Você está na página 1de 4

UNIVERSIDADE TIRADENTES

DIREITO

DANIELA DO ESPÍRITO SANTO SOUZA

Medida de Eficiência

Emenda Constitucional nº 86/2015.

Aracaju,

novembro, 2015
Emenda Constitucional nº 86/2015.

A Emenda Constitucional de nº 86/2015 foi editada em 17 de março de 2015 e


modificou, bem como inseriu alguns parágrafos e incisos aos artigos 165 ,166 e 198 da
Constituição Federal.

O parágrafo 9º do art. 165 determina que caberá ao Congresso Nacional elaborar


uma lei complementar para dispor sobre a regulamentação ( prazos, organizações) da lei
orçamentária anual, plano plurianual e da lei de diretrizes orçamentárias, mas esta nunca
foi criada. As normas de gestão financeiras e condições para a instituição de fundos
também deverão ser elaborados através de lei complementar.

A grande inovação trazida no aludido parágrafo é a de que a lei complementar


deverá, ainda, versar sobre critérios para a execução equitativa da parcela a que se refere
a execução impositiva do orçamento. Destarte, um percentual do orçamento será de
execução obrigatória que deverá atender aos critérios de igualdade, impessoalidade e
independência a serem tratados na lei complementar. Ademais, o sobredito deve está
relacionado às emendas individuais que são aquelas em que o parlamentar poderá
apresentar sozinho.

Cabe, ainda, externar sobre os procedimentos de execução obrigatória. A lei


complementar deve tratar também sobre os impedimentos legais ou de ordem técnica,
detalhes no cumprimento de restos a pagar (pagamento de despesa fora do seu exercício)
e a limitação da programação de caráter obrigatório, a fim de evitar que o governo utilize
desse mecanismo para mitigar o efeito da parcela impositiva do orçamento.

Os parlamentares só poderão inserir no orçamento emendas individuais. A soma


das emendas individuais não poderão ultrapassar o limite de 1,2 % da receita corrente
líquida prevista no projeto encaminhado ao executivo.

A emenda constitucional supracitada também se preocupou com a destinação,


decidindo que 50% fosse designado para o serviço público da saúde, inclusive o custeio
do SUS, devendo ser computado dessa quantia, os 15% da receita corrente líquida que a
União é compelida a empregar na área de saúde. Contudo, é proibido destiná-la ao
pagamento de despesas com pessoal ou encargos sociais

Como visto alhures, o texto legal da referida emenda atrelou os recursos da União
para os programas e ações de saúde, devendo aplicar a quantia não inferior a 15% da
receita corrente líquida do respectivo exercício financeiro. Esta aplicação será gradativa
até chegar ao patamar de 15%

A impositividade da Lei orçamentária anual  O orçamento atualmente é misto,


sendo preponderantemente impositivo, vez que há uma diferenciação de 98,8%
autorizativo e 1,2% impositivo ao que concerne à receita corrente líquida do exercício
anterior realizado.

O objeto dessa execução corresponde ao que foi disposto nas emendas individuais
e poderão existir impedimentos de ordem técnica( impede a realização de empenho da
despesa). Se houver impedimento, deverão ser tomadas as seguintes medidas :

1) Justificação ao poder legislativo dos motivos pelos quais ocorrerão os


impedimentos da execução em 120 dias a contar da promulgação da lei orçamentária .

2) Poder legislativo indica remanejamento, diante de impedimento


insuperável (30 dias).

3) Poder executivo encaminha ao poder legislativo o projeto de lei acerca do


remanejamento até 30/09 ou em 30 dias do fim do prazo anterior.

4) Sem deliberação sobre o projeto de lei, o poder executivo implementa o


remanejamento por ato próprio, ou seja, por decreto (20/11 ou 30 dias do prazo anterior).

Vencido o último prazo, não havendo remanejamento, não será mais de execução
obrigatória essas despesas.

A emenda versou, ainda, sobre restos a pagar que corresponde a algo que o
governo deve pagar em um exercício futuro de quando ocorreu o empenho. Em
consonância com Constituição Federal, eles só poderão ser considerados, na programação
obrigatória, até 0,6% da receita líquida anterior efetivamente realizada.

Se uma emenda individual for destinada a outros entes federativos, irá independer
da inadimplência para execução de parcela do orçamento impositivo. Outra questão
pertinente é a de que o valor transferido não integrará a receita corrente líquida com
despesa pessoal.

Fernando Facury Scaff aborda a possibilidade de contingenciamento da emendas


e das medidas a serem adotadas do seguinte modo: “ Esta vinculação de 1,2% poderá ser
contingenciada, na forma do artigo 9oda Lei de Responsabilidade Fiscal, caso haja
ameaça do descumprimento da meta de superavit primário estabelecido no anexo de
metas fiscais da Lei de Diretrizes Orçamentárias, o que demonstra que até mesmo os
interesses eleitorais cessam quando entra em questão o pagamento dos credores públicos
(artigo 166, parágrafo 17)”.

Ao meu ver, a emenda tem um cunho positivo, vez que determina o cumprimento
das emendas individuais parlamentares pelo poder executivo e impõe um percentual
mínimo de aplicação dos recursos na área da sáude a ser cumprido pela União.
Entrementes, é salutar também criar uma norma que coaja o executivo a cumprir as leis
orçamentárias.

Referências Bibliográficas:

GENTIL, Maurício. A emenda do orçamento impositivo. Disponível em: <


http://www.infonet.com.br/mauriciomonteiro/ler.asp?id=170675>. Acesso em: 08 nov.
2015.

TOLEDO JR., Flavio Corrêa de. Orçamento parcialmente impositivo da EC


86: dificuldades com a despesa com pessoal. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 20,
n. 4330, 10 maio 2015. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/38750>. Acesso em: 10
nov. 2015.

SCAFF, Fernando Facury. Surge o orçamento impositivo à brasileira pela


Emenda Constitucional 86. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2015-mar-
24/contas-vista-surge-orcamento-impositivo-brasileira-ec-86>. Acesso em: 09 nov.
2015.

Você também pode gostar