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PROVA OBJETIVA
TEXTO
RAÍZES
Heloísa Seixas – Domingo, n. 1336
Diante da minha janela havia uma pedra.
Não, não vou fazer imitação de poesia. Nada tem de
poética a história que vou contar. A pedra de que falo é na
verdade uma imensa pedreira, de topo liso, coberto em
alguns pontos pela vegetação rasteira, uma espécie de
enclave rural em pleno Leblon, onde às vezes cabras
pastavam e onde um galo alucinado insistia em cantar na
hora errada, no início da madrugada. Era o lugar ideal
para, nas tardes de domingo, uma menina se deitar,
sentindo nas costas o calor do sol retido pela pedra,
enquanto olhava as pipas agitando-se no ar. Eu ia com
meus irmãos e seus amigos, quando eles subiam lá para
soltar pipa. São só lembranças. Essa pedra não existe mais.
Ou pelo menos não existe assim, como a descrevo agora, a
pedra da minha infância. Hoje, é uma pedra nua – morta.
Sua base ainda está lá e servirá, pelo que sei, de
fundação para um shopping. Mas a superfície foi toda
raspada, a vegetação desapareceu, a pedreira foi rebaixada
em quatro ou cinco metros, retalhada durante dois anos por
uma orquestra de britadeiras, e nela foram erguidos os
primeiros andares do que seria um estacionamento.
Assim que começaram a destruir a pedreira, pensei
com alarme numa pequena árvore, uma muda de
amendoeira cujo crescimento árduo eu vinha
acompanhando havia anos. A árvore crescera numa das
laterais da pedra e seu tronco se encorpava, equilibrando-
se de forma improvável no paredão íngreme. Eu admirava
sua bravura, tirando seiva de um lugar onde não havia
terra, fazendo um esforço enorme para crescer na ranhura
mínima que encontrara. E caminhei um dia até o local
onde ela crescia, para ver se, com as obras que tinham
começado, a pequena árvore sobreviveria. Mas cheguei
tarde demais. Só encontrei o tronco, decepado. Em torno,
as raízes, que por anos se haviam agarrado à pedra com
tanto esforço, agora condenadas a secar, inúteis.
O tempo passou. E eu não pensei mais no assunto. Até
que, outro dia, assistindo a um documentário sobre os
talibãs, vi uma inglesa de origem afegã mostrando a foto
de um jardim onde brincava na infância e que fora
destruído pela guerra civil. O documentário, feito antes da
guerra com os Estados Unidos, fora gravado em solo
afegão, e a moça conseguira chegar ao local do tal jardim.
Mas não encontrou nada. A comparação com a foto que
trazia nas mãos era chocante. Todo o verde havia
desaparecido. No meio de um descampado
monocromático, restara apenas o círculo de pedra de uma
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velha fonte, seca. E a única coisa que não mudara na
paisagem eram as montanhas, ao fundo, testemunhas da
devastação que – hoje sabemos – estava apenas no
princípio.
Aquela mulher e seu jardim desaparecido me fizeram
pensar na pequena amendoeira que crescera na pedra e que
também fora decepada. E, com isso em mente, voltei ao
ponto do paredão onde ela um dia se agarrara. Com
surpresa, descobri que das raízes deixadas na pedra
surgiam brotos, com folhas de um verde limpo.
A amendoeira teimava em renascer – como talvez
fizesse o jardim afegão –, apesar da fúria dos homens.
01 - “Diante da minha janela havia uma pedra. Não, não
vou fazer imitação de poesia.”
O comentário da segunda oração se justifica porque:
(A) há um poema da nossa literatura com um verso
semelhante à primeira oração;
(B) toda poesia se volta para os elementos da natureza;
(C) os poemas são compostos a partir de coisas
aparentemente insignificantes;
(D) para um texto de um jornal, a composição de um
poema seria inadequada;
(E) a autora do texto se declara incapaz de fazer um
poema autêntico.
02 - “Nada tem de poética a história que vou contar.”; esse
segmento do texto traz implícita a idéia de que só é poético
(a):
(A) o tema ligado à vida real;
(B) a realidade pertencente à vida passada;
(C) a temática das coisas, seres e fatos harmoniosos;
(D) a discussão política de fatos atuais;
(E) a análise dos pensamentos do homem universal.
03 - “Nada tem de poética a história que vou contar.” ; a
história contada pela autora tem como ponto de partida
cronológico:
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(A) a existência de uma pedra diante da janela da autora;
(B) a foto de um jardim onde uma afegã brincara na
infância;
(C) o crescimento de uma pequena amendoeira na pedra;
(D) a fato de a amendoeira ter sido decepada;
(E) as lembranças da infância da autora.
04 - “A pedra de que falo é na verdade uma imensa
pedreira, de topo liso, coberto em alguns pontos pela
vegetação rasteira, uma espécie de enclave rural em pleno
Leblon, onde às vezes cabras pastavam e onde um galo
alucinado insistia em cantar na hora errada, no início da
madrugada.” Nesse segmento textual, os adjetivos
sublinhados que se encontram semanticamente explicados
pelos demais elementos do mesmo segmento são:
(A) imensa / rasteira / rural;
(B) rasteira / rural / alucinado;
(C) rural / alucinado / errada;
(D) alucinado / errada / imensa;
(E) errada / imensa / rasteira.
05 - “E a única coisa que não mudara na paisagem eram as
montanhas, ao fundo, testemunhas da devastação que –
hoje sabemos – estava apenas no princípio.”; a devastação
no Afeganistão estava apenas no princípio porque:
(A) os Estados Unidos ainda não haviam invadido o país;
(B) após a guerra EUA X talibãs, o país ficou devastado;
(C) o Afeganistão passou por outros conflitos após a
guerra civil;
(D) o país não conseguir reerguer-se e sua população
emigrou;
(E) os males da guerra permanecem após o seu término.
06 - “...com folhas de um verde limpo.”; caso houvesse o
adjetivo verde-limpo, esse segmento do texto seria
corretamente escrito:
(A) folhas verdes-limpo;
(B) folhas verdes-limpas;
(C) folhas verde-limpas;
(D) folhas verde-limpo;
(E) folhas verdes-limpos.
07 - Entre o episódio do jardim da mulher e o da
amendoeira da autora há um (a):
(A) oposição ideológica;
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(B) contigüidade temporal;
(C) paralelismo espacial;
(D) semelhança afetiva;
(E) diferença de opiniões.
08 - “Eu ia com meus irmãos e seus amigos, quando eles
subiam lá para soltar pipas.”; uma forma INCORRETA de
reescritura desse mesmo segmento textual, por não manter
o sentido original, ou criar ambigüidade, é:
(A) Quando meus irmãos e seus amigos subiam lá para
soltar pipas, eu ia com eles;
(B) Eu ia com meus irmãos e seus amigos quando eles lá
subiam, para soltar pipas;
(C) Meus irmãos e seus amigos subiam lá para soltar
pipas e eu, nesse momento, ia com eles;
(D) Eu ia com eles, meus irmãos e seus amigos, quando
lá subiam para soltar pipas;
(E) Quando lá subiam para soltar pipas meus irmãos e
seus amigos, eu ia com eles.
09 - O título dado ao texto, raízes, se refere:
(A) exclusivamente às raízes da amendoeira, que
voltaram a brotar;
(B) metaforicamente, a tudo o que nos prende ao
passado;
(C) às nossas origens raciais e espaciais;
(D) às recordações da infância que desaparecem na idade
adulta;
(E) a tudo o que amamos e que o tempo levou.
10 - O texto lido só NÃO pode ser visto como um (a):
(A) recordação sentimental de tempos infantis;
(B) protesto contra a destruição patrocinada pelos
homens;
(C) lamento diante de mudanças causadas pelo
progresso;
(D) denúncia contra a ocupação irrefletida do espaço
rural;
(E) lembrança idealizada de momentos felizes da
existência.
INGLÊS
READ TEXT I AND ANSWER QUESTIONS 11 AND 12:
3
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by Jan Rocha in São Paulo

Text I

TURN OUT THE LIGHTS

The Brazilian Government has announced drastic measures to

tackle a looming energy shortage. Rationing, which will come
into force next month, will be heaviest in the most populous
regions around São Paulo and Rio de Janeiro. Cuts about 20%
05 will be imposed on domestic users and businesses, with heavy
fines for those who do not comply. The crisis has been caused
The first step is the most obvious: Your father was right, you by a drought that has dried up many of the country hydro-
don’t own the electric company so TURN THE LIGHTS OFF. electric power plants.
About 5-10% of your electricity bill goes into your light bulbs, The government’s emergency plan to force reduction with a
so this really could make a difference. By the way, this rule 10 mixture of incentives and penalties has had mixed reactions.
applies to both incandescent and fluorescent lights. One of the most controversial measures is that which orders
So open the shades. Move your chair by the window to read the energy companies to cut off power supplies for periods of
paper. Turn off the bathroom light even though you know you three or even six days to households or industries which
will be back in 3 hours. exceed the new reduced quotas.
If remembering to turn off lights seems like hard work to you, 15 The problem is that these quotas are based on the average
install motion sensors in rooms where you forget and leave the consumption during three months of last year, even if they
lights on. were atypical. For consumers’ associations, this punitive
measure goes against the energy companies’ obligation to
(from http://www.energyhawk.com/lights) supply an essential service. There is also criticism of the hefty
20 surcharges introduced on the bills of all consumers except
those whose energy needs are very low.
11 - The text intends to: The need to save energy could not have come at a more
difficult time in Brazil, the world’s fifth largest country with
(A) define; almost 175 million people - summer is over and the
(B) criticise; 25 temperature is dropping. But the government stopped short of
(C) describe; imposing rolling blackouts, which have affected the US state
(D) entertain; of California for several months.
(E) advise. (from http://news.bbc.co.uk - May 19, 2001)

12 - Among the tasks proposed, the one that is said to be the 13 - The plan of the Brazilian Government:
most reliable is to:
(A) produced only negative reactions;
(A) sit in a bright and ventilated corner; (B) reproduces decisions taken in California;
(B) switch off all the bulbs in the house; (C) will definitely prevent a future drought;
(C) use several incandescent lights; (D) deals with an impending situation;
(D) set up movement-sensitive devices; (E) will boost employment and commerce.
(E) keep all the windows in the room open.
14 - “incentives” is to “penalties” (l.10) as:
READ TEXT II AND ANSWER QUESTIONS 13 TO 15:
(A) reward is to fine;
(B) prize is to prejudice;
Text II (C) solution is to damage;
(D) advantage is to mistrust;
BRAZIL ANNOUNCES ENERGY RATIONING

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(E) praise is to injustice. (E) confident.

15 - The phrase “... the government stopped short of imposing 18 - The plan is to:
...” (l.25) implies that the blackouts were:
(A) use several different fuel supplies;
(A) definitely banned; (B) find a new source of energy;
(B) nearly implemented; (C) build new plants all over the country;
(C) irrevocably enforced; (D) discourage the nightly use of electricity;
(D) insistently defended; (E) create a team of expert workers.
(E) strongly opposed.

19 - “Eventually” (l.10) means:

READ TEXT III AND ANSWER QUESTIONS 06 TO 10: (A) finally;

(B) perhaps;
Text III (C) certainly;
(D) sometimes;
(E) rarely.
MINING ELECTRICITY

20 - The text states that the relation between supply and demand
Pundits from New York to California grimly predict that as of energy is:
fuel demand outpaces supply, summer’s soaring temperatures
will trigger costly blackouts and sharp increases in utility (A) uneven;
rates. One futuristic solution, weirdly enough, may literally be (B) unpredictable;
05 a lot of hot air. (C) unnecessary;
Huston-based CAES Development Co. has teamed up with (D) irrelevant;
researchers from Sandia National Laboratories to design a (E) irreversible.
power plant that generates cheap electricity from compressed
air. The 2,700 megawatt facility, which is expected to begin
10 operations in 2003, will eventually generate enough power to
light up about 700,000 homes. It will be built in an abundant
limestone mine in Norton, Ohio, about 56 km south of
Cleveland.
To generate its inexpensive power, the CAES plant will run
15 compressors nightly and on weekends, when electricity is
relatively cheap.
(Business Week, May 14, 2001: 37)

16 - According to the text, hot air may:

(A) outpace blackouts;

(B) encourage waste;
(C) solve problems;
(D) be a handicap;
(E) increase rates.

17 - As regards the demand of electricity, experts from all over

the country are:

(A) enthusiastic;
(B) uncertain;
(C) alarmed;
(D) optimistic;

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