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9 Principais Mudanças do PBQP-H

SiAC 2016
POR JULIANA KLUG BOLSONI · PUBLISHED 26/09/2017 · UPDATED 01/10/2017

O PBQP-H, instituído pelo Ministério das Cidades, é o Programa Brasileiro da Qualidade e


Produtividade no Habitat que, dentre outros, possui o projeto do Sistema de Avaliação da
Conformidade de Empresas de Serviços e Obras (SiAC). Esta norma, baseada na série de
normas internacionais ISO 9000, aplica-se à empresas do ramo da construção civil, que tem por
objetivo a melhoria da qualidade do habitat e a modernização produtiva.
No dia 06 de janeiro de 2017, a portaria nº 13 foi publicada, com a nova versão do SiAC. A
versão anterior, de 2012, que ainda teria validade por 180 dias, expirou em 05 de julho de 2017.
Nesta versão, há a inclusão de requisitos que buscam a conformidade no atendimento da NBR
15575 – Edificações Habitacionais. Conheça abaixo as 10 principais mudanças e veja dicas de
como adequar a sua empresa.
Para compreender as mudanças do SiAC 2016, faz-se necessário breve comentário sobre a
estrutura da NBR 15575. Tendo a sua segunda versão entrado em vigor desde o dia 19 de julho
de 2013, esta norma estabelece os seguintes parâmetros técnicos para as edificações
habitacionais:
1. Desempenho estrutural;
2. Segurança contra incêndio;
3. Segurança no uso e operação;
4. Desempenho acústico;
5. Estanqueidade;
6. Desempenho térmico;
7. Desempenho lumínico;
8. Durabilidade e manutenibidade;
9. Saúde, higiene e qualidade do ar;
10. Funcionalidade e acessibilidade;
11. Conforto tátil e antropodinâmico;
12. Adequação ambiental.
Estes parâmetros devem ser atendidos, quando aplicável, nas 6 partes da NBR 15575, que são:
1. Requisitos gerais;
2. Sistemas estruturais;
3. Sistemas de pisos;
4. Sistemas de verdações verticais internas e externas;
5. Sistemas de coberturas;
6. Sistemas hidrossanitários.
O objetivo principal da NBR 15575 é elevar o padrão de qualidade das edificações
habitacionais, que vem de encontro aos objetivos do SiAC. Assim sendo, com a inclusão da
obrigatoriedade do atendimento do conjunto de requisitos e critérios da NBR 15575 no SiAC,
estes passam a ser exigidos das empresas construtoras através de auditorias para obtenção e/ou
manutenção da certificação.
No entanto, frente à tantos detalhes, quais requisitos serão exigidos? Quais evidências são
necessárias para adequar-se ao SiAC 2016?
Veja abaixo um infográfico que resume de forma detalhada quais são as novas exigências:
O conteúdo acima foi organizado de forma sequencial, na ordem de execução das atividades.
Abaixo estão listadas as 10 alterações, na ordem exata em que elas estão localizadas no texto do
SiAC. Adicionalmente, serão incluídas informações explicativas sobre cada um dos itens e,
também, dicas de como atendê-los.
1. PCT – Plano de Controle Tecnológico (7.1.1.e)
Documento que deve ser incluso, ou em anexo, ao Plano de Qualidade da Obra. Este
documento, que tem como função orientar e informar a equipe técnica acerca das informações
da obra (estrutura organizacional, projeto do canteiro, especificidades da execução, entre
outros), nesta nova versão do SiAC, também possui o Plano de Controle Tecnológico. Conforme
o Regimento Geral do SiAC, artigo 5º, item XIII, o PCT define-se como:
“Documento referido no Plano de Qualidade da Obra que relaciona os meios, as frequências e
os responsáveis pela realizaç ão de verificaç ões e ensaios dos materiais a serem aplicados e
serviç os a serem executados em uma obra, que assegurem o desempenho conforme previsto em
projeto, em atendimento à ABNT NBR 15575.”
Entretanto, a pergunta é, como elaborar o PCT, visto a complexidade e quantidade das
informações a serem incluídas no referido documento?
É importante organizar as informações de forma adequada, de modo a facilitar a sua
compreensão por parte da equipe técnica. Conforme mencionado no início deste artigo, a NBR
15575 é composta por 6 partes, então, faz-se necessário que todas estejam detalhadas no PCT.
Para garantir o atendimento dos níveis de desempenho definidos no processo de projetos, cada
uma das seguintes partes deve ser atendida e controlada:
1. Conformidade dos insumos empregados na execução;
2. Execução dos serviços conforme informações técnicas definidas em projeto;
3. Ensaios laboratoriais de acompanhamento dos resultados.
Em conjunto essa sequência de controles, irão assegurar o atendimento aos parâmetros de
desempenho definidos. Para exemplificar, vamos considerar a NBR 15575-3 – Requisitos para
os Sistemas de Pisos. Um conjunto de sistemas de pisos é, tradicionalmente, composto por:

NBR 15575-3 – Figura 1 – Exemplo genérico de um sistema de pisos e seus elementos


Considerando cada uma das partes que compõe o sistema de pisos individualmente, é importante
avaliar os 3 itens citados acima (material, execução e ensaios). Segue abaixo exemplo de como
pode ser esquematizado o PCT para os sistemas de pisos:

Figura 2 – Modelo de Plano de Controle Tecnológico


No item “Instruções de Serviço” estão listadas os procedimentos de execução de serviço da
própria empresa. Entretanto, é fundamental revisá-las, se necessário, para adequá-las aos
sistemas definidos no PDE – Perfil de Desempenho da Edificação (item 3, deste artigo). Caso a
empresa possua múltiplas obras que adotem sistemas construtivos diferentes, as peculiaridades
da execução podem ser adicionadas no item de “especificidades da execução” no PQO – Plano
de Qualidade da Obra. A siga “FVS” significa Ficha de Verificação de Serviços, nome atribuído
ao formulário onde são registradas as inspeções de serviços controlados.
Este exemplo é apenas orientativo, a sua composição irá depender do tipo de laje,
impermeabilização, camada de contrapiso e de acabamento. A interpretação também pode variar
de profissional para profissional.
Neste caso não estão considerados os ensaios finais de obra, que constam na NBR 15575-1 e
avaliam a composição dos vários sistemas de uma edificação.
Em breve será publicado um artigo especificamente de PCT, para maiores informações.
2. Determinação dos Requisitos Relacionados à Obra (7.2.1.)
A determinação dos requisitos da obra ocorre na fase de estudos de projetos, ou ainda, no estudo
de viabilidade da execução. O SiAC define os seguintes itens a estabelecer:
“a) requisitos da obra especificados pelo cliente, incluindo os requisitos de entrega da obra e
assistência técnica;
b) requisitos da obra não especificados pelo cliente mas necessários para o uso especificado ou
intencional;
c) obrigaç ões relativas à obra, incluindo requisitos regulamentares e legais;
d) qualquer requisito adicional determinado pela empresa construtora.
No caso de obras de edificaç ões habitacionais, a empresa construtora deve considerar os
requisitos de desempenho da ABNT NBR 15575 definidos nos projetos da edificaç ão.”
É importante registrar cada um destes itens separadamente, não somente para fornecer evidência
do seu atendimento, mas também para que nenhum item importante fique sem o tratamento
adequado. Seguem alguns exemplos que podem ser ponderarados:
a) Padrão de acabamento, prazo de entrega, informações sobre o andamento da obra, detalhes de
projeto;
b) Instalação de dispositivos que auxiliem na manutenção pós-obra, níveis de desempenho;
c) Código de obras do município, normas técnicas, anotações de responsabilidade técnica,
documentos, memoriais ou projetos obrigatórios;
d) Requisitos de marketing, objetivos da obra.
Estes registros podem estar em anexo às entradas de projetos.

3. PDE – Perfil de Desempenho da Edificação (7.3.2.)


O PDE foi referido, no SiAC, no item de entrada de projetos, pois é nesta etapa que são
definidas as tipologias a serem utilizadas para a elaboração dos documentos técnicos do
empreendimento. A inclusão do atendimento aos requisitos da NBR 15575 neste item cita a
opção pelos níveis de desempenho (mínimo, intermediário ou superior) dos seguintes
subsistemas:
1. Desempenho estrutural;
2. Segurança contra incêndio;
3. Segurança no uso e operação;
4. Desempenho acústico;
5. Estanqueidade;
6. Desempenho térmico;
7. Desempenho lumínico;
8. Durabilidade e manutenibidade;
9. Saúde, higiene e qualidade do ar;
10. Funcionalidade e acessibilidade;
11. Conforto tátil e antropodinâmico;
12. Adequação ambiental.
* Para mais detalhes ver SiAC 2016, item 7.3.2 – Nível A.
Seguindo no mesmo exemplo de sistemas de pisos, segue abaixo:
Exemplo de PDE – Sistemas de Pisos
Este documento pertence ao SINAT – Sistema Nacional de Avaliações Técnicas, um projeto
também pertencente ao PBQP-H . O SINAT reuniu um conjunto de procedimentos reconhecidos
(DATec – Documento de Avaliação Técnica) em toda a cadeia produtiva da construção civil,
com o objetivo de fornecer dados técnicos a respeito de novas e tecnologias convencionais. O
material disponível pode ser acessado, por intermédio da criação de um cadastro, através do
site Desempenho Técnico para HIS.
No exemplo de sistemas de pisos demonstrado acima, é possível verificar um sistema de piso
composto por laje maciça de concreto armado 12 cm de espessura, contrapiso de argamassa
convencional de 30 mm espessura e piso laminado. Na parte superior do documento constam
todas as especificações técnicas do sistema adotado. Logo abaixo, estão listados um a um os
critérios que o conjunto deve atender, como requisitos estruturais, desempenho acústico,
segurança contra o fogo, entre outros. Note que à direita destes requisitos estão os níveis de
desempenho dispostos em colunas, demonstrando se o sistema adotado atende cada um. Para
elaborar o PDE de um empreendimento, pode ser demonstrado o atendimento apenas ao nível de
desempenho selecionado.
Caso a empresa opte por um sistema que não esteja contemplado no SINAT, o exemplo dado
pode servir como base para que seja elaborado o seu Perfil de Desempenho. Entretanto, vale a
pena considerar os sistemas técnicos já estudados anteriormente, desta forma, parte-se de um
modelo já ensaiado e que provavelmente irá atender os níveis de desempenho definidos. Cabe
lembrar que o atendimento pleno do desempenho irá depender do local onde o empreendimento
está inserido, para questões térmicas, acústicas e lumínicas.
Em breve será publicado um artigo especificamente de PCT, para maiores informações.
4. Saídas de Projetos (7.3.4.)
As saídas dos projetos devem garantir que os requisitos de entrada foram plenamente atendidos.
Deve ser mantida evidência do atendimento aos requisitos definidos no PDE, mediante análise
dos documentos técnicos do empreendimento.
5. Validação de Projeto (7.3.6.)
Conforme o SiAC, a validação de projetos é a conclusão do processo de análise crítica de
projeto, onde adicionalmente à versão 2012, devem ser validados os requisitos de desempenho
da NBR 15575.
6. Qualificação de Fornecedores (7.4.1.1.)
Conforme exemplificado no item da elaboração do PCT, os materiais componentes dos sistemas
da edificação poderão necessitar de laudos que comprovem o atendimento aos critérios de
desempenho. Estes podem ser requisitos estruturais, de segurança contra o fogo, desempenho
térmico ou acústico, entre outros. Consequentemente, a qualificação de fornecedores para a ser
ainda mais importante nessa nova versão do SiAC. Deve ser considerado se os provedores de
insumos possuem a capacidade de fornecer laudos de declaração de conformidade e relatórios de
ensaio.
7. Informações para Aquisição (7.4.2.)
Ainda tratando sobre a aquisição dos materiais, conforme o SiAC, os documentos de compra de
materiais deverão conter as informações que descrevam claramente o produto que está sendo
comprado, incluindo especificações técnicas. Essas informações, adicionalmente à versão 2012,
deverão considerar os requisitos da NBR 15575.
8. Verificação do Produto Adquirido (7.4.3.)
Adicionalmente ao item de qualificação de fornecedores, podem ser dispensados da
qualificação, os fornecedores que estiverem aprovados no PSQ – Programa Setorial da
Qualidade, também pertencente ao PBQP-H, ou ao SBAC – Sistema Brasileiro da Avaliação da
Conformidade.
É importante avaliar se o produto que está sendo comprado está aprovado no PSQ, pois um
fornecedor pode possuir diversos materiais, com status diferentes para cada um. Estas
características devem ser confirmadas e inspecionadas no recebimento do material, na obra,
antes da sua aplicação.
Este item também é abordado no item 8.2.4. do SiAC, quanto à inspeção de materiais
controlados às normas pertinentes e à NBR 15575.
9. Manual de Uso e Operação (7.5.1.)
Conforme o SiAC, o Manual de Uso e Operação do empreendimento deverá considerar as
seguintes normas técnicas:
 NBR 14037 – Diretrizes para elaboraçao ̃ de manuais de uso, operaçaõ e manutençaõ das
edificações;
 NBR 5674 – Manutençao ̃ de Edificações;
 NBR 15575 – Parte 1: Requisitos Gerais.
No referido Manual deverão, basicamente, constar as seguintes informações:
 Vida útil de projeto dos sistemas que compõem a edificação;
 Prazos de garantia, conforme NBR 14037;
 Manutenções preventivas a serem realizadas, conforme NBR 5674;
 Detalhes construtivos necessários para a ampliação da edificação, como paredes, pisos,
coberturas e instalações.
É importante ressaltar, que apesar da NBR 15575 elevar a responsabilidade dos projetistas,
fornecedores, construtores e incorporadores, a responsabilidade do usuário final também é
elevada. Desta forma, no caso da não realização das manutenções preventivas definidas no
Manual de Uso e Operação, ou da realização de modificações que interfiram no desempenho
entregue pela construtora, o imóvel pode perder a sua garantia.
Considerações Finais
Os itens abordados neste artigo referem-se às exigências do SiAC 2016. A plena conformidade
com estes itens não garante a consonância total à NBR 15575. Por isso, é indispensável o estudo
e aplicação desta norma, para adequação de projetos, documentos técnicos, entre outros itens
relevantes. As auditorias do sistema de gestão podem não estar restritas aos itens do SiAC, já
que no item 7.2.1.c., está inclusa a obrigatoriedade do atendimento de requisitos regulamentares
e legais.
Em breve postaremos mais artigos, sobre a elaboração do PDE, PCT e outros itens relevantes
referentes à sistemas de gestão da qualidade e desempenho das edificações.
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