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Nome: Rener Martins de Moura

Nº matrícula: 11511GEO216 Turma: ☒Noturno


Disciplina: Geografía da Amazônia e Nordeste
Brasileiro
Prof. Dra Angêla Fagna
Referências Bibliográficas
GONÇALVES, Walter Porto. Outras Amazônias: As lutas por direitos e a emergência política de
outros protagonistas In______Amazônia, Amazônias.São Paulo, Editora Contexto, 2001, pp
127-170.

Na introdução desta parte do livro, o autor destaca que se esboça a partir da década de
1970, não se dá de modo homogêneo em todo o território nacional. No caso da
Amazônia, a expansão capitalista se dá através da presença estatal.
No campo ideológico, o plano do governo militar seria o de uma “abertura lenta, gradual e
segura”. Neste caso, com o ultimo presidente militar, tivemos a abertura política, com a
anistia geral e irrestrita. Na Amazônia surge a CPT (Comissão Pastoral da Terra) e o CIMI
(Conselho Indigenista Missionário), ambos ligados a igreja católica.
Comissões eclesiais de base deram um grande impulso social à organização civil na
Amazônia. Organizações como a CONTAG, CUT, também se fizeram presentes. Porém,
em uma análise própria, acreditamos que todos estes movimentos, não levaram em conta
as tradições e os costumes das populações locais, e para além deste pensamento, elas
buscavam se apropriar e utilizar-se das populações aos seus próprios interesses políticos,
apesar de o autor tentar mostrar o contrário.
Com isto, a questão da terra se coloca como um mote central, visto que, todos os
interessados, tais como, seringueiros, quebradeiras de coco babaçu, indígenas,
pescadores, entre outros, se inserem neste contexto. Também encontramos no texto, a
novidade, do que antes era a lógica do favor, agora se transforma em manifestações
públicas por direitos dos que antes viviam sob a égide desta lógica, política, eleitoreira e
mesquinha.
O autor atenta para o fato de que na Amazônia, parcelas significativas destas populações
são de migrantes, semianalfabetos ou formalmente analfabetos e por isso não
conseguiram acessar postos de representação política formal, além das suas próprias
entidades sindicais e comunitárias. Segundo o texto, somente recentemente é que vemos
isto, particularmente no Acre, Pará, e Amapá.
Com a redemocratização e reorganização política brasileira, vimos a volta da
reoligarquização, no qual setores das velhas oligarquias, voltam a controlar o aparelho de
Estado nas diversas unidades da federação. De acordo com a nossa perspectiva, o
quadro político muda, se redemocratiza, porém os velhos caciques, que outrora foram
coniventes com a Ditadura Militar, se perpetuam no poder, acontecendo bem
acentuadamente na Amazônia.
A partir da década de 1970, os seringueiros do Acre, tentam impedir o desmatamento da
floresta em detrimento a criação de áreas de pastagem, cria-se aí um embate, no qual,
alguns fazendeiros simplesmente se omitiram em se colocarem a favor dos que lutavam
contra a devastação dos seringais.
Na década de 1980, surge o Sindicato de Trabalhadores Rurais de Xapuri e a figura
emblemática de Chico Mendes, opondo-se à Contag do Acre, onde formulam uma
proposta política que combinam o modo de vida seringueiro e a luta pela terra.
Segundo Chico Mendes “não há defesa da floresta sem os Povos da floresta”.
As Reservas Extrativistas se apresentam como um laboratório vivo em busca de um
modelo de desenvolvimento a partir de populações que detêm um saber efetivo tecido na
convivência com a floresta.
De acordo com a leitura do texto, o Estado é lento em relação às demandas dos
seringueiros e por que não dizer dos povos da floresta.
Ressurge a problemática da questão indígena no Brasil, de acordo com o texto, sempre
imbricada à questão nacional. O indígena traz no seu cerne, conhecimentos sobre a
floresta, tradição da utilização da floresta como meio de existência, utilização da floresta
como fonte de medicamentos, moradia e, sobretudo convívio social entre os seus. Na
perspectiva atual, da globalização, onde tudo deve se transformar em produto vendável,
os aldeamentos e reservas indígenas são atingidos diretamente pela ganancia da
obtenção de recursos para a biotecnologia, em especial a indústria farmacêutica. O livro
enfatiza que devemos deixar que os índios falem por si mesmos. Apesar de seu
pseudoisolamento, a revolução telemática abre novas perspectivas para estas
populações.
O autor também trata da questão dos trabalhadores rurais e seus conflitos, via de regra,
com a cultura da violência arraigada em seu meio. Trata também das questões
socioculturais relativas à imigração em massa de descendentes de europeus, nordestinos,
goianos, entre outros e da construção de estradas de penetração que saem do tronco
principal das rodovias federais e adentram à floresta. Enfim, trata da violência contra a
vida humana e a não presença do Estado na forma da justiça e do controle de tal
violência.
No tocante a identidade agroflorestal é permeada por espaços entre a iniciativa oficial
com seu próprio modelo e as iniciativas dos próprios trabalhadores rurais. Fica claro que o
agricultor lançado na Amazônia, não possui nenhum conhecimento prévio das condições
ambientais e nem como utilizar de maneira correta os solos da região, com isto, iniciaram
um processo de apropriação do conhecimento local, aprendendo novas línguas, dos
povos da floresta e a trabalhar com plantas da Amazônia, adaptadas às características da
região.
O livro trata das diversas pré-existências de populações tradicionais, tais quais
populações negras, mulheres quebradeiras de coco de babaçu, ribeirinhos, atingidos por
barragens, entre outros. Em suma, o livro traz críticas a projetos oficiais e tenta trazer de
uma maneira acadêmica, soluções não invasivas de coexistência pacifica e produtiva
entre os povos da floresta. Todas as análises antropológicas, técnicas, entre as diversas
que aparecem no livro, nos traz somente o quadro que se apresenta desde a
redemocratização do país, mas a nosso ver, ainda existem muitas barreiras e
impedimentos a serem contornados. Daí, em nossa análise, de certa forma rasa,
identificamos que a Amazônia precisa de políticas públicas de Estado e não politicas
pontuais de governo.
No tópico NOVOS CENÁRIOS, NOVAS POSSIBILIDADES POLITICAS, o autor chama a
atenção para a realidade complexa, no que era antes chamado de vazio demográfico,
existe uma logica econômica onde conflitos fortes entre quem realmente vive na floresta e
pela floresta entra num embate com empresas, pessoas e governos que tentam se
beneficiar do mesmo território. Por fim, o texto nos leva ao conhecimento das novas
mediações politicas: de ONGs e suas ambiguidades, onde o autor alerta para todas as
praticas nocivas à política e às consequências que na atualidade têm se manifestado na
Amazônia, afetando os povos que ali vivem e produzem.
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