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Roteiro

1. Rodada de apresentação;
2. Início da discussão (abrir com poema da Mara);
3. Violência institucional (desigualdade de gênero no espectro acadêmico,
professores assediadores, ameaças, assédio moral);
4. Vulnerabilidade feminina no espaço da Universidade (segurança,
ameaças, assédio, denúncia);
5. Casos de violência e postura da Universidade (relatar casos da UFRRJ,
USP e da própria UFAl, questionar a posição das universidades frente a
este tipo de situação);
6. Relatos de violência, machismo e assédio sofridos pelas participantes da
roda.

Poema de Isamara

Tudo gira,
O gosto de vômito não some
Nem todos os chicletes do mundo conseguiriam apagar esse gosto,
O sabor da vergonha.
Não me pergunte o porquê,
Somente me entenda
Não é fácil conviver com as lembranças,
Quem dera fossem lembranças saudáveis,
Das coisas boas que passaram.
Mas não!
São lembranças cruéis
Da roupa no chão,
Das marcas nos punhos,
Do beijo não retribuído.
De quem se aproveitou da inocência,
E dos que achavam que ela não era tão inocente assim,
Dos que pensavam que a tentativa de liberdade dela, seria um sinal
Uma forma de dizer: "Estou disponível"
NÃO ESTOU!!!!
A minha liberdade não é um sinal verde pra você.
Chegou a hora de você enxergar o sinal vermelho,
Que te coloca limites e que diz que se não for um desejo mútuo, não é nem
desejo
É DOENÇA

(fala inicial)... A violência contra a mulher é um aspecto que atinge diversas


dimensões das vidas de todas nós. Não somente é um problema social e
subjetivo, mas também jurídico, estrutural e é até mesmo uma questão de
saúde pública. Infelizmente nós vivenciamos e presenciamos as faces desse
problema aqui na universidade nos lugares em que ocupamos e muitas vezes
somos reprimidas e culpabilizadas, nos calando frente a esse mal que persiste
em nos atormentar.

A gente pode notar a reprodução de machismo na universidade de forma


hierarquizada até: dos homens que assumem posições de poder influência até
os que sentam ao seu lado pra assistir uma aula. As formas de repressão
também são diversas, desde uma fala silenciada até a violação de um corpo, e
tanto uma quanto a outra tem de ser avaliadas e questionadas.

[citar aspectos de convivência acadêmica com homens] O “poder


masculino” tem um caráter incontestável, mas é fragilizado na presença de
uma mulher tão quanto ou mais poderosa, e é através de violência (moral,
psicológica ou até mesmo física) que eles tentam nos coagir e retomar as
posições de autoridade.

Quando a violência se personifica no plano físico ela está concretizando uma


cultura de misoginia e estupro em que o anseio por controle e poder sob a
mulher vão além de qualquer preceito de compaixão e respeito.

Neste estereótipo, são elas que não apresentam comportamento adequado,


que não correspondem às expectativas criadas pela sociedade patriarcal e nem
aos papéis de conduta que lhes foram impostos. São elas que muitas vezes
não se submetem aos desejos, caprichos e ordens que lhes foram e continuam
sendo determinados, e por este motivo são classificadas como rebeldes,
precisando de dominação e correção, merecendo “justa punição”, ou pior, puro
descaso.

O mesmo fenômeno de violência sexual nas universidades e o posterior


abafamento dos casos também acontece no Brasil. Os casos mais famosos
vieram da prestigiada Faculdade de Medicina da USP. Não sem resistência: as
corajosas estudantes que relataram as agressões ouviram (e muito) que iriam
sujar o nome da Faculdade mais tradicional do país e que o assunto deveria
ser discutido e resolvido internamente. Muito bonito, não fosse o fato de que
internamente elas não recebiam apoio ou solução para combater o problema.

25% das estudantes universitárias já foram xingadas ou agredidas por terem


rejeitado uma investida nas dependências da universidade ou em festas
acadêmicas

A divulgação de casos de violência, principalmente por meio das redes sociais,


tem sido um recurso bastante utilizado pelas vítimas.

1. Busque a delegacia mais próxima e registre um Boletim de Ocorrência


em até seis meses.
2. Procure a ouvidoria da universidade para abrir uma sindicância. Será
aberto um processo administrativo para apurar o caso e uma sanção
será definida com base no regimento da instituição.
3. A sindicância não deu em nada ou a universidade não seguiu com o
processo administrativo? Dê início a uma ação cível indenizatória contra
a universidade por omissão ou negligência.
4. Para dar continuidade ao processo penal, faça a representação em até
seis meses. Inicie também uma ação cível indenizatória contra o
agressor por danos morais e materiais. Essa ação terá o envolvimento
de juiz, promotor e testemunhas.

Independentemente de qualquer escolha, converse com alguém. Um amigo,


um familiar ou mesmo coletivos feministas das universidades, que têm
experiência no acolhimento de vítimas de assédio. O importante é não se
deixar silenciar.

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