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Atenção primária no cuidado aos homens

Masculinidade

“Desde os estudos evolucionistas no século XIX a reflexão sobre a masculinidade vem


sendo pautada por modelos naturalistas que a consideram uma espécie de consequência
biológica na formação do homem. Esse modelo era delimitado pela simples existência do
‘falo’, o pénis.” (p.85)

“Para a psicanálise o processo de formação da masculinidade de uma criança do sexo


masculino ocorreria através do medo de o progenitor o castrar como represália pelo seu
desejo pela mãe. O Complexo de Édipo, desta forma, só chegaria ao fim quando o menino
reconhecesse o seu papel de filho e se desvanecesse esse desejo pela progenitora, ganhando
acesso ao mundo masculino da virilidade, vinda apenas do pai.” (p.85)

“a masculinidade tem sido definida pelo “não ser” e por categorias de diferenciação como
não ser feminino, não ser homossexual, não possuir traços femininos ou andrógenos.” (p.
92)

<http://www.labcom-ifp.ubi.pt/ficheiros/201605201149-
201601_masculinidadereconstrucao__sorayabarreto.pdf>

Machismo

“o sexismo que exalta a superioridade dos homens sobre as mulheres, que incentiva, dá
cobertura ao exercício despótico do homem através do qual a mulher é subjugada.” (p. 108)

<http://www.labcom-ifp.ubi.pt/ficheiros/201605201149-
201601_masculinidadereconstrucao__sorayabarreto.pdf>

“[...] o machismo estabelece uma relação de superioridade e falta de compromisso em


relação à parceira [...]” (p. 24)

https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv3121.pdf
“O machismo pode ser genericamente considerado como um ideal a ser atingido por todos
os homens e acatado ou invejado pelas mulheres” (p.82)

http://seer.fclar.unesp.br/perspectivas/article/viewFile/1696/1377

Observa-se que o exame de próstata, especialmente o exame de toque retal, a impotência ou


disfunção erétil, a enurese noturna, dentre outros sintomas, são acompanhados de
representações sociais e estereótipos que "ameaçam" a percepção de masculinidade.
Levando-se em conta que serão fatos observados pelas equipes de Atenção Primária em
Saúde nas quais você poderá vir a ser um integrante, responda:

A seu ver, como deve ser a leitura destas manifestações pela/o psicóloga/o?

Tais manifestações precisam ser vistas como crenças que fazem parte de construções
sociais de gênero, mas também indicam ignorância e noções distorcidas dos usuários sobre
a própria saúde. É preciso, portanto, que o psicólogo tenha uma visão ampla dessas
questões.

Quais os seus argumentos e encaminhamentos ao compartilhar sua percepção com os


pares de profissionais de distintas especialidades nas equipes no SUS?

Dado o caráter das demandas e conflitos masculinos com as questões de prevenção de


doenças e promoção à saúde, é preciso que as equipes de saúde tenham uma atitude que não
reforce concepções que apenas afastam os homens dos serviços. Maior sensibilidade,
atenção e didatismo precisam ser adotados pelos profissionais no atendimento, em vez de
velhas posturas medicalizantes que anulam os usuários no meio de imperativos
profissionais, além de que ações comunitárias educativas precisam ser planejadas para atuar
nos locais onde o público masculino pode ser alcançado.

Como influenciar indivíduos do sexo masculino em situação de risco a aderir ao


tratamento de prevenção ao câncer de próstata?

O principal agente influenciador é a informação. Como já dito, muitos descuidados com a


saúde se sustentam na ignorância do que de fato é a doença, sintomas, procedimentos
médicos preventivos e atitudes preventivas. Desse modo, ações educativas nas unidades de
atenção básica e na comunidade, são essenciais para aumentar a adesão dos usuários. Essas
ações educativas podem se estender aos outros profissionais também, para que possam
abordar o público masculino de forma adequada nesse sentido.

Como abordar a questão dos mitos e dos sistemas de crenças?

Não se deve negar ou deslegitimar diretamente os mitos e crenças dos usuários, no entanto
é preciso fazê-los perceber que tais crenças não devem conflitar com os cuidados com a
saúde, para isso, os procedimentos, motivos de sua necessidade e consequências também
precisam ficar claros para os usuários, o que exige uma postura didática por parte dos
profissionais.

Como persuadir grupos de indivíduos homens a se submeterem ao exame de toque


retal e, também, ao uso recorrente de preservativos?

Os trabalhos de informação e conscientização precisam ser valorizados nesse sentido.


Grupos educativos, discussões na sala de espera de atendimento, ações comunitárias são
exemplos de estratégias a serem utilizadas para facilitar a conscientização e consequente
adesão aos procedimentos de prevenção de doenças. O contato com as parceiras ou outras
mulheres do grupo familiar pode se mostrar eficaz também, dada a sua maior frequência
nos serviços de atenção básica.

Como desconstruir a crença de que “homem não chora”?

É importante reconhecer o papel dos profissionais de saúde no reforçamento dessa crença,


ao atender os usuários do sexo masculino de forma dessensibilizada. Desse modo, uma
atenção sensibilizada por parte das equipes, aliada a ações comunitárias como discussões
sobre saúde e masculinidades que abordem essa questão e permitam aos usuários trocas de
experiências, opiniões e expressões de sua afetividade sejam eficazes no objetivo de
educação e desconstrução quanto a essa crença.

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