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A Controvérsia Marginalista foi um debate muito acirrado que se deu nas revistas econômicas
na década de 40. Um conjunto de autores critica a Teoria Convencional da Firma e outro
conjunto tenta defendê-la.
Pressuposto básico da Teoria Convencional da Firma: empresas maximizam lucros (fazem Rmg
= Cmg). Os críticos vão questionar se esse pressuposto é válido ou não, sendo que toda a
Teoria da Firma é construída a partir desse pressuposto. Há diversos outros pressupostos que
também são feitos, como concorrência perfeita etc., porém eles não entrarão no debate.
Rmg = Cmg → Regra Marginalista de Decisão para a maximização dos lucros (é daí que sai o
nome de controvérsia marginalista).
Críticas:
1. Alguns defendem que as empresas não conhecem a função de receita marginal (Rmg),
porque eles não sabem como os agentes e nem como as outras firmas reagirão.
Defendem ainda que as empresas também não conhecem a função de custo marginal
(Cmg), posto que o processo produtivo é muito complexo, de modo que a empresa
não conhece, na margem, o seu custo. Ou seja, esse grupo de críticos defende que as
empresas não conhecem a função de Cmg nem a de Rmg, de modo que as firmas não
maximizam lucro, posto que elas não tem como saber qual é a relação preço x
quantidade que maximiza o lucro. As empresas buscam lucro, mas não o maximizam.
2. Bearle & Means fazem uma análise a respeito de empresas de capital aberto, onde a
gestão é separada da propriedade. Eles defendem que o gestor, dado que não é o
proprietário, pode se preocupar com outros fatores que não sejam a maximização do
lucro (objetivo que seria buscado se fosse o proprietário). O gestor pode almejar o
crescimento da firma etc., de modo que as empresas não maximizam lucro.
3. Outros criticam outros pressupostos, como a livre entrada, produto homogêneo etc.
Normas Sociais
Racional Irracional
Otimização Racionalidade
Limitada
Continuação da classificação:
Processo
Resultados
de Decisão
Definição e Pressupostos: O agente tem Racionalidade Limitada quando busca ser racional,
mas não possui capacidade de maximizar a sua função objetivo. Há 3 situações onde se vê
Racionalidade Limitada: quando há limites cognitivos (os agentes possuem limites na sua
capacidade de coletar e processar informações); quanto as situações são complexas (processo
decisório complexo); e quando existe incerteza (desconhecimento das probabilidades de
ocorrência de eventos futuros).
Para poder definir como um agente toma uma decisão, é necessário definir uma função
objetivo. Como as decisões são complexas, dificilmente tem-se essa função objetivo. Dentro
de uma firma há diversas decisões sendo tomadas a partir de um conjunto de submetas.
Simon defende que as firmas tomam decisões a partir de submetas (que devem ter alguma
relação causal sobre a meta final), posto que há racionalidade limitada. A partir das submetas
as firmas visam atingir suas metas finais (Ex.: atuar sobre diversos fatores para atingir, ao fim,
um lucro maior).
Simon também defende informações demais são prejudiciais, posto que os agentes não têm
capacidade para processar uma quantidade muito grande de conteúdo.
Ser racional, para Simon, não é fazer a escolha ótima, e sim ser objeto de deliberação
apropriada. Simon desloca a análise para o processo de decisão, e não mais para o resultado.
Processo
Resultados
de Decisão
A decisão é racional se ela é tomada a partir de um processo que segue uma deliberação
adequada. Diferente da Racionalidade com Otimização, onde o foco da análise é no resultado.
Simon chama essa ideia de Racionalidade Procedural / Processual / Procedimental: o que
torna racional é o Processo de Decisão.
2 4
1 3
3
X
Neste caso, ele não compra os apartamentos com tamanho nas áreas 1, 2, 3. Qualquer
apartamento na área 4 é considerado satisfatório e será escolhido → Não é a escolha
ótima, é a escolha satisfatória.
comportamentos
no mercado
Processos de geram
Ações Resultados
Decisão determinadas
Ser racional é adotar Processos de Decisão que são apropriados. Ser apropriado é ser
apropriado à luz de um processo de aprendizado (à luz da história). Ser irracional é não
aprender. Simon mantém a racionalidade, mas sem ter que recorrer à otimização.
A abordagem de Simon trata o Processo de Decisão como uma atividade que consome
recursos, diferente da abordagem feita pela Teoria da Firma.
Friedman defende que as críticas feitas estão metodologicamente equivocadas, posto que eles
estariam criticando um ponto que é irrelevante para a qualidade da teoria. Deste modo,
Friedman “encerra” a controvérsia marginalista.
Friedman faz uma distinção entre Economia Positiva e Economia Normativa. Economia
Positiva é um estudo daquilo que é, se contrapõe à ideia de Economia Normativa, que é um
estudo daquilo que deve ser.
Friedman discutirá a Economia Positiva, isto é, vai discutir teorias sobre como a economia é, e
não sobre como ela deveria ser (por isso Friedman discute método).
Críticos supõem que há um critério adicional implícito na análise de Friedman, o realismo dos
pressupostos. Posteriormente Friedman dirá que esse critério adicional não é legítimo.
Após fazer sua análise sobre quais são os critérios para avaliação e escolha entre teorias,
Friedman retorna para a Controvérsia Marginalista, a fim de rebater o suposto quarto critério,
o Realismo dos Pressupostos.
Friedman defende que o realismo dos pressupostos não é um critério para avaliar as teorias,
por que:
L. Boland (1977) e B. Caldwell (1982) tentam defender que Friedman faz sentido quando é
analisado a partir da visão instrumentalista. Tal visão defende que as teorias têm objetivos
pragmáticos e não epistêmicos, isto é, as teorias têm objetivos práticos, visando serem úteis,
e não de conhecer o mundo.
Raciocínio Instrumentalista:
Em muitos desses pressupostos temos elementos não observáveis, de modo que não eles
podem ser testados diretamente, então se analisa a previsão (consequência observável
daquele pressuposto). Mas o sucesso da previsão, para os instrumentalistas, não faz com que
o pressuposto seja válido.
Esta interpretação defende que Friedman é um realista preditivista e que ele não estava
preocupado com o debate realismo versus instrumentalismo. Há diversas passagens em seus
textos nas quais fica difícil enxergar Friedman como um instrumentalista. O essencial é ver o
lado preditivista de Friedman, o debate se ele é realista ou instrumentalista não é o foco.
Preditivismo: o critério importante para escolher entre teorias é o poder preditivo e a ideia do
realismo dos pressupostos é irrelevante.
O mais radical na defesa de Friedman é afirmar que não se deve analisar o processo de
simplificação em si, deve-se apenas olhar para o poder preditivo.
Críticas:
1. Wade Hands: O poder preditivo das teorias nas Ciências Sociais (Economia, por
exemplo) é sempre muito baixo, de modo que não se pode avaliar todas as teorias a
partir do poder preditivo (ao contrário do defendido por Friedman).
2. Friedman não faz uma distinção adequada entre tipos de irrealismo e tipos de
pressupostos. Diferentes tipos de pressupostos implicam em diferentes tipos de
irrealismo. Há pressupostos heurísticos, por exemplo, que podem ser removidos sem
perda após desenvolver a teoria, mantendo-se a estrutura básica do modelo.
3. Daniel Hausman: Acredita que identificou uma falácia (conclusões que não decorrem
das premissas dos argumentos) no argumento de Friedman.
[V] P1: Toda boa teoria faz previsões corretas sobre a classe de fenômenos
que se propõe a explicar (há controvérsias sobre este ponto, como a de
Se P1 é V, P2
necessariamente número 1, mas este não será o foco de Daniel (assume como verdade));
é V.
[V] P2: O único teste relevante para a avaliação de uma teoria é a observação
da correção (se são corretas ou não) de suas previsões;
[V] P3: Qualquer teste adicional – incluindo uma avaliação do realismo dos
pressupostos – é irrelevante para avaliar a teoria.
Exemplo:
P2: A única forma de avaliar um carro usado é dirigindo para verificar seu funcionamento;
A crítica de Daniel consiste em afirmar que P1 não implica em P2, e que P2 é falsa posto que
não condiz com a realidade, de modo que P3 também é falsa. O foco da crítica de Daniel sobre
P2 está na restrição imposta pela palavra “único”, posto que os agentes também levam outros
fatores em consideração para avaliar as teorias.
Sua crítica é feita sobre a posição extrema de Friedman, indo de P1 para único, ainda que
aceite que P1 é verdadeiro, não há como aceitar que P2 é verdadeiro, é neste ponto que se
encontra a falácia.
d) Críticas ao argumento “como se” (as if) – S. Winter
Críticas:
1. Crítica geral à premissa de todo o argumento as if: A premissa 1 limita muito o escopo
da Teoria Econômica, o que é maléfico. Todas as situações onde há inovação, ruptura,
instabilidade (onde não faria sentido supor o equilíbrio) estariam fora do escopo da
Teoria Econômica. Ou seja, o argumento pode ser consistente, mas limita muito o
escopo da teoria.
2. Críticas a aplicabilidade/generalidade do argumento as if: Quais são as premissas
implícitas nesse argumento que podem eliminar sua aplicabilidade?
a. Processo de Aprendizado: Muitas decisões econômicas não podem ser
caracterizadas, por natureza, na situação de um aprendizado por repetição. Há
eventos que não se repetem ou se repetem com mudanças radicais, isto é,
algumas decisões econômicas são únicas e irreversíveis, de modo que nem
sempre o processo de aprendizado leva a uma convergência em direção ao
ótimo.
Além disso, a capacidade de aprendizado pode variar de um agente para o
outro, o que difere do defendido no argumento as if. Deste modo, não se pode
supor, a priori, que o argumento é geral, o que se contrapõe à ideia do item 7.
b. Processo de Seleção: Nem sempre a seleção atua conforme espera o item 4. A
seleção não atua sobre todos os agentes (não atua sobre os consumidores, por
exemplo). Além disso, uma estrutura monopolizada, oligopolizada, limita as
ações dos mecanismos de seleção sobre as empresas.
A seleção e o aprendizado podem, em certas condições, levar à decisão otimizadora → não é
um argumento geral que vale para todas as situações, é necessário analisar.
A crítica feita por Winter difere de Hausman, posto que agora vimos uma crítica dentro da
teoria econômica.
Friedman defende que é possível fazer uma distinção nítida entre análise positiva e análise
normativa, isto é, defende que é possível fazer uma distinção nítida entre o que é e o que deve
ser. O que deve ser sempre envolve alguma posição valorativa.