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Atualização Caderno de Consumidor - Março 2017 PDF
Atualização Caderno de Consumidor - Março 2017 PDF
ESCLARECIMENTOS
Salientamos que as atualizações são uma cortesia, por isso são enviadas de forma
separada, indicando exatamente os pontos que foram alterados e/ou inseridos em seu caderno.
Estamos juntos!
Bons estudos!!
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PÁGINA 4 – incluímos em nosso caderno dois novos portos: NOÇÕES INTRODUTÓRIAS e O
DIRIETO DO CONSUMIDOR NA CF/88 (já constava, mas deixamos mais didático).
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
1. ORIGEM DO DIREITO DO CONSUMIDOR
Inicialmente, destaca-se que o ser humano realiza atos de consumo desde sempre, há,
inclusive, menção no Código de Hamurabi. Contudo, focaremos o estudo a partir da história mais
recente da humanidade, especialmente à época que surgiu a sociedade em consumo em massa.
Pós revolução industrial, muitas pessoas que viviam no campo migraram para as cidades
em busca de empregos, causando, consequentemente, a insuficiência de serviços públicos, bem
como o surgimento de dois grandes grupos: fornecedores (controlam os meios de produção) e os
consumidores. Estava formada a sociedade de consumo em massa, levada por técnicas eficientes
de marketing a consumir de modo impulsivo e sem reflexão.
Neste cenário, o direito privado tradicional mostrou-se ineficaz para tutelar os agentes
econômicos vulneráveis: os consumidores.
Destaca-se que o enfoque, no Brasil, é a tutela do sujeito vulnerável, por isso tutela-se o
consumidor. Na França, diferentemente, tutela-se o consumo, ou seja, o objeto.
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O DIREITO DO CONSUMIDOR E A CF/88
1. DIREITO FUNDAMENTAL
c) Garantia constitucional deste novo ramo do direito, tendo em vista a força normativa da
Constituição. Significa que nenhuma lei poderá desrespeitar a normatividade do CDC,
pois está lastreado na força normativa da Constituição, o que garante a eficácia de suas
normas.
OBS.: Para alguns, aplica-se aqui a Teoria da Proibição do Retrocesso, segundo a qual, qualquer
norma que tente diminuir ou suprimir direitos dos consumidores deve ser considerada
inconstitucional.
A CF, em seu art. 170, V, consagra o direito do consumidor como um princípio da ordem
econômica. Desta forma, o Estado poderá intervir na economia para a defesa dos consumidores.
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3. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA
Nos termos do art. 24 da CF, a competência para legislar sobre produção e consumo (inciso
V), bem como sobre responsabilidade por danos ao consumidor (inciso VIII) é concorrente entre a
União, os Estados e o DF.
A União possui competência para legislar sobre as normas gerais, ao passo que os Estados
e o DF podem legislar de forma suplementar, ou seja, com o intuito de adequar a legislação federal
às peculiaridades locais. Destaca-se que havendo inércia da União, poderá ser exercida a
competência plena, nos termos dos §§ 3º e 4º, do art. 24 da CF.
Cita-se, como exemplo, a lei municipal que obrigue agências bancárias a disponibilizarem
bebedouros ou banheiros aos clientes; lei municipal que regule o tempo de espera em filas.
4. PROTEÇÃO INFRACONSTITUCIONAL
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Em 1990, editou-se a Lei 8.078/90, Código de Defesa do Consumidor (CDC) que organizou,
sistematicamente, as normas de proteção a este sujeito especial de direitos, a partir de princípios e
regras específicos, que serão analisados ao longo do nosso Caderno Sistematizado.
OBS.: De acordo com STF e STJ, o CDC não pode ser aplicado em situações anteriores a sua
vigência. Salvo nos casos de prestações sucessivas, em que o contrato é por prazo
indeterminado, a exemplo dos contratos de plano de saúde
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PÁGINA 5 – antes de item RELAÇÃO DE CONSUMO, incluímos item sobre PRINCÍPIOS GERAIS
DO DIREITO
Para a escola jusnaturalista, os princípios gerais do direito não possuíam força de lei. Sua
aplicação era feita em caráter suplementar. Havendo lacuna, utilizavam-se os princípios, extraídos
do direito natural.
Para escola positivista, os princípios são extraídos do próprio ordenamento jurídico, mas não
possuem força normativa.
OBS.: As cláusulas gerais são disposições normativas que utilizam, no enunciado, uma linguagem
aberta, fluída ou vaga, a ser preenchida pelo magistrado quando da análise de um caso concreto.
As cláusulas gerais constituem uma moderna técnica legislativa que possibilita ao intérprete
determinar, previamente, qual a norma de conduta que deveria ter sido observada naquele caso. E,
para alcançar tal objetivo, poderá aproveitar-se de princípios positivados ou não positivados no
ordenamento jurídico, concretizando seus valores na solução dos casos concretos.
Desconhecimento, por parte do consumidor, dos seus direitos e deveres, incluindo aspectos
econômicos e contábeis.
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1.2.4. Vulnerabilidade informacional
Representa o padrão de conduta que deve ser observado por todos os fornecedores no
mercado de consumo, com base em valores éticos, de modo a respeitar as expectativas do
consumidor naquela relação jurídica.
O fundamento é constitucional, de modo implícito (art. 1º, III e art. 3º I da CF), decorrente da
dignidade da pessoa humana e da do princípio da solidariedade, e legal, de modo expresso (art. 4º,
III CDC e arts. 113, 187 e 422, CC).
CDC - Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo
o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua
dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a
melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia
das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: (...)
III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo
e compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de
desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios
nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal),
sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e
fornecedores;
CC Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-
lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou
social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
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1.3.2. Boa-fé objetiva e boa-fé subjetiva
Boa-fé subjetiva trata-se do estado anímico da pessoa, ou seja, a sua intenção ao realizar
determinado ato. Não interessa ao direito do consumidor.
a) Função interpretativa ou critério hermenêutico (CC, art. 113 e CDC, art. 4º, III)
Quando houver, por exemplo, cláusulas contratuais de interpretação dúbia, a interpretação
deve ser orientada de acordo com a boa-fé objetiva.
O descumprimento dos deveres anexos representa uma violação positiva do contrato ou,
ainda, um adimplemento ruim do contrato.
CDC Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais
relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: (...)
IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem
o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a
boa-fé ou a equidade;
CC Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-
lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou
social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
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1.4. PRINCÍPIO DO EQUILÍBRIO
CDC - Art. 4º, III - harmonização dos interesses dos participantes das
relações de consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a
necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a
viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da
Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações
entre consumidores e fornecedores;
Deve haver um equilíbrio na relação jurídica entre consumidor e fornecedor, tanto no plano
material quanto no pano processual pelo CDC. O equilíbrio no plano material seria, por exemplo, o
estabelecimento da responsabilidade objetiva por dano ao consumidor. No plano processual, a
inversão do ônus da prova visa equilibrar a relação consumerista.
Traduz a ideia de que o Estado deve intervir nas relações de consumo para defender os
interesses dos consumidores.
Em todas as fases da relação de consumo deve haver transparência, mesmo após a fase
contratual. É o que se dá com quando o produto apresenta defeito e o fornecedor realiza o recall.
CDC Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo
o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua
dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a
melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia
das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:
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Traduz a ideia de que o fornecedor deve respeitar as legitimas expectativas do consumidor
na relação de consumo, tanto as expectativas relacionadas ao conteúdo do contrato quanto as
expectativas relacionadas ao bem de consumo.
Boa parte da doutrina defende que este princípio também se aplique ao direito do
consumidor, sendo extraído de normas constitucionais e CDC (previsão da defesa do consumidor,
defesa da vida, saúde e segurança do consumidor). Sempre que houver risco cientifico crível,
alguma providência deve ser adotada.
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Difere-se do princípio da prevenção, pois este visa prevenir dano certo, muito provável. No
princípio da precaução, o dano não é provável, mas é possível.
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PÁGINA 11 – Reformulamos e ampliamos o item que tratava sobre o DIREITOS BÁSICOS DO
CONSUMIDOR, razão pela qual recomendamos a substituição pelo disposto abaixo.
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além dos direitos previstos no CDC, todo direito do consumidor, que esteja expressa em outra
espécie normativa vai ser inserido no sistema consumerista.
Educação formal é a inserida no currículo básico das escolas, com o intuito de formar um
consumidor mais consciente.
Informações sobre o bem de consumo devem ser adequadas e claras. A ofensa a esse
direito vem sendo admitida como razão para condenação por dano moral.
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1.7. DIREITO À PROTEÇÃO CONTRA PRÁTICAS E CLÁUSULAS ABUSIVAS (IV)
PÁGINA 18 – Reformulamos o item que tratava sobre o diálogo das fontes, razão pela qual
recomendamos a substituição pelo disposto abaixo.
É uma técnica utilizada para solucionar princípios de interesses. Por ser uma norma
principiológica, os princípios do direito do consumidor alcançam as relações consumeristas em todo
o ordenamento jurídico.
Para melhor entendimento, o Professor usa o exemplo de uma laranja afirmando que por
ser uma norma principiológica, o CDC faz um corte transversal na laranja, alcançando todos os seus
gomos. Desta forma, será aplicado aos planos de saúde, às relações hoteleiras, às mensalidades
escolares, ao transporte de passageiros, enfim todos os ramos da atividade econômica.
Há leis setoriais, as quais regulam cada atividade econômica. Haverá, com isso, uma relação
de convivência entre o CDC e estas leis. Consequentemente, há casos em que pode ocorrer um
conflito aparente de normas.
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6.2. CRITÉRIO ATUAL
Como visto acima, o diálogo das fontes é um novo critério de solução de conflitos entre
normas. Por este critério, as duas leis serão aplicadas uma em caráter principal e a outra de forma
complementar/subsidiária.
OBS.: O CDC será sempre aplicado em caráter primário e as outras normas serão aplicadas
subsidiariamente, desde que compatíveis com a principiologia do CDC.
Identifica-se três espécies de diálogos entre o CDC e o CC (Cláudia Lima Marques), a seguir
analisaremos cada um deles.
Consiste no aproveitamento da base conceitual de uma lei pela outra. Conceitos gerais do
CC (pessoa jurídica, nulidades, provas, contratos) podem ser aproveitados na aplicação do CDC,
que deles não se ocupou.
Por exemplo, o CDC, em seu art. 42, parágrafo único, dispõe que o consumidor cobrado em
quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em
excesso. Porém, não estabelece o prazo para o consumidor buscar a satisfação dessa pretensão
em juízo. Nesse caso, como não há norma específica a reger a hipótese, aplica-se,
complementarmente, o prazo prescricional de dez anos, estabelecido pela regra geral do Código
Civil de 2002 (art. 205).
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PÁGINA 20 – antes da análise item VÍCIO DO PRODUTO, incluímos alguns tópicos, a fim de que
o estudo da RESPONSABILIDADE CIVIL fique mais completo.
INTRODUÇÃO
Inicialmente, destaca-se que este tema é de suma importância para concursos públicos, eis
que é sempre objeto de cobrança em provas.
Em outras palavras, quem exerce uma atividade no mercado de consumo, dela obtendo
vantagem econômica, tem o dever de responder pelos eventuais vícios ou defeitos dos produtos ou
serviços fornecidos, independentemente de culpa.
JUSTIÇA DISTRIBUTIVA
A teoria do risco da atividade é a única capaz de trazer e promover a justiça distributiva nas
relações de consumo. A partir do momento em que há transferência para o fornecedor dos riscos
da atividade, ele pode, por meio dos mecanismos de preço, diluir os riscos por toda a sociedade.
SISTEMÁTICA DO CDC
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Regimes de
responsabilidade
civil
Responsabilidade Responsabilidade
pelo fato do produto pelo vício do
e do serviço produto e do serviço
TEORIA DA QUALIDADE
QUALIDADE-SEGURANÇA
Significa que os produtos não podem oferecer riscos à saúde, integridade física e psíquica
do consumidor.
Apenas os produtos seguros podem ser colocados no mercado de consumo pelo fornecedor.
Por fim, produtos ou serviços que não possuem qualidade-segurança são considerados com
DEFEITO.
QUALIDADE-ADEQUAÇÃO
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Trata-se de VÍCIO do produto ou do serviço, quando ausente.
A Teoria da Qualidade, conforme se observa no Resp. 967.623/RJ, já foi adotada pelo STJ,
para definir o regime de responsabilidade civil, bem como para diferenciar defeito de vício. Vejamos:
Como visto acima, a distinção entre defeito e vício relaciona-se à Teoria da Qualidade.
DEFEITO VÍCIO
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PÁGINA 30 – incluímos dois itens ao tema SERVIÇO PÚBLICO.
Natureza da remuneração
2º Corrente – entende que SOMENTE quando o serviço público for remunerado por meio de
tarifa ou preço público haverá a incidência do CDC. É a posição do STJ.
SERVIÇOS NOTARIAIS
Atualmente, o STJ possui precedente afastando a aplicação do CDC aos serviços notariais.
Como argumento, afirma que como o STF entende que as custas e emolumentos possuem natureza
administrativa-tributária não há como ser reconhecida uma relação de consumo, pois no lugar de
consumidor há contribuinte, bem como não há como considerar que os cartórios de notas e registros
sejam fornecedores, eis que seus serviços não integram o mercado de consumo.
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