Você está na página 1de 24

Paulo Teixeira de Sousa

Custos Logísticos
Sumário
CAPÍTULO 1 – Por que são Importantes os Custos para o
Sistema de Gestão dos Processos Logísticos?.....................................................................05

Introdução.....................................................................................................................05

1.1 Conceito do custo total..............................................................................................06

1.1.1 Classificação dos custos....................................................................................08

1.2 A prática das trocas compensatórias...........................................................................12

1.3 Tipificação dos custos logísticos..................................................................................13

1.4 Os custos logísticos para uma nação..........................................................................16

1.4.1 Plano Nacional de Logística e Transporte............................................................17

1.4.2 Dados estatísticos 2011....................................................................................18

1.4.3 Programa de investimentos em logística..............................................................21

Síntese...........................................................................................................................23

Referências Bibliográficas.................................................................................................24

03
Capítulo 1
Por que são Importantes
os Custos para o Sistema de
Gestão dos Processos Logísticos?

Introdução
Identificar alguns custos em logística exige um detalhamento das contas contábeis e na maioria
das vezes às empresas ainda trabalham com o sistema tradicional de contabilidade, uma conta-
bilidade onde as informações são sigilosas e de acesso restrito. Como obter uma redução dos
custos se não sabemos exatamente onde estão sendo realizadas as despesas?

No primeiro tópico deste capítulo você compreenderá os conceitos de custos numa visão maior
da organização para depois compreender as particularidades dos custos da logística em uma
organização. Quais são os custos que compõem o gasto total de uma operação em logística, e
como calcular e levantar esses custos.

Por que ao diminuir um custo em uma atividade de logística, outro custo tende a aumentar? No
segundo tópico você conhecerá os fatores que podem afetar a redução de um custo em detri-
mento de outro custo. Este processo é conhecido como prática das trocas compensatórias, onde
identificar o trade-off faz a diferença no processo de tomada de decisão.

No terceiro tópico deverá saber a distinção entre os custos. Quais são os custos direto e indireto
para as operações logísticas? São vários os tipos de custos envolvidos num processo de logística
e a primeira partição deve separar aqueles que estão diretamente ligados a operação da logísti-
ca daqueles que interferem indiretamente na prestação do serviço logístico.

Por último, vamos compreender de que forma os investimentos na infraestrutura de logística de


um país afeta diretamente os custos das operações logísticas, principalmente na parte da logís-
tica de transporte, onde as grandes distâncias do Brasil aumentam consideravelmente os preços
dos serviços ao cliente.

VOCÊ SABIA?
O processo de levantamento dos custos logísticos vai depender do nível de integração
existente na empresa. Quais seriam as vantagens da integração para a apuração dos
custos logísticos? De que maneira o processo de intermodalidade e multimodalidade
contribuem para o levantamento dos custos logísticos?

05
Custos Logísticos

1.1 Conceito do custo total


Seria uma incoerência falarmos em logística integrada? Apesar de parecer uma incoerência
dizer que a logística é integrada, esta expressão é muito utilizada. A logística por si só, em seu
conceito, já apresenta a integração quando fala do fluxo de informação, produto e serviços e
de dinheiro. Um fluxo só existe mediante a integração das partes. De acordo com Faria e Costa
(2005), a logística integrada é vista como um conjunto de atividades e processos interligados
cujo propósito é otimizar o sistema como um todo, minimizando os custos e consequentemente
gerando valor para o cliente. A figura 1 representa o conceito de logística integrada. Observe a
ligação existente entre os processos logísticos com os serviços prestados e agregados aos clientes
em relação aos seus custos.

Processos Nível de
Logísticos Serviço

Custo Total

Figura 1- Conceito de logística integrada.


Fonte: Faria e Costa, 2005.

Você já observou que o mercado é bastante competitivo e aquela empresa que não buscar me-
lhorias não consegue sobreviver por muito tempo. Para que uma empresa consiga obter um equi-
líbrio entre os seus custos totais e o nível de serviço que presta, deve necessariamente conhecer
bem cada um dos critérios de desempenho que afetam a organização.

O critério mais importante para a logística é “Nível de Serviço”, para Faria e Costa (2005, p. 43):

Um nível de serviço de excelência é aquele que encanta o cliente, ou seja, surpreende e vai
além da simples satisfação de seus requerimentos. Envolve fatores como: frequência de entrega,
tempo de ciclo do pedido, confiança no atendimento, flexibilidade no ressuprimento, qualidade
dos produtos, etc.

A empresa, ao conhecer quanto representa cada um dos seus custos em relação ao que arreca-
da, poderá aplicar planos de redução de custos conscientes e melhorar seu resultado financeiro,
sobrando assim mais dinheiro para investir em serviços diferentes e inovadores daqueles da con-
corrência. Assim conseguirá atingir a dianteira e manterá uma vantagem competitiva que poderá
demorar a ser conquistada pelos seus concorrentes, e quando eles conseguirem, ela estará sempre
a frente com mais inovações. Manter uma entrega de mercadoria dentro do horário combinado

06 Laureate- International Universities


com o cliente e com um atendimento de qualidade é quase uma obrigação, mas se a empresa
consegue antecipar ao cliente informações sobre a sua mercadoria, estabelece uma relação de
logística reversa e estará criando valor para sua marca e alcançando a confiança do cliente.

VOCÊ QUER LER?


Com a leitura do livro Custos Logísticos, do autor Rodney Wernke (2014), você poderá
além de conhecer alguns conceitos sobre os custos logísticos, conhecer exemplos sobre
a aplicação prática dos métodos de custeio. Vai entender que os custos logísticos rela-
cionados aos sistemas de distribuição e transporte podem ser apurados tanto junto aos
operadores logísticos como dentro da empresa que possui uma frota própria.

O que é Custo logístico total? O ato de oferecer um nível de serviço em logística que surpreenda
o cliente. A empresa vai precisar de todos os setores da organização, pois nossas operações são
integradas e não devemos entender os custos de uma forma isolada. De acordo com Faria e
Costa (2005, p. 45),

[...] o conceito de custo logístico total é a premissa que sustenta as análises dos custos de
todo o macroprocesso logístico, auxiliando o gestor na tomada de decisão. Pela ótica da
logística integrada, os custos não podem ser vistos de forma isolada como se fossem elementos
independentes, assumindo que possuem uma relação direta com outras categorias de custos.

Até onde a contabilidade contribui para o processo de levantamento dos custos logísticos? Se
você tiver que começar um dia o programa de integração da organização, comece pela conta-
bilidade. É na contabilidade que todas as informações financeiras da organização descansam.
O processo de contabilização mediante as contas contábeis permite a identificação de todos os
gastos e despesas da organização.

Para Bertó e Beulke (2013, p. 5):

A abrangência do cálculo de custos é muito ampla nos dias atuais. Na vida das organizações não é
muito diferente. Grande parte das decisões diárias envolve de alguma forma o custo. Ele apresenta
quatro campos de abrangência e aplicação dos custos, sendo eles: contábeis, vinculadas ao
planejamento, voltadas à gestão econômico-financeira, mercadológica e voltadas ao controle.
Percebeu que a contabilidade é fundamental para o processo de levantamento dos custos?

VOCÊ SABIA?
Por que é tão difícil o processo de levantamento de dados e dos custos logísticos na
cadeia de abastecimento? Por que normalmente as informações disponibilizadas pelos
relatórios contábeis não são separadas e também não existe uma integração entre os
setores da organização e entre as empresas, por isso novas ferramentas estão sendo
desenvolvidas para permitir o levantamento correto dos custos envolvidos numa cadeia
logística, dentre essas; Direct Product Profitability (DPP), Total Cost of Ownership (TCO)
e Costumer Profitability Annalysis (CPA).

Alguns conceitos importantes que o gestor de logística deve conhecer para poder compreender
os custos logísticos, de acordo com Faria e Costa (2005, p. 67), “envolvem os gastos, compe-
tência e ou regime de caixa, investimentos, perdas. As diferenças entre despesa e custos serão
apresentadas logo mais”.

07
Custos Logísticos

Elementos de custo Conceito

Envolvem sacrifícios financeiros para uma empresa, que po-


dem ser representados, pela entrega ou promessa de entrega
de ativos (normalmente dinheiro) Os gastos desembolsáveis são
aqueles que irão afetar o caixa da empresa quando consumidos,
Gastos
como, por exemplo, os custos de transporte, enquanto os não
desembolsáveis são aqueles considerados econômicos, ou seja,
afetam o resultado econômico da empresa mas não afetam o
caixa no curto prazo, tal como a depreciação de um veículo.
Comtemplam os recursos comprometidos para funcionamento
específico. São os gastos ativados, ou seja, que fazem parte do
ativo da empresa, compostos por bens e direitos, de proprieda-
de da empresa e que beneficiarão os exercícios, presente e futu-
Investimentos
ro. A tendência atual é terceirizar algumas atividades como, por
exemplo, serviços de transportes de operadoras logísticas que
são especializados nesta área, otimizando, de forma eficiente,
os investimentos envolvidos nos processos logísticos.
Estão associadas aos bens ou serviços consumidos de forma
anormal ou involuntária, ou seja, algo inesperado, tal como a
Perdas
obsolescência dos estoques. Pode-se associar também às falhas
e aos desperdícios incorridos no processo.

Quadro 1 - Quadro de Elementos de custos e seus conceitos.


Fonte: Faria e Costa, 2005, p. 67-69.

1.1.1 Classificação dos custos


Para Fontoura (2013, p. 22), os custos classificam-se quanto a sua apropriação e volume. Quan-
to à apropriação estamos referindo sobre a forma de identificar, alocar os custos aos produtos,
as quais de acordo com o autor podem ser:

- Custos diretos: Custos que podem ser facilmente identificados com os produtos ou serviços a
que se referem, sendo que para tal não necessite de critérios de rateio.
- Custos indiretos: Custos ou despesas que não são facilmente identificados aos produtos ou
serviços, normalmente são alocados por algum critério de rateio, direcionamento, ou são
recuperados pela ferramenta margem de contribuição defendida pelo custeio variável.

Custos: Como Calcular, uma introdução


Para melhor desempenho no levantamento e cálculo dos custos, é importante ter um conheci-
mento sobre a contabilidade de custos. Normalmente é bom que você tenha uma visão boa sobre
a contabilidade básica para depois trabalhar com a contabilidade de custos e com os custos por
cada área dentro de uma organização.

Vamos apresentar um exemplo bem básico de custos. Imagine fazer sanduíches. Os ingredientes
necessários para a confecção de um sanduiche seria: 1 pacote de pão com 10 unidades e 1 kg
e meio de carne, e todos os outros necessários ao preparo do sanduíche, dando um total de R$
55,00. Cada sanduíche demora em média 3 minutos para ser elaborado, total de 30 minutos e
para ficar totalmente pronto, se gasta mais 3 minutos e vai render ao final 10 sanduíches.

Pergunta-se: Qual é o custo desse sanduíche?

Será o custo do sanduíche o preço que você paga ao ir à sanduicheira? Ou seria o custo cor-
respondente ao gasto com a compra dos ingredientes? Mas, ao fazer um sanduíche deve levar

08 Laureate- International Universities


em conta que vai gastar itens tais como; cozinha, mesa, faca, panela, fogão, colher, água, gás e
energia elétrica e todos esses itens vão ao final gerar um custo que precisará fazer parte do preço
do produto. Estes custos chamamos de custos de fabricação e custo de produção.

O custo direto será a composição dos itens que foram gastos para montar o sanduíche. Aqui se
destaca a matéria prima e a mão de obra. Esses são os custos que facilmente são identificados,
pois estão intimamente direto a fabricação do produto. No nosso caso, o custo de matéria prima
gasta para fazer os 10 sanduíches foi de R$ 55,00, e considerando que o “chapeiro” (profissio-
nal que faz sanduíche) ganha R$ 1.00 por sanduíche fabricado, no caso ele gastou 1 hora para
fabricar 10 sanduíches.

Outra parte envolvida no levantamento dos custos é a parte indireta, que é chamada de custos
indiretos. É tudo aquilo que foi utilizado indiretamente para a fabricação do sanduíche. Pode ser
o aluguel, IPTU, depreciação, gás e energia elétrica. Diferente dos custos diretos, o indireto é
mais difícil de ser dimensionado e será necessário definir algumas regras para que os cálculos
sejam efetivados para descobrir os custos que devemos atribuir a cada produto fabricado.

Mesmo que o sanduíche tenha sido fabricado dentro da sua casa e que não tenha gasto com
aluguel, este valor deverá ser rateado pelos sanduíches fabricados, evidentemente você utiliza
sua casa para outros afazeres como, por exemplo, lazer e descanso. Qual critério utilizar para
apropriar o valor que seria o aluguel de sua casa e depois como faria o rateio desse custo entre
o que utilizou para fabricar o sanduíche e o que foi utilizado para a fabricação do sanduíche?
Aqui encontramos conceitos de Rateio dos custos, custos diretos e indiretos e a base do rateio.

Observe que você poderá utilizar diversas bases de rateio dos custos indiretos. Para o caso de
um aluguel, você poderia pegar o valor do aluguel mensal e dividir pelos dias do mês, logo teria
um valor de aluguel dia.

Imagine um aluguel/IPTU no valor de R$ 500,00 por mês, aplicando o rateio por horas de trabalho,
teríamos: R$ 500,00/30 dias = Custo dia de aluguel no valor de R$ 16,66/pelas oito horas diárias,
cada hora equivale a R$ 2,08, valor este referente ao aluguel pela hora trabalhada do chapeiro.

Vejamos como ficaria no caso de fabricação do sanduíche.

Para o preparo de um sanduíche é necessário utilizar alguns utensílios (faca, tábua, talheres,
panelas), e um equipamento (chapa para fazer o sanduíche). Todos esses itens são produtos
que possuem uma vida útil maior e não ficaram incorporados ao produto final, foram somente
utilizados para a fabricação.

Para itens desta natureza é necessário fazer a depreciação. A depreciação é o valor gasto para
a aquisição desses itens em razão do tempo de vida útil deles. Os produtos foram adquiridos
ao valor R$ 1.200,00 (Mil e duzentos reais) e sua durabilidade é de um ano. Dividindo o valor
da compra em 12 meses encontramos o valor da depreciação desses itens, logo cada mês de
trabalho consumirá R$ 100,00 (Cem reais) de depreciação. Considerando o tempo gasto de 1
hora para fazer os dez sanduíches, dividiremos o valor da depreciação por 30. R$ 3,33 é o custo
de depreciação ao dia, sendo assim para cada hora o custo de depreciação será de R$ 0,41.

Outros custos estão envolvidos nesta operação de produção. A chapa de aquecer os itens neces-
sita do Gás. Mas quanto é o gasto de gás para fazer cada sanduíche? Aplicando a base de rateio
pela hora de trabalho e o valor do bujão de gás de 13 kg ao preço de R$ 45,00, é necessário
ainda definir um parâmetro para poder distribuir este custo. Para o cálculo do custo com gás, o
rateio levará em conta a durabilidade de tempo do botijão. Considerando que um bujão ligado
durante 24 horas chegará um momento que vai acabar e este tempo gasto será o indicador de
rateio. O dia possui 24 horas, logo teremos; 45/24 = R$ 1,87, que foi o custo do botijão de gás.
Como fizemos 10 sanduíches neste tempo, vamos ter um custo de R$ 0,19 cada aproximado.

09
Custos Logísticos

A energia elétrica é um custo relativamente fácil de ser obtido. Como é impossível uma empresa
instalar um medidor de energia por cada cômodo e ou ambiente, a medida mais comum de ser
utilizada para apropriar os custos de energia é a metragem cúbica do espaço físico. Para isso
será necessário levantar a conta de luz e dividir ela entre os cômodos da casa (ou empresa), para
esta divisão pode-se utilizar a metragem de cada ambiente ou um rateio igual para cada espaço.
No nosso exemplo, vamos dividir pelos cômodos da casa. A energia gasta foi de R$ 100,00 ao
mês e a casa tem 4 cômodos, logo cada cômodo da casa consome em média R$ 25,00 por mês,
o mês com 30 dias terá ao dia um consumo de R$ 0,83. Como nosso chapeiro gastou uma hora
para fabricar os sanduíches, ele vai consumir R$ 0,10.

Esses são alguns exemplos de rateio e do levantamento dos custos, e quando bem aplicados,
servem para o controle das operações de uma empresa. Vamos ver agora quanto será o nosso
sanduíche considerando esses dados apresentados acima.

A – Material direto (55,00/10) = 5,50

B- Mão-de-obra Direta (1,00 por sanduiche) $ 1,00

C - Custos Indiretos de Fabricação

• Aluguel/IPTU (2,08 / 10 sanduiche hora) $ 0,20


• Depreciação (0,41 / 10 sanduiche hora) $ 0,04
• Gás (1,87 /10 sanduiche hora) $0,19
• Energia Elétrica (0,10/10 sanduiche hora) $ 0,01
Total: 5,50 + 1,00 + 0,20 + 0,04 + 0,19 + 0,01 = $6,94 = Custo de Produção (CP) $ 69,40

10 Laureate- International Universities


• Custos variáveis: Aqueles que variam de acordo com o volume da produção ou serviço.
Tem como característica ser fixo em se tratando de custo unitário. Imagine uma empresa
de picolé que produz mil unidades por mês e que tenha o custo fixo de R$ 1,00 (um real),
logo sobre esta produção vamos ter um custo total de R$ 1.000,00 (mil reais). Acreditando
que sua empresa pode melhorar a produtividade, você resolve no mês seguinte produzir
10% a mais, assim você teria um custo total, mantendo o mesmo valor do custo fixo, de
1.100,00 (mil e cem reais), já que 10% de aumento na produtividade seria produzir mil e
cem unidades. Faça o teste você mesmo, imagine agora que a empresa pretenda produzir
20% a mais sobre a produção do mês passado (mil e cem unidades), quanto seria o seu
custo variável?

• Custos fixos: Aqueles que não variam dentro de uma capacidade instalada, entretanto, o
custo unitário varia de acordo com o volume da produção.

Os custos apresentam algumas características interessantes. Observe que ao computar a des-


pesa de gasolina para o transporte de uma mercadoria ao cliente, percebemos a aplicação do
conceito de custo direto. Você sabe exatamente para qual cliente, a distância e demais despesas,
mas para calcular este custo deverá então considerar o custo fixo que normalmente é definido
pela empresa por algum modelo de rateio, logo, é um conceito de custo indireto. Imagine que
no meio do cálculo deste rateio existe o trabalho de ligar para o cliente, usar o telefone e a
internet etc, e normalmente a empresa não saberá o valor exato desses custos e lançará como
custos indiretos.

CASO
Expandir sem aumentar os custos.

Uma empresa localizada na região centro oeste do seguimento de alimentos, produtora de pro-
dutos derivados do frango está pensando em expandir as suas operações para outras regiões do
país. Seu processo de operação é complexo, pois envolve além de ter os fornecedores de frango
próximo a unidade fabril ela depende dos fornecedores de insumos e matéria prima. Seus desa-
fios não param por ai, ela vai precisar definir o nível de inventário desses produtos para estabe-
lecer os pontos de armazenamento e de distribuição do produtos que são fornecidos congelados
e resfriados a uma temperatura de 0º a 20 º. A empresa terá que decidir entre comprar um con-
corrente na região que pretende atuar e ou construir toda a infraestrutura necessária para a fá-
brica. Após simulação de várias situações envolvendo toda a sua rede logística, estoque puxado
e empurrado, terceirizar ou não a frota, abrir ou reduzir CD (centro de distribuições), a empresa
chegou à conclusão que o melhor custo benefício, ou seja, o melhor modelo que poderia oca-
sionar uma redução nos custos logísticos total com a manutenção de um serviço de qualidade foi
o modelo que apresentou uma redução de 10 % nos custos totais da logística. O sistema Cross
docking, que diminuiu o número de instalações e de itens de inventário, que reduziram os custos
de armazenamento gerando uma flexibilidade no atendimento e por consequência um aumento
do nível de serviço oferecido ao cliente. A seleção de uma seleção na logística vai depender do
nível de confiança das informações utilizadas para os cálculos de custos, e levar um serviço de
melhor qualidade com menores custos é uma ação de excelência na gestão da logística.

11
Custos Logísticos

1.2 A prática das trocas compensatórias


Quanto diminuir de um custo sem aumentar outro? A prática das trocas compensatórias é uma
regra que diz que para cada custo que você reduz dentro da organização, pode ocorrer um au-
mento de custo em outra área ou atividade. Esta regra serve de alerta para o gestor de logística
que tem a preocupação em reduzir os custos aumentando os níveis de qualidade do serviço pres-
tado pela logística. Essas trocas compensatórias entre os custos são também chamadas trade-
-offs. Para Faria e Costa (2005, p. 46-47),

[...] há uma grande preocupação, por parte dos gestores, de elevar os níveis de qualidade
dos serviços prestados ou produtos elaborados, sem a elevação dos custos decorrentes desses
processos. O gestor envolvido deve ser capaz de gerenciar os custos totais das atividades, de
maneira eficiente, contribuindo assim, para que seja determinado o ponto ótimo entre os custos
e o nível de serviço oferecido ao cliente.

VOCÊ QUER LER?


Leia artigos especializados na logística no site da Revista Logística do IMAM (Instituto
de Movimentação e Administração de Materiais). Veja também notícias, dicionário,
pesquisas e guia de serviços em logística que podem reduzir os custos operacionais da
logística. (REVISTA IMAM, 2015).

Um dos fatores que dificulta a gestão dos custos em toda a cadeia da logística é que, na maioria
das vezes, a forma como a empresa está estruturada organizacionalmente não permite uma in-
tegração necessária, exigindo assim cada vez mais do gestor de logística um esforço redobrado
de melhoria continua.

Alguns exemplos desses trade-offs que podem afetar o equilíbrio entre o custo total da logística
e o nível de serviço proposto são apresentados por Faria e Costa (2005, p. 47):

- Decisões de novas embalagens de transporte a serem introduzidas no processo logístico de


distribuição custando 20% a mais do que as anteriores. Desta forma, pode se possível melhorar
em 20 % a ocupação cúbica no transporte; esse aumento de 20% na embalagem resultara na
redução de 10% do principal elemento de custo, o transporte.
- Um outro problema clássico dos trade-offs na estrutura do network de distribuição ocorre
quando há necessidade de definir-se o número e a localização de armazéns versus custos de
transportes. Um único centro de distribuição, ao invés de três ou quatro, significa menor custo
de armazenagem, mas poderá proporcionar custos de transportes maiores do que se a opção
fosse por três ou quatro CD’s
- Outro exemplo é o de um aumento dos custos de transporte quando a opção é feita pelo
modal aéreo para produtos de alto valor agregado, que é maior do que em outros modos de
transporte, mas que pode ser compensado pela redução do custo de manutenção de inventário.

Os custos logísticos estão interligados com diversos macroprocessos organizacionais. Quando


interage com o departamento de Marketing que tem a função de definir o preço, os produtos e
as promoções interligam as variáveis da localização do cliente e que nível de serviço deverá ser
ofertado ao cliente. Neste momento começa na logística uma sequência de custos, dentre esses,
o de inventário, processamento e informação do pedido, custos de compra, de transporte, arma-
zenagem e de suprimento, que vão interferir no preço do produto.

12 Laureate- International Universities


A figura abaixo apresenta uma visão de todas as variáveis do trade-offs que existem dentro de
uma empresa em relação a suas operações de logísticas. A rede logística envolve a infraestrutura
existente para o armazenamento, transporte e distribuição dos produtos, o nível de serviço que
a organização quer oferecer aos seus clientes e os custos logísticos envolvidos. Se observar na
figura, existe uma balança simbolizando que a ação do gestor de logística é buscar o equilíbrio
nessas relações.

Custos Operacionais
Rede Logística Frete de Transferência
Leed Time

Frete de Distribuição
- Quantidade e localização de instalações
- Alocação dos estoques Armazenagem e Estoque
- Modalidade de transporte
- Capacidade
no de instalações no de instalações

Nível de Serviço Custos

- Tempo de entrega - Transporte


- Contabilidade de entrega - Armazenagem
- Flexibilidade no atendimento - Manuseio
- Estoques
- impostos

Figura 3 – Balanceando os custos e o nível de serviço aos clientes.


Fonte: Faria e Costa, 2005.

Observamos, portanto, que o papel de um gestor de logística aumenta consideravelmente quan-


to este necessita apurar os custos dentro de uma empresa. Saber reestruturar a organização e
conduzir as informações para que forneça informação consistente para a tomada de decisão
implicam no desenvolvimento de trade-offs que podem afetar o equilíbrio entre o custo total da
logística e o nível de serviço pretendido.

1.3 Tipificação dos custos logísticos


Considerando que o gerenciamento dos custos logísticos visa, além de uma redução dos custos,
a melhoria no nível de serviço, vamos conhecer quais são os custos que impactam no processo
logístico. O levantamento dos custos em uma empresa leva em consideração a quantidade e
a qualidade das informações disponíveis, somente assim vai ser possível fazer uma adequada
classificação dos custos. No quadro abaixo observamos a abrangência de cada um dos custos
existentes, sendo que para cada finalidade é possível identificar que custo será necessário levan-
tar, facilitando assim o processo de decisão do gestor dos custos logísticos.

13
Custos Logísticos

Finalidade da Informação Classificação dos Custos Logísticos

Quanto ao relacionamento com o objeto Diretos e Indiretos


Quanto ao comportamento diante do volume
Variáveis e Fixos
de atividade
Controláveis e não controláveis;

Custos de Oportunidade;

Custos Relevantes;

Custos Irrecuperáveis;

Quanto ao relacionamento com o processo de Custos Incrementais ou Diferenciais;


gestão Custos Ocultos (Hidden Costs);

Custo-Padrão;

Custo-Meta;

Custo Kaizen;

Custo do Ciclo de Vida.

Quadro 2 - Quadro de Classificação dos Custos Logísticos quanto à finalidade da informação.


Fonte: Faria e Costa, 2005, p. 70.

VOCÊ QUER VER?


Assista ao filme META – Um processo de melhoria contínua, 2ª Edição, 2014. Cox, Jeff;
Goldratt, Eliyahu M. Este romance apresenta a história de um gestor industrial que,
sofrendo pressão para melhorar os resultados de uma indústria, apresenta princípios e
conceitos de gestão de redução de custos e melhorias na produtividade.

Além dos custos diretos e indiretos, fixos e variáveis já citados, vale aqui ainda destacar seis con-
ceitos de custos que podem contribuir com o gestor no seu processo de decisão de acordo com
Faria e Costa (2005, p. 70-77).

Inicialmente, quando se fala em tomada de decisão, devemos analisar


o que faz parte, efetivamente, da gestão de cada processo. Conta-
Custos Controláveis bilmente falando, dizemos que o custo controlável é aquele que é
e não controláveis influenciado pela decisão e ação de um gestor e pode ser identificado
ao objeto ou rastreado em determinado processo. O custo não con-
trolável não pode ser influenciado pela decisão de um gestor.
É um conceito de custo imprescindível à gestão da logística, sobre-
tudo no que tange aos investimentos em ativos logísticos. É um tipo
de custo imputado, um custo de capital que não é registrado con-
Custo de
tabilmente e não implica desembolsos de caixa, pois tem natureza
Oportunidade
econômica, mas deve ser contemplado nos relatórios gerenciais. Para
que seja aplicado este conceito, deve-se reconhecer a existência dos
juros sobre o capital empregado nas operações.

14 Laureate- International Universities


É um conceito importante a gestão logística. São custos futuros que
diferem entre as diversas alternativas. Para ser relevante, um custo
não deve ser apenas um custo futuro, mas, também, precisa ser dife-
Custo
rente de uma alternativa para outra. “Custo relevante não é necessa-
Relevante
riamente o que foi incorrido no passado, mas aquele que se espera
incorrer no futuro para um determinado nível de serviço. Os trade-
-offs enquadram-se na categoria de custos relevantes” (CEL, 2000).
São custos incorridos no passado e que não são relevantes para de-
Custos Irrecuperáveis cisões no presente, pois não se alteram em função das decisões. A
(sunkcosts): depreciação de um ativo já existente, por exemplo, não deve ser con-
siderada como um custo relevante, pois não afeta o fluxo de caixa.
Este conceito é importante na análise dos custos logísticos e normal-
Custo Incremental, mente é considerado como um custo extra, associado a uma unidade
Marginal ou adicional. Em uma análise incremental, devemos observar qual o re-
Diferencial sultado econômico que será apurado, pela diferença entre a receita
e o custo incremental.
São custos que não são visíveis aos gestores, mas que afetam o resul-
tado econômico da empresa, pois ocorrem em condições anormais de
operação, associados ao conceito de Perdas, tais como falhas e desper-
Custos Ocultos dícios nos processos logísticos. Mesmo que a empresa consiga repassar
(Hidden Costs) para seus clientes, por meio de seu preço, todos os desperdícios ou
custos ocultos, seu lucro só será obtido pelo diferencial entre suas re-
ceitas e seus custos totais, que estarão “inchados” pelos referidos itens
que não agregam valor.

Quadro 3 – Quadro dos tipos de custos.


Fonte: Faria e Costa, 2005.

VOCÊ O CONHECE?
Hinrich Magelse, prático contábil alemão, foi quem em 1772 apresenta a depreciação
dos ativos iniciando um movimento que modifica a contabilidade até então financeira
para uma contabilidade de custos, baseado em quatro seguimentos; a escrituração,
cálculo de custos, orçamentos e estatística na empresa. (ACERVO SABER, 2015)

Pode ser considerado como um custo elaborado, que contempla as-


pectos físicos e monetários, em que são considerados dentro da nor-
malidade, os materiais, mão de obra, equipamentos. É o custo que se
deseja alcançar, em termos físicos e monetários, se tudo ocorrer de
Custo Padrão:
acordo com o normal da atividade. Após o serviço ter sido prestado, é
necessário realizar o acompanhamento das variações dos custos reais
em relação aos padrões, justificando as causas dos desvios, para que
sejam tomadas as devidas ações corretivas.
É aquele que, a partir do preço de mercado do produto/serviço e ten-
Custo-Meta ou Alvo
do definida a margem de lucro desejada, a diferença é o custo-meta.
(Target cost):
Normalmente, é apurado na etapa de desenvolvimento do produto.

15
Custos Logísticos

Atualmente, em função de, em muitos segmentos, os produtos estarem


com ciclos de vida cada vez mais curtos, o tempo é a base para a
competitividade, é um elemento de diferenciação, e a tendência é que
cada vez mais os tempos sejam comprimidos. O conceito do Ciclo de
Custo no vida do produto abrange todos os estágios de evolução dos produtos,
Ciclo de Vida desde sua concepção, desenvolvimento, crescimento, maturidade até
sua saturação e declínio, quando será descontinuado. Um fato extre-
mamente relevante é a gestão dos materiais a serem descontinuados,
se não são bem administrados, podem gerar perdas irrecuperáveis
para a empresa.
Está relacionado à melhoria contínua dos processos, visando à re-
dução constante dos custos em todas as fases do ciclo de vida de
Custo Kaizen um produto. É um custo similar com o custo-meta em sua missão de
reduzir o custo, exceto que enfoca a redução dos custos durante as
outras fases do ciclo de vida, além do desenvolvimento.

Quadro 4 – Quadro dos tipos de custos.


Fonte: Acervo Saber, 2015.

Além desses podemos exemplificar alguns outros custos logísticos. Por exemplo, para o custo
de transporte será necessário primeiro fazer uma classificação do tipo da carga, e esta análise
dos custos vai depender muito da natureza do produto e perfil do cliente. Os custos por tipo de
carga podem ser classificados em itinerante, urgente, comum e podem variar em função do tipo
de frete, que será por peso ou valor, onde será incluso as taxas e o pedágio e os custos opera-
cionais que envolvem remuneração mensal do capital empacado. Se o caminhão for próprio, há
depreciação, se não, o valor do empréstimo, o salário do motorista, os custos de oficina, licen-
ciamento e seguros, esses custos são diretos, ou seja, estão relacionados a cada um dos veículos.
Para os custos variáveis, pneus, lavagem, lubrificantes, combustível peças e acessórios, pode se
adotar a distância percorrida ou o rendimento do caminhão por litro.

1.4 Os custos logísticos para uma nação


Você acha que a logística é grande e importante?

É por meio do processo logístico que materiais fluem para a capacidade produtiva de uma nação
industrializada e produtos acabados são distribuídos aos consumidores. O recente crescimento
do comércio global expandiu o tamanho e a complexidade das operações logísticas. A logística
agrega valor aos processos da cadeia de suprimentos quanto o estoque é estrategicamente
posicionado para gerar vendas. Criar valor logístico é algo dispendioso. (PNLT, 2012).

Mediante a logística que você pode trazer vantagens competitivas para a sua organização, é
pela logística que você vai estabelecer onde os estoques vão estar alocados para realizar a sua
distribuição e transporte. São vários os desafios diários que o profissional de logística encontra
no seu dia a dia e dentre esses, deverá conseguir uma integração não somente entre os demais
departamentos da empresa, mas entre todos os demais elos da cadeia logística, exigindo de você
uma comunicação constante e muita movimentação para conseguir bons resultados nos seus pro-
cessos logísticos, de tal forma a levar um nível de serviço diferenciado com o menor custo total.

Por que a logística é importante para um país? O Brasil é um país de extensão territorial muito
grande, diversas culturas se interagem entre vários biomas e vegetações, criando talvez um dos
maiores centros de diversidade do planeta. Todas essas características acabam criando novos
desafios para a logística.

16 Laureate- International Universities


Não resta dúvida que o maior desafio é a movimentação de carga. Atualmente, os custos de
movimentação de carga são altíssimos dificultando ainda mais a melhoria de qualidade de vida
das pessoas. Se um produtor morar na região fora dos grandes corredores de produção, vai ficar
difícil escoar a sua produção com uma boa lucratividade, ao mesmo tempo em que, para adqui-
rir um produto, o custo é aumentado em função da distância e do custo do frete.

A logística não pode parar, sendo assim seus profissionais devem continuar fazendo esforços na
melhoria de seus processos logísticos visando sempre a redução dos custos para oferecer um
produto de qualidade e barato.

O maior custo para a movimentação de carga sem dúvida são os transportes e como trata-se de um
item que necessita de uma infraestrutura adequada, vamos discutir e apresentar as ações que estão
sendo tomadas pelo governo para melhorar as infraestruturas que afetam diretamente as operações
em logísticas, e para tanto vamos analisar o Plano Nacional de Logística e Transporte (PNLT).

1.4.1 Plano Nacional de Logística e Transporte


O PNLT (Plano Nacional de Logística e Transporte) teve a primeira versão publicada em 2007 e
de lá para cá vem sendo aperfeiçoado. O plano é desenvolvido junto com a sociedade organi-
zada e elaborado pelo Ministério dos transportes em conjunto com o Ministério da defesa. De
acordo com o PNLT (2012), seu objetivo é:

Formalizar e perenizar instrumentos de análise para dar suporte ao planejamento de intervenções


públicas e privadas na infraestrutura e na organização dos transportes. O PNLT também serve
de base para a elaboração dos Planos Plurianuais (PPA) e como eventual subsídio para a
definição da composição do portfólio de projetos integrantes do Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC).

No Brasil, a maior modal utilizado é o rodoviário, sendo o plano, 52% de toda carga movimentada
é feita nesta modalidade, o que demostra a nossa dependência com este modal. O plano não dei-
xa de ser uma iniciativa que visa melhorar a realidade deste setor mediante a aplicação de ações
públicas e privadas, propiciando a integração, desenvolvimento e superação das desigualdades.

Para o desenvolvimento do plano, as demandas são levantadas pelo ministério dos transportes
(Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Transportes, fórum que congrega todas as secre-
tárias de Transportes dos governos estaduais e adesão das lideranças mais significativas do setor)
e são transformadas em projetos onde aquelas que obtiverem pelo menos uma taxa interna de re-
torno econômico (TIRE) de 8% são consideradas exequíveis dentro do período estabelecido. Para
se ter uma ideia, dos 1.167 projetos classificados em 2011, 111 foram considerados prioritários
tendo em vista sua viabilidade econômica, 237, apesar de uma menor viabilidade, possuíam ca-
ráter sociopolítico e foram aprovados, e 588 não foram aprovados por diversos motivos, dentre
eles a falta de informações conclusivas.

O plano procura assegurar, além da participação de toda a sociedade, várias políticas de atua-
ção, de acordo com o PNLT (2012) podemos destacar:

• É um plano de caráter indicativo, de médio e longo prazo, associado às demandas


resultantes do processo de desenvolvimento socioeconômico do País, e não meramente
um elenco de projetos e ações.

• É resultante de um processo de planejamento de transportes permanente, participativo,


integrado e interinstitucional.

• É um plano nacional e federativo, não apenas federal.

17
Custos Logísticos

• É um plano de Estado, não apenas de Governo.


• É um plano multimodal, envolvendo toda a cadeia logística associada aos transportes.
• Está fortemente fundamentado nos conceitos de territorialidade, de segurança e ocupação do
território nacional, e de desenvolvimento sustentável do País, com equidade e justiça social.

• Tem forte compromisso com a preservação do meio ambiente (Zoneamento Ecológico


Econômico), com a evolução tecnológica e com a racionalização energética.

• Requer um processo de institucionalização, organização e gestão eficiente e eficaz, capaz


de envolver todas as esferas de governo, bem como os vários órgãos e instituições públicos
e privados afins e correlatos ao setor dos Transportes.

1.4.2 Dados estatísticos 2011


O plano procura levar em conta a disponibilização de todos os modais para a redução nos
custos de produção e da logística. A primeira questão levantada envolve como equilibrar esta
distribuição no Brasil?

Atualmente, a distribuição dos modais está distribuída conforme figura 4, onde apresenta o mo-
dal Rodoviário liderando em movimentação de carga. De acordo com o plano, o uso maior do
modal rodoviário implica em aumento nos custos logísticos e uma maior emissão de gases, por-
tanto não é desejável manter este patamar, e em contrapartida, um investimento em infraestrutura
deve justificar a aplicação dos recursos. Na maioria das vezes, investir em outros modais para
algumas regiões talvez não seja interessante economicamente, mas pode servir de alavancagem
para uma econômica regional. A estratégia adotada é buscar este equilíbrio utilizando as poten-
cialidades ambientais de cada região, como aclive do solo para as ferrovias e os rios disponíveis
para o modal hidroviário.

Figura 4 - Distribuição modal da matriz brasileira de transportes regionais de cargas em 2011.


Fonte: Ministério dos Transportes, PNLT, 2011.

18 Laureate- International Universities


A demanda pelo modal rodoviário tem aumentado consideravelmente no Brasil.

Figura 5 - Evolução percentual da frota circulante, do PIB e da população no Brasil.


Fonte: Ministério dos Transportes, PNLT, 2011.

A política setorial para os transportes envolve o processo de desestatização a reorganização por-


tuária permitindo a iniciativa privada a abertura de portos, e também o programa de concessões
de rodovia para a iniciativa privada.

Nas ações de infraestrutura, no setor ferroviário existe a construção da ferrovia Nova Transnor-
destina e a concessão da Ferrovia Norte Sul. Na área portuária ocorre o aperfeiçoamento dos
processos de regulação e gestão dos serviços bem como programas de dragagem, de aprofun-
damento e manutenção dos canais de acesso. O objetivo é eliminar estrangulamentos perto
dos portos para que a integração entre os modais ocorra de forma mais eficiente. No subsetor
hidroviário, a proposta é o uso múltiplo das águas, aproveitando os rios tanto para geração de
energia como para transporte. No subsetor de navegação e marinha mercante, ações de melho-
ria da frota com incentivos para a construção naval.

A distribuição de cargas transportadas atrapalha a exportação e aumenta os custos da logística.


De acordo com o relatório, 20% do valor do PIB – Produto Interno Bruto representa os custos lo-
gísticos, e grande parte desses custos ocorre no transporte multimodal. No caso para o comércio
externo de contêineres, este valor pode ultrapassar US$ 1,2 bilhão anualmente, demostrando
assim a importância da logística para o desenvolvimento de uma nação.

19
Custos Logísticos

Figura 6 - Distribuição modal da matriz brasileira de transportes


regionais de cargas em 2011 (com e sem minério de ferro).
Fonte: Ministério dos Transportes, PNLT, 2011.

Sobre o total dos custos em logística, só o sistema de Administração consome 20%, depois vem
a armazenagem com 19%, estoque 18%, tramites legais 10% e transporte 32%, de acordo com o
Banco Mundial. Observamos então que a redução dos custos devem ocorrer em todas as esferas.
De acordo ainda como relatório do PNLT (2011);

Fica, portanto, evidente que a racionalização dos custos de transportes poderá produzir efeitos
significativamente benéficos sobre o componente mais expressivo dos custos logísticos. Junte-se
a este raciocínio o fato de que, sob certas condições e para determinados fluxos de carga, os
fretes hidroviários e ferroviários podem ser 62% e 37% mais baratos do que os fretes rodoviários.

O Plano considera a formação de 5 vetores logísticos (Amazônico, Centro-Norte, Nordeste se-


tentrional, Nordeste Meridional, Leste, Centro-Sudeste e Sul), que são repartições feitas no país
para efeito do planejamento dos transportes. Alguns desses vetores ligam o país ao continente
e outros ao MERCOSUL. Os critérios utilizados para a junção dessas microrregiões levaram em
consideração a similaridade socioeconômica, a perspectiva de integração, isocustos em relação
aos principais portos e as impedâncias ambientais.

A metodologia aplicada para a elaboração do plano levou em consideração as questões de


infraestrutura, socioeconômicas, institucional e regulatória. Para a realização do plano os softwa-
res utilizados para o levantamento e modelagem da demanda de transporte na rede multimodal
foram aplicados o TransCAD e o Mantra após o mapeamento da oferta de transporte realizado
pelo software TransCAD. Foram definidos os produtos mais relevantes para o dimensionamento
da logística, e dentre a lista de 110 produtos, destacamos os cinco primeiros produtos: o arroz
em casca, milho em grão, trigo em grão, cana-de-açúcar, e a soja. Para a definição das estraté-
gias de investimento na logística desses produtos, os mesmos foram agrupados em 5 grupos que
juntaram características similares desses produtos, dentre essas: forma de comercialização e dis-
tribuição dos produtos, tipo de movimentação e portabilidade das cargas, alteração da relação
entre tonelada e valor transportado e a disponibilidade de informações confiáveis.

20 Laureate- International Universities


VOCÊ QUER LER?
Neste site da Endeavor é possível pesquisar vários artigos ligados aos custos de uma
empresa. É uma instituição com o foco no empreendedorismo e dentre seus trabalhos
destacamos o texto “Gestão de custos: como ter um bom controle financeiro”, que
trata da forma de gerenciar os custos para reduzir as despesas e aumentar a eficiência
organizacional. No site ainda poderá acompanhar novidades da área. Disponível em:
https://endeavor.org.br/institucional.

O dimensionamento dos projetos permite avaliar o quanto é necessário os investimentos na


infraestrutura de logística para a redução dos custos e melhoria da competitividade dos produ-
tos brasileiros no mundo globalizado. A figura 7 deixa claro que grande parte dos custos estão
ligados a construção das ferrovias, pois elas são, sem sobra de dúvida, as responsáveis para um
desenvolvimento sustentável.

Figura 7 - Distribuição de projetos em relação à quantidade, extensão e custo.


Fonte: Ministério dos Transportes, PNLT, 2011.

1.4.3 Programa de investimentos em logística


O Programa de investimentos em logística (PIL) é uma ação governamental que, ao mesmo tem-
po que apresenta vários desafios, serve para motivar o investimento na infraestrutura de logística.
Mas por que o Brasil? O Brasil possui uma área territorial de 8.515.767 km2, só em faixa litorâ-
nea são 7.367 km. Sua população gira em torno de 200 milhões e é a 7ª maior economia do
mundo, e tem mais de 100 milhões de consumidores. É um dos maiores exportadores de café,
carne, açúcar, é um país fornecedor de recursos naturais para o mundo, é estrategicamente lo-
calizado, e acima de tudo, é um país pacífico e multirracial.

Pela proposta observamos os gargalos existentes no Brasil e o desafio que o profissional de logís-
tica enfrenta no seu dia a dia, bem como o por que de alguns custos serem altos.

21
Custos Logísticos

Para o PNLT (2012) os investimentos por áreas e modais devem custar:

• Concessões Rodoviárias- 5 Novos Projetos, 2.625 km. Investimento estimado: R$ 17,8 bi.
• Concessões Ferroviárias - 11.000 km. Investimento estimado: R$ 99,6 bi.
• Portos - Investimento estimado: R$ 54,6 bi.
• Aeroportos - 2 aeroportos: Galeão e Confins. Investimento estimado: R$ 9,2 bi. 270
aeroportos regionais.
• Trem de Alta Velocidade – TAV - Extensão Total de 511 km. Investimento Estimado:
R$ 35,6 bi.

Os gráficos abaixo apresentam o crescimento do país e seus desafios nos portos, aeroportos
e rodovias.

Figura 8 - Crescimento do país e os seus desafios.


Fonte: Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), Agência Nacional de Transportes
Aquaviários (ANTAQ), Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR) e Associação
Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA) Elaboração: Ministério da Fazenda, 2015.

Neste capítulo conseguimos aprender a identificar os custos dentro do processo da logística. Ob-
servamos que é necessária a realização de um detalhamento das contas contábeis para apurar
como as despesas estão sendo realizadas. Conhecemos os principais conceitos envolvidos na
área e a importância dos custos totais para a cadeia de abastecimento. Compreendemos que o
ato de manipular uma informação de custo por si só não reduz os custos logísticos, eles simples-
mente mudam de lugar na empresa. Por isso a aplicação da prática das trocas compensatórias,
onde identificar os trade-offs, faz a diferença no processo de tomada de decisão. Entendemos
que nosso país ainda carece de uma melhor infraestrutura logística para que as empresas consi-
gam oferecer um serviço de melhor qualidade e baixo custo.

22 Laureate- International Universities


Síntese Síntese
Neste capítulo concluímos conhecendo os principais conceitos de custos, os tipos de custos lo-
gísticos existentes na empresa, a importância do custo total para a gestão da cadeia de abaste-
cimento, os princípios das práticas de troca compensatórias existentes na logística.

A oportunidade que você teve neste capitulo:

• Você já observou que o mercado é bastante competitivo e aquela empresa que não buscar
melhorias não consegue sobreviver por muito tempo. Para que uma empresa consiga obter
um equilíbrio entre os seus custos totais e o nível de serviço que presta, deve necessariamente
conhecer bem cada um dos critérios de desempenho que afetam a organização.

• Para melhor desempenho no levantamento e cálculo dos custos é importante ter um


conhecimento sobre a contabilidade de custos. Normalmente é bom que você tenha uma
visão boa sobre a contabilidade básica, a geral, para depois trabalhar com a contabilidade
de custos e com os custos por cada área dentro de uma organização.

• Os custos apresentam algumas características interessantes. Observe que ao computar


a despesa de gasolina para o transporte de uma mercadoria ao cliente, percebemos a
aplicação do conceito de custo direto, você sabe exatamente para qual cliente, a distância
e demais despesas

• Os custos logísticos estão interligados com diversos macroprocessos organizacionais.


Quando interage com o departamento de Marketing que tem a função de definir o preço,
os produtos e as promoções interligam as variáveis da localização do cliente e que nível
de serviço deverá ser ofertado ao cliente.

• O levantamento dos custos em uma empresa leva em consideração a quantidade e a


qualidade das informações disponíveis, somente assim vai ser possível fazer uma adequada
classificação dos custos.

• Não resta dúvida que o maior desafio é a movimentação de carga. Atualmente os custos
de movimentação de carga são altíssimos dificultando ainda mais a melhoria de qualidade
de vida das pessoas.

23
Referências Bibliográficas
BERTÓ, D. J.; BEULKE, R. Gestão de custos. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

ENDEAVOR BRASIL. Disponível em: <https://endeavor.org.br/institucional/>. Acesso em: 28


maio 2015.

FARIA, A. C.; COSTA, M. de F. G. Gestão de custos logísticos. São Paulo: Atlas, 2005.

FONTOURA, F. B. B. Gestão de custos: Uma visão integradora e prática dos métodos de cus-
teio. São Paulo: Atlas, 2013.

LOGÍSTICA Brasil. Programas de Investimentos em Logística. Disponível em: <http://www.


logisticabrasil.gov.br/>. Acesso em: 28 maio 2015.

MINISTÉRIO DA FAZENDA. Infraestrutura no BRASIL: Projetos, ¬financiamento e oportu-


nidades. Disponível em: <http://www.fazenda.gov.br/divulgacao/publicacoes/infraestrutura-no-
-brasil/road_show_infraestrutura_no_brasil_2013.pdf>. Acesso em: 28 maio 2015.

MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES. Projeto de Reavaliação de Estimativas e Metas do


PNLT. (2012). Disponível em: <http://www.transportes.gov.br/images/2014/11/PNLT/2011.
pdf>. Acesso: 27 maio 2015.

MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES. PNLT - Plano Nacional de Logística e Transportes . Dis-


ponível em: <http://www.transportes.gov.br/conteudo/56-acoes-e-programas/2814-pnlt-plano-
-nacional-de-logistica-e-transportes.html>. Acesso em: 29 maio 2015.

REVISTA Logística IMAM. (2015). Disponível em: <http://www.imam.com.br/logistica/a-revista>.


Acesso em: 28 maio 2015.

WERNKE, R. Custos Logísticos. Brasil: MAG, 2014.

24 Laureate- International Universities

Você também pode gostar