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“A partir das discussões internacionais sobre os direitos humanos, a Organização das

Nações Unidas elaborou a Declaração dos Direitos da Criança e com ela muitos direitos
foram garantidos. Foi um grande avanço focar na doutrina da proteção integral e
reconhecer a criança e o adolescente como sujeitos de direitos estabelecendo a
necessidade de proteção e cuidados especiais”.
A doutrina da proteção integral da Organização das Nações Unidas foi inserida na
legislação brasileira pelo artigo 227 da Constituição Federal de 1988, trazendo para a
nossa sociedade os avanços obtidos na ordem internacional em favor da infância e da
juventude. Esse artigo constitucional, cujo texto reproduzo abaixo, de forma muito
assertiva, encerra o conjunto de responsabilidades das gerações adultas para com a
infância e a adolescência:
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao
adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à
educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda
forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
(…)

1 – Perfil das Crianças em situação de violência –


De acordo com dados do próprio Caac (Centro de Atendimento ao Adolescente
e à Criança), foram feitos 316 atendimentos até o dia 26 de maio de 2016. A maior parte
das vítimas, segundo levantamento, é composta por meninas: 87%. O perfil de vítimas
indica ainda que a idade com maior percentual de casos é aos 12 anos. “92% dos casos
que atendemos são relativos a estupro ou estupro de vulnerável. E mais de 80% dos
casos são de pessoas no círculo familiar” embora ocorra em todos os níveis sociais.

Segundo a Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos, por meio do Disque-100, mais de
16 mil casos de denúncias de violência sexual na faixa etária de 0 a 18 anos foram
recebidas, o que corresponde a 10% das ligações feitas à central telefônica. A maior
parte das vítimas são meninas (67,69%), seguido por meninos (16,52%) e não
informados (15,79%). Cerca de 40% dos casos eram referentes a crianças de 0 a 11
anos. As faixas etárias de 12 a 14 anos e de 15 a 17 anos correspondem,
respectivamente, 30,3% e 20,09% das denúncias.
(Fonte: O GLOBO
18/05/2017)
2 – Dados da violência sexual contra crianças por Município no Estado e
Diagnostico para priorização do atendimento por Município –

Um relatório feito pela Polícia Civil revelou que mais de mil crianças e adolescentes
sofreram algum tipo de violência sexual no estado do RJ entre 1º de janeiro e 20 de
agosto de 2017. De acordo com o documento, foram registrados 1.069 casos de estupro
de vulnerável, quando a vítima é menor de 14 anos e 31 casos entre adolescentes
maiores de 14 e menores de 18 anos, um total de 1.100 registros.
De acordo com a Polícia Federal, a maioria dos abusadores possuem algum vínculo
com a família da vítima, com certa influência sobre a criança: os dados do Dossiê
Criança, com dados de 2010 a 2014 do Instituto de Segurança Pública com base nos
registros da Polícia Civil, indicam que pelo menos 70% são conhecidos, entre familiares
ou amigos da família. "A informação é importantíssima. Em várias famílias, isso não é
visto como crime. São fatos que não podem ser replicados, e por isso que temos que
cuidar das famílias sim". Dados da Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (Dcav).
Os casos foram registrados no sistema da Polícia Civil nos departamentos gerais de
Polícia da Capital, Interior e Baixada Fluminense, além das especializadas e da
Delegacia da Criança e Adolescente Vítima. Os números revelam ainda que houve 12
casos de prostituição infantil e 9 de favorecimento à prostituição ou outra forma de
exploração sexual de vulnerável.
---> 78,7% são do sexo feminino, com idade média de 9 anos; 33,44% residiam com
mãe e pai; o tempo percorrido até a denúncia foi acima de 1 ano em 18,5%; a criança
denunciou em 44,9%; em 55,6% tratou-se de reincidência; em 27% ocorreu mais de
um tipo de violência; 85,6% agressores eram conhecidos da criança ou da família;
28,7% eram parentes, sendo os pais os principais, com uma taxa de 12,5%, os primos,
5,55%; e, dos 71,3% não parentes, 14,83% eram padrastos, 14,83% vizinhos; 73,9%
ocorreram na casa da criança ou do agressor; em 66% houve intimidação com o uso de
força e de ameaças, 2,8% com arma; em 36,6% houve penetração e em 46,3%
manipulação; houve relação sexual só anal em 13,9%, só vaginal 44,9%, só oral em
3,74%; 43% apresentaram algum sintoma psíquico; 24,3% receberam medicamentos
contra DST. Das 50 famílias nas situações de maior gravidade entre os 216 pacientes
(23,15%), apenas um (2%) compareceu ao chamado de retorno após a alta, e nos
demais, a tentativa de contato por telefone, ou via endereço, fornecidos, mostrou que
havia mudanças de rua, bairro, ou cidade, e telefones que simplesmente não existiam,
não nos permitindo construir esta resposta. Esse dado nos levou a pensar, se isso fora
apenas uma coincidência ou uma forma de se esconder. Vítimas e agressores, na
maioria das vezes, convivem em ambientes onde a proximidade torna possível a
realização da violência, e os fatores relacionados variam pouco, nas diferentes
populações em que se estudou este tipo de crime. O ato gera marcas permanentes,
sejam elas biológicas ou psicológicas.

Estado –
No estado do Rio de Janeiro, entre 2010 e 2014, o número anual de vítimas menores
de 18 anos passou de 33.599 para 49.276, um aumento de 46,7% (contra um aumento
de 24,4% de vítimas maiores de idade). Ao longo dos cinco anos, foram 213.290
vítimas menores de idade, das quais 26,2% eram crianças (de zero a 11 anos) e
73,8% eram adolescentes (de 12 a 17 anos)6 . Observando o número de vítimas em
cada idade, e relativizando pelo tamanho da população com a respectiva idade, nota-
se que a exposição ao crime passa a ser mais forte a partir dos doze anos de idade.
Ainda, quanto maior a idade, maior o número de vítimas: entre 2010 e 2014, a cada
mil habitantes de 17 anos, 30,6 foram vítimas de algum crime – um número sete vezes
maior do que o número de vítimas com 10 anos de idade, por exemplo.
No Rio de Janeiro, nos quatro primeiros meses de 2016, o NVD registrou 77
denúncias sobre abuso, sendo 97 sobre exploração sexual. Assim como em anos
anteriores, a zona oeste foi a região com maior volume de denúncias, sobretudo os
bairros de Campo Grande, Realengo, Padre Miguel, Santa Cruz, Bangu, Jacarepaguá.
Dados
Crimes:
Assédio Sexual

Capital

Estado
Capital

Estado
Abandono de incapaz

Prevenção
Campanhas educativas e de mobilização como as que acontecem no dia 18 de Maio e
do Disque 100, lideradas pela Secretaria de Direitos Humanos, cumprem seu papel na
prevenção. Aperfeiçoar o Sistema de Garantia de Direitos é fundamental para o
atendimento e atenção adequados não só para crianças e adolescentes, como para
suas famílias e para os agressores.
Os agressores podem ser portadores de algum distúrbio que os leva a praticar a
violência sexual. A ausência de políticas públicas orientadas para esse público também
são fatores de risco que incidem em casos de violência.
A falta de informação também é um ponto crítico. Desde como abordar temas relativos
à sexualidade até sobre os organismos que podemos contar e como e onde notificar.
Esse último ponto contribui para a subnotificação dos casos que não nos permite ter um
cenário real do problema no país. Outro fator que contribui para subnotificação é a
dependência dos companheiros no orçamento familiar – o que pode explicar em muitos
casos a falta de notificação quando o pai ou padrasto são os autores da agressão. Por
outro lado, crianças e adolescentes, das classes média e alta são geralmente atendidos
por médicos, psicólogos ou psiquiatras particulares, fazendo com que a notificação não
chegue ao Sistema de Garantia de Direitos, aumentando as subnotificações.
A dificuldade em se ter um cenário apurado influencia na existência de políticas públicas
e projetos para este problema específico.

Consequência
A violência pode ocorrer com a penetração, sexo oral, manipulação de genitais,
exibicionismo, entre outros. Pode ser recorrente; alterar a formação da personalidade
e a sexualidade de quem sofre o abuso. Doenças, gravidez, inibição, agressividade e
suicídio podem ser consequências.

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