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NOTHING EVER HURT LIKE YOU

Ela estava aqui.


Eu tinha certeza.
Eu podia sentí-la.
Respirei fundo.
Fitei o lugar onde me encontrava. Era uma espécie de backstage de um bar de karaokê. As pessoas se
preparavam antes de entrar para fazer sua performance. E eu era o próximo. Se alguém me dissesse que eu,
Louis, estaria em um lugar como esse para fazer o que vou fazer, eu riria na cara da pessoa. Sério.
Veja bem, vou explicar a situação. Quando se está apaixonado, você simplesmente faz qualquer idiotice.
Confesso que zuei muitas vezes Bernardo por isso, mas hoje me arrependo. Por quê? Simples. Adriana Fran.
Uma das melhores amigas da namoroiva do Bernardo. Linda, perfeita e o melhor... Cruel. Vou ser sincero,
caras como eu, que podem ter tudo o que quer num estalar de dedos não se contentaria com uma mulher
meiga, carinhosa, fofinha... tipo a Nina da vida. Ela é fofa e tal... Mas simplesmente é fácil demais... Não que
ela seja fácil demais... Bem, simplesmente não há luta e aquele negócio do tipo “não concordo com você”.
Pessoas como Nina se adaptam em qualquer situação e isso perderia a graça. Em parte acredito que foi isso
que meio que fez Bernardo se apaixonar pela Alessandra. Eu acreditava que iria morrer solteiro e feliz e com
prováveis filhos bastardos espalhados ao redor do mundo... Até conhece-la. Ela mudou meu foco... Me fez
acreditar em algo a mais... Aí ela me joga do cavalo.
Nocaute.
Simples assim.
Culpa de quem? Do Bernardo aquele boca grande... Como eu ia saber que ela detestava a tal da Sofia
Stronzo, colega dela de passarela. Tiram fotos e tudo... Parecem amiguinhas e tudo... Mas na verdade são
inimigas. As vezes custo a entender que com ela nada é o que parece ser. Eu estava conversando com a
senhorita Stronzo... Educadamente. Eu nunca trairia minha Adriana. Por nada nesse mundo. Bernardo viu e
contou e ela simplesmente me chutou. Falou que precisava pensar. E quando mencionei a suposta amizade,
ela virou o veneno. E disse que aquilo, caso eu não soubesse, era uma jogada de marketing. Jogada de
marketing... Sei.
Agora ela quer pensar sobre o nosso relacionamento.
Uma ova que eu deixar.
E ela está aqui nesse bar, porque de acordo com o Bernardo, ela e as amiguinhas, o trio parada cardíaca,
Alessandra e Nina, vieram para dar uma força e afogar as mágoas. Não sei que mágoa, sendo que eu não fiz
nada de errado. Enfim.
Estou aqui pra mudar essa situação.
- Pronto? – disse Bernardo aparecendo de repente.
- Não. Mas isso é uma coisa para qual não vou estar pronto nunca.
Ele revirou os olhos.
- Você quer ou não consertar a merda que você fez.
- Que você fez, né... Tinha que abrir a boca.
- Era segredo?
- Não exatamente.
- Então pronto. – ele me olhou – você não vai entrar assim lá né?
Olhei pra mim. Estava de paletó, gravata, calça social... Normal.
- sim... Algum problema?
- Todos. Se você vai fazer isso, faça direito.
Ele me fez arrancar o paletó e a gravata, tirar a camisa de dentro da calça, abrir uns botões e bagunçar o
cabelo.
- Bom, não tá não. Mas tá melhor que antes. – miserável – Vai que é a sua hora.
Respirei fundo e entrei.
- O nosso próximo aspirante a cantor é... – disse um homem vestido estranhamente com roupas dos anos
80 – Louis Guthierry.
Na hora que ele disse meu nome, as três viraram pra me ver. Alessandra e Adriana estavam embasbacadas e
Nina estava fazendo um sinal de joia pra me dar uma força e sorriu. Algo me diz que ela sabia. Escutei a
melodia e me preparei, olhando no fundo dos olhos da Adriana. Engoli em seco e fui ganhando coragem.
- 1,2,3,4... oh yeah, yeah, yeah, heeeey... Te amar era fácil, jogando pelas regras. Mas você diz que o amor é
muito mais gostoso quando é cruel. – de fato, ela dizia isso. Arranquei o microfone do pedestal e fui
caminhando pelo palco. Ela estava me olhando com a sobrancelha levantada – Para você tudo é só um jogo,
e oh sim, você jogou legal comigo. Mas eu te quero, eu te quero, eu te quero muito mais do que deveria.
Sim eu quero.
Eu vi Alessandra murmurar algo no ouvido dela e ela semicerrou os olhos.
- Eu levantei minhas mãos pra ficar sob a sua mira, sim estou pronto. Pois não há nada que não possamos
conseguir. Oh, isso tudo me atingiu como um trem bala de ferro quando você me deixou. Nada machuca
mais do que você. Nada machuca mais que você. – apontei pra ela.
Ela abriu a boca embasbacada e sorri. Eu desci do palco com um pulo e ouvi as pessoas gritarem. Eu estava
louco, só podia ser isso. Ainda fixei meu olhar nela.
- Eu fui ingênuo e apressado, - ela olhou pra mim como se eu fosse um abusado – mas você me fez ver que
você não prova o mel sem antes provar do ferrão da abelha. Não, você não prova. – disse sorrindo de lado e
vi ela segurar o sorriso – É você me ferroou de jeito, oh sim foi bem fundo. Mas eu aguento, aguento,
aguento até ficar de joelhos, - me ajoelhei no meio das pessoas olhando pra ela,- de joelhos.
Nina dava palmas e ria. Pisquei pra ela, agradecida pela ajuda e Adri revirou os olhos.
- Eu levantei minhas mãos pra ficar sob a sua mira, sim estou pronto. Não há nada que eu não faria.
Caminhar mil milhas no vidro quebrado - eu cantei me rastejando de joelhos – isso não me impediria de
fazer o meu caminho de volta pra você. Não é real até você sentir a dor. E nada machuca mais que você.
Me deixei cair de cara no chão.
- Nada machuca como você.
Tornei a ficar de joelhos e então com um pulo fiquei de pé
- Oh, nada me machuca como você. Você tem que acreditar em mim. -cantei voltando pro palco. Coloquei o
microfone de volta no pedestal enquanto as pessoas pulavam e cantavam comigo. Me concentrei nela para
finalizar minha musica. Agarrando o microfone, continuei.
- Oh, tudo era só um jogo. Sim, você jogou legal comigo. – pisquei pra ela – Mas eu te quero, te quero, te
quero, te quero, te quero. – levantei ambas mãos para o alto e continuei – Ohh, eu levantei minhas mãos
pra ficar sob a sua mira, sim estou pronto. Não há nada que não possamos conseguir. – abaixei as mãos
puxando e bagunçando ainda mais os meus cabelos - Oh, e me atingiu como um terremoto quando me
deixou. Mas eu faria tudo de novo – apontei pra ela - por você. – Eu caminharia mil milhas no vidro
quebrado e isso não me impediria de fazer o meu caminho de volta pra você. Não é real até você sentir a
dor. E nada machuca como você. – arranquei o microfone de novo e num ímpeto pulei do palco e caminhei
até ela – Nada me machuca como você. – segurei suas mãos – Nada no mundo inteiro. Nada, nada, nada
machuca como você. – dei um meio sorriso – não como você.
A puxei, beijando-a antes que ela pudesse pensar e o povo gritou. Ela correspondeu e então me empurrou.
Me deu um tapa na cara o qual diga-se de passagem não entendi e caramba, doeu. Isso fez Nina e
Alessandra arfarem.
- Isso foi pela vadia.
E antes que eu pudesse pensar, ela me puxou e me beijou.
Acho que estou perdoado.

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