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A maior parte das pessoas que visitam galerias de arte, leem romances e poesia, vão ao teatro e ao ballet
veem cinema ou ouvem música, já perguntaram a si próprias, num momento ou noutro, o que é a arte.
Esta é a questão básica que subjaz a toda a filosofia da arte. (…)
O facto de terem emergido novas formas de arte, tais como o cinema e a fotografia, e de as galerias de
arte terem exibido coisas como um monte de tijolos ou uma pilha de caixas de cartão, forçou-nos a refletir
acerca dos limites do nosso conceito de arte. É óbvio que a arte tem tido significados diferentes em
culturas diferentes e em épocas diferentes: tem servido fins rituais e religiosos, tem servido como
diversão e tem dado corpo às crenças, medos e desejos mais importantes da cultura na qual é produzida.
Dantes, o que contava como arte parecia estar mais claramente definido. No entanto, nos finais do século
XX parece que chegámos a uma situação em que tudo e mais alguma coisa pode ser arte. Se isto é assim,
o que fará que um certo objeto - um escrito ou uma peça musical -, e não outro, seja digno de se chamar
arte?
© Areal Editores
Circularidade
O argumento a favor da teoria da forma significante parece ser circular. Parece estar apenas a dizer que a
emoção estética é produzida por uma propriedade que produz emoção estética, propriedade acerca da
qual nada mais pode dizer-se. Isto é a mesma coisa que explica: como funciona um soporífero referindo a
sua propriedade de provocar o sono. É um argumento circular porque o que se pretendia explicar é usado
na explicação. (…)
Irrefutabilidade
Outra objeção à teoria defende que esta não pode ser refutada. A teoria da forma significante pressupõe
que todas as pessoas que genuinamente desfrutam da arte sentem um único tipo de emoção quando
apreciam verdadeiras obras de arte. Contudo, isto é extremamente difícil, se não impossível, de
demonstrar.
Se alguém afirmar ter desfrutado genuinamente uma obra de arte, sem no entanto ter sentido a referida
emoção estética, Bell afirmará que essa pessoa está enganada: ou não a desfrutou genuinamente ou
então não é um crítico sensível. (…) A teoria parece, portanto, irrefutável. Muitos filósofos acreditam que
uma teoria que seja logicamente impossível de refutar, porque todas as observações possíveis a
confirmariam, não tem qualquer significado.
Analogamente, se um exemplo de algo que consideramos uma obra de arte não evoca emoção estética a
um crítico sensível, um teórico da forma significante defenderá que não se trata de uma obra de arte
genuína. Mais uma vez, não há qualquer observação possível que possa demonstrar que esse teórico não
tem razão.
N. Warburton, Elementos Básicos de Filosofia, Gradiva, 2007, pp. 218-223.
1. Por que razão defende o autor do texto que a questão da definição da arte ganhou uma
ênfase especial na contemporaneidade?
3. Identifique e explique as duas críticas apontadas no texto à teoria da arte como forma
significante de Clive Bell.
© Areal Editores