Você está na página 1de 40

© Copyright 2016, vLex. Todos los Derechos Reservados. Copia exclusivamente para uso personal.

Se prohíbe su distribución o reproducción.

Direito Penal

Heráclito Antônio Mossin/Júlio César O.G. Mossin - Advogado criminalista -


Professor de Direito Processual Penal e Direito Penal da UNAERP - UNIRP - FAAP -
Membro da Academia Brasileira de Direito Criminal (ABDECRIM) e Academia
Ribeirãopretana de Letras Jurídicas/Advogado criminalista - Curso sobre a reforma
pontual do Código de Processo Penal, ministrado pela Escola Superior da Advocacia
(ESA)...
Autor: Heráclito Antônio Mossin/Júlio César O.G. Mossin
Ocupação do Autor: Advogado criminalista - Professor de Direito Processual Penal
e Direito Penal da UNAERP - UNIRP - FAAP - Membro da Academia Brasileira de
Direito Criminal (ABDECRIM) e Academia Ribeirãopretana de Letras
Jurídicas/Advogado criminalista - Curso sobre a reforma pontual do Código de
Processo Penal, ministrado pela Escola Superior da Advocacia (ESA)...
Páginas: 233-257
Id. vLex: VLEX-694902481
Link: http://vlex.com/vid/direito-penal-694902481

Texto
© Copyright 2016, vLex. Todos los Derechos Reservados. Copia exclusivamente para uso personal.
Se prohíbe su distribución o reproducción.

Contenidos
• 6. 1 Conflito ou concurso aparente de normas.
• 6. 2 Prazo penal e sua contagem.
• 6. 3 Relação de causalidade.
• 6. 4 Consumação e tentativa.
• 6. 5 Crime impossível (Tentativa inidônea).
• 6. 6 Erro em matéria penal.
• 6. 7 Desistência voluntária.
• 6. 8 Arrependimento eficaz.
• 6. 9 Arrependimento posterior.
• 6. 10 Excludentes de antijuridicidade.
• 6. 11 Excludente de culpabilidade.
• 6. 12 Concurso em matéria criminal.
• 6. 13 Das penas.
• 6. 14 Suspensão condicional da pena (SURSIS).
• 6. 15 Reabilitação.
• 6. 16 Prescrição criminal.
• 6. 17 Dolo e culpa.
• 6. 18 Direito penal do inimigo (Feindstrafrecht).
• 6. 19 Teoria do domínio dos fatos.
• 6. 20 Súmulas direito penal.

Page 233

6. 1 Conflito ou concurso aparente de normas


Tipicidade: A matéria está vinculada à tipicidade.
Inteligência: Com relação ao um mesmo fato típico, supostamente podem ser
aplicadas normas diferentes, da mesma ou de diversas leis penais.
Pressupostos: (a) unidade do fato típico; (b) a pluralidade de normas, que
aparentemente, podem ser aplicadas ao mesmo fato delituoso.
Solução: Como não pode ser admitir o bis in idem, o conflito pode ser solucionado
pelos seguintes princípios: especialidade; subsidiariedade; consunção e
alternatividade.
- ESPECIALIDADE
A lei ou disposição especial prepondera sobre a lei ou disposição de lei geral: lex
specialis derrogat legis generalis.
© Copyright 2016, vLex. Todos los Derechos Reservados. Copia exclusivamente para uso personal.
Se prohíbe su distribución o reproducción.

Incidência: Se aplicados certos crimes sui generis, que implicam em maior ou


menor punibilidade ou relativo a formas qualificadas ou privilegiadas, em confronto
com o tipo básico ou fundamental. Ex: O infanticídio é homicídio privilegiado, que
por ser especial exclui o homicídio básico. Pelo mesmo motivo, o homicídio
qualificado exclui o simples.
- CONSUNÇÃO OU ABSORÇÃO
Aplica-se quando uma norma penal está contida dentro de outra norma penal com
sentido mais amplo. Pelo princípio estudado se aplica a norma mais grave ou mais
larga. Logo, a norma mais grave absorve e menos grave.
Observação: O fato previsto em uma norma figura como elemento constitutivo do
tipo delituoso definido em outra norma. É a relação entre crime meio e crime fim.
Ex: o constrangimento ilegal, como meio para se chegar ao estupro, é absorvido ou
consumido por este por se constituir crime mais grave. O mesmo ocorre com as
lesões corporais que dão origem à morte; com a invasão do domicílio em relação ao
furto; com a arma portada ilegal com relação ao homicídio.
- SUBSIDIARIEDADE
A norma principal prevalece sobre a subsidiária. Logo, a norma subsidiária ou
supletiva só se aplica quando não for adotada a norma principal. A norma
subsidiária é uma espécie de tipo de reserva.
Subsidiariedade expressa: A própria lei cria a subsidiariedade por meio de
expressões que indicam que só será aplicada se o fato não constituir crime mais
grave. Art. 132: “Expor a perigo a vida ou a saúde de outrem a perigo direto ou
iminente”. Pena: detenção de 3 meses a 1 ano, se o fato não constituir crime mais
grave.
Subsidiariedade tácita: Ocorrerá quando o fato não se enquadrar na norma geral,
mas sim em norma específica. Neste caso a subsidiariedade se conclui da relação
existente entre as normas, onde deve prevalecer a norma de maior gravidade. Logo,
havendo a violação do mesmo bem jurídico, só se aplica a forma menos grave,
quando não caiba a aplicação da grave. Ex: Se a ameaça não for exercida para efeito
de constrangimento ilegal, o crime não será de constrangimento ilegal (art. 146 CP),
mas, sim, de ameaça (art. 147 CP); Se a ameaça não for empregada para submeter a
vítima à conjunção carnal violenta (estupro), o crime será o de ameaça.
Page 234
- ALTERNATIVIDADE
O agente somente será punido por uma das modalidades nos chamados crimes de
ação múltipla (vários núcleos do tipo), embora pratique duas ou mais condutas
proibidas no mesmo tipo penal. Se o agente entra e permanece contra a vontade
expressa do dono da casa, responde pela conduta de permanecer ou de entrar, e não
por ambas; se o agente pratica mais de uma conduta diante do art. 33, da
Lei n. 11.343/2006 (tráfico), somente responderá por uma delas.
© Copyright 2016, vLex. Todos los Derechos Reservados. Copia exclusivamente para uso personal.
Se prohíbe su distribución o reproducción.

6. 2 Prazo penal e sua contagem


Regra: Na contagem do prazo penal, não se exclui o dia do começo e ele é contado
conforme o calendário comum (Gregoriano) (art. 10, CP).
Dia, mês e ano: Dia é o espaço temporal compreendido zero hora e meia noite; mês
e anos são contados conforme o número de dias de cada mês e ano,

6. 3 Relação de causalidade
- AÇÃO E OMISSÃO
Ação: É o primeiro momento objetivo e material do crime. Sem ela o delito não
existe. Trata-se, portanto, de comportamento humano fundamental no campo da
teoria do crime, que produz uma modificação no mundo exterior.
Abrangência: A ação tem sentido abrangente, compreendendo a conduta comissiva
ou omissiva do agente.
Elementos factuais do crime: A ação é o elemento central do crime, sobre a qual
assentam os outros componentes do crime: tipicidade, antijuridicidade e
culpabilidade. Sem ação não há o que punir.
Componentes da ação: (a) – processo interno de vontade (a ação é um
acontecimento voluntário (volitivo) do agente: Ex: pensa em matar); (b) -
exteriorização desta vontade no mundo exterior (o querer do agente se manifesta
no exterior: Ex: pega o revólver); (c) resultado produzido por esta vontade (o ato
voluntário do agente se projeta no exterior produzindo um resultado: Ex: atira. (Obs:
Se o resultado corresponder a um tipo penal, será ele relevante para o Direito Penal)
- RESUMINDO: O agente voluntariamente cogita matar. Pega o revólver e vai ao
encontro da vítima, disparando-lhe tiros, matando-a).
- RELAÇÃO DE CAUSALIDADE E AÇÃO
Relação: Dentro da ação, a relação causal estabelece o vínculo entre o
comportamento do agente e o resultado. Tal relação permite concluir se o fazer
(ação) ou não fazer (omissão), foi o que ocasionou ou não a ocorrência típica.
Teorias: (a) Totalidade das condições: A causa do resultado é a soma de todas as
condições; (b) Equivalência das condições ou da conditio sine qua non (Von Buri): A
causa é qualquer uma delas, desde que necessária à produção do resultado. É a que
prevalece; (c) Causalidade adequada: Causa é a condição que se mostra mais
adequada para produzir o resultado (Von Bar).
Superveniência de causa independente: Diz respeito ao surgimento do resultado
por um outro processo causal que não nenhuma relação, nem mesmo ideológica,
com a ação inicial do agente. É um novo processo causal que, isoladamente, produz o
© Copyright 2016, vLex. Todos los Derechos Reservados. Copia exclusivamente para uso personal.
Se prohíbe su distribución o reproducción.

resultado. (Ex: JOAQUIM atira em MANOEL, este estando em tratamento num


hospital, este se incendeia ocasional sua morte; MARCOS sequestra ROMILDA,
levando-a para uma casa na montanha. No meio de uma tempestade cai um raio e
mata a sequestrada). O Agente somente responde pelos fatos anteriormente
praticados.
Relevância da omissão: Relevância
Haverá relevância na omissão, se o omitente devia e podia agir para evitar o
resultado.
Dever de agir: (a) Tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância:
Bombeiros, soldados, médicos, enfermeiras, mães etc. Ex: mãe que deixa de
amamentar o filho causando-lhe a morte; (b) De outra forma assumiu a
responsabilidade de impedir o resultado: O indivíduo que recolhe uma criança
Page 235
abandonada, assume o encargo de não deixá-la morrer; o médico que faz uma
operação deve zelar e cercar-se de todos os recursos possíveis para preservar a vida
do paciente; (c) Com seu comportamento anterior criou o risco da ocorrência do
resultado: Um indivíduo constrói um poço de água, porém, não protege sua boca,
vindo alguém nele cair e morrer.

6. 4 Consumação e tentativa
- CONSUMAÇÃO
Definição: Quando no crime se reúnem todos os elementos de sua definição legal
(art. 14, inciso I, CP). Verifica-se quando ocorre lesão integral ao bem jurídico
protegido: morte, subtração, estupro.
Exaurimento do crime: É uma fase posterior à sua consumação. Ele é irrelevante
para a configuração do crime, mas deve ser considerado para a aplicação da pena
(art. 59, CP). (Ex: O crime de extorsão se consuma com o constrangimento da
vítima, independentemente de se conseguir ou não a vantagem pretendida. Se vier a
obtê-la o crime estará exaurido).
- TENTATIVA (conatus)
Definição: Quando iniciada a execução, o crime não se consuma por circunstâncias
alheias à vontade do agente (art. 14, II, CP). Trata-se da realização incompleta do
crime. Logo, o agente dá início à execução, porém não consegue fazer com que o
crime se consuma.
Iter criminis: Se o agente percorre todo o caminho, o crime se consuma. Entretanto,
se não faz, somente haverá a tentativa.
© Copyright 2016, vLex. Todos los Derechos Reservados. Copia exclusivamente para uso personal.
Se prohíbe su distribución o reproducción.

Fases: (a) Cogitação (cogitatio): Desenvolve-se na mente do agente. De regra, não


pode ser objeto de punição (Ex: MARCOS pensa matar PEDRO). Há determinados
casos em que o legislador pune o desígnio ou o propósito de vir cometer um crime.
Ex: conspiração, a incitação ao crime (art. 286, CP); bando ou quadrilha (art. 288,
CP); (b) Atos preparatórios: Da fase subjetiva, passa o agente ao plano físico,
praticando atos preparatórios para chegar ao resultado típico. Pretendido. Ex: O
agente escolhe a arma do crime; mune-se de petrechos necessário à prática do furto.
Prepara, enfim, a ação delituosa que irá iniciar logo mais. Os atos preparatórios não
são puníveis, exceto quando constituírem crime: petrecho para falsificação de
moeda (art. 291, CP); (c) Atos de execução: Tem início com o findar dos atos
preparatórios. A execução tem início quando o agente pratica ato idôneo e não
equívoco quanto à produção de um resultado típico.

6. 5 Crime impossível (Tentativa inidônea)


Inteligência: Ocorre o crime impossível quando há: (a) Ineficácia absoluta do meio:
O meio não permite que o crime se realize (Ex: Ao invés de arsênio é ministrado
açúcar à vítima); (b) Absoluta impropriedade do objeto: Tendo em vista as
condições do objeto que será alvo do delito, esse não pode ser levado a efeito (Ex:
atirar com vontade homicida sobre um cadáver; praticar manobras abortivas sobre
mulher que se julga prenhe).
Inexistência da tentativa: Em ambos os casos inexiste tentativa, já que não há de
se falar em início da execução: o agente ministrando açúcar, não começou a matar;
como a mulher não começou a abordar.

6. 6 Erro em matéria penal


Erro e ignorância: Erro é a falsa representação da realidade. O agente supõe uma
realidade diferente daquela que efetivamente existe. É a falsa noção ou
conhecimento. Ignorância é o desconhecimento, a ausência de representação da
realidade. Ignorar é não saber. É a ausência total do conhecimento. Erro e ignorância
se equivalem, já que seus efeitos jurídicos são os mesmos: EXCLUEM O DOLO.
- ERRO DE TIPO
É aquele que incide sobre os elementos constitutivos da figura penal (tipo) e impede
o autor de ter a representação de estar, em concreto, realizando a conduta típica
descrita em lei (art. 20, CP). Pode atingir o elemento factual ou jurídico.
Page 236
© Copyright 2016, vLex. Todos los Derechos Reservados. Copia exclusivamente para uso personal.
Se prohíbe su distribución o reproducción.

Elemento factual: O erro de tipo incide sobre o elemento factual ou jurídico da


figura típica. Diz respeito ao núcleo do tipo (matar, subtrair); ao objeto material
(coisa móvel, documento); aos sujeitos do crime (ativo ou passivo). Ex: Ter
conjunção carnal com pessoa menor de 14 anos, supondo que tivesse idade
superior; contrair casamento com mulher casada, supondo que fosse solteira; toma
coisa alheia como sendo própria; atira em alguém supondo que é um animal.
Elemento jurídico: Ocorre quando o erro incide sobre o elemento de proibição
contido no tipo. Ex: No crime de contrabando (art. 334, CP), o agente erra sobre a
proibição que existe em importar determinada mercadoria. (OBS: A hipótese nada
tem a ver com o erro de proibição, que diz respeito à antijuridicidade. Aqui a
proibição é elemento jurídico do tipo, de sua figura descritiva).
Exclusão do dolo: O erro de tipo exclui o dolo, quando for ele invencível ou
escusável (desculpável). Punição por culpa: Haverá se o erro for vencível ou
inescusável (injustificável). Deve haver previsão de punição a título de culpa
(reserva legal). Ex: O agente adquire um bem supondo que sua origem seja lícita,
porém o mesmo é produto de crime (o erro de tipo exclui o dolo da receptação –
art. 180, CP). Todavia, se pela desproporção do preço pago e o valor do objeto no
mercado deixou ele de presumir que o objeto foi obtido por meio criminoso,
responde por receptação culposa (art. 180, § 1º, CP) - (Imprudência). h ERRO DE
PROIBIÇÃO OU SOBRE A ILICITUDE DO FATO
É aquele que versa sobre a ilicitude do fato (antijuridicidade) (art. 21, CP). Por erro
plenamente justificável, supõe que sua conduta não é proibida, não é ilícita, não é
antijurídica. Não sabe que o fato praticado é contrário ao direito. Assim, embora
agindo com dolo, atua com erro quanto à ilicitude de seu comportamento. O agente
supõe lícita sua ação imagina que ela não é proibida. Há a exclusão da culpabilidade.
Desconhecimento da lei é inescusável: A advertência do legislador no sentido de
que o desconhecimento da lei (ignorância ou errada compreensão – error júris nocit)
como causa de exclusão da pena é totalmente supérflua. Isso porque, se admitida
fosse esta alegação, o agente invocaria a ignorância ou a errada compreensão da lei
para desculpar o seu descumprimento ou inobservância. (Funciona tal
desconhecimento unicamente como atenuante – art. 65, nº II, CP).
Erro de proibição inescusável ou inevitável: É aquele que é vencível,
indesculpável, que pode ser atribuído à negligência ou desatenção do agente. É o
erro reprovável. In casu, subsiste a pena e a punibilidade a título de dolo. É
facultado ao juiz reduzir a pena de 1/6 a 1/3.
Exemplo de erro de proibição escusável ou desculpável: Empregado que tendo
um crédito trabalhista com seu patrão, deste apanha o dinheiro para pagar seu
salário, acreditando ser sua conduta lícita. O erro faz desaparecer a culpa em
termos do delito de furto.
Exemplo de erro de proibição inescusável ou indesculpável: Manutenção de
casa de prostituição, em casos em que há expressa autorização da autoridade
© Copyright 2016, vLex. Todos los Derechos Reservados. Copia exclusivamente para uso personal.
Se prohíbe su distribución o reproducción.

policial e municipal. Turista que fuma maconha no Brasil, acreditando, por erro, que
sua conduta é lícita.
- DISCRIMINANTES PUTATIVAS
O agente supõe agir licitamente porque imagina, por erro, existir situação de fato
que, se existisse, tornaria a ação legítima. (art 20, § 1º, CP). Ex: O agente, supondo
na iminência de ser agredido por seu inimigo, que dele se aproximou, tirando do bolso
um pente, o alveja, matando-o (legítima defesa putativa).
Abrangência das discriminantes: Todas as normas autorizantes: legítima defesa;
estado de necessidade; estrito cumprimento do dever legal; exercício regular de
direito. Ex: (a) Pedro atira em seu amigo Paulo, que invade imprudentemente sua
casa; (b) policial prende o pretenso criminoso, confundindo-o com um sósia; (c) a
sentinela ao ver aproximar um vulto, imaginando tratar-se de um inimigo, mata um
colega de farda; João acreditando que o edifício está envolto em chamas, para dele se
retirar acaba ferindo pessoas.
Erro na discriminante: É de proibição. O agente erra sobre a ilicitude de seu
comportamento, sabendo perfeitamente que realiza conduta típica, tanto do ponto
de vista objetivo como subjetivo (dolo).
Exclusão da culpabilidade: O erro de proibição, sendo escusável, exclui a
culpabilidade. O erro é escusável quando não deriva da culpa. Se houver culpa
(imprudência, negligência ou imperícia), o agente responde por culpa, desde que o
tipo penal a preveja).
Page 237
- ERRO DETERMINADO POR TERCEIRO
Ocorre quando o agente que cometeu o erro a ele foi levado por terceiro
(art. 20, § 2º CP). O terceiro responderá pelo fato a título de dolo ou culpa. Ex: Se
um médico entrega à pessoa da casa uma droga para ministrá-la ao enfermo,
sobrevindo morte ou lesão corporal deste, responde o profissional por crime contra
a pessoa, doloso ou culposo, consoante o elemento subjetivo do tipo.
Coautoria culposa: O induzido, o agente que comete o erro, pode agir
culposamente: Se o terceiro entrega ao agente induzido uma arma, dizendo-lhe estar
descarregada, e lhe sugere, por gracejo, que atire contra uma pessoa, que vem a ser
ferida quem atirou pode agir igualmente com culpa (deveria ter verificado se a arma
estava ou não carregada).
Crime doloso: Se o agente (induzido) sabe que a arma está carregada e se aproveita
da indução para matar alguém, age com dolo, devendo responder por homicídio
doloso, enquanto que o indutor fica isento de pena.
- ERRO SOBRE A PESSOA
O error in persona, ou acidental, é aquele que versa sobre a pessoa ou objeto
(art. 20, § 3º, CP) Há erro na representação do agente. Ex: Pedro supõe que está
© Copyright 2016, vLex. Todos los Derechos Reservados. Copia exclusivamente para uso personal.
Se prohíbe su distribución o reproducción.

atirando em Joaquim quando na verdade está atirando em Paulo. Aberratio


personae.
Não isenção da pena: No erro acidental não haverá a isenção da pena. Isso porque,
mesmo que não houvesse o erro o crime existiria.
Qualidade da pessoa: É levada em consideração a qualidade da pessoa (vítima)
pretendida e não aquela que foi atingida (Ex: Se desejou matar o pai, vem a matar
um terceiro, o crime será de parricídio (agravante prevista no art. 61, II, ‘c’ CP).
- ERRO NA EXECUÇÃO
É aquele que surge por acidente ou erro nos meios de execução (art. 73, CP).
Aberratio ictus. Desvio de golpe: Há desvio de golpe por imperícia ou acidente no
momento da execução. O agente age contra a pessoa que pretende alcançar, porém
por acidente ou imperícia atinge outra pessoa. (Ex: Jorge atira em Orlando, porém
atinge Mauro).
Crime único: Ocorre quando somente foi atingida pessoa diversa. Devem ser
consideradas as qualidades da pessoa que pretendia ser atingida.
Concurso formal: Quando, além do terceiro, for também atingida a pessoa
pretendida.
- RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO
Nesta hipótese, o bem atingido é diverso daquele que o agente pretendia atingir.
(art.74 – Aberratio deliciti) - Ex: João pretende matar Tício, erra o tiro e quebra
uma vitrina).
Crime culposo: Ocorrendo resultado diverso do pretendido, o agente responderá
por crime culposo, se o delito a este título for punido. Ex: João quer quebrar uma
vitrina, erra o golpe e atinge Caio, ferindo-o. Responderá por lesões corporais
culposas.
Concurso formal: Ocorrendo o resultado pretendido, o agente responderá em
concurso formal de crimes. Ex: Júlio quer quebrar uma vitrina e, realizando a ação,
vem também a ferir Eunice, que estava nas proximidades

6. 7 Desistência voluntária
Dispositivo: O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução (...),
só responde
pelos atos já praticados (art. 15, CP).
Desistência voluntária e tentativa imperfeita: Somente é viável a ocorrência da
desistência voluntária, quando houver a tentativa imperfeita ou abandonada.
(art. 15, CP). Nela o agente renuncia definitivamente o projeto criminoso, deixando
© Copyright 2016, vLex. Todos los Derechos Reservados. Copia exclusivamente para uso personal.
Se prohíbe su distribución o reproducción.

voluntariamente de prosseguir em sua ação delituosa. Ex: Pedro coloca veneno na


comida de Margarida, porém o próprio Pedro, voluntariamente, não permite que
Margarida a coma.
Page 238
Pressuposto: Que o agente já tenha ingressado nos atos de execução (iter criminis).
Antes disso, não há relevância para o Direito Penal (atos preparatórios).
Responsabilidade: O agente somente responde pelos atos praticados. Ex: Jorge
dispara três tiros em Joaquim, se arrepende e deixa de disparar outros tiros
desistindo de matá-lo. Não responderá pela tentativa, mas pelo delito de lesões
corporais (leve, grave ou gravíssima).
Finalidade do instituto: É que o agente jamais responda pela tentativa. Ex: Com o
ânimo de furtar objeto que se encontra no interior de residência, Jorge lá penetra,
porém, por qualquer motivo, se arrepende deixando de fazer a subtração.
Responderá pelo delito de invasão de domicílio e não pela tentativa de furto.

6. 8 Arrependimento eficaz
Dispositivo: O agente que, (...) impede que o resultado se produza, só responde
pelos atos já praticados (art. 15, CP).
Arrependimento: O agente realiza todos os atos capazes de levar ao resultado
típico, porém se arrepende, volta atrás, não permitindo que o resultado se produza.
Ex: Pedro coloca veneno na comida de Margarida e após sua ingestão, ministra-lhe
um antídoto, salvando-a (art. 15, CP).Trata-se de tentativa perfeita ou acabada.
Responsabilidade: Igual ao que ocorre com a desistência voluntária, agente
somente responde pelos atos praticados e jamais pela tentativa. Ex: Orlando
sabendo que Pedro não sabe nadar e querendo matá-lo por afogamento o atira no
mar. Arrependido, atira-lhe uma boia, que uma vez usada evita a morte. Orlando
responderá pelo delito de lesões corporais, caso ocorra. Caso contrário, ficará isento
de pena por não ter havido nenhum fato típico.

6. 9 Arrependimento posterior
Dispositivo: “Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa,
reparado o dano ou restituída a coisa até o recebimento da denúncia ou queixa, por
ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços” (art. 16, CP).
Crime cometido sem violência ou grave ameaça: O favor legal se aplica a
qualquer tipo de crime, patrimonial ou não, desde que cometido sem violência ou
© Copyright 2016, vLex. Todos los Derechos Reservados. Copia exclusivamente para uso personal.
Se prohíbe su distribución o reproducción.

agrave ameaça à pessoa. A violência pode estar implícita em certos crimes, a


exemplo do homicídio, lesões corporais e rixa. E, noutros crimes, a lei faz referência
expressa: constrangimento ilegal (art. 146); roubo (art. 157); extorsão (art. 158);
esbulho possessório (art. 162, II); estupro (art. 213); assédio sexual (art. 216-A).
Todos os artigos citados do CP.
Reparação do dano ou restituição da coisa: A reparação do dano deve ser feita
em dinheiro; a restituição compreende a devolução da coisa (res) objeto do crime.
Mitigação da pena: A sanção penal aplicada será de um (1) a dois terços (2/3). O
arrependimento tratado é causa de redução da reprimenda legal. Isso implica
concluir, no campo do sistema trifásico, que sendo fixada a pena em seu patamar
mínimo, a redução deverá ser feita.
Antes do recebimento da denúncia ou queixa: A reparação ou restituição deve
ocorrer antes do ajuizamento da ação penal. Não confundir com o oferecimento da
peça acusatória.
Ato voluntário do agente: A reparação ou restituição deverá ser ato espontâneo do
autor do delito. Assim, por exemplo, se o agente devolver a res furtiva, compelido
pela polícia, não há voluntariedade. De outro lado se o agente devolve a coisa ou
repara o dano, por meio de conselho de terceiros, súplica da vítima, o ato será
espontâneo, voluntário.
Fundamento da mitigação: Trata-se de política criminal. Tem por meta estimular
a reparação do dano ou a devolução da coisa conseguida com a prática delitiva.

6. 10 Excludentes de antijuridicidade
Antijuridicidade: A antijuridicidade (ilicitude) é um dos elementos conceituais do
crime. Não basta que a ação seja típica, é necessário, ainda que ela seja antijurídica,
contrária ao direito: ante = contrário; juridicidade = direito.
Page 239
Exclusão da antijuridicidade: Embora a conduta do agente seja típica, ela não se
mostra contrária ao direito ou ilícita, quando a ação se mostra autorizada pelo
próprio direito, em situações previamente determinadas. São as denominadas
causas de exclusão, justificativas ou discriminantes da antijuridicidade. Havendo sua
ocorrência o crime deixa de existir, restando somente a tipicidade.
Classificação das excludentes: Estão arroladas no art. 23 do CP: (a) estado de
necessidade; (b) legítima defesa; (c) estrito cumprimento do dever legal; (d)
exercício regular de direito.
- ESTADO DE NECESSIDADE
Base normativa: Art. 24, CP.
© Copyright 2016, vLex. Todos los Derechos Reservados. Copia exclusivamente para uso personal.
Se prohíbe su distribución o reproducción.

Conceito: Diz-se em estado de necessidade a pessoa que, para salvar um bem


jurídico seu ou alheio, exposto a perigo, atual ou iminente, sacrifica o de outrem. Há,
na espécie, um conflito de interesses lícitos, dos quais um há de ser sacrificado. Ex:
advogado que para evitar crime grave iminente, revela o segredo que lhe foi
confiado pelo cliente; ocorrendo um incêndio na casa do vizinho Augusto, este tende
a se propagar para o prédio do vizinho Alberto, o qual para evitar esta situação
derruba as paredes e o teto daquela casa.
Direitos que podem ser defendidos: Todo o direito ameaçado justifica a proteção,
a exemplo de pessoa, liberdade sexual, propriedade, honra.
Forma de ameaça: Pode advir de qualquer causa: ato humano; fato de anima;
forças naturais ou um acidente, em suma, de qualquer natureza.
Requisitos: (a) existência de um perigo atual e inevitável para o bem jurídico do
agente ou de outrem;
(b) perigo não provocado voluntariamente pelo agente; (c) inevitabilidade do
sacrifício do bem
- EXISTÊNCIA DE UM PERIGO ATUAL E INEVITÁVEL PARA O BEM JURÍDICO DO
AGENTE
OU DE OUTREM
Perigo: É a probabilidade de dano. Deve ser presente ou estar prestes a acontecer.
Assim, nem o perigo passado e nem o futuro justifica o ataque.
Perigo inevitável: É aquele que não pode ser evitado senão pela violação do bem de
terceiro. Logo, se o perigo pode ser contornado, não se justifica a ação defensiva do
agente.
Bem jurídico objeto da proteção: Pode ser do próprio agente que atua em estado
de necessidade ou de qualquer outra pessoa.
Perigo não provocado voluntariamente pelo agente: A expressão
voluntariamente é indicativa de dolo. Logo, o dolo do agente exclui o estado de
necessidade. (Ex: não seria concebível se o agente de propósito colocasse fogo no
local onde se encontra e, para fugir das chamas, matasse pessoas ou as ferisse ou
causasse danos). Se a provocação foi culposa (imprudência, negligência ou
imperícia, se justifica a ação caracterizadora do estado de necessidade.
Inevitabilidade do sacrifício do bem: Só se justifica a discriminante se o sacrifício
do bem de pessoa inocente seja inevitável (inexigibilidade) para salvar o bem do
perigo. Logo, a ação deve ser o único meio para afastar o perigo, que de outro modo
não poderia ser evitado. Caso contrário, se houver outro bem disponível, que não
seja a ação lesiva para salvar o bem em perigo, não se reconhece o estado de
necessidade. (Ex: é aceitável o estado de necessidade do comandante de uma
aeronave, que, na iminência de um sinistro, mandasse atirar fora a bagagem dos
tripulantes. Porém, inaceitável seria que para salvar a bagagem, mandasse
precipitar o espaço os passageiros).
© Copyright 2016, vLex. Todos los Derechos Reservados. Copia exclusivamente para uso personal.
Se prohíbe su distribución o reproducción.

Exclusão do estado de necessidade: Não pode alegar a dirimente quem tem o


dever legal de enfrentar o perigo, a exemplo do bombeiro, soldado, comandante do
navio, salva-vidas, médico, guia de alpinistas. Ex: Bombeiro que, para salvar sua
vida, mata uma pessoa no interior de um prédio em chamas.
Casos legais de estado de necessidade: Aborto necessário (art. 128, I, CP):
Prática do aborto quando não há outro meio para salvar a gestante; violação de
domicílio (art. 150, § 3º, CP): Entrada em casa alheia quando algum crime ali
estiver sendo cometido ou na iminência de sê-lo.
Page 240
Estado de necessidade putativo: Por erro plenamente justificável pelas
circunstâncias, o agente supõe estado de necessidade, quando na realidade ele não
existe. Ex: Estando o agente dentro de um teatro, houve um barulho no teto
provocado pela queda de um objeto. Supondo que vai haver um desabamento e para
fugir do local lesiona outras pessoas que lá se encontram. Ele sabe que o prédio não
está em boas condições de segurança.
- LEGÍTIMA DEFESA
Base normativa: Os requisitos da legítima defesa se encontram alinhados no
art. 25 do Código Penal. Agressão injusta: Agressão é todo o ato humano que
ameaça ou ofende um bem jurídico tutelado pela norma penal. Ela será injusta
quando praticada ilicitamente, antijuridicamente, contrariamente àquilo que o
direito não permite e não autoriza. Não deixa de ser injusta a agressão praticada por
inimputável. A agressão perpetrada por animal se resolve dentro do campo do
estado de necessidade, posto não haver ação no sentido jurídico (ato humano).
Agressão atual ou iminente: Atual é aquela que está ocorrendo; iminente é a que
está por se efetivar. Agressão injusta a direito seu ou de outrem: A agressão
ilegal que permite a defesa pode incidir em direito do agredido ou de terceiro.
Direito abrangido pela legítima defesa: Qualquer direito tutelado pela norma
legal: integridade física, vida, honra, patrimônio, liberdade. O direito não distingue.
Uso moderado dos meios necessários: O defendente deve usar moderadamente
dos meios necessários, ou seja, dos meios disponíveis para repelir a agressão. Deve
haver proporcionalidade entre o ataque e defesa. Ex: Se o agente é atacado com uma
faca e dispara contra seu agressor haverá a proporcionalidade; Se o indivíduo é
agredido com tapas e dispara várias vezes, não há a proporcionalidade, salvo se ele
for lutador de box, luta livre ou judô.
Excesso na legítima defesa: Poderá ocorrer em duas situações: (a) uso do meio
desnecessário: b) emprego imoderado do meio necessário (art. 23, par. único, CP).
O excesso descaracteriza a legítima defesa.
Uso do meio desnecessário: Ocorre quando podendo o agente defender-se
eficazmente por um meio, emprega um outro meio incompatível para repelir o
© Copyright 2016, vLex. Todos los Derechos Reservados. Copia exclusivamente para uso personal.
Se prohíbe su distribución o reproducción.

ataque sofrido. Ex: Podendo o agente defender-se eficazmente com um bastão,


emprega um revólver.
Emprego imoderado do meio necessário: Ocorre quando embora o agente se
utiliza do meio necessário, por o faz desproporcional à agressão. Ex: Embora o
bastão seja o meio eficaz para repelir a agressão, o agente golpeia violenta e
repetidamente o agressor, de forma inteiramente desproporcionada à agressão.
Excesso doloso e culposo: No doloso, o agente se excede consciente e
voluntariamente no emprego do meio ou da moderação. Responderá por crime
doloso. No culposo, o agente por erro inescusável, indesculpável (evitável) quanto à
força real da agressão se exceder os limites do meio necessário ou empregar
excessivamente o meio necessário para a defesa. Trata-se de situação envolvendo a
imprudência. Responderá por crime culposo, se o fato o admitir. Se o erro for
escusável, desculpável, haverá isenção da pena por ausência de culpabilidade.
Legítima defesa do agressor no excesso: Sendo o excesso antijurídico, torna o
revide uma agressão injusta, o que permite a legítima defesa.
Possibilidade de fuga: Não exclui a legítima defesa. h ESTRITO CUMPRIMENTO
DO DEVER LEGAL
Base normativa: Art. 23, III, CP.
Fundamento da discriminante: Quem age no estrito cumprimento do dever legal,
atua conforme a lei permite.
Dever legal: É aquele que deriva de uma norma geral ditada pela autoridade
pública na esfera de suas atribuições: Lei, Decreto-lei, Decreto, Regulamento,
Medida Provisória.
Coexistência entre estrito cumprimento do dever legal e legítima defesa: É
possível. Ex: Policial que emprega violência para deter o indivíduo que resiste à
prisão em flagrante o agredindo. Ao mesmo tempo em que o agente cumpre seu
dever profissional que é efetuar a prisão, se defende de uma agressão atual e injusta.
Page 241
Excesso no estrito cumprimento do dever legal: Ocorrerá quando o agente
ultrapassar os limites legais, indo além daquilo que é permitido pelo direito. Se o
excesso for doloso, responderá por crime doloso; se culposo, responderá por delito
culposo, se o fato o permitir. Ex: Prender alguém em flagrante representa estrito
cumprimento do dever legal. Porém, se no ato de prisão, sem motivo, o policial
agride o preso, responderá pelo crime praticado, a exemplo de lesões corporais,
tentativa de homicídio, abuso de autoridade.
- EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO
Base normativa: Art. 23,III, CP.
Fundamento da discriminante: Quem age dentro do exercício regular de direito
atua segundo lhe permite a lei. Por essa razão, não se pode afirmar que sua conduta
© Copyright 2016, vLex. Todos los Derechos Reservados. Copia exclusivamente para uso personal.
Se prohíbe su distribución o reproducción.

é contra legem. Ex: Pai que, no exercício do pátrio poder, proíbe que o filho saia de
casa, não comete constrangimento ilegal; proprietário, que, para defender sua
propriedade a cerca com pontas de ferro ou fragmentos de vidro, aparelhos
mecânicos, como armadilhas, vindo a ferir pessoa que tenta entrar na sua
propriedade.
Excesso no exercício regular de direito: Ultrapassado certos limites, o agente
responderá por excesso, que pode ser doloso ou culposo. Ex: O excesso nos meios de
disciplina e correção, por exemplo, agressões, configura o crime de maus-tratos
(art. 136, CP); proprietário que para proteger sua posse eletrifica sua cerca ou
muro, cuja voltagem por ser alta acaba por matar uma pessoa que tentou invadi-la,
responde por homicídio, culposo ou doloso.
Intervenção médico-cirúrgica: Constitui-se no exercício regular de direito, por ser
autorizada pelo Estado. Assim, o médico ao praticar sua atividade o faz segundo a
lei, “secundum ius”. Motivo pelo qual sua conduta não pode ser incriminada, salvo
quando obrando com dolo ou culpa praticar irregularidade inerentes à sua
profissão. Ex: não observância de regras técnicas; de cuidados adequados à cirurgia.
Deve haver também consentimento do paciente, salvo quando este não pode se
manifestar ou quando ocorrer os extremos de estado de necessidade. A falta de
consentimento afasta o exercício regular desta faculdade, implicando
constrangimento ilícito, o qual retira a licitude ou juridicidade desse exercício.
Lesões em jogos esportivos: Estão amparados pelo exercício regular de um direito,
o que exclui a antijuridicidade da ação daquele que pratica lesões quando do
desempenho de atividade esportiva. Trata-se de atividade autorizada pelo Estado.
Os fatos lesivos ocorridos ficam cobertos pela licitude do ato. h CONSENTIMENTO
DO OFENDIDO
Consentimento: O consentimento para excluir o ilícito, somente gera validade se
for feito por quem seja capaz, voluntariamente, não obtido por violência. Pode ser
feito de forma expressa ou tácita, além do que é revogável a qualquer tempo.
Bem indisponível: O consentimento não tem validade quando incidir sobre bem
indisponível, assim considerado aquele que tem por titular o Estado ou representa
interesse coletivo: incolumidade pública, paz pública, fé pública, administração
pública, família, vida, integridade física, entre outros.
Bem disponível: Pode ser objeto de consentimento. Isso porque, neste caso o
interesse é predominantemente de natureza privada. É o que ocorre com a grande
maioria dos crimes contra o patrimônio, honra e alguns contra a dignidade sexual.
Ex: Não há crime de dano, se o dono da coisa consente sua destruição; se a pessoa
permite que lhe sejam dirigidas palavras ofensivas; se a pessoa consente que o
possuidor da coisa alheia móvel torne dela seu proprietário; se a mulher consente a
prática sexual mediante violência.
© Copyright 2016, vLex. Todos los Derechos Reservados. Copia exclusivamente para uso personal.
Se prohíbe su distribución o reproducción.

6. 11 Excludente de culpabilidade
Inteligência: Há determinadas causas que quando ocorrem ilidem a culpabilidade
do agente, fazendo desaparecer aquele ato de vontade que o torna moralmente
responsável pelo resultado. Nestes casos, o agente fica isento de pena por ausência
de culpabilidade.
Enumeração das excludentes: (a) inimputabilidade; (b) menoridade; (c) coação
irresistível; (d) obediência hierárquica; (e) não exigibilidade de conduta diversa; (f)
algumas situações de erro.
Page 242
- INIMPUTABILIDADE
Inimputável é o indivíduo que não tem plena capacidade para entender que o fato
por ele praticado é criminoso (art. 26, CP). Isso decorre dos estados mentais
anormais (biopsicológico): doença mental (Ex: psicoses, neuroses, esquizofrenia);
desenvolvimento mental incompleto (inadequação de desenvolvimento mental, a
exemplo do que acontece com os menores e silvícolas não ajustados à vida
civilizada). Pelo critério biopsicológico normativo o inimputável não age com
culpabilidade. Está sujeito à medida de segurança.
Imputabilidade diminuída: Nesse caso, a anomalia mental não exclui, mas apenas
reduz a capaci-dade de entender o ilícito ou de se determinar segundo tal
entendimento. Há redução da capacidade de culpa, fazendo com que a pena seja
diminuída de 1/3 ou 2/3. (art. 26, par. único, CP). O indivíduo se situa numa zona
intermediária entre a sanidade psíquica e a doença mental. São os fronteiriços: casos
residuais de psicose; certos graus de oligofrenia; psicopatas; portador de transtorno
mental transitório. h EMOÇÃO E PAIXÃO
Não excluem a responsabilidade penal (art. 28, I, CP). A emoção quando violenta é
circunstância atenuante, desde que este seja praticado logo em seguida à injusta
provocação da vítima (art. 65, n. III, “c”, CP) ou privilégio (art. 121, § 1º , CP).
- EMBRIAGUEZ
Embriaguez proveniente de caso fortuito ou força maior: Pode gerar a
imputabilidade relativa, permitindo a redução da pena de 1/3 a 2/3, desde que o
agente, ao tempo da ação ou omissão, não tinha plena capacidade de entender o
caráter ilícito do fato ou de determina-se com esse entendimento (art. 28, § 2º, CP).
Embriaguez voluntária ou culposa pelo álcool ou substância análoga: Não
exclui a culpabilidade. Estando embriagado, o agente assume o risco de cometer o
crime (dolo eventual), ou a prática do delito lhe era previsível (culpa).
Embriaguez dolosa preordenada – actio libera in causa: O agente se embriaga
para cometer o crime. No caso, a embriaguez não exclui e nem diminui a
imputabilidade. A imputabilidade deve existir no momento da ação ou omissão,
© Copyright 2016, vLex. Todos los Derechos Reservados. Copia exclusivamente para uso personal.
Se prohíbe su distribución o reproducción.

porém não deixa de ser imputável quem se coloca em situação de inconsciência ou


de incapacidade para depois cometer o crime.
- MENORIDADE
Os menores de 18 anos são plenamente inimputáveis (art. 27, CP). Trata-se de
desenvolvimento mental incompleto. Em relação a eles se aplica o ECA
(Estatuto da Criança e do Adolescente). Adquirem a maioridade no primeiro minuto
do dia em que o jovem completa 18 anos, independentemente da hora de
nascimento.
- COAÇÃO IRRESISTÍVEL
Irresistível: É aquela que não pode ser contornada; que se mostra insuperável,
irreprimível. Espécies de coação: Física: É a resultante de violência física (vis
corporalis) em que o agente obriga a outra fazer ou não fazer uma coisa. (Ex: obrigar
alguém, mediante força física, vibrar um golpe e matar alguém). No caso, o agente
serve de instrumento do coator, agindo, portanto, sem vontade, o que implica falta
de ação. Isso ocorrendo, haverá ausência de culpabilidade. Não há dolo.
Moral: É aquela que resulta de ameaça ou intimidação (vis compulsiva, ou
conditionalis), expressa ou tácita, de causar um mal injusto e grave ao coagido ou
mesmo a parente seu, em época futura. Ex: o coator ameaça a estuprar a esposa do
coagido que se encontra sequestrado se ele não assaltar um banco; o coator ameaça
matar um filho do coagido se este não furtar determinado bem.
Punibilidade: Somente recai sobre o autor da coação (art. 22, CP). h OBEDIÊNCIA
HIERÁRQUICA
Requisitos da excludente: Subordinação hierárquica + ordem não manifestamente
ilegal + estrita obediência à ordem.
Page 243
Subordinação hierárquica: A subordinação é de natureza pública. Trata-se de
funcionário público subordinado a superior hierárquico. A ordem deve emanar de
pessoa com competência para dá-la, bem como enquadrar-se na esfera de
atribuições do funcionário que irá executá-la.
Ordem não manifestamente ilegalÉ aquela cuja injuridicidade não é certa ou
patente. Logo, se a ordem for manifestamente ilegal não obriga. Ex: deixar o soldado
de cumprir ordem do tenente para espancar uma pessoa; para prender alguém
ilegalmente. Se cumprir a ordem responde em coautoria.
Inteligência da ordem manifestamente ilegal: (a) quando é dada por autoridade
incompetente; (b) quando sua execução não se enquadra nas atribuições legais de
quem a recebe; (c) quando não se revestir da forma legal (v.g. escrita); (d) quando
evidentemente constituir crime.
Estrita obediência à ordem: Deve o executor cumprir a ordem não
manifestamente ilegal dentro dos limites em que essa é passada. Se exceder no
© Copyright 2016, vLex. Todos los Derechos Reservados. Copia exclusivamente para uso personal.
Se prohíbe su distribución o reproducción.

cumprimento responde pelo excesso. Ex: oficial diz ao subordinado para correr
atrás de um ladrão e prendê-lo, porém o inferior na perseguição atira e mata o
ladrão.
Punição do superior hierárquico: Se o subordinado executa a ordem não
manifestamente ilegal e com isso resulta a prática de um crime, por ele só
responderá a autoridade mandante, ou seja, o autor da ordem (art. 22, CP). Porém,
se a ordem for manifestamente ilegal, aquele que a cumpriu responde pelo delito em
coautoria. Ex: superior manda atirar e o subordinado atira.
- NÃO EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DiVERSA
Quando o ato é praticado em circunstâncias nas quais não se pode exigir do agente
uma conduta conforme ao direito, tal ato não pode ser juridicamente reprovável e
nem culpável, já que a culpabilidade decorre da reprovabilidade. Ex: Motorista que
para desviar de uma criança pilotando na rua uma bicicleta, acaba subindo na
calçada, ali matando uma pessoa, não pode ter sua conduta reprovada, já que não
lhe era exigida conduta diversa.
Exclusão da culpabilidade: A inexigibilidade de conduta diversa funciona como
causa de exclusão da culpabilidade, subsistindo a ilicitude. Assim, embora sendo a
conduta contrária ao direito não é ela culpável.

6. 12 Concurso em matéria criminal


Abrangência: O tema jurídico abordado compreenderá o estudo sobre concurso de
pessoas e concurso de crimes.
- CONCURSO DE PESSOAS (concursus delinquentium)
Base normativa: Art. 29, CP.
Noção: O crime, como fato humano, pode ser praticado por uma ou mais pessoas.
Autor, coautor e partícipe: Autor é aquele que realiza a ação criminosa; que
executa o núcleo do tipo: subtrair, matar, estuprar; coautor é aquele que executa,
juntamente com o autor, a ação ou omissão que configura o delito. Ex: Tício e Caio
disparam suas armas ferindo Mélvio; partícipe não executa o núcleo do tipo. Só
coopera para que o crime se realize.
Ajuste prévio: Não há necessidade. Basta a consciência do agente em cooperar na
ação comum. Autoria colateral: Não havendo a consciência da cooperação mútua,
ocorrerá a autoria colateral. Ex: Tício e Mélvio atiram em Joaquim, ignorando um a
ação do outro. Cada um responderá isoladamente por sua ação.
Autoria mediata: Ocorre quando o autor utiliza-se de terceiro para cometer a ação
típica. Ex: Uso de menor para cometer o furto; quando houver coação irresistível;
obediência hierárquica. h CONCURSO NECESSÁRIO DE AGENTES
© Copyright 2016, vLex. Todos los Derechos Reservados. Copia exclusivamente para uso personal.
Se prohíbe su distribución o reproducción.

É o chamado crime plurissubjetivo ou coletivo. É aquele que só pode ser cometido


por uma pluralidade de agentes. A figura típica exige para sua configuração a
pluralidade de agentes.
Diminuição da pena: Haverá quando o agente tiver participação de menor
importância (art. 29, § 1º, CP) ou se quis participar de crime menos grave. Neste
caso, ser-lhe-á aplicada a pena deste, sendo aumentada até na metade, na hipótese
de ter sido previsível resultado mais grave (art. 29, § 2º, CP).
Page 244
- CIRCUNSTÂNCIAS COMUNICÁVEIS E INCOMUNICÁVEIS
Base normativa: Art. 30, CP.
Circunstâncias: São condições que aumentam ou diminuem a quantidade da pena.
Tais circunstâncias podem agravar ou atenuar, modificar a pena, isentar de pena ou
extinguir a punibilidade.
Circunstâncias acidentais e essenciais ou elementares do crime: As acidentais
são aquelas que não participam da estrutura do crime (accidentalia delicti) São
circunstâncias que majoram (Ex: motivo torpe, fútil - agravantes) ou que diminuem
a pena (Ex: ser o agente menor de 21 anos; motivo de relevante valor social ou
moral - atenuantes). As elementares ou essenciais (essentalia delicti) são aquelas que
integram o delito. Ex: A circunstância da idade menor de 14 anos para o estupro de
vulnerável (art. 217-A, CP). Sem essa idade inexistiria o delito.
Condições de caráter pessoal ou circunstâncias subjetivas: São as que se
referem à qualidade ou condição pessoal do réu. Ex: imputabilidade, reincidência às
suas relações com a vítima. Ex: parentesco, aos motivos determinantes. Portanto,
enquanto que as circunstâncias objetivas dizem respeito ao crime, ao fato, as
subjetivas ou de caráter pessoal dizem respeito à pessoa do acusado.
Comunicabilidade e incomunicabilidade: As circunstâncias objetivas ou reais
(que se relacionam com o fato criminoso, em sua materialidade) sempre se
comunicam aos coautores ou partícipes; enquanto que as circunstâncias subjetivas
ou pessoais não se comunicam, a menos que faça parte da estrutura do tipo. Ex: A
circunstância de ser o agente funcionário público é elementar do crime de peculato.
Assim, quem participa deste crime, responde também por ele, ainda que seja
estranho à administração.
- CASOS DE IMPUNIBILIDADE
Base normativa: Art. 31, CP.
Ajuste, determinação ou instigação e auxílio: Será impunível, se o crime pelo
menos não chega a ser tentado, salvo disposição em contrário.
Disposição em contrário: Essa conduta será punível, quando ela integrar o próprio
delito, ser sua elementar. Ex: induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio
© Copyright 2016, vLex. Todos los Derechos Reservados. Copia exclusivamente para uso personal.
Se prohíbe su distribución o reproducción.

(art. 122, CP); induzir alguém a satisfazer a lascívia de outrem (art. 227, CP);
induzir (...) alguém à prostituição (art. 228, CP).
- CONCURSO DE CRIMES (concursus delictorum)
Concurso: Quando o agente pratica mais de um crime.
Forma de concurso: Material (art. 69, CP), formal (art.70, CP) e crime continuado
(art. 71, CP).
- CONCURSO MATERIAL
Material: Quando o agente mediante mais de uma ação ou omissão pratica dois ou
mais crimes. As penas são somadas.
Concurso homogêneo e heterogêneo: No homogêneo há a mesma espécie de
crimes (Ex: furto + furto). No heterogêneo os crimes são de espécies diferentes (Ex:
furto + estupro).
Cúmulo material temperado e tempo de duração das penas: No concurso
material, onde as penas se somam, o temperamento consiste na fixação de um teto
para a duração do cumprimento das penas privativas de liberdade em até 30 anos.
(art. 75, CP). Haverá a unificação de penas para atender o limite legal (art. 75, § 1º,
CP).
Pena de reclusão e detenção - cumprimento: Primeiro se executa a pena de
reclusão, após a de detenção (art. 69, CP).
Impossibilidade de substituição da pena privativa de liberdade pela restrita
de direitos: Quando a pena privativa de liberdade de um dos crimes não for
suspensa, será incabível, para os outros crimes, a substituição da pena privativa de
liberdade pela restritiva de direitos. Ora, se o condenado fica preso não há como
cumprir a restritiva (art. 69, § 1º, CP).
Cumulação de penas restritivas de direitos: Poderá haver a execução simultânea
de penas restritivas de direitos, desde que haja compatibilidade entre elas (Ex:
suspensão de habilitação para dirigir e prestação de
Page 245
serviços à comunidade), ou, sucessivamente se houver incompatibilidade (Ex: duas
penas de limitação de final de semana) (art. 69, § 2º, CP).
Prazo prescricional: Corre em separado, para cada crime em concurso (art. 119,
CP).
- CONCURSO FORMAL
Há concurso formal quando o agente, mediante uma só ação ou omissão pratica
mais de um crime, idênticos ou não (art. 70, CP). Logo, o agente por meio de uma
única ação viola bens jurídicos diversos. Ex: Jorge com um só golpe mata Arlindo e
Manoel; Armando em uma única ocasião furta 10 relógios de uma vitrine; Roque
com seu veículo atropela ao mesmo tempo e mata 15 pessoas.
© Copyright 2016, vLex. Todos los Derechos Reservados. Copia exclusivamente para uso personal.
Se prohíbe su distribución o reproducción.

Justificativa do tratamento penal mais brando: Não é a unidade de conduta, mas


sim a unidade de desígnio, do elemento subjetivo que impulsiona a ação. Assim, se
houver a autonomia de desígnios, o agente responde por concurso material. Ex: De
posse de uma espingarda calibre 12, Orlando objetiva atingir Jorge, Pedro e Paulo
que se encontram sentados em uma mesa (parte final do art. 70, CP, denominado
pela doutrina de concurso formal impróprio - Embora tenha havido uma única ação,
as penas são aplicadas cumulativamente).
Alcance da expressão desígnio: Só atinge o dolo direto, ficando excluídos de seu
alcance o eventual e a culpa. Isso porque, na culpa, não há desígnio ou propósito e
no dolo eventual o resultado não é desejado pelo agente. Enfim, desígnio significa
que o agente quer o resultado (dolo direto).
Aplicação da pena: Aplica-se a pena mais grave das cabíveis ou, se iguais, somente
uma delas, porém aumentadas, em qualquer caso, de 1/6 ou metade.
Limite da pena no concurso formal: A pena não pode ultrapassar aquela cabível
no concurso material (art. 70, par. único CP). Ora, se a regra do crime formal existe
para beneficiar o agente, não seria crível que a sanção fosse superior àquele do
concurso material.
Pena de multa: Relativamente a ela não se aplica a regra do concurso formal, já que
ela é aplicada distinta e integralmente (art. 72, CP).
Prescrição: Cada crime é considerado isoladamente (art. 119, CP).
- CRIME CONTINUADO
Definição: O crime é continuado, quando o agente, mediante mais de uma ação ou
não, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie, e pelas condições de tempo,
lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser
havidos como continuação do primeiro (art. 71, CP).
Teoria da ficção jurídica: Por ela, consideram-se os vários crimes como um só,
como uma unidade. É questão de política criminal.
Pluralidade de ações ou omissões: Para caracterizar o crime continuado, há a
necessidade de haver de haver mais de uma ação ou omissão (crime omissivo). Ex:
Clarinda, nos meses de janeiro, fevereiro e março, subtraiu quantias que somam
R$5.000,00 do caixa da empresa em que trabalha. Orlando, como médico, deixou de
prestar socorro, nos dias 4, 5 e 6 do mês de agosto às pessoas no Pronto Socorro
onde trabalha.
Crimes da mesma espécie: Não são somente aqueles previstos no mesmo artigo de
lei, mas também em dispositivos diferentes, desde que ofendem o mesmo bem
jurídico. Ex: Continuação entre furto e roubo; roubo e extorsão; estelionato e outra
fraude. Em todas as hipóteses, o bem protegido é o patrimônio.
Condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes: Para
caracterizar a continuidade delitiva deve haver também a concorrência de
condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes. São dados
© Copyright 2016, vLex. Todos los Derechos Reservados. Copia exclusivamente para uso personal.
Se prohíbe su distribución o reproducción.

objetivos para orientar o juiz quanto à caracterização da continuação. Em geral, o


tempo tem que ser mais ou menos próximo e a maneira de execução (modus
operandi), tem que ser parecida.
Aplicação da pena: Aplica-se a pena correspondente a um só dos crimes, se
idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de 1/6 a 2/3.
Page 246
Limite da pena: Não pode ser superior à que resultaria se fosse aplicada a regra do
concurso material. Isso porque, a continuação delitiva deixaria de ser um benefício
ao autor dos delitos.
Prescrição: Cada crime será considerado como unidade distinta (art. 119, CP). h
BENS JURÍDICOS PERSONALÍSSIMOS
Também podem ser objeto de continuidade delitiva (art. 71, par. único, CP).
Abrangência: Crimes dolosos, contra vítima diferentes, cometidos com violência ou
grave ameaça. Aplicação da pena: Considerando a culpabilidade, os antecedentes, a
conduta social e a personalidade, bem como os motivos e as circunstâncias,
aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até
o triplo, desde que não seja superior à que do concurso material ou se exceda a 30
anos.

6. 13 Das penas
Considerações: O estudo compreenderá a abordagem específica das penas, uma vez
que seu sistema de cumprimento, modalidade de regime, sua progressão, regressão
e execução serão dissertados no capítulo referente à execução penal.
Conceito: A pena é a sanção que o Estado impõe àqueles que transgrediram o
ordenamento jurídico (tipo penal).
Perda de bens jurídicos do autor do crime: A pena importa na perda de um bem
jurídico do autor do crime: a vida, se a pena for de morte; a liberdade, se a pena for a
prisão; patrimônio, se pena for de multa.
Princípio da legalidade: Para que sanção seja imposta, necessário se torna que
esteja ela prevista em lei anterior ao fato que a comina (art. 1º, CP) – Nula poena
sine previa lege. – (art. 5º, XXXIX, CF).
Princípio da personalidade ou transcendência: Por ele, a pena não poderá passar
da pessoa do delinquente (art. 5º, XLV,CF).
Quantidade: De regra, o tipo penal estabelece o mínimo e o máximo da pena
abstratamente cominada, devendo ser dosada quando da sua aplicação, seguindo as
regras contidas nos arts. 59, usque 68 do CP.
© Copyright 2016, vLex. Todos los Derechos Reservados. Copia exclusivamente para uso personal.
Se prohíbe su distribución o reproducción.

Razões de punir: A pena tem índole retributiva, porém objetiva a reeducação do


criminoso, sua ressocialização e a intimidação em geral (Teorias unitárias).
Fundamentos da pena quanto aos seus momentos: O fundamento da pena deve
ser considerado em três momentos: cominação (ameaça) – ius puniendi in abstrato;
imposição e execução – ius puniendi in concreto
Espécies de pena: São: privativas de liberdade, restritiva de direitos e multa. h
PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE
Objetivo: Como regra, é retirar do condenado o direito à liberdade. Com sua
aplicação, esse permanece em algum estabelecimento prisional, por determinado
tempo.
Classificação: Reclusão, detenção e prisão simples. Todas elas são consideradas
principais. Diferença: A reclusão é mais gravosa do que a detenção, implicando
regime prisional mais severo. A reclusão é cominada para crimes mais graves, em
que a ofensa ao bem jurídico tutelado é bastante considerável, merecendo maior
reprovabilidade. A prisão simples é a pena mais amena, tendo aplicação nas
contravenções criminais.
- PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS
Caráter substitutivo: Embora sendo autônoma, a pena restritiva tem caráter
substitutivo. Substitui a pena privativa de liberdade de curta duração.
Critérios para a substituição: Objetivo e subjetivo.
Objetivo: Tratando-se de crime doloso, pouco importando se punido com reclusão
ou detenção, a substituição terá cabimento, quando a pena privativa de liberdade
individual for de até 4 (quatro) anos, excetuado delito cometido mediante grave
ameaça ou violência à pessoa. Cuidando-se de crime culposo, não há limite
quantitativo (art. 44, inciso I, CP).
Page 247
Subjetivo: Não permite a troca objeto de considerações: a) – reincidente em crime
doloso: Nota-se que se a reincidência for em crime culposo, não há impedimento
para a substituição. A reincidência não necessita ser específica. Há exceção: Mesmo
havendo a recidiva, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que a medida seja
socialmente recomendável, a critério do juiz e a reincidência não tenha se operado
em virtude prática do mesmo crime (art. 44, § 3º, CP). De outro lado, vencido o
termo de cinco (5) anos da data do cumprimento da pena ou da sua extinção, a
situação da reincidência não mais prevalece em relação ao delito praticado
subsequentemente (art. 64, inciso I, CP). No caso, a substituição se aplica;
b) – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do
condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição
seja suficiente.
© Copyright 2016, vLex. Todos los Derechos Reservados. Copia exclusivamente para uso personal.
Se prohíbe su distribución o reproducción.

Substituição simples e cumulativa: A simples ocorrerá quando a pena corporal


estiver no patamar de 1(um) ou menos de 1 (um). Nesse caso, a pena corporal será
substituída por uma restritiva. A cumulativa dar-se-á quando a pena privativa de
liberdade individual aplicada for superior a 1 (um) até 4 (quatro). No caso, a troca
deverá ser por duas penas restritivas ou uma restritiva e a outra de multa, a critério
do magistrado.
Duração: A restritiva de direitos tem a mesma duração da privativa de liberdade
(art. 59, IV, CP).
Rol das penas restritivas de direitos: São elas: prestação pecuniária; perda de
bens e valores; prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas;
interdição temporária de direitos; limitação de fim de semana (art. 43, CP).
- PENA DE MULTA
Conceito: É a obrigação imposta ao condenado de pagar ao fundo penitenciário,
certa soma em dinheiro. Dias-multa: É o sistema adotado. É unidade de cálculo. O
valor do dia-multa é de, no mínimo, de 10 e, no máximo, de 360 dias-multa. A fixação
está a cargo do juiz da condenação (conhecimento). O valor é expresso em moeda
corrente, em dinheiro.
Operações para estabelecer a pena pecuniária: a) – Fixação do dias-multa: O que
deverá ser feito, tendo em vista a culpabilidade, a gravidade da conduta e outros
vetores contidos no art. 59 do CP; b) – O juiz determina o quantum de cada dia-
multa, levando em conta a situação financeira do réu (art. 60, caput, CP). A pena
pode ser aumentada em até 3 vezes, se em virtude da situação econômica do réu ela
se mostra ineficaz, embora aplicada em seu máximo (art. 60, § 1º , CP); c) – O valor
fixado pelo juiz não pode ser inferior a um trigésimo do maior salário-mínimo
mensal vigente na época do fato, nem superior a cinco vezes esse salário
(art. 49, § 1º, CP).
Atualização monetária: Deverá ser feita em consonância com os índices da
correção monetária, por ocasião da execução da pena (art. 49, § 2º, CP).
Pagamento da multa: A multa deve ser paga no prazo de 10 dias, depois de
transitada em julgado a sentença, mediante intimação.
Parcelamento: Poderá ser paga, por intermédio de requerimento do devedor, em
parcelas mensais, iguais e sucessivas, sem juros, desde que o pedido seja feito
dentro dos 10 dias após a intimação para pagamento.
Desconto no salário ou vencimentos do condenado: O desconto nessas
circunstâncias pode se verificar em três situações: a) – quando a multa for aplicada
isoladamente; b) – quando for aplicada cumulativamente com a pena restrita de
direitos; c) – no caso de concessão do livramento condicional (art. 50, § 1º, CP).
Logo, se houver a aplicação cumulativa da pena pecuniária com a privativa de
liberdade a regra não se aplica. Nesse caso, enquanto o preso está cumprindo a pena
corporal, o desconto da pena de multa será extraído da remuneração do preso
(art. 170, caput, LEP).
© Copyright 2016, vLex. Todos los Derechos Reservados. Copia exclusivamente para uso personal.
Se prohíbe su distribución o reproducción.

- DOSIMETRIA DA PENA
Individualização da pena: O juiz ao fixar a pena está cumprindo o princípio
constitucional da individualização da pena (art. 5º, inciso XLVI).
Circunstâncias usadas na dosimetria: Basicamente são duas: a) circunstâncias
judiciais; b) circunstâncias legais.
Page 248
- CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS
Dizem respeito aos critérios encontrados no art. 59, caput, do Código Penal, que
servem de vetor para a determinação da pena-base (piso), que abaixo serão
considerados.
Culpabilidade: Deve o magistrado avaliar o grau de reprovabilidade da conduta do
agente, não só em razão de suas condições pessoais (subjetivas), bem como
relativamente à ocorrência fática. Deve ser analisada a intensidade do dolo ou culpa.
Antecedentes: São os familiares, sociais e de trabalho do condenado. É sua vida
pregressa. Conduta social: Diz respeito à conduta do agente no ambiente em que
vive: social, trabalho, estudantil, entre outras.
Personalidade: São as qualidades morais do réu: boas ou más; seu temperamento
(agressivo ou não); seu senso moral.
Circunstâncias do crime: Refere-se à duração do tempo do delito (principalmente
nos crimes permanentes); local de sua prática (revelando periculosidade ou não);
atitude durante ou após a prática delitiva (insensibilidade, frieza).
Consequências do crime: Implica gravidade do dano imposto à vítima do delito,
podendo esta ser maior ou menor. Não se deve confundir com as elementares do
tipo penal, que já implicam no estabelecimento da sanção cominada.
Motivos do crime: São as razões que levaram o agente a cometer o delito. Devem
ser analisados sob o ponto de vista da reprovabilidade. Os motivos, como torpe, fútil
(...) ou qualquer causa de aumento da pena não pode ser catalogada, pois implicaria
em dupla valoração. Em bis in idem.
Comportamento da vítima: Deve ser examinado se a vítima concorreu para o
crime mediante provocação; por ter ela personalidade insuportável; por ser
criadora de caso; por ser atrevida; por ser irritante e outras assemelhadas
igualmente devem ser verificadas como elementos fixadores da reprimenda legal a
ser escolhida e dosada.
Cálculo: O piso da reprimenda legal, levando em consideração as circunstâncias
judiciais examinadas, pode ser no mínimo abstratamente cominado ou superior a
esse quantum. Deve ser observado o princípio da suficiência.
- CIRCUNSTÂNCIAS LEGAIS
Também são utilizadas para a fixação ou a dosimetria da pena.
© Copyright 2016, vLex. Todos los Derechos Reservados. Copia exclusivamente para uso personal.
Se prohíbe su distribución o reproducción.

Efeitos das circunstâncias judiciais: Podem concorrer para aumentar ou diminuir


a pena. Circunstâncias agravantes: Encontram-se arroladas nos artigos 62 e 63
do CP. Quando o crime for qualificado, não se aplica agravante que lhe serve de
qualificadora. É vedado o bis in idem.
Circunstâncias atenuantes: Estão previstas no art. 65 do Código Penal. Se o
crime é privilegiado, não se aplica a circunstância atenuante.
Concurso entre circunstâncias agravantes e atenuantes: Nos termos do art. 67
do CP, devem prevalecer as circunstâncias de cunho subjetivo, que o referido
Código classifica como preponderantes: aquelas que resultam ou se originam dos
motivos do crime, personalidade do agente e reincidência.
- DOSIMETRIA OU CÁLCULO DA PENA
Critério trifásico: A pena é calculada na seguinte ordem; a) pena-base; b)
circunstâncias atenuantes e agravantes; c) casas de diminuição ou aumento (art. 68,
CP).
Pena-base: Como visto acima, a pena-base é determinada pelos critérios
estabelecidos pelo art. 59 do CP. Circunstâncias atenuantes ou agravantes:
Individualizada a pena, deve o juiz em seguida, caso ocorra alguma das
circunstâncias legais, aumentar ou diminuir a reprimenda legal. O legislador não
prevê quanto é o aumento ou a diminuição, ficando esta a critério do magistrado.
Causas de diminuição ou aumento da pena: Não se confundem com as
circunstâncias atenuantes e agravantes. São fatores determinantes de acréscimo ou
da redução da pena: dobro, metade, 1/3, 2/3.
Page 249
Estas causas podem estar previstas na Parte Geral do CP: concurso material (art.
69); concurso formal (art. 70); crime continuado (art. 71) ou na Especial. Ex:
homicídio culposo resultante de inobservância de regra técnica de profissão...(art.
121, § 4º); roubo com emprego de arma, concurso de duas ou mais pessoas... (art.
157, § 2º); relevante valor moral ou social ou sob o domínio de violenta emoção
(art. 129, § 4º).
Pena definitiva: A sanção penal poderá tornar-se definitiva em qualquer das fases
de sua fixação, desde que, evidentemente, não haja a concorrência de atenuantes,
agravantes ou causas de aumento ou diminuição.

6. 14 Suspensão condicional da pena (SURSIS)


Definição e direito subjetivo: É o sobrestamento da pena privativa de liberdade
(não se aplica à pena de multa ou restritiva de direitos), preenchidos determinados
requisitos de ordem legal e mediante determinadas condições impostas pelo juiz da
execução. Trata-se de direito subjetivo do condenado.
© Copyright 2016, vLex. Todos los Derechos Reservados. Copia exclusivamente para uso personal.
Se prohíbe su distribución o reproducción.

Pressupostos objetivos: Pena corporal de até 2 (dois) anos. A suspensão é de 2


(dois) a 4 (quatro) anos (art. 77 CP). Tratando-se de contravenção penal, aplica-se
em qualquer quantidade de pena de prisão simples. O prazo de suspensão é de
1(um) a 3 (três) anos (art. 11, LCP).
Sursis e pena restritiva de direitos: Tendo cabimento a troca da pena corporal
pela restritiva de direitos; essa, por ser mais benéfica ao condenado, prepondera,
não se aplicando o sursis (art. 77, inciso III, CP).
Pressupostos subjetivos: Condenação não reincidente em crime doloso: O
beneficiário do sursis deve ser primário. Tem-se por reincidente o agente que
comete novo crime doloso após o trânsito em julgado formal de decisão anterior de
natureza condenatória. Aplica-se o art. 64 do CP. (art. 77, I, CP). A reincidência em
crime culposo não obsta o sursis. A condenação anterior à pena de multa não impede
o sursis (art. 77, § 2º, CP).
Sursis etário e humanitário: a) Sursis etário: Quando a pena corporal aplicada for
de até 4 (quatro) anos e o condenado seja maior de 70 anos, quando da sentença.
(art. 77, § 2º, CP); b) Sursis humanitário: Ocorre quando razões de saúde
justifiquem a suspensão. Trata-se de caso de saúde grave precária. Independe da
idade. O prazo de suspensão é de 4 a 6 anos.
Condições do sursis simples: No primeiro ano de suspensão, o beneficiário deverá
prestar serviços à comunidade (art. 46 CP) ou submeter-se à limitação de fim de
semana (art. 48 CP), acrescido ou não de condições estabelecidas pelo juiz
(art. 78, § 2º, CP).
Condições do sursis especial: Se o condenado tiver reparado o dano, salvo
impossibilidade de fazê-lo e se as circunstâncias judiciais do art. 59 do CP forem
inteiramente favoráveis, o juiz poderá substituir as condições previstas no § 1º,
pelas seguintes: (a) proibição de frequentar determinados lugares; (b) proibição e
ausentar-se da Comarca onde reside, sem autorização do juiz; (c) comparecimento
pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas
atividades.
Condições facultativas: Além das condições legais do sursis arroladas no art. 78
CP, é facultado ao juiz especificar outras – por isso chamadas judiciais – quando
entender necessárias.
Revogação obrigatória do sursis: O juiz da execução, obrigatoriamente, cassará o
benefício quando ocorrer: (a) condenação, transitada formalmente em julgado, em
crime doloso. Essa condenação deve ser por pena corporal, ficando excluída a pena
pecuniária e o crime culposo; (b) frustra, embora solvente, a execução da pena de
multa (o inciso tornou inaplicável, em face de que a multa por ser dívida de valor,
será executada pela Fazenda Pública, nos termos do art. 51 CP); (c) não efetua, sem
motivo justificável, a reparação do dano (é efeito da condenação tornar certa a
obrigação de reparar o dano – art. 91 CP -. A simples não reparação do dano não é
causa de revogação. É necessário que o condenado não a efetue sem motivo
© Copyright 2016, vLex. Todos los Derechos Reservados. Copia exclusivamente para uso personal.
Se prohíbe su distribución o reproducción.

justificável: situação econômica, renúncia da vítima, novação da dívida, não


conseguir localizar a vítima; (d) deixar de prestar serviços à comunidade ou não
submeter-se à final de semana. Só se aplica no sursis simples. Só haverá revogação se
a omissão do agente for injustificável (art. 81, caput, CP).
Page 250
Revogação facultativa do sursis: O juiz poderá revogar o sursis quando houver: (a)
descumprimento das condições judiciais ou do sursis especial; (b) se for condenado,
em sentença formalmente transitada em julgado, por crime culposo ou por
contravenção, à pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos. Fica, portanto,
excluída a condenação por multa (art. 81, § 1º, CP).
Prorrogação do período de prova: Verificar-se-á em duas situações: (a)
Beneficiário processado por outro crime ou contravenção: Neste caso, o sursis será
prorrogado ate o julgamento definitivo do pedido contido na ação penal. Essa
prorrogação é automática. Independe de pronunciamento jurisdicional; (b)
Revogação facultativa: Nesse caso, o juiz ao invés de decretá-la, poderá prorrogar o
sursis para seu prazo máximo, que, no sursis comum é de 4 (quatro) anos e no
especial é de 6 (seis) anos. Se o prazo foi fixado no máximo. Não poderá haver a
prorrogação (art. 81, § 2º, CP).
Extinção da pena: Cumprido o período de prova sem revogação, será declarada
extinta a pena (art. 82, CP).
Audiência admonitória ou advertência: Será feita pelo juiz da condenação após o
trânsito em julgado da sentença (art. 160, LEP).
Modificações das condições pelo juízo da execução: Poderão ser levadas a efeito
de ofício, a requerimento do MP ou do Conselho Penitenciário, a qualquer tempo,
ouvido o condenado. Nada impede, de outro lado, que o condenado requeira essa
mudança. (art. 158, LEP).

6. 15 Reabilitação
Definição: É a declaração judicial de que estão cumpridas ou extintas penas
impostas ao sentenciado, assegurando-lhe o sigilo sobre o processo e atingindo
outros efeitos da condenação.
Requisitos: Estão previstos no art. 94, CP: (a) Prazo: 2 (dois) anos, contado a partir
do dia em que for extinta, de qualquer forma, a pena ou terminar sua execução,
computando-se o período de prova da suspensão da pena (sursis) e do livramento
condicional; (b) domicílio no país: O reabilitando deve estar domiciliado no Brasil. A
prova pode ser feita por qualquer meio: contrato de locação; anotação em CTPS;
recibo de telefone; de luz; declaração de imposto de renda. Essa exigência serve para
se constar se o requerente tem bom comportamento; (c) bom comportamento
© Copyright 2016, vLex. Todos los Derechos Reservados. Copia exclusivamente para uso personal.
Se prohíbe su distribución o reproducción.

público ou privado: esta constatação deve ser feita em torno de todo o tempo
anterior ao pedido de reabilitação. A prova pode ser feita por intermédio de
declaração ou qualquer documento; (d) Ressarcimento do dano causado pelo crime,
impossibilidade de fazê-lo, renúncia ou novação da dívida: a indenização é a mais
ampla possível, incluindo juros e correção monetária. O ressarcimento em questão
será dispensável quando o delito não tiver acarretado dano à vítima. Ex: devolução
da coisa subtraída; lesão corporal leve. Pode o reabilitando demonstrar, quando do
pedido de reabilitação, que não tem condições de reparar o dano; que não
encontrou a vítima para fazê-lo; que essa se recusou em receber o valor devido; que
está em curso ação civil para essa finalidade; que não quer receber qualquer valor;
que a dívida foi objeto de renovação; (e) certidão de antecedentes criminais: deve
compreender o biênio, se o pedido for feito após completá-lo; ou período maior,
quando a postulação for feita posteriormente ao mesmo.
Competência: O juiz competente para apreciar e julgar o pedido de reabilitação é o
da condenação (art. 743, CPP), mesmo tendo absolvição em primeiro grau e
condenação no Tribunal.
Revogação da reabilitação: Se o reabilitado for condenado como reincidente, ou
seja, nova condenação quando já houver outra anterior acobertada pela coisa
julgada. A nova condenação deve estar formalmente transitada em julgado e a pena
deve ser privativa de liberdade (art. 95, CP) A revogação pode ser determinada de
ofício ou mediante provocação do Ministério Público.
Novo pedido: Indeferia a reabilitação, outro pedido poderá ser feito, a qualquer
tempo, desde que satisfeitos seus requisitos objetivos e subjetivos, o que deverá ser
comprovado documentalmente (art. 94, par. único, CP).
Recurso: Concedida a reabilitação, o juiz deverá recorrer de ofício (art. 746, CPP).
Pode o MP apelar, quando for concedido o pedido; bem como o mesmo meio
impugnativo pode ser utilizado pelo reabilitando, quando seu pedido não for
acolhido (art. 593, inciso II, CPP).
Page 251

6. 16 Prescrição criminal
Natureza jurídica: Ocorrendo a prescrição fica extinta a persecução criminal em
juízo (processo de conhecimento) ou desparece também o direito de o Estado fazer
com que a sanctio legis seja efetivamente cumprida (processo de execução). Ela é
causa extintiva da punibilidade (art. 107, inciso IV, CP).
Modalidades de prescrição: São elas: (a) prescrição da ação penal ou da pretensão
punitiva (art. 109, CP); (b) prescrição da pretensão executória (art. 100, CP).
© Copyright 2016, vLex. Todos los Derechos Reservados. Copia exclusivamente para uso personal.
Se prohíbe su distribución o reproducción.

Divisão da prescrição da pretensão punitiva: Divide-se em: (a) prescrição


retroativa (art. 110, § 1º, in fine, c.c. art. 109, CP); (b) prescrição superveniente,
intercorrente ou subsequente (art. 110, § 1º, c.c. art. 109, CP).
Ocorrência da prescrição: A prescrição da pretensão punitiva ou da ação penal
acontece antes do trânsito em julgado da sentença condenatória; enquanto que a
prescrição executória acontece após o trânsito em julgado da decisão condenatória
para a acusação.
- PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA OU DA AÇÃO PENAL (ANTES DE
TRANSITAR
EM JULGADO A SENTENÇA)
Regulagem: Essa modalidade de prescrição se regula pelo máximo da pena
abstratamente cominada (art. 109, CP). A sanção em questão é a privativa de
liberdade: reclusão, detenção ou prisão simples.
Prazo prescricional: É de no mínimo 3 (três) anos, se o máximo da pena for
inferior a 1 (um) ano e no máximo de 20 (vinte) anos, se o máximo da reprimenda
legal for superior a 12 (doze) anos.
Efeitos da prescrição antes de transitar formalmente em julgado a sentença
condenatória: Sendo ela declara judicialmente, não haverá nenhuma consequência,
quer de ordem penal, processual penal e civil. Sem dúvida, se não houver sentença
condenatória formalmente transitada em julgada, a mesma não poderá gerar
nenhuma consequência em qualquer que seja o ramo do Direito. Ex: não haverá a
reincidência; o nome do condenado não pode ser lançado no rol dos culpados; não
poderá servir de base para efeito de responsabilidade civil.
Prescrição das penas restritiva de direitos: Obedecem aos mesmos prazos
previstos para a prescrição das penas privativas de liberdade (art. 109, par. único,
CP). Isso porque, embora sejam independentes, elas se prestam para substituir a
penas corporais.
Prescrição das penas de multa: (a) Em 2 anos: Quando a pena de multa for a única
cominada; (b) No mesmo prazo da pena privativa de liberdade: Quando a multa for
alternativa ou cumulativamente cominada com a sanção corporal (art. 114, CP).
Prescrição retroativa: (a) Significado: Retroativa significa que o prazo
prescricional é contado para trás, regressivamente; (b) Contagem: Leva-se em
consideração a sanção penal concretamente imposta;
(c) Termo inicial: Leva-se em consideração, para seu termo inicial, o espaço
temporal que medeia entre o recebimento da denúncia ou queixa e a publicação da
sentença condenatória; (d) Termo anterior: Não mais se considera para efeito
prescricional o termo inicial anterior ao do recebimento da denúncia ou queixa; (e)
Sentença absolutória: Se houver reforma, o tempo prescricional será computado
entre a data de recebimento da peça acusatória até o dia em que foi publicado o
Acórdão condenatório; (f) Reincidência: Não influi no prazo da prescrição da
© Copyright 2016, vLex. Todos los Derechos Reservados. Copia exclusivamente para uso personal.
Se prohíbe su distribución o reproducción.

pretensão punitiva (Súmula 200 – STJ); (g) Prescrição retroativa virtual ou por
antecipação: Não se admite a extinção da punibilidade com fundamento em pena
hipotética (Súmula 438 – STJ).
Prescrição superveniente, intercorrente ou subsequente: (a) Significado:
Superveniente porque seu espaço temporal é contado para frente,
progressivamente, ou seja, a partir da sentença condenatória;
(b) Pena concreta: É considerada para efeito de contagem do tempo prescricional;
(c) Contagem do prazo: Segue as diretrizes do art. 109, CP; (d) Termo inicial e final:
O espaço prescribente começa a correr a partir da publicação da sentença
condenatória até seu trânsito em julgado para a acusação (art. 112, CP);
(e) Recurso da acusação: Em princípio pode obstar o reconhecimento da prescrição
superveniente, salvo se: 1. dando-se provimento ao recurso não houver alteração do
espaço prescricional; 2 – sendo negado provimento ao recurso (art. 110, § 1º, CP).
Page 252
Início do prazo prescricional antes do trânsito em julgado da decisão
condenatória: É resolvido pelo art. 111 do Código Penal: (a) do dia em que o crime
se consumou: Do ponto de vista prático, o crime se consuma quando é realizado o
núcleo do tipo: matar, subtrair. A partir daí tem início o prazo prescricional; (b) no
caso da tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa: Diz-se tentado o crime,
quando não s,e consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. Leva-se em
consideração, para efeito prescricional, a data em que se efetivou o último ato de
execução; (c) nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência: Crime
permanente é aquele cuja consumação se prolonga no tempo. Para efeito
prescricional, considera-se a data em que a consumação foi interrompida. Ex: no dia
em que a vítima de sequestro foi liberada; (d) nos de bigamia e nos de falsificação ou
alteração de assentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou
conhecido: O conhecimento a que faz referência é o da autoridade pública, assim se
entendendo todos os agentes que podem promover a persecução criminal (polícia
judiciária e MP) ou provocá-la (membros do Poder Judiciário).
Causas impeditivas ou suspensivas da prescrição: O assunto jurídico é tratado
pelo art. 116 do Código Penal: (a) enquanto não resolvida, em outro processo,
questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime: Dizem respeito às
questões prejudiciais previstas, respectivamente, nos arts. 92 e 93 do CPP. O art.
92 trata da questão prejudicial obrigatória, envolvendo o crime de bigamia
(art. 235, CP) e registro de filho inexistente (art. 214, CP). O art. 93 cuida da
questão prejudicial facultativa, que diz respeito à propriedade, posse, relações
comerciais, trabalhistas ou qualquer outra que possa vincular as pessoas diante do
direito positivo material. Na hipótese, por meio da decisão do juízo civil é que se
estabelecerá se o fato é típico ou não. Enquanto estiver em pendência de julgamento
a prejudicial no juízo civil o prazo fica suspenso. Na prejudicialidade obrigatória, o
prazo somente começa a fluir a partir do trânsito em julgado da sentença civil que
julgou a questão relativa ao estado das pessoas; na facultativa, o prazo continuará a
© Copyright 2016, vLex. Todos los Derechos Reservados. Copia exclusivamente para uso personal.
Se prohíbe su distribución o reproducción.

correr a partir da data do vencimento do prazo de suspensão assinalado pelo juiz


criminal;
(b) enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro: O motivo suspensivo é que
estando o indivíduo cumprindo pena no estrangeiro não se consegue sua extradição
para responder à ação penal no Brasil. A suspensão deve ocorrer a partir da data em
que for constatado que o acusado se encontra preso no estrangeiro.
Outras hipóteses legais de suspensão do prazo prescricional: São elas: (a)
suspensão condicional do processo: Não correrá a prescrição durante o prazo de
suspensão do processo (art. 89, § 6º, Lei n. 9.099/1995); (b) suspensão do
processo: Se o réu citado por Edital não comparecer e nem constituir advogado, o
curso do prazo prescricional ficará suspenso (art. 366, CPP); (c) acusado no
estrangeiro em lugar sabido: Será citado mediante Rogatória, sendo suspenso o
prazo prescricional até seu cumprimento (art. 368, CPP); (d) sustação de processo
contra membros do Congresso Nacional: Recebida a denúncia contra Senador ou
Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o STF dará ciência à Casa
respectiva, que por iniciativa de Partido Político nela representado e pelo voto da
maioria de seus membros, poderá, sustar o andamento da ação (art. 53, § 3º, CF). Se
isso ocorrer, o prazo prescricional fica suspenso até a extinção do mandado popular,
quando voltará a fluir novamente; (e) crimes contra a ordem tributária e
previdenciária: Nos crimes contra a ordem tributária, e apropriação indébita
previdenciária e de sonegação de contribuição previdenciária, haverá a suspensão
da pretensão punitiva do Estado, quando houver o parcelamento do débito
respectivo (REFIS) (Lei n. 11.941/2009).
- PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA OU DA CONDENAÇÃO (DEPOIS DE
TRANSITAR EM JULGADO A SENTENÇA)
Requisito: Deve ter havido o trânsito em julgado formal da sentença condenatória
(art. 110, caput, CP), para a acusação e para a defesa.
Pena concretamente aplicada: Leva-se em consideração a pena concretamente
aplicada e não a abstrata em seu máximo cominado.
Perda estatal: Ocorrendo a consumação do prazo prescricional, o Estado perde o
direito de fazer cumprir a pena concretamente imposta, ficando impedido de
executá-la.
Page 253
Fixação do prazo: É fixado de acordo com o tempo estabelecido pelo art. 109 do
Código Penal. Esse prazo é comum para a prescrição da pretensão punitiva e da
executória. Para a pena de multa, aplica-se o prazo previsto no art. 114 CP, também
comum às duas formas prescribentes.
Termo inicial da prescrição: Nos termos do art. 112 do CPP: (a) do dia em que
transita em julgado a sentença a condenatória para a acusação: Basta que tenha
havido a preclusão das vias recursais para a acusação para que o prazo prescricional
© Copyright 2016, vLex. Todos los Derechos Reservados. Copia exclusivamente para uso personal.
Se prohíbe su distribución o reproducción.

comece a ser computado. O trânsito em julgado para a acusação é constatado


mediante certidão lançada nos autos; (b) revogação da suspensão condicional da
pena (sursis): Conforme já estudado, o sursis pode ser revogado, de forma
obrigatória ou facultativa (art. 81 CP). Operada a revogação, a parir de sua data em
que transita em julgado a decisão pertinente, tem início a contagem inicial da
prescrição; (c) revogação do livramento condicional: a exemplo do que acontece com
o sursis, o livramento condicional pode ser revogado obrigatoriamente ou
facultativamente (arts. 86 e 87 CP). O termo inauguração da prescrição começa a
correr a partir da data em que transita em julgado a decisão que o cassou; (d) do dia
em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da interrupção deve
computar-se na pena: O curso da execução pode ser interrompido a partir da data
em que houve fuga do preso. Nesse caso, o prazo da prescrição da pretensão
executória deve ser calculado sobre o restante da pena a cumprir (art. 113 CP).
Aumento do prazo prescricional pela reincidência: Sendo o condenado
reincidente, o prazo prescricional é aumentado em 1/3 (art. 110 CP). É necessário
que o juiz tenha reconhecido na sentença condenatória a reincidência.
Suspensão do prazo da prescrição da pretensão executória: Estando o
condenado preso por outro motivo (prisão preventiva; prisão em flagrante; prisão
temporária; prisão domiciliar), a suspensão da prescrição se impõe, porquanto o
condenado não pode cumprir a pena que lhe foi imposta (art. 116 CP).
Efeitos da extinção da punibilidade pela prescrição da pena: Declarada a
prescrição, o condenado não mais está sujeito a cumprir a pena a ela imposta. Os
demais efeitos da condenação permanecem: (a) a decisão é contada para efeito de
reincidência; (b) não elide a responsabilidade civil, podendo a sentença ser
executada no juízo cível (art. 63, caput, CPP); (c) o nome do condenado será
lançado no rol dos culpados;
(d) o valor recolhido a à título de fiança será utilizado para reparação do dano
decorrente da prática do crime, do pagamento das custas processuais e da pena de
multa (art. 336 CPP).
Causas interruptivas da prescrição: Uma vez interrompida a prescrição, o prazo
respectivo começa a ser contado novamente. Ela se difere da suspensão, uma vez
que esta tem sentido de continuação, levando em conta a parte do prazo que teve
seu curso suspenso.
Essas causas se encontram elencadas no art. 117 CP: (a) pelo recebimento da
denúncia ou queixa: Quando o juiz receber a peça acusatória, o prazo prescricional
será interrompido. É o que se denomina de ajuizamento da ação penal. Não se deve
confundir com o oferecimento da denúncia ou queixa; (b) pela pronúncia: É a
decisão pela qual o juiz do procedimento penal do júri determina que o acusado seja
submetido a julgamento pelo tribunal do júri (art. 413, caput, CPP). A data da
interrupção se dá quando da publicação da sentença (art. 389 CPP); (c) decisão
confirmatória da pronúncia: Havendo a interposição de recurso em sentido estrito
para impugnar a sentença processual de pronúncia, se o Tribunal de Justiça ou
© Copyright 2016, vLex. Todos los Derechos Reservados. Copia exclusivamente para uso personal.
Se prohíbe su distribución o reproducción.

Regional Federal mantiver a sentença de pronúncia o lapso prescricional será


novamente interrompido, a partir da data da sessão, que é pública; (d) pela
publicação da sentença ou acórdão condenatório recorrível: A sentença a que se faz
menção é aquela de primeiro grau de jurisdição, proferida pelo juiz singular (é
publicada nas mãos do escrivão), pelo Juizado Especial criminal (é publicada na data
da audiência concentrada) ou pelo tribunal do júri (é publicada na sessão de
julgamento). É recorrível por meio de apelação (art. 593 CPP). Acórdão é decisão de
proferida por tribunal em sede de recurso ordinário de apelação ou em tema de
ação penal originária. É recorrível por intermédio de embargos infringentes
(art. 609, par. único, CPP); recurso extraordinário (art. 102, inciso III, CF);
recurso especial (art. 102, inciso III, CF); (e) pelo início ou continuação do
cumprimento da pena: Com a prisão do condenado tem início o cumprimento da
reprimenda legal, interrompendo-se o prazo prescricional. No caso do sursis a
interrupção ocorre na
Page 254
data da audiência admonitória ou de advertência. A mesma interrupção acontecerá
quando havendo fuga do recluso for ele for recapturado. Na data em que isso
ocorrer haverá a interrupção cuidada; (f) pela reincidência: A interrupção deve se
verificar na data em que a sentença condenatória ou absolutória – que possibilita
reconhecer a reincidência – transitar em julgado para ambas as partes, e não no dia
em que for praticado o fato punível.
Efeito da interrupção para todos os autores do crime e nos crimes conexos: (a)
Ressalvadas as hipóteses de início ou continuação do cumprimento da pena
(art. 117, inciso V, CP) e da reincidência (art. 117, inciso VI, CP), as demais causas
interruptivas do lapso prescribente se comunicam aos demais autores do crime
(art. 117, § 1º, CP); (b) em se cuidando de crimes conexo (art. 76 CPP), havendo a
inter-rupção das prescrição em relação a algum deles, ela se estende aos demais
(art. 117, § 1º, CP).
Redução dos prazos prescricionais: O prazo prescricional será reduzido pela
metade: (a) ao menor de 21 anos: Essa idade será considerada quando da prática do
fato punível; (b) para o maior de 70 anos: Essa idade será considerada por ocasião
da prolação da sentença (art. 115 CP).
Concurso de crimes e prescrição: Diz respeito ao concurso material e formal de
crimes e ao delito continuado. Para efeito prescricional, a pena de cada crime deve
ser considerada isoladamente (art. 119 CP). Deve-se levar em conta,
exclusivamente a pena-base, desprezando-se os demais acréscimos.
Prescrição das penas cumulativas e alternativas: As penas mais leves
prescrevem com as mais graves (art. 118 CP). Não se aplica aos concurso de crimes
e aos crimes conexos. Trata-se unicamente de sanção penal. (a) As penas
cumulativas são privativas de liberdade e multa. Ambas são aplicadas. Ex: o crime de
roubo é punido com reclusão e multa (art. 157, caput, CP). A pena pecuniária
prescreve no mesmo tempo do que a corporal em seu máximo abstratamente
© Copyright 2016, vLex. Todos los Derechos Reservados. Copia exclusivamente para uso personal.
Se prohíbe su distribución o reproducción.

cominado; (b) As penas alternativas são privativas de liberdade ou multa. Impõem-


se uma ou outra. Ex: o delito de injúria é sancionado com detenção ou multa
(art. 140, caput, CP). A prescrição pecuniária será medida pela prescrição da pena
corporal em seu máximo abstratamente cominado.
Declaração da extinção da punibilidade: Deverá ser feita pelo juiz de ofício ou
mediante provocação, em qualquer fase do processo (art. 61 CPP).

6. 17 Dolo e culpa
Elemento psicológico-normativo da culpabilidade: Concentra-se no dolo e na
culpa. Esse elemento compõe-se de consciência e vontade, manifestado sob a forma
de dolo e de culpa.
Dolo: É a forma mais comum e mais grave da culpabilidade, porquanto é no seu
âmbito que se vê inteiramente configurado o elemento psicológico-normativo da
culpabilidade: representação (permite ao indivíduo visualizar com antecedência o
resultado de sua conduta), consciência (conhecimento de que seu querer é ilícito) e
vontade (movimento psíquico dirigido a determinado fim, a determinado fato
ilícito).
Espécies de dolo: Direto ou determinado (o resultado corresponde à vontade do
agente. O indivíduo prevê (representação) o resultado e quer que ele ocorra);
eventual (o agente prevê o resultado como provável ou possível e aceita ou
consente que o mesmo ocorra. Enfim, o agente assume o risco de produzir o
resultado); dolo de dano (a consciência e vontade do agente se dirigem a resultado
danoso); dolo de perigo (a consciência e a vontade do agente se dirigem a uma
situação de perigo); dolo genérico (vontade de realizar o fato descrito em lei, em
seu núcleo – ex: matar; subtrair); dolo geral (o agente, supondo ter conseguido um
resultado pretendido, pratica nova ação que, na realidade, acaba de produzi-lo – ex:
a vítima recebe um tiro e o agente, supondo tê-lo matado, a atira no mar, sobrevindo
sua morte por afogamento); dolo de ímpeto (quando se age sob o impulso de um
estímulo, de um impulso imprevisto); dolo de propósito (quando se medita mais
longamente antes da execução do delito); dolo determinado (quando na vontade
do sujeito é determinada a ofensa que pretende); dolo indeterminado (quando a
vontade do agente não visa a determinada ofensa).
Culpa: Trata-se de forma menor de culpabilidade. Logo, cuida-se de forma mais
atenuada do elemento psicológico-normativo da culpabilidade. Por isso os crimes
culposos são punidos de maneira mais branda do que os dolosos.
Page 255
Diferença fundamental entre dolo e culpa: Está no elemento subjetivo vontade:
no dolo, o agente quer o resultado ou assume o risco de produzi-lo; na culpa, o
agente não quer o resultado (culpa inconsciente) ou espera que esse não se
© Copyright 2016, vLex. Todos los Derechos Reservados. Copia exclusivamente para uso personal.
Se prohíbe su distribución o reproducción.

verifique (culpa consciente). Portanto, no dolo, o evento é previsto e querido,


enquanto que na culpa, o evento não é querido, mas previsto.
Fundamento da culpa: Está na previsibilidade, que constitui seu elemento
normativo. A previsibilidade é a possibilidade de prever um resultado. O fato de o
agente não ter previsto o resultado para evitá-lo, podendo e devendo fazê-lo, é que o
torna responsável pelo resultado.
Aferição da previsibilidade: Em nível pátrio é adotado o critério objetivo. Por ele,
a previsibilidade é aferida tendo em consideração a diligência e perspicácia do
homem médio. Logo, previsível é um resultado quando a previsão de seu evento
pode ser exigida do homem comum ou normal.
Modalidades da culpa: Imprudência (Tem forma ativa, positiva. Consiste no atuar
do agente sem os cuidados que o caso requer. ele age com insensatez, com
precipitação, com inconsideração – culpa in agendo); negligência (Tem forma
passiva, negativa. Consiste na omissão do agente em agir de determinado modo
diante de certas circunstâncias, quer por indolência, quer por preguiça mental);
imperícia (Pressupõe arte ou profissão. Implica a falta de aptidão técnica, teórica
ou prática, para o exercício profissional); culpa consciente ou com previsão (O
resultado é previsto pelo agente, embora este sinceramente espera que ele não
aconteça. É a denominada culpa ex lascívia); culpa inconsciente (Nela o agente
pratica voluntariamente, sem a atenção ou cuidado devido, um ato do qual decorre
um resultado definido na lei como crime, que não foi nem querido e nem previsto
pelo agente, mas que era previsível. É a chamada culpa ex ignorantia ou sem
previsão).
Compensação da culpa: Por força da teoria dos antecedentes causais, prevista no
art. 13 do CP, não se admite a compensação de culpas.

6. 18 Direito penal do inimigo (Feindstrafrecht)


Criação: Günther Jakobs, em 1985.
Conceito: Certas pessoas, por serem inimigas da sociedade (ou do Estado), não
merecem ter a proteção do direito civil ou do direito penal.
Definição de crime por Jakobs: É negação da vigência da norma, enquanto que a
pena é a retribuição dessa negação. Logo, não há nenhuma preocupação com o
eventual bem jurídico relativo, por exemplo, com a saúde, patrimônio, vida, mas
esse bem jurídico se projeta sobre a norma vigente. Essa deve ser a preocupação do
direito penal. Assim, quem pratica um crime está violando uma norma em vigor.
Prevenção geral positiva: O que o direito penal do inimigo protege não é um bem
jurídico, mas a própria norma jurídica, sua manutenção, contra a ação do inimigo.
No campo da prevenção geral, a ideia é neutralizar o inimigo antes que ele possa
© Copyright 2016, vLex. Todos los Derechos Reservados. Copia exclusivamente para uso personal.
Se prohíbe su distribución o reproducción.

agir com habitualidade, com profissionalismo. É o direito penal do autor, em


detrimento do direito penal do fato. É a periculosidade do agente que interessa e
não a culpabilidade.
Direito penal do cidadão: O cidadão, mesmo violando uma norma, recebe a
oportunidade de reestabelecer a vigência desta norma através da pena, sendo
punido como cidadão, ficando mantido seu status de pessoa e de cidadão. O cidadão
é pessoa que não comete crime de maneira persistente (reincidência); de modo
habitual, profissional e envolvimento em organização criminosa, comete erro,
desvio de conduta, o que o mantém na condição de cidadão. Uma vez praticado o
crime, lhe é aplicada a pena, com a finalidade de reafirmar o direito. (Ex: Na
tentativa incruenta ou branca, aquela em que vítima sai ilesa, sem qualquer dano à
sua integridade física, o indivíduo será condenado por tentativa de homicídio, pois
ele violou uma norma jurídica vigente e não o bem jurídico). Portanto, basta violar a
norma para que o agente seja condenado. Despreza-se a violação do bem jurídico.
Características do inimigo do Estado: Ser reincidente, praticar crime com
habitualidade, profissionalismo e participar de organização criminosa.
Page 256
Direito penal do inimigo: Há pessoas que fazem do crime uma habitualidade;
praticam infrações penais de maneira interativa, com profissionalismo, integrando
organização criminosa, demonstrando, dessa forma, serem inimigas da sociedade.
Com esse tipo de comportamento, acabam por destruir o ordenamento jurídico, a
vigência da própria norma, razão pela qual não podem ser tratadas como cidadãos,
mas sim como inimigas da sociedade.

6. 19 Teoria do domínio dos fatos


Criação: Essa teoria foi criada por Hans Welzel, em 1939, e desenvolvida por Claus
Roxin, em 1963, em sua obra denominada Täteschaft un Tatherrschat, ganhando
projeção na Europa e América Latina.
Caracterização: Para efeito de responsabilidade penal, basta que o agente tenha
autoridade direta e imediata sobre outro agente ou grupo de pessoas que pratica o
ato punível, em situação ou contexto em que o agente tenha conhecimento do fato
ou deveria tê-lo. Será ele igualmente responsável, como os autores imediatos.
Presunção de inocência e responsabilidade objetiva: Essa teoria se opõe à
presunção de inocência e ao mesmo tempo consagra a responsabilidade objetiva.
Isso, porque a responsabilidade penal do agente se estabelece independentemente
da prova de sua culpabilidade.
Coautoria ou participação (at. 29 CP): Essa teoria também se contrapõe ao que se
encontra normatizado no art. 29 do Código Penal. Em sede de concurso de pessoas,
© Copyright 2016, vLex. Todos los Derechos Reservados. Copia exclusivamente para uso personal.
Se prohíbe su distribución o reproducción.

a responsabilidade de cada uma delas no evento criminoso é medida pela sua


culpabilidade.
Mensalão: Essa teoria foi utilizada no processo do mensalão, que se desenvolveu
nos lindes do STF.
Houve a condenação de acusado sob o fundamento de que, devido ao alto cargo que
ocupava, deveria ter conhecimento dos fatos criminosos, além do que os delitos
foram perpetrados por pessoas que eram a ele subordinadas.
Modalidades de Autoria diante teoria examinada: (a) Direta ou imediata: O
autor do evento típico realiza a ação delitiva pessoalmente, sem a interferência ou
cooperação de nenhuma pessoa. A conduta delitiva está sob seu exclusivo controle;
(b) Intelectual: Autor é aquele que planeja a infração típica, não participando da
execução direta do crime (núcleo do tipo) (ex: chefe de organização criminosa que
cuida do planejamento dos delitos a ser perpetrados pela quadrilha); (c) Mediata: É
tido como autor quem realiza o tipo penal, servindo-se para o evento punível de
outra pessoa, que atua como seu instrumento. É quem pratica o delito-tipo através
de outrem (aplica-se ao crime comissivo doloso).
Autor, no conceito mais preciso de Claus Roxin: É quem realiza, direta ou
indiretamente, no todo ou em parte, uma conduta típica, incriminadora, que é
inerente ao domínio da ação. Também é considerado como autor, aquele que
executa o ato delituoso utilizando-se de outrem como instrumento, o que
caracteriza a autoria mediata, que se opera por intermédio do domínio da vontade.
In casu, a ação não é utilizada pessoalmente pelo agente.
Autor em sentido estrito: Tendo em vista que, se o agente em posição hierárquica
auxilia ou executa o núcleo do tipo com uma ou mais pessoas, independentemente
da existência de organização criminosa, figura como autor ou partícipe, sobre ele
incidindo a aplicação do art. 29 do Código Penal; para efeito direto da teoria do
domínio dos fatos, é preferível considerar autor (mediato) aquele que não pratica
nenhum ato relativo ao delito, mas exerce domínio sobre o fato e a ação, assim
compreendida o comportamento criminoso de pessoa a ele subordinada.

6. 20 Súmulas direito penal


- SÚMULAS SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este
absorvido (17).
A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade,
não subsistindo qualquer efeito condenatório (18).
Aplica-se ao crime de estelionato, em que figure como vítima entidade autárquica da
previdência social, a qualificadora do § 3º, do art. 171 do Código Penal (24).
© Copyright 2016, vLex. Todos los Derechos Reservados. Copia exclusivamente para uso personal.
Se prohíbe su distribución o reproducción.

Page 257
Compete à Justiça Estadual processar e julgar o crime de falsa anotação na carteira
de trabalho e previdência social, atribuído a empresa privada (62).
A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime
de estelionato, da competência da Justiça Estadual (73).
Para efeitos penais, o reconhecimento da menoridade do réu requer prova por
documento hábil. (74).
O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem
indevida (96).
Cominadas cumulativamente, em lei especial, penas privativa de liberdade e
pecuniária, é defeso a substituição da prisão por multa (171).
A pronúncia é causa interruptiva da prescrição, ainda que o Tribunal do Júri venha a
desclassificar o crime (191).
A reincidência não influi no prazo da prescrição da pretensão punitiva (220).
A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena
abaixo do mínimo legal (231).
A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância agravante e,
simultaneamente, como circunstância judicial (241).
É admissível a adoção do regime prisional semi-aberto aos reincidentes condenados
a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais (269).
A prescrição penal é aplicável nas medidas sócio-educativas (338).
O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena
cominada (415).
É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com
fundamento em pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do
processo penal (438).
Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional
mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na
gravidade abstrata do delito (440).
A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento condicional
(441).
É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a majorante
do roubo (442).
O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado
exige fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera
indicação do número de majorantes (443).
© Copyright 2016, vLex. Todos los Derechos Reservados. Copia exclusivamente para uso personal.
Se prohíbe su distribución o reproducción.

É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a


pena-base (444).
- SÚMULAS SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
A prescrição da ação penal regula-se pela pena concretizada na sentença, quando
não há recurso da acusação (146). Comprovado não ter havido fraude, não se
configura o crime de emissão de cheque sem fundos (246).
Para a ação penal por ofensa à honra, sendo admissível a exceção da verdade quanto
ao desempenho de função pública, prevalece a competência especial por
prerrogativa de função, ainda que já tenha cessado o exercício funcional do ofendido
(396).
A absolvição criminal não prejudica a medida de segurança, quando couber, ainda
que importe privação da liberdade (422). Quando se tratar de crime continuado, a
prescrição regula-se pela pena imposta na sentença, não se computando o acréscimo
decorrente da continuação (497).
Não obsta a concessão do “sursis” condenação anterior à pena de multa (499).
A medida de segurança não será aplicada em segunda instância, quando só o réu
tenha recorrido (525).
A extinção de punibilidade, pelo pagamento do tributo devido, estende-se ao crime
de contrabando ou descaminho, por força do Art. 18, parágrafo 2, do Decreto-Lei
157-67 (560).
Nos crimes falimentares, aplicam-se as causas interruptivas da prescrição, previstas
no Código Penal (592).
A prescrição pela pena em concreto é somente da pretensão executória da pena
privativa de liberdade (604).
Não se admite continuidade delitiva nos crimes contra a vida (605).
Na ação penal regida pela Lei nº. 4.611-65, a denúncia, como substitutivo da
portaria, não interrompe a prescrição (607).
A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a
sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência (711)
O art. 309 do Código de Trânsito Brasileiro, que reclama decorra do fato perigo de
dano, derrogou o art. 32 da Lei das Contravenções Penais no tocante à direção sem
habilitação em vias terrestres (720).
- SÚMULA VINCULANTE
Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I
a IV, da Lei 8.137/1990, antes do lançamento definitivo do tributo (24).

Você também pode gostar