Você está na página 1de 2

O PATRIMÔNIO CULTURAL E A CULINÁRIA LOCAL

historiahoje.com/o-patrimonio-cultural-e-a-culinaria-local/

October 3, 2014

Normalmente, quando falamos de preservação patrimonial usamos como exemplos


monumentos tombados ou em ameaçados. Destacamos o fato de que a memória está
presente no patrimônio material e esquecemos de uma outra coisa fundamental, que talvez
seja até mais fácil de ser preservada, mas que igualmente corre o risco de desaparecer: o
patrimônio imaterial.

Patrimônio imaterial “refere-se aos produtos das inteirações humanas que não podem ser
tocados, ou seja, aqueles que são intangíveis. Diferentemente da cultura material, que
possui uma face concreta, a cultura imaterial em geral não pode ser guardada na íntegra e
não pode ser restaurada.” (FIGUEIRA, MIRANDA, 2012: 129).

Ele é ainda mais rico, mais diversificado, presente nas festas, nas celebrações, nos
saberes que fazem parte de nossa formação cultural. Tal como a preservação do
patrimônio material, o patrimônio imaterial tem funções culturais, sociais e até históricas.
Ele pode ser a marca de uma comunidade, ser um aspecto um aspecto importante da sua
identidade coletiva.

Pensando em termos gerais, como podemos despertar o interesse por esse


patrimônio? Acredito que podemos fazer isso usando elementos da cultura imaterial local,
coisas simples, mas carregadas de significado, como a culinária, por exemplo. Pois é a
culinária local também é patrimônio cultural, ela guarda em sua forma de preparo o “fazer”
de um povo, aquilo que o move, representando hábitos e costumes de uma comunidade.

“Através da alimentação, é possível visualizar e sentir tradições que não são ditas. A
alimentação é também memória, opera muito fortemente no imaginário de cada pessoa, e
está associada aos sentidos: odor, a visão, o sabor e até a audição. Destaca as diferenças,
as semelhanças, as crenças e a classe social a que se pertence, por carregar as marcas
da cultura.” (BARROCO, 2008).

Um exemplo de patrimônio imaterial reconhecido é o nosso “queijo minas”, considerado o


maior produto da gastronomia Mineira. No ano de 2002, o queijo de minas do serro foi
reconhecido pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico (IEPHA), como “Patrimônio
Imaterial”. Mais tarde o Instituto Patrimônio Histórico Nacional (IPHAN), o classificou como
“Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro”. É parte de uma riqueza do estado, que com o
tempo se tornou um produto consumido nacionalmente.

Pense, professor, nas possibilidade que estudar o patrimônio imaterial pode trazer para as
aulas e para a prática social dos seus alunos. Você pode trabalhar músicas, celebrações,
festas tradicionais, jogos, brincadeiras, práticas religiosas. Pode até usar a gastronomia
como objeto de estudo. Sobre essa última, temos algumas sugestões para um projeto que
pode ser aplicado em todos os níveis do ensino.

A proposta é bem simples. Vamos explorar os costumes da nossa localidade e transformá-


1/2
los em um trabalho de educação patrimonial e preservação. Na escola, procure saber de
seus alunos se existe uma receita de família, uma comidinha que sua mãe aprendeu com
sua avó, que por sua vez aprendeu com a mãe dela. Cada receita acompanhada de uma
pequena entrevista, quem sabe uma foto.

E que tal encerrar este trabalho com uma refeição típica, com as receitas colhidas pelos
alunos e/ou discutidas em sala de aula? Imagine a riqueza do material final. Mas não
imagine apenas. Faça e divulgue os resultados.

A experiência na sua escola pode fazer diferença e sensibilizar os órgão responsáveis pelo
patrimônio cultural da sua cidade. O patrimônio imaterial corre tanto risco de desaparecer
quanto o patrimônio material, mas sua preservação pode ser igualmente estimulada pela
escola, com atividades simples mas significativas.

FONTES UTILIZADAS

BARROCO, Lize Maria Soares , BARROCO, Helio Estrela . A importância da gastronomia


como patrimônio cultural, no turismo baiano. TURyDES, Vol 1, Nº 2 (marzo / março 2008).
Disponível em http://www.eumed.net/rev/turydes/02/sbb.htm, acesso em 28de ago. de
2014.
FIGUEIRA, Cristina Reis, MIRANDA, Lílian Lisboa. Educação patrimonial no ensino de
História nos anos finais do Ensino Fundamental: conceitos e práticas. – São Paulo:
Edições SM, 2012.

Queijo Minas do Serro – Imagem


disponível em

http://armturismo.com.br/pacotes/diamantina-e-serro/

2/2

Você também pode gostar