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A Comunicação é uma daquelas atividades humanas que muitos tentam definir, e por isso o conceito de
Comunicação não é único. Se a Comunicação é falarmos uns com os outros, é divulgar informação, é a moda, é
o penteado de uma tribo, então podemos dizer que tudo é Comunicação?
Se a comunicação é tudo, fica difícil falar de maneira científica e específica sobre algo tão diverso. Mais
do que isso, é realmente complicado definir qual o objeto de estudo da comunicação, ou seja, o que ela
deve estudar enquanto ciência.
Por isso, dizemos que a comunicação não é uma ciência com um único enfoque, mas sim uma
área de estudos multidisciplinar, que busca seus modelos teóricos ou paradigmas em diversas outras ciências,
de acordo com o assunto a ser pesquisado.
A Comunicação é, portanto, um fenômeno que pode ser entendido a partir de várias abordagens ou
paradigmas, com base nos pensamentos da Sociologia, Psicologia e das Ciências Exatas, por exemplo. É disso
que se ocupa a disciplina Teorias da Comunicação, que muitos profissionais de jornalismo, publicidade,
relações públicas, por exemplo, cursaram na faculdade.
Além de apresentar as linhas gerais de como os meios de comunicação evoluíram até aqui, o objetivo
dessa disciplina geralmente é discutir quais são os modelos teóricos utilizados para compreender problemas de
comunicação ao longo dos tempos, especialmente durante o século XX - quando a comunicação de massa
ganhou força em todo o mundo - até os dias de hoje, quando vivemos a era da comunicação digital.
Mas antes de estudarmos as teorias da comunicação propriamente ditas, vamos fazer um breve resumo
da história dos meios de comunicação, história essa que pode ser dividida nas seguintes etapas:
1. Símbolos e sinais
A primeira das etapas na evolução da comunicação humana foi a era dos símbolos e sinais. Os pré-
humanos, ou hominídios, ainda na pré-história, se comunicavam como os outros mamíferos, com gestos
resultantes de instintos herdados. O comportamento adquirido através da comunicação (cultura) era mínimo.
À medida que o cérebro especializava seu funcionamento e aumentava de tamanho, os gestos e sons
instintivos perderam espaço para outros gestos, sons e sinais padronizados, ou seja, convencionados e
compartilhados, possibilitando assim o início de uma vida social bem estruturada através da troca de
informação. Entretanto, essa comunicação primitiva por meio de sinais compartilhados ainda não poderia ser
chamada de linguagem, porque os conjuntos de sinais eram bastante rudimentares, e as regras que os
organizavam bastante superficiais.
A Era da Fala e da Linguagem só teria início há 55 mil anos, quando as primeiras linguagens
(orais, gestuais, visuais) atingiriam seu pleno desenvolvimento, juntamente com o corpo humano e o aparelho
fonador.
2. Escrita
A Era da Escrita, posteriormente, acontece há 5 mil anos, entre os sumérios e egípcios no antigo
Crescente Fértil da Mesopotâmia – região entre os rios Tigre e Eufrates onde hoje existem a Turquia, o Iraque,
o Irã e o Egito. Os manuscritos mais antigos foram encontrados na cidade de Uruk, e por isso receberam o
nome de Tábulas de Uruk. Eram feitas de argila – matéria prima abundante na região – e gravadas com sinais
fonéticos, que reproduziam sons, e pictográficos, que utilizavam figuras como unidades de significação. A forma
de retirar a argila para escrever – em cunha – deu a essa escrita o nome de cuneiforme. As Tábulas de Uruk
foram ao mesmo tempo um avanço na história da comunicação – pois serviam de suporte (mídia) para a escrita
– como também foram a origem do questionamento sobre a necessidade de mídias portáteis, cada vez mais
leves e duráveis, que possibilitassem um intercâmbio ágil entre as sociedades, além de conseguir vencer as
barreiras do tempo e do espaço para perpetuar a cultura de todos os povos.
Depois da argila, um outro suporte bastante importante na história da comunicação foi o papiro, no
Antigo Egito. Feito das fibras entrelaçadas do papiro – planta abundante nas margens do Nilo – e bem mais leve
que as tábuas, era gravado pelos escribas com hieróglifos, tipo de escrita simbólica que também utilizava
imagens.
Já na Idade Média, o pergaminho era utilizado pelos monges copistas para reproduzir livros sagrados,
que ficavam em poder da Igreja Católica. Inventado na cidade italiana de Pérgamo (por isso o nome), o
pergaminho era feito a partir do couro curtido de cabras, tendo imenso valor financeiro e religioso.
O papel, inventado pelos chineses no século V, começou a substituir os pergaminhos durante o século
VIII, difundido pela Europa quando os mouros, que já utilizavam o papel chinês, ocuparam a Espanha. A
introdução do papel dinamizou imensamente a comunicação na época, possibilitando, inclusive, o advento de
uma nova era: a da imprensa.
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3. Imprensa
A Era da Imprensa tem início bastante definido: em 1455, na cidade alemã de Mainz, quando Johannes
Gutenberg imprimiu uma pequena Bíblia com tipos (caracteres) móveis, feitos em chumbo. O invento surgiu da
adaptação de tipos de barro e madeira, já utilizados pelos chineses para imprimir em pequena escala.
A invenção da imprensa revolucionou a maneira pela qual desenvolvemos e preservamos nossa cultura.
Foi um marco também do surgimento da comunicação em padrões empresariais, abrindo espaço para a era da
Comunicação de Massa.
4. Comunicação de Massa
Com o desenvolvimento da impressão de massa no século XIX, o ritmo da comunicação humana
tornou-se cada vez mais intenso. Na virada do milênio, em quase 50 anos, foram inventados o cinema, a
fotografia, o rádio, o telégrafo e o telefone. No início do século XX, o rádio e o cinema ganham espaço como os
mais importantes meios de massa. No final da década de 50, é o momento de a televisão ganhar os lares de todo
o mundo, trazendo em seu rastro novas tecnologias, como as emissoras a cabo e o videocassete, por exemplo.
5. Era da Informação
A Era da Informação ganhou força a partir da década de 70, com a popularização de algumas invenções
como as redes de computadores, a fibra ótica e os microprocessadores. Na década de 80, os computadores
pessoais dão início a uma verdadeira revolução, que seria sentida drasticamente anos mais tarde.
De acordo com Manuel Castells, o novo mundo que vemos neste início de milênio é resultado de três
fatores: revolução da tecnologia da informação, crise econômica do capitalismo e o apogeu de
movimentos sociais e culturais, tais como o feminismo e o ambientalismo.
A nova estrutura social dominante, a sociedade em rede, dá origem a uma nova economia, a economia
da informação ou global. Surge também uma nova cultura, a cultura da virtualidade real. A tecnologia da
informação trabalha para a expansão da comunicação e da cultura, e domina a vida social e econômica.
Módulo II
O início das pesquisas em Comunicação
Neste módulo vamos abordar de que maneira os novos fenômenos de comunicação que marcaram o início do século XX foram
determinantes para o surgimento das pesquisas em comunicação.
A herança positivista
Os primeiros estudos sobre a comunicação de massa acontecem nos Estados Unidos, no começo do
Século XX. São pesquisas basicamente instrumentais, e surgem a partir da necessidade política do governo
norte-americano em classificar e quantificar o comportamento dos indivíduos expostos a peças de
propaganda, como cartazes e filmes.
Tanto interesse tinha um motivo específico: entender como seria possível repassar aos cidadãos a
importância do patriotismo e do nacionalismo, e assim motivá-los para o propósito da guerra.
Pesquisadores como Lasswell, Lazarsfeld, Lewin e Hovland foram os precursores, segundo Mauro Wolf,
da Communication Research, que pode ser conceituada como um conjunto de abordagens sobre a comunicação de
massa (Teoria Hipodérmica, Abordagem Empírico-experimental, Abordagem Empírica de Campo e Teoria Funcionalista)
elaboradas no início do século XX em centros de pesquisa dos Estados Unidos.
Tais estudos tinham em comum métodos que buscavam resultados objetivos - herança positivista - já
que utilizavam procedimentos das ciências naturais da época para tentar medir os efeitos da
comunicação. A Communication Research é baseada num modelo de pesquisa administrativa, que verifica a
aplicação que o sujeito faz do conhecimento, partindo da premissa de que o conhecimento só tem valor se
tiver aplicação ou função. Para os pesquisadores dessa corrente, a economia, e por conseguinte, os meios de
comunicação, não são contra a cultura, mas se integram à cultura e ajudam a produzí-la.
Daí a analogia feita por Umberto Eco de que a Communication Research é integrada, e que a Escola de
Frankfurt, na Alemanha e outras teorias de cunho crítico são apocalípticas, ou seja, tais pensadores
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defendem que os meios de comunicação de massa causam prejuízo à sociedade e que a economia destrói a
cultura. Passemos agora ao estudo das quatro teorias que compõem o grupo da Communication Research:
1. A Teoria Hipodérmica
A importância da Teoria Hipodérmica se deve ao fato de ter sido a primeira tentativa, embora falha, de
conceituar o papel da comunicação numa sociedade de massa.
É uma abordagem global dos mass media. Isso quer dizer que não leva em conta a diversidade e
especificidade de cada mídia, nem os diferentes impactos que cada uma delas poderia causar na percepção e nas
formas de cognição humanas. A preocupação central desta abordagem teórica é descrever, e não verificar
empiricamente, os efeitos da mídia.
1.1Contexto histórico da Teoria Hipodérmica
A Teoria Hipodérmica começa a se estruturar durante a I Guerra Mundial e é utilizada como modelo
para explicar fenômenos comunicativos até a Segunda Grande Guerra, não só nos Estados Unidos,
como também na Europa.
Os pensamentos sobre os efeitos da propaganda ganham força a partir da década de 20, época em que
emergem os mass media e especialmente a sociedade de consumo norte-americana.
O conceito de comunicação ainda não era corrente, mas sim o da difusão, uma vez que o feedback1 do
público para a mídia não era medido ou considerado: o papel dos meios era divulgar informações para a
manipulação, enquanto indivíduos passivos eram vistos apenas como receptores.
O rádio era o meio mais popular, utilizado como inoculador de propaganda e entretenimento para
grandes audiências, que eram tratadas de modo indistinto, não segmentado.
O cinema também tinha função estratégica para os governantes, que levavam às salas de projeção as
conquistas militares, as paradas em datas comemorativas, até instruções sobre como promover a purificação da
raça na Alemanha nazista de Adolf Hitler.
Os meios de comunicação de massa eram considerados uma espécie de sistema de distribuição que
injetava mensagens com uma agulha muito comprida, que poderia alcançar todas as camadas do tecido social,
da mais superficial (instituições) até a mais profunda (sentidos humanos), daí o nome Teoria Hipodérmica.
Diante desse contexto histórico - em que os Estados totalitários emergiam em todo o mundo, enquanto os meios
de comunicação sofriam controle e serviam como ferramentas de dominação - os pesquisadores da Teoria
Hipodérmica foram induzidos pelas evidências a pensar que as mensagens causavam efeitos inevitáveis e
instantâneos.
Por causa disso, a teoria também foi chamada de Bullet Theory, ou Teoria da Bala Mágica, cujo
alvo fácil era sempre a audiência. Vale lembrar que os efeitos da mídia foram apenas dados como certos
pelos estudiosos dessa corrente, pois não houve pesquisas empíricas que de fato comprovassem esses
efeitos.
1.2 Algumas premissas da Teoria Hipodérmica
As mensagens dos mass media são recebidas de maneira homogênea pelos membros da audiência.
Com o capitalismo industrial, o enfraquecimento dos laços tradicionais entre os indivíduos contribuiu
para o isolamento e a alienação desse indivíduos nas massas.
A atomização, a fragmentação e o isolamento do indivíduo nas sociedades modernas, que começam a
ser formar no século XIX, favorecem a manipulação desse indivíduo pelos mass media e a formação das
massas. A sociedade de massa é composta por indivíduos isolados (atomizados) e fragilizados e,
portanto, diretamente manipuláveis pela mídia.
A Sociologia Funcionalista - que enxerga a sociedade como um organismo, e o indivíduo como célula
que deve colaborar para o equilíbrio social – teve grande influência sobre a Teoria Hipodérmica.
As mensagens dos mass media atuam como estímulos a determinados comportamentos; provocam
impulsos, emoções e processos sobre os quais os indivíduos exercem escasso controle.
A teoria considerava "cada elemento do público pessoal e diretamente atingido pela mensagem" (Wright,
1975 apud Wolf).
É a teoria da propaganda, sobre a propaganda.
A Sociedade de massa é resultado da industrialização, da revolução dos transportes e do comércio, da
difusão de valores abstratos de igualdade e de liberdade que interpretados incorretamente, acabaram por
nivelar os indivíduos e tratá-los de modo indiferenciado.
1.3 Modelo comunicativo da Teoria Hipodérmica
Além da influência direta da sociologia funcionalista da época, a Teoria Hipodérmica se utiliza do
modelo teórico da psicologia behaviorista (comportamental) que estuda o comportamento humano com
métodos e experimentações das ciências biológicas.
1
Em português: retroalimentação, ou retorno.
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Segundo o behaviorismo, o estímulo provoca a resposta, e a relação entre eles é direta. Ou seja, para
cada estímulo (informação veiculada), sempre a mesma resposta; presume-se que não haja interferência alguma
entre emissor e receptor - um age diretamente sobre o outro.
Na Comunicação, podemos interpretar a aplicação deste modelo da seguinte forma: o contexto é de total
controle da mídia, e tanto líderes políticos, como a ciência a serviço do poder, difundem a idéia de que não há
capacidade entre os indivíduos capacidade de filtrar a informação recebida. Assim, as informações veiculadas
(estímulo – propaganda) deveriam gerar sempre as mesmas respostas (comportamento massificado). A
superficialidade deste modelo está em não considerar nenhum tipo de obstáculo entre estímulo e resposta (como
os ruídos, por exemplo) e simplesmente descartar a possibilidade de um estímulo (E1) gerar diferentes respostas
(R1, R2, R3...).
1.4 O modelo de Lasswell e a superação da Teoria Hipodérmica
Harold Lasswell era investigador nas áreas de política e ciências sociais. Ele se tornou um dos
principais nomes da Communication Research e especificamente da Teoria Hipodérmica, com o texto Propaganda
technique in world war2 (1927), em que desenvolve o conceito de propaganda.
Para Lasswell, a propaganda era a técnica de influenciar a ação humana através da manipulação
das representações, como símbolos, por meio de rumores, relatos, imagens e outras formas de
comunicação social.
Seriam quatro os objetivos da propaganda:
mobilizar o ódio contra o inimigo, por meio de histórias de grande atrocidade
manter a amizade dos aliados
preservar a amizade e procurar a cooperação dos que se mantêm neutros
desmoralizar o inimigo.
Lasswell analisou particularmente a campanha governamental que fez alterar a opinião pública americana de
uma posição anti-guerra para uma de pró-guerra e contra a Alemanha (I Guerra Mundial). Como conclusão, ele
afirmou que a propaganda havia sido essencial para gerar o apoio das massas ao governo.
Por ter realizado um estudo sistemático e rigoroso de conteúdos ( e não de efeitos) da propaganda de
guerra, Harold Lasswell pode ser considerado pai da análise de conteúdo na Comunicação da Massa. É
também considerado o fundador da Communication Research, porque foi o primeiro autor que escreveu
sobre um tema da mídia, e não apenas sobre o processo de comunicação, que já era estudado em outras
ciências, como a psicologia e a biologia.
Em 1948, Lasswell publica um modelo de comunicação no artigo The Structure and Function of
Communication in Society3 Esse modelo foi criado a partir das análises feitas sobre o conteúdo das propagandas, e
continha as seguintes premissas:
“Uma forma adequada para desenvolver um ato de comunicação é responder às seguintes perguntas:
QUEM
DIZ O QUÊ
A QUEM
POR QUE CANAL (OU A QUE CANAL, OU ATRAVÉS DE QUE MEIO)
COM QUE EFEITO” (Lasswell, 1948)
CANAL
QUEM Meio A QUEM
Fonte Mídia Destinatário
Emissor Receptor
ESTÍMULO O QUÊ EFEITO
Mensagem Resposta
A “falha” de Lasswell em sua obra foi acreditar que o simples estudo dos conteúdos, ou técnicas de
elaboração da propaganda, era um modo de revelar sua eficácia. A atenção do modelo e dos estudos do autor
recai sobre a emissão e a mensagem, enquanto a audiência é apenas dividida em classes genéricas, como idade e
sexo, e não é analisada em profundidade (ausência de estudos de recepção).
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Em português: Técnica de propaganda na Guerra Mundial.
3
Em português: A estrutura e a função da Comunicação na sociedade
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No seu esquema de comunicação, também não estava presente o contexto ou ambiente de
comunicação. Os estudos posteriores mostraram que o meio pode ser determinante para se conseguir o
efeito desejado.
Podemos dizer que o modelo de Lasswell representa ao mesmo tempo uma sistematização do
pensamento da teoria hipodérmica e da comunicação da época, e também a sua superação, pois se
mostrou eficiente apenas quando aplicado ao processo de propaganda, exagerando seus efeitos. A superação da
Teoria Hipodérmica deu início, portanto, a explicações mais apropriadas sobre o comportamento observável do
público produzido pelos meios de comunicação de massa.
2. 1 Abordagem Empírico-Experimental
A Abordagem Empírico-Experimental (ou da Persuasão) é o nome dado a um conjunto de estudos de
base psicológica (ainda sob forte influência behaviorista, mas já se utilizando princípios da psicologia
cognitiva) sobre campanhas eleitorais e comerciais, realizados nos Estados Unidos principalmente na década de
40, que apresentam um novo esquema comunicativo, centrando-se nos indivíduos, não mais nas massas
sociais. Desta forma, as Causas (propaganda/publicidade), só realizarão os seus Efeitos se forem
levados em consideração os Processos Psicológicos Intervenientes (interferências no processo de
comunicação que podem levar a resultados pretendidos ou não.)
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A personalidade do destinatário e a sua opinião sobre o mundo que o rodeia se configuram também a
partir dos seus grupos de referência (familiares, amigos, profissionais, religiosos). Ou seja, diferentemente da
teoria hipodérmica, que buscava meios de manipular, e da abordagem empírico-experimental, que buscava meios
de persuadir (converter opinião), a abordagem empírica de campo assume que os efeitos conseguidos pela
mídia são limitados.
3. TEORIA FUNCIONALISTA
Dando seqüência à Communication Research, veremos agora a última das quatro correntes de pesquisa que
fazem parte do grupo: a Teoria Funcionalista, ou Estrutural-Funcionalista.
Linhas Gerais
O Funcionalismo é uma corrente sociológica associada à obra de Émile Durkheim. Para ele, “cada
instituição exerce uma função específica na sociedade, e seu mau funcionamento significa um desregramento da
própria sociedade. Sua interpretação de sociedade está diretamente relacionada ao estudo do fato social, que
segundo Durkheim, apresenta características específicas: exterioridade e a coercitividade. O fato social é exterior, na
medida em que existe antes do próprio indivíduo, e coercitivo, na medida em que a sociedade impõe tais
postulados, sem o consentimento prévio do indivíduo”.
O Estrutural-funcionalismo, ou Funcionalismo Estrutural, é uma variação do funcionalismo que
ganhou força após a Segunda Guerra Mundial. A corrente nasce da fusão entre o funcionalismo tradicional e a
valorização crescente da cultura e da perspectiva dialética e crítica na análise das sociedades. Nos Estados
Unidos, Talcott Parsons, que ficou conhecido como “teórico do fordismo”, apontou a ligação entre o
funcionalismo – que dava ênfase à questão das funções sociais – e o estruturalismo – que enxergava a sociedade
como um conjunto de estruturas, cada uma com funções específicas. Segundo ele, a mídia é um órgão
importante para o funcionamento da sociedade.
De acordo com essa teoria, existem imperativos funcionais (funções básicas comuns) que todo
sistema social (e por conseguinte todas as suas estruturas, inclusive a mídia) deve enfrentar para manter o
próprio equilíbrio. São elas:
A manutenção de modelos e o controle das tensões (os modelos culturais devem ser interiorizados
na personalidade dos indivíduos);
A adaptação ao ambiente (para sobreviver, cada sistema social e os indivíduos que fazem parte deste
sistema devem adaptar-se ao seu ambiente onde eles se estruturam);
A perseguição de objetivos (o sistema social tende a alcançar seus objetivos com esforços de caráter
cooperativo);
A integração (as partes que compõem o sistema devem estar interligadas).
Todas essas funções, segundo Robert Merton, podem ser manifestas ou evidentes(reconhecidas,
positivadas) ou latentes (não conhecidas pela audiência, nem conscientemente desejadas).
Módulo III
A Teoria Crítica e as Teorias Críticas
Neste módulo vamos abordar a passagem da Communication Research para as Teorias Críticas da Comunicação, que apesar de
datarem do ínicio século XX, ganham força na década de 40 como oposição ao estrutural-funcionalismo norte-americano.
Inicialmente, estudaremos a primeira das teorias críticas, cujo berço é a Escola de Frankfurt, e sua variação francesa, a Teoria
Culturológica. Na segunda metade do curso, veremos a teoria crítica em estudos mais recentes, como nos Estudos Culturais e nas
críticas á Pós-Modernidade.
O esquema da Lasswell, em 1948, organizou a Communication Research em torno de dois temas centrais e de
maior duração: Análise dos efeitos e Análise dos conteúdos. Tanto a análise dos conteúdos quanto a dos
efeitos foram limitadas, já que as pesquisas administrativas de certa forma apenas confirmavam opiniões
dominantes. Um grupo de pensadores europeus vai contestar essa visão, dando origem às Teorias Críticas da
Comunicação.
As Teorias Críticas apresentam uma contestação aos métodos utilizados pelas pesquisas
administrativas. Não há bloco coeso de metodologias e objetos de análise nas Teorias Críticas; ou seja, Frankfurt
e outras escolas críticas só são consideradas “escolas” do ponto de vista ideológico (marxismo é a base
filosófica). Os principais eixos (escolas) são os seguintes:
Teoria Crítica de Frankfurt (Escola de Frankfurt) – rejeição total á apropriação dos processos de
produção da cultura pelo capitalismo / para fins de prova, considerada integrante das Teorias Clássicas
da Comunicação;
Teoria Culturológica (Escola Crítica Francesa) – reconhece a importância e a necessidade de
estudar a cultura de massa, e acredita que ela resulta de matrizes antropológicas (os mitos de cada
sociedade, por exemplo). / para fins de prova, considerada integrante das Teorias Clássicas da
Comunicação;
Teoria dos Estudos Culturais (Escola Crítica Britânica e Norte-americana) – estudam a cultura
de massa como um campo autônomo, dinâmico, que interage com os indivíduos e com a mídia. /para
fins de prova, considerada integrante das Teorias Contemporâneas da Comunicação.
Apocalípticos X Integrados
Para os teóricos críticos de Frankfurt, a cultura de massa não respeita as diferenças nacionais, e é
produzida em um sistema capitalista internacional, conduzido pelos EUA. O objetivo é uniformizar a cultura
para tirar proveito econômico (ECONOMIA X CULTURA). Os americanos, por outro lado, consideravam
essa visão etnocêntrica, pois Frankfurt supervaloriza o erudito e a tragédia. Para eles, o sistema econômico não
se opõe à cultura, mas ajuda a construí-la e é parte dela. (visão estrutural-funcionalista)
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Alguns marcos históricos da Teoria Crítica
1923 – aberto o Instituto de Pesquisa Social (Institute of Social Research), filiado á Universidade de
Frankfurt.
1930 - Max Horkheimer assume a direção do Instituto.
1933 – o Instituto (Escola de Frankfurt) é fechado pelo Estado Nazista, que considera suas atividades
hostis e subversivas. Os principais integrantes da Escola emigram para os Estados Unidos. (Walter
Benjamim comete suicídio durante a II Guerra, na Espanha).
1940 - Nos Estados Unidos é recriado o Institute of Social Research.
1950 - O Instituto é reaberto na Alemanha.
Alguns Teóricos de Frankfurt
Theodor Adorno, Max Horkheimer, Walter Benjamin: Grupo de intelectuais marxistas não-
ortodoxos, que na década de 20 permaneceram à margem do marxismo-leninismo, e posteriormente propuseram
um movimento de revisão do marxismo. (discussão acadêmica sobre o projeto marxista). Com uma ideologia
neo-marxista, fizeram crítica aos movimentos operários da Alemanha na década de 30.
O método marxista de interpretação da história se soma á filosofia da cultura, à ética, à psicossociologia e à
psicologia do profundo (junção de Marx e Freud para análise da sociedade).
Algumas obras
A dialética do esclarecimento (1947), Adorno e Horkheimer: Apresentam reflexões sobre a
transformação do progresso cultural “no seu contrário”, a partir da análise dos fenômenos sociais,
típicos da sociedade norte-americana, entre os anos 30 e 40.
A obra de arte na era da reprodutibilidade técnica (1937), Walter Benjamin: Reflete sobre a
relação arte e tecnologia na modernidade, a redefinição do conceito de arte e sua função social.
Eros e civilização (1955) e O Homem Unidimensional (1964), Herbert Marcuse: Crítica da cultura
burguesa, influência nos movimentos estudantis de contestação do establishment (anos 60), na Europa
e nos Estados Unidos.
Propostas Gerais
Os frankfurtianos elaboram uma teoria crítica das sociedades da época, que sofriam, segundo eles, as
conseqüências do “capitalismo aliado à técnica”, e seus impactos na vida dos indivíduos. Analisam o
sistema da economia de mercado, abordando questões como: desemprego, crises econômicas,
terrorismo, anti-semitismo, condição global das massas, mercantilização da cultura.
Propõem o enfretamento de temáticas novas através da análise de fenômenos e do comportamento
coletivo nas sociedades capitalistas industrializadas. Segundo eles, em nome da racionalização, (ou de
uma falsa apologia à razão), os processos sociais são dominados pela ótica da ciência aliada à técnica
(crítica ao positivismo), considerada como racionalidade da dominação da natureza para fins
lucrativos.
Denunciam a separação e oposição do indivíduo em relação à sociedade, e criticam a dominação dos
indivíduos nos Estados capitalista e fascista. Apontam o positivismo como estratégia de manutenção e
reprodução do status quo, e defendem a verdadeira atividade reflexiva como saída para a reorganização
racional da sociedade.
Entretanto, não apresentam soluções práticas para os impasses engendrados pelo capitalismo
aliado à industrialização, o que acaba reforçando a Teoria Crítica de Frankfurt mais como
modelo filosófico do que instrumental-metodológico.
Apontam os meios de comunicação como agentes da barbárie cultural, veículos propagadores da
ideologia das classes dominantes, imposta às classes subalternas pela persuasão ou manipulação.
Consideram as pesquisas setorializadas, e os mass media instrumentos de manutenção do sistema,
através da reprodução de modelos e valores sociais.
O choque de culturas e o surgimento da “Indústria Cultural”
Fugindo da guerra na Europa, Theodor Adorno é chamado por Paul Lazarsfeld para trabalhar no
Princeton Office of Radio Research, medindo os efeitos dos programas musicais e de outros gêneros sobre os ouvintes
(pesquisa administrativa). Lazarfeld tinha por objetivo aliar a pesquisa crítica à pesquisa administrativa para
revitalizar esta última, diante do fracasso em que resultaram as tentativas em manipular, persuadir, enfim,
controlar os destinatários.
Entretanto, a parceria durou pouco. Ao realizar tais estudos, Adorno conclui que a música havia se
transformado em “ornamento da vida cotidiana, mera felicidade fraudulenta da arte afirmativa”.
Diante dessa análise da sociedade capitalista americana da década de 40, Adorno, juntamente com Max
Horkheimer, que também havia se exilado nos EUA, propõe a substituição da expressão “cultura de massa”
(cultura produzida pela comunicação de massa), que era positiva nos EUA – segundo os americanos, era
democrática, e tinha a função de aliviar as tensões sociais (visão funcionalista) – pela expressão indústria
cultural. O termo foi utilizado por Adorno e Horkheimer no texto Dialética do Esclarecimento ou
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Dialética do Iluminismo (1947) para significar a produção e difusão de bens simbólicos em escala industrial.
Para eles, a indústria cultural era o “braço mais perverso do capitalismo”: como subsistema da sociedade
capitalista, reproduzia sua ideologia e estrutura.
Críticas à Indústria Cultural, por Adorno e Horkheimer:
“Aquilo que a Indústria Cultural oferece de continuamente novo não é mais que a representação, sob
formas diferentes, de algo sempre igual.”
“O sistema condiciona o tipo, a qualidade e a função do consumo na sociedade. A Indústria Cultural
provoca a homogeneização dos padrões de gosto.”
“A sociedade é sempre a vencedora e o indivíduo não passa de um fantoche manipulado pelas normas
sociais.”
“Os produtos da Indústria Cultural paralisam a imaginação e a espontaneidade, impedindo a atividade
mental do indivíduo.”
“A Indústria Cultural reflete o modelo do mecanismo econômico que domina o tempo de trabalho e de
lazer.”
Padrões de consumo: estereótipos e gêneros
Segundo Adorno e Horkheimer, a estratégia de dominação da indústria cultural dispõe de múltiplas
táticas. Uma delas é a estereotipia, ou seja, a padronização dos personagens em formas rígidas de
comportamento – estereótipos. No Brasil, por exemplo, ainda vemos atualmente estereótipos em novelas da
tv: a dona de casa submissa, a empregada negra, analfabeta mas sedutora, o pobre sempre bom, o rico sempre
mal... Segundo Adorno, a utilização de estereótipos facilita a compreensão dos produtos culturais, mas
por outro lado os torna superficiais e reducionistas.
Outra tática seria a divisão dos produtos culturais em gêneros, que também organizam o consumo.
Comédia, drama, aventura, terror, são exemplos de gêneros do cinema, por exemplo. O erro em utilizar essa
divisão, segundo Adorno, está em rotular as experiências, encaixando-as sob nomes que muitas vezes não
traduzem a complexidade dos conteúdos.
Conclusão
A Teoria Crítica de Frankfurt apresentou um pensamento que se opunha às pesquisas administrativas
norte-americanas da Communication Research - de caráter funcionalista -, além dar espalhar o marxismo como
modelo filosófico pelas universidades de todo o mundo. Passemos agora á Teoria Culturológica, que tem Edgar
Morin na França como herdeiro direto dos apocalípticos alemães.
TEORIA CULTUROLÓGICA
As idéias dos pensadores da Escola de Frankfurt encontraram seguidores em diversas universidades do
mundo. Na França, o pensamento crítico ganha o nome de Teoria Culturológica. Isso porque um de seus
principais autores, Edgar Morin, defende a utilização de métodos da Antropologia e Ciências Sociais
(observação participante, pesquisa etnográfica) para análise da cultura de massa.
A Teoria Culturológica, representa, assim como a Teoria Crítica de Frankfurt, uma área de debates que
também se opõe à Communication Research. Sua característica fundamental é “estudar a cultura de massa,
determinando seus elementos antropológicos mais relevantes e a relação que nela se instaure entre o
consumidor e o objeto de consumo” (WOLF).
Sendo assim, o objeto de estudos dessa corrente não são os meios de comunicação de massa nem os
efeitos que eles produzem, mas sim a definição das novas formas de cultura da sociedade contemporânea.
Obra central: Cultura de Massa no Século XX – O espírito do Tempo (Edgar Morin).
Morin afirma que a cultura de massa não tem autonomia, pois sua base depende de outros tipos
de cultura (cultura nacional, religiosa, humanística...) Ou seja, a cultura de massa não impõe a padronização
dos símbolos, mas se utiliza dos padrões que já existem nesses outros tipos de cultura.
Segundo ele, a cultura de massa, por um lado, utiliza padrões industriais, e, por outro, se pauta pelas
exigências do espectador em sentir-se único, individualizado. Esse fenômeno foi chamado por Morin de
sincretismo: “os produtos da mídia transitam entre o real e o imaginário, criando fantasias a partir de fatos reais
e transmitindo fatos reais com formato de fantasia.” (MORIN)
“Sincretismo é o termo mais adequado para exprimir a tendência a homogeneizar sob um
denominador comum a diversidade dos conteúdos” (IDEM)
Morin também inova ao utilizar o termo olimpianos para designar os membros do star system da
indústria cultural: como deuses do Olimpo, as estrelas do cinema e da televisão têm lugar diferenciado na cultura
de massa, e utilizam estruturas do imáginário social para fortalecer estereótipos.
Sem dúvida, Edgar Morin fez escola de um pensamento crítico na França. Hoje, diversos estudiosos
franceses, como Armand Mattelart, Pierre Bourdieu e Jean Baudrillard, podem ser considerados críticos da
cultura da globalização ou mundialização – termo mais utilizado na língua francesa.
Mas, para fins de concurso, Edgar Morin – num primeiro momento de sua obra – faz parte da Crítica
Francesa Clássica, enquanto os outros autores citados já são considerados contemporâneos, e serão abordados
na segunda parte deste curso.
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Um outro autor que é classificado por Mauro Wolf como culturológico, e cuja obra também se
insere nas teorias clássicas da comunicação, é Marshall McLuhan. Apesar de ser canadense, McLuhan
desenvolveu um pensamento sobre os meios a partir de uma base antropológica, associando a evolução dos
meios à evolução da própria humanidade. Vejamos agora as linhas gerais do pensamento de McLuhan.
Marshall McLuhan e a Aldeia Global
Herbert Marshall McLuhan (1911-1980), nascido no Canadá, é um dos autores do século XX que
demonstraram interesse pela comunicação em rede e o surgimento de uma cultura global, que viria a se tornar
realidade pela modernização das mídias e sua interação cada vez maior com os seres humanos. Em 1964,
McLuhan publicou Understanding Media, que, em português ganhou o título de Os meios de comunicação
como extensões do homem.
O autor divide a história da humanidade em quatro períodos ou épocas - tribal, literária, impressa e
eletrônica. Segundo ele, as invenções cruciais que mudaram a vida no planeta foram o alfabeto fonético, a
imprensa e o telégrafo.
A teoria de McLuhan é determinista tecnológica. Isso porque, segundo ele, as invenções na tecnologia
causam, invariavelmente, uma mudança cultural. Enquanto o determinismo econômico de Marx argumentava
que as mudanças nos modos de produção determinam o curso da história, McLuhan concluiria que as mudanças
específicas nos modos de comunicação moldam a existência humana.
Na Galáxia Gutenberg, McLuhan viu na invenção da imprensa a primeira revolução industrial, já que
ela promoveu a repetitividade da informação e sua adequação numa escala industrial.
McLuhan também afirma que "os meios de comunicação são extensões do homem". Assim como
se usa uma pinça para aumentar a precisão das mãos, e uma chave de fenda para girar um parafuso, os meios de
comunicação seriam, na verdade, extensões dos sentidos do homem. Os óculos, por exemplo, são extensões do
olho, a roupa é uma extensão da pele, a roda do carro é uma extensão do pé.
A Aldeia Global de McLuhan simbolizava que o progresso tecnológico estava reduzindo todo o
planeta à mesma situação que ocorre em uma aldeia, ou seja, a possibilidade de se intercomunicar diretamente
com qualquer pessoa que nela vive. A Aldeia Global seria uma decorrência das mutações provocadas pelos meios
eletrônicos, considerados por ele extensões do sistema físico e nervoso do ser humano. Essa profunda
interligação entre todas as regiões do globo originaria uma poderosa teia de dependências mútuas e, desse modo,
promoveria a solidariedade e a luta pelos mesmos ideais.
Não existe isonomia entre CONECTIVIDADE (conceito presente na Aldeia Global de
McLuhan) e INTERATIVIDADE, que prevê a troca e a ação de transformação sobre os meios, como
acontece na internet, por exemplo.
Um dos aforismos mais conhecidos de McLuhan é "o meio é a mensagem". Para ele, as mesmas palavras
ditas numa conversa, ou impressas em papel, ou apresentadas na televisão, fornecem três mensagens diferentes:
oral, escrita ou eletrônica. Ou seja: o canal primário da comunicação molda o modo como entendemos o
mundo. O meio dominante numa época domina as pessoas.
O meio é a massagem: meios quentes e meios frios
McLuhan também disse que “o meio é a massagem”, já que os sentidos humanos são tocados e
estimulados pelos meios de comunicação. A partir desta compreensão, o autor criou um sistema de classificação
de mídias, de acordo com a capacidade de estimularem mais ou menos os receptores.
Os meios quentes são canais de comunicação com alta definição e são dirigidos para qualquer
receptor. A imprensa e a fotografia são meios quentes e visuais. Elas contêm muita informação, e não exigem
um grande esforço por parte do receptor porque a informação já está fechada, muito bem codificada. Os media
frios exigem participação elevada para preencher as lacunas de entendimento ou conhecimento.
O rádio é um meio quente mas o telefone é frio, porque (o interlocutor) precisa de uma resposta. O
texto de um livro é quente. Os media frios tendem a ser intuitivos e de envolvimento emocional. McLuhan
classifica a televisão como um meio aural e tátil, muito frio. A televisão é fria porque exige participação e
envolvimento. Pode-se estar trabalhando enquanto se ouve rádio, mas não se pode fazer o mesmo quando se vê
televisão.
Algumas obras
Os meios de comunicação como extensões do homem
A Galáxia de Gutemberg
Revolução na Comunicação
O meio é a massagem
Módulo IV
Fechando as teorias clássicas: Teoria da Informação
A Teoria da Informação (Teoria Matemática da Comunicação) é uma das vertentes que estudam a Comunicação de
maneira mecanicista, ou seja, como PROCESSO DE TRANSMISSÃO DE INFORMAÇÃO. Apesar da base
funcionalista, do seu caráter sistêmico,e de ter sido desenvolvida no começo do século XX, esta corrente teórica não faz parte da
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Communication Research, que tinha como foco as técnicas de persuasão e influência pelos meios de comunicação de massa da
época. A teoria da informação foi incluída nesta primeira parte do curso porque, nas provas de concurso, também é considerada como
teoria clássica da comunicação.
Esta corrente teórica tem início na década de 40, durante a 2ª Guerra Mundial, quando os engenheiros
Claude Shannon e Waren Weaver, a serviço dos Laboratórios Bell System, dos EUA, pesquisavam uma forma de
atingir o máximo de eficiência ao utilizar canais de comunicação.
A superação dos problemas causados pelo ruído é foco central da Teoria Matemática da
Comunicação.
Em 1948, Shannon e Weaver publicam um artigo entitulado TEORIA MATEMÁTICA DA
COMUNICAÇÃO, propondo um SISTEMA GERAL DE COMUNICAÇÃO, com os elementos
necessários à transmissão de mensagens:
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