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CA MI NHANDO JUNTOS

Ma nual das habili dades bási cas de Ori ent ação e Mobili dade

João Ál var o de Mor aes Feli ppe

Il ustrações de
Saul o Sil veira

LARAMARA, 2001

João Ál var o de Mor aes Feli ppe: Nat ural da ci dade de São Paul o for mou-se e m Educação Física
na EEFE USP, especi alizando-se e m Educação Físi ca Adaptada na Uni versi dade Ga ma Filho.
É coor denador de pr ogra mas especi ais da Associ ação Brasil eira de Assist ênci a ao Defi ci ente
Vi sual - LARAMARA. É pr ofessor da disci pli na Acti vi dades de Gr upos Especi ais no
Uni F MU. ]

Apr esent ação

Mel horar a quali dade de vi da e a i ncl usão dos j ovens com defi ci ênci a visual de
t odas as regi ões brasil eiras é nosso grande desafi o nesses pri meiros anos do
sécul o XXI. As cri anças brasil eiras tê m direit o à educação e parti ci pação na
soci edade, não i mport a o l ugar onde vi va m. Co mpartil har experi ênci as,
aqui si ções e conheci ment os co m fa míli as, professores e profissi onai s é
i mport ant e estrat égi a nessa l ut a. Dar oport uni dade para que a cri ança co m
defi ci ênci a visual sej a no fut ur o ci dadão acti vo e parti ci pant e, tenha aut onomi a
e i ndependênci a para se loco mover, reali zar suas acti vi dades coti di anas, possa
est udar, trabal har, constituir fa míli a e ser feliz é nossa met a. O Pr of. João
Feli ppe e t oda a equi pe de Ori ent ação e Mobili dade de Lara mar a mostra m co m
est e Manual seu engaj a ment o nessa l ut a para a qual convi da mos t odos os
pr ofissi onai s da área de Ori ent ação e Mobili dade.

Mar a O. de Ca mpos Si aul ys Presi dent e da LARAMARA


Ass oci ação Br asil eira de Assi st ênci a ao Defi ci ent e Vi sual

Aos pais
O obj ecti vo dest e manual é oferecer i nfor mações si mpl es e práti cas que
poderão contri buir para o desenvol vi ment o da Orient ação e Mobili dade do seu
fil ho co m defi ci ênci a visual, cego ou co m bai xa visão.

Aos parent es e a mi gos


Est e manual ta mbé m poderá aj udá-l os a est abel ecer um conví vi o mai s
cooperati vo co m as pessoas defi ci ent es visuais: crianças, j ovens, adult os ou
i dosos.

Às pr ópri as pessoas co m defi ci ênci a visual


É desej o nosso que as i nfor mações que possa m obter, contri bua m para a práti ca
real das habili dades da Orient ação e Mobili dade em busca da aut ono mi a e
i ndependênci a. Pode m ser uma necessi dade; é um direit o; é um exercí ci o de
ci dadani a. As t écni cas, procedi ment os e condut as, descrit os e i ndi cados para o
uso no coti di ano, result am dos trabal hos desenvol vi dos por muit os
pr ofissi onai s da área da Ori ent ação e Mobili dade ao l ongo dos anos e,
pri nci pal ment e, dos pr ópri os ensi na ment os que as pessoas co m defi ci ênci a
vi sual nos passara m através da sua experi ênci a de vi da.

A t odos
A Ori ent ação e a Mobili dade são funda ment ais para a i nt eração do i ndi ví duo
co m o a mbi ent e. Pode ser a conqui st a da aut ono mia e um dos ca mi nhos para a
i ndependênci a. Quant o mai s pessoas conhecerem condut as e procedi ment os
adequados e mrel ação a Ori ent ação e Mobili dade, mai s nat urali dade t ere mos
no conví vi o co m as pessoas defi ci ent es visuais. É dest a for ma que
co mpr eende mos e contribuí mos para o pr ocesso de transf or mação e i ncl usão
soci al.

ALGUMAS PERGUNTAS

1. O que é ori ent ação e mobili dade?


A ori ent ação e a mobili dade est ão present es na vida de t odos nós. A ori entação
é a capaci dade de perceber o a mbi ent e, saber onde est a mos. A mobili dade é a
capaci dade de nos movi me nt ar. A visão, nor mal me nt e, é o senti do que mai s
direct a ment e col abora para a nossa ori ent ação e mobili dade.

2. O que é Ori ent ação e Mobili dade para a pessoa com defi ci ênci a visual ?
A Ori ent ação para o defici ent e visual é o aprendi zado no uso dos senti dos para
obt er i nfor mações do a mbi ent e . Saber onde est á, para onde quer ir e como
fazer para chegar ao l ugar desej ado. A pessoa pode usar a audi ção, o t act o, a
ci nest esi a (percepção dos seus movi ment os), o olfact o e a visão resi dual
(quando t e m bai xa visão) para se ori ent ar. A Mobi li dade é o aprendi zado para o
control e dos movi ment os de for ma or gani zada e eficaz.

A pessoa co m defi ci ência visual pode se movi ment ar:


1. com a aj uda de uma outra
pessoa - gui a vi dent e

2. usando o seu pr ópri o cor po -


aut opr ot ecções

3. usando uma bengal a - bengal a


l onga
4. usando um ani mal - cão- gui a

5. usando a tecnol ogi a - aj udas


el ectróni cas

3. Das for mas de Mobilidade, quai s serão apresentadas nest e manual ?


Est udare mos as três pri meiras for mas de Mobili dade, ou sej a, Gui a Vi dent e,
Aut opr ot eções e Bengal a Longa. São as mai s si mples e acessí veis a t odas as
pessoas co m defi ci ênci a vi sual. Deve m fazer parte de t odo bo m pr ogra ma de
Ori ent ação e Mobili dade e serão bási cas para um bo m apr oveit a ment o na
utilização do Cão- Gui a e das Aj udas El etrôni cas no fut ur o, quando for o caso.

4. Que m deve ensi nar a Ori ent ação e Mobili dade?


Os pr ofissi onai s devi da ment e habilitados.

5. Onde encontrar esses pr ofissi onai s?


No fi nal dest e manual apresent a mos uma rel ação de centros que pode mi ndi car
ser vi ços co m pr ogra mas de Ori ent ação e Mobili dade no Br asil.

6. Por que um manual diri gi do a que m não é pr ofissi onal ?


Pri meiro, por que muit as pessoas co m defi ci ênci a vi sual nos pede m est e ti po de
mat eri al. Ta mbé m pai s, fa mili ares e outras pessoas que convi ve m co m
defi ci ent es visuais se mpre nos pedira m mai ores i nfor mações sobre a
Ori ent ação e Mobili dade. Consi dera mos uma soli citação j ust a. Segundo, o fat o
de oferecer mos um manual il ustrado, com u ma li nguage m si mplificada, t orna
possí vel a um mai or nú mer o de pessoas adot ar os pr ocedi ment os mai s
adequados, contri bui ndo para a cri ação de hábit os saudávei s. É a partici pação
de t odos no pr ocesso de transf or mação. O uso do ma nual por outras pessoas e
mes mo pel o i ndi ví duo com defi ci ênci a visual não eli mi na a necessi dade de se
parti ci par de um pr ogra ma específi co conduzi do por um pr ofissi onal
capacit ado.

7. Quando dare mos nosso pri meiro passo nessa cami nhada j unt os?
Agor a.

PRI MEI RO PASSO


Ut ili zação do Gui a Vi dent e

O uso de uma outra pessoa co mo gui a é comu m em di versas sit uações no dia-a-
di a do defi ci ent e visual. Apesar de ser uma for ma dependent e de se l oco mover,
deve possi bilitar o controle, a i nt erpret ação e a efecti va partici pação da pessoa
cega ou co m bai xa visão nas decisões do que ocorre durant e o seu
desl oca ment o.

A. Posi ção Bási ca

Obj ecti vo

Pr oporci onar à pessoa com defi ci ênci a visual a utili zação segura, efi ci ent e e
adequada de um vi dent e co mo gui a, est abel ecendo uma base para o uso de
outros co mo gui as no futur o.

Pr ocedi ment os

A pessoa co m defi ci ência visual deve segurar no braço do gui a na alt ura do
cot ovel o, no punho ou mes mo no ombr o, dependendo da diferença de est atura
entre a mbos. Est a posi ção garantirá ao defi ci ent e vi sual i nt erpret ar as pist as
dadas pel os movi ment os do cor po do gui a, ou sej a, quando co meça a ca mi nhar,
quando pára, quando se vira para a direita, para a esquer da, desvi a de
obst ácul os ou de pessoas, quando sobe ou desce degraus.

B. Tr oca de Lado

Obj ecti vo

Per mitir à pessoa co m defici ênci a visual mudar de lado por preferênci a pessoal,
razões soci ais ou por confort o e tranqüili dade, quando enfrent ar sit uações do
mei o a mbi ent e.

Pr ocedi ment o

O gui a ou a pessoa co m defi ci ênci a visual for nece uma pist a ver bal para a
mudança de l ado. Co m a mã o li vre, a pessoa segura o braço do gui a,
posi ci onando-se a um passo atrás del e. Solt ando a pri meira mão, el e rastreia as
cost as do gui a at é encont rar o braço do outro lado. Faz a troca de l ado,
ret omando a posi ção básica.

C. Passagens Estreit as

Obj ecti vo

Per mitir a passage m, de for ma có moda, quando não é possí vel mant er a
posi ção bási ca, devi do à falt a de espaço para o guia e o aco mpanhant e se
posi ci onare ml ado a l ado (por exe mpl o, por port as, corredores estreit os, fl uxo
i nt enso de pessoas, entre mobíli as e obj ect os, et c.).
Pr ocedi ment os

O gui a dá uma pi st a ver bal ou ci nest ési ca da passage m estreita. A pessoa com
defi ci ênci a visual ta mbém pode pressentir a necessi dade de t omar a posi ção de
passage m estreit a ant es do gui a avisar. A pessoa est ende o seu braço e se
posi ci ona atrás do gui a, for mando col una (e m fila) com o mes mo. Ao fi m da
passage m estreit a, a pessoa reassu me a posi ção bási ca. Dependendo da
sit uação, a pessoa deve ficar ao l ado do gui a, for mando fileira, e andar
lat eral ment e.

D. Aceit ando, Recusando ou Adequando Aj uda

Obj ecti vo

Per mitir à pessoa co m defici ênci a visual aceit ar ou recusar, com efi ci ênci a e
adequação, a aj uda de um supost o gui a, dependendo da sua necessi dade ou
desej o.

Pr ocedi ment os

Ao sentir al gué m segurar o seu braço co m a i nt enção de conduzi -l a, a pessoa


co m defi ci ênci a visual deve rel axar o braço, levantando- o e m direcção ao
o mbr o opost o e mant er sua posi ção se m andar. Co m a mão li vre, deve segurar
o punho do supost o gui a enquant o ver bali za as suas i nt enções. Faz o
desenvencil ha ment o. Se for necessit ar de aj uda, a pessoa segura o braço do
gui a com a mão li vre e assu me a posi ção bási ca para aco mpanhá-l o. Caso
contrári o, deve dispensar a aj uda t ão l ogo se desvencil he.

E. Subir e Descer Escadas

Obj ecti vo

Per mitir à pessoa co m defici ênci a visual e ao gui a subir e descer escadas com
segurança, efi ci ênci a e adequação.

Pr ocedi ment os

A posi ção adopt ada para subir e descer escadas é a bási ca. Nessa condi ção, a
pessoa co m defi ci ênci a visual se mpr e est ará um degrau atrás do gui a. Ist o
favorecerá a i nt erpret ação das pist as ci nest ési cas quando sobe ou desce os
degraus. Ao i ni ci ar a subi da ou desci da de escadas, uma breve pausa do guia,
e m frent e ao pri meiro degrau, será sufici ent e para que a pessoa que o
aco mpanha faça o desli ze do pé para encontrar o degrau e se posi ci onar. Uma
breve pausa do gui a ta mbé m deve funci onar como pi st a no fi nal das subi das e
desci das (ao fi nal das escadas e nos pat a mares). Quando a escada ti ver
corri mão, a pessoa co m defi ci ênci a visual deve t er preferênci a de uso.

F. Passage m por Port as

Obj ecti vo
Per mitir à pessoa co m defici ênci a visual passar por uma port a co m segurança e
efi ci ênci a, mant endo uma partici pação acti va.

Pr ocedi ment os

Ao apr oxi mar-se de uma port a, o


gui a dá uma pist a ver bal ou
ci nest ési ca e a pessoa assu me a
posi ção de passage m estreit a.

O gui a puxa ou e mpurra a port a e o


aco mpanhant e el eva o braço li vre
co m a pal ma da mão para frent e.

A pessoa co m defi ci ência visual t oca


a port a e l ocali za o tri nco.

Gui a e aco mpanhant e passa m pel a


port a e m posi ção de passage m
estreit a. O gui a faz uma breve pausa
e o aco mpanhant e fecha a port a.

Após a passage m, a mbos ret oma m a


posi ção bási ca.

G. Sent ando-se

Obj ecti vo

Per mitir à pessoa co m defici ênci a visual l ocali zar e exa mi nar um assent o,
sent ando-se comi ndependênci a e nat urali dade.
Pr ocedi ment os

O gui a conduz o seu acompanhant e at é a proxi mi dade de um assent o, rel atando


ver bal ment e a posi ção e caract erísticas do mes mo.
A pessoa co m defi ci ência visual solt a o braço do gui a tão l ogo faça o contact o
co m o assent o. Est e contact o pode ser feit o co m a per na ou co m o gui a
conduzi ndo a mão do acompanhant e at é o espal dar ou braço do assent o.

Est abel eci do o cont act o, a pessoa faz co m as mãos uma pesqui sa breve do
assent o, certificando-se da posi ção, das caract erísticas e das condi ções de uso e
sent a-se.

No mo ment o de se levantar, o gui a est abel ece o cont act o ou a pessoa soli cita
u ma pi st a ver bal.

H. Sent ar-se e m Audit ório ou Assent os Perfilados

Obj ecti vo

Per mitir o acesso de maneira adequada quando se utiliza do gui a vi dent e em


audit óri os ou assent os perfilados.
Pr ocedi ment os

O gui a pára na fileira e dá uma pist a ver bal para o aco mpanhant e.
A pessoa se ali nha (e mfileira) ao l ado do gui a e i nici a m a entrada andando de
lado. O gui a deve entrar na frent e.

A pessoa co m defi ci ência visual deve usar a mão li vre para rastrear a parte de
trás dos espal dares (encost os) das cadeiras a sua frent e.

Ao chegar aos assent os desej ados, o gui a dá uma pi st a ver bal. O aco mpanhant e
usa a part e de trás de suas per nas para fazer o contact o co m o assent o. Faz u ma
breve pesqui sa co m as mãos e se sent a.
Ao saíre m, usa m-se os mes mos pr ocedi ment os da entrada, com o gui a andando
na frent e.

SEGUNDO PASSO

Aut opr ot ecções

O uso dos seg ment os corporais (cabeça, tronco, me mbr os superi ores e
i nferi ores) como u ma forma de se pr ot eger, est abelecer rel ações posi ci onai s e
direcci onai s, fazer cont act o co m obj ect os e pessoas deve traduzir um co mpl et o
control e da pessoa cega ou co m bai xa visão sobre o seu pr ópri o cor po e seus
movi ment os. As aut opr otecções pode m ser utilizadas e m conj unt o co m outras
habili dades e sist e mas da Ori ent ação e Mobili dade como o gui a vi dent e, a
bengal a l onga, o cão- guia e as aj udas el ectróni cas.

A. Pr ot ecção Inferi or

Obj ecti vo

Per mitir que a pessoa com defi ci ênci a visual pr otej a a part e front al e i nferior do
tronco, det ect ando obj ectos ao ní vel dos ór gãos genit ais e da ci nt ura.

Pr ocedi ment os

A pessoa col oca o braço à


frent e do cor po co m a mão na
li nha médi a ( mei o do corpo).

O dorso da mão fi ca voltado


para frent e. A mão deve ficar
di st ant e do cor po o sufi cient e
para se ant eci par as pontas dos
pés durant e a marcha.

B. Pr ot eção Superi or

Obj ecti vo

Per mitir que a pessoa com defi ci ênci a visual pr otej a a part e superi or do seu
cor po, det ect ando obj ectos posi ci onados ao ní vel do t órax e do rost o.

Pr ocedi ment os

A pessoa fl exi ona o braço ao ní vel


do ombr o, mant endo- o paral el o ao
chão. Fl exi ona o cot ovelo mant endo
o dorso da mão volt ada para frent e.
As pont as dos dedos e a mã o dão
pr ot ecção ao ombr o opost o. O
ant ebraço dá pr ot eção ao rost o e
t órax.
À se mel hança da pr ot ecção i nferi or,
a mão deve est ar dist ant e do cor po o
sufi ci ent e para se ant eci par as pont as
dos pés durant e a marcha.

C. Rastrea ment o co m a mã o

Obj ecti vo
Per mitir que a pessoa mant enha sua orient ação de for ma segura, através de u m
cont act o const ant e co m ele ment os do mei o; facilitar a manut enção da marcha
na direção desej ada; l ocalizar um obj ect o específico e det er mi nado.
Pr ocedi ment os

A pessoa posi ci ona-se


paral el a ment e e próxi ma ao
obj ect o a ser rastreado (linha-
gui a - superfí ci e que i ndica uma
direção a seguir: parede,
corri mão, bal cão, móvei s, et c.).

Rastrei a co m o dorso da mã o (de


preferênci a apenas co m o dedo
mí ni mo e anul ar) a li nha-gui a.
Os dedos deve m est ar semi -
flecti dos e rel axados.

Nova ment e, a mão deve est ar


di st anci ada de for ma a se
ant eci par a pont a dos pés
durant e a marcha.

O rastrea ment o pode ser usado


e m conj unt o com a pr ot ecção
i nferi or e superi or, dependendo
da sit uação e do a mbi ente.

D. Enquadra ment o e Toma da de Direção

Obj ecti vo
Per mitir que a pessoa com defi ci ênci a visual possa est abel ecer uma li nha de
mar cha rect a ou orient ada.
Pr ocedi ment os

A pessoa encost a a parte de trás do seu


cor po nu m obj ect o si gnificati vo no a mbi ent e
(enquadra ment o).
Dessa posi ção, a pessoa pr oj ect a uma li nha
rect a de ca mi nhada est abel eci da a partir da
li nha médi a do seu cor po e per pendi cul ar ao
obj ect o usado para o enquadra ment o
(t omada de direcção).

O enquadra ment o ai nda pode ser feit o com a pont a dos pés ou cal canhares e
u m degrau, ou co m os ombr os, quadril ou a lat eral das per nas e m u m obj ect o
(ali nha ment o paral el o).

E. Locali zação de obj ectos

Obj ecti vo
Per mitir uma busca sist emáti ca de obj ect os, com segurança, efi ci ênci a e
adequação.

Obj ect os Caí dos

Pr ocedi ment os:


A pessoa pára l ogo que o obj ect o cai, procurando ouvir onde cai u.
Pel a l ocali zação do som, a pessoa volt a-se de frente para essa direcção.
Ca mi nha para o pont o onde j ul ga encontrar o obj ect o.
Agacha-se enquant o assume a posi ção de pr ot ecção superi or.
Ini ci a o pr ocesso de busca sist e máti ca e mpr egando movi ment os circul ares
(leque), verticais e hori zont ais (grade) a partir do mei o do cor po, rastreando a
área co m o dorso dos dedos.

Obj ect os sobre móvei s (mesas, bal cões, prat el eiras, et c.):

Pr ocedi ment os
Est ando a pessoa de frente para o móvel,
e m pé ou sent ada, movi me nt a as duas
mã os co m o dorso volt ado para frent e,
at é cont act ar a bor da do móvel.

A partir do pont o cont actado e usando a


li nha médi a co mo referênci a, a pessoa
passa a apli car um model o de busca
(leque ou grade).

Tri ncos, maçanet as e puxadores (de port as, janel as, et c.):
Pr ocedi ment os
A pessoa se posi ci ona de frent e com a
port a, janel a ou port ão e movi ment a
a mbas as mãos co m o dorso volt ado
para frent e, at é t ocar no obj ect o a ser
pesqui sado. Deve ser usada a li nha
mé di a co mo referênci a.

Uma vez cont act ado o object o, a


pessoa faz o desli ze das mã os
hori zont al ment e à direit a e à esquer da
at é encontrar os bat ent es.

Caso a pessoa não t enha l ocali zado o


tri nco, maçanet a ou puxador com o
pr ocedi ment o ant eri or, bast a
aco mpanhar os bat ent es ou mol duras
e m movi ment os de desli ze vertical das
mã os.

F. Técni ca para o Cu mpr i ment o

Obj ecti vo
Pr oporci onar à pessoa com defi ci ênci a visual uma for ma efi ci ent e e
soci al ment e adequada para cu mpri ment ar outras pessoas.

Cu mpri ment ar pessoas vident es - Pr ocedi ment os

A pessoa co m defi ci ência visual, ao cha mar ou ser cha mada por outra pessoa a
que m desej a cu mpri ment ar, posi ci ona-se de frent e para el a.

Est ende a mão no gest o usual de cu mpri ment o e aguar da a i ni ci ati va por parte
da pessoa vi dent e e m segurar a sua mão.
Cu mpri ment ar pessoas co m defi ci ênci a visual - Procedi ment os

A pessoa co m defi ci ência visual ao cha mar ou ser cha mada por outra pessoa
co m defi ci ênci a visual a que m desej a cu mpri ment ar, posi ci ona-se de frent e
para el a.
A pri meira deve cruzar o braço direit o e m di agonal à frent e do seu cor po. A
partir dessa posi ção, el a vai desl ocando o braço co m o dorso da mão volt ado
para frent e at é t ocar a outra pessoa, procedendo ao cumpri ment o.

G. Fa mili ari zação

Obj ecti vos


Per mitir à pessoa co m defici ênci a visual se fa miliari zar sist e mati ca ment e, de
for ma segura e efi ci ent e, co m a mbi ent es di versos.

Mét odo do Perí metro - Procedi ment os


A pessoa est abel ece um pont o
de parti da (preferenci al ment e a
port a pri nci pal de acesso ao
a mbi ent e).

A pessoa faz o enquadrame nt o


paral el o à li nha da parede ou
obj ect o (li nha- gui a),
escol hendo ar bitrari a mente o
lado.

Ini ci a o rastrea ment o da li nha-


gui a circundando t odo o
a mbi ent e no seu perímet ro at é
ret or nar ao pont o de partida.
Em conj unt o co m o
rastrea ment o, deve ser usada a
pr ot eção superi or.

Co mpl et ando o pri meiro


cont or no, a pessoa pode fazer o
rastrea ment o e m senti do
contrári o.
O nú mer o de repeti ções para o
cont or no dependerá do
a mbi ent e, da sit uação e das
necessi dades i ndi vi duai s.

Mét odo dos Cr uza ment os - Pr ocedi ment os


Após o mét odo do perí metro, a
pessoa utiliza o mes mo pont o de
parti da j á est abel eci do, faz o
enquadra ment o co m as cost as e
cr uza para o l ado opost o.

Dur ant e est e cruza ment o e m


li nha ret a, a pessoa deve usar as
pr ot eções i nferi or e superi or.

At i ngi ndo o l ado opost o, a pessoa


faz uma pequena expl oração do
l ocal.

Faz novo enquadra ment o de


cost as e procede ao cruzame nt o
de ret or no ao pont o de parti da.
Di versos cruza ment os deve m ser
feit os usando os el e ment os
present es no a mbi ent e (outras
port as, janel as, móvei s, etc.).

Vari ações
Os mét odos de
fa mili ari zação pode m ser
apli cados co m
aco mpanha ment o de um
gui a vi dent e, que
confir mará as
i nfor mações.

Afa mili ari zação


ta mbé m pode, e e m
muit as sit uações deve, ser
feit a com a utilização da
bengal a l onga, o que
garantirá mai or pr ot eção
para a pessoa.

Obser vação

É i mport ant e dar oport uni dade de muit as vi vênci as utilizando os pri ncí pi os da
fa mili ari zação. É o mo ment o de t er cont act o direct o co m grande vari edade de
obj ect os, el e ment os e a mbi ent es. O mo ment o t a mbé m é ri quí ssi mo para
conhecer de for ma práti ca sit uações apenas ver balizadas. Be mtrabal hada, a
fa mili ari zação aj uda a desenvol ver as condi ções int el ect uais, mot oras, sociai s e
e moci onai s, levando a pessoa com defi ci ênci a visual a buscar uma atit ude
positi va volt ada para a i ndependênci a.

TERCEI RO PASSO - Bengal a Longa

À se mel hança das aut oprot ecções, o uso da bengala l onga t a mbé m é um
sist e ma da Ori ent ação e Mobili dade no qual a pessoa com defi ci ênci a visual
depende apenas de si mes ma para se desl ocar pel o a mbi ent e. A bengal a l onga é
u m si mpl es bast ão que, mes mo co mt odo o avanço t ecnol ógi co, ai nda se traduz
co mo o mai s efi ci ent e i nstrument o para dar i ndependênci a à mobili dade de
pessoas cegas ou co m baixa visão. A bengal a funciona co mo u ma ext ensão
táctil-ci nest ési ca para trans mitir à pessoa uma ri queza de i nf or mações tal e qual
el a teri a se ca mi nhasse passando a mão no sol o. É possí vel desenvol ver a
percepção para det ect ar desní veis, buracos e outros obst ácul os ao ní vel do
chão. A bengal a ta mbé m será um ant epar o efi ci ente para possí veis choques
contra obj ect os e pessoas que se encontre m na li nha de ca mi nhada da pessoa
co m defi ci ênci a visual. A bengal a l onga pode ser usada e m conj unt o co m
outras for mas de mobili dade, ou sej a, com o gui a vi dent e, com as
aut opr ot ecções, com o cão- gui a e com as aj udas electróni cas.

HABI LI DADES COM A BENGALA LONGA

Fi nali dade
Habilitar a pessoa co m defi ci ênci a visual para l oco mover-se co m segurança,
efi ci ênci a e i ndependência, tant o e m a mbi ent es fami li ares como desconheci dos,
utilizando-se da bengal a l onga.

A. Vi vênci a Pré- Bengal a

Obj ecti vo
Pr oporci onar à pessoa com defi ci ênci a visual di versas experi ênci as
preli mi nares que facilitarão a efeti va e efi ci ent e mani pul ação da bengal a l onga,
be m co mo a co mpr eensão de seu uso.

Acti vi dades Pr opost as


No caso de cri anças, pode mos oferecer uma grande vari edade de vi vênci as,
usando bri nquedos de e mpurrar à frent e do cor po, tais como carri nhos de
boneca, mi ni carri nhos de super mercados, bast ão co m pati nho, bast ão com
rodi nha, carri nho co m gui do m e hast es para e mpurrar, banqui nhos e
cadeiri nhas, raquet ão feito de ba mbol ê, espada retrátil de pl ástico, bengali nhas
de pl ástico co m buzi na na pont a, et c.

Quant o ao j ove m e adulto, vi vênci as de l oco moção usando carri nhos de feira,
de super mer cados, de bebé, desl oca ment os e mpurrando uma cadeira ou
carri nho de chá, o uso de ut ensíli os do mésti cos como vassoura e rodo, et c.
Consi derações e obser vações gerais

O uso desses bri nquedos, equi pa ment os e ut ensíli os aj udará na or gani zação e
atit ude post ural, usando a li nha médi a do cor po como referênci a.
O equilí bri o e a marcha serão benefi ci ados e m decorrênci a do apoi o e da
presença de um ant epar o à frent e do cor po, oferecendo segurança e
au ment ando a confi ança para os desl oca ment os.
A presença do obj ect o à frent e do cor po preparará a pessoa para o au ment o do
espaço ocupado pel o seu cor po j unt o com a bengala. Ist o favorecerá a
aqui si ção e manut enção das rel ações posi ci onai s, quando esti ver usando a
bengal a no fut ur o.
Haverá o estí mul o à consci ênci a e percepção t áctil-ci nest ési ca, ao
reconheci ment o do que se t oca através do obj ect o, à audi ção através dos sons
pr oduzi dos pel o obj ect o no piso e no t ocar e m outros el e ment os present es no
a mbi ent e.
A coor denação mot ora será trabal hada de for ma dinâ mi ca por mei o dos
movi ment os l oco mot ores, não-l oco mot ores e mani pul ati vos.

B. Conheci ment o e Mani pul ação da Bengal a

Obj ecti vo
Per mitir que a pessoa com defi ci ênci a visual conheça det al hada ment e a bengal a
l onga, suas part es, os vári os model os, be m co mo a mani pul e com os vári os
ti pos de preensão, expl orando t odas as possi bili dades de movi ment ação.
Pr ocedi ment os
A pessoa deve t er oport uni dade para expl orar di versos ti pos e model os de
bengal a (i nt eiriça, dobrável, tel escópi cas; de al umí ni o, de fi bra-de- vi dr o; co m
cabos de borracha, de pl ásti co, de madeira; com pont eira de borracha, de
pl ásti co, de nyl on, com rol a ment o; bengal as de fabri cação naci onal e
i mport adas). A pessoa deve ser esti mul ada e orientada a usar t odas as for mas
possí veis para segurar e ma ni pul ar a bengal a.

C. Col ocações da Bengala Longa

Obj ecti vo
Per mitir que a pessoa com defi ci ênci a visual col oque a bengal a e m posi ções de
fácil acesso e manej o, não i nt erferi ndo co m outras pessoas e com o a mbi ente de
for ma i nadequada.
Pr ocedi ment os

Em a mbi ent es conheci dos, a


pessoa deve escol her um
cant o j unt o às paredes ou
móvei s para encost ar a
bengal a e m posi ção di agonal.
Se a bengal a ti ver el ástico no
cabo ou o mes mo for
recur vado, pode-se pendurar
a bengal a e m cabi des ou
suport es apr opri ados, se
present es no a mbi ent e.

Quando a pessoa esti ver e m


pé, a bengal a pode ser
col ocada vertical ment e na
li nha médi a do cor po.

Se a pessoa esti ver sent ada, a


bengal a pode ser col ocada
entre as per nas, e m di agonal e
recost ada e m u m dos ombr os.

Caso a pessoa vá de mor ar


mai s te mpo ou queira ficar
co m as mãos li vres, pode
col ocar a bengal a apoi ada no
chão, sob o assent o, e m
posi ção paral el a ou
transversal aos seus pés.

D. Andando co m u m Gui a

Obj ecti vo
Per mitir que uma pessoa co m defi ci ênci a visual utilize a bengal a mes mo
aco mpanhada por um gui a, se mi nt erferir na movi me nt ação, garanti ndo mai or
pr ot ecção e capt ação de inf or mações durant e os desl oca ment os.
Pr ocedi ment os

A pessoa e o gui a assume m a


posi ção bási ca de gui a vident e.

A pessoa posi ci ona a bengal a e m


di agonal à frent e do cor po.

Nas passagens por port as, nas


trocas de lado e nas escadas, a
pessoa deve aprender a segurar a
bengal a j unt a ment e com o braço
do gui a e usar dos mes mos
pr ocedi ment os já descritos para
essas sit uações.

E. Varredura

Obj ecti vo
Pr oporci onar à pessoa com defi ci ênci a visual uma expl oração i medi at a e
co mpl et a do sol o na área pr óxi ma ao seu cor po.
Pr ocedi ment os
Det er mi nada a direcção a seguir, a pessoa posi ci ona a bengal a na li nha médi a
do seu cor po, na vertical, com a pont eira pr óxi ma às pont as dos seus pés. A
pessoa desli za a bengal a à sua frent e nu ma li nha rect a. A bengal a é recuada ao
pont o de parti da, descrevendo se mi círcul os concêntri cos, procedendo à
varredura.

F. Técni ca Di agonal

Obj ecti vo
Pr oporci onar à pessoa com defi ci ênci a visual ca mi nhar co mi ndependênci a e m
a mbi ent es i nt ernos e fa miliares, com al gu m grau de pr ot ecção.

Pr ocedi ment os
A bengal a é segura na
j unção entre o cabo e o
cor po. O dorso da mão fica
volt ado para ci ma. O
pol egar fica apoi ado no
cor po da bengal a e diri gido
para a pont eira.
O braço deve est ar flectido
à frent e do cor po. Mant ém-
se o cot ovel o e o pul so
est endi dos no
pr ol onga ment o do braço.

A bengal a é col ocada e m


di agonal na frent e do corpo
e oblí qua e mrel ação ao
pi so. Co m essa posi ção a
extre mi dade do cabo
ultrapassa a li nha do ombro
no l ado que segura a
bengal a; a extre mi dade da
pont eira deve ultrapassar a
li nha do ombr o opost o.

Dependendo do ti po de
pi so e de a mbi ent e, pode-se
apoi ar a pont eira no chão e
conduzir a bengal a e m
desli ze, ou mant ê-l a
suspensa (não mai s do que
três centí metros) e t ocar a
pont eira no chão a cada três
ou quatro passos.

G. Rastrea ment o co m a Técni ca Di agonal

Obj eti vos


Per mitir que a pessoa com defi ci ênci a visual mantenha sua orient ação, por
mei o de um cont act o const ant e da bengal a co m ele ment os do a mbi ent e.
Facilitar para que a pessoa mant enha sua marcha na li nha de direcção desejada.
Per mitir que a pessoa l ocali ze um obj ect o específico e det er mi nado co m a
bengal a.
Pr ocedi ment os
A pessoa se posi ci ona de frent e para a li nha de direcção desej ada,
paral el a ment e e pert o do obj ect o a ser rastreado, segurando a bengal a na mão
opost a ao obj ect o.
Co m a bengal a na técni ca di agonal a pessoa pode:
a) dei xar a pont eira t ocar leve ment e o obj ect o;
b) t ocar leve ment e o ponto de conver gênci a do object o co m o sol o (por
exe mpl o, o rodapé).

H. Det ecção e Expl oração de obj ect os

Obj ecti vo
Per mitir que a pessoa com defi ci ênci a visual obt enha i nf or mações seguras
sobre obj ect os encontrados durant e sua ca mi nhada, favorecendo a sua
segurança e ori ent ação.
Pr ocedi ment os
Ao t ocar o obj ect o, a pessoa col oca a bengal a na posi ção vertical contra o
obj ect o cont act ado. Mant endo a bengal a na verti cal, a pessoa desli za a mão
li vre através do cor po da bengal a at é t ocar no obj ect o. A pessoa pr ossegue na
expl oração do obj ect o, usando as técni cas apr opri adas de busca (grade ou
leque).

I. Port as

Obj ecti vo
Per mitir à pessoa co m defici ênci a visual passar por port as de for ma
i ndependent e e segura usando a bengal a.
Pr ocedi ment os
Ao det ect ar uma port a, a pessoa deve mant er o cont act o e col ocar a bengala na
verti cal.
A bengal a deve ser movi me nt ada l at eral ment e para a direita e esquer da at é
t ocar nos bat ent es e/ ou no tri nco.
A pessoa desli za a mão livre pel a bengal a at é encontrar o tri nco. Abre a porta e
pr ocede à passage m, adotando a técni ca di agonal co m a outra mão.
Após a passage m, a pessoa solt a ou fecha a port a ma nual ment e e e mpr ega a
técni ca de bengal a mai s apr opri ada.

J. Subir Escadas

Obj ecti vo
Per mitir que a pessoa com defi ci ênci a visual suba escadas utilizando a bengal a
co m segurança, efi ci ência e i ndependênci a.
Pr ocedi ment os
A pessoa l ocali za a escada apoi ando a pont eira no pri meiro degrau. A partir
daí, faz o conheci ment o ini ci al da escada usando a varredura (alt ura, largura,
regul ari dade dos degraus, et c.).
Ini ci a a subi da se mpr e mant endo a bengal a um ou dois degraus à sua frent e.
A pessoa deve escol her a for ma co mo segurar a bengal a e o posi ci ona ment o da
mes ma a fi m de garantir pr ot ecção e efi ci ênci a (em di agonal, na vertical).
At i ngi ndo o fi nal da escada, a pessoa deve pr oceder à varredura e adopt ar a
técni ca mai s apr opri ada para dar conti nui dade à ca mi nhada.

K. Descer Escadas

Obj ecti vo
Per mitir que a pessoa com defi ci ênci a visual desça escadas utilizando a bengal a
de for ma segura, efi ci ente e i ndependent e.
Pr ocedi ment os
A pessoa l ocali za a escada, det ect ando o pri meiro degrau. Da mes ma for ma que
na subi da, faz o conhecime nt o das caract erísticas da escada usando a bengal a
e m varredura.
Ini ci a a desci da adopt ando a bengal a na posi ção diagonal. Dependendo da sua
confi ança e das caract erísti cas da escada, a pessoa poderá ser mai s ou menos
det al hist a na expl oração de cada degrau e na for ma co mo fará a desci da
(varredura a cada degrau, pont eira e m desli ze ou suspensa, pés alternados em
cada degrau, et c.).
At i ngi ndo o fi nal da escada, a pessoa deve pr oceder à varredura e adot ar a
técni ca mai s apr opri ada para dar conti nui dade à ca mi nhada.

L. Técni ca de Toque

Obj ecti vo
Per mitir que a pessoa com defi ci ênci a visual det ect e diferenças de ní veis e
obj ect os que se encontrem no pl ano do sol o à li nha da ci nt ura, e m a mbi entes
i nt ernos e ext ernos, fa miliares ou desconheci dos.

Pr ocedi ment os

A pessoa segura a bengala pel o cabo


de maneira que se for me u m anel entre
o dedo pol egar e o dedo mé di o.

O dedo i ndi cador, e m extensão, fica


apoi ado na part e lat eral e i nferi or do
cabo.

A pessoa deve consi derar a bengal a


co mo u m pr ol onga ment o do seu dedo
i ndi cador.

A mão fi ca centrada co m a li nha médi a


do cor po e afast ado do mes mo, nu m
pont o e m que a co mbi nação me mbr o
superi or - bengal a for me u ma li nha
rect a.

O dorso da mão fi ca voltado para fora.


A movi ment ação da
bengal a é det er mi nada pela
acção do punho.

Ut ili zando os movi ment os


do punho, a bengal a é
desl oca- da para um pont o
de con-t act o co m o sol o a
três cen-tí metros,
apr oxi mada ment e, al é m de
cada ombr o.

A pont eira da bengal a des-


creverá um arco à frent e, de
modo que o pont o médi o
desse arco será coi nci dente
co m a li nha médi a do corpo
da pessoa.

No desl ocar a bengal a de


u m l ado para o outro, a
pont eira deve fi car rent e ao
sol o (no máxi mo, três
centí metros de el evação).

A pessoa ao ca mi nhar deve


desl ocar a bengal a se mpre
para o lado opost o do pé
e m movi ment o.

Deve ser est abel eci do um


rit mo si ncr oni zado entre o
t oque da pont eira e o apoi o
do cal canhar no l ado
opost o.

M. Técni ca de Desli ze
Obj ecti vo
Per mitir que a pessoa com defi ci ênci a visual explore det al hada ment e o solo na
sua frent e, det ect ando com mai s precisão diferenças de ní veis e text uras do
chão, obj ect os e áreas com muit as vari ações per pendi cul ares à sua li nha de
ca mi nhada, e m a mbi ent es i nt ernos e ext ernos, fami li ares ou desconheci dos.

Pr ocedi ment os

A f or ma de segurar a
bengal a e o posi ci ona ment o
e m rel ação ao cor po são os
mes mos ant eri or ment e
descrit os na técni ca de
t oque.

A pessoa, utilizando
si mil ar ment e os
pr ocedi ment os da técni ca de
t oque, mant é m a pont eira da
bengal a e m cont act o
per manent e co m o sol o,
desli zando-a para a mbos os
lados, efect uando o arco de
pr ot ecção e m const ant e
varredura.

N. Rastrea ment o co m a Técni ca de Toque ou Deslize

Obj ecti vos


- Per mitir à pessoa co m defi ci ênci a visual l ocali zar um obj ect o específi co e
det er mi nado co m a bengal a.
- Facilitar para que a pessoa mant enha sua marcha na li nha de direcção
desej ada.
- Mant er cont act o co m o a mbi ent e, favorecendo a ori ent ação.
Pr ocedi ment os
A pessoa se posi ci ona de frent e para a li nha de direcção desej ada,
paral el a ment e e pert o do obj ect o a ser rastreado. A bengal a é manti da na
posi ção correct a da t écnica de t oque.
Ca mi nhando co m mai s caut el a, a pessoa modifi ca a técni ca de t oque bási ca,
alt ernando o cont act o com o chão e o obj ect o que est á sendo rastreado. Deve
ma nt er o desl oca ment o da bengal a se mpr e para o lado opost o ao pé e m
movi ment o. O mes mo procedi ment o pode ser usado co m a t écni ca de deslize.

O. Adapt ação da Técni ca de Desli ze com as pont eiras roll er (rol a ment o)

Obj ecti vo
Per mitir que a pessoa com defi ci ênci a visual explore det al hada ment e o solo na
sua frent e, det ect ando com muit o mai s precisão diferenças de ní veis e text uras
do chão, obj ect os e áreas co m muit as vari ações perpendi cul ares à sua li nha de
ca mi nhada, e m a mbi ent es i nt ernos e ext ernos, fami li ares ou desconheci dos. O
uso da pont eira co m r ol ame nt o i mpede que a bengal a se enr osque nas e mendas,
reentrânci as, pequenos buracos e fal has da cal çada, i nt erferi ndo no
desenvol vi ment o da marcha.

Pr ocedi ment os
A f or ma de segurar a bengal a e o posi ci ona ment o e m rel ação ao cor po são os
mes mos ant eri or ment e descrit os na t écni ca de t oque. A pessoa, utilizando
si mil ar ment e os pr ocedime nt os da técni ca de t oque, mant é m a pont eira da
bengal a e m cont act o perma nent e co m o sol o, rol ando-a para a mbos os lados,
efect uando o arco de pr otecção e m const ant e varredura.
MAI S ALGUMAS PERGUNTAS

1. Em que i dade as cri anças co m defi ci ênci a visual deve m co meçar a trabal har
a Ori ent ação e Mobili dade?
Le mbr a mos que os conceit os da Ori ent ação e Mobili dade est ão present es na
vi da de t odos, a t odo mome nt o. Port ant o, consi dera mos que a Ori ent ação e a
Mobili dade i ni ci a m-se no col o da mãe, no berço, ou sej a, o mai s cedo possí vel,
tão l ogo se i dentifi que a defi ci ênci a visual. Al gumas das condut as e
pr ocedi ment os já deve m est ar present es nos pr ogra mas de i nt ervenção precoce.
Nos pr ogra mas de educação especi al soma m- se novas t écni cas e, nat ural ment e,
pr ocedi ment os mai s sofisticados vão sendo i ncor porados à medi da que a
cri ança se desenvol ve.

2. Qual a i dade i deal para a i ntrodução da bengal a na vi da da cri ança?


É u ma per gunt a difícil de responder. Va mos l e mbrar uma vel ha e boa frase:
cada caso é um caso. Cada cri ança t e m os seus i nt eresses, suas necessi dades,
seu rit mo e sua hist óri a. Deve mos respeit á-l a. A sugest ão é a mes ma da
respost a ant eri or. Quant o mai s cedo mel hor. As vivênci as pré- bengal a devem
ser trabal hadas tão l ogo a cri ança adquira marcha independent e se m apoi o. A
partir do mo ment o que ela consegue segurar e mant er a bengal a à frent e do
cor po, i ntroduze m-se mani pul ações se mel hant es as técni cas di agonal,
varredura e desli ze.

3. E se a cri ança não qui ser usar a bengal a? Se el a ti ver preconceit o contra a
bengal a?
Uma vez avali ada e confir mada a necessi dade do uso da bengal a para a
segurança da cri ança, deve-se trabal har para que el a co mpr eenda e se
consci enci ali ze da i mportânci a dessa utilização. Quant o ao preconceit o, el e não
nasce espont anea ment e co m a cri ança. Deve-se trabal har o mei o e m que el a
vi ve, mas respeit ar o mome nt o e as decisões fa mi liares.

4. Pessoas com vi são reduzi da deve m usar a bengal a?


Depende. Nova ment e l embr a mos o respeit o à i ndi vi duali dade. Após uma
avali ação bast ant e criteriosa, defi nire mos j unt o com a pessoa e com a fa mília a
necessi dade ou não do uso da bengal a. Geral ment e são obser vadas as condi ções
do uso da visão para perceber o ti po de cal çada, o uso do ca mpo visual para
evit ar esbarrar e m obj ectos e pessoas, a l oco moção nas vari ações de
l umi nosi dade, as condi ções de segurança na travessi a de ruas e no uso dos
transport es col ecti vos.

5. Co mo cal cul ar o co mpri ment o da bengal a para cada pessoa?


O co mpri ment o da bengala depende de al guns factores co mo a est at ura da
pessoa, ti po físi co, largura dos passos, segurança e te mpo de reacção ao t ocar
e m obst ácul os. Ini ci al ment e, usa-se a medi da t omada co m a pessoa e m pé,
nu ma li nha verti cal do sol o at é a extre mi dade i nferi or do osso est erno (boca-
do-est ômago).

6. Co mo esti mul ar a pessoa co m defi ci ênci a visual a utilizar t odos os seus


senti dos de uma for ma i ntegrada, col aborando com a sua Ori ent ação e
Mobili dade?
Não é difícil, mas requer muit o trei no e práti ca. Pode ser consegui do por mei o
de j ogos e acti vi dades recreati vas o que t orna o aprendi zado muit o mai s
prazeiroso.

7. Co mo esti mul ar a pessoa a fazer uso da visão resi dual para sua Ori ent ação e
Mobili dade?
Deve mos i ni ci ar e m a mbient es i nt ernos onde podemos control ar mel hor os
estí mul os. O pont o de parti da é a obser vação do seu pr ópri o cor po e dos seus
movi ment os (obser vação direct a e através de espel hos). Depoi s, obser var as
outras pessoas e seus movi ment os. A seguir, a pessoa com bai xa visão deve ser
ori ent ada para aprender a:

 l ocali zar abert uras através de font es de l uz e sombra;


 seguir e m direcção a uma font e de l uz ou aco mpanhá-l a;
 l ocali zar tri ncos de port as, puxadores de j anel as, etc.;
 l ocali zar port as abert as e fechadas;
 di scri mi nar entre o escuro e cl aro e m a mbi ent es di versos;
 l ocali zar móvei s e pesquisá-l os visual ment e;
 l ocali zar obj ect os sobre os móvei s;
 l ocali zar obj ect os no chão;
 entrar e sair de di versos ti pos de a mbi ent es, com vari ação de il umi nação
e de pisos;
 utilizar li nhas gui as visual ment e (contrast es no rodapé, mei o-fi o,
paredes, et c.);
 i dentificar e utilizar as pist as e pont os de referência visuais nos
a mbi ent es.
Os a mbi ent es ext ernos são ri quí ssi mos e m estí mul os nat urais para o trei no do
uso da visão resi dual. Deve mos facilitar para que a pessoa aprenda de for ma
práti ca:

os conceit os de ruas, quadras, quart eirões, mapas, traçados, rot as


específi cas;
a ver post es, árvores, chafari zes, cai xas de correi o, tel efones
públi cos, sombr as e diferenças no cal cet a ment o;
a aco mpanhar a li nha de edifi cação, a i dentifi car as abert uras nessa
li nha, as esqui nas, o mei o-fi o, a sarj et a, os bueiros e bocas- de-l obo, os
diferent es ti pos de casas e edifí ci os;
a pesqui sar os ti pos diferent es de veí cul os (est aci onados do mes mo
lado da rua e ta mbé m do outro l ado; e m movi ment o);
a fazer a passage m por aut o- post os;
a i dentifi car est abel ecime nt os co mer ci ais di versos;
a fazer travessi a de ruas (utilização de esqui nas, mei o- de- quadra,
veí cul os est aci onados, semáf or os, passadeiras, passagens subt errâneas);
a ler nú mer os de casas (sist e ma de nu mer ação ext er no da ci dade);
a ler pl acas de l oj as, placas de ruas e de pr opaganda;
a ler nú mer os e letreiros de aut ocarro;
a i dentifi car e usar si nais de trânsit o;
a usar transport e col ecti vo e i ndi vi dual;
a ca mi nhar e m cal çadas co mi nt enso tráfego de pedestres;
a usar escadas rol ant es, el evadores, port as giratóri as e port as
aut omáti cas;
a usar os mai s di versos est abel eci ment os (co merci ais, fi nanceiros,
públi cos, shoppi ng-cent ers, et c.);
a l ocali zar, i dentificar e fazer uso de pi st as e pont os de referênci a de
dentro de um veí cul o e m movi ment o.
Val e le mbr ar que muitas pessoas pode m fazer essas acti vi dades
usando recursos ópti cos especi ais como as t el el upas.

8. Co mo esti mul ar a pessoa a fazer uso da audi ção para sua Ori ent ação e
Mobili dade?

A pessoa co m defi ci ência visual deve aprender a:

 ori ent ar-se e m casa pel os sons co muns;


 i dentificar di versos sons e m vari ados a mbi ent es;
 posi ci onar-se e mrel ação a uma font e sonora específica (de frent e, de
cost as, com o l ado direito/ esquer do);
 ca mi nhar (de di versas formas) de encontro a uma font e sonora;
 ca mi nhar paral el o a font e sonora;
 i dentificar pessoas pel as vozes;
 ca mi nhar por corredores que apresent a m ocasi onal ment e abert uras;
 escut ar paredes, abert uras, port as, janel as, esqui nas, est abel eci ment os
co mer ci ais, et c.;
 usar de j ogos de i mit ação, adi vi nhações, dra mati zações;
 usar discos, fitas casset es e CDs co m repr odução de vari ados sons.

9. Co mo esti mul ar a pessoa a utilizar o senti do t átil-ci nest ési co para sua
Ori ent ação e Mobili dade?

Uma grande vari edade de exercí ci os, j ogos e vi vênci as pode m ser reali zados
pel a pessoa com defi ci ênci a visual para o apri mora ment o do t act o e da
ci nest esi a:

 for mar a Arca do Tesouro ou Cai xa de Sur presa (cai xa co m u ma grande


vari edade de obj ect os para sere m mani pul ados, com vari edades de
cores, text uras, peso, ta manho, for ma, te mperat ura, consist ênci a);
 construir e manusear mapas t át eis, maquet es, model os esque mati zados,
mi ni at uras, et c.;
 ma nusear ani mai s e mpal hados;
 expl orar cartazes e cart ões cont endo fi guras com for mas e cont or nos
vari ados;
 ma ni pul ar teci dos, papéi s, papel ão, li xas, et c. com vari ados ti pos de
text ura;
 ma ni pul ar bar bant es, cadarços, li nhas, cor di nhas, cor das, el ásticos e
reali zar exercí ci os de nós, laçadas, et c.;
 ma nusear roupas i dentificando o l ado direit o e o avesso, eti quet as,
part es de uma peça de roupa; model ar com massa (caseira, comer ci al),
ar gil a, barro, et c.;
 j ogos di versos: de mont ar, encai xar, seri ar, comparar, et c. Uso de
fi guras geo métri cas bi dime nsi onai s, tri di mensi onai s, pesos diferent es,
boli nhas, palit os, feij ões, pedri nhas, conchas, et c.
 ca mi nhar de di versas formas est ando cal çado, de mei as, descal ço, nos
mai s vari ados ti pos de piso (cal ça ment o, asfalt o, terra, arei a, gra ma,
mat o, barro, pedriscos, pedregul hos, madeira, fol has secas e úmi das,
et c.). Ca mi nhar aco mpanhando li nhas- gui as tátil-ci nest ési cas no piso;
ca mi nhar e m pi sos i ncli nados, ca mi nhar descrevendo fi guras
geo métri cas, volt ar ao pont o de parti da, et c.;
 expl orar sit uações e m que sej a m soli cit adas as percepções t ér mi cas, a
i dentificação de font es de cal or, fri o, brisa, vent o;
 usar j ogos que exi ge m a percepção t átil-ci nest ési ca: adi vi nhação de
obj ect os leve ment e t ocados, pesca na arei a (e, se possí vel, e m sit uação
real), j ogos de bol a expl orando a coor denação mot ora;
 bri ncar e m cai xa de arei a, pl ay- gr ound, par ques, hort as, et c.;
 andar de bi ci cl et a, pati ns, pati net e, carri nho de pedal, trici cl o, skat e,
carri nho de rol e mã, per na- de- pau, ta mancão-col eti vo, pedali nho, barco
a re mo, andar a caval o, etc.;
 expl orar t odas as possi bili dades de movi ment os bási cos: rast ej ar,
engati nhar, escorregar, andar, correr, pul ar, saltar, rol ar, trepar, puxar,
e mpurrar, bal ançar, agachar-se, esti car-se, cur var-se, cont orcer-se, fazer
preensões);
 parti ci par de acti vi dades físi cas, esporti vas e recreati vas.

10. Co mo esti mul ar a pessoa com defi ci ênci a visual a utilizar o olfact o na
Ori ent ação e Mobili dade?

O senti do do olfact o deve ser desenvol vi do, podendo auxiliar na Ori ent ação e
Mobili dade da pessoa com defi ci ênci a visual. Aidentificação, discri mi nação,
i nt erpret ação e l ocali zação de odores pode m f or necer pist as no mei o a mbi ent e,
facilitando a l ocali zação de est abel eci ment os co merci ais, e al ert ar para
sit uações de risco (cheiro de gás, gasoli na, fumaça, quei mado), et c. O
trei na ment o do olfact o pode ser feit o por mei o de exercí ci os co m u ma Cai xa de
Ar o mas (cai xa co m vári os frascos cont endo di versas essênci as aromáti cas) e
co m o máxi mo de apr oveita ment o dos cheiros i dentificávei s nos a mbi ent es (os
odores e m casa, na escola, no trabal ho, na feira livre, super mercados, jardins,
et c.). É preciso control ar o excesso de estí mul os e o t e mpo de aco modação para
não sat urar a percepção olfati va das pessoas.

I mport ant e
Os pr ocedi ment os apresent ados deve m ser consi derados co mo model os que
pr oporci ona m o máxi mo de pr ot eção à pessoa co m defi ci ênci a visual, se
segui dos corret a ment e na sit uação e a mbi ent e apr opri ados. Às vezes, são
necessári as modifi cações visando at ender às necessi dades i ndi vi duai s.

Val e ressalt ar que t odas essas vi vênci as deve mt er si gnifi cado real para a
pessoa. Não deve m ser execut adas apenas de forma repetiti va ou repr odut i va,
mas co m u ma perspecti va de construção e transf or mação.

Est a mos encerrando essa nossa pri meira ca mi nhada j unt os. Desej o que el a
tenha si do satisfat ória como t e m si do boa part e das ca mi nhadas que faço t odos
os di as co m as cri anças, os j ovens e os adult os com defi ci ênci a visual. També m
é meu desej o que muit as outras ca mi nhadas satisfat óri as possa m ser reali zadas
por você que t e m a defi ciênci a visual, ou por você que convi ve co m al gué m
que t enha a defi ci ênci a visual. Às vezes são ca mi nhadas l ongas e difíceis, mas
a mai ori a del as possí veis de sere mreali zadas at é os pr óxi mos passos,

João Ál var o de Mor aes Feli ppe

LARAMARA - Associ ação Br asil eira de Assist ênci a ao Defi ci ent e Vi sual

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