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Direito Penal
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Contenidos
• 6. 1 Conflito ou concurso aparente de normas.
• 6. 2 Prazo penal e sua contagem.
• 6. 3 Relação de causalidade.
• 6. 4 Consumação e tentativa.
• 6. 5 Crime impossível (Tentativa inidônea).
• 6. 6 Erro em matéria penal.
• 6. 7 Desistência voluntária.
• 6. 8 Arrependimento eficaz.
• 6. 9 Arrependimento posterior.
• 6. 10 Excludentes de antijuridicidade.
• 6. 11 Excludente de culpabilidade.
• 6. 12 Concurso em matéria criminal.
• 6. 13 Das penas.
• 6. 14 Suspensão condicional da pena (SURSIS).
• 6. 15 Reabilitação.
• 6. 16 Prescrição criminal.
• 6. 17 Dolo e culpa.
• 6. 18 Direito penal do inimigo (Feindstrafrecht).
• 6. 19 Teoria do domínio dos fatos.
• 6. 20 Súmulas direito penal.
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6. 3 Relação de causalidade
- AÇÃO E OMISSÃO
Ação: É o primeiro momento objetivo e material do crime. Sem ela o delito não
existe. Trata-se, portanto, de comportamento humano fundamental no campo da
teoria do crime, que produz uma modificação no mundo exterior.
Abrangência: A ação tem sentido abrangente, compreendendo a conduta comissiva
ou omissiva do agente.
Elementos factuais do crime: A ação é o elemento central do crime, sobre a qual
assentam os outros componentes do crime: tipicidade, antijuridicidade e
culpabilidade. Sem ação não há o que punir.
Componentes da ação: (a) – processo interno de vontade (a ação é um
acontecimento voluntário (volitivo) do agente: Ex: pensa em matar); (b) -
exteriorização desta vontade no mundo exterior (o querer do agente se manifesta
no exterior: Ex: pega o revólver); (c) resultado produzido por esta vontade (o ato
voluntário do agente se projeta no exterior produzindo um resultado: Ex: atira. (Obs:
Se o resultado corresponder a um tipo penal, será ele relevante para o Direito Penal)
- RESUMINDO: O agente voluntariamente cogita matar. Pega o revólver e vai ao
encontro da vítima, disparando-lhe tiros, matando-a).
- RELAÇÃO DE CAUSALIDADE E AÇÃO
Relação: Dentro da ação, a relação causal estabelece o vínculo entre o
comportamento do agente e o resultado. Tal relação permite concluir se o fazer
(ação) ou não fazer (omissão), foi o que ocasionou ou não a ocorrência típica.
Teorias: (a) Totalidade das condições: A causa do resultado é a soma de todas as
condições; (b) Equivalência das condições ou da conditio sine qua non (Von Buri): A
causa é qualquer uma delas, desde que necessária à produção do resultado. É a que
prevalece; (c) Causalidade adequada: Causa é a condição que se mostra mais
adequada para produzir o resultado (Von Bar).
Superveniência de causa independente: Diz respeito ao surgimento do resultado
por um outro processo causal que não nenhuma relação, nem mesmo ideológica,
com a ação inicial do agente. É um novo processo causal que, isoladamente, produz o
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6. 4 Consumação e tentativa
- CONSUMAÇÃO
Definição: Quando no crime se reúnem todos os elementos de sua definição legal
(art. 14, inciso I, CP). Verifica-se quando ocorre lesão integral ao bem jurídico
protegido: morte, subtração, estupro.
Exaurimento do crime: É uma fase posterior à sua consumação. Ele é irrelevante
para a configuração do crime, mas deve ser considerado para a aplicação da pena
(art. 59, CP). (Ex: O crime de extorsão se consuma com o constrangimento da
vítima, independentemente de se conseguir ou não a vantagem pretendida. Se vier a
obtê-la o crime estará exaurido).
- TENTATIVA (conatus)
Definição: Quando iniciada a execução, o crime não se consuma por circunstâncias
alheias à vontade do agente (art. 14, II, CP). Trata-se da realização incompleta do
crime. Logo, o agente dá início à execução, porém não consegue fazer com que o
crime se consuma.
Iter criminis: Se o agente percorre todo o caminho, o crime se consuma. Entretanto,
se não faz, somente haverá a tentativa.
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policial e municipal. Turista que fuma maconha no Brasil, acreditando, por erro, que
sua conduta é lícita.
- DISCRIMINANTES PUTATIVAS
O agente supõe agir licitamente porque imagina, por erro, existir situação de fato
que, se existisse, tornaria a ação legítima. (art 20, § 1º, CP). Ex: O agente, supondo
na iminência de ser agredido por seu inimigo, que dele se aproximou, tirando do bolso
um pente, o alveja, matando-o (legítima defesa putativa).
Abrangência das discriminantes: Todas as normas autorizantes: legítima defesa;
estado de necessidade; estrito cumprimento do dever legal; exercício regular de
direito. Ex: (a) Pedro atira em seu amigo Paulo, que invade imprudentemente sua
casa; (b) policial prende o pretenso criminoso, confundindo-o com um sósia; (c) a
sentinela ao ver aproximar um vulto, imaginando tratar-se de um inimigo, mata um
colega de farda; João acreditando que o edifício está envolto em chamas, para dele se
retirar acaba ferindo pessoas.
Erro na discriminante: É de proibição. O agente erra sobre a ilicitude de seu
comportamento, sabendo perfeitamente que realiza conduta típica, tanto do ponto
de vista objetivo como subjetivo (dolo).
Exclusão da culpabilidade: O erro de proibição, sendo escusável, exclui a
culpabilidade. O erro é escusável quando não deriva da culpa. Se houver culpa
(imprudência, negligência ou imperícia), o agente responde por culpa, desde que o
tipo penal a preveja).
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- ERRO DETERMINADO POR TERCEIRO
Ocorre quando o agente que cometeu o erro a ele foi levado por terceiro
(art. 20, § 2º CP). O terceiro responderá pelo fato a título de dolo ou culpa. Ex: Se
um médico entrega à pessoa da casa uma droga para ministrá-la ao enfermo,
sobrevindo morte ou lesão corporal deste, responde o profissional por crime contra
a pessoa, doloso ou culposo, consoante o elemento subjetivo do tipo.
Coautoria culposa: O induzido, o agente que comete o erro, pode agir
culposamente: Se o terceiro entrega ao agente induzido uma arma, dizendo-lhe estar
descarregada, e lhe sugere, por gracejo, que atire contra uma pessoa, que vem a ser
ferida quem atirou pode agir igualmente com culpa (deveria ter verificado se a arma
estava ou não carregada).
Crime doloso: Se o agente (induzido) sabe que a arma está carregada e se aproveita
da indução para matar alguém, age com dolo, devendo responder por homicídio
doloso, enquanto que o indutor fica isento de pena.
- ERRO SOBRE A PESSOA
O error in persona, ou acidental, é aquele que versa sobre a pessoa ou objeto
(art. 20, § 3º, CP) Há erro na representação do agente. Ex: Pedro supõe que está
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6. 7 Desistência voluntária
Dispositivo: O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução (...),
só responde
pelos atos já praticados (art. 15, CP).
Desistência voluntária e tentativa imperfeita: Somente é viável a ocorrência da
desistência voluntária, quando houver a tentativa imperfeita ou abandonada.
(art. 15, CP). Nela o agente renuncia definitivamente o projeto criminoso, deixando
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6. 8 Arrependimento eficaz
Dispositivo: O agente que, (...) impede que o resultado se produza, só responde
pelos atos já praticados (art. 15, CP).
Arrependimento: O agente realiza todos os atos capazes de levar ao resultado
típico, porém se arrepende, volta atrás, não permitindo que o resultado se produza.
Ex: Pedro coloca veneno na comida de Margarida e após sua ingestão, ministra-lhe
um antídoto, salvando-a (art. 15, CP).Trata-se de tentativa perfeita ou acabada.
Responsabilidade: Igual ao que ocorre com a desistência voluntária, agente
somente responde pelos atos praticados e jamais pela tentativa. Ex: Orlando
sabendo que Pedro não sabe nadar e querendo matá-lo por afogamento o atira no
mar. Arrependido, atira-lhe uma boia, que uma vez usada evita a morte. Orlando
responderá pelo delito de lesões corporais, caso ocorra. Caso contrário, ficará isento
de pena por não ter havido nenhum fato típico.
6. 9 Arrependimento posterior
Dispositivo: “Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa,
reparado o dano ou restituída a coisa até o recebimento da denúncia ou queixa, por
ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços” (art. 16, CP).
Crime cometido sem violência ou grave ameaça: O favor legal se aplica a
qualquer tipo de crime, patrimonial ou não, desde que cometido sem violência ou
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6. 10 Excludentes de antijuridicidade
Antijuridicidade: A antijuridicidade (ilicitude) é um dos elementos conceituais do
crime. Não basta que a ação seja típica, é necessário, ainda que ela seja antijurídica,
contrária ao direito: ante = contrário; juridicidade = direito.
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Exclusão da antijuridicidade: Embora a conduta do agente seja típica, ela não se
mostra contrária ao direito ou ilícita, quando a ação se mostra autorizada pelo
próprio direito, em situações previamente determinadas. São as denominadas
causas de exclusão, justificativas ou discriminantes da antijuridicidade. Havendo sua
ocorrência o crime deixa de existir, restando somente a tipicidade.
Classificação das excludentes: Estão arroladas no art. 23 do CP: (a) estado de
necessidade; (b) legítima defesa; (c) estrito cumprimento do dever legal; (d)
exercício regular de direito.
- ESTADO DE NECESSIDADE
Base normativa: Art. 24, CP.
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é contra legem. Ex: Pai que, no exercício do pátrio poder, proíbe que o filho saia de
casa, não comete constrangimento ilegal; proprietário, que, para defender sua
propriedade a cerca com pontas de ferro ou fragmentos de vidro, aparelhos
mecânicos, como armadilhas, vindo a ferir pessoa que tenta entrar na sua
propriedade.
Excesso no exercício regular de direito: Ultrapassado certos limites, o agente
responderá por excesso, que pode ser doloso ou culposo. Ex: O excesso nos meios de
disciplina e correção, por exemplo, agressões, configura o crime de maus-tratos
(art. 136, CP); proprietário que para proteger sua posse eletrifica sua cerca ou
muro, cuja voltagem por ser alta acaba por matar uma pessoa que tentou invadi-la,
responde por homicídio, culposo ou doloso.
Intervenção médico-cirúrgica: Constitui-se no exercício regular de direito, por ser
autorizada pelo Estado. Assim, o médico ao praticar sua atividade o faz segundo a
lei, “secundum ius”. Motivo pelo qual sua conduta não pode ser incriminada, salvo
quando obrando com dolo ou culpa praticar irregularidade inerentes à sua
profissão. Ex: não observância de regras técnicas; de cuidados adequados à cirurgia.
Deve haver também consentimento do paciente, salvo quando este não pode se
manifestar ou quando ocorrer os extremos de estado de necessidade. A falta de
consentimento afasta o exercício regular desta faculdade, implicando
constrangimento ilícito, o qual retira a licitude ou juridicidade desse exercício.
Lesões em jogos esportivos: Estão amparados pelo exercício regular de um direito,
o que exclui a antijuridicidade da ação daquele que pratica lesões quando do
desempenho de atividade esportiva. Trata-se de atividade autorizada pelo Estado.
Os fatos lesivos ocorridos ficam cobertos pela licitude do ato. h CONSENTIMENTO
DO OFENDIDO
Consentimento: O consentimento para excluir o ilícito, somente gera validade se
for feito por quem seja capaz, voluntariamente, não obtido por violência. Pode ser
feito de forma expressa ou tácita, além do que é revogável a qualquer tempo.
Bem indisponível: O consentimento não tem validade quando incidir sobre bem
indisponível, assim considerado aquele que tem por titular o Estado ou representa
interesse coletivo: incolumidade pública, paz pública, fé pública, administração
pública, família, vida, integridade física, entre outros.
Bem disponível: Pode ser objeto de consentimento. Isso porque, neste caso o
interesse é predominantemente de natureza privada. É o que ocorre com a grande
maioria dos crimes contra o patrimônio, honra e alguns contra a dignidade sexual.
Ex: Não há crime de dano, se o dono da coisa consente sua destruição; se a pessoa
permite que lhe sejam dirigidas palavras ofensivas; se a pessoa consente que o
possuidor da coisa alheia móvel torne dela seu proprietário; se a mulher consente a
prática sexual mediante violência.
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6. 11 Excludente de culpabilidade
Inteligência: Há determinadas causas que quando ocorrem ilidem a culpabilidade
do agente, fazendo desaparecer aquele ato de vontade que o torna moralmente
responsável pelo resultado. Nestes casos, o agente fica isento de pena por ausência
de culpabilidade.
Enumeração das excludentes: (a) inimputabilidade; (b) menoridade; (c) coação
irresistível; (d) obediência hierárquica; (e) não exigibilidade de conduta diversa; (f)
algumas situações de erro.
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- INIMPUTABILIDADE
Inimputável é o indivíduo que não tem plena capacidade para entender que o fato
por ele praticado é criminoso (art. 26, CP). Isso decorre dos estados mentais
anormais (biopsicológico): doença mental (Ex: psicoses, neuroses, esquizofrenia);
desenvolvimento mental incompleto (inadequação de desenvolvimento mental, a
exemplo do que acontece com os menores e silvícolas não ajustados à vida
civilizada). Pelo critério biopsicológico normativo o inimputável não age com
culpabilidade. Está sujeito à medida de segurança.
Imputabilidade diminuída: Nesse caso, a anomalia mental não exclui, mas apenas
reduz a capaci-dade de entender o ilícito ou de se determinar segundo tal
entendimento. Há redução da capacidade de culpa, fazendo com que a pena seja
diminuída de 1/3 ou 2/3. (art. 26, par. único, CP). O indivíduo se situa numa zona
intermediária entre a sanidade psíquica e a doença mental. São os fronteiriços: casos
residuais de psicose; certos graus de oligofrenia; psicopatas; portador de transtorno
mental transitório. h EMOÇÃO E PAIXÃO
Não excluem a responsabilidade penal (art. 28, I, CP). A emoção quando violenta é
circunstância atenuante, desde que este seja praticado logo em seguida à injusta
provocação da vítima (art. 65, n. III, “c”, CP) ou privilégio (art. 121, § 1º , CP).
- EMBRIAGUEZ
Embriaguez proveniente de caso fortuito ou força maior: Pode gerar a
imputabilidade relativa, permitindo a redução da pena de 1/3 a 2/3, desde que o
agente, ao tempo da ação ou omissão, não tinha plena capacidade de entender o
caráter ilícito do fato ou de determina-se com esse entendimento (art. 28, § 2º, CP).
Embriaguez voluntária ou culposa pelo álcool ou substância análoga: Não
exclui a culpabilidade. Estando embriagado, o agente assume o risco de cometer o
crime (dolo eventual), ou a prática do delito lhe era previsível (culpa).
Embriaguez dolosa preordenada – actio libera in causa: O agente se embriaga
para cometer o crime. No caso, a embriaguez não exclui e nem diminui a
imputabilidade. A imputabilidade deve existir no momento da ação ou omissão,
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cumprimento responde pelo excesso. Ex: oficial diz ao subordinado para correr
atrás de um ladrão e prendê-lo, porém o inferior na perseguição atira e mata o
ladrão.
Punição do superior hierárquico: Se o subordinado executa a ordem não
manifestamente ilegal e com isso resulta a prática de um crime, por ele só
responderá a autoridade mandante, ou seja, o autor da ordem (art. 22, CP). Porém,
se a ordem for manifestamente ilegal, aquele que a cumpriu responde pelo delito em
coautoria. Ex: superior manda atirar e o subordinado atira.
- NÃO EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DiVERSA
Quando o ato é praticado em circunstâncias nas quais não se pode exigir do agente
uma conduta conforme ao direito, tal ato não pode ser juridicamente reprovável e
nem culpável, já que a culpabilidade decorre da reprovabilidade. Ex: Motorista que
para desviar de uma criança pilotando na rua uma bicicleta, acaba subindo na
calçada, ali matando uma pessoa, não pode ter sua conduta reprovada, já que não
lhe era exigida conduta diversa.
Exclusão da culpabilidade: A inexigibilidade de conduta diversa funciona como
causa de exclusão da culpabilidade, subsistindo a ilicitude. Assim, embora sendo a
conduta contrária ao direito não é ela culpável.
(art. 122, CP); induzir alguém a satisfazer a lascívia de outrem (art. 227, CP);
induzir (...) alguém à prostituição (art. 228, CP).
- CONCURSO DE CRIMES (concursus delictorum)
Concurso: Quando o agente pratica mais de um crime.
Forma de concurso: Material (art. 69, CP), formal (art.70, CP) e crime continuado
(art. 71, CP).
- CONCURSO MATERIAL
Material: Quando o agente mediante mais de uma ação ou omissão pratica dois ou
mais crimes. As penas são somadas.
Concurso homogêneo e heterogêneo: No homogêneo há a mesma espécie de
crimes (Ex: furto + furto). No heterogêneo os crimes são de espécies diferentes (Ex:
furto + estupro).
Cúmulo material temperado e tempo de duração das penas: No concurso
material, onde as penas se somam, o temperamento consiste na fixação de um teto
para a duração do cumprimento das penas privativas de liberdade em até 30 anos.
(art. 75, CP). Haverá a unificação de penas para atender o limite legal (art. 75, § 1º,
CP).
Pena de reclusão e detenção - cumprimento: Primeiro se executa a pena de
reclusão, após a de detenção (art. 69, CP).
Impossibilidade de substituição da pena privativa de liberdade pela restrita
de direitos: Quando a pena privativa de liberdade de um dos crimes não for
suspensa, será incabível, para os outros crimes, a substituição da pena privativa de
liberdade pela restritiva de direitos. Ora, se o condenado fica preso não há como
cumprir a restritiva (art. 69, § 1º, CP).
Cumulação de penas restritivas de direitos: Poderá haver a execução simultânea
de penas restritivas de direitos, desde que haja compatibilidade entre elas (Ex:
suspensão de habilitação para dirigir e prestação de
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serviços à comunidade), ou, sucessivamente se houver incompatibilidade (Ex: duas
penas de limitação de final de semana) (art. 69, § 2º, CP).
Prazo prescricional: Corre em separado, para cada crime em concurso (art. 119,
CP).
- CONCURSO FORMAL
Há concurso formal quando o agente, mediante uma só ação ou omissão pratica
mais de um crime, idênticos ou não (art. 70, CP). Logo, o agente por meio de uma
única ação viola bens jurídicos diversos. Ex: Jorge com um só golpe mata Arlindo e
Manoel; Armando em uma única ocasião furta 10 relógios de uma vitrine; Roque
com seu veículo atropela ao mesmo tempo e mata 15 pessoas.
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6. 13 Das penas
Considerações: O estudo compreenderá a abordagem específica das penas, uma vez
que seu sistema de cumprimento, modalidade de regime, sua progressão, regressão
e execução serão dissertados no capítulo referente à execução penal.
Conceito: A pena é a sanção que o Estado impõe àqueles que transgrediram o
ordenamento jurídico (tipo penal).
Perda de bens jurídicos do autor do crime: A pena importa na perda de um bem
jurídico do autor do crime: a vida, se a pena for de morte; a liberdade, se a pena for a
prisão; patrimônio, se pena for de multa.
Princípio da legalidade: Para que sanção seja imposta, necessário se torna que
esteja ela prevista em lei anterior ao fato que a comina (art. 1º, CP) – Nula poena
sine previa lege. – (art. 5º, XXXIX, CF).
Princípio da personalidade ou transcendência: Por ele, a pena não poderá passar
da pessoa do delinquente (art. 5º, XLV,CF).
Quantidade: De regra, o tipo penal estabelece o mínimo e o máximo da pena
abstratamente cominada, devendo ser dosada quando da sua aplicação, seguindo as
regras contidas nos arts. 59, usque 68 do CP.
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- DOSIMETRIA DA PENA
Individualização da pena: O juiz ao fixar a pena está cumprindo o princípio
constitucional da individualização da pena (art. 5º, inciso XLVI).
Circunstâncias usadas na dosimetria: Basicamente são duas: a) circunstâncias
judiciais; b) circunstâncias legais.
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- CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS
Dizem respeito aos critérios encontrados no art. 59, caput, do Código Penal, que
servem de vetor para a determinação da pena-base (piso), que abaixo serão
considerados.
Culpabilidade: Deve o magistrado avaliar o grau de reprovabilidade da conduta do
agente, não só em razão de suas condições pessoais (subjetivas), bem como
relativamente à ocorrência fática. Deve ser analisada a intensidade do dolo ou culpa.
Antecedentes: São os familiares, sociais e de trabalho do condenado. É sua vida
pregressa. Conduta social: Diz respeito à conduta do agente no ambiente em que
vive: social, trabalho, estudantil, entre outras.
Personalidade: São as qualidades morais do réu: boas ou más; seu temperamento
(agressivo ou não); seu senso moral.
Circunstâncias do crime: Refere-se à duração do tempo do delito (principalmente
nos crimes permanentes); local de sua prática (revelando periculosidade ou não);
atitude durante ou após a prática delitiva (insensibilidade, frieza).
Consequências do crime: Implica gravidade do dano imposto à vítima do delito,
podendo esta ser maior ou menor. Não se deve confundir com as elementares do
tipo penal, que já implicam no estabelecimento da sanção cominada.
Motivos do crime: São as razões que levaram o agente a cometer o delito. Devem
ser analisados sob o ponto de vista da reprovabilidade. Os motivos, como torpe, fútil
(...) ou qualquer causa de aumento da pena não pode ser catalogada, pois implicaria
em dupla valoração. Em bis in idem.
Comportamento da vítima: Deve ser examinado se a vítima concorreu para o
crime mediante provocação; por ter ela personalidade insuportável; por ser
criadora de caso; por ser atrevida; por ser irritante e outras assemelhadas
igualmente devem ser verificadas como elementos fixadores da reprimenda legal a
ser escolhida e dosada.
Cálculo: O piso da reprimenda legal, levando em consideração as circunstâncias
judiciais examinadas, pode ser no mínimo abstratamente cominado ou superior a
esse quantum. Deve ser observado o princípio da suficiência.
- CIRCUNSTÂNCIAS LEGAIS
Também são utilizadas para a fixação ou a dosimetria da pena.
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6. 15 Reabilitação
Definição: É a declaração judicial de que estão cumpridas ou extintas penas
impostas ao sentenciado, assegurando-lhe o sigilo sobre o processo e atingindo
outros efeitos da condenação.
Requisitos: Estão previstos no art. 94, CP: (a) Prazo: 2 (dois) anos, contado a partir
do dia em que for extinta, de qualquer forma, a pena ou terminar sua execução,
computando-se o período de prova da suspensão da pena (sursis) e do livramento
condicional; (b) domicílio no país: O reabilitando deve estar domiciliado no Brasil. A
prova pode ser feita por qualquer meio: contrato de locação; anotação em CTPS;
recibo de telefone; de luz; declaração de imposto de renda. Essa exigência serve para
se constar se o requerente tem bom comportamento; (c) bom comportamento
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público ou privado: esta constatação deve ser feita em torno de todo o tempo
anterior ao pedido de reabilitação. A prova pode ser feita por intermédio de
declaração ou qualquer documento; (d) Ressarcimento do dano causado pelo crime,
impossibilidade de fazê-lo, renúncia ou novação da dívida: a indenização é a mais
ampla possível, incluindo juros e correção monetária. O ressarcimento em questão
será dispensável quando o delito não tiver acarretado dano à vítima. Ex: devolução
da coisa subtraída; lesão corporal leve. Pode o reabilitando demonstrar, quando do
pedido de reabilitação, que não tem condições de reparar o dano; que não
encontrou a vítima para fazê-lo; que essa se recusou em receber o valor devido; que
está em curso ação civil para essa finalidade; que não quer receber qualquer valor;
que a dívida foi objeto de renovação; (e) certidão de antecedentes criminais: deve
compreender o biênio, se o pedido for feito após completá-lo; ou período maior,
quando a postulação for feita posteriormente ao mesmo.
Competência: O juiz competente para apreciar e julgar o pedido de reabilitação é o
da condenação (art. 743, CPP), mesmo tendo absolvição em primeiro grau e
condenação no Tribunal.
Revogação da reabilitação: Se o reabilitado for condenado como reincidente, ou
seja, nova condenação quando já houver outra anterior acobertada pela coisa
julgada. A nova condenação deve estar formalmente transitada em julgado e a pena
deve ser privativa de liberdade (art. 95, CP) A revogação pode ser determinada de
ofício ou mediante provocação do Ministério Público.
Novo pedido: Indeferia a reabilitação, outro pedido poderá ser feito, a qualquer
tempo, desde que satisfeitos seus requisitos objetivos e subjetivos, o que deverá ser
comprovado documentalmente (art. 94, par. único, CP).
Recurso: Concedida a reabilitação, o juiz deverá recorrer de ofício (art. 746, CPP).
Pode o MP apelar, quando for concedido o pedido; bem como o mesmo meio
impugnativo pode ser utilizado pelo reabilitando, quando seu pedido não for
acolhido (art. 593, inciso II, CPP).
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6. 16 Prescrição criminal
Natureza jurídica: Ocorrendo a prescrição fica extinta a persecução criminal em
juízo (processo de conhecimento) ou desparece também o direito de o Estado fazer
com que a sanctio legis seja efetivamente cumprida (processo de execução). Ela é
causa extintiva da punibilidade (art. 107, inciso IV, CP).
Modalidades de prescrição: São elas: (a) prescrição da ação penal ou da pretensão
punitiva (art. 109, CP); (b) prescrição da pretensão executória (art. 100, CP).
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pretensão punitiva (Súmula 200 – STJ); (g) Prescrição retroativa virtual ou por
antecipação: Não se admite a extinção da punibilidade com fundamento em pena
hipotética (Súmula 438 – STJ).
Prescrição superveniente, intercorrente ou subsequente: (a) Significado:
Superveniente porque seu espaço temporal é contado para frente,
progressivamente, ou seja, a partir da sentença condenatória;
(b) Pena concreta: É considerada para efeito de contagem do tempo prescricional;
(c) Contagem do prazo: Segue as diretrizes do art. 109, CP; (d) Termo inicial e final:
O espaço prescribente começa a correr a partir da publicação da sentença
condenatória até seu trânsito em julgado para a acusação (art. 112, CP);
(e) Recurso da acusação: Em princípio pode obstar o reconhecimento da prescrição
superveniente, salvo se: 1. dando-se provimento ao recurso não houver alteração do
espaço prescricional; 2 – sendo negado provimento ao recurso (art. 110, § 1º, CP).
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Início do prazo prescricional antes do trânsito em julgado da decisão
condenatória: É resolvido pelo art. 111 do Código Penal: (a) do dia em que o crime
se consumou: Do ponto de vista prático, o crime se consuma quando é realizado o
núcleo do tipo: matar, subtrair. A partir daí tem início o prazo prescricional; (b) no
caso da tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa: Diz-se tentado o crime,
quando não s,e consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. Leva-se em
consideração, para efeito prescricional, a data em que se efetivou o último ato de
execução; (c) nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência: Crime
permanente é aquele cuja consumação se prolonga no tempo. Para efeito
prescricional, considera-se a data em que a consumação foi interrompida. Ex: no dia
em que a vítima de sequestro foi liberada; (d) nos de bigamia e nos de falsificação ou
alteração de assentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou
conhecido: O conhecimento a que faz referência é o da autoridade pública, assim se
entendendo todos os agentes que podem promover a persecução criminal (polícia
judiciária e MP) ou provocá-la (membros do Poder Judiciário).
Causas impeditivas ou suspensivas da prescrição: O assunto jurídico é tratado
pelo art. 116 do Código Penal: (a) enquanto não resolvida, em outro processo,
questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime: Dizem respeito às
questões prejudiciais previstas, respectivamente, nos arts. 92 e 93 do CPP. O art.
92 trata da questão prejudicial obrigatória, envolvendo o crime de bigamia
(art. 235, CP) e registro de filho inexistente (art. 214, CP). O art. 93 cuida da
questão prejudicial facultativa, que diz respeito à propriedade, posse, relações
comerciais, trabalhistas ou qualquer outra que possa vincular as pessoas diante do
direito positivo material. Na hipótese, por meio da decisão do juízo civil é que se
estabelecerá se o fato é típico ou não. Enquanto estiver em pendência de julgamento
a prejudicial no juízo civil o prazo fica suspenso. Na prejudicialidade obrigatória, o
prazo somente começa a fluir a partir do trânsito em julgado da sentença civil que
julgou a questão relativa ao estado das pessoas; na facultativa, o prazo continuará a
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6. 17 Dolo e culpa
Elemento psicológico-normativo da culpabilidade: Concentra-se no dolo e na
culpa. Esse elemento compõe-se de consciência e vontade, manifestado sob a forma
de dolo e de culpa.
Dolo: É a forma mais comum e mais grave da culpabilidade, porquanto é no seu
âmbito que se vê inteiramente configurado o elemento psicológico-normativo da
culpabilidade: representação (permite ao indivíduo visualizar com antecedência o
resultado de sua conduta), consciência (conhecimento de que seu querer é ilícito) e
vontade (movimento psíquico dirigido a determinado fim, a determinado fato
ilícito).
Espécies de dolo: Direto ou determinado (o resultado corresponde à vontade do
agente. O indivíduo prevê (representação) o resultado e quer que ele ocorra);
eventual (o agente prevê o resultado como provável ou possível e aceita ou
consente que o mesmo ocorra. Enfim, o agente assume o risco de produzir o
resultado); dolo de dano (a consciência e vontade do agente se dirigem a resultado
danoso); dolo de perigo (a consciência e a vontade do agente se dirigem a uma
situação de perigo); dolo genérico (vontade de realizar o fato descrito em lei, em
seu núcleo – ex: matar; subtrair); dolo geral (o agente, supondo ter conseguido um
resultado pretendido, pratica nova ação que, na realidade, acaba de produzi-lo – ex:
a vítima recebe um tiro e o agente, supondo tê-lo matado, a atira no mar, sobrevindo
sua morte por afogamento); dolo de ímpeto (quando se age sob o impulso de um
estímulo, de um impulso imprevisto); dolo de propósito (quando se medita mais
longamente antes da execução do delito); dolo determinado (quando na vontade
do sujeito é determinada a ofensa que pretende); dolo indeterminado (quando a
vontade do agente não visa a determinada ofensa).
Culpa: Trata-se de forma menor de culpabilidade. Logo, cuida-se de forma mais
atenuada do elemento psicológico-normativo da culpabilidade. Por isso os crimes
culposos são punidos de maneira mais branda do que os dolosos.
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Diferença fundamental entre dolo e culpa: Está no elemento subjetivo vontade:
no dolo, o agente quer o resultado ou assume o risco de produzi-lo; na culpa, o
agente não quer o resultado (culpa inconsciente) ou espera que esse não se
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Compete à Justiça Estadual processar e julgar o crime de falsa anotação na carteira
de trabalho e previdência social, atribuído a empresa privada (62).
A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime
de estelionato, da competência da Justiça Estadual (73).
Para efeitos penais, o reconhecimento da menoridade do réu requer prova por
documento hábil. (74).
O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem
indevida (96).
Cominadas cumulativamente, em lei especial, penas privativa de liberdade e
pecuniária, é defeso a substituição da prisão por multa (171).
A pronúncia é causa interruptiva da prescrição, ainda que o Tribunal do Júri venha a
desclassificar o crime (191).
A reincidência não influi no prazo da prescrição da pretensão punitiva (220).
A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena
abaixo do mínimo legal (231).
A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância agravante e,
simultaneamente, como circunstância judicial (241).
É admissível a adoção do regime prisional semi-aberto aos reincidentes condenados
a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais (269).
A prescrição penal é aplicável nas medidas sócio-educativas (338).
O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena
cominada (415).
É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com
fundamento em pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do
processo penal (438).
Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional
mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na
gravidade abstrata do delito (440).
A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento condicional
(441).
É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a majorante
do roubo (442).
O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado
exige fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera
indicação do número de majorantes (443).
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