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Sistema de Informação Gerencial

Aula 04

Prof. Luciano Frontino de Medeiros

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico


Conversa Inicial
Os Sistemas de Informação (SIs) utilizados pelos usuários parecem simples, a
partir das telas, gráficos e tabelas em que são apresentados. No entanto, uma
série de elementos trabalha em background, sem que o usuário tome
conhecimento, fazendo com que as informações apareçam e sirvam para a
realização de tarefas ou tomada de decisões. É importante conhecer, de forma
geral, os elementos que fazem parte de um SI, tais como o software (e a forma
como ele opera), o hardware (componentes principais de um computador) e a
necessidade de armazenamento eficiente em bancos de dados, entre outras
situações.

TEMA 01 - O conceito de sistemas de informação


A palavra “sistema” é um daqueles termos genéricos que parecem se
encaixar em qualquer situação. É um conceito que consegue se aplicar a todos
os campos do conhecimento, como os sistemas físicos, biológicos, sociais,
econômicos, entre tantos outros. Por exemplo, podemos afirmar que uma
escola possui um excelente sistema de ensino, ou que determinada empresa
implantou um sistema de segurança. Mas, o que é exatamente um sistema?
Um sistema é um conjunto de elementos que interagem entre si com a
finalidade de produzir um resultado específico. Por exemplo, um sistema
automotivo é formado por um conjunto de elementos mecânicos – motor,
engrenagens, correias, rodas etc. – acoplados de tal forma a produzir um
movimento específico, que é a finalidade do sistema. Esses mesmos
componentes isolados, sem nenhum acoplamento entre si, seriam apenas um
agregado de itens, e não um sistema.
Assim, sistema é um grupo de elementos inter-relacionados ou em
interação que formam um todo unificado; também podemos conceituar como
um grupo de componentes inter-relacionados que trabalham rumo a uma meta
comum (BERTALANFFY, 1968). De modo geral, sistema é um conjunto de
partes interagentes e interdependentes que, conjuntamente, formam um todo

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unitário com determinado objetivo e efetuam determinada função (OLIVEIRA,
2002, p. 35).
Quando visualizamos algo a partir da noção de sistema, adquirimos o
que é denominado de visão sistêmica desse elemento, o que significa que
nosso entendimento se ampliou, alcançando uma compreensão geral do tema.
Por isso, a noção de sistema é tão importante.
O conceito de sistema pressupõe, dessa forma, uma interação mútua
entre seus elementos. Segundo Jan Dietz, a propriedade básica e
indispensável de um sistema é que seus elementos não apenas se relacionem
entre si, mas influenciem uns aos outros. Ainda de acordo com ele, através da
interação mútua entre seus componentes, os sistemas ganham duas
importantes propriedades: unidade e integridade (DIETZ, 2006).

Elementos e regras gerais de um sistema

Um sistema é dividido basicamente em quatro elementos que auxiliam


na compreensão de sua natureza:

• Entradas: os sistemas captam matéria-prima, insumos e informações a


partir do ambiente onde estão inseridos.
• Processamento: os insumos são transformados mediante uma série de
processos que acontecem dentro das fronteiras do sistema.
• Saídas: o sistema envia produtos e informações ao seu ambiente.
• Feedback ou Retroalimentação: as informações na saída do sistema
são realimentadas à entrada, visando o balanceamento das operações
internas em direção ao objetivo pretendido.

Dessa forma, um sistema pode ser caracterizado também a partir de um


conjunto de regras gerais que o definem, como as que seguem abaixo:
 Recebe uma ou mais entradas provenientes do ambiente e que
influenciam o sistema de alguma forma; por exemplo, uma força externa,

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um sinal elétrico ou uma onda sonora;

 Possui elementos internos que processam as entradas e as convertem


em saídas;

 Produz uma ou mais saídas que são retornadas ao ambiente.

A figura abaixo é a representação genérica de um sistema.

 Entradas: sinais ou comandos provenientes do ambiente externo;

 Processamento: conversão das entradas em saídas através dos


elementos (E1, E2, ... En);

 Saídas: resultado do processamento das entradas, que retornam para o


ambiente;

 Ambiente: elementos externos ao sistema, por exemplo, os usuários e


outros sistemas.

Figura 1 - Componentes de um sistema.

Qualquer dispositivo físico ou processo que realiza uma dada função


pode ser representado como um sistema. O microfone, por exemplo, é um

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sistema que converte a pressão exercida no ar por uma onda sonora (entrada)
em um sinal elétrico (saída). A sua finalidade é converter a onda sonora em
sinal elétrico através da interação entre seus elementos internos: o diafragma,
a bobina, o circuito de pré-amplificação, além do invólucro externo, do cabo e
do plugue de áudio. Outro exemplo de sistema é o equipamento de
identificação biométrica usado para identificar um indivíduo através da sua
impressão digital. É um sistema que recebe como entrada a imagem de uma
impressão e gera como saída a identificação do indivíduo. Seu processamento
é realizado por elementos ópticos e eletrônicos, que interagem entre si para
produzir o resultado.
Procure pensar sobre como seriam definidos os seguintes sistemas,
tentando identificar suas entradas, saídas, elementos internos e
processamento: linha de montagem, sistema de tratamento de água, lombada
eletrônica.

Ampliando o conceito de sistema

O conceito de sistema pode ser ampliado para analisar situações


multidisciplinares envolvendo diversas áreas do conhecimento. Por exemplo,
ao estudar as tecnologias usadas nas empresas, lidamos com três tipos
diferentes de sistemas: os sistemas sociais (pessoas e suas relações), os
sistemas conceituais (dados, informações e conhecimento) e os sistemas
tecnológicos (Tecnologia da Informação e Comunicação - TIC). Cada sistema
pode ser analisado separadamente, para depois ser estudada a relação entre
eles, como se cada sistema fosse uma “caixa preta” na qual as entradas e
saídas se conectam.
A visão sistêmica sobre um determinado assunto será particularmente
importante para nosso estudo porque nos ajudará a compreender dois tipos
específicos de sistema: os Sistemas de Informação (SIs) e os sistemas
empresariais, como veremos a seguir.

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TEMA 02 - Sistema de informação e seus elementos
Um Sistema de Informação (SI) é um “conjunto organizado de pessoas,
hardware, software, redes de comunicações e recursos de dados que coleta,
transforma e dissemina informações em uma organização” (O’BRIEN, 2004).
Outra definição que podemos adicionar aqui é “um conjunto de componentes
inter-relacionados que coleta (ou recupera), processa, armazena e distribui
informações destinadas a apoiar a tomada de decisões, a coordenação e ao
controle de uma organização” (LAUDON & LAUDON, 2010).
Assim, um sistema de informação (SI) tem como finalidade armazenar e
processar informações. Como todo sistema, um SI recebe entradas,
processadas por elementos internos, e gera saídas, que retornam ao ambiente
externo. A informação é o elemento central do processamento, por isso a
denominação “sistema de informação” é tão apropriada.
Um SI é formado por três elementos que interagem entre si para
processar as informações. São eles: o software, o hardware e as redes de
dados, como ilustra a figura 2, abaixo.

Figura 2 - Elementos de um SI.

Software

O software é a parte lógica de um SI. É ele que comanda o

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processamento do sistema por meio do hardware e das redes de dados.
Podemos dizer que tudo o que ocorre em um sistema computacional está
previamente descrito nas linhas de código do software. Desenvolvidos para
suprir necessidades – ou aplicações – específicas, por isso mesmo eles são
chamados de softwares aplicativos, ou simplesmente “aplicativos”1.

As três camadas do software


O funcionamento de um software pode ser representado por um modelo
de três camadas, cada qual desempenhando uma função específica. São elas:
a camada de interface de usuário, a camada de código e a camada de banco
de dados, conforme ilustra a figura abaixo.

Figura 3 - As camadas do software.

A Interface de Usuário – ou User Interface (UI) – é o elemento visual do


software. É o conjunto de telas produzidas por um programa, incluindo seus
ícones, gráficos, botões, menus, caixas-texto, janelas e formulários. Através da
interface, os usuários utilizam o software, introduzem dados no sistema e
visualizam as informações produzidas por ele. Na interface de usuário, os
elementos visuais se tornam funcionalidades que determinam a forma com que

1 Além dos softwares aplicativos, existe uma segunda categoria de software: os sistemas operacionais, que
são os programas básicos que controlam a execução dos aplicativos em um computador.

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utilizamos o software. Uma boa interface incorpora conceitos de ergonomia e
comunicação visual para tornar o software agradável, intuitivo e fácil de usar –
ou, na linguagem técnica, “amigável ao usuário”. A interface de usuário é a
“linha de frente” do software, por isso ela também é chamada de front-end.
A segunda camada – a camada de código – representa o software em si.
São as linhas de código que compõem o programa e determinam a sua lógica
de execução. O código de um software é desenvolvido por programadores
usando uma dada linguagem de programação; por exemplo: Java, C, ASP,
PHP, entre outras. Na linguagem técnica, a camada de código é chamada de
back-end, como forma de diferenciá-lo da interface de usuário.
Por fim, a camada de banco de dados (BD) é responsável pelo
armazenamento e recuperação das informações processadas pelo software.
Para isso, ele se comunica com a camada de código através de comandos em
uma linguagem especial, como veremos adiante neste capítulo. O BD também
realiza a importante tarefa de garantir a consistência e a segurança das
informações armazenadas.

Hardware

O termo ‘hardware’ se refere aos elementos físicos – ou eletrônicos – do


sistema. Enquadram-se nessa categoria todos os tipos de computadores e
também os equipamentos periféricos, como monitores, teclados, impressoras,
mouses etc. Os computadores são responsáveis pela execução dos softwares,
enquanto os equipamentos periféricos ― também chamados de dispositivos de
entrada/saída (E/S) – realizam a interface com o usuário, permitindo que as
pessoas operem os softwares e visualizem as saídas do processamento. Os
computadores se dividem em duas categorias conforme a sua finalidade de
uso: os servidores e os microcomputadores.
Os servidores – também chamados de servers – são os equipamentos
que concentram o processamento de dados da organização. Eles rodam os
sistemas corporativos, abrigam os bancos de dados, garantem a segurança

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das informações e gerenciam as redes de dados. São dotados de grande
capacidade de processamento, memória e armazenamento, e são equipados
com circuitos redundantes, que os tornam tolerantes a falhas. Os servidores,
em geral, funcionam ininterruptamente e são instalados em locais especiais –
os datacenters –, onde há condições adequadas de climatização, back-up,
cabeamento, energia e segurança de acesso.
Os microcomputadores, por outro lado, são os equipamentos operados
pelos usuários finais –desktops e notebooks instalados nas mesas de trabalho
e usados para rodar aplicativos locais e acessar os sistemas de informação.
Sua capacidade de processamento depende dos aplicativos que irão rodar,
podendo variar desde equipamentos convencionais para edição de texto,
leitura de e-mail e acesso à internet, até equipamentos de maior capacidade
para rodar sistemas financeiros, softwares gráficos e simuladores numéricos.
Em uma empresa, os microcomputadores se conectam aos servidores através
da rede corporativa.

TEMA 03 - Os elementos do computador

O computador é um equipamento digital projetado para executar


programas. Ele é formado pela CPU – Central Processing Unit, ou Unidade
Central de Processamento – e os dispositivos periféricos, como ilustra a figura
abaixo. A CPU é composta de três elementos: microprocessador, memória
RAM e discos de armazenamento. O microprocessador interpreta e executa as
instruções do programa, enquanto a memória armazena as informações
durante o processamento e os discos armazenam fisicamente os arquivos.

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Figura 4 - Elementos do computador.

A interação entre os elementos de um SI

Como vimos até agora, o funcionamento de um SI é fruto da interação


entre software, hardware e rede de dados em uma espécie de engrenagem
tecnológica formada por componentes físicos e lógicos. Essa interação é
complexa e dinâmica. Algumas transações são tão rápidas que sua duração é
medida em milésimos de segundos, como a localização de um registro no
banco de dados. Além disso, até a mais simples operação realizada por um
sistema de informação envolve todos os seus elementos, desde a interface de
usuário, passando pelos servidores, até o banco de dados.
Quando um usuário clica em um botão da interface para solicitar alguma
informação ao sistema, ocorre a seguinte interação entre os elementos do SI:
através da interface, o usuário inicia a consulta; por meio da rede de dados, a
solicitação é recebida pelo software – que é executado em um servidor no
datacenter; o software acessa a informação no banco de dados e a devolve ao
usuário; a informação solicitada percorre então o caminho inverso até chegar à
interface de usuário, conforme ilustrado na figura abaixo.

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Figura 5 - Interação entre os elementos de um SI.

Embora a definição completa de um SI inclua os três elementos –


software, hardware e rede de dados –, na prática, quando nos referimos a um
SI, normalmente é apenas o elemento ‘software’, porque consideramos que o
hardware e redes de dados fazem parte de uma infraestrutura compartilhada
de TI, comum a vários sistemas.

O que não é um SI?

Será que todo software é um SI? Não. Por exemplo, um editor de texto,
um aplicativo de planilha eletrônica ou um software de edição de imagens não
se enquadram nessa categoria. Na prática, o que caracteriza um SI é a
existência de um banco de dados. Os demais tipos de software, como citados
acima, armazenam suas informações em arquivos isolados – documentos de
texto, planilhas eletrônicas e arquivos de imagem – e, portanto, não são
considerados SIs.

Dimensões dos SIs

É importante salientar que sistemas não são apenas a parte


tecnológica, que é de fácil identificação. Os sistemas contemplam outras
dimensões. A organização, as pessoas e a tecnologia formam o tripé sobre o
qual os sistemas de informação têm o suporte das duas operações (Figura 6).

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Organizações: uma organização deve executar e coordenar as
atividades por meio da sua hierarquia e também dos seus processos de
negócios. Estes consistem de tarefas logicamente ordenadas e
comportamentos necessários para que se execute um trabalho específico. Por
exemplo, o desenvolvimento de um produto, o preenchimento de um pedido ou,
ainda, a seleção de um novo colaborador são processos corriqueiros dentro de
uma organização.
Pessoas: os SIs são inúteis se não houver pessoas capacitadas para
operá-los e extrair toda a sua eficiência. Para as operações de uma
organização, é necessária uma série de conhecimentos e habilidades, em
todos os níveis da hierarquia organizacional. Por isso, os gestores precisam
entender a lógica por trás das muitas situações vivenciadas pela empresa. Os
SIs são elementos-chave para a resolução dos problemas e o alcance dos
objetivos.
Tecnologia: uma série de tecnologias está por trás da
operacionalização de um SI. As empresas sempre precisaram de sistemas
para o controle de suas operações, e a Era da Informática potencializou o uso
de diversas tecnologias, transformando por completo a forma como se opera a
informação em uma organização nos dias de hoje. É necessário que existam
tecnologias em diversos níveis. O software, o hardware, o armazenamento de
dados e as redes de comunicações fazem parte da dimensão tecnológica de
SIs.

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Figura 6 – As dimensões dos SIs. Adaptado de: LAUDON e LAUDON
(2010).

TEMA 04 - A organização das informações: uma tarefa para o


banco de dados
Um Sistema de Informação (SI) dedica a maior parte de seu
processamento ao armazenamento e à recuperação de dados. Como
sabemos, essa tarefa é desempenhada pelo banco de dados, que organiza as
informações, mantendo-as consistentes e seguras. O banco de dados é,
portanto, o coração de todo SI, pois é ele que cuida de seu bem mais precioso
– a própria informação.

O banco de dados: um servidor de informações

Um banco de dados (BD) é um grupo lógico de arquivos relacionados


entre si, armazenando dados e associações entre eles, para evitar uma
variedade de problemas associados a um ambiente tradicional de arquivos
(TURBAN et al, 2005). Outra definição nesta mesma linha é “um conjunto
integrado de elementos de dados relacionados logicamente” (O’BRIEN, 2002).
Pode-se afirmar que o BD procura ter em sua representação uma

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“imagem” de uma situação do mundo real, constituído este de objetos, relações
entre eles e eventos. A partir desta imagem, o BD então tem condições de
fornecer informações, evidenciando situações que podem ter importância para
um processo de tomada de decisão. Os dados podem ter representações
diversas para uma mesma situação (MEDEIROS, 2007).
É necessário que um BD tenha uma representação eficiente, possibilitando
acesso a informações corretas em tempo hábil. Certos princípios devem ser
levados em conta para se obter um BD eficiente:

1. Redundância: o armazenamento dos dados de uma empresa, durante


suas atividades, pode tender à redundância, ou seja, setores que dependem de
informações comuns podem fazer a guarda dos mesmos dados
simultaneamente. A falta de cuidado na análise do sistema de informações
pode acarretar em redundância e, por consequência, em custos de
armazenamento.
2. Inconsistência: os dados armazenados referentes à determinada
situação passível de alterações ao longo do tempo necessitam de atualização.
A desatualização de dados pode gerar inconsistência de representação, assim
como a redundância, já que o armazenamento em locais diferentes pode sofrer
alterações ao longo do tempo. E a inconsistência, por sua vez, pode gerar
decisões defasadas ou errôneas.
3. Integração: os dados existentes em um BD geralmente são
compartilhados por várias pessoas ou setores em uma empresa. Por isso, a
necessidade de haver integração, de estabelecer procedimentos para o acesso
em vários níveis e da atualização dos dados, de forma a manter a “imagem” do
mundo real única, evitando ruídos na comunicação entre setores.
O software se comunica com o banco de dados através de uma
linguagem especial denominada SQL (do inglês Standard Query Language –
Linguagem Padrão de Consulta). Cada operação de armazenamento ou
recuperação de dados corresponde a um comando SQL específico; por

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exemplo, os comandos INSERT, SELECT e UPDATE correspondem,
respectivamente, aos comandos para inserir, consultar e atualizar um dado. O
BD atende aos comandos enviados pelo software e responde a ele através de
um processamento interno que chamamos de transação de dados. O resultado
dessa transação é, por fim, enviado ao usuário através de uma interface, como
ilustra a figura abaixo.

Figura 7 - Interação entre software e banco de dados.

A linguagem SQL foi criada originalmente pela IBM nos anos 70 e


rapidamente se tornou um padrão para os SIs. Atualmente, todos os bancos de
dados são compatíveis com a linguagem SQL, o que lhes permite responder a
qualquer software que envie comandos nessa linguagem. Assim, os bancos de
dados se tornam entidades autônomas que podem servir a diversos aplicativos,
como ocorre em muitos SIs.

Sistemas de Gerenciamento de Banco de Dados

Um SGBD é o responsável por todas as tarefas pertinentes ao


armazenamento, recuperação, segurança e gerenciamento de dados. Na
atualidade podemos verificar a existência de vários SGBDs no mercado. Um SI
é desenvolvido de forma conjunta com um SGBD. Enquanto que um SI está

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encarregado do processamento da informação em si, o SGBD tem a tarefa
gerenciar a armazenagem da informação. A partir de um modelo de dados
requisitado* para o suporte a um SI, qualquer SGBD deverá ser capaz de
permitir a implementação deste modelo em um conjunto de estruturas, bem
como permitir modificações e consultas eficientes aos dados armazenados.
Os SGBDs fornecem uma interface de conexão ao BD, a qual permite a
comunicação destecom o SI. Um usuário requisita os processos de um SI, e
este emite solicitações de consultas ou modificações ao SGBD, que retorna os
dados necessários. Além da interação com o usuário, durante a atividade de
desenvolvimento de um sistema de informação, que pode ser feito numa
ferramenta RAD*, a interface permite o acesso aos dados em tempo real,
otimizando bastante o processo de desenvolvimento.
Com o advento da internet, os SIs romperam a barreira das redes locais
e internas das empresas para disponibilizar informações de forma global na
web. Qualquer cliente de uma empresa pode acessar a página desta e comprar
produtos remotamente, em qualquer parte do mundo. Os SGBDs foram então
adaptados para contemplar esta possibilidade de conexão de BDs com
sistemas na web. A operação destes, seja em redes intranet, extranet ou na
própria internet, ficou facilitada para os usuários, permitindo grande economia
às companhias em função da diminuição da redundância. Empresas com filiais
ao redor do mundo podem compartilhar dados a partir de um único local físico,
onde se encontram os servidores. Também o advento da internet influiu no
desenvolvimento de SGBDs mais seguros e confiáveis, visto que as páginas
colocadas na web têm visibilidade irrestrita, ou seja, podem ser acessadas por
qualquer pessoa (e assim deve ser, pois uma empresa procura maximizar a
aquisição de mais clientes em suas operações).

*Tal modelo de dados pode ser obtido através do uso de ferramentas CASE -
Computer-Aided Software Engineering (Engenharia de Software Auxiliada por Computador).
*Rapid Application Development; por exemplo, Eclipse (Programação Java) e Visual

Studio (Microsoft).
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A importância do banco de dados

Em aplicações de larga escala, os BDs são frequentemente submetidos


a enormes cargas de processamento. Milhões de transações de dados podem
estar em andamento ao mesmo tempo, em decorrência do acesso simultâneo
dos usuários. Pequenas falhas de modelagem, ou configurações inadequadas
do BD, podem comprometer o desempenho das transações, a ponto de causar
a interrupção do sistema. Em aplicações críticas, como, por exemplo, nos
sistemas de comércio eletrônico, uma breve interrupção do sistema pode
causar grandes perdas financeiras. Para evitar que isso ocorra, o BD passa por
testes de estresse que simulam situações de grande carga de acesso antes
serem colocados em operação. Além disso, softwares especiais monitoram
continuamente a atividade do BD coletando indicadores de desempenho e
medindo o tempo das transações, com a finalidade de alertar os operadores
quanto a alguma anormalidade.

TEMA 05 - As aplicações de um sistema de informação


Os sistemas de informação (SIs) estão em toda parte. Eles estão presentes em
nossa vida pessoal e profissional, desde as redes sociais, o comércio
eletrônico até os sistemas corporativos. Com a popularização da internet, os
SIs ganharam força e se estenderam para além das fronteiras corporativas,
como veremos a seguir.

Os SIs no cotidiano das pessoas

O surgimento da internet redefiniu as fronteiras da comunicação entre as


pessoas. E com ela, os SIs também se transformaram. As tecnologias online
possibilitaram o surgimento das redes sociais e dos ambientes de
relacionamento profissional, colocando os SIs no dia a dia das pessoas e
consolidando definitivamente a cultura digital.
As redes sociais e profissionais, como o Facebook® e LinkedIn®, são os

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exemplos mais familiares dessa categoria de sistema. Enquanto as redes
sociais conectam os usuários através de interações interpessoais, as redes
profissionais ligam internautas e empresas com vistas ao recrutamento e
reposicionamento no mercado de trabalho. Do ponto de vista técnico, são
sistemas de informação típicos, que utilizam bancos de dados para armazenar
informações, processando-as para potencializar a interação entre as pessoas e
formar de redes de relacionamento.
Ao criar uma conta em um desses sistemas, o usuário ganha uma
espécie de identidade digital, chamada de login, e seus dados pessoais são
registrados no BD do sistema. A partir daí, as informações postadas na forma
de mensagens, imagens e outras mídias são vinculadas ao login do usuário,
possibilitando ao sistema analisar padrões de comportamento, identificar
similaridades com outras pessoas, sugerir vínculos pessoais e estimular o
compartilhamento de recursos. O resultado é uma complexa teia de informação
e comunicação, onde cada indivíduo torna-se um nó da rede e cada ligação
representa uma interação, um relacionamento interpessoal.

Os sistemas de informação nas instituições públicas

Na esfera governamental, os SIs são usados como canais de informação


e de serviços aos cidadãos, além de possibilitar novos meios de interação entre
o governo e a sociedade, dando origem ao chamado governo eletrônico – ou e-
gov –, que utiliza as Tecnologias de Informação de Comunicação (TICs) para
agilizar o acesso aos serviços e prover transparência às informações da
administração pública.
No Brasil, o governo eletrônico surgiu em 2000 e conta hoje com uma
plataforma de portais integrados que fornecem informações diversificadas,
como licitações e compras eletrônicas, dados da administração pública,
publicações online, convênios com entidades públicas, sistemas de cadastro e
serviços online. Um exemplo de SI governamental é o aplicativo de
preenchimento online da Declaração de Imposto de Renda, que simplifica a

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elaboração e a entrega da declaração, além de alimentar os dados dos
contribuintes diretamente no banco de dados da Receita Federal.
Além de prover informações e serviços aos cidadãos, os sistemas
governamentais são importantes ferramentas de gestão, em particular para o
planejamento público. Um exemplo é o censo, que resulta no armazenamento
e processamento de dados demográficos coletados em milhões de lares de
praticamente todos os municípios do país, fornecendo informações valiosas
para a formulação de políticas públicas.

Os SIs nas empresas

No âmbito empresarial, os SIs são usados para automatizar os


processos operacionais e apoiar as atividades gerenciais. Eles se aplicam a
todas as áreas de uma organização, como finanças, vendas, marketing,
recursos humanos, produção e relacionamento com o cliente.
Há uma forte vinculação entre os SIs e os níveis funcionais de uma
organização. No nível operacional, eles se destinam a automatizar as tarefas
rotineiras, registrando e organizando os dados provenientes da operação. Nos
níveis gerencial e estratégico, eles fornecem aos gestores informações de
suporte para as tomadas de decisão.

Sugestão de Leitura
Leia o artigo intitulado “Conceitos Fundamentais
de Banco de Dados”, para conhecer um pouco
mais sobre os conceitos de BD. Disponível para
acesso em:
http://www.devmedia.com.br/conceitos-
fundamentais-de-banco-de-dados/1649, ou por
meio do QR Code ao lado.

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Síntese

Nesta aula, foi estudado o conceito de SI, com aprofundamento na


própria definição do conceito. Também foram estudados os elementos de um
SI, a estrutura em camadas do software, os elementos de um computador e a
interação entre o SI e os demais componentes. Foi vista também a importância
do armazenamento eficiente dos dados para a obtenção de informação com
qualidade, e as aplicações de um SI no cotidiano das pessoas, na esfera
pública e nas empresas, de maneira geral.

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Referências

DIETZ, Jan L. G. Enterprise Ontology: Theory and Methodology. Berlin.


Springer-Verlag, 2006.
ELEUTÉRIO, M. A. M. Sistemas de informação gerencial. Curitiba:
Intersaberes, 2016.
LAUDON, K; LAUDON, J. Sistemas de informação gerenciais. 9. ed. São
Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010.
MEDEIROS, L. F. Banco de dados - princípios e prática. Curitiba: IBPEX,
2007.
O´BRIEN, J. A. Sistemas de informação e as decisões gerenciais na era da
internet. Tradução de Cid Knipel Moreira. São Paulo: Saraiva, 2002.
OLIVEIRA, D. P. R. Sistemas de informações gerenciais: estratégicas táticas
operacionais. 12. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2008.
TURBAN, E.; RAINER JUNIOR, R. K.; POTTER, R. E. Administração de
tecnologia da informação. Rio de Janeiro: Campus, 2005.
VON BERTALANFFY, L. Teoria geral dos sistemas. Rio de Janeiro: Vozes,
1968.

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