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Anete Abramowicz
José Lucas Pedreira Bueno
Josélia Gomes Neves
Organizadores
EDUCAÇÃO INFANTIL
no campo, na cidade e na floresta
de si gu al da de s
po lí ti ca s, pr át ic as e
editor
editora
Juracy Machado Pacífico
Anete Abramowicz
José Lucas Pedreira Bueno
Josélia Gomes Neves
Organizadores
EDUCAÇÃO INFANTIL
no campo, na cidade e na floresta
de si gu al da de s
po lí ti ca s, pr át ic as e
j-XUDF\0DFKDGR3DFßFR
Anete Abramowicz
José Lucas Pedreira Bueno
Josélia Gomes Neves
Organizadores
((GXFD§£RLQIDQWLOQRFDPSRQDFLGDGHHQDàRUHVWDSROWLFDVSU¡WLFDVH
GHVLJXDOGDGHV-XUDF\0DFKDGR3DFßFR>HWDO@RUJDQL]DGRUHVÓ
HGÓ)ORULDQ³SROLV3DQGLRQ
112 p.
Inclui referências
,6%1
,6%1
2015
2
DESIGUALDADE EXPLÍCITA E
REGULAMENTAÇÃO QUE NÃO REGULA
o dilema da Educação Infantil no campo
Juracy Machado Pacífico
Leonice Dantas da Silva Amaral
José Lucas Pedreira Bueno
1 INTRODUÇÃO
Não vou sair do campo pra poder ir pra escola
Educação do campo é direito e não esmola.
(Gilvan Santos)
(VWHWH[WRGLVFXWHRDWHQGLPHQWR (GXFD§£R,QIDQWLODSDUWLUGHXP
levantamento da oferta e demanda de educação para crianças de zero a
FLQFRDQRVUHVLGHQWHVQRFDPSRGR(VWDGRGH5RQG´QLD
Muitas mudanças têm ocorrido na educação, tanto na maneira de pen
sar quanto na forma de organização da educação brasileira, seja na Educação
Infantil, ensino fundamental e médio ou nas diferentes modalidades. Com
LVVRXPDDQ¡OLVHKLVW³ULFDLU¡DSRQWDUSDUDDOJXPVXFHVVR,VVRQ£RSRGHQH
JDGRPDVWDPE©PQ£RVHSRGHQHJDUTXHHVVHVXFHVVRQ£RIRLVXßFLHQWHSDUD
alavancar a qualidade. No caso da modalidade Educação no Campo, também
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o dilema da Educação Infantil no campo
tem havido um esforço, mesmo que muito mais legal do que efetivo, na tenta
tiva de melhorar o atendimento que se disponibiliza para aquela população.
Já não é novidade que as crianças residentes no campo são reco
QKHFLGDVFRPRGHWHQWRUDVGHGLUHLWR (GXFD§£R,QIDQWLODVVLPFRPRDV
de qualquer outro lugar ou forma de organização social, mas a realidade
nos mostra o quanto esses direitos são negados. Embora lembradas no
papel e nos discursos, na prática, as crianças são esquecidas, o que será
representado neste trabalho pelo quantitativo de crianças residentes no
FDPSRGH5RQG´QLD&RPLVVRRHVWXGRVHSURS´VDUHVSRQGHUDVHJXLQ
WHLQGDJD§£RHPTXHPHGLGDRHVWDGRGH5RQG´QLDJDUDQWHRGLUHLWR
(GXFD§£R,QIDQWLOHVFRODU VFULDQ§DVUHVLGHQWHVQRFDPSR"
$SDUWLUGHVVDTXHVW£RGHßQLPRVFRPRREMHWLYRDQDOLVDUDRIHUWD
HGHPDQGDGHDWHQGLPHQWR (GXFD§£R,QIDQWLOSDUDDVFULDQ§DVGH
DDQRVUHVLGHQWHVGRFDPSRGRHVWDGRGH5RQG´QLD'HVHQYROYHPRV
ainda, estudos na literatura especializada sobre a importância e as con
GL§µHVGHRIHUWDGD(GXFD§£R,QIDQWLOQRFDPSRLGHQWLßFDPRVDRIHUWD
GH (GXFD§£R ,QIDQWLO SDUD DV FULDQ§DV GR FDPSR GH 5RQG´QLD WHQGR
FRPRSDU¢PHWURDJDUDQWLDDRGLUHLWR HGXFD§£RHRVGDGRVGLVSRQYHLV
QR ,QVWLWXWR %UDVLOHLUR GH *HRJUDßD H (VWDWVWLFD ,%*( H ,QVWLWXWR
1DFLRQDOGH(VWXGRVH3HVTXLVDV(GXFDFLRQDLV$QVLR7HL[HLUD,1(3
&RQVLGHUDPRV QHFHVV¡ULR GHVWDFDU R DWHQGLPHQWR (GXFD§£R ,Q
fantil já que, observando a precariedade da oferta pública de Educação
,QIDQWLOLQFOXLQGRFUHFKHVHSU©HVFRODVSDUDFULDQ§DVUHVLGHQWHVQDFLGD
GHIH]VHDVHJXLQWHLQGDJD§£RVHSDUDDVFULDQ§DVGHDDQRVPRUDGR
ras da área urbana já é tão difícil fazer com que seus direitos, em especial
HGXFD§£RVHMDPJDUDQWLGRVFRPRVHULDHQW£RDJDUDQWLDGHVVHGLUHLWR
VFULDQ§DVGRFDPSRRQGHJHUDOPHQWHDVGLßFXOGDGHVV£RPDLRUHV"
Embora muito se tenha garantido na legislação vigente sobre o
DWHQGLPHQWR VQHFHVVLGDGHVHGXFDFLRQDLVSDUDDVFULDQ§DVGRFDPSRR
que podemos observar é um descompasso total entre o que está escrito
e o que realmente observamos quando temos a oportunidade de chegar
a esses lugares mais distantes das cidades, em que os moradores que
DQVHLDPTXHVHXVßOKRVWHQKDPDFHVVR HVFRODV£RREULJDGRVDVHGHVOR
FDUHPSRUY¡ULRVTXLO´PHWURVSRUTXHVXDUHJL£RQ£RGLVSµHGHHVFRODV
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o dilema da Educação Infantil no campo
SULQFLSDOPHQWHGHFUHFKHVHSU©HVFRODV
3RURXWURODGRQ£RIDOWDPGRFXPHQWRVTXHGHßQHPFRPRVHGHYHRU
ganizar o sistema escolar para as crianças moradoras de área rural/campo
e que apresentam medidas que devem ser tomadas para que haja um bom
funcionamento da educação lá desenvolvida. No entanto, observando es
sas legislações e algumas situações e falas, é possível perceber o quanto os
povos ribeirinhos, quilombolas, indígenas e outros nutrem esperança por
uma educação que apresente um mínimo de qualidade.
Destacamos, porém, que não são somente as crianças residentes
no campo que são afetadas pela falta de acesso ou por terem um acesso
SUHF¡ULR HVFRODPDVWDPE©PDVFULDQ§DVßOKDVGHH[WUDWLYLVWDVSHVFD
dores, ribeirinhos, assentados e acampados e, ainda, os descendentes de
quilombolas e indígenas. Nosso recorte, no entanto, foi o atendimento
FRP(GXFD§£R,QIDQWLOHVFRODU VFULDQ§DVGRFDPSR7DOUHFRUWHDSRQWD
para a relevância social deste estudo que está em explicitar o atendimen
WR (GXFD§£R,QIDQWLOGRFDPSREHPFRPRSRVVLELOLWDUXPDUHàH[£R
VREUHWDOUHDOLGDGH2HVWXGRFRQWULEXLSDUDDFRQVWUX§£RWH³ULFDHHP
pírica de melhores argumentos em defesa da Educação Infantil e para a
formulação de políticas educacionais que contemplem as crianças resi
dentes no campo e de outras regiões e comunidades que, por escolha ou
necessidade, não residem no perímetro urbano.
Antes de avançarmos com o tema, antecipamos que, neste texto,
DSUHVHQWDUHPRVHPGLIHUHQWHVPRPHQWRVGRLVWHUPRVFDPSRHUXUDO
(PSHVTXLVDRUJDQL]DGDSRU5RVHPEHUJH$UWHVGHQRPLQDGDØ2
UXUDOHRXUEDQRQDRIHUWDGHHGXFD§£RSDUDFULDQ§DVGHDW©DQRVÙDV
DXWRUDVß]HUDPHVVDH[SOLFLWD§£R$VDXWRUDVFLWDQGR&DYDOFDQWH
p. 557), informam que o termo campo vem dos movimentos sociais e tem
XPVHQWLGRSROWLFRSHGDJ³JLFRGDGRSHORVPRYLPHQWRV-¡UXUDO©RWHU
mo que está expresso nos levantamos do IBGE e explicita uma categoria
HPSULFDORFDOL]D§£RRXVLWXD§£RGRGRPLFOLRRXGDHVFROD$VVLPTXDQ
do, neste texto, aparecer os termos rural ou campo, estamos nos referindo
W£RVRPHQWH ORFDOL]D§£RRXVLWXD§£RGRGRPLFOLRRXGDHVFROD
)HLWRHVVHHVFODUHFLPHQWRGHVWDFDPRVTXHSDUDDFROHWDHDQ¡OLVHGH
dados deste estudo, tomamos como recorte temporal o ano de 2008 quan
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o dilema da Educação Infantil no campo
$SULPHLUDLQI¢QFLDFRQVLGHUDQGRVHQHVVHUHFRUWHDLGDGHGH]HUR
a seis anos, é a fase onde as crianças têm os primeiros contatos com o
mundo que as cerca e será a partir da interação com esse mundo que
LU£RVHGHVHQYROYHUHDSUHQGHU1HVVHFRQWH[WRGHVWDFDVHDHVFRODGH
(GXFD§£R,QIDQWLOFRPRHVSD§RQ£RGRP©VWLFRTXHSRVVLELOLWD VFULDQ
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SRUTXHÙTXHRVGLUHLWRVGHFODUDGRV LQI¢QFLDEUDVLOHLUDHVWDYDPHPSUR
cesso de consolidação legal, em processo de regulamentação. Lembrava
DXUJªQFLDGDJDUDQWLDGRVGLUHLWRVM¡FRQTXLVWDGRV'HVWDFRX ©SRFD
que o Brasil já tinha demonstrado em sua estrutura legal um avanço no
entendimento sobre o que é infância e criança para que pudesse lhe ofe
recer garantias institucionais. Destacou, também, que tal entendimento
vinha favorecendo, na prática, que a criança tivesse seu desenvolvimento
LQWHJUDOPHQWHJDUDQWLGRSRUPHLRGRDWHQGLPHQWRHGXFDFLRQDOHSHGDJ³
JLFRPDVM¡UHVVDOWDYDDSUHFDULHGDGH&RPLVVRQRVSHUJXQWDPRVHKRMH
K¡TXDVHXPDG©FDGDRTXHWHPRVDUHàHWLUVREUHDVDßUPD§µHVGDVDXWR
ras divulgadas em meados dos anos 2000? Se considerarmos que o Plano
Nacional de Educação de 2001 não teve a Meta 1 atendida integralmente
e que a Educação no Campo ainda se apresenta com sérios problemas e
GLßFXOGDGHV SDUD XPD HIHWLYD§£R FRP TXDOLGDGH SRGHPRV DßUPDU TXH
suas palavras continuam muito presentes e atuais.
Desse modo, se a Educação Infantil urbana com todos os entraves
que a acompanham, tais como problemas na infraestrutura física e pe
GDJ³JLFDSUHFDULHGDGHQDIRUPD§£RFRQWLQXDGDGHSURIHVVRUHVGHQWUH
RXWURV©GHVHLPDJLQDUTXHQDHGXFD§£RQRFDPSRHVVDVGLßFXOGDGHV
tendem a aumentar, pois quando se coloca em debate essa etapa e moda
lidade, a Educação Infantil e a oferta de Educação no Campo, falamos
GHGXDVH[FOXVµHVKLVW³ULFDVQRSURFHVVRHGXFDFLRQDOda Educação In-
fantil, sempre colocada em segundo plano, e da Educação no Campo,
HVWD SUHFDUL]DGD QR PQLPR HP WUªV DVSHFWRV SHOR DFHVVR TXH LP
plica no tempo escolar; na infraestrutura, que geralmente não dispõe
GRPQLPRHSHODIDOWDGHSURßVVLRQDLVTXDOLßFDGRV1HVWHVHQWLGRDV
GLßFXOGDGHVDLQGDHQIUHQWDGDVSDUDVHID]HU(GXFD§£RQRFDPSRTXDQGR
FRPSDUDGDV VGD¡UHDXUEDQDWHQGHPDVHUGLVFUHSDQWHVSRLVHQYROYHP
outra rotina, cultura, costumes e visão de mundo, o que requer que essa
RIHUWDVHMDHVSHFßFDHGLIHUHQFLDGD
$&RQVWLWXL§£R)HGHUDOGHHQIDWL]DTXHRDFHVVR HGXFD§£R©
direito de todos e dever do Estado e da família, e que esta será promo
vida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e
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VXDTXDOLßFD§£RSDUDRWUDEDOKR$/'%HPFRQIRUPLGDGH
FRPD&DUWD0DJQDUHDßUPDRGLUHLWR HGXFD§£RHDLJXDOGDGHGHFRQ
dições de acesso e permanência, gratuidade do ensino e garantia de qua
OLGDGHSDUDDHGXFD§£RQRFDPSR7DPE©PR(VWDWXWRGD&ULDQ§DHGR
$GROHVFHQWH%5$6,/QR$UWLJRGHVWDFDTXHØ1RSURFHVVR
HGXFDFLRQDO UHVSHLWDUVH£R RV YDORUHV FXOWXUDLV DUWVWLFRV H KLVW³ULFRV
SU³SULRVGRFRQWH[WRVRFLDOGDFULDQ§DHGRDGROHVFHQWHJDUDQWLQGRVHDHV
WHVDOLEHUGDGHGDFULD§£RHRDFHVVR VIRQWHVGHFXOWXUDÙ+¡FRPRVHSRGH
perceber, um grande aparato para a construção e garantia de uma educação
diferenciada e com qualidade também para as populações do campo.
$O©PGHVVHFRQMXQWRGHOHLVPDLRUHVWHPVHDLQGDFRPRDSDUDWROHJDO
várias resoluções e pareceres que regulamentam e organizam a Educação e
a Educação Infantil, como é o caso das Diretrizes Operacionais para a Edu
cação Básica nas Escolas do Campo (BRASIL, 2002), que, no artigo 2º,
DSRQWDTXHDØLGHQWLGDGHGDHVFRODGRFDPSR©GHßQLGDSHODVXDYLQFXOD§£R
VTXHVWµHVLQHUHQWHV VXDUHDOLGDGHDQFRUDQGRVHQDWHPSRUDOLGDGHHVD
EHUHVSU³SULRVGRVHVWXGDQWHVÙ(QRDUWzGHVWDFDTXHR3RGHU3ºEOLFR
1RDUWzID]XPDPHQ§£RDRVDUWLJRVHGD/HLGD
/'% UHVVDOWDQGR D SURSRVWD SHGDJ³JLFD GDV HVFRODV GR FDPSR
Conforme Silva et al. (2012, p. 58), essas Diretrizes também destacam
os movimentos sociais lutando em busca de direitos e de políticas educa
cionais voltadas ao campo, combatendo a submissão do rural ao urbano
e propostas de dominação e de exploração.
7DPE©P DV 'LUHWUL]HV &RPSOHPHQWDUHV GD (GXFD§£R GR &DPSR
(BRASIL, 2008), instituídas pela Resolução nº 2, de 28 de abril de 2008,
que estabelecem diretrizes complementares, normas e princípios para o
desenvolvimento de políticas públicas de atendimento da Educação Bá
VLFDGR&DPSRDHGXFD§£RRIHUHFLGDSDUDHVVDSRSXOD§£RÓDJULFXOWRUHV
familiares, extrativistas, pescadores artesanais, ribeirinhos, assentados
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2VHVWXGRVDSRQWDGRVQHVWHWH[WR%$5%26$*(+/(1)(5
1$1'(6/($/5$0263$68&+6$1726
SCHWENDLER, 2008) destacam que a educação no campo é um de
VDßRDVHUHQIUHQWDQGRSHODVRFLHGDGHHSHODDGPLQLVWUD§£RSºEOLFDHP
bora, nos últimos anos, tenha havido grandes mudanças no intuito de
melhorar o atendimento nesta modalidade, direito da sociedade, muitos
OXJDUHVVRIUHPFRPRGHVFDVRHDVGLßFXOGDGHVHQIUHQWDGDVGLDULDPHQWH
SHODSRSXOD§£RSDUDWHUHPDFHVVR HGXFD§£R
Segundo Schwendler (2008, p. 31), a educação do campo se coloca como
XPQRYRGHVDßRQRSURFHVVRGHFRQVWUX§£RGHSROWLFDVSºEOLFDVHGHVWDFD
também, que é uma demanda nova pelo sentido, pela forma e pela identidade
TXHDVVXPH$SRQWDTXHR%UDVLOWHPXPFRQWH[WRKLVW³ULFRUXUDOHTXHD
partir do século XX, houve uma mecanização no processo do trabalho rural,
forçando o sujeito do campo a sair de seu lugar, o campo, e a se aventurar no
meio urbano a procura de melhor oportunidade e qualidade de vida.
%HUJHSDßUPDTXHQRVSHURGRVGHHFRP
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3DUDWHUPRVXPDYLV£RFRQFUHWDGRTXHVLJQLßFDDRIHUWDGH(GX
cação Infantil para as populações do campo, basta direcionarmos nosso
olhar para informações básicas, como o número de escolas e iniciaremos
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o dilema da Educação Infantil no campo
SHORDWHQGLPHQWR FUHFKH'HDFRUGRFRPDVLQIRUPD§µHVREWLGDVQR
site do INEP (BRASIL, 2013), em 2008 havia dois estabelecimentos
que atendiam crianças em idade de zero a três anos (creche) na área
rural e em 2013 somavam seis. Já na área urbana havia, em 2008, 151
HVWDEHOHFLPHQWRVHPWRGRR(VWDGR*U¡ßFR
*U¡ßFR1ºPHURGHHVWDEHOHFLPHQWRVGH(GXFD§£R,QIDQWLOHP5RQG´QLD
&UHFKH$QRH/RFDOL]D§£R
)RQWH0(&,QHS'HHG
(PSRUFHQWDJHPLVVRVLJQLßFDTXHHPDSHQDVGDVFUH
FKHVH[LVWHQWHVQR(VWDGRGH5RQG´QLDDWHQGLDPFULDQ§DVPRUDGRUDVGH
¡UHDUXUDOVXELQGRHPSDUDGHFUHFKHVH[LVWHQWHVHP¡UHD
rural do Estado.
Podemos inferir que um número expressivo de crianças de zero a
três anos residentes em área rural não frequenta a creche, tendo em vis
WDREDL[RQºPHURGHHVWDEHOHFLPHQWRV,VVRVRPHQWHFRQßUPDDKLS³WH
se de que, quando se trata de Educação Infantil, há uma tendência em
um não investimento. Ao apresentarmos o número de estabelecimentos
da área urbana, não estamos querendo instaurar uma competição ou
deixar entender que este atendimento não é necessário, mas tão somente
explicitar a ausência muito maior do Estado brasileiro para com a po
pulação do campo.
2 *U¡ßFR DEDL[R PRVWUD D GLVWULEXL§£R GH HVWDEHOHFLPHQWRV
GH(GXFD§£R,QIDQWLOQR(VWDGRGH5RQG´QLDSDUDDHWDSD3U©HVFROD
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o dilema da Educação Infantil no campo
*U¡ßFR1ºPHURGHHVWDEHOHFLPHQWRVGH(GXFD§£R,QIDQWLOHP5RQG´QLD3U©
(VFRODÓ$QRH/RFDOL]D§£R
)RQWH0(&,QHS'HHG
2VHVWDEHOHFLPHQWRVGH(GXFD§£R,QIDQWLOQR(VWDGRGH5RQG´QLDSDUD
D(WDSD3U©HVFRODVRPDYDPHPXPWRWDOGHVHQGRTXHDSHQDV
RHTXLYDOHQWHDHVFRODVDWHQGLDFULDQ§DVUHVLGHQWHVHP¡UHDVUXUDLV
GH5RQG´QLD-¡HPIRLSDUDDOFDQ§DQGRXPWRWDOGHHVFRODV
Barbosa et al. (2012) destaca que, apesar de as Diretrizes Curricu
ODUHV1DFLRQDLVSDUDD(GXFD§£R,QIDQWLOUHDßUPDUHPTXHRVPXQLFSLRV
são obrigados a ofertar essa Etapa e que esta deve ser pública, gratuita
e de qualidade garantida pelo Estado, em sua pesquisa sobre oferta e
demanda de Educação Infantil, foram encontrados muitos municípios
do Brasil que usavam critérios para estabelecer prioridade de matrícula.
Outro dado importante obtido por Barbosa et al. (2012) foi o alto
SHUFHQWXDOGHHVFRODVTXHQ£RSRVVXDPSURSRVWDSHGDJ³JLFDSDUDD(GX
cação Infantil no campo, desconsiderando o preconizado pelas DCNEI
de 2009 e todas as legislações que falam de uma educação diferenciada
para essa população. O que podemos constatar é que há poucas escolas.
6LOYDSGHVWDFDTXH
XPGRVJUDQGHVGHVDßRVQDJDUDQWLDGRVGLUHLWRV (GXFD§£R,QIDQWLO
dos bebês e crianças do campo é articular os princípios orientadores da
(GXFD§£R,QIDQWLOFRPRXPWRGR VIRUPDVFRPR©IHLWDVHXDWHQGLPHQ
to nas diferentes modalidades territoriais.
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o dilema da Educação Infantil no campo
3HUFHEHPRVTXHHP5RQG´QLDDRIHUWDGHHVWDEHOHFLPHQWRVSDUDD
educação no campo é precária e também a oferta de turmas é ainda mais
GHßFLW¡ULD2VGDGRVTXHOHYDQWDPRVQRVPRVWUDUDPTXHRQºPHURGH
turmas de Educação Infantil para crianças de zero a três anos residentes
em áreas rurais tem crescido lentamente, mesmo com todas as propostas
para a inclusão dessas crianças no meio escolar e com todos os projetos
voltados para esse público que ainda é discriminado.
(PR(VWDGRGH5RQG´QLDFRQWDYDFRPXPWRWDOGHWUªVWXU
mas de creche que atendiam crianças da zona rural. Em percentual isso
UHSUHVHQWDDSHQDVGHXPWRWDOGHWXUPDV(VVHQºPHURßFRX
oscilando entre três e duas turmas sendo que em 2013 esse número su
biu para treze turmas com atendimento a essa faixa etária, represen
WDQGRXPSHUFHQWXDOGHHPGDGRVJHUDLVRTXHUHSUHVHQWRXXP
DXPHQWRGHHPUHOD§£RDRDQRGH
3DUDDHWDSDSU©HVFRODHP5RQG´QLDHPWQKDPRV
WXUPDVGH(,DWHQGHQGRDVFULDQ§DVPRUDGRUDVGD]RQDXUEDQD
HQTXDQWRTXHQD¡UHDUXUDODSHQDVWXUPDVDWHQGLDPDVFULDQ
ças ali residentes. Embora o aumento tenha sido gradual entres os anos,
FKHJRXVHHPFRPWXUPDVQD¡UHDUXUDOUHSUHVHQWDQGRGR
total de atendimento do Estado.
4XDQWR DR QºPHUR GH PDWUFXODV QD (GXFD§£R ,QIDQWLO QD HWDSD
FUHFKHYHULßFDPRVXPDXPHQWRQRSHUPHWURXUEDQRHUXUDO1RHQ
tanto, quando comparamos o crescimento da educação no campo com a
educação urbana, observamos que há uma disparidade em desfavor das
crianças do campo. Mas a evidência de falta de atendimento é percebida
de forma espantosa quando tomamos a população escolar em potencial
D VHU DWHQGLGD HP FUHFKHV H SU©HVFRODV 'HVWDFDVH DLQGD TXH HVVH
atendimento inclui a rede privada.
$EDL[RDSUHVHQWDVHRTXDQWLWDWLYRGHPDWUFXODHPFUHFKHV4XDGUR
HSU©HVFRODV4XDGURSRUSHUPHWURHDUHOD§£RGHVVHVQºPHURVFRPR
QºPHURGHFULDQ§DVUHVLGHQWHVFRQVLGHUDQGRR&HQVR'HPRJU¡ßFRGH
34
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o dilema da Educação Infantil no campo
4XDGUR5RQG´QLD3RSXOD§£RGHDDQRV1ºPHURGHPDWUFXOD
H7D[DGHFREHUWXUD
7D[DGH 7D[DGH
Matrícula
População Matrícula cobertura cobertura
escola
total de 0 a 3 escolas rede rede
Ano privada
anos pública pública privada
35
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o dilema da Educação Infantil no campo
4XDGUR5RQG´QLD3RSXOD§£RGHDDQRV1ºPHURGHPDWUFXOD
H7D[DGHFREHUWXUD
7D[DGH 7D[DGH
Matrícula
População Matrícula cobertura cobertura
escola
total de 4 a 5 escolas rede rede
Ano privada
anos pública pública privada
1DSU©HVFRODWDPE©PSRGHPRVREVHUYDUTXHRVQºPHURVPRVWUDP
um percentual superior de matriculadas na área urbana e um pequeno
QºPHUR GH PDWUFXODV QR FDPSR (P HQTXDQWR GH XP WR
WDOGHPDWUFXODVHP5RQG´QLDGDYDVHQRPHLRXUEDQRDSHQDV
HQFRQWUDYDVH QR FDPSR (VVD UHDOLGDGH Q£R PXGRX DR ORQJR
dos anos, mesmo com todas as propostas de melhorias que houve nas
OHJLVOD§µHV(PRVGDGRVDSRQWDYDPSDUDGHPDWUFXODVGH
FULDQ§DVQDSU©HVFRODQD¡UHDXUEDQDHVRPHQWHGHPDWUFXODGDV
FULDQ§DVGRFDPSR(VVHF¡OFXORIRLUHDOL]DGRFRQVLGHUDQGRVHDSRSXOD
ção residente no campo com idade de quatro e cinco anos.
Os números revelam que as escolas existentes no campo são insu
ßFLHQWHV SDUD DWHQGHU D GHPDQGD GDV FRPXQLGDGHV 2 SRXFR DWHQGL
mento ainda conta com precários serviços de transporte escolar para o
deslocamento das crianças, já que as turmas se concentram em poucas
HVFRODV7DLVLQIRUPD§µHVHPSULFDVIRUDPOHYDQWDGDVHPYLVLWDVHPDO
guns municípios e em conversas e informações com moradores residen
tes nesses municípios.
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o dilema da Educação Infantil no campo
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
4XHPYLYHGDàRUHVWDGRVULRVHGRVPDUHV
De todos os lugares onde o sol faz uma fresta
4XHPDVXDIRU§DHPSUHVWDQRVTXLORPERVQDVDOGHLDV
E quem na terra semeia venha aqui fazer a festa.
(Gilvan Santos)
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o dilema da Educação Infantil no campo
REFERÊNCIAS
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'LVSRQYHOHPKWWSZZZLQHSJRYEU!$FHVVRHPMXO
BBBBBBBBBBBBBBB,QVWLWXWR1DFLRQDOGH(VWXGRVH3HVTXLVDV(GXFDFLRQDLV$QVLR7HL[HL
UD,1(3 Sistema de Consulta a Matrícula do Censo Escolar - 1997/2014. 'LVSRQYHOHP
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