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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA


INSTITUTO DE QUÍMICA
DISCIPLINA DE ENSINO DE QUÍMICA IV

ENSINO POR RESOLUÇÕES DE PROBLEMAS

ARTHUR FELIPE DE FARIAS MONTEIRO


EVERTON HENRIQUE ANDRADE DE ARAÚJO
FELIPE FERNANDES BARBOSA
GERSON PINHEIRO DE LIMA
NATANE ALVES SOUZA OLIVEIRA
PATRÍCIO FERNANDES SOBRINHO

DOCENTE: MARCIA GORETTE LIMA DA SILVA

Natal/RN
2016
Plano de resolução do problema experimental baseado no POE

Introdução

O problema pede para identificar 6 amostras de um total de 12 amostras


formadas por soluções aquosas das seguintes substancias, nomeadas de A a
L: hidróxido de bário, hidróxido de sódio, ácido sulfúrico, ácido clorídrico, ácido
nítrico, cloreto de bário, cloreto de cálcio, sulfato de sódio, carbonato de sódio,
cloreto de sódio, nitrato de sódio e iodeto de potássio. Nosso grupo pegou as
amostras A, D, E, G, H e L para descobrir sua composição. Para isso fizemos
um planejamento de como realizaríamos as análises necessárias com uma
previsão de qual seria o resultado esperado.

Para análise dispúnhamos de: pisseta, tubos de ensaio, papel tornassol azul e
vermelho, lamparina, solução de nitrato de chumbo (II) e uma tabela de
solubilidade. Diante disso, planejamos em fazer um teste de chama, pois pela
cor da chama poderíamos identificar os metais presentes nas amostras, uma
medição do pH com o papel de tornassol, pois separaríamos as substâncias
em três grupos: soluções ácidas, soluções básicas e soluções neutras, depois
faríamos uma reação de precipitação com o nitrato de chumbo (II) para cada
amostra, pois através da observação da reação, da formação ou não de
precitado, e da cor do precipitado, poderíamos determinar a substância
presente em cada amostra.

Esta atividade baseada no POE foi constituída de três etapas: o PREDIZER,


onde nosso grupo discutiu o problema proposto e, através da troca de
experiências, predizemos o resultado esperado. A seguir o grupo foi para a
bancada do laboratório executar as estratégias de resolução e OBSERVAR o
que ocorreu durante a realização do experimento e por fim, tentamos
EXPLICAR os resultados obtidos, comprovando ou não o que foi predito no
início.
Previsão

Depois do planejamento e da elaboração de estratégias, fizemos a seguinte


previsão:

Tabela 1 – resultado esperado no teste da cor da chama

Metal presente Cor da Chama


Na Amarelo
K Violeta
Ca Laranja
Ba Verde

Tabela 2 – resultado esperado na medição do pH

Mudança de Cor
Soluções Básicas Vermelho para Azul
Soluções Ácidas Azul para Vermelho
Soluções Neutras Não ocorre

De acordo com a tabela de solubilidade, prevemos que poderíamos precipitar


com o Pb2+: hidróxidos, sulfatos, cloretos, iodetos e carbonatos, restando
apenas os nitratos que são solúveis, conforme reações a seguir:

( ) ( ) ( ) ( )→ ( ) ( ) ( ) ( ) (1)

( ) ( ) ( )→ ( ) ( ) ( ) (2)

( ) ( ) ( )→ ( ) ( ) (3)

( ) ( ) ( )→ ( ) ( ) (4)

( ) ( ) ( )→ (5)

( ) ( ) ( )→ ( ) ( ) ( ) (6)

( ) ( ) ( )→ ( ) ( ) ( ) (7)
( ) ( ) ( )→ ( ) ( ) (8)

( ) ( ) ( )→ ( ) ( ) (9)

( ) ( ) ( )→ ( ) ( ) (10)

( ) ( ) ( )→ (11)

( ) ( ) ( )→ ( ) ( ) (12)

Assim também fizemos uma previsão da cor do precipitado, o que resultou na


seguinte tabela, juntamente com as outras previsões para cada substância.

Tabela 3 – Previsão da análise por substância

Cor da Cor do
Substância pH Precipitado
Chama Precipitado
Hidróxido de Bário Básico Verde Pb(OH)2 Branco
Hidróxido de Sódio Básico Amarelo Pb(OH)2 Branco
Ácido Sulfúrico Ácido - PbSO4 Branco
Ácido Clorídrico Ácido - PbCl2 Branco
Ácido Nítrico Ácido - - -
Cloreto de Bário Neutro Verde PbCl2 Branco
Cloreto de Cálcio Neutro Laranja PbCl2 Branco
Sulfato de Sódio Neutro Amarelo PbSO4 Branco
Carbonato de Sódio Básico Amarelo PbCO3 Branco
Cloreto de Sódio Neutro Amarelo PbCl2 Branco
Nitrato de Sódio Neutro Amarelo - -
Iodeto de Potássio Neutro Violeta PbI2 Amarelo

Ao realizar a parte experimental verificamos que nem todas as previsões se


concretizaram, poucos metais foram identificados pela cor, poucas reações
geraram um precipitado, com isso resolvemos voltar para o planejamento e
elaborar outras estratégias para resolver o problema.
Assim propomos fazer reações entre as amostras, primeiramente reações entre
os ácidos e as bases. Com isso prevemos obter os seguintes resultados:

( ) ( ) ( )→ ( ) ( ) (13)

( ) ( )→ ( ) ( ) (14)

( ) ( ) ( )→ ( ) ( ) (15)

( ) ( )→ ( ) ( ) (16)

( ) ( ) ( )→ ( ) ( ) ( ) (17)

( ) ( )→ ( ) ( ) (18)

Dessa forma poderíamos determinar o hidróxido de bário ( ( ) ) e o ácido


sulfúrico ( ) por ser o único par ácido-base que forma um precipitado.

Outra estratégia foi reagir apenas os ácidos com o nitrato de chumbo II


( ( ) ) com o intuito de descobrir qual amostra era o ácido nítrico, único
ácido que não forma precipitado na presença do Pb2+.

Observação

Durante a parte experimental fizemos os seguintes testes para cada amostra


obtendo os resultados abaixo:

Solução A:
- Teste com papel indicador: Solução básica.
- Reação: A(aq) + Pb(NO3)2(aq) formou um precipitado branco.
- Cor da chama: Verde.
Solução D:
- Teste com papel indicador: Solução ácida.
- Reação: D(aq) + Pb(NO3)2(aq) formou um precipitado branco.
- Reação: A(aq) + D(aq) não precipitou.
- Cor da chama: não apresentou cor.
Solução E:
- Teste com papel indicador: Solução ácida.
- Reação: E(aq) + Pb(NO3)2(aq) não precipitou.
- Reação: A(aq) + E(aq) não precipitou.
- Cor da chama: não apresentou cor.
Solução G:
- Teste com papel indicador: Solução neutra.
- Reação: G(aq) + Pb(NO3)2(aq) não precipitou.
- Cor da chama: Amarelo.
Solução H:
- Teste com papel indicador: Solução neutra.
- Reação: H(aq) + Pb(NO3)2(aq) formou um precipitado branco.
- Cor da chama: não apresentou cor.
Solução L:
- Teste com papel indicador: Solução neutra.
- Reação: L(aq) + Pb(NO3)2(aq) formou um precipitado amarelo.
- Cor da chama: Violeta.

Explicação

Para cada amostra chegamos à explicação abaixo que nos levou a


identificação das amostras.

Solução A: hidróxido de bário ( ( ) )


A amostra A apresentou cor de chama verde, o que sugere a presença do bário
na solução; é a única solução básica entre as 6 amostras que analisamos,
podendo ser o hidróxido de bário ou o hidróxido de sódio, mas a amostra
apresentava um aspecto turvo, o que nos levou a deduzir que se trata de uma
substância pouco solúvel. Como os hidróxidos dos metais alcalinos são
solúveis e os dos metais alcalinos terrosos são pouco solúveis, concluímos que
se tratava do hidróxido de bário. O precipitado branco formado na reação
com o nitrato de chumbo II é o hidróxido de chumbo II.
Solução D: ácido clorídrico (HCl)
Uma vez que a amostra D na presença do nitrato de chumbo II formou um
precipitado branco, poderia ser o ácido clorídrico e o ácido sulfúrico. Contudo
ao reagir com a base que já havíamos identificado como hidróxido de bário não
formou precipitado algum, o que nos levou a concluir que não se tratava do
ácido sulfúrico, que na presença do hidróxido de bário reage formando o
precipitado de sulfato de bário. Dessa forma, só poderia ser o ácido clorídrico,
visto que formou um precipitado apenas na presença do Pb 2+, o cloreto de
chumbo II, não reagindo com o hidróxido de bário, já que não formou produto
insolúvel, nem qualquer outra evidência de reação química.

Solução E: ácido nítrico (HNO3)


Como já tínhamos descartado o ácido sulfúrico dentre as soluções ácidas
porque nenhuma delas reagiu com o hidróxido de bário, bem como a amostra E
também não reagiu com o nitrato de chumbo II concluímos que se tratava do
ácido nítrico, que era o único ácido que não reage com o nitrato de chumbo II,
visto que todos os nitratos são solúveis.

Solução G: nitrato de sódio (NaNO3)


Por ser uma solução neutra, verificamos que se tratava de um sal, e
constatamos a presença do sódio pela cor da chama amarela. Também foi a
única solução neutra que não reagiu com o nitrato de chumbo II, o que nos
levou a concluir a presença de nitrato na amostra. Dessa forma chegamos a
conclusão que a solução G era de nitrato de sódio, já que é a única solução
neutra que prevemos que não reagiria com o Pb2+.

Solução H: não identificada


Como essa amostra não apresentou cor na chama, pH neutro e formou um
precipitado branco na presença do Pb2+, concluímos que a amostra poderia ser
dos seguintes sais: cloreto de sódio (NaCl), cloreto de cálcio (CaCl2), cloreto de
bário (BaCl2), sulfato de sódio (Na2SO4).

Solução L: iodeto de potássio (KI)


A cor da chama violeta e a cor do precipitado amarelo foram evidências
suficientes para concluir que a amostra L se trata do iodeto de potássio, por
se tratar da única amostra que contem potássio, que emitiu a cor violeta ao ser
excitado pela energia da chama, e a única amostra que prevemos que formaria
um precipitado amarelo.

As observações da cor da chama não foram precisas por isso só as levamos


em consideração juntamente com o resultado dos outros testes.
V de Gowin

O V de Gowin caracteriza-se como uma ferramenta, elaborada a partir de


observações, com o objetivo de ajudar os alunos na interpretação de fenômenos aos
quais não era possível visualizar e organizar as ideias de forma sistemática. É uma
ferramenta que faz com que o indivíduo relacione os conceitos já pré-existentes com
outros que irá adquirir em função dos dados experimentais e por dedução.

Identificar os componentes de seis soluções, a partir


de um plano traçado, e com os materiais disponíveis
no laboratório.

Teoria: utilizado conceitos e Conclusão:


ferramentas da química analítica, é
possível realizar identificações de Por meio dos testes realizados e planos
soluções desconhecidas, asseadas traçados, identificou-se quatro amostras:
em suas propriedades, como
A  Hidróxido de Bário
formação de precipitados e acidez
e basicidade, além de outras D  Ácido Clorídrico
evidências.
G  Não definido
Conceitos:
H  Não definido
Regra de solubilidade
E  Ácido Nítrico
Conceitos ácido-base
L  Hidróxido de Potássio
Uso de indicador ácido-base

Análise espectroscópica
Juros cognitivos:

As formações de produtos insolúveis;


Mudanças de cor nos papéis de tornassol

Princípio: Durante uma aula prática, identificar as soluções


contidas em 6 frascos, a partir de um plano de procedimento
analítico.

Metodologia: Aplicação de métodos de análise clássicos tais como


teste de chama, análise de acidez-basicidade com papéis
tornassol e avaliação da solubilidade após a adição de nitrato de
chumbo. Utilização destes métodos de forma sistemática para,
através da interpretação dos resultados, obter os resultados
analíticos para a composição das 6 soluções.
Com isto o V de Gowin, pode ser utilizado em diversos problemas,
funcionando como um mecanismo de solução. A estrutura proposta em “V” faz
com que as partes metodológicas e conceituais se interliguem durante a
construção do conhecimento. Para a atividade pertinente, no momento houve
uma elaboração de um plano, para a identificação de seis amostras, e logo
após foi posto em prática, seguindo toda uma sequência de identificação. A
presente questão fez uso desta ferramenta com a finalidade de interligar os
conceitos e procedimentos, visto a complexidade da atividade proposta.
Texto argumentativo explicando como identificamos as soluções
seguindo o TAP (Padrão de Argumentos de Toulmin)

Para identificar doze amostras de soluções não identificadas tendo como


recurso o uso de pisseta, tubos de ensaio, papel de tornassol (azul e
vermelho), lamparina, solução de nitrato de chumbo (II) e uma tabela de
solubilidade, foi necessário uma discussão entre os componentes do grupo
com o intuito de planejar os testes para identificação. Dessa maneira, foi
utilizado o argumento de Toulmin, isto é, basicamente predizendo, observando
e explicando qual a melhor maneira de roteirizar a prática.

O argumento de Toulmin pode ser usado em diversos casos como


estratégia de resolução de problemas, nesse caso, trata-se de um problema
fechado, livre (sem orientação), quantitativo e ainda com caráter requerido de
alto nível de cognição. Nesse sentido, tendo como base o fluxograma do
argumento de Toulmin (figura 1), de acordo com os dados colhidos da tabela
de solubilidade dos sais, justifica-se apoiado no conhecimento científico que foi
possível prever conclusões, aliando conhecimento teórico ao prático, de forma
minuciosamente planejada.

Figura 1 - Fluxograma do argumento de Toulmin.

Nesse sentido, ao investigar os dados, foi planejado primeiramente o


teste com papel tornassol, separando as soluções de acordo com o resultado
observado do teste, em soluções ácidas, básicas e sais (não mudam de cor),
em seguida foi realizado os testes de precipitação com nitrato de chumbo e
teste de chama. Assim foram observados os resultados expostos na tabela:
Solução Ácido Base Precipitado Teste de
chama
A Não Sim Sim (branco) Verde
D Sim Não Sim Indefinido
E Sim Não Não Indefinido
G Não Não Não Amarelo
H Não Não Sim (branco) Indefinido
L Não Não Sim (amarelo) Violeta
Tabela 1 - Resultados obtidos dos testes.

A partir dos resultados, segundo o argumento de Toulmin, é necessário


discussão com argumentos científicos de como garantir que a solução
analisada seja seguramente caracterizada, para isso, foi subentendido a
necessidade de misturar algumas soluções, tendo como pressuposto reações
de precipitação, observando se ocorre reação química.

Evidentemente, para a solução “A” os testes com papel tornassol,


precipitação com nitrato de chumbo (II) e teste de chama foram suficientes para
identificar que se trata do hidróxido de bário (BaOH). Para a solução “D” (ácido)
os testes também foram suficientes para caracterizar a solução como sendo de
ácido clorídrico HCl. Para a solução “E” (ácido) os testes também foram
suficientes para caracterizar a solução como sendo de ácido nítrico HNO3. A
solução “G” foi caracterizada como neutra pelo teste com papel tornassol,
possui cor amarelada no teste de chama e não precipita com o nitrato de
chumbo (II), característica que indica a solução como sendo de nitrato de sódio
(NaNO3), uma vez que dentre os sais a serem analisados é o único que não
precipita na presença de Pb(NO3)2. A solução “H” é neutra, portanto trata-se de
um sal, na presença de Pb(NO3)2 forma precipitado de cor branca. A solução
“L” é neutra, segundo o teste de papel tornassol, na presença de nitrato de
chumbo (II), formou-se precipitado de cor amarela, segundo a literatura
consultada, trata-se do iodeto de potássio, e ainda o teste de chama confirma a
cor violeta analisado.
Solução Reação Amostra
A Ba(OH)2(aq) + Pb(NO3)2(aq)  Ba(NO3)2(aq) + Hidróxido de
Pb(OH)2(p) Bário
D HCl(aq) + Pb(NO3)2(aq)  Precipitado Ácido Clorídrico
Branco
E HNO3(aq) + Pb(NO3)2(aq)  Não Precipita Ácido Nítrico
G NaNO3(aq) + Pb(NO3)2(aq)  Não Precipita Nitrato de Sódio
H H(aq) + Pb(NO3)2(aq)  Precipitado Branco -
L 2KI(aq) + Pb(NO3)2(aq)  PbI2(s) + 2KNO3(aq) Iodeto de
Potássio
Tabela 2 - Reações químicas das soluções analisadas.

Em suma, a prática é de caráter qualitativo, fechado (possui uma


solução) e livre (sem orientação) o que contribui para a construção do
conhecimento de forma coletiva a partir dos dados fornecidos e do
conhecimento de cada aluno. O padrão de argumento de Toulmin mostrou-se
uma valorosa ferramenta para a resolução do problema de alta ordem
cognitiva. Portanto, o método alternativo para resolução de problemas mostrou-
se eficiente para caracterização de soluções, na construção de conhecimento e
revisão de conteúdos aprendidos no início da graduação.

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