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3 Rochas Solos PDF
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2006/2007
FUNDAMENTOS DE GEOTECNIA Cap. 3 - INTRODUÇÃO À DESCRIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE ROCHAS
ÍNDICE
1. DEFINIÇÕES....................................................................................................................... 2
3. CLASSIFICAÇÃO DE ROCHAS......................................................................................... 4
3.1 Classificação geológica-litológica .................................................................................. 4
3.2 Conceito de maciço rochoso.......................................................................................... 6
3.3 Descrição e classificação de maciços rochosos ............................................................ 7
III-1
FUNDAMENTOS DE GEOTECNIA Cap. 3 - INTRODUÇÃO À DESCRIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE ROCHAS
SUMÁRIO
1. DEFINIÇÕES
Os terrenos foram já anteriormente definidos como sendo “os materiais naturais que
englobam os solos e as rochas” (LNEC, 1962). Importa pois fazer agora a distinção entre
estes dois tipos de materiais.
Segundo Vallejo (2002) “rochas são agregados naturais duros e compactos de partículas
minerais com fortes uniões coesivas permanentes que habitualmente se consideram um
sistema contínuo.” A proporção dos diferentes minerais, a estrutura granular, a textura e a
origem da rocha, características intrinsecamente geológicas, servem também para a sua
classificação em termos de engenharia.
Por sua vez “solos são agregados naturais de grãos minerais unidos por forças de contacto
normais e tangenciais às superfícies das partículas adjacentes, separáveis por meios
mecânicos de pouca energia” (e que convencional e tradicionalmente se designa por
“agitação em água”).
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Modernamente devem ainda ser considerados os solos antrópicos, solos não naturais,
provenientes da actividade humana, de composição heterogénea, e por isso difíceis de
caracterizar. Eles formam grande parte do subsolo das grandes cidades (em aterros,
demolições).Só na Europa são produzidos 300 milhões ton/ano de resíduos da construção e
demolição, estimando-se um bilião de toneladas/ano em todo o mundo. Quanto aos
resíduos sólidos urbanos, só em Portugalproduzem-se cerca de 4,5 milhões ton/ano,
correspondendo a uma capitação superior a 1kg/pessoa/dia.
Como se depreende do atrás exposto, existe uma apreciável “zona de sombra ”onde caem
os chamados “terrenos de transição”. Nesta zona de transição estariam os denominados
solos duros e rochas brandas. Um critério bastante usado para o estabelecimento dos
limites entre solos e rocha é o valor de resistência à compressão uniaxial3. Esses valores
têm vindo a descer até 1,25 MPa, à medida que a investigação em rochas extremamente
brandas tem vindo a desenvolver-se (Vallejo, 2002).
Estes terrenos foram anteriormente classificados por M. Rocha (1977) como “materiais de
baixa resistência” ou “rochas de baixa resistência” e ocupam para um conjunto de
propriedades mecânicas uma posição intermédia entre os solos e as rochas, como se pode
depreender da Tabela seguinte (adaptado de Rocha, 1977).
1
A alteração é o mais poderoso dos processos tempo-dependentes a actuar sobre os maciços
rochosos, razão porque se dará um destaque particular a esta matéria mais adiante.
2
Em muitos casos é difícil de traçar o limite entre estes e a rocha-mãe.
3
Máximo esforço que suporta um provete normalizado antes de romper ao ser carregado axialmente
em laboratório
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3. CLASSIFICAÇÃO DE ROCHAS
Quando se pretende fazer o estudo dos terrenos interessados num problema de Engenharia
é normal iniciá-lo pela sua classificação geológica, ou litológica. Estas classificações, que
aportam informação sobre a composição mineralógica, a textura e o fabric das rochas e a
predominância de certos minerais nas respectivas formações geológicas são importantes
em virtude da sua informação implícita. R. Oliveira (1981) cita o caso dos calcários, em que
a simples designação alerta para a possibilidade de ocorrência de fenómenos de dissolução,
responsáveis por eventuais cavidades propiciadoras de instabilidade por subsidência para
as mais variadas obras de engenharia.
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Existem ainda alguns tipos especiais de rochas sedimentares que merecem ser referidos: é
o caso das rochas residuais, em particular as que se formam em climas tropicais, como a
bauxite e a laterite, que apresentam propriedades específicas importantes, não só do ponto
de vista económico como geotécnico.
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Pela sua importância e especificidade as argilas terão um tratamento particular nesta disciplina.
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Um maciço rochoso pode ser concebido como uma entidade constituída por duas parcelas:
Ao definir-se maciço rochoso como uma entidade composta por duas parcelas – o “material-
rocha”, por oposição às descontinuidades que o compartimentam, é-se levado a pensar,
intuitivamente, que o “material-rocha” é um meio sólido contínuo, homogéneo, isótropo e
elástico, condições que raramente correspondem às características reais dos materiais
rochosos5.
Esta estrutura “em blocos” confere uma natureza descontínua aos maciços rochosos. Por
outro lado a presença de descontinuidades sistemáticas com determinada orientação, como
os planos de estratificação, ou superfícies de laminação, implica um comportamento
5
Com efeito, Griffith (in Mello Mendes, 1967), ao partir da necessidade de explicar o facto de que as
resistências determinadas na prática para materiais frágeis são muito mais baixas do que as
calculadas por via teórica, considera que o “material-rocha”, longe de ser um meio contínuo,
homogéneo e isótropo, contem sempre micro-descontinuidades, fissuras e poros, a partir dos quais
se pode iniciar a rotura.
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Um dos parâmetros mais fáceis de descrever, mas também dos mais importantes, é o
estado de alteração de um maciço rochoso, da forma como se apresenta na Tabela
seguinte:
Outros parâmetros de simples observação podem ser usados para a classificação expedita
dos maciços rochosos. A Sociedade Internacional de Mecânica das Rochas (SIMR) propôs
em 1981 a Descrição Geotécnica Básica (Basic Geotechnical Description – BGD) composta
pelas seguintes classificações:
6
Ou seja, as propriedades (mecânicas e outras) variam segundo a direcção considerada.
7
Não se desagrega em contacto com a água
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Do inglês: layer
9
Do inglês: strength
10
Do inglês: weathering
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Fc
σc =
A
A porosidade (n) é a relação entre o volume ocupado pelos vazios ou poros da rocha (Vv) e
o volume total (V):
Vv
n=
V
A porosidade pode variar entre 0 e 90%, com valores normais entre 15 e 30%. A porosidade
normalmente é inversamente proporcional à idade geológica e directamente proporcional ao
grau de alteração. As rochas sedimentares detríticas, a par de algumas rochas vulcânicas e
de rochas muito alteradas apresentam os maiores valores. As rochas utilizadas para como
materiais de construção, especialmente as rochas ígneas, costumam apresentar valores
muito baixos, próximos de zero. Os calcários com mais de 10% de porosidade são
normalmente rejeitados na produção de agregados.
O peso específico da rocha, ou peso por unidade de volume, depende dos seus
componentes. As rochas, mais do que os solos apresentam uma grande variação nos
valores do peso específico. As rochas ígneas de composição básica apresentam os maiores
pesos específicos.
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Tabela 9 - Valores médios de resistência à compressão uniaxial para rochas (adapt. e modif. de
Vallejo et al, 2002)
Rocha
σc Peso específico Porosidade
(MPa) (g/cm3) (%)
Andesito 210 - 320 2,2 - 2,35 10 - 15
Basalto 150 - 215 2,7 - 2,9 0,1 - 2
Calcário 80 - 140 2,3 - 2,6 5 - 20
Quartzito 200 - 320 2,6 - 2,7 0,1 - 0,5
Diorito 180 - 245 2,7 - 2,85 0,2 - 1,0
Dolomito 200 - 300 2,5 - 2,6 0,5 - 10
Gabro 210 - 280 3,0 - 3,1 0,1 - 0,2
Granito 170 - 230 2,6 - 2,7 0,5 - 1,5
Grauvaque 180 2,8 3
11
Utiliza-se vulgarmente uma solução de sulfato de sódio ou magnésio.
12
Conjunto de operações que visam determinar a natureza e as características dos terrenos em
profundidade e proceder à colheita de amostras para ensaios de laboratório.
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Mas o estudo dos testemunhos das sondagens pode também dar informações relevantes no
que se refere ao estado de fracturação. No intuito de englobar num só os dois critérios –
alteração e fracturação – foi desenvolvido um sistema de classificação, baseado na
percentagem de recuperação, que se designou por RQD14 (rock quality designation) e que
se apresenta na tabela 10.
13
Percentagem de recuperação (% rec) = 100 x Σ comprimento dos tarolos / comprimento da
furação, medido por manobra (isto é, por cada trecho furado).
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RQD (%) =100 x Σ comprimento dos tarolos ≥ 10cm / comprimento da furação, por manobra
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Introdução
Como se referiu anteriormente, as rochas são materiais extremamente úteis nas realizações da Engenharia Civil,
nomeadamente enquanto materiais de construção, contudo, muitas delas são susceptíveis à alteração, podendo
acarretar graves problemas em obra.
Sendo a água o grande agente de alteração das rochas, interessa estudar o modo como os materiais a
absorvem, assim como a forma como a perdem. A água é transportada pelo espaço poroso interconectado e
com ligação à superfície, assim como por fracturas e/ou descontinuidades no seio do material rochoso.
A ascensão de água ao longo de capilares, ou seja de tubos de pequeno diâmetro, resulta da tensão superficial
na interface ar-água.
A água é um líquido que molha as paredes dos tubos (ao contrário do mercúrio) e por isso sobe e forma no
interior dos mesmos meniscos côncavos. A tensão superficial ocasiona um diferencial de pressão entre os lados
côncavo e convexo do menisco, sendo superior no primeiro.
Considerando uma bolha (esfera) de gás num líquido, cortando-a por um plano diametral imaginário, vem que o
diferencial de pressão tende a afastar os dois hemisférios. Porém este movimento é contrariado pela tensão
superficial perimetral nos dois hemisférios, permitindo o equilíbrio entre o excesso de pressão que os afasta e a
tensão superficial que os junta.
Assim, fazendo um balanço de forças vem para a força do excesso de pressão P, sendo r o raio da esfera:
Fp = π r2P
A força que actua pela tensão superficial T perímetral (circunferência) é:
FT = 2πrT
No equilíbrio: π r2P = 2πrT
2T
Logo: P=
r
Analisando as tensões num menisco formado num tubo capilar, temos na figura 1:
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Sendo:
a, o raio do menisco,
r
Como a=
cos θ
Surge a Equação de Laplace para a pressão capilar:
P=
2σ cos θ
r
Se a água subir até o seu peso equilibrar a tensão superficial, a altura da ascensão capilar (hc), vem:
hc = 2T cos θ
rγ w
Exprime que a altura da ascensão capilar é inversamente proporcional aos raios dos capilares.
A água não ascende até uma altura “infinita”, num capilar de raio infinitesimal porque a força da gravidade faz
sentir a sua acção preponderante. Em paredes de alvenaria (por exemplo, de pedra) não ultrapassa alguns
metros de altura.
B) Secagem
O processo de evaporação de água pela superfície de uma amostra de rocha saturada ocorre por um
mecanismo de difusão, que se traduz no transporte de moléculas de água (sob a forma de vapor) no ar.
Assumindo um meio rochoso isótropo, em que o transporte das moléculas de água ocorre segundo movimentos
aleatórios, admitindo-se uma transferência unidireccional resultante das diferenças de concentração no meio, o
respectivo gradiente vem:
dC
dx
sendo,
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dC
q=-D (1ª Lei de Fick)
dx
A evolução ao longo do tempo da concentração da substância água no interior da rocha até o equilíbrio ser
atingido, ou seja a equação de balanço material é dada por:
∂C = D ∂ 2 C
(2ª Lei de Fick)
∂t ∂x 2
O gráfico seguinte (Figura 2) mostra a evolução da secagem numa amostra de rocha. Neste observa-se o teor
de água ao longo do tempo.
Ponto crítico
0
0
t (h)
• Fluxo de regime constante, inicial, em que a frente líquida se encontra em contacto com a superfície
exterior e a variação de massa da amostra no tempo é linear. A amostra encontra-se ainda saturada de
um modo uniforme ao longo de toda a sua espessura.
• Fluxo de regime decrescente, em que a quantidade de água no interior da amostra deixa de ser
suficiente para que a frente líquida permaneça em contacto com a superfície. A amostra deixa de estar
saturada, ocorre recuo da frente líquida, a superfície exterior seca e a difusão do vapor de água
processa-se em profundidade. A perda de massa da amostra decorre segundo a raiz quadrada do
tempo.
• Um último regime de fluxo constante, com taxas de evolução no tempo diferentes das do regime inicial.
Designa-se por ponto crítico, o ponto do gráfico de secagem que assinala a transição do troço inicial recto para o
troço curvo, ou seja que assinala a mudança do regime de fluxo constante para o regime de fluxo decrescente.
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Barton, N.; Lien, R. & Lunde, J. (1974) – “Engineering classification of rock masses for the
design of tunnel support”. Rock Mechanics, vol. 6, (4), pp. 189-236.
Deere, D.U. and Deere, D.W. (1988) – “The Rock Quality Designation (RQD) Index in
Practice. Rock Classification Systems for Engineering Purposes”. Kirkaldie, L., ed. ASTM
STP 984. 91-101. Philadelphia, Pennsylvania: American Society for Testing and Materials.
ISRM (1981) – “Basic Geotechnical Description of Rock Masses”. Int. J. Rock Mech. Sci. &
Geomech. Abstr., 18:85-110.
Rocha, Manuel (1977) – “Alguns problemas relativos à mecânica das rochas dos materiais
de baixa resistência”. Lisboa, Laboratório Nacional de Engenharia Civil, 25 p. (Memória
491).
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