorriso


alegre: os amigos da boca” .

2 – Socializar, em grupos, as experiências vivenciadas


com base na sequência ou projeto didático planejado

46 unidade 05 unidade 05 47
48 unidade 05 unidade 05 49

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