CURSO DE MICROECONOMIA IV Resenha do texto Technological Revolutions and techno-economics paradigms de Carlota Perez Aluna Thalita Borges Oliveira
O artigo de Carlota Perez utiliza a noção de revoluções tecnológicas
baseada no modelo neo-Schumpeteriano para compreender a inovação e identificar as regularidades, continuidades e descontinuidades no seu processo. Perez começa explicando que a mudança técnica precisa ser estudada a partir da inovação, da convergência da tecnologia, da economia e das instituições sócio-institucionais. Esse espaço é essencialmente dinâmico e, nele, o conceito básico é o de uma trajetória ou paradigma que representa o ritmo e a direção da mudança em uma dada tecnologia. As mudanças técnicas sofridas pelo processo de inovação seguem uma curva em que o seu crescimento é mais lento no início porque nesse passo produtores, designers, distribuidores e consumidores envolvem-se em processos de aprendizagem de feedback, mas acelera a partir do momento em que a trajetória da inovação está definida. No fim, quando a maturidade é alcançada o processo torna-se lento novamente. A direção da inovação também é levada em conta, nesse caso existe um acordo tácito entre os agentes envolvidos quanto ao que é uma direção de pesquisa válida e o que seria considerado uma melhoria ou uma versão superior de um produto, serviço ou tecnologia. A inovação é geralmente um coletivo processo que envolve cada vez mais outros agentes de mudança: fornecedores, distribuidores e muitos outros, incluindo consumidores. Além disso, as principais inovações tendem a ser indutores de novas inovações; eles exigem complementares e facilitam semelhantes, incluindo alternativas concorrentes. Ou seja, A inter-relação das tecnologias e do conhecimento e experiência inicial subjacentes ao seu desenvolvimento, juntamente com as infra-estruturas e rede de serviços que os complementam e os múltiplos processos de aprendizagem fornecem externalidades para todos os participantes e vantagens competitivas para a economia em que estão incorporados. Na seção 6 do artigo Perez detalha o funcionamento da estrutura das revoluções tecnológicas e ressalta que a conexão interna de tecnologias em um processo de revolução acontece em vários níveis. Os níveis relatados são; pertencimento a áreas de conhecimento correlatas, designs parecidos, desenvolvimento de uma rede de contatos de fornecedores muito similar, mutualismo na condução do sucesso no mercado, exemplo do computador e semicondutores. A inovação produz novos setores, e melhora os já existentes, além disso melhora os insumos, como por exemplo melhores fonte de energia, uma matéria-prima essencial ou ainda novas infraestruturas. A autora cita 3 grandes setores industriais que estiveram no core de grandes mudanças durante as revoluções. São eles: ‘‘Os ramos motrizes, que produzem insumos baratos com aplicabilidade generalizada: Semicondutores de hoje, óleo e plásticos na onda anterior, aço barato no terceiro, carvão na segunda e na água (para rodas de água e transporte de canais) no primeiro. Os ramos da transportadora, que são os usuários mais visíveis e ativos das entradas e representam os produtos paradigmáticos da revolução: computadores, software e telefones celulares hoje, automóveis e eletricidade aparelhos no quarto, navios a vapor de aço na terceira, máquinas a vapor de ferro no segundo e máquinas têxteis na primeira. As infraestruturas, que fazem parte da revolução em termos de tecnologia e cujo impacto é sentido em moldar e ampliar os limites do mercado para todas as indústrias: internet hoje, estradas e eletricidade no quarto, a rede mundial de transportes no terceiro (vias ferroviárias transcontinentais e rotas e portos a vapor), ferrovias nacionais no segundo e canais no primeiro’’. A partir daí Perez levanta que a revolução só ganha esse nome quando é capaz de trazer transformações além das fronteiras. E portanto, o paradigma tecno-econômico articulado com o uso de novas tecnologias que multiplica o seu impacto por toda a economia e muda a maneira com que a estrutura sócio institucional se estrutura. Por fim ela passa a explicar os três principais canais que caracterizam uma mudança tecno-econômica. A dinâmica da estrutura de custos dos insumos, na qual produtos novos e com custos decrescentes surgem. Na percepção de novos espaços para inovação, na qual o mapeamento de oportunidades é fomentado com a intenção de desenvolvimento futuro de novas tecnologias. Por fim ela explica sobre a estrutura organizacional, por meio do surgimento de novos métodos e práticas que se mostram melhores, mais eficientes e produtivas.