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MANUAL DE LABORATÓRIO
3s edição
ANÁLISE EXPERIMENTAL
DO COMPORTAMENTO
Manual de Laboratório
ANÁUSE EXPERIMENTAL
DO COMPORTAMENTO
Manual de Laboratório
terceira edição
1
i
----------------UFPR
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
Pró-Reitoria de Extensão e Cultura
O Copyright by Paula Inez Cunha Gomide e Lidia Natalia Dobrianskyj
Medição: 1985
24edição: 1988
Paula Inez Cunha Gomide: Mestre e Doutor em Psicologia pela Universidade de São Paulo. Professor Adjun
to do Departamento de Psicologia da Univexsic&cfa ^eder^l Paraná
Udia Natalia Dobrianskyj: Mestre em Psicologia pélà Uhiverâdade de Ção Paulo, professor Assistente de En
sino do Departamento de Psicologia da Universidade Federal fio Paraná
Ficha Catalográfica
Catalogação na fonte: Biblioteca Central
Inclui bibliografia
ISBN 85-85132-13-2
CDD 152
CDU 159.9.07
ISBN 85-85132-13-2
REF. 131
SUMÁRIO
V
Esquema de intervalo fixo (F í).............................................................................. 70
VI. Esquema de razão fixa (F R )............................................................................ 73
VII. Esquema de razão variável (V R ).................................................................... 75
VIII. Extinção apôs reforçamento intermitente..................................................... 77
IX. Discriminação de estímulos luminosos............................................................ 79
X. Generalização................................................................................................... 81
XI. Diferenciação do comportamento de saltar..................................................... 85
XII. Reforçamento secundário e encadeamento..................................................... 86
XIII. Esquema de intervalo variável (V I)............................................................... 89
XIV. Supressão condicionada de resposta............................................................. 90
XV. P unição.......................................................................................................... 92
XVI. F u ga..................................................................................................... 96
XVII. E sq uiva ............................................................... ....................................... 97
XVIII. Discriminação e efeito de super aprendizagem com
sujeitos humanos..................................................................................................... 98
XIX. Dois procedimentos diferentes para aprendizagem de
cadeias comportamentais com sujeitos humanos................................................... 101
Referências Bibliográficas.............................................................................................. 104
APRESENTAÇÃO
Dione de Resende
Dra. em Psicologia pela Universidade de S. Paulo
Prof3 da Universidade Estadual de Londrina
7
PREFÁCIO DA SEGUNDA EDIÇÃO
O conteúdo deste Manual foi utilizado, por anos consecutivos, e de forma regular,
pelos nossos alunos da UFPR. Inicialmente, o material era entregue, de forma gradual, em
folhas mimeografadas. Mais tarde, elaboramos uma apostila que, depois de sucessivas refor
mulações, foi transformada em um livro. Por um período de quase dois anos, após a publica
ção da primeira edição, este Manual foi adotado, e utilizado por alunos e professores de mais
de dez cursos de Psicologia do Brasil. Durante este período, recebemos críticas, elogios, in
centivos e valiosas sugestões de diversas pessoas ligadas à nossa área.
Após o término da primeira edição, refletindo além do nosso compromisso acadêmi
co em função da publicação de um livro, visto que este atinge um número muito maior de
pessoas do que geralmente os autores supõem, resolvemos revê-lo cuidadosamente antes da
impressão de uma segunda edição e, para isto, analisamos as diversas sugestões encaminhadas
por outros professores e o desempenho de nossos alunos em relação a este Manual.
Para que esta nova leitura crítica fosse imparcial, do nosso ponto de vista e, conse
qüentemente, mais fidedigna, convidamos a Dra. Ligia Maria de Castro Marcondes Machado,
professora do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, para fazer uma revisão
técnica deste Manual. Para nossa alegria, ela aceitou o trabalho com entusiasmo! Dra. Ligia,
após ler o Manual e conversar pessoalmente conosco, chegou à conclusão de que nós fazía
mos e dizíamos muito màis coisas aos nossos alunos, em sala de aula, do que apresentávamos
no livro, e deu-nos valiosas contribuições e sugestões. Ressaltou que seria interessante colo
car, por escrito, as ações e explicações complementares que fornecíamos aos alunos, pois,
desta forma, todos os outros professores e alunos que* utilizassem o Manual teriam acesso ao
nosso modo de usá-lo.
É importante lembrar que, ao editarmos este livro, reportamo-nos, em muitos as
pectos, à forma e ao conteúdo de um dos primeiros manuais de laboratório do país: “Exercí
cios de laboratório em Psicologia”, de Mário A. A. Guidi e Herma B. Bauermeister, publica
do inicialmente em 1968. Sem dúvida, o pioneirismo desse manual está diretamente relacio
nado ao desenvolvimento das disciplinas de Análise Experimental do Comportamento, no
Brasil.
O nosso Manual fundamenta-se na experiência e na dinâmica de transformação do
tempo, e, portanto, não pretende ser exaustivo nem definitivo. Esperamos que, como ocorreu
com a primeira edição, surjam críticas e sugestões em função de sua utilização e, assim, possi
bilitem seu aperfeiçoamento e desenvolvimento.
11
O coração tem razões que a própria razão
desconhece.
(Pascal, 1670)
18
LEIA C0A1/ATEA/ÇAOAS
INFORMAÇÕES DESTA SEÇÇk) PARA
( EXECUTAR, COM /W -S FAÜUPPDE O SEU
TRA&ALHO NQ LAQOfífiTÓRÍO/
7 (--------- ----------- - - ) f
Princípios éticos.
Pesquisas com animais. Quando se utilizam animais, como sujeitos experimentais, é
necessário conhecer os principais éticos adotados para este tipo de trabalho. Apresentamos, a
seguir, seis regras estabelecidas, em 1962, pela Comissão de Precaution and Standards in
Animal Experimentation, da American Psychological Association (Bachracht 1975).
1. Todos os animais utilizados para fins experimentais devem ser adquiridos legal
mente e sua retenção deve estar estritamente de acordo com as leis e regulamentos federais e
locais.
2. O cuidado com a alimentação dos animais experimentais deve estar de acordo
com as práticas aceitas de laboratório, com a devida consideração do seu bem-estar físico, de
um tratamento cuidadoso, em um ambiente higienicamente adequado.
3. Deve-se fazer todo esforço para evitar desconforto desnecessário aos animais
destinados a experimento. Pesquisas que submetem animais a desconforto somente devem ser
feitas quando um cientista experimentado estiver convencido de que este desconforto é exigi
do e é justificado pelo significado da pesquisa.
4. Os procedimentos cirúrgicos devem ser feitos sob adequada anestesia, geral ou
sob anestesia local. Quando a natureza de um estudo requerer que o animal sobreviva, devem
ser seguidas, rigorosamente, técnicas para evitar infecção. Quando o estudo não exigir a so
brevivência do animal, deve-se dispor do mesmo de uma maneira adequada, após a conclusão
da operação.
5. O cuidado pós-operatório do animal deve reduzir o seu desconforto durante a
convalescência, conforme as práticas aceitas.
6. Quando os animais são usados por estudantes, para adquirirem experiência e
maior conhecimento científico, este trabalho deve ser feito sob a direta supervisão de um
professor ou pesquisador experiente. As regras para realizar este trabalho deverão ser as
mesmas utilizadas para realizar a pesquisa.
21
Pesquisas com seres humanos. Como neste manual se propõem dois procedimentos
para serem realizados com sujeitos humanos, é importante apresentar alguns princípios éticos
básicos que devem ser observados quando uma pesquisa é realizada com seres humanos. Se
gundo Berg (1954), citado por Bachrach (1975). Existem principalmente três condições bási
cas que devem ser seguidas.
7. Consentimento.*Quando a informação solicitada é altamente pessoal ou quan
experimento envolve alguma dor, desconforto ou risco, o sujeito deve ser informado de modo
geral sobre o que ele está dando o seu consentimento.
2. Confiança. A maioria das pessoas não gosta de que outros saibam do seu desem
penho em determinadas tarefas, ou, por exemplo, no caso de questionários sobre crenças ou
conhecimentos, quais foram suas respostas. Além do mais, se o sujeito sente que pode confiar
plenamente no experimentador, participa mais efetivamente como sujeito. Manter o sigilo dos
dados de pesquisa, que envolve sujeitos humanos, é da maior relevância para se estabelecer
uma relação de confiança, também, entre o público e o cientista. Assim sendo, recomenda-se
que os sujeitos não sejam identificados nos relatórios ou folhas de registro, por nomes ou da
dos muito pessoais.
3. Procedimento aceitável ou padrão. Supõe-se que o experimentador seja treinado
e competente para usar, na pesquisa, procedimentos que seus colegas aceitam como padrão. E
claro que surgem a cada instante procedimentos originais, e, neste caso, eles devem ser consi
derados aceitáveis por outros pesquisadores competentes.
Informações específicas sobre o sujeito experimental.
A espécie animal, utilizada em laboratórios de Psicologia, é a Rattus norvegicus de
linhagem Wistar - um rato albino —e de linhagem McCowley - rato encapuzjado ou hooded
rat. Em alguns experimentos específicos, pode-se utilizar o hamster dourado (Mesocricetus
auratus), embora esse animal tenha características diferentes do rato, sendo algumas delas
inadequadas para este tipo de trabalho experimental. Segundo Silverman e Zucker (1976),
citado por Ades (1978), o hamster, quando submetido a um regime de privação alimentar pe
riódico, como o usado geralmente com o rato branco, não consegue suprir, devido ao pouco
tempo de contato com o alimento, a carência de seu organismo e, assim, vai perdendo cada
vez mais peso.
O sujeito experimental deve ser criado, sempre que possível, em biotério próprio,
nas Instituições de Ensino Superior. O local deve ser adequado, o ambiente saudável e prote
gido. Deve contar com um bioterista treinado. Esses cuidados facilitarão o tratamento dos
animais e contribuirão para a maior higiene no alojamento, evitando-se certas contaminações
e doenças. O conhecimento de algumas características relevantes para o trabalho experimen
tal como sexo, idade, nível de privação e história experimental, facilita a realização adequada
dos exercícios
*
de laboratório.
E conveniente que o sujeito seja um rato adulto jovem, com idade aproximada de
três meses, para ser utilizado no início do curso. Os ratos tornam-se sexualmente maduros
entre 90 e 110 dias de idade, sendo este o período considerado ideal para acasalamento. Um
rato muito jovem pode apresentar características próprias de imaturidade comportamental,
assim como um rato muito velho pode apresentar comportamentos estereotipados, adquiridos
em sua história de vida.
Estas são algumas das variáveis que devem ser levadas em conta na escolha do su
jeito, pois podem interferir na aprendizagem de exercícios propostos em laboratório.
Da mesma forma, a comparação dos resultados de exercícios feitos no início do ano,
com um rato ainda em desenvolvimento, com os resultados dos exercícios feitos no final do
22
ano letivo, quando o rato já terá vivido aproximadamente um terço de sua vida, deve requerer
cuidado, pois o desenvolvimento orgânico precisa, também, ser considerado. É importante
ressaltar que, se todos os ratos tiverem aproximadamente a mesma idade, será mais fidedigna
a comparação dos resultados entre eles.
A gaiola-viveiro deve sempre estar suprida de alimento. Geralmente, utilizam-se
pelotas de ração balanceada, que podem ser encontradas em estabelecimentos especializados.
Entretanto, para que a água funcione como um reforçador efetivo, é necessário que o rato
esteja privado dela, por ocasião do exercício. Em geral, adota-se um período de privação de
24 horas, antes do exercício previsto. Guidi e Bauermeister (1979) sugerem um procedimento
para adaptar o animal às condições experimentais:
O esquema de privação deverá ser iniciado na semana que antecede a primeira ses
são experimental e deverá obedecer às seguintes normas: a) todos os animais rece
berão água uma única vez em 24 horas e sempre no mesmo horário; b) a água ficará
à disposição do rato 20 minutos. O horário em que os animais receberão água de
verá ser previsto, em termos de funcionamento do laboratório. Por exemplo, se o
laboratório funcionar no período da manhã, entre 8 e 12 horas, os animais receberão
água entre 12h30 e 13 horas. Como norma geral, convém sempre dessedentar os
animais num horário próximo ao encerramento dos trabalhos de laboratório, pois
isto garante um período de privação prolongado, antes da sessão experimental se
guinte.
Esse método de privação é o mais simples para ser utilizado, por alunos, em cursos
de Psicologia.
Em experimentos de pesquisa, geralmente, utiliza-se o peso do animal como medida
de privação como, por exemplo: 85% do seu peso ad libitum (peso por ocasião de ingestão li
vre de água e alimento). Isso proporciona uma medida mais precisa do nível de privação do
animal. O procedimento é o seguinte: pesa-se o animal todos os dias à mesma hora, durante
uma semana; tira-se a média do peso obtido e calcula-se 85% deste peso. Na semana seguinte,
o animal receberá água, sempre no mesmo horário, por um período curto de tempo, por
exemplo, 5 minutos, até que ocorra redução do seu peso ao nível pré determinado. Além dis
so, nesse processo o rato deverá ser pesado antes e depois de cada sessão experimental e o
volume de água deverá ser regulado para que seu peso continue estável.
E interessante que você conheça algumas características da espécie animal, com a
qual irá trabalhar. Por exemplo: um dos possíveis sistemas de reprodução é feito com acasa
lamento de 3x1 (3 fêmeas para um macho). Pode-se trocar o macho após uma semana, para
assegurar a possibilidade de fecundação. Pode ocorrer o caso de haver animal estéril. A dura
ção do ciclo estral da rata é, aproximadamente, de 4 dias, sendo que a ovulação ocorre es
pontaneamente, durante o estro. O ciclo inicia-se, mais ou menos 3 horas após o escurecer
e tem a duração média de 4 a 5 horas. Farris (1942)indica um método para assegurar o estro
na fêmea: o biotério dever ser completamente escurecido das 6 às 18 horas. Em seguida, lâm
padas de 100 Wats serão acesas, automaticamente, permanecendo ligadas até às 6 horas da
manhã seguinte. Através desse método, a rata manifesta um ciclo estral mais regular e, como
regra, entra no cio 1 a 3 horas, após às 6 horas da manhã do quarto dia.
O período de gestação do rato é de 21 a 23 dias, e o tamanho da ninhada varia entre
3 e 15 filhotes. Os filhotes nascem sem pêlos, cegos, com os ouvidos fechados, rabo curto e
patas não desenvolvidas; os pêlos começam a aparecer no 2- ou 3- dia de vida. Os ouvidos se
abrem entre o 2- e o 49 dia de vida; os dentes incisivos aparecem entre o 89 e o 109 dia, e os
olhos abrem-se entre o 149 e o 179 dia de vida. Os testículos descem, aproximadamente, no
409 dia e a vagina abre-se, em torno do 12- dia de vida. O desmame ocorre entre o 219 e 289
23
dia. A temperatura corporal desses animais é de 37,59 C e os movimentos respiratórios tem
um freqüência de 210 vezes por minuto. O tempo de vida do rato é de dois anos em média,
podendo chegar até mais de 3 anos se as condições ambientais forem favoráveis (Porter,
1962). ✓
E preciso ter cuidado com doenças comuns, logo que sejam detectadas. Estas apare
cem com freqüência relativamente alta nos biotérios convencionais. Algumas são facilmente
controláveis e outras exigem a eliminação do animal. Entretanto, em caso de dúvida, é ne
cessário entrar em contato com o Departamento de Veterinária da sua Universidade. O tra
tamento das doenças deve ser indicado por um veterinário habilitado. De acordo com Porter,
as doenças mais comuns do rato são as relacionadas a seguir.
1. Infecções intestinais. São causadas geralmente pela Salmonella enteritidis e Saí-
monella typhimurium. Os sintomas em uma fase aguda da doença são: a perda de peso, pêlos
ralos e em aranhados, crosta no focinho, diarréia e, freqüentemente anemia grave, seguida por
morte. O método para controle desta doença consiste em manter um alto padrão de higiene,
impedir que a reserva de alimento seja contaminada por roedores selvagens, sacrificar todos
os animais doentes, bem como verificar se outros ratos não foram contaminados.
2. Infecções respiratórias
a) Pneumonia: causada por Haemolytic streptococi, Haemolytic bronchisepticus e
Streptobacillus moniliformis. E comum na maioria das colônias, tendo alta incidência em ratos
adultos, e pode ser provocada por uma queda súbita de temperatura. É geralmente aguda,
ocorrendo morte do animal em alguns dias. Os sintomas são: pêlos emaranhados, emagreci
mento, conjuntivite, edemas nas extremidades, ulceração das patas e paralisia das patas tra
seiras.
b) Broncopneumonia. Causada provavelmente por vírus e/ou outros microrganis
mos. Os animais apresentam aparência doentia, com freqüentes espirros e tosse.
c) Doença do ouvido médio. Propaga-se rapidamente na maioria das colônias e de
ve ter alguma conexão com infecções respiratórias. Geralmente, afeta os ratos mais idosos,
mas pode também acometer animais jovens. Os sintomas observáveis são: no início, o rato
apresenta a cabeça ligeiramente deslocada para um dos lados; em estágios avançados o animal
caminha em círculos, cai com freqüência e tem dificuldade para recuperar seu equilíbrio.
Quando suspenso pela cauda, o rato gira em tomo de si mesmo. A doença é causada pelo
Streptobacillus moliniformis, mas ainda não foi bem determinado como esse microorganismo
chega a afetar o ouvido médio. Para controle dessa doença, deve-se remover e sacrificar to
dos os animais infectados.
3. Escabiose (sarna) Quase sempre é causada por más condições de higiene do bio-
tério e das gaiolas-viveiro. Transmite-se rapidamente a outras espécies e também a humanos.
Aparecem lesões úmidas, de cor cinza, ao redor dos ouvidos, focinho e porção proximal da
cauda. Para controlar essa doença é necessário manter um alto padrão de higiene, limpar e
esterilizar regularmente as gaiolas e equipamentos e examinar freqüentemente os animais.
Como tratamento local, pode-se aplicar “benzyl benzoato, dimethylthianthrene ou solução de
gammexane.”
4. Endoparasitas. Esse tipo de infecção é pouco freqüente, mas pode ocorrer con
taminação do alimento e das gaiolas-viveiro, por Taenia crassicollis. Os animais apresentam
aparência doentia, podendo apresentar, também, inchaço abdominal.
Finalmente, é importante que você saiba a melhor maneira de segurar o seu rato,
pois deverá fazê-lo, muitas vezes, durante o ano. Um rato assustado toma-se difícil de segu
rar e poderá, eventualmente, mordê-lo. Se isso ocorrer, use o procedimento normal para de-
24
sinfetar pequenas feridas, pois como esses animais vivem em um ambiente saudável e prote
gido, o perigo de estarem contaminados é mínimo.
O rato deve receber um sinal de aviso de que alguém vai pegá-lo. Isso pode ser fei
to, simplesmente, retirando-se a gaiola-viveiro da prateleira, ou abrindo-se a porta da gaiola
por alguns minutos. Assim, o animal terá tempo de locomover-se para frente e você poderá
pegá-lo facilmente. Para segurá-lo, coloque a palma da mão sobre as costas do rato e os de
dos polegar e indicador em tomo do pescoço, ao mesmo tempo em que seus outros dedos
permanecem ao redor do corpo. Levante o rato, de modo delicado, mas firmemente. Uma
fêmea que está amamentando deve deixar o ninho antes de ser pega. Recomenda-se lavar as
mãos antes de segurar um rato, para remover qualquer odor químico ou de outros animais,
pois os ratos possuem o aparelho respiratório muito sensível ao reconhecimento de odores
e também a doenças (Porter, 1962).
Informações sobre o biotério. O tamanho ideal de um biotério deve ser de 0,5m3 por
animal e suas instalações devem ter exaustores de parede, tipo doméstico (mais ou menos 30
cm de diâmetro) e aquecedores elétricos, para possibilitar melhor ventilação e temperatura
adequada nas épocas de calor e frio excessivos. A temperatura deve estar entre 18 e 22 graus
centígrados. E a umidade entre 45 e 55%. Quanto a iluminação, deve haver 13 horas de
luz/dia, com suplementação de luz no período de baixa luminosidade (outono e inverno). Os
animais devem viver em gaiolas - viveiros individuais e as gaiolas devem ser forradas com
maravalha ou tiras de papel, que devem ser trocadas duas vezes por semana. Devido ao ma
nejo constante do bioterista ou responsável pelo biotério, com os animais, é recomendável que
o mesmo receba vacina antitetânica, uma vez, por ano, e faça um exame médico regularmen
te, pois ratos contaminados podem transmitir leptospirose, através da urina, e raiva, através
da mordida.
Cuidados com o seu sujeito experimental no laboratório.
Como já foi indicado no primeiro capítulo - Considerações Gerais - os exercícios
propostos para serem realizados em laboratórios têm o objetivo de ilustrar princípios teóricos
e treinar o aluno em um trabalho experimental. Este trabalho se caracteriza por manipular
uma ou mais variáveis, - denominadas variáveis independentes; medir o desempenho do ani
mal - variável dependende - e manter outras variáveis constantes, isto é, observar rigorosa
mente o controle experimental. Portanto, é imprescindível que não haja a introdução de ou
tras variáveis (conversar com colegas, fumar, sacudir a caixa experimental, pegar o rato du
rante o exercício etc.), caso contrário você pode alterar os resultados do exercício que está
sendo desenvolvido, pois o rato poderá se comportar de acordo com uma nova variável, in
troduzida inadvertidamente. Se não houver um nível mínimo de controle experimental, não
haverá possibilidade de se verificar se o comportamento do animal ocorre em função das
contingências planejadas pelo exercício, ou, em função de alguma dessas variáveis estranhas,
não controladas.
✓
E importante ressaltar que o animal a ser utilizado por você, como sujeito experi
mental, neste curso, deverá se tratado com extremo cuidado durante todo o período experi
mental e fora dele, pois trata-se de um ser vivo e merece nosso respeito. A consideração que
você tiver para com o seu rato tomará o trabalho muito mais agradável, pois, na prática, você
terá um sujeito mais manso e dócil, facilitando seu trabalho e possibilitando o sucesso dos
procedimentos dos exercícios planejados
Cuidados com a sua aparelhagem experimental.
Você terá a sua própria caixa experimental e a usará até o final do curso. Porém,
outros alunos também a usarão. A limpeza e o bom funcionamento de sua aparelhagem de-
25
penderão do cuidado com a sua manipulação durante o experimento. Comunique, ao professor
ou monitor, as irregularidades encontradas em sua caixa experimental, ou seja, detritos no
piso, água no bebedouro, aparelhos danificados etc.
A maioria dos cursos de Psicologia utiliza em seu laboratório equipamentos fabrica
dos pela FUNBEC. No livro “Exercícios de laboratório em Psicologia”, Guidi e Bauermeis-
ter descrevem, de forma clara e pormenorizada esta aparelhagem experimental.
Os procedimentos deste Manual foram testados em condicionadores ELT-01 e
ELT-02, fabricados pela Associação Catarinense de Ensino (Rua São José n- 490, CEP
89.000, Joinville, Santa Catarina. Fone: (0474) 22-8577).
Algumas características deste equipamento são bastante gerais, e, neste sentido, se
melhantes às do equipamento que você terá no laboratório de sua escola. ✓
Outras, mais parti-
culares, são diferentes e você deverá estar atento a essas diferenças. E importante ressaltar
que o procedimento para os exercícios independe, amplamente, de características peculiares
do equipamento, uma vez que se trata de exercícios planejados para demonstrar os princípios
básicos de Análise Experimental do Comportamento, observados em diversas situações,
mesmo fora do laboratório.
Apresentamos uma descrição das especificações físicas do modelo ELT-02, - a
versão mais atualizada do fabricante. Este equipamento é composto por duas unidades opera
cionais separadas - gaiola e controle.
A estrutura da gaiola é de alumínio anodizado cinza fosco, medindo 24 cm de altura,
26 cm de comprimento e 21 cm de largura. O piso possui grades paralelas, em aço inoxidável,
fixadas nas extremidades com rebites em acrílico, com uma distância de 1,5 cm entre as gra
des. Na parede lateral direita existe um bebedouro na altura do piso, com aproximadamente
0,7 cm de diâmetro; cerca de 8 cm acima do bebedouro localiza-se uma barra que possui 8 cm
de comprimento e 0,5 cm de diâmetro que, ao ser pressionada, aciona um microinterruptor
que leva o pescador (dispositivo de condução da gota d’água) até a cuba d’água e o traz com
uma gota d’água. Acima da barra existem orifícios para saída de estimulação sonora e, ao lado
destes, existe um vidro transparente, permitindo a passagem de estimulação luminosa para
dentro da gaiola. Na parte central do teto, há um orifício para fixação de hastes (argola e tra
pézio), e o fechamento da gaiola é feito pelo lado anterior, com vidro fumê.
A Unidade de Controle consta de um módulo em alumínio anodizado e laterais em
cerejeira, medindo 30 cm de comprimento, 14 cm de altura e 21,5 cm de largura na base.
Existem os seguintes circuitos e controles no painel frontal: 1) chave de alimentação energéti
ca geral (liga/desliga), com indicador luminoso de cor vermelha; 2) chave comutadora para
acionamento do bebedouro (automático/manual), para esquemas de respostas e reforços; 3)
controle de estímulo luminoso em 4 itensidades e controle de estímulo aversivo (choques elé
tricos em 4 intensidades), com teclas seletivas de pressão e interruptores em separado; 4)
controle de estímulo sonoro de freqüência fixa de 1000 Hz.; 5) cronômetro digital, fornecen
do horas e minutos ou minutos e segundos; 6) contador cumulativo de respostas (acionamen
tos da barra), com botão zerador, e 7) contador cumulativo de liberação de reforços (aciona
mentos do “pescador”) com botão zerador.
O painel traseiro da Unidade de Controle tem um porta-fusível (1 A), uma entrada
de cabo de força (110 V), e uma tomada de 11 pinos para conexão do cabo da gaiola.
26
Comportamento do aluno
O trabalho de laboratório deve ser organizado e sistemático. Sendo assim, você deve
procurar não entrar subitamente no laboratório ou no biotério, correndo o risco de perturbar
os ratos, o bioterista ou seus colegas que, possivelmente, terão ritmo de trabalho diferente do
seu. Esses cuidados são importantes em função da necessidade do controle experimental,
evitando-se assim a introdução de variáveis estranhas durante a sessão.
Os procedimentos foram descritos detalhadamente, havendo pouca ou nenhuma ne
cessidade do auxílio do professor para sua compreensão. Dessa forma, leia as instruções do
exercício antes de entrar no laboratório e tire suas dúvidas com o professor ou monitor da
disciplina, pois como são diversos alunos trabalhando ao mesmo tempo, porém, individual
mente e em ritmos diferentes, o professor não terá condição de explicar tudo, para cada alu
no, durante o exercício. Também é importante que você prepare a folha de registro, referente
ao exercício, antes de entrar no laboratório. Em seguida, solicite o seu sujeito experimental,
pelo número da gaiola, verifique os aparelhos que serão utilizados e inicie o procedimento.
Nem sempre as coisas acontecem como esperamos ou como desejamos. Não tenha
receio de tirar dúvidas ou relatar suas falhas. Como esclarece Michael (1963), nenhuma puni
ção é contingente a erros de laboratório, exceto, é claro, a inconveniência de treinar o animal
em função de erro. Alguns enganos são freqüentes no trabalho experimental e a melhor atitu
de é tentar evitá-los, mas, se ocorrerem, relate-os (inclusive no relatório), assim como qual
quer efeito que você considere ter ocorrido no comportamento do rato devido a esses enga
nos. Algumas descobertas importantes resultaram de erros, falhas nos aparelhos etc., embora
não seja este o caminho normal para descobertas importantes.
O professor ou o monitor estarão sempre presentes no laboratório e poderão escla
recer suas dúvidas.
Sugestões✓para o professor na utilização deste manual.
E importante ressaltar que, na maioria dos aspectos, este é um manual auto-explica-
tivo, ou seja, o aluno necessitará de poucas instruções do professor para a realização de rela
tórios ou para a execução dos procedimentos de laboratório. Entretanto, o manual não subs
titui as aulas sobre os princípios teóricos, nem as explicações mais aprofundadas sobre os di
versos temas abordados. Além do mais, o debate entre professor e aluno é muito mais inte
ressante e estimulante do que a simples leitura de regras.
É essencial que o professor desperte interesse no aluno, em relação ao laboratório,
visando tanto realizar os exercícios propostos, quanto elaborar novos experimentos de pes
quisa. A importância dos exercícios de laboratório está na diferença entre o comportamento
modelado por contingências versus o comportamento governado por regras, segundo Skinner
(1980). Sem dúvida, é bastante diferente o aluno assistir a uma aula expositiva ou ler um li
vro, a respeito do comportamento de um rato, em procedimento de extinção da resposta de
pressão à barra, do que ver com seus próprios olhos, e fazer parte das contingências dessa
situação.
Na nossa prática, algumas vezes, as aulas teóricas não coincidem com o exercício,
referente a elas e o aluno pode realizar um exercício de laboratório antes de ter assistido a
aula sobre o assunto. Este fato não se mostrou, de forma alguma, prejudicial. Ao contrário, o
aluno acaba por aprender o princípio teórico através da prática de laboratório e complementa
seu conhecimento durante a aula expositiva.
Outra prática eficiente, que adotamos, refere-se aos relatórios dos exercícios. Tra
ta-se de uma modelagem do comportamento de escrever relatórios. Redigir um relatório é
uma atividade bastante específica e minuciosa e, portanto, deve ser aprendida em partes. Não
é absolutamente necessário que o aluno faça relatórios completos de cada exercício que reali-
28
za. Esta modelagem funciona da seguinte forma: no primeiro relatório, pede-se apenas a se
ção de “resultados”; o relatório é corrigido e, no seguinte, pedem-se as secções de “resultados e
discussão”. Nos relatórios posteriores, acrescenta-se uma secção por relatório, até que o aluno
tenha aprendido todas as secções necessárias a um relatório e esteja apto a redigí-lo, de modo
completo. Então, procede-se à correção do mesmo e a atribuição das notas. Se o primeiro re
latório completo apresentar falhas graves, o aluno deverá corrigi-las e entregá-lo novamente.
Em seguida esse relatório completo, o aluno deverá apresentar apenas as secções que contém
os resultados e discussões de seus exercícios, e somente mais um ou dois relatórios completos,
referentes aos exercícios finais. Esta modelagem favorece, sem dúvida, a aprendizagem da
redação de um relatório de pesquisa, segundo as normas de publicação.
As normas e as referências bibliográficas propostas aqui, seguem as especificações
da APA (American Psychological Association). Cabe ao professor decidir se deve exigir to
das essas especificações minuciosas. Elas estão no Manual como um modelo considerado
correto, mas compete ao professor julgar se é importante para os alunos seguir esse modelo
ou não.
Em relação aos exercícios de laboratório, a ordem indicada neste manual tem uma
certa importância. Por exemplo, quando aluno fizer o exercício sobre “reforçamento secun
dário e encadeamento”, o sujeito experimental já deverá ter passado necessariamente pelo
exercício de “discriminação de estímulos luminosos”, caso contrário o procedimento proposto
de “encadeamento” não será eficaz. O exercício de “intervalo variável” foi colocado separa
damente dos outros exercícios de reforçamento intermitente porque uma linha de base de VI
é importante para o procedimento de “supressão condicionada de resposta”. Entretanto, se o
professor decidir que os alunos não farão o exercício de “supressão’’, o exercício de VI pode
ser feito logo após o de “intervalo fixo” , por exemplo, e a ordem proposta no manual deve
ser modificada.
O professor também deve decidir, em função do seu programa e da carga horária da
disciplina, quais exercícios são essenciais para seus alunos. Deverá ainda optar pela inclusão
ou não dos exercícios que utilizam choques elétricos. Uma sugestão e realizar os exercícios,
que utilizam estimulação aversiva, como demonstração para todos os alunos juntos, em vez de
excluí-los, ou cada aluno realizar o seu próprio exercício; através da demonstração os alunos
podem verificar e entender os efeitos da estimulação aversiva sobre o comportamento dos
organismos.
Desta forma, sugerimos que o professor elabore o seu programa, com antecedência,
e examine previamente os exercícios a serem solicitados aos alunos assim como a ordem para
a realização dos mesmos.
Em geral, o ritmo de trabalho em laboratório difere em relação a cada aluno, pois o
bom desenvolvimento de um exercício depende de muitas variáveis, tais como: a compreensão
do procedimento a ser executado; diferenças individuais dos sujeitos experimentais; introdu
ção de variáveis estranhas durante o período da sessão experimental e, até mesmo, da disposi
ção do experimentador naquele dia. Se for importante todo o grupo de alunos manter o mes
mo ritmo de trabalho, sugere-se a elaboração de um quadro, que seja afixado no laboratório,
do qual conste o nome de todos os alunos e o título de todos os exercícios que serão feitos
durante o período letivo. Isto possibilita um controle individual do aluno, do seu progresso, e
seu atraso, o que irá favorecer a realização de sessões experimentais extras, até que o aluno
consiga alcançar os seus colegas de turma.
Sem dúvida, para um melhor desenvolvimento do trabalho em laboratório, é neces
sário, além da compreensão deste manual, uma interação satisfatória entre professor e alunos.
29
ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE RELATÓRIOS DE PESQUISA
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Condicionador ELT - 02
(Gaiola e unidade de controle)
ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE RELATÓRIOS DE PESQUISA
Í - Resumo (abstract)
Í - Resultados
- Discussão
- Referências bibliográficas
- Tabelas
- Figuras.
As páginas serão numeradas a partir da segunda página da introdução, onde você
colocará o número 2. Tabelas e figuras não são numeradas.
Formas das secções
Neste item, são explicados a estrutura e conteúdo de cada secção do relatório cien
tífico.
- Folha de rosto
Deve conter o título do trabalho, o nome do pesquisador e sua filiação. O título do
trabalho deve ser informativo, descrevendo aquilo que foi feito, em termos de variáveis inde
pendentes e dependentes, ou do procedimento executado. O título é escrito em letras maiús
culas e todos os itens devem estar centralizados na página, com espaço duplo entre cada um
deles. Exemplo:
- Resumo (abstract)
Coloque a palavra RESUMO no centro da página. Quando é um artigo para publi
cação, faz-se também um resumo em inglês (abstract). Deve ser redigido em um único pará
grafo e datilografado em espaço um.
O resumo completo não deve ter mais de jJSflLgalavras, e não deve repetir informa
ções, já contidas no título. Ele é um parágrafo sumário de Todas as outras secções e inclui,
aproximadamente, uma sentença descritiva de cada uma das seguintes partes, na seguinte or
dem.
a) Colocação do objetivo do experimento
b) Sujeitos e aparelhos que foram utilizados
c) Procedimento - características essenciais
d) Resultados e conclusões.
34
^ - Introdução
Repetir o titulo, nome e filiação, centralizados no alto da página.
Essa secção deve conter as seguintes informações, na seqüência sugerida abaixo:
a) Histórico do problema com base na literatura. Para qualquer assunto que você
esteja investigando é necessário realizar uma revisão bibliográfica, e ela deve abranger os
principais artigos relacionados com o problema que está sendo investigado. Essa revisão faci
litará uma compreensão mais ampla do problema, colocará você em contato com pesquisado
res de diversas instituições, os quais estão preocupados com o mesmo tema, e você poderá
verificar se o problema que deseja estudar já não foi solucionado por algum outro pesquisa
dor. ✓
E claro que as exigências, para um relatório de exercício de laboratório, são meno
res e não há necessidade de uma revisão exaustiva, em relação a artigos de periódicos. Você
pode consultar livros-texto, se houver dificuldades em consultar periódicos, uma vez que es
tes se referem a assuntos específicos e são, em sua maioria, escritos em língua inglesa.
Faça citações de estudos realizados na mesma área referente ao experimento que
A
você realizou. E importante não apenas copiar ou citar uma referência mas analisá-la em
profundidade: por que o estudo foi realizado e porque o seu objetivo se liga à sua presente
pesquisa; dar uma descrição completa do procedimento do estudo, certificando-se de que
qualquer similaridade ou diferença, em relação à sua pesquisa, esteja assinalada; analisar e
comparar os resultados da literatura com a proposta de investigação que está sendo descrita
no seu relatóio. Veja como devem ser escritas as citações na secção de “referências biblio
gráficas” .
b) Depois de todos os estudos terem sido citados e analisados, deve ser feita uma
conclusão sumária, relacionando todas as informações dadas e explicando como se relacionam
à sua pesquisa.
c) Termine com uma declaração inicial sobre o propósito ou justificativa do seu ex-
✓
periniento, com maiores detalhes do que foi feito no abstract. E necessário dar uma definição
precisa das variáveis dependente e independente usadas no estudo. Não é aceitável a simples
identificação delas, como na frase: As variáveis dependente e independente foram.. . . Ao
leitor dever ficar claro quais variáveis foram manipuladas e quais foram medidas no estudo.
Um exemplo da variável dependente, no estudo, pode ser: o índice de discriminação foi cal
culado dividindo-se a taxa de Resposta em pela somatória das taxas de Respostas em
e em SA
Obs: a palavra introdução não é incluída no tftulo ou em qualquer parte da secção;
ela é apenas um nome para a secção.
- Método
Esta secção inicia-se com a palavra MÉTODO, escrita e centralizada no alto da pá
gina. Em letras maiúsculas. As subsecções estarão dispostas da seguinte maneira como se se
gue abaixo: .
ft MÉTODO I
% Sujeito:
Mencionar o número de sujeitos, espécie, sexo, idade, história experimental anterior
e qualquer outra característica que seja relevante, tal como: nível de privação, tipo de refor-
çador, proveniência do sujeito, etc. Sempre relatar se o alimento e/ou água estavam disponí
veis todo tempo na gaiola-viveiro. Mesmo que sejam vários relatórios sobre o mesmo sujeito,
35
estes dados sempre devem ser mencionados porque em cada relatório muda a privação, idade,
história experimental etc.
* Aparelhos:
Descrever os aparelhos, detalhadamente, para que o leitor possa ter alguma idéia de
como fazer para caso necessite construir outro semelhante. Todos os aspectos relevantes de
vem ser mencionados, assim como, tamanho da caixa experimental, variáveis constantes e re
levantes no ambiente, facilidades de registrar os dados etc. (Detalhes minuciosos da colocação
✓
de cada parafuso ou prego são desnecessários). E sempre interessante que conste um desenho
do aparelho principal, uma caixa experimental por exemplo, logo em seguida da descrição, ou
que seja inserido junto com as figuras. No caso de inserir, você deve fazer dois traços e no
meio colocar a inserção, no local que você deseje que ela seja feita, caso o trabalho seja publi
cado. Por exemplo:
Inserir Fig. 1
Procedimento:
Descrever, em ordem cronológica, o tratamento do sujeito no transcorrer do expe
rimento, isto é, a manipulação da(s) variável(eis) independente(s) e o registro da(s) variável(eis)
dependente(s). Mencione qualquer manipulação particular utilizada para eliminar ou manter
constantes as variáveis ambientais (por exemplo: ruído branco). No procedimento devem
constar detalhes suficientes para permitir uma completa’interpretação, extenção ou replicação
do experimento.
Você terá todos os procedimentos descritos no manual de laboratório, mas não deve
simplesmente copiá-los e, sim, fazer um resumo com suas próprias palavras.
Resultados
Esta secção inicia-se com a palavra RESULTADOS, escrita em letras maiúsculas e
centralizada no alto da página. O objetivo da secção de resultados é mostrar o que se obteve
com a manipulação proposta pelo procedimento. Nesta secção, o investigador apresenta os
dados que obteve, sob a forma de gráficos e/ou tabelas. Os gráficos e/ou tabelas devem ser
descritos no texto, em termos das tendências mais consistentes encontradas. Quando é um ar
tigo para publicação, os gráficos deverão ser desenhados à nanquim, sobre papel vegetal; para
relatórios acadêmicos, os gráficos podem ser feitos em papel milimetrado, desenhados a lápis
ou caneta preta.
36
Deve-se evitar dois extremos: a) não apresente simplesmente o rol dos dados, for
çando o leitor a analisá-los; b) não apresente apenas descrições qualitativas como: “a taxa de
resposta aumentou”. Ao invés disso, dê médias, porcentagens e valores representativos onde
for apropriado. Por exemplo: “Como função do esquema de reforçamento, a taxa de resposta
de pressão à barra aumentou para uma média de 18 pressões à barra, por minuto, um aumento
de 89% em relação ao obtido no nível operante.”
Limite sua descrição ao que o sujeito estava realmente fazendo e não ao que você
acha que ele estava fazendo, como por exemplo: “o rato estava se movendo através da caixa”,
e não “o rato estava procurando água.”
Os resultados descritos devem ser suficientes para justificar a conclusão.
Figuras são abreviadas - Fig. - e são numeradas em algarismos arábicos. Ocorre
uma exceção quando a palavra figura é a primeira de uma sentença. Tabelas são numeradas
em algarismos arábicos mas não são abreviadas. Para relatórios que não serão publicados,
procure fazer as figuras e tabelas de tamanho pequeno, para que possam ser colocadas no
próprio texto. Caso o relatório ou artigo venha a ser publicado, as figuras e tabelas devem ser
feitas em folhas separadas e inseridas, indicando-se o local onde devem ser colocadas, como
já foi explicado no item “aparelhos”.
- Discussão
Esta secção deve vir logo após a secção de resultados, e seu título deve vir escrito em
letras maiúsculas centralizado no alto da página. A secção de discussão tem por finalidade ajudar
a entender as descobertas experimentais e, portanto, é permitido ater-se a hipóteses e
interpretações, de acordo com os interesses do investigador.
Esta secção deve analisar o significado dos resultados e o modo como eles se rela
cionam com o problema proposto. Além disso, a discussão salienta as limitações das conclu
sões, assinala as semelhanças e diferenças entre as descobertas e os mais amplos pontos de
vista aceitos e apresenta, em síntese, as implicações para a teoria e a prática. Os resultados
são discutidos em termos de problemas apresentados na introdução, assinalando se esses re
sultados estão de acordo com a literatura ou não, qual o dado novo encontrado e se o experi
mento atingiu o objetivo a que foi proposto. Exemplo: “Comparando-se a curva de extinção
após CRF e após esquemas intermitentes, observou-se que, no primeiro caso, após 50 res
postas de pressão à barra o sujeito fez uma pausa de 10 minutos. Já no segundo caso, as 50
respostas de pressão à barra estavam distribuídas ao longo da sessão, sem interrupções (pla-
tôs) tão acentuadas.”
Para finalizar a discussão você pode apresentar um breve resumo dos principais re
sultados encontrados, mencionando quais os aspectos mais importantes. Sugira, nessa secção,
outros experimentos que possam ser realizados ou quais variáveis deverão ser estudadas para
obtenção de resultados mais conclusivos. Para concluir, discuta qual a contribuição que este
experimento trouxe para sua área de conhecimento, ou, qual a contribuição desse exercício de
laboratório para sua compreensão dos princípios teóricos estudados.
Se você apresentar mais de um experimento (ou exercício) num mesmo relatório (ou
artigo), pode fazer uma secção de “discussão geral”, na qual mostrará a relação entre os vá
rios resultados obtidos.
- Referências bibliográficas
O título desta secção deve ser escrito em letras maiúsculas, no alto da página se
guinte à secção de resultados e discussão.
Referência bibliográfica é um conjunto de indicações precisas, que permitem a
37
identificação de publicações. O objetivo de arrolar as referências bibliográficas utilizadas é
permitir o acesso do leitor que você cita no corpo do trabalho.
Existem várias formas diferentes de apresentação de referências e estas dependem
muitas vezes do periódico específico. Como não é possível relacionamos todas essas regras
diferentes, adotamos a regra da American Psychological Association (APA).
As referências bibliográficas, ao final do relatório, incluem apenas fontes citadas no
texto. Nunca inclua uma referência que não tenha sido referida no corpo do seu trabalho e
nunca deixe de incluir a referência de uma citação.
Para a datilografia das referências, o espaço deve ser reduzido em relação às demais
partes do relatório. As referências são organizadas em ordem alfabética e apresentadas ao fi
nal do trabalho. A segunda linha e as subseqüentes, de uma referência, inicia-se, sob a ter
ceira letra da primeira linha; os vários elementos da referência são separados por ponto, se
guidos de dois espaços. Veja, em seguida, os exemplos dos tipos mais freqüentes de referên
cias:
1. Livros:
Sobrenome do autor, iniciais. Título. Local: Editora, data.
Pessoti, I. Ansiedade. São Paulo: EPU, 1978.
Toda edição que não seja a primeira deve ser citada entre parênteses, logo após o
título do livro.
- Para uma obra de dois autores, inicia-se pelo sobrenome do primeito autor citado,
seguido de e o sobrenome do segundo autor.
- Para uma obra com mais de dois autores, inicia-se pelo sobrenome do primeiro
autor citado, seguida da expressão “et alii”. Se necessário, pode-se mencionar todos os cola
boradores, separando-os por ponto e vírgula e antes do útimo autor.
Várias referências de um mesmo autor são apresentadas pelo ano de publicação, ini
ciando-se pela obra mais antiga até a mais recente.
3. Artigos de Periódicos:
Sobrenome do autor, iniciais. Título do artigo. Título do periódico, data, volume (n9
fascículo), página inicial - página final.
8. Citações no texto
Geralmente são necessárias citações para ilustrar ou apoiar o que se afirma. Uma
citação é direta, quando se transcreve exatamente as palavras do autor e é indireta quando
nos referimos às suas idéias, através de parágrafos (expressão da idéia de outro, com palavras
próprias do autor do trabalho), e da condensação (síntese dos dados retirados de uma fonte,
porém, sem alterar o pensamento do autor). No corpo do trabalho coloca-se o sobrenome do
autor e a data, inseridos no texto em um ponto adequado: “Smith (1980) compara os tempos
de reação...” “Num estudo recente sobre os tempos de reação (Smith, 1980)...” “Em 1980,
Smith comparou...”
Em discussão contínua, na mesma de página subseqüente, o nome do autor pode ser
mencionados novamente, sem a citação da data para não ocorrer ambigüidade na interpreta
ção dos resultados.
Citações múltiplas de autores diferentes são colocados em ordem alfabética, pelo
sobrenome dos autores, separadas por ponto e vírgula.
Estudos recentes (Brown & Smith, 1961; Smith, 1962, 1964; Williamns, 1971) têm
mostrado. ..
Pode-se colocar a citação de uma página particular, capítulo ou figura:
(Jones, 1958, pp. 10-19)...
(Smith, 1960, cap. 3)...
Quando uma citação não ultrapassar cinco linhas, deve ser transcrita entre aspas, in
tercalada no parágrafo. Exemplo:
Contudo, para Silva (1986), “através de prescrição médica, ou estimulado pelo in
teresse social ou individual, o uso de drogas apresenta benefícios e risco que variam para cada
indivíduo e cada droga”.
Uma citação de mais de cinco linhas deve ser datilografada com margem recuada e
espaço reduzido. Este procedimento elimina a necessidade de aspas.
Uma citação de citação de fonte secundária, somente é usada quando for indispen
sável mencionar um trabalho que o autor apenas teve conhecimento por citação de outro tra
balho. Exemplo:
39
Cunha (1976), citado por Fagundes (1982), sugeriu quatro características necessá
rias a uma linguagem científica: objetividade, clareza e exatidão; concisão; e ser afirmativa ou
direta.
Na lista de referências bibliográficas, as duas obras devem ser citadas. Exemplo:
Cunha, W.H.A. Alguns princípios de categorização, descrição e análise do compor
tamento. Ciência e Cultura, 1976, 28 (1), 15-24. Citado por Fagundes, A.J.F.M.
Descrição, definição e registro de comportamento. São Paulo : Edicon, 1982. p.
22.
- Tabelas
Tabelas não tem legenda mas somente título, que deve especificar todos os itens que
ela contém; são numeradas com algarismos arábicos.
Tabelas nunca são fechadas por linhas laterais. Exemplo de uma tabela:
- Figuras
Se você colocar todas as figuras de um relatório em anexo, cada figura deve estar
em uma página com a palavra Figura centralizada no alto da página. Deve-se procurar redu
zir os gráficos a uma única página, evitando-se, ao máximo, material desdobrável. No caso
das figuras estarem em anexo, você poderá colocar a legenda na parte inferior da figura, ou
se existirem muitas figuras, faça uma página somente para legendas.
Exemplos:
40
PROFECIAS AUTO-REALIZADORAS EM SALA DE AULA:
EXPECTATIVAS DE ESTUDANTES DE PSICOLOGIA
COMO DETERMINANTES NÃO-INTENCIONAIS DE DESEMPENHO*
Emma Otta**, María Alice Vanzolini da Silva Leme**, María da Penha Pinheiro
Lima*** e Sonia Maria Rocha Sampaio****
RESUMO
ABSTRACT
MÉTODO
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Calculou-se para cada escala a proporção de respostas positivas (pontos 4 ou 5), ne
gativas (pontos 1 ou 2) e neutras (ponto 3). Estes dados foram combinados e representados
graficamente por faculdade. A Figura 1 exemplifica a forma de representação utilizada. Na
figura podem ser diferenciadas quatro zonas que denominaremos:
a) zona claramente positiva = mais de 50 por cento das reSpostas nos pontos 4 e/ou
5;
b) zona claramente negativa = mais de 50 por cento das respostas nos pontos 1
e/ou 2;
c) zona de neutralidade = mais de 50 por cento das respostas no ponto 3;
d) zona de opiniões divididas = as respostas nos pontos 1 e/ou 2, 3, 4 e/ou 5 não
ultrapassam 50 por cento.
ZONA D€ NEUTRALIDADE
ZONA DE OPINIÕES DIVIDIDAS
Figura 1. Representação gráfica dos julgamentos numa escala em função da proporção de respos
tas no pólo negativo (1/2), neutro (3) e positivo (4/5). Veja explicação no texto.
45
Vamos supor que numa das faculdades, numa dada escala, 70 por cento dos estu
dantes de um dos grupos tenham assinalado os pontos 4 e/ou 5, 20 por cento o ponto 3 e 10
por cento os pontos 1 e/ou 2. O círculo cheio da Figura 1 representa este resultado. Vamos
imaginar um outro resultado, 20 por cento dos estudantes assinalaram os pontos 4/5, 80 por
cento o ponto 3 e 0 por cento os pontos 1/2. Agora é o triângulo cheio da Figura 1 que re
presenta este resultado.
46
Comparação das avaliações do texto Não-Identificado com as avaliações do texto atribuído a
Freud.
% POSITIVO
% POSITIVO
FACULDADE D
% POSITIVO
FACULDADE E
10 20 30 4b 50 60 70 ao 90
% POSITIVO
FACULDADE F
% POSITIVO
50
quanto à utilidade de um texto atribuído a Freud. As respostas na escala onipotente-humilde
foram localizadas na zona de opiniões divididas para os dois grupos. Trinta e nove por cento
dos estudantes que receberam o texto não identificado assinalaram os pontos 1 ou 2, 50 por
cento assinalaram o ponto 3 e 11 por cento, os pontos 4 ou 5. Dos estudantes que receberam
o texto com o nome de Freud, 14 por cento assinalaram os pontos 1 ou 2, 40 por cento o
ponto 3 e 47 por cento os pontos 4 ou 5.
Na Faculdade C, o nome de Freud atenuou aspectos negativos do texto não-identi-
ficado. Nas escalas fechado-aberto e onipotente-humilde, as respostas se deslocaram da zona
claramente negativa para a zona de neutralidade.
Na Faculdade D, as respostas na escala onipotente-humilde localizaram-se na zona
de neutralidade para os dois grupos. Dos estudantes que receberam o texto não-identificado,
27 por cento assinalaram os pontos 1 ou 2, 64 por cento o ponto 3 e 9 por cento os pontos 4
ou 5. Daqueles que receberam o texto com o nome de Freud, nenhum assinalou os pontos 1
ou 2, 58 por cento o ponto 3 e 42 por cento os pontos 4 ou 5.
Na Faculdade E, a escala irrelevante-relevante localizou-se na zona de neutralidade
quando o texto não era identificado e na zona claramente positiva quando era atribuído a
Freud. A escala superficial-profundo foi localizada na zona de neutralidade para ambos.
Nesta escala, dos estudantes que receberam o texto não-identificado, 44 por cento assinala
ram os pontos 1 ou 2, 56 por cento assinalaram o ponto 3 e nenhum assinalou os pontos 4 ou
5. Já daqueles que receberam o texto atribuído a Freud, 9 por cento assinalaram os pontos 1
ou 2, 55 por cento o ponto 3 e 36 por cento os pontos 4 ou 5.
De modo geral, então o nome de Freud contribuiu para que os estudantes vissem
o texto de um ângulo mais favorável. Os comentários de dois estudantes foram selecionados
para ilustrar este clima de opinião.
Um estudante, que recebeu o texto não-identificado, escreveu:
“No texto a discussão é pobre, porém se aplica a disciplinas que ‘querem’ entrar no
contexto científico (e nesse contexto não incluo a Psicologia); ele é coerente.”
Um colega, que recebeu o texto com o nome de Freud teve uma opinião diferente:
“Concordo totalmente. Em se tratando de uma abordagem que se aproxima mais da
dialética, Freud tem razão. A organização do material empírico se fará através do'
encaminhamento da experiência do ponto de vista teórico e prático.”
CONCLUSÕES
IDENTIFICADO
Figura 3• Medianas das notas atribuídas pelos estudantes da Faculdade A ao texto com o n o m e de
Freud, de Skinner e Não-Identificado. As linhas verticais mostram a faixa de variação nas notas.
53
Ê importante lembrar que este quadro de resultados não deixa de ser um reflexo do
que ocorre na cena contemporânea da Psicologia - a existência de divisões entre os psicólo
gos, principalmente entre “mecanicistas” e “humanistas”, divisão que remonta às origens fi
losóficas da Psicologia, passa pelo período das grandes escolas e chega aos dias atuais sem
aparente resolução. Para muitos, a Psicologia está à espera do seu Galileu, ainda em um está
gio de exploração, pré-paradigmático, sem apresentar generalizações confiáveis que marcam
o advento do progresso característico da ciência. Para estes, não há razão para descrer que a
Psicologia atingirá esse objetivo. Todavia, a coexistência de vários modelos do homem, subja
cente às divisões coloca a questão da possibilidade e mesmo da desejabilidade de um modelo
unitário, em tomo do qual se unificaria a Psicologia (Jahoda, 1980). No fundo destas divisões,
segundo Jahoda, há o posicionamento na questão metafísica que persegue toda discussão so
bre modelos do homem: O problema mente-corpo. “É uma decisão metafísica, um ato de fé
no monismo ou dualismo ou em qualquer outra abordagem filosófica ao problema que tenha
sido sugerida, que constitui a fundação de todos os modelos do Homem” (p. 278). E não há
possibilidade de submeter à prova a suposição ontológica última. O importante é que, quais
quer que sejam as posições adotadas, fique claro que se trata de uma preferência pessoal por
uma suposição metafísica que subjaz um modelo conceituai. Ora, um modelo conceituai, seja
em Psicologia ou em qualquer outra ciência, guia o que vamos busca^e ver. Mas há um agra
vante na Psicologia: Os modelos do homem influenciam não só o psicólogo, mas têm conse
qüências no mundo real - as crianças são criadas diferentemente por pais que seguem uma
orientação freudiana ou skinneriana (Newson e Newson, 1974). É esta potencialidade do mo
delo conceituai influenciar o ontológico que leva Maria Jahoda a defender a idéia de que
é moralmente desejável a existência de um pluralismo de modelos: “O confronto com outros
modelos, com o que podem ou não conseguir, serve como um lembrete valioso de que não
existem respostas finais, que as perguntas últimas exigem um compromisso metafísico e que
aquilo que nossos conceitos nos levaram a observar é inevitavelmente o resultado de nossos
modelos tácitos ou explícitos. O observável mesmo está mudando infinitamente” (p. 286). A
nosso ver, é esta apreciação serena de uma convivência pacífica que está faltando em nosso
meio também. Sem dúvida a adoção de um modelo conceituai é condição para a construção
do conhecimento e reflete mais que uma mera adoção racional, envolve sentimentos. Todavia
o amor não precisa ser obrigatoriamente cego, intransigente, onipotente como parece ocorrer
em nosso meio.
54
REFERÊNCIAS
55
PROCEDIMENTOS DOS EXERCÍCIOS DE LABORATÓRIO
PROCEDIMENTOS DOS EXERCÍCIOS DE LABORATÓRIO
A) Nível operante
Este exercício consiste na observação de um comportamento específico do sujeito
experimental e o seu propósito é determinar a força da resposta de pressão à barra, antes que
qualquer operação experimental seja introduzida e modifique esta força. O nível operante da
resposta a ser condicionada permite avaliar o efeito do reforço, comparando a freqüência da
resposta antes e depois da introdução do reforço.
Itens do procedimento
1. Verifique os aparelhos que serão utilizados e coloque o sujeito na caixa experi
mental.
2. Neste exercício nenhuma resposta de pressão à barra será reforçada com água.
Portanto, a chave de controle do bebedouro deverá estar na posição manual.
3. Anote com um “X” em sua folha de registro o número de vezes que o sujeito
pressiona a barra em cada um dos minutos sucessivos. Só considere respostas de pressão à
barra (RPB) se ouvir o “clic” do micro-interruptor.
4. Na outra coluna da folha de registro, anote também outros comportamentos do
animal: (L) comportamentos de limpeza, tais como lamber-se, coçar-se etc; (A) andar; (E) er
guer-se nas patas traseiras; (F) farejar a barra, o bebedouro, a grade etc; e (P) ficar parado.
5. A observação terá a duração de 30 minutos e os comportamentos serão registra
dos em intervalos de 1 minuto.
b) Treino ao bebedouro
O objetivo deste treinamento é associar o ruído do bebedouro com a apresentação
da água. Esta associação de estímulos faz com que um estímulo neutro (ruído do bebedouro)
adquira características de estímulo reforçador condicionado, o que permitirá que se apresente
o reforçador, imediatamente após a resposta de pressão à barra, no condicionamento desta
resposta. Além disso, o exercício permite que ocorra adaptação de possíveis respostas emo-
V
Data:...............
Tempo de exercício: das....... .à s.........horas.
Rato na gaiola n - ......... ; em privação de.......horas.
€>
II. Modelagem da resposta de pressão à barra e reforçamento contínuo (CRF)
a) Modelagem
Reforçar consiste no pròcedimento de liberar um estímulo reforçador (no caso,
água), contingente a uma resposta previamente definida (aproximar-se da barra), por exem
plo. Lembre-se: para que o reforçamento tenha eficácia máxima, o reforço deve ser dado,
imediatamente, após o comportamento desejado ter ocorrido. Um atraso de alguns segundos
poderá tomá-lo menos eficaz quanto ao aumento da probabilidade de ocorrência da resposta,
porque o sujeito continua a se comportar e, quando o reforço for liberado, ele será contin
gente a uma outra resposta que estará ocorrendo e não àquela resposta pretendida.
Modelagem é o reforçamento diferencial de algumas respostas que vão levar à res
posta final desejada. Modelagem é um procedimento utilizado para instalar alguns comporta
mentos que ainda não fazem parte do repertório do sujeito. Começamos com algumas res
postas, apenas pouco semelhantes à resposta final que desejamos instalar e aumentamos a fre
qüência destas respostas. Gradualmente, nossa exigência para o reforçamento vai sendo mu
dada para respostas cada vez mais semelhantes à resposta final desejada. Assim, através do
reforçamento diferencial de aproximações sucessivas à resposta final desejada, instala-se no
repertório do sujeito uma resposta que ele não era capaz de emitir antes deste procedimento
ter-se iniciado.
A resposta a ser modelada, neste exercício, é a resposta de pressionar a barra. O
desempenho final desejado é fazer com que o rato pressione a barra e obtenha água, sem que
o aluno precise intervir, isto é, com a chave de controle na posição automática. Os
comportamentos que serão, certamente reforçados são: aproximar-se da barra, farejar a bar
ra, tocar a barra etc.
Itens do procedimento.
1. Verifique os aparelhos que serão utilizados e coloque o sujeito na caixa experi
mental.
2. Inicie acionando o bebedouro e espere o sujeito aproximar-se rapidamente e be
ber a água.
3. Inicie a modelagem, fazendo funcionar o bebedouro sempre que o sujeito emitir
uma resposta próxima ao desempenho final (reforce cerca de três vezes cada resposta e de
pois passe para outra).
4. Continue até que o sujeito pressione efetivamente a barra por 10 vezes consecu
tivas. Caso seu equipamento não tenha registrador cumulativo de respostas, conte o número
de “cliques” da barra. >
5. Anote os comportamentos do sujeito e os reforços que recebe, na sua folha de
registro. Anote, também, o tempo de duração do exercício.
6. Terminada a modelagem, passe em seguida para exercício de Reforçamento
Contínuo, sem retirar o sujeito da caixà experimental.
FOLHA DE REGISTRO - MODELAGEM
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Nos exercícios de modelagem e CRF, uma gota de água foi usada como estímulo
reforçador para a resposta de pressionar a barra. Para que a água agisse como um reforçador
eficaz, o sujeito estava sem beber água há 24 horas, ou seja, o rato estava privado de água.
No final da fase de CRF, você observou que a resposta de pressionar a barra diminuiu de fre
qüência até que o sujeito permanecesse 10 minutos sem pressionar a barra. Isto ocorreu por
que, à medida que bebia água, o rato foi se saciando até que a água deixou de funcionar, tem
porariamente e, para aquele rato, cômo estímulo reforçador positivo. Podemos dizer, então,
que aquele rato estava saciado.
No exercício de hoje vamos verificar quanto tempo e quantas gotas de água são ne
cessárias para a saciação do seu sujeito experimental.
Itens do procedimento. ^
1. Verifique os aparelhos que serão utilizados e coloque o sujeito na caixa experi
mental.
2. Coloque a chave de controle na posição automática de modo que o animal receba
reforços contínuos, automaticamente. Caso isso não aconteça nos primeiros 10 minutos, re
pita novamente o procedimento de modelagem, durante alguns minutos. Anote a remodela-
gem também. Anote as Respostas de Pressão à Barra com um traço e as respostas de contato
com a barra com um C. Respostas de pressão são aquelas em que o sujeito toca na l?arra e a
pressiona até que ela produza um ruído característico - “clique” e a água é liberada. Respos
tas de contato ocorrem quando qualquer parte do corpo do animal toca na barra, mas sem
força suficiente para produzir o ruído característico (o clique não é emitido) e não ocorre a li
beração da água.
3. Dê o exercício por encerrado quando decorrerem 10 minutos consecutivos, sem
nenhuma resposta de pressão à barra.
66
FOLHA DE REGISTRO - NÍVEL DE SACIAÇÃO
Data:..............
Tempo do exercício: das......... às horas..........
Rato da gaiola n9 ......... ; em privação de........ .horas.
67
IV. Extinção da resposta de pressão à barra.
A previsão é de uma sessão experimental.
A duração média do exercício é de 60 minutos.
Itens do procedimento
1. Verifique os aparelhos que serão utilizados e coloque o sujeito na caixa experi
mental.
2. Coloque a chave de controle na posição automática de modo que o sujeito pres
sione a barra e obtenha 10 reforços em Crf.
3. Após 10 CRF, coloque a chave de controle na posição manual, para que o sujeito
não receba reforço quando pressionar a barra. Anote todas as respostas de pressão à barra (/)
e as respostas de contato com a barra (C).
4. Anote as respostas emocionais do sujeito, como por exemplo: morder a grade,
micção, defecação etc.
5. Encerre o experimento quando, depois de o animal já ter emitido, no mínimo 50
respostas, permanecer 10 minutos sem pressionar a barra. Se no 9- minuto, por exemplo, o
sujeito voltar a responder, reinicie a contagem dos 10 minutos. ,
68
FOLHA DE REGISTRO - EXTINÇÃO'DA RESPOSTA DE PRESSÃO À BARRA
Data:..............
Tempo do exercício......... das.......... às......... horas.
Rato da gaiola n9......... em privação d è .......... horas.
Rs acumu Rs acumu
Intervalos Rs de presssão à barra Total de Total de ladas de ladas de Observações
de 1 min e de contato c/a barra Rs RPB Rs RC pressão contato
1 ////C C ///C 7 3 7 3
2 C C ///////C 7 3 14 6 Micção
3 ///C //C 5 2 19 8 Sujeito morde
a barra
69
V. Recondicionamento da resposta de pressão à barra e Esquema de
intervalo fixo (FI)
A previsão é de três sessões experimentais.
A duração média do exercício é de 1 hora por sessão.
Itens do procedimento
1. Verifique os aparelhos que serão utilizados e coloque o sujeito na caixa experi
mental.
2. No último exercício, você realizou o procedimento de extinção da respQsta de pressão
à barra, do seu sujeito. Assim, se o animal não pressionar a barra, em um período inicial de 5
minutos, realize novamente uma modelagem até que ele receba 10 reforços em CRF. Anote as
respostas na folha de registro.
3. Logo após inicie o FI.
70
4
Figura estili2ada das 3 fases de desempenho em esquema de FI.
A) pequenas curvas de extinção - fase inicial; B) desempenho constante - fase de transição; C)
desempenho final característico de FI.
Itens do procedimento
1. Verifique os áparelhos que serão utilizados e coloque o sujeito na caixa experi
mental.
2. Leia estas instruções até o fim e depois recomece, executando ao mesmo tempo
as indicações de cada item.
3. Agora, deixe a chave de controle na posição manual e, após decorrerem dois mi
nutos, recoloque a chave de controle na posição automáticar permitindo que a primeira res
posta de pressão à barra, emitida pelo sujeito após este intervalo, seja reforçada; em seguida
recoloque a chave de controle na posição manual e recomece a contagem do intervalo de 2
minutos.
4. De agora em diante proceda sempre da mesma maneira: reforce sempre a pri
meira resposta após o intervalo de 2 minutos - não reforce nenhuma outra. Sempre inicie a
contagem do período de 2 minutos após a resposta reforçada do sujeito.
Atenção: reforçar não significa liberar o reforço manualmente e sim abrir a contin
gência para reforçamento, isto é, coloca-se a chave de controle na posição automática e,
quando o sujeito emitir a resposta, uma gota de água será liberada automaticamente.
5. Tendo decorrido uma hora de exercício, faça uma exigência a mais: reforce a primeira
resposta que ocorrer durante os primeiros 30 segundos; se a primeira resposta após o FI 2 min
vier depois dos primeiros trinta segundos, o animal perde o direito ao reforço naquela tentativa.
Então, reforce a primeira resposta da próxima tentativa que ocorrer durante os primeiros 30
segundos. Observe o esquema abaixo:
Reforçar apenas nos intervalos assinalados. Caso o animal não responda, perderá o
direito ao reforço e somente o receberá no próximo intervalo.
6. Continue com este procedimento até, que além da resposta reforçada, o animal não
emita nenhuma outra dentro dos primeiros 30 segundos. Quando isto ocorrer, por 5 vezes
consecutivas, encerre o exercício.
7. Pode ser que este critério não seja atingido em uma só sessão experimental. Poderá
exigir várias horas. Sempre que você tiver que interromper o exercício, anote a data, hora e
duração em sua folha de registro.
71
8. Se você tiver que recomeçar em outro dia, obedeça ao seguinte: reforce a pri
meira resposta que o animal emitir e depois nenhuma outra até que tenham decorrido 2 mi
nutos. Feito isso, reinicie de onde você parou.
Sugestões para Análise dos Dados
a) Comente se foi necessário ou não realizar o Recondicionamento do operante
(RPB).
b) Divida o total das sessões em 3 fases: a inicial onde a taxa era alta no início e di
minuía ao longo do intervalo; a fase intermediária onde a taxa era constante ao longo do in
tervalo e a fase final onde a taxa era baixa no início do intervalo e ia aumentando à medida
que a probabilidade de reforçamento aumentava (a partir do item 5 do procedimento). Cal
cule as taxas de respostas das 3 fases, comparando-as. Geralmente ocorre que a 1- é 2-> 3-
fase.
c) Construa uma curva acumulada de todas as sessões que realizou, assinalando
quando houve interrupção. Assinale também com um traço oblíquo a resposta que foi refor
çada e cada fase do exercício, caso você consiga identificar em seus dados o padrão de res
postas semelhante à curva estilizada mostrada anteriormente.
Analise a curva nos seus aspectos mais característicos. ^
Ao construir a curva (com número muito grande de respostas), você não precisará
aumentá-la. Quando chegar ao limite superior do papel, trace uma linha vertical e recomece
da abcissa. Veja o exemplo a seguir:
Itens do procedimento:
1. Verifique os aparelhos que serão utilizados neste exercício e coloque o sujeito na
caixa experimental.
2. Inicie a sessão com CRF e continue até que o sujeito tenha recebido 5 reforços.
3. Agora seu rato não será mais reforçado a cada resposta. Coloque a chave de
controle na posição manual e comece a reforçar em FR 4 ou FR 6, de acordo com a análise
que você fez, do desempenho do sujeito, na última fase de FI 2 min. Se você escolheu iniciar
com FR 4, espere o sujeito emitir 3 respostas e então coloque a chave de controle na posição
automática. Após a emissão da 4- resposta e liberação do reforço, feche novamente a contin
gência para reforçamento e recomece a seqüência.
4. Quando o sujeito emitir 4 respostas (ou o número de respostas que você definiu
como razão inicial) em contínuo, isto é, sem interrupção, e tiver passado um período de no
mínimo dois minutos, aumente a razão, somando duas respostas à razão em vigor.
5. Proceda como no item anterior (aumentando de 2 em 2 a razão) até ser atingida a
FR 10 (10 respostas emitidas para 1 reforço). Anote sempre a mudança de razão, em sua fo
lha de registro.
6. Após o animal atingir a FR 10 e estiver emitindo 10 respostas em contínuo, dei-
xe-o receber, 20 reforços neste esquema e encerre o exercício.
7. Se você necessitar mais de uma sessão para encerrar o exercício, recomece com a
razão que você parou menos dois.
8. Nos primeiros estágios, chame o professor quando você for aumentar a razão. Se
você fez o exercício em apenas uma sessão e a freqüência de respostas em FR 10 foi muito
baixa, você deve realizar outra sessão, utilizando somente FR 10.
73
B) Primeiro exercício em Esquema Intermitente
Itens do procedimento
1. Verifique os aparelhos que serão utilizados neste exercício e coloque o sujeito na
caixa experimental.
2. Inicie a sessão com CRF e continue até que o sujeito tenha recebido 10 reforços.
3. Quando seu rato tiver recebido 10 reforços, coloque a chave de controle na posi
ção mariual. Agora seu rato não será mais reforçado a cada resposta. Comece a reforçar as
respostas em FR 2. Sua mão deverá estar próxima à chave de controle. Logo que o animal ti
ver pressionado uma vez a barra, coloque a chave de controle na posição automática. Desta
forma, a 2- resposta será reforçada* Após a liberação do reforço, volte a chave para à posição
anterior.
4. Quando seu sujeito emitir as 2 respostas em contínuo, isto é, sem interrupção, e
tiver passado um período de no mínimo dois minutos, aumente a razão para FR 4 em sua fo
lha de registro.
5. Proceda como no item anterior (aumentando de 2 em 2 a razão) até ser atingida a
FR 10 (10 respostas emitidas para um reforço). Sempre anote a mudança de razão em sua
folha de registro.
6. Após o animal atingir a FR 10, e estiver emitindo 10 respostas em contínuo, dei
xe-o receber 20 reforços neste esquema e encerre o exercício.
7. Se você necessitar de mais uma sessão para encerrar o exercício, recomece com a
razão que você parou menos dois.
8. Nos primeiros estágios, chame o professor quando você for aumentar a razão. Se
você fez o exercício em apenas uma sessão e a taxa obtida em FR 10 foi muito baixa, você
deve realizar outra sessão utilizando somente FR 10.
*
74
VII. Esquema de razão variável (VR)
A previsão é de duas sessões experimentais.
A duração média do exercício é de 2 horas.
Itens do procedimento:
1. Verifique os aparelhos que serão utilizados e coloque o sujeito na caixa experi
mental.
2. Copie a série de respostas, por reforçamento, no alto de sua folha de registro; 5,
14, 11, 7, 9, 13,1, 8,19,4, 12, 16, 20, 2, 16, 6, 17, 3, 15, 2. Obtemos o valor da razão com
a somatória e todas as respostas desta série divididas pelo número de elementos que compoém
a série.
75
FOLHA DE REGISTRO - RAZÃO VARIÁVEL
Séries 5, 14, 11, 7, 9, 13, 1, 8, 19,4, 12, 16, 20, 2, 16, 6, 17, 3, 15, 2
Tempo do exercício: das......... às.......... horas Data.........
Rato da gaiola n9......... ; em privação de..........horas.
76
VIII. Extinção após reforçamento intermitente
A previsão é de uma sessão experimental.
A duração média do exercício, é de 1 hora e 30 minutos.
Nos exercícios que trataram dos esquemas de intervalo fixo (FI), razão fixa (FR)
e razão variável (VR) afirmou-se que, depois desses esquemas, a força de resposta aumenta
em relação ao reforçamento contínuo (CRF). Em geral, à primeira vista, a afirmação parece
paradoxal. Depois de algumas considerações feitas no texto e das observações que você fez
do seu animal, durante FI 2 min pode-se esperar que a sua visão do que lhe pareceu parado
xal, tenha mudado.
Na verdade, o problema dos esquemas de reforçamento tem ocupado a atenção de
muitos pesquisadores e tem-se revelado extremamente importante no estudo do comporta
mento humano. Não teremos tempo suficiente para percorrer todas as possibilidades dos es
quemas, e as extinções que se seguem a eles. Quando você tiver terminado as leituras do
curso e tiver mais tempo, poderemos estudar alguns esquemas um pouco mais complicadas.
Hoje você observará o efeito que o reforço intermitente produz sobre a força (taxa) da res
posta. O que você observará, provavelmente, é o aumento significativo das respostas em ex
tinção.
O objetivo desse exercício não é obter a extinção completa da resposta de pressão à
barra após esquema de reforçamento intermitente, mas sim comparar a taxa de resposta deste
exercício, com a taxa de resposta de extinção após reforçamento contínuo.
Itens de procedimento
1. Verifique os aparelhos que serão utilizados e coloque o sujeito na caixa experi
mental.
2. Inicie a sessão permitindo que seu animal obtenha 10 reforços no último esquema
intermitente usado. Use o mesmo valor com o qual você encerrou o último exercício.
3. Inicie, então, o período de extinção. Nenhuma resposta será reforçada.
4. A sessão terá duração igual à extinção, após reforço contínuo. Para isso veri
fique, na sua pasta, quanto tempo você gastou naquela sessão. Comece a contar o tempo da
extinção, após o último reforço recebido pelo sujeito.
77
FOLHA DE REGISTRO - EXTINÇÃO APÓS REFORÇAMENTO INTERMITENTE
T e m p o em m inutos
Curvas acumuladas de respostas de pressão à barra após CRF e após reforçamento intermitente.
/'võêèsx
Há muitas pessoas, que devido à sua história passada de reforçamento emitem respostas muito re
sistentes à extinção...
78
IX. Discriminação de estímulos luminosos
A previsão é de duas sessões experimentais.
A duração média do experimento é de 2 horas.
Dizemos que uma resposta está sob controle de um estímulo, quando a freqüência
de ocorrência desta resposta é maior na presença deste estímulo do que na sua ausência. Para
se colocar uma resposta sob controle de um estímulo, esta resposta (e outras pertencentes à
mesma classe de operantes) deverá ser reforçada apenas na presença deste estímulo específi
co. Este se tomará, então, um estímulo sinalizador de reforçamento, tradicionalmente chama
do de (estímulo discriminativo), e a resposta ocorrerá com freqüência maior na sua pre
sença do que na sua ausência.
Alternadamente, apresenta-se outro estímulo (ou vários outros), na presença do
qual a mesma resposta não será reforçada. Este estímulo se tomará, então, um estímulo sina
lizador de ausência de reforçamento, tradicionalmente chamado de SA (lê-se “esse delta”), e
a resposta ocorrerá com baixa freqüência na sua presença.
O objetivo deste exercício é colocar a resposta de pressionar a barra, do seu rato, sob
controle do estímulo luz, reforçando-se apenas quando a luz de intensidade 3 SA da caixa
experimental estiver acesa. SAé ausência de luz na caixa.
Itens de procedimento
1. Verifique os aparelhos que serão utilizados e coloque o sujeito na caixa experi
mental.
2. Inicie a sessão com um período de SD; e S A são apresentados alternada
mente.
3. O período de SA tem a duração mínima de 2 minutos e as respostas nunca são
reforçadas.
4. Para evitar que o sujeito se sacie muito rapidamente e para manter uma alta fre
qüência de respostas, o esquema de reforço em será intermitente, FR 5, e para evitar que
haja discriminação temporal, o número de reforços em cada período de variará, de acordo
com uma série pré-estabelecida. A série é a seguinte: 3 - 1 - 4 - 2 - 3 - 4 - 1 - 5 - 3 - 1 - 2 -
5 - 3 - ' 4 - 1 - 4 - 2 - 1 - 5 - 3 . Por exemplo: na primeira tentativa, o estará presente du
rante a emissão de 15 respostas com conseqüente liberação de 3 reforços; em seguida, a luz é
desligada (SA ) e, um período de extinção de 2 minutos, entra em efeito. Veja exemplo da
folha de registro.
5. Anote o tempo de cada período de para calcular o I q (índice de discrimina
ção).
6. A mudança de para SA não deve ser efetuada após o animal ter emitido uma
resposta, mas sim depois que o reforço for liberado (de preferência quando o animal estiver
bebendo). A razão deste cuidado deve-se ao fato de SA adquirir, durante o experimento,
propriedades aversivas. Assim, se uma resposta em for imediatamente seguida pelo apa
recimento de SA , criar-se-á uma contingência que diminuirá a freqüência de resposta em
SD, contrariando o esquema experimental deste exercício.
7. Em SA anote todas as respostas dadas pelo sujeito e somente passe para
quando decorrer um período de 5 segundos após a emissão da última resposta emSA .O S ^ ,
no decorrer do exercício adquire propriedades reforçadoras, então, se uma resposta durante o
período de SA for seguida pelo aparecimento de S ^, isto reforçará a emissão de respostas
durante o período de S , o contrário do que se pretende.
79
Obs: é importante trabalhar com a iluminação do laboratório reduzida ao mínimo; em
caso de interrupção do exercício, deve-se sempre começar com um período de SD.
8. O exercício estará concluído quando ocorrerem 5 períodos sucessivos de SA,
resposta, ou quando ao final da sessão o Id for maior do que 80%.
T Taxa de R em ...
i£) —------------------------------ . 100
Tx R em + Tx R em SA
Tentativos
Discriminação de estímulos luminosos.
80
X. Generalização
A previsão é de uma sessão experimental.
A duração do exercício é de 1 hora e 8 minutos.
Este exercício vai mostrar que, quando uma resposta é reforçada na presença de um
SD ela apresenta freqüência mais alta na presença não apenas deste estímulo específico, mas
também de outros estímulos. A probabilidade de estímulos produzirem a resposta reforçada
na presença “dependerá, em parte, das características físicas que estes estímulos têm em
comum” (Matos, 1981).
O objetivo do exercício de hoje é avaliar a freqüência da resposta condicionada em
SD (luz n9 3), na presença de outros estímulos semelhantes que serão luzes menos intensas,
Para isto, apresentaremos 3 intensidades de luz (a 3, que foi usada no treino discriminativo; a
2, e a 1), e períodos de ausência de luz (SA ).
SD = Estímulo discriminativo
Luz do botão n9 3
SA = Estímulo não reforçador
Ausência de luz na caixa.
Itens do procedimento
1. Verifique os aparelhos que serão utilizados e coloque o sujeito na caixa experi
mental.
2. Coloque a chave na posição manual, de modo que as respostas de pressão à barra
não sejam reforçadas.
3. e SA são apresentados alternadamente e têm a duração de 1 minuto, num
total de 20 minutos para cada estímulo (tempo total de 40 minutos).
4. O esquema de reforçamento utilizado será de VI 1 min. Neste exercício, cada pe
ríodo de SD será dividido em 6 intervalos de 10 segundos, em um dos quais será aberta a contin
gência para reforço. Para isto, no início deste intervalo de 10 segundos, coloque a chave de
controle na posição automática, de modo que a primeira resposta que ocorrer seja reforçada.
O sujeito receberá apenas um reforço em cada período de um minuto. Assim, após a primeira
resposta reforçada, volte a chave de controle para a posição manual. Portanto, existe um in
tervalo de 10 segundos, contados a partir do momento em que o reforçamento se toma possí
vel, dentro do qual o animal deverá emitir uma resposta, pelo menos, para receber o reforço.
Caso isto não aconteça, o rato não receberá reforço naquele S ^. Assinale, no quadradinho, se
o sujeito recebeu reforço ou não. Veja o exemplo da folha de registro e marque os intervalos
em que o sujeito receberá o reforço, antes de iniciar o exercício. Para marcar, no período de
um minuto, os intervalos em que o sujeito receberá o reforço, faça para cada período de um
minuto um sorteio com reposição.
5. Terminado o intervalo de 1 minuto em mude imediatamente para SA .
6. Terminados os 40 minutos, verifique se o total de respostas que o sujeito emitiu,
em SD, é aproximadamente 5 vezes ou mais o total das respostas emitidas em SA . Se isto
não ocorrer, continue a discriminação, por mais 15 minutos.
81
7. Se ocorrer uma baixa freqüência de resposta em SD, resultando em poucos reforços,
é melhor interromper o exercício e refazê-lo ém outro dia. Se um animal não atingir o critério de
5 vezes mais respostas em SD, mesmo após os 15 minutos adicionais, recomece o exercício em
outro dia.
8. Na passagem da primeira para a segunda parte do exercício, retire o sujeito da
caixa experimental por 5 minutos, somente recolocando-o no momento de iniciar a segunda
parte do exercício; as duas partes deverão ser realizadas em uma única sessão.
Apresentação de S^\ S2 ? S \ e SA
Itens do procedimento
1. Coloque a chave de controle na posição manual, de modo que nenhuma resposta
seja reforçada.
2. A sessão terá duração de 28 minutos, na qual cada estímulo será apresentado 7
vezes, com a duração de 1 minuto cada vez. Os estfmulos serão apresentados, de acordo com
a seguinte série produzida por sorteio:
SD, S h S2, SA ,SD, SA , Sj, SD, S,, S2, SA , SD , Sj, sA, s2, sA, Sj, s2, sD,
S ^ S ^ S D .S ^ SA , S2, SD, S*.
82
FOLHA DE REGISTRO
Segunda parte: Teste de generalização
Data:..............
Tempo do exercício: das......... às.......... horas.
Rato da gaiola n9......... . em privação de......... horas.
c) Construa um gráfico que conste de 4 curvas acumuladas, uma para cada estímulo
e comente-o.
d) Construa um gradiente de generalização e comente-o.
83
Estímulos apresentados
84
XI. Diferenciação do comportamento de saltar
A previsão é de uma sessão experimental.
A duração média do exercício é de 1 hora e 30 minutos.
Itens do procedimento
1. Verifique os aparelhos que serão utilizados e afixe a haste com a argola no teto
da caixa experimental.
2. Depois de ler todo o procedimento, coloque o sujeito na caixa.
3. Coloque a chave de controle na posição manual para que o experimentador li
bere o reforço ao sujeito.
4. O processo será iniciado com a argola totamente abaixada; basta que o sujeito
se aproxime da argola para receber o reforço (modelagem).
5. Sucessivamente serão reforçadas respostas que implicam em maior aproxima
ção da argola (cheirar, colocar a pata, colocar a cabeça, etc.), até conseguir a resposta atra
vessar a argola.
6. Para que o processo de diferenciação seja mais rápido, evite que o rato atra
vesse a argola, ora de um lado ora de outro. Reforce apenas as passagens da esquerda para
direita ou vice-versa; na modelagem, você reforçará aproximações de qualquer lado; depois
que o sujeito estiver atravessando a argola, reforce o lado em que ele mostrou a preferência
inicial para atravessá-la.
7. Quando o comportamento de atravessar a argola for estabelecido, continue re
forçando a resposta até que você note que o sujeito atravessa a argola, sem hesitação. Se esse
desempenho, sem hesitação for apresentado cerca de 10 vezes seguidas, pode mudar para a
variante seguinte, levantando a argola por 1 cm no máximo. Adote o mesmo critério de de
sempenho da resposta, para passar à fase seguinte.
8. Depois de atingido o critério com a argola levantada 1 cm, aumente a altura no
vamente em 1 cm.
9. Não faça mudanças de uma fase para outra, por mais de 1 cm. Se na mudança
de fase o sujeito apresentar um desempenho irregular e hesitante, volte a argola para a altura
anterior, até que o sujeito emita a resposta sem hesitação. Só então passe para a algura se
guinte.
10. O experimento encerra-se quando a argola atingir a altura máxima e o suj
emitir entre 10 e 20 respostas, ou até a saciação do animal (10 min sem resposta de saltar a
argola). oe
11. Se for necessário mais do que uma sessão, inicie sempre com a argola na altura
zero, mas a passagem de 1 cm para o mais alto pode ser mais rápida, ou seja, exija apenas 3 ou
4 respostas em cada altura para passar para a altura seguinte.
12. Registre o número de respostas e o tempo em cada altura.
Data:..............
Tempo de exercício das......... às.......... horas.
Rato da gaiola n9......... ; em privação de..........horas.
Uma cadeia de respostas é uma seqüência em que cada resposta produz um estímulo
que atua como reforçador condicionado para esta resposta e como estímulo discriminativo
para a resposta seguinte. O mesmo estímulo, portanto, aumenta a freqüência ou mantém a
resposta que o produz e aumenta a probabilidadé de ocorrência da resposta a ele subseqüente.
Estímulos discriminativos e reforçadores condicionados são estabelecidos, através
de associação com reforçadores incondicionados. Isso levou à proposta de que a melhor ma
neira de estabelecer uma cadeia de respostas, seria treinar primeiramente a última resposta da
cadeia, uma vez que, desta forma, o estímulo associado à última resposta adquiriria funções
de estímulo discriminativo e reforçador condicionado e poderia ser usado para modelagem de
outra resposta. Este procedimento é chamado de “trás para frente”.
No exercício de hoje, vamos estabelecer uma cadeia de respostas, usando como res
posta final a pressão à barra, que ja faz parte do repertório do seu sujeito, e a luz de intensi
dade 3, da caixa, que já foi estabelecida como estímulo discriminativo. Vamos apresentar uma
86
nova resposta que é puxar um trapézio preso ao teto da caixa, e para isto, esta resposta deverá
ser modelada através do reforçamento diferencial.
Prim eira parte - Observação e registro do nível operante de uma nova resposta:
puxar o trapézio.
A observação da resposta de puxar o trapézio será feita durante 15 minutos. Assim
você terá a linha de base do novo operante, anotando a freqüência que esta resposta apresenta
antes de qualquer processo de condicionamento. Anote, também, todos os outros comporta
mentos do sujeito. Nesta parte nenhuma resposta será reforçada, apenas observe os compor
tamento do animal, anotando-os a cada minuto.
FOLHA DE REGISTRO - OBSERVAÇÃO DO NÍVEL OPERANTE
Data:..............
Tempo do exercício: d as........ às........ horas
Rato da gaiola n2......... ; em privação de..........horas.
Itens do procedimento
1. Anote as respostas em cadeia, em intervalos de 1 minuto.
2. Continue até a saciação do animal ou seja, 10 minutos sem resposta.
88
XIII. Esquema de intervalo variável (VI)
A previsão é de uma sessão experimental.
A duração do experimento é de 1 hora e 20 minutos.
Itens do procedimento
1. Verifique os aparelhos que serão utilizados e coloque o sujeito na caixa experi
mental.
2. Copie esta série de intervalos variáveis no alto da folha de registro: 30 seg - 2
min 30 seg - 1 min 30 seg - 1 min 30 seg - 2 min - 1 min - 3 min - 1 min 30 seg - 4 min - 2
min 30 seg. Visto que a soma desses 10 intervalos de tempo é igual a 20 min., teremos aqui
um esquema de VI de dois minutos = VI 2 min.
3. Reforce as 10 primeiras respostas do sujeito em CRF feche a contingência para
reforço, espere 30 segundos e, então, reforce a primeira resposta que ocorrer, após ter trans
corrido esse tempo; novamente feche a contingência, agora por 2 minutos e 30 segundos e,
então, coloque a chave de controle na posição automática e espere que o sujeito pressione a
barra para receber o reforço. Prossiga, assim, com todos os intervalos; ao terminar esta série
de 10 intervalos, repita-a por mais 4 vezes e, então, encerre o experimento.
Atenção: somente após a ocorrência da resposta reforçada, você deverá reiniciar a
contagem do tempo. Reforçar significa abrir a contingência para reforço, ou seja, colocar a
chave de controle na posição automática. Fechar a contingência, significa colocar a chave na
posição manual.
89
FOLHA DE REGISTRO - INTERVALO VARIÁVEL
O exercício de hoje foi delineado para que possamos estudar o efeito que um estí
mulo, que precede o aparecimento de um estímulo aversivo inevitável, tem sobre o compor
tamento. Estes e Skinner (1941), citados em Millenson (1975), propuseram um procedimento
para estudar a ansiedade condicionada em laboratório, na forma de uma supressão condicionada
da resposta de pressão à barra. Podemos obter esse efeito ao emparelharmos um estímulo origi
nalmente neutro (Sj) - um tom, por exemplo - a um estímulo aversivo (S2) - um choque. A
ansiedade é medida, observando-se os efeitos em que o emparelhamento tem sobre quaisquer
atividades operantes, em que o organismo possa esta empenhando” (Millenson, 1975). Obser
vamos uma diminuição da freqüência da resposta de pressão à barra, logo após a ocorrência
do tom e esta alteração de taxa de resposta é acompanhada por outras modificações reflexas
no organismo do sujeito, chamadas por Estes e Skinner, de respostas emocionais. Quando o
Sj termina e o S2 é apresentado, a freqüência de resposta de pressão à barra tende a voltar
aos níveis anteriores ao intervalo S j - S2 , e as respostas emocionais deixam de ocorrer.
Para a realização deste exercício, selecione um estímulo de aviso (Sj), diferente da
quele utilizado nos exercícios de discriminação e encadeamento, pois a luz já adquiriu, ante
riormente, caraterísticas de estímulo reforçador positivo e a sua utilização, neste exercício,
poderia reforçar as respostas anteriores (dada sua função de S1*) ou produzir um aumento na
freqüência subseqüente (dada sua função de S^). Caso em seu aparelho não haja outra fonte
de estimulação, você poderá utilizar uma campainha de mesa ou então programar uma ou
duas sessões de extinção , para que a luz perca o seu poder de estímulo reforçador condicio
nado.
Itens do procedimento
1. Verifique os aparelhos que serão utilizados e coloque o sujeito na caixa experi
mental.
2. Este exercício será feito em quatro etapas. Anote cada uma delas na sua folha de
registro antes de começar o exercício.
3. A primeira parte será composta por uma série de VI 2 min, com duraçãç total de
20 minutos, a mesma utilizada no exercício anterior. Você deverá marcar com “X” em sua
folha de registro em que intervalos o reforço será liberado.
90
4. A segunda parte será semelhante à primeira, porém agora você deverá apresentar
um som, com 5 segundos de duração, no início de alguns dos intervalos de 30 segundos que
compõem sua folha de registro. Este som deverá ser apresentado no início de apenas 6 dos 40
intervalos que compõem esta segunda série de VI 2 min. Realize um sorteio de 6 intervalos
dentre os 40 e assinale-os em sua folha. Duração de 20 minutos.
5. A terceira parte deve incluir o emparelhamento Sj - S2 (som-choque) em 6 in
tervalos da terceira série de V I2 min (20 minutos). Sorteie novamente outros 6 intervalos para
designar em que momento os emparelhamentos deverão ocorrer e assinale-os em sua folha de
registro. O som deverá ter a duração de 5 segundos e deverá ocorrer nó início do intervalo de
30 segundos, e o choque deverá ser rápido e liberado no final do intervalo, através do botão
n9 1 de seu aparelho.
6. A quarta e última parte deverá ser igual à primeira parte (20 minutos).
Ic - c - b
(c-b) + (b-a)
Onde temos que, c-b é igual a freqüência de respostas durante Sj (período entre a
apresentação do som e a liberação do choque), e b-a é igual a freqüência de respostas, antes
Sj (este período deverá ser o imediatamente anterior ao período Sj - S2).
b) Ó Ie é definido, por Millenson (1975), como índice de Mudança Emocional. Quando
o responder durante S 1 for igual ao responder no período de controle (antes de Si), nenhum efeito
de Si é observado, portanto, Ie = 0,5. Quando c-b for maior que b-a, o Ie deverá estar entre 1,0
e 0,5. Comente o índice Emocional alcançado pelo seu sujeito experimental.
c) Identifique algumas situações da vida cotidiana em que poderia estar acontecen
do um fenômeno semelhante ao descrito neste exercício.
91
FOHA DE REGISTRO - SUPRESSÃO CONDICIONADA DE RESPOSTA
1 X /////// 8 1- parte
2 /////// 7 VI 2 min
3 ///// 5
4 X /////// 7
5 ////// 6
40 X X///I 4 2- parte: S j
41 //////// 8
42 ////////// 10
43 X/ / / / / Í 7
44 X X ///// 5
80 X // X 2 3- parte
81 X ///// 5 s l~ s2 3
82 ///////// 9
83 X X 0
84
XV. Punição
A previsão é de uma sessão experimental.
A duração média do exercício é de 40 minutos.
“A punição é muito comum na natureza e muito aprendemos com ela. Uma criança
corre desajeitadamente, cai e se machuca; toca uma abelha, e é picada; tenta tirar o osso de
um cachorro e é mordida; e, em conseqüência, aprende a não fazer tais coisas novamente’
(Skinner, 1983). Quando utilizamos a punição para induzir alguém a não se comportar de uma
determinada maneira, podemos falar em controle aversivo. A punição é uma técnica de con
trole de comportamento muito questionável, pois além de já estar comprovado que ela não é
eficaz a longo prazo (apesar de ter um efeito mais imediato do que a extinção), a punição
produz efeitos e subprodutos indesejáveis, tais como emoções, ansiedade e, além de tudo, não
garante que o comportamento adequado apareça.
No procedimento de punição, uma resposta específica (ou uma cadeia de respostas)
é seguida por um estímulo punitivo em potencial. Se a resposta, que é seguida pelo estímulo
punitivo em potencial, mostra uma redução significativa na freqüência, pode-se dizer que o
92
estímulo punitivo em potencial é, de fato um estímulo punitivo. Para que possa ser definido
como punitivo um estímulo deve ser contingente a uma resposta específica e produzir uma
diminuição na força desta resposta.
Assim, o objetivo deste experimento é mostrar o efeito imediato e pouco duradouro
da punição. É claro que estamos utilizando uma punição fraca e aplicada por pouco tempo e,
por isso, seu efeito será pouco duradouro - o rato voltará espontaneamente a pressionar a
barra.
Itens de procedimento
1. Verifique os aparelhos que serão Utilizados e coloque o sujeito na caixa experir
mental.
2. Comece reforçando em CRF a resposta de pressão à barra até que o sujeito ob
tenha 10 reforços (sem punição).
3. Passe para VR 5 sem punição, seguindo a seguinte série de VR: 5, 3, 5,4, 8, 7 ,4 ,'
6, 3 ,2 ,7 ,6 , 5, 3, 5,4, 8, 7, 5,6, 3, 2, 7, 5.
4. Concluída a série, reinicie-a, agora, liberando um choque de intensidade 1 (rápi
do) contingente à resposta de pressão à barra, segundo o esquema de VR 5. O reforçamento
côm água, em VR 5 permanece. Provavelmente não será necessário administrar toda a série,
ápós alguns choques o sujeito cessará de responder.
5. Espere o animal permanecer no mínimo 5 minutos sem pressionar a barra ou até
que ele receba 20 choques.
6. Após 5 minutos sem resposta de pressão a barra, coloque a chave de controle na
posição automática para que o sujeito possa receber novamente 10 CRF, sem punição.
7. Inicie novamente a série VR 5, sem punição, e após terminá-la, encerre o expe
rimento.
93
Curva acumulada de respostas de pressão à barra, antes, durante e depois de um procedimento de punição.
Data:..............
Tempo do exercício: das......... às. ....... horas.
Rato da gaiola n9......... ; em privação de..........horas.
15 ////?//? punição
94
quando esnugp sN
COM 1 6 0 /
o:
XVI. Fuga
A previsão é de uma sessão experimental.
A duração média do exercício é de aproximadamente 40 minutos.
Data:.........
Tempo do exercício: das......... às.......... horas.
Rato da gaiola n-......... , em privação de......... horas.
Tentativas RT RT acumulado So
(seg) (seg) (seg)
1 19 19 30
2 8 27 30
3 6 33 30
96
XVII. Esquiva
A previsão é de uma sessão experimental
A duração média do exercício é de 1 hora.
Itens do procedimento
1. Verifique os aparelhos que serão utilizados e coloque o sujeito na caixa experi
mental.
2. Acenda a luz em intensidade 3 durante 5 segundos.
3. Após os 5 seg pressione o estimulador de choque em intensidade 1, continua
mente, e marque o tempo (RT) entre a aplicação do choque e a rpb do sujeito. Após a rpb do
sujeito, desligue o choque e a luz.
4. Deixe o sujeito durante 30 seg sem choque e sem reforço (So) e novamente inicie
outra tentativa.
5. O experimento deverá ter a duração mínima de 20 minutos e somente deverá ser
encerrado quando o sujeito emitir a resposta de esquiva, tão logo o estímulo sinalizador apa
reça, ou seja, com um RT de 2 a 3 segundos durante 10 tentativas consecutivas.
Itens do procedimento.
1. Escolha dois sujeitos maiores de 13 anos e realize o exercício na sala, de espelho
de sua Universidade ou em outro ambiente tranqüilo.
2. Aqui estão duas séries distintas de números; você deverá anotar cada umdesses
números em um pedaço de cartolina, de aproximadamente 4 cm x 4cm.
1- série (números divisíveis por 3) - 15, 18, 21, 27, 30, 33, 39, 45, 54, 60, 63, 66,
69,75,78, 81,90,93,96,99.
2- serie (números pares e ímpares não divisíveis por 3) - 11, 13, 19, 23, 28, 34, 41,
55, 58, 64, 65, 70, 74, 76, 82, 85, 89, 92, 94, 98.
3. Embaralhe bem os cartões numerados, de forma que não sigam nenhum tipo de
seqüência, coloque-os sobre a mesa e dê as seguintes instruções ao sujeito: “sua tarefa reside
em pegar esses cartões e colocá-los em uma dessas caixas, a azul ou a vermelha. Eu lhe direi
**certo** se o cartão for colocado na caixa correta, ou "errado” se o cartão for colocado na
caixa incorreta. Tente acertar todas as vezes que puder. Tem alguma pergunta?”
4. O sujeito colocará os cartões, aleatoriamente, em uma e outra caixa, e vocêlhe
dirá (tcerto ou errado”, dependendo dele os colocar na caixa correta ou incorreta. A resposta
correta será colocar cartões da primeira série em uma caixa e cartões da segunda série, em
outra.
Marque as respostas do sujeito na folha de registro no local correspondente: (+)
para resposta certa e (-) para resposta errada. O critério de aprendizagem é de 5 tentativas
sucessivas corretas (colocar 5 cartões na caixa que lhes corresponder). Se os cartões acaba-
rem-se, antes desse critério ser alcançado, embaralhe-os novamente e entregue-os ao sujeito,
que iniciará novamente o procedimento.
5. Um dos sujeitos escolhidos fará parte do “grupo com aprendizagem simples”.
Quando ele alcançar o critério de 5 tentativas sucessivas, corretas, inverta o problema sem
dar nenhum sinal, ou seja, a caixa azul será dos números divisíveis por três e a caixa vermelha
será dos outros números. Encerra-se o procedimento quando o sujeito alcançar novamente o
critério de aprendizagem: cinco tentativas sucessivas corretas.
O outro sujeito fará parte do “grupo com super aprendizagem”: deixe-o continuar o
procedimento até que ele dê 15 respostas sucessivas corretas, então, inverta o problema e
proceda da mesma forma como se fez com o sujeito anterior.
7. Marque o tempo que o sujeito leva para acertar o primeiro problema e a inver
(RT). Assim, você deve acionar o cronômetro no momento que inverter o problema.
D’amato, M. R. & Jogoda, H. Overtraining and position reversal. Journal o f the Experimental
Psychology, 1962,64, 117-22.
Caixa Vermelha (n9 divisíveis por 3); Caixa azul (outros n9s)
Problema original:
+ + + + +
+ + + + + + +
Caixa azul (n9 divisíveis por 3), Caixa Vermelha (outros n9)- RT =
Problema de inversão:
+ + + + + +
100
XIX. Dois procedimentos diferentes para aprendizagem de cadeias compor-
tamentais com sujeitos humanos.
A duração deste exercício é de aproximadamente 20 minutos.
A previsão é de uma sessão experimental.
Sd 3 - R 3 - S +
SD2 - R 2 - S D3 - R 3 - S +
Sd - R - S d 2 - R 2 —Sd 3 - R 3 - S +
SD , - R , - S +
SD i - R i - S D2 - R ? - S +
s D1 - R 1- S D 2 - R 2 - S D 3 - R 3 - S +
101
9
Itens de procedimento
1. Escolha dois sujeitos maiores de 10 anos, e realize o experimento na sala-de-es-
pelho de sua Universidade, ou em outro local tranqüilo.
2. O sujeito experimental deverá estar sentado à mesa, de frente para o experimen
tador. Cada sujeito será testado individualmente.
3. Você deverá ter um jogo com 7 cartões de cartolina, quadrados, medindo 3 x 3
cm cada um, nas cores: vermelho, amarelo, verde, preto, azul, rosa e branco. Também podem
ser utilizados os pinos coloridòs e o suporte de plástico do jogo “Senha”.
4. Anote em sua folha de registro 4 séries diferentes de cores e o procedimento de
treino para cada série. O primeiro sujeito aprenderá a primeira cadeia com o procedimento
“frente para trás” (F, T, F, T), e o segundo sujeito inciará com o procedimento “trás para
frente” (T, F, T, F).
5. Leia as seguintes instruções para o sujeito:
“Este exercício tem o objetivo de estudar a aprendizagem de cadeias de respostas.
Você aprenderá 4 cadeias com 7 respostas cada. Você deverá segurar esses 7 cartões e colo
cará um dos cartões sobre a mesa; se o cartão for correto eu lhe direi certo, senão, eu lhe direi
errado. Em ambos os casos você deverá recolher esse cartão que está sobre a mesa e juntá-los
aos demais em sua mão. Depois que você acertar o primeiro cartão, você deverá colocar dois
cartões, em série, sobre a mesa. Cada vez que você colocar um cartão eu lhe direi certo
ou errado. Se você acertar os dois cartões eu lhe direi Bom! A cadeia está certa. Sempre que
o cartão estiver errado, ou após eu dizer Bom! A cadeia está certa, você deverá recolher to
dos os cartões e começar de novo. Após aprender a primeira cadeia, deverá repeti-la 2 vezes
consecutivas, sem erro, para erttão passar para a segunda cadeia. Eu lhe avisarei quando for
mos começar uma nova cadeia de respostas. As cadeias de cores são totamente independentes
umas das outras. O exercício terminará quando você tiver aprendido todas as 4 cadeias.”
6. Anote na folha de registro as cores que o sujeito for utilizando e sublinhe os er
ros, que serão importantes para a análise dos dados.
7. O sujeito não sabe quando o procedimento de treino é “frente para trás” e quan
do é “trás para frente”, somente você. A diferença está na maneira que você irá reforçá-lo.
Suponha que você tenha sorteado a seguinte série de cores: Vm - Vd - Am - Pr - Az - Ro -
Br. No procedimento “frente para trás” você reforçará inicialmente a primeira resposta da
cadçia (Vm), e o treino vai progredir gradativãmente na ordem cronológica da cadeia de sete
respostas. Observe que o reforçador íinal {Bom! A cadeia está certa) será emparelhado com
todas as respostas (cores) da cadeia. No procedimento “trás para frente” você reforçará ini
cialmente a última resposta da cadeia (Br), e as demais respostas serão treinadas gradativã
mente do final para o início da cadeia. Após o sujeito ter acertado a colocação do Br, ele ten
tará uma cadeia de duas respostas. Você, então, reforçará inicialmente a colocação do Ro e
em seguida o Br. Quando o sujeito acertar a cadeia de dois membros, você reforçará inicial
mente a colocação do Az - “certo” - Ro - “certo” - Br - “Bom! A cadeia está certa”. Note que
neste procedimento o reforçador final será emparelhado apenas com a última resposta da ca
deia em todas as tentativas. Para compreender melhor reveja os esquemas apresentados na
introdução deste exercício.
8. Cada tentativa começará com os cartões na mão do sujeito, e terminará após a
afirmação verbal “Bom! A cadeia está certd' ou “errado”*após a qual o sujeito deverá reco
lher os cartões e iniciar uma nova tentativa.
102
9. Registre o tempo que o sujeito leva para executar a cadeia final corretamen
duas vezes consecutivas (marque o tempo separadamente para cada tentativa).
Sugestões para análise dos dados
a) Compare os resultados com pelo menos 3 sujeitos para cada procedimento de
treino, “trás para frente”, e “frente para trás”; utilize os resultados dos seus colegas de tur
ma, cuidando para que todos os sujeitos estejam dentro de uma mesma faixa etária e mesmo
nível escolar.
b) Faça uma tabela e/ou gráfico mostrando os resultados de todos os sujeitos: n9 de
acertos e erros, tempo para completar a cadeia etc. Você pode comparar cada sujeito com
eJe mesmo, ou seja, verifique se ele teve melhor desempenho no procedimento “trás para
frente” ou “frente para trás”. Verifique se os sujeitos diminuíram o número de erros e/ou
tempo para completar a cadeia, da primeira para a quarta série, da primeira para a terceira e
da segunda para a quarta série.
c) Identifique o que pode ter ocorrido para a aprendizagem ser mais ou menos e
caz em determinado grupo e compare com a literatura sobre o assunto. Indique em que situa
ções da vida cotidiana apresentam-se cadeias comportamentais e como elas são aprendidas.
Como isso se relaciona com os princípios de aprendizagem? Se houver vários grupos com
idades diferentes sendo testados, verifique se a variável “idade do sujeito” é relevante na
aprendizagem de cadeias de “trás para frente” ou “frente para trás”, comparando vários gru
pos entre si.
103
FOLHA DE REG IST R O - C A D EIA S CO M PO RTAM ENTAIS COM HUM ANOS
Data:...............
Tempo do exercício: das............ às......... horas.
Sujeito:..........Sexo:............Idade:............Nível escolar
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Berg. I. A. The use of human subjects in psychological research. The American Psychologist,
1954, 9(3), 108-111. Citado por Bachrach, A. J. Introdução à pesquisa psicológica. São
Paulo: EPU, 1975. p. 76.
Farris, E. J. Breeding of the rat. In: Griffith, J. Q. & Farris, E. J. The rat in the laboratory in-
vestigation. Philadelphia: J. B. Lippincott Company, 1942, pp. 1-17.
104
Millenson, J. R. Princípios de análise de comportamento. Brasília: Coordenada, 1975.
Porter, G. The rat. In: Porter, G. & Lane-Petter, W. Notes for the breeders o f common labo
ratory animais. New York: Academic Press, 1962. pp. 63-79.
105
ESTA ♦ OBRA ♦ FOI ♦ IM
PRESSA ♦ NA ♦ GRÁFICA ♦
EXKLUSIVA ♦ NO ♦ MÊS ♦ DE
♦ MARÇO ♦ DE ♦ 1993 ♦ PARA
♦ A ♦ EDITORA ♦ DA ♦ UNI
VERSIDADE ♦ FEDERAL ♦ DO
♦ PARANÁ
--------------- " U F P R
c U l d l l & c
experimentarão
comportamento
Este manual está dividido em três
partes. A primeira orienta a respeito de
manutenção e criação de animais des
tinados a exercícios em laboratório, além
de dar indicações sobre os cuidados
com a aparelhagem utilizada. A segunda
ensina a elaborar relatórios de pesquisa
dentro de normas internacionais para
apresentação de trabalhos científicos.
Na última parte são apresentados
exercícios ligados a princípios básicos
de psicologia, alguns deles passíveis da
aplicação a sujeitos humanos.
Esta obra integra a Série Didática da
Editora da UFPR.
Í M P I A S