Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
(problematização)
Segue um resume da leitura de Morgan. Ainda volto para comentar as outras leituras. Não sei
se consegui abordar os aspectos mais importantes das ideias do autor.
Morgan, em seu artigo, enfoca os atos de fala indiretos, tendo como exemplo a célebre frase
“Can you pass the salt?”. Entretanto, logo no começo, aponta um problema: o aparente
paradoxo da expressão. E mais: trata como convencional e não idiomática. Morgan afirma que
suas reinterpretações dos atos de fala indiretos recaem sobre o trabalho de Searle e estabelece
duas convenções: convenções da linguagem (que dão origem conjuntamente à significação
literal da frase); e convenção sobre a linguagem (que regem o uso de frases com significados
literais para certos fins).
1 – Enunciado do problema: expressões como “Can you pass the salt?” Pode-se usar a frase
como um pedido, sem considerar o significado literal; abordagem natural: usar frase como
pedido, mas com significado literal de uma pergunta sim-não; consequências das máximas de
Grice que é um conjunto de regras, grosso modo, para inferir as intenções por trás dos atos de
fala. Ou seja: pode ser calculável aparentemente.
Morgan também leva em conta as possíveis respostas para a expressão e o que leva ao seu significado
literal. Entretanto, o autor analise que a expressão se aproxima dos atos de fala diretos quando
comparados com as paráfrases “você é capaz...” e os pré-verbais “por favor”.
O autor conclui que o paradoxo da expressão “Você pode passar o sal?” é natural e também
convencional, por isso não calculável. E a explicação é feita por Searle quando diz que não há dúvida
que exista distinção entre significado e uso; que pode haver convenções de uso que não significam
convenções. (Com certeza uma "resposta" interessante e que gostaria de entender melhor.)
Pragmática e Linguística
Nesta parte, o autor distingue abordagem natural de abordagem convencional. Antes, questiona os
limites da Pragmática que abarca questões de interpretações de intenções. Ele dá exemplo do pote de
açúcar no qual alguém aponta o dedo para a palavra e pergunta o que é aquilo. Das várias respostas
possíveis, pode-se inferir interpretações pragmáticas que ocasiona discussões sobre a natureza dos
princípios pragmáticos.
Para Morgan, as implicaturas conversacionais podem ser estendidas a atos não linguísticos. São princípios
gerais de interpretação de atos, aplicados ao sub-caso de comunicação verbal. ( Também interessante
visão: não sei até que ponto podemos desconsiderar o não linguístico. Também preciso entender
melhor isso.)
As convenções sobre a linguagem podem conter três tipos de elementos: ocasião, propósito e
significação. A convenção aborda uma declaração sobre o literal significado. Quando não se tem
claramente as conexões entre finalidades e os meios, a convenção do idioma pode ser reinterpretada
como a convenção da língua.
O autor afirma que ao proferir a frase “Deus esteja com você.” É uma forma de se conformar com a
convenção de saudação, precisamente por causa de seu significado literal. Um ateu é suscetível de
escolher outra expressão. No entanto é uma questão de convenção que se diz e sob certas circunstâncias
e propósitos.
Hoje muito triste com fatos estarrecedores aqui no Rio de Janeiro. Mas, sigo em frente!
Responder
Cara Joaquina,
Antes de mais, queria dizer-lhe que também acompanhei as notícias do que aconteceu no Rio de
Janeiro com grande preocupação.
Voltemos ao nosso autor J. Morgan. Segundo este autor, quando uma expressão
está convencionalizada pelo uso que dela faz o interlocutor, este "curto-circuita" o cálculo
regular realizado a partir da interpretação das máximas de Grice. A expressão
convencionalizada pelo uso ("conventions of use") passou a ter um sentido imediato. Trata-se,
segundo o Autor, de uma "convenção de uso".
O Autor dá vários exemplos como a expressão "Parte uma perna!" ("Break a leg") para desejar
"Boa sorte" a um artista antes de um espectáculo. Esta expressão constitui um caso interessante
de uma convenção de uso. Não se trata da manutenção de um sentido literal, porque, segundo
Jerry Morgan, "There is more to knowing 'how to do things with words' than just knowledge of
literal meaning" (Morgan, 1977). Segundo o Autor, para além do conhecimento das convenções
do sentido das palavras e das regras semânticas das regras de combinação das palavras,
"language users also have knowlege about the use of particular expressions or class of
expressions" (Idem: 279).
Morgan refere ainda que a fórmula de realização indireta do ato de pedido "Pode passar-me o
sal?" é uma fórmulada convencionalizada.
A propósito das fórmulas do ato de oferta em Português como "Queres um café?" "Aceitas um
café?", "Vai um café?", "Posso ajudá-la?", "Precisas de ajuda?" "Se quiseres, não me custa nada",
no meu capítulo de 1998 da coleção Linguística da Porto Editora (que a Joaquina já leu)
assinalo o seguinte: "Trata-se, assim, de realizações indirectas que representam pontos de
chegada de um processo de convencionalização de uso (Morgan, 1978, 261). A ocorrência
insistente destes modos de realização faz, seguramente, perder de vista o seu carácter
originariamente derivado. No fundo, tal uso insistente como que 'curto-circuita' a dimensão de
implicitação (implicatura conversacional) que aquelas fórmulas em rigor comportam" (Almeida,
1998: 177).
Carla Almeida
É isso mesmo, Joaquina. É no cálculo dos valores ilocutórios que acontece este
"curto-circuitar" das implicaturas conversacionais a partir do que constitui o
conhecimento compartilhado.
Pode continuar a desenvolver o seu bom trabalho, Joaquina, pois os seus colegas
José Marto e Mário Teixeira poderão, depois, dar continuidade à discussão.
Iremos contar ainda com a vossa colega Edna Cristina do México que se inscreveu
nesta UC um pouco mais tarde.
Para cada tema, devemos abrir nova entrada temática para que as linhas de análise
sejam delimitadas com clareza.
Um abraço,
Carla Almeida
Navegação
Página principal
Painel do utilizador
Páginas do site
Disciplina atual
52058_17_01
Utilizadores
Medalhas
Geral
Tópico 1
Morgan, J. "Two types of convention in indirect sp...
Grice, H. Paul, 1975, "Logic and conversation"
Bilmes
Fórum da Atividade 1- Pragmática Linguística: a in...
Papel das convenções de uso de J. Morgan
Atividade 1
Unidades curriculares
Administração
Administração do Fórum
Subscrição opcional
Inscrever no fórum
Subscrever este tópico de discussão
Não registar mensagens não lidas.
Administração da disciplina