A socialização constrói o processo de individualização e de construção da
identidade. O indivíduo vai construindo sua identidade pessoal através de um processo dialético, que torna essa construção um processo dinâmico, que está em constante transformação. A identidade vai se construindo de fora para dentro, através do contato com os outros significativos (indivíduos que formam o grupo de referência concreta, como a família e a escola, que são essenciais para a socialização e construção do psiquismo do indivíduo). Esses outros significativos que estabelecem a mediação do mundo para o indivíduo modificam o mundo nessa mediação, “filtrando” o mundo social para o indivíduo. Nesse contato o indivíduo vai interiorizando normas, papéis sociais, valores, e fazendo suas próprias interpretações dos acontecimentos objetivos. Nessas várias interações com os indivíduos e com a estrutura social a identidade vai sendo construída, e esse processo implica uma dialética entre a identificação pelos outros e a auto-identificação. Segundo Ciampa, o indivíduo vai se diferenciando e se igualando com os outros que lhe são significativos à medida que vai se relacionando com os diferentes grupos sociais. Isso leva o indivíduo a um conflito constante para se construir, interagindo com diferentes pessoas e ambientes.
O Sintagma Identidade-Metamorfose-Emancipação
O processo de construção da identidade não é um processo estático com começo,
meio e fim, mas uma dinâmica de construção e reconstrução constante do “eu”. A formação da identidade é um movimento de construção incessante, portanto, de transformação do sujeito, ou seja, metamorfose. Os indivíduos vão se constituindo através da história de sua inserção na sociedade, de como vão lidando com o ambiente e de como assimilam a cultura. O ser humano é um ser histórico, no sentido em que se constitui no transcurso da história vivida. A metamorfose é histórica, social e construída na linha do tempo e do espaço. O ser humano não nasce acabado, ele vai se humanizando no curso da sua vida. Nesse processo são de suma importância os espaços onde se processa a socialização, pois é no contato com as experiências vividas nesses espaços que o indivíduo vai assimilando valores e atitudes, interiorizando alguns, descartando outros, de acordo com o sentido que adquire o ambiente, pois o mesmo ambiente tem uma significação específica para cada indivíduo.
A Importância da Linguagem
A linguagem está no centro do processo de socialização, é comunicação que
possibilita a apropriação do mundo. A criança só consegue incorporar sua realidade quando desenvolve uma linguagem para se comunicar. Vygotsky trabalha com duas funções básicas da linguagem, a de intercambio social, para o indivíduo comunicar-se com os semelhantes e a de pensamento generalizante, ou seja, ordenando o real, agrupando as ocorrências de uma classe de objetos, situações, sob uma mesma categoria conceitual. Essa segunda função fornece os conceitos e as formas de organização do real que constituem a mediação entre o sujeito e objeto de conhecimento. As duas funções são cruciais para o processo de construção da identidade, como intercâmbio é fundamental para que o indivíduo interaja com os semelhantes, entendendo e se fazendo entender. Como pensamento generalizante, para que possa organizar o produto dessa interação, interiorizando conceitos e experiências . A Identidade está sempre se concretizando
Mesmo que o indivíduo já tenha chegado à vida adulta, a socialização não se
encerra completamente, pois ele vive numa realidade que está em permanente transformação.Como há a necessidade de a realidade ser continuamente apropriada pelo sujeito, a sociedade cria determinados “procedimentos de conservação da realidade” . A rotina, a crítica e as interações sociais são os procedimentos que conservam e reafirmam cotidianamente a realidade. Vivemos um contínuo processo de transformação proporcionada pelas relações e experiências que nos é permitido viver ou que são oferecidas pela sociedade em função da cultura, classe social, gênero, grupos de referencia, etc. Esse processo consolida-se na imagem que construímos de nos mesmos e que mostramos aos outros, mas cuja construção nunca está completamente acabada.