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Ivoti|RS 2020-2021
Ivoti – RS
Novembro de 2021
ÍNDICE
RELATÓRIO FINAL
ETAPAS
O trabalho foi realizado em quatro etapas:
1ª Etapa: REVISÃO DO INVENTÁRIO EXISTENTE
• Investigação para inclusão de novos bens imóveis com importância histórico-cultural para o
Município;
• Levantamento de campo das edificações e pesquisa histórica das mesmas;
• Preenchimento da ficha, conforme modelo M01 do IPHAE para sistema de rastreamento
cultural com posterior apreciação das mesmas pelo Conselho de Patrimônio.
3ª Etapa: CRITÉRIOS E NÍVEIS DE PRESERVAÇÃO
Nesta etapa, de posse das fichas do Inventário de 1992 foi percorrido o município para a
identificação da situação dos 167 bens relacionados ao mesmo tempo que já se fazia a prospecção
dos eventuais novos bens a serem inclusos.
Foram identificados que dos 167 bens inventariados, 123 (74%) ainda permaneciam com maior ou
menor graus de preservação e 44 (26%) já haviam sido demolidos ou totalmente descaracterizados.
Bens que estavam em estado de ruínas foram considerados como existentes pela ameaça da perda
total e pela possibilidade de recuperação.
O Anexo 1 a seguir relaciona os 167 bens com a numeração estabelecida em 1992 e já com a nova
numeração de 2020 para que se estabeleça uma relação entre os bens. Os nomes e endereços são
os constantes nas fichas e foram assinalados os existentes e os demolidos. A discrepância no número
de bens existentes (123) com o número de bens a serem inventariados em 2020 (124) deve-se ao
fato de que um bem foi considerado um conjunto em 1992, mas em 2020, pelas diferenças
constatadas, foram elaboradas duas fichas.
A localização destes bens foi realizada no programa Google Earth e elaborados os mapas que
seguem
1 R. São Jose 54 X
1 2 Danilo Pohren Av. Pres. Lucena 3721 X
9 3 Casa Staudt Av. Pres. Lucena 3667 X
6 4 Antiga Igreja Católica R. Tuiuty s/n X
5 5 Cemitério Católico R. Tuiuty s/n X
7 6 Casa Paroquial R. Tuiuty s/n X
10 7 Câmara de Vereadores Av. Pres. Lucena 3565 X
15 8 Casa Jacó Schneider Av. Pres. Lucena 3413 X
9 Casa dos Vogel Av. Pres. Lucena 3373 X
10 Casa Jacó José Staudt Av. Pres. Lucena 3331 X
11 Antiga Exatoria Av. Pres. Lucena 3279 X
12 Casa Edgar Hugo Shallenberger Av. Pres. Lucena 3227 X
R. Garibaldi esq.
13 Casa Willi Holler Gonçalves Dias s/n X
N°2020 Nome
N° Nome 1 2 3
177 100 50 27
Sede
1 Casa Pohren X
2 Casa José Staudt X
3 Casa Borscheid X
4 Casa Stoffel X
5 Cemitério Católico X
6 Antiga Igreja Matriz São Pedro X
7 Casa Paroquial X
8 Nova Igreja Matriz São Pedro Apóstolo X
9 Casa Darció Staudt X
10 Câmara Municipal X
11 Casa Ardi Klein X
12 Casa Riehl X
13 Antiga Escola Prof. Mathias Schütz X
14 Antiga Prefeitura X
15 Casa Jacó Schneider X
16 Antigo Correio X
17 Casa Jorge Theobaldo Staudt X
18 Casa Cristiane Schneider X
19 Casa Schallenberger X
20 Casa Raul Petry X
21 Casa Hugo Klein X
22 Casa Ernesto Holler X
23 Casa Carlos Lima X
24 Salão Holler X
72 Caixa d’água X
73 Memorial da Colônia Japonesa X
74 Associação Cultural e Esportiva Nipo-Brasileira de Ivoti X
75 Cooperativa Hortigranjeira Mista Ivoti Ltda X
76 Casa Miwa X
Feitoria Nova
Sede – 71 bens. Trecho Centro-Norte dos números 029 ao 042 com destaque para o núcleo da Rua
São Leopoldo
Sede – 71 bens. Trecho Sul dos números 057 ao 071, sendo visíveis à esquerda o conjunto da Rua
Göetz.
Feitoria Nova – 17 bens. Dos números 079 ao 093. Os bens 077 e 078 estão no mapa Norte da Sede
e o de número 023 está deslocado da ordem.
Nova Vila – 15 bens. Dos números 117 ao 128. Os de número 114, 115 e 116 estão no mapa da
Picada 48 Baixa.
Nível 2
• Importância histórica e arquitetônica média;
• Possibilidade de ser incluído em lista para receber incentivos fiscais;
• Possibilidade de tombamento municipal;
• Preservação de suas características volumétricas, técnicas e arquitetônicas com
possibilidade de manutenção de eventuais acréscimos que o descaracterizem;
• Eventuais anexos e ampliações devem seguir critérios de distinguibilidade e reversibilidade
e compatibilidade volumétrica.
Nível 3
• Importância histórica e arquitetônica baixa;
• Preservação de suas características volumétricas, técnicas e arquitetônicas com
possibilidade de manutenção de eventuais acréscimos que o descaracterizem;
• Eventuais anexos e ampliações são permitidos desde que mantenham o núcleo original
inalterado.
Obs.: Foram identificados mais 04 exemplares de bens arquitetônicos com importância para
inventariação após a conclusão da 4ª Etapa ( 2 na sede, 1 Nova Vila, 1 Colônia Japonesa).
A emigração de povos germânicos no século XIX se deu, de forma geral, pelas grandes
transformações sociais, políticas e econômicas que ocorreram naquele território. O crescimento do
capitalismo industrial e a consequente decomposição dos modelos feudais causaram fome,
insegurança e tensões sociais que culminaram na consolidação do Estado Nacional. Desde 1815
esses estados tinham formado, juntamente com a Áustria-Hungria, os trinta e oito membros da
Confederação Germânica.
Do lado brasileiro, os principais objetivos traçados pelo Império quanto à imigração de europeus
eram: criar e estimular um mercado interno, compensar o poder dos grandes proprietários de terras
com a substituição gradual da mão-de-obra escrava africana e ocupar regiões - especialmente as
que apresentavam conflitos - com pequenas propriedades rurais, desenvolver pequenas
manufaturas para transformação em indústrias e fornecer soldados para as lutas travadas pelo
Império brasileiro ao longo do século XIX.
Instalados no núcleo batizado pelo governo da Província de “Colônia Alemã de São Leopoldo”,
aguardaram até que recebessem seus lotes. A extensão de terras para o projeto, abrangia mais de
1000 mil km², sendo na direção sul-norte: de Esteio até Campo dos Bugres (atual Caxias do Sul), e
em direção Leste-Oeste: de Taquara até Porto de Guimarães, no rio Caí (atual São Sebastião do Caí).
Além deste primeiro grupo de alemães situado na porção meridional do País, foram criados núcleos
isolados em outros estados do Brasil, havendo desde 1818 tentativas não tão exitosas.
Aos poucos, outros imigrantes ocuparam e desenvolveram os vales do Rio dos Sinos, Cadeia e Caí,
o que possibilitou que a colônia alemã se emancipasse de Porto Alegre em 1846. O decreto do
Governo Imperial, de 1818, no seu artigo 6º manifesta a preocupação com o desenvolvimento de
atividades artesanais, via importação de imigrantes estrangeiros, num manifesto interesse de
modificação das relações de trabalho e de diversificação destinada ao abastecimento,
principalmente do mercado da capital do Brasil Rio de Janeiro. Assim foi determinado:
Em São Leopoldo, entre 1824 e 1845, 60% dos homens eram artesãos – madeira, metal, pedra e
têxtil. Deste artesanato surgiram pequenas, médias e grandes indústrias. Além destes, vieram
comerciantes, religiosos, professores entre outras atividades – que optavam por permanecer nas
povoações ou cidades, por não ter a experiência com a agricultura.
Porém o objetivo prioritário da imigração no Rio Grande do Sul era o povoamento com pequenos
agricultores, que produzissem alimentos básicos nos seus lotes e que ocupassem áreas de florestas
próximas a vales de rios (áreas mais férteis e já bem povoadas por indígenas) seguindo mecanismos
de conquista, manutenção, domínio territorial e, um projeto que permeou toda o sul do continente:
o branqueamento da população.
Após 1850 a colonização passou a ser responsabilidade dos governos provinciais. A tabela a
seguir mostra o movimento de entrada de imigrantes em São Leopoldo, segundo o “Relatório da
Administração Central das Colônias da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul”:
Durante o período de 1831 a 1843 não são registradas entradas de novos imigrantes, fato motivado
pela aprovação da lei de orçamento, em dezembro de 1830 que em seu artigo 4º diz: “...fica abolida
em todas as provincias do Império a despeza com a colonisação estrangeira”. Medida provocada
pelo excesso de gastos com os milhares de estrangeiros e a crescente oposição as políticas de D.
_________________________________
¹ em 2004, o Consulado Alemão no Brasil citou o número de 5 milhões de brasileiros descendentes de alemães. Segundo pesquisa
de 2016 publicada pelo IPEA, em um universo de 46 801 772 nomes de brasileiros analisados, 1 525 890 ou 3,3% deles tinham o
único ou o último sobrenome de origem germânica.
Mapa de Ernst Müzell e Adalbert Jahn (1870). Refeito pelo Eng. Pedro Pereira Cotta em 1970
Há cerca de 11 mil anos, após o final da grande glaciação, o território que compreende o atual
estado do Rio Grande do Sul era ocupado por homens e mulheres, caçadores, nômades que se
deslocavam em busca de caça e coleta, contando com instrumentos feitos de pedras lascadas.
Arqueólogos classificam, a partir dos hábitos, instrumentos e técnicas, como: Tradição Umbu -
Nos séculos 17 e 18, a ação dos bandeirantes paulistas, em busca de índios para mão de obra
(com foco nas Reduções Jesuíticas, desde 1626) fez surgir picadas e trilhas de grandes extensões
nas matas, mesmos caminhos que depois serão percorridos por tropeiros, passando a fazer parte
da rota do gado entre sul e sudeste do Brasil. Essas trilhas também faziam a ligação de vários
povoados no território do Rio Grande de São Pedro.
Neste cenário, os imigrantes enfrentavam uma longa espera até que lhes eram destinadas as terras,
já demarcadas, ferramentas e alguns animais domésticos. Inicialmente nos arredores do então
povoado de São Leopoldo e, depois, em Picada Dois Irmãos, Picada Bom Jardim, Picada Quarenta e
Oito Colônias, Linha Café e São José do Hortêncio. Para as famílias destinadas às terras de Bom
Jardim, foi erguido um acampamento temporário – em 1826 - na “entrada”, onde hoje se situa o
Bairro das Rosas (Rosental) de Estância Velha (COPSTEIN, 1967). Era lá que começava a numeração
das colônias de Bom Jardim.
O estranhamento e o medo do novo ambiente, com uma fauna, flora e habitantes desconhecidos
foi grande. Era difícil adaptar-se a vida nas matas subtropicais e por isso muitas nomenclaturas
de lugares remetem à esta época difícil, como o "Buraco do Diabo", local que preserva o Núcleo
de Casas Enxaimel restaurado, servindo de ponto de referência e identidade da comunidade
Ivotiense.
Aos poucos a colônia foi crescendo e os entroncamentos das Picadas com as estradas passaram a
servir como entreposto comercial, onde os agricultores podiam trocar milho, feijão e aipim por
produtos que não dispunham nas suas casas como tecidos, tamancos de madeira, louças, entre
outros, além de poder negociar com os tropeiros. Logo surgiu a necessidade da construção de uma
ponte sobre o Arroio Feitoria, pois o fluxo de pessoas na área já era grande. Entre 1857 e 1864 essa
ponte foi construída com verba enviada por Dom Pedro II ( Ponte do Imperador) e arrecadada nas
comunidades do entorno.
O MUNICIPIO DE IVOTI
Em 1938, finalmente surgia Ivoti, remetendo ao tupi-guarani "ipoti-catu", que significa flor,
identificando a cidade com uma de suas tradições, o plantio de flores.
Atualmente (2021),segundo dados do IBGE Ivoti possui em torno de 25,1 mil habitantes
distribuídos em uma área de 63 km², parte deles conserva, mesmo que adaptado, o dialeto
dos imigrantes. Os eventos gastronômicos, a história e a arquitetura são os grandes e
atraentes diferenciais deste município.
A ARQUITETURA DE IVOTI
Distribuição e ocupação
A distribuição das edificações com importância histórica e arquitetônica do município de Ivoti, dá-
se em zonas ou regiões que revelam o seu processo de ocupação:
Sede: Onde se concentram 71 bens inventariados. Basicamente se distribuem ao longo da Av. Pres.
Lucena que é o eixo de divisão dos lotes da Picada Bom Jardim. Em uma distância de 4 quilômetros
com altitudes variando entre 190 a 115 metros estabeleceu-se uma aglomeração do tipo
Strassendorf, isto é, um assentamento urbano linear ao longo de uma via.
Há três núcleos principais: Ao Norte em torno da igreja católica e prefeitura e que concentra um
conjunto importante de prédios ecléticos de frontão recortado e o Salão Holler – prédio enxaimel
de grande porte com tombamento estadual; ao Centro na R. São Leopoldo, um desvio para evitar a
depressão e atoleiro da antiga estrada que abriga uma variedade de prédios de épocas variadas e,
ao Sul, no entorno da igreja evangélica e da Praça Neldo Holler com destaque para a própria praça
com projeto de Burle Marx e da Sociedade Harmonia.
Colônia Japonesa: 5 bens. O conjunto do Memorial da Colônia Japonesa e um equipamento urbano
importante na história da comunidade – a Caixa d´Água.
Feitoria Nova: 17 bens. O núcleo de casas enxaimel na margem direita do Arroio Feitoria com
altitude bem abaixo da sede - 25 metros, e junto à Ponte do Imperador – patrimônio nacional.
Somam-se a estes, quatro bens localizados na margem esquerda e dois, mais além, na antiga Rua
do Moinho.
Picada 48 Baixa: 20 bens. Ao longo da estrada que liga com Lindolfo Collor e na Rua do Grotão. O
grande número de fechamento dos tramos nas casas enxaimel em pau a pique revela a sua
ocupação mais antiga.
Nova Vila; 15 bens. Seguindo o traçado da antiga Estrada Pres. Lucena com grande variedade
arquitetônica.
Picada 48 Alta: 28 bens. Um conjunto significativo de bens preservados, na maioria enxaimel, com
raras demolições se distribuem ao longo da via que estabelece a ligação com Dois Irmãos. Muitos
deles foram trasladados até três vezes: de um local inicial junto ao arroio para áreas mais
agriculturáveis em uma altitude de, em média, 130 metros.
Picada Feijão: 21 bens. A mesma configuração em Strassendorf da sede e no mesmo sentido Norte-
Sul, porém com edificações mais dispersas.
Bens tombados
Os bens com tombamento nas três esferas administrativas são em número de 11.
Tombamento Federal: 1 - A Ponte do Imperador (089). A área do entorno está delimitada e abrange
o núcleo de casas enxaimel
Tombamento Estadual: 2 – A Antiga Igreja Matriz São Pedro (006) e o Salão Holler (024). A Antiga
Igreja tem seu entorno definido e regrado enquanto o do Salão Holler ainda não está definido o que
pode ser o motivo de que tenha havido uma inserção de aparato publicitário inadequado no seu
lado Norte.
Tombamento Municipal: 8 – Casa Darció Staudt (009), Antiga Prefeitura (014), Casa Adamy (030),
Casa Heinrich Müller (038), Casa Edelwein (085), Museu Municipal Claudio Oscar Becker (083), Casa
Zimmermann (084) e Casa Bervian (171).
A questão sempre controversa do tombamento que ainda gera mal-entendidos nos proprietários e
na população em geral como a crença no impedimento de novas obras, mesmo de manutenção ou
até a perda da propriedade deve ser enfrentada e superada com ações, principalmente de educação
patrimonial.
Embora haja alguns bens tombados que são vizinhos ou próximos, são tombamentos individuais.
Fugindo do instituto do tombamento que pode gerar reações adversas, propõe-se que haja um
micro zoneamento urbano com determinação de regime urbanístico próprio de áreas da cidade que
abranjam um conjunto determinado de bens de importância histórica e arquitetônica com vista a
preservação das edificações em seu conjunto e a valorização e qualificação da paisagem urbana.
Estes imóveis de valor histórico, nestas zonas especiais podem receber incentivos fiscais e, até
mesmo, renúncia fiscal. Além da transferência do índice construtivo não utilizado no imóvel para
outra área da cidade.
As zonas indicadas para ser objeto deste planejamento e redesenho urbano são as que abrangem
os bens (001) Casa Pohren ao (026) Casa Fridolino Müller na Av. Pres. Lucena e os da R. São Leopoldo
do (033) Casa Feldman ao (041) Sociedade Concórdia sem desconsiderar eventuais outras zonas.
Arquitetura Enxaimel
No decorrer do inventário foi constatada, como esperado, a existência de um grande número de
edificações construídas na técnica enxaimel. Informações davam conta da existência de 32 a 44
prédios nesta técnica, embora apenas na área urbana. O trabalho levantou 104 casas ou conjuntos
em toda a área do município o que faz com que, salvo novos estudos, Ivoti seja o município do
Estado do Rio Grande do Sul com o maior número de prédios enxaimel tendo como máximo
• 85 % são construções com as escoras com a parte superior mais próxima dos esteios dos
cunhais e 15 % possuem as escoras mais afastadas dos esteios dos cunhais, sendo que
neste caso nunca há a existência da viga de baldrame.
Escora com parte superior mais próxima do esteio do cunhal Escora com parte superior mais afastada do cunhal
Fechamento dos tramos com pau a pique Fechamento com blocos de pedra grês
Küchehaus
Schlafenhaus
Ampliação
Varanda estreita
Tábua de guarda-pó
Ou em alvenaria
Telhas cerâmicas tipo rabo de castor, capa e canal, francesas e de concreto são as mais utilizadas.
Janelas com tampões de madeira, com vidraças de guilhotina ou de abrir à francesa são as usuais.
As portas principais são entalhadas, com bandeira de vidro fixa e folhas com tamanhos desiguais
Os pinos, ou tarugos ou pregos de madeira - em alemão holznägel são visíveis em algumas estruturas.
Assim como as marcações na madeira, as marcas de runas – em alemão abbundzeichen normalmente em números
romanos que determinam a sequência da montagem, acompanhado de um sinal que indica o lado da construção.
Panorama do conjunto da Av. Pres. Lucena da Casa Riehl (012) a Casa Jorge Theobaldo Staudt (017)
Casa Ernesto Holler (022) Conjunto dos bens 020, 021 e 022
Alguns prédios de frontão recortado receberam telhado com beirais - reforma habitual que
aconteceu também com os prédios enxaimel. Ocorreu com a Casa Strassburguer (064) e,
possivelmente, a Casa Lamp (032). Porém o caso comprovado é da Casa Albino Müller (37).
Outro tipo de arquitetura recorrente são as casas com conformação de uma casa enxaimel, porém
construídas em alvenaria portante e em maiores proporções. A Casa Darció Staudt (009), a Casa
Herberto Bockorny (063), a Casa Heinrich Müller (038) e Casa José Welter (065) são exemplos. As
duas últimas ainda receberam uma ornamentação eclética.
Também estão bem disseminadas as casas que podemos chamar de tipo bangalô. São casas com
telhado em quatro águas e a característica cimalha decorada com padrões geométricos. Como
exemplos a Casa Ardi Klein (011) e a Casa Nestor Medtler (035) que foram escolhidas por estarem
localizadas próximas a outros bens inventariados.
Com menor ocorrência, as arquiteturas dos anos 1940 a 1960 que são o Art Déco, com apenas um
exemplar, o Bar do Pitt (025) e duas residências conhecidas por californianas: Casa Pedro Schneider
(043) e a Casa Borusewsky (053).
Um aspecto que chama a atenção é a repetição dos elementos decorativos. Mais do que a aquisição
de formas prontas é um trabalho artesanal que se repete e que denota a existência de mesmo autor.
Casa Hoch (060) Casa José Welter (065) Casa Heinrich Müller (038) Casa Emília Müller (036)
EQUIPE
PRODUÇÃO
Gladis Maria Pippi – Historiadora
Vlademir Roman – Arquiteto
COLABORAÇÃO
Rodrigo Poltosi Gomes de Jesus - Arquiteto
Mayra Pippi Tavares – Assessoria gráfica
AGRADECIMENTOS
Arq. Carolina Gemelli
Armando Fröhlich
Blasio Bervian
Darció Staudt
Dolores Moraes
Jéssica Arnhold
Julita Arnecke
Lídia Barreto
E a todos os proprietários que nos receberam e colaboraram para a realização deste inventário.
FONTES
WEIMER, Günter. Arquitetura Popular da Imigração Alemã. 2 ed. Porto Alegre, RS: UFRGS, 2005.
WITT, Marcos Antônio (Orgs.) Anais do Vi Seminário Nacional de Pesquisadores da História das
Comunidades Teuto-Brasileiras. Editora: Oikos. 2003
WITTMANN, C.R. Angelina. Fachwerk – A Técnica Construtiva Enxaimel. 2 ed. Blumenau, SC:
AmoLer Editora, 2019.
2. DETALHES DO RRT
3.DADOS DO CONTRATO
Elaboração do inventário arquitetônico do patrimônio cultural de bens edificados existentes no Município de Ivoti/RS, a
partir de listagem existente de 167 bens edificados, considerando os mesmos para fins de preservação do Patrimônio e da
memória cultural que representam a evolução urbana e arquitetônica do Município. Dos 167 bens, restaram 123 bens que
foram acrescidos de 54 novos bens inventariados. totalizando 177 bens.
Declaro a não exigibilidade de atendimento às regras de acessibilidade previstas em legislação e em normas técnicas
pertinentes para as edificações abertas ao público, de uso público ou privativas de uso coletivo, conforme § 1º do art. 56 da
Lei n° 13.146, de 06 de julho de 2015.
5. DECLARAÇÃO DE VERACIDADE
Declaro para os devidos fins de direitos e obrigações, sob as penas previstas na legislação vigente, que as informações
cadastradas neste RRT são verdadeiras e de minha responsabilidade técnica e civil.
6. ASSINATURA ELETRÔNICA
Documento assinado eletronicamente por meio do SICCAU do arquiteto(a) e urbanista VLADEMIR ROMAN, registro CAU nº
000A126861, na data e hora: 26/07/2021 13:33:10, com o uso de login e de senha. A autenticidade deste RRT pode ser
verificada em: https://siccau.caubr.gov.br/app/view/sight/externo?form=Servicos, ou via QRCode.
A autenticidade deste RRT pode ser verificada em: https://siccau.caubr.gov.br/app/view/sight/externo?form=Servicos, ou via QRCode. Documento Impresso em:
27/07/2021 às 19:09:15 por: siccau, ip 10.128.0.1.
Conservação preventiva
de imóveis antigos na
região de imigração
Maria Regina Weissheimer (org.)
Cristiane Galhao BiazDalmo Vieira Filho
Marco Antonio Minozzo Gabriel
Maria Isabel Kanan
Suelen Artuso
CDD 363.69098164
Elaborado por Mônica da Silva Magalhães – CRB-14/965
4 Iphan/SC
Agradecimentos 6
Apresentação 8
Conservando seu imóvel 9
O enxaimel 11
Telhados 14
Forros de madeira 19
Pisos 19
Vedações (paredes internas e externas) 20
Pinturas das fachadas, esquadrias e elementos
decorativos 23
Descupinização preventiva e controle de
infestações 25
Portas e janelas 26
Cuidados com as instalações prediais 28
Principais agentes de degradação 29
Criando uma rotina de conservação 31
Autorização para intervenções em imóveis
tombados 32
Conjuntos rurais de Testo Alto e Rio da Luz 34
Bens tombados pelo Iphan 37
Referências bibliográficas 38
ra do Prêmio Rodrigo Melo Franco
Agradecimentos de Andrade, em 2019. Os livretos
Por Liliane Janine Nizzola de Blumenau, Araquari e Itaiópolis
buscam retratar as realidades locais,
praticamente uma série fechada em
Esta série de livretos busca retomar, si mesma, demonstrando alguns dos
de forma sintética e fácil, alguns dos
conceitos de patrimônio, bem como re- principais atrativos locais e suas sin-
visitar saberes e lugares tão preciosos gularidades.
para nossa cultura catarinense. A Rede Patrimônio Cultural San-
ta Catarina se ampliou e sua continui-
A ideia de sua edição e publicação dade transcendeu o prazo do Acordo
surgiu em 2018, no âmbito da Rede de Cooperação Técnica, nascendo
Patrimônio Cultural Santa Catarina, assim, em 2020, a Rede de Educação
e se expandiu buscando novos parcei- Patrimonial Catarina, a qual congre-
ros, novos olhares e formas diversas ga parceiros que atuam na área da
de divulgar, valorizar e difundir os educação patrimonial em Santa Ca-
patrimônios de Santa Catarina. tarina e pode ser acessada por meio
Assim, nasceram nove livretos. das redes sociais da iniciativa. No âm-
Os quatro primeiros foram elabo- bito dessa rede ampliada nasceram
rados por parceiros do Iphan na Rede mais dois livretos, também escritos
Patrimônio Cultural Santa Catarina, integralmente pelos parceiros, com o
sendo os livretos produzidos integral- acompanhamento e/ou orientação de
mente pelos signatários do Acordo servidores do Iphan:
de Cooperação Técnica, entre 2018 5. Ilha do Campeche e Educa-
e 2020, para realização de ações de ção Patrimonial (Instituto Ilha do
educação patrimonial: Campeche);
1. Engenho é patrimônio: In- 6. Plano de Salvaguarda da
ventário Cultural dos Engenhos Capoeira em Santa Catarina
de farinha do litoral catarinense (Colegiado de Mestres de Capoeira de
(CEPAGRO/Rede Catarinense de Santa Catarina)
Engenhos de Farinha); Esses livretos abordam temáticas
2. Conhecendo Museus Blu- relacionadas com dois bens protegi-
menau (Secretaria Municipal de dos e salvaguardados pelo Iphan: a
Cultura de Blumenau); Ilha do Campeche, inscrita no Livro
3. Araquari: nossa história, do Tombo Arqueológico, Etnográfico
nossa herança (Secretaria Munici- e Paisagístico, em 2000, e a Capoeira,
pal de Cultura de Araquari); inscrita no Livro de Registro das For-
4. Itaiópolis, Mosaico Cultu- mas de Expressão, em 2008.
ral (Secretaria Municipal de Cultura Já os três últimos, que também fa-
de Itaiópolis) zem parte do mesmo projeto, foram
Esse foi um dos resultados pro- integralmente elaborados pelo Iphan
fícuos do projeto. O livreto da Rede e não retratam cidades, mas sim di-
de Engenhos compartilha o processo ferentes temas referentes ao patrimô-
de construção coletiva do inventário nio material e imaterial. Eles são uma
participativo dos engenhos de farinha pincelada em relação a cada um dos
do litoral catarinense, ação vencedo- temas especificamente tratados, sem,
de modo algum, esgotá-los:
6 Iphan/SC
7. Conservação preventiva de resultados. E é preciso agradecer aos
imóveis antigos em núcleos his- que se dedicaram a esta Rede e a fa-
tóricos; zê-la acontecer, o que também viabi-
8. Educação patrimonial no lizou este projeto. Assim, agradece-
centro histórico de Laguna; mos à a área central do Iphan pelo
apoio financeiro e suporte, por meio
9. Conservação preventiva do Departamento de Cooperação e
de imóveis antigos na região de Fomento e do gabinete da presidência
imigração; do Iphan; aos servidores do Iphan em
Embora singela, esta é uma ação Santa Catarina; aos servidores muni-
que muito nos orgulha e apraz, pois cipais participantes; aos integrantes
é fruto de uma construção coletiva da sociedade civil e a todos os que in-
que gerou, e continua gerando, bons tegraram o projeto. Especial gratidão
aos elaboradores do con-
teúdo, aos que ilustraram,
aos diagramadores, aos que
editaram, formataram e
configuraram estas nossas
pequenas porções de patri-
mônio. Nosso agradecimen-
to sincero e especial!
Como não se deve pa-
rar o que está funcionando,
o intuito é de continuarmos
a caminhar conjuntamente
com os parceiros municipais
e a sociedade civil organiza-
da, e, para isso, desejamos
continuar trilhando cami-
nhos paralelos e seguir ex-
pandindo esta coleção!
10 Iphan/SC
O enxaimel Gaiola do enxaimel
Compostas de estruturas de madeira A gaiola, estrutura que forma o
unidas por encaixes e vedações em tijo- corpo central das casas enxaimel, é
los maciços ou taipa de mão, por vezes montada com encaixes numerados e
rebocadas, as construções enxaimel di- composta de esteios verticais, travas
vergem do usual panorama construtivo horizontais (que podem ser simples ou
brasileiro. duplas), vigas baldrames, barrotes do
É um sistema de estrutura de ma- piso e frechais. A regularidade estru-
deira autônomo, de caráter universal. tural é atingida através de costumes
Pode ser encontrado na arquitetura tra- construtivos e medidas padronizadas,
dicional portuguesa e na oriental, na que oferecem aos conjuntos de enxai-
China e no Japão, por exemplo. Tal mel um aspecto identitário entre ar-
como foi utilizado em Santa Catari- quitetura e técnica.
na, desenvolveu-se na Idade Média, As vedações são feitas de tijolos
na Europa Central. (VIEIRA FI- maciços, muitas vezes fabricados em
LHO, 2012, p.74) fornos improvisados no próprio can-
teiro de obras, ou de taipa-de-mão –
Produto laborioso dos imigrantes em que barro misturado com espécies
no sul do Brasil e outras regiões de co- vegetais e aglutinantes é socado com
lonização alemã, as construções edifi- as mãos sobre uma estrutura entelaia-
cadas em técnica enxaimel requerem da feita de varas de bambu ou talis-
cuidados específicos em sua manu- cas de madeira. Incomum em Santa
tenção. Entretanto, feita da maneira Catarina, a vedação com alvenaria de
correta, a conservação de edificações pedra pode ser encontrada em edifi-
enxaimel pode ser executada sem cações enxaimel no Rio Grande do
maiores dificuldades. Sul.
e musgos.
Todas as faces voltadas ao exterior
da estrutura do enxaimel recebem
12 Iphan/SC
Orientações para manuten- Paredes com sujidades e cresci-
mentos vegetais devem ser lavadas
ção da gaiola do enxaimel com água sanitária em proporção de
As estruturas em madeira do enxai- um litro de produto diluído em 10 li-
mel em contato com o exterior devem tros de água, escovando as paredes
receber aplicação de imunizantes pelo com escova de cerdas macias. O com-
menos a cada 5 anos. posto deve ser aplicado e deixado por
30 minutos antes do enxague. É im-
Em substituição ao óleo diesel portantíssimo utilizar equipamentos
queimado, são indicados produtos a de segurança e proteção, assim como
base de tinta de alcatrão de hulha, luvas e trajes apropriados para evitar
cuja durabilidade é bastante superior contato da pele com a água sanitária.
e o aspecto estético é o mesmo. A depender da quantidade de suji-
dade, a proporção de água sanitária
deve ser aumentada ou diminuída. Ja-
tos de água por pressão danificam a
camada externa das paredes e dos re-
juntes, e aceleram sua deterioração e
aumento de porosidade, portanto não
são indicadas.
Foto: Marco Gabriel
armados da estrutura do
telhado. Abaixo, manchas de
umidade causadas por infiltra-
ção de telhado em tábuas do
piso do sótão.
16 Iphan/SC
Orientações para manu- Não utilize argamassa nas telhas
intermediárias, pois com o tempo
tenção da cobertura irão trincar e dar lugar a penetração
Existem várias formas de deterioração, de água.
mas a maioria está associada a presen- A boa execução dos telhados anti-
ça de umidade em excesso combinada gos estará sujeita ao emprego de uma
com poluição, sujeira, poeira e o uso mão de obra com experiência.
não apropriado de materiais e rotinas
de uso das casas. É importante que as intervenções
no telhado mantenham a boa venti-
O telhado deve ser inspeciona- lação nesta área. A falta de ventilação
do pelo menos uma vez a cada aumentará as chances de apodreci-
ano, para que telhas quebradas pos- mentos das madeiras e infestações de
sam ser substituídas e se possa verifi- cupins.
car o estado de conservação das ma- Vegetais que tenham eventual-
deiras de cobertura. mente nascido no telhado devem ser
Telhas quebradas devem ser subs- removidos à mão, para garantir que
tituídas e telhas fora do lugar recolo- todo o substrato em que a planta se
cadas. desenvolvia foi eliminado também.
A limpeza das telhas deve ser feita Sarrafos devem ser vistoriados e
com água sanitária em proporção de substituídos sempre que for necessá-
um litro para 10 litros d’água e execu- rio, visto que o custo de manutenção
tada manualmente, escovando as te- deles é inferior.
lhas com escova de cerdas macias. O
composto deve ser aplicado e deixado
por 30 minutos antes do enxague.
É importantíssimo utilizar equi-
pamentos de segurança e proteção,
assim como luvas e trajes apropria-
dos para evitar contato da pele com a
água sanitária. A depender da quan-
tidade de sujidade, a proporção de
água sanitária deve ser aumentada
ou diminuída. Jatos de água por pres-
são danificam a camada externa das
telhas, e aceleram sua deterioração e
aumento de porosidade, portanto não
são indicadas.
Fotos: Suelen Artuso
18 Iphan/SC
Forros de madeira
Os forros têm como principais fun-
ções o acabamento dos tetos e o iso-
lamento térmico do interior das casas.
Nas edificações da região de imi- Orientações para
gração, como as construídas em en- manutenção dos pisos
xaimel, o próprio piso do sótão faz as
vezes de forro do pavimento térreo,
permanecendo os barrotes aparentes. Os pisos de madeira devem ser en-
cerados com frequência, utilizando-se
A observação constante dos tetos preferencialmente de cera de carnaú-
e forros pode revelar indícios de pro- ba, e verificados periodicamente em
blemas, como infiltrações de água nos sua estrutura (barrotes), rodapés e asso-
telhados, originando goteiras, man- alho, com o objetivo de detectar possí-
chas de umidade; e ainda infestação veis infestações de cupins e brocas.
de insetos como cupins ou outras pra- Não devem ser aplicados produtos
gas que poderão vir a comprometer a industrializados e que contenham pig-
estrutura da casa. mentos, porque uma vez impregnados
na madeira, são dificilmente removi-
A eventual necessidade de substi- dos.
tuição de peças deve privilegiar o uso
Pisos ressecados podem se benefi-
do mesmo tipo de material e os mes- ciar de lixamentos profissionais, que re-
mos acabamentos do original. movem as camadas superficiais de acú-
mulo de cera e material deteriorado.
Pisos A vantagem de dar manutenção
deste piso de madeira (tábuas ou tacos)
Na grande maioria das edificações é que a matéria prima deles é de gran-
das regiões de imigração no sul do Bra- de durabilidade, enquanto os novos
sil, os pisos são feitos de tabuados de revestimentos não são fabricados para
madeira largas, apoiados no sentido durar mais de cem anos . Restaurando
contrário dos barrotes que lhe fazem uma peça de madeira (trocando partes
sustentação. Assim como a estrutura podres ou deterioradas), se conseguirá
das gaiolas, os pisos são feitos de ma- melhor qualidade por um custo muitas
deiras de lei. vezes inferior.
São peças que recebem encera- Outra providência para preservar
a integridade dos pisos é forrar pés de
mento frequente e, portanto, geral- mesas e cadeiras ou móveis, com feltro
mente apresentam melhor estado de ou carpete para que não venham a ris-
conservação. car o assoalho.
As tábuas utilizadas para piso do Ladrilhos hidráulicos também ne-
sótão, que também serve como forro e cessitam de limpeza, porém deve-se
recebe enceramento menos frequente, ter o cuidado de não utilizar ácidos ou
são mais suscetíveis ao ataque de in- produtos químicos para não desgastar a
setos xilófagos. Infiltrações no telhado camada decorativa. Use somente água
também prejudicam a sua manutenção. e sabão neutro.
20 Iphan/SC
lidade, devido à sua produção artesanal. pequenas porções dos tijolos sem, contu-
Essas fissuras (que se espalham em forma do, oferecer grandes problemas.
de capilaridade) geralmente não causam Em algumas edificações, entretanto,
danos aos tijolos. Eventualmente, danos o cozimento irregular cria tijolos menos
mecânicos podem acarretar a quebra de resistentes que, ao perder sua camada
exterior, passam a se desmanchar com a
ação das intempéries.
Nas taipas de pilão, o grande inimigo
é a umidade. Ao perder sua resistência,
os agregados se separam e formam bura-
cos na taipa por perda de material.
Vedações em madeira
Além dos tijolos e das taipas, as tá-
buas de madeira verticais com mata-
-juntas também foram largamente uti-
lizadas como vedação, principalmente
em anexos e nas empenas do telhado.
Ao contrário das madeiras utiliza-
das para estrutura e pisos, as espécies
utilizadas são de menor qualidade, e,
portanto, a sua deterioração é muito
mais rápida. Costumeiramente, tais
vedações não recebiam nem pintura
Na página ao lado, edificação
enxaimel em Blumenau, com uso
de dois tipos de material para
preenchimento do enxaimel - tijolos
aparentes e taipa. No volume à
esquerda, os panos do enxaimel
da fachada frontal são preenchidos
com taipa, revestida com argamassa
pintada na cor branca.
Nesta página, acima, danos em
parede de taipa de mão causadas
por esforços mecânicos, com desco-
lamento de reboco; ao centro, de-
talhe da empena do Salão Hammer-
meister, em Timbó, com desenhos
geométricos formados pelo uso
de tijolos de tonalidades distintas,
produto da queima diferenciada
do material; abaixo, detalhe de
edificação enxaimel com preenchi-
Fotos: acervo Iphan
22 Iphan/SC
Já as tintas acrílicas não deixam a
Pinturas das facha- água passar, sendo boas para climas
das, esquadrias e ele- úmidos, porém, só devem ser usadas
em paredes bem secas, caso contrário
mentos decorativos a umidade sai da alvenaria e, não po-
A pintura das fachadas deve obe-
dendo atravessar a pintura, provoca
decer a critérios técnicos, pois a esco- bolhas e descascamento das paredes.
lha correta das cores valoriza o imóvel Como as paredes de casas antigas
tombado, integra e facilita a percepção são feitas com barro e areia ou ou-
de seus ornamentos, portas, janelas e tros agregados que, em geral, possu-
grades. Essa ordenação de cores e to- íam salinidade, essas paredes sempre
nalidades é denominada escala cromá- apresentarão umidade de dentro para
tica. fora. Portanto, a pintura ideal é a base
Além disso, é preciso estar atento, de cal, que ainda tem a vantagem de
pois cada superfície pede um produto ter um custo bem mais acessível.
específico. A pintura das paredes rebocadas
As tintas mais permeáveis, como de enxaimel deve ser apenas feita com
as tintas à base de cal, deixam a água produtos que permitam a respiração
sair da alvenaria e são indicadas para das paredes. Em substituição à cal,
paredes úmidas. pode-se optar por tintas sílicas (tam-
bém conhecidas por tintas minerais),
que não formam filmes plásticos sobre
conta do que mandar fazer uma nova as superfícies. Não se deve pintar com
com as mesmas qualidades.
tintas as paredes e vedações de tijolos
Nem todas as tintas são apropriadas ou pedras aparentes e, em nenhum
para a madeira. Para a melhor conserva-
ção desse material nobre, deve ser usa-
da tinta que o impermeabilize, impedin-
do a penetração de água, especialmente
nas madeiras expostas ao tempo, evitan-
do seu apodrecimento e consequente
infestação de insetos xilófagos (como o
cupim).
Atualmente, recomenda-se o uso da Foto: acervo Iphan
tinta esmalte brilho ou semi brilho, assim
como a tinta a óleo, que era utilizada
antigamente. As tintas feitas de óleo de
linhaça e terebentina são as mais indica-
das. Antes da pintura é preciso retirar a
poeira das superfícies.
Utilizar sempre madeira seca (quatro
a seis meses depois do corte)! A madeira
que contém brancal, e não só cerne, es-
tará sujeita à deterioração.
Qualquer inseticida deve ser aplicado
Foto: Suelen Artuso
Acima, interior de
residência em Itaiópolis,
Fotos: acervo Iphan
região de colonização
predominantemente es-
lava e polonesa; abaixo,
interior da Casa Duwe,
em Indaial.
24 Iphan/SC
Descupinização pre-
ventiva e controle de
infestações
É ideal que se faça descupinização
preventiva nas edificações pelo menos
uma vez a cada dois anos, para que se
afaste o risco da proliferação de xilófa-
gos. Deve optar-se por produtos não in-
flamáveis, para evitar o risco de incên-
dios durante a aplicação.
Se você notar pequenos grânulos
marrons nos pisos e/ou nas peças de
madeira, é porque existe uma infesta-
ção ativa. Em pequenas infestações,
recomenda-se o uso tópico ou infil-
tração de descupinizante na madeira,
para eliminar a colônia. Há vários
produtos no mercado, e o ideal é se-
guir as recomendações de cada fabri-
cante. A aplicação deve ser feita por
profissional especializado.
Se, ao contrário, a madeira estiver
se desmanchando em fibras, o mais
provável é que se trate de apodreci-
mento do material, e não infestação
de xilófagos.
26 Iphan/SC
Fotos: acervo Iphan
Serralheria os focos e, depois, proceder à repintu-
ra, com aplicação de fundo prepara-
Os elementos em metal devem ser dor à base de zarcão, seguida da pin-
protegidos. tura com tinta própria para metais.
A verificação periódica de grades, Pontualmente poderão ser usados
portões, estruturas de sustentação de conversores de corrosão.
balcões ou varandas, elementos de
ferro em geral, permite que se detec-
te problemas de corrosão que, além
de deteriorar os próprios elementos,
poderá prejudicar outras partes da
edificação como, rebocos, elementos
decorativos, pilastras, etc.
Naqueles que possuem função esté-
tica em seu estado natural, poderá ser
aplicada cera incolor (pode ser cera
para pisos em pasta, cera de abelha ou
cera de carnaúba, por exemplo). Na página ao lado, janela da Casa
Volkman, em Pomerode. Nesta
Naqueles que são pintados, a pin- página, à esquerda, detalhe de
tura deverá ser mantida em bom es- maçaneta em porta na região de
tado, evitando surgimento de focos de imigração italiana, em Urussanga;
corrosão. à direita, trinco de janela em edifi-
cação em Benedito Novo.
Para elementos que já apresentam
corrosão, deve-se lixar para remover
Conservação preventiva de imóveis antigos na região de imigração 27
registros estão bem fechados. Na dúvi-
Cuidados com as da, chame um profissional especializa-
instalações prediais do.
Mangueiras dos fogões e aquece-
Necessários em qualquer edifica- dores devem ser substituídas periodi-
ção, esses cuidados são fundamentais-
nas edificações antigas, pois são mais camente, de acordo com a validade
suscetíveis a danos provocados por in- impressa.
cêndios, que se alastram rapidamente
por suas estruturas de madeira, ou por Extintores de incêndio
infiltrações decorrentes de vazamentos
de água, que podem vir a comprometer A presença desses equipamentos é
a solidez da casa. fundamental para a segurança contra
incêndios de qualquer edificação. De-
Instalações hidráulicas vem estar instalados em locais de fácil
acesso, de acordo com as normas em
(água e esgoto) vigor, assim como estar sempre dentro
As tubulações originais são, mui- dos prazos de validade.
tas vezes, de cobre ou ferro galvani-
zado. Assim, qualquer dificuldade no Instalações elétricas
escoamento de águas em torneiras,
descargas ou ralos pode significar en- Nunca faça improvisos ou adapta-
tupimentos causados por ferrugem ções, pois isso pode causar sobrecarga
(corrosão nos tubos). Infiltrações nas nos sistemas elétricos causando cur-
paredes podem ser causadas por perfu- tos-circuitos e até incêndios.
ração da tubulação antiga, já em pro-
cesso de corrosão avançado. Disjuntores
Rachaduras nas paredes, próximas Os disjuntores servem para prote-
aos locais onde passa a tubulação, pode ger a instalação contra curtos-circui-
ser outro indício de infiltração, pois a tos. São dispositivos de proteção que
ferrugem expande e rompe a argamas- têm a vantagem de desarmarem qua-
sa de revestimento das alvenarias. se instantaneamente no caso de sobre-
As tubulações de esgoto às vezes carga na rede.
ainda são de cerâmica e, em geral, Quaisquer alterações nesses dis-
acabam quebrando e obstruindo a positivos devem ser realizadas por
passagem dos detritos. profissional habilitado (engenheiro
Nestes casos sempre se recomenda ou técnico eletricista) e experiente.
a troca da instalação hidráulica por Jamais faça mudanças no sistema de
tubos de PVC. disjuntores por conta própria!
Caso o sistema desarme, solicite
Instalações de gás a avaliação de um eletricista. Muitas
vezes as pessoas, por conta própria,
Os equipamentos que utilizam trocam o disjuntor por um mais po-
gás devem ser revisados, pelo menos, tente, o que é um erro se a fiação não
a cada dois anos. Verificada alguma comportar uma carga maior de ener-
anormalidade, como cheiro constante gia elétrica. Portanto, cuidado.
de gás, é necessário checar se todos os Outra recomendação é evitar o
uso de uma única tomada para di-
28 Iphan/SC
versos aparelhos, com uso de “T’s”,
extensões e adaptadores, pois podem Principais agentes
provocar o superaquecimento dos
fios, ocasionando curtos e incêndios.
de degradação
O principal agente de degradação
Fiação de um imóvel é, sem dúvida, a água.
Infiltrações da água da chuva pelo te-
Fios desencapados, velhos ou dani- lhado, vazamentos, alagamentos e en-
ficados devem ser urgentemente subs- xarcamentos do solo, são algumas das
tituídos por outros com capacidade principais ocorrências que desenca-
compatível com a carga existente. deiam um processo paulatino e cons-
As instalações elétricas deverão tante de degradação física.
sempre estar de acordo com as nor- Evitá-lo a tempo é tarefa relativa-
mas de segurança previstas. mente fácil. Muitas vezes, a simples
troca de uma telha quebrada pode
Ar condicionado impedir que a umidade decorrente da
infiltração de água no telhado inicie o
A inserção desses equipamentos processo de apodrecimento de peças
pode danificar seriamente elementos de madeira que compõem a estrutura
originais e característicos dos prédios ou os forros internos.
históricos. Portanto, recomenda-se
buscar soluções que não interfiram
nas fachadas principais.
Condensadores, tubos e dutos não
podem ficar expostos nas fachadas
principais e não se deve utilizar as
marquises para apoiar aparelhos de
ar condicionados.
Deve-se fixá-los em locais de di-
fícil visibilidade, ou optar por apare-
lhos que não necessitem abrir vãos na
parede e que se comuniquem com o
exterior do prédio apenas por tubu-
lações pequenas, discretamente lo-
calizadas e que não sejam aparentes
nas fachadas - podem ser embutidos
Foto: Marco Gabriel
Degradação de alvenaria de
tijolos na Casa Ewald, em
Timbó, que pode ser causa-
da pelo excesso de acúmulo
de umidade ao longo dos
anos, sais ou ação de outros
produtos químicos.
30 Iphan/SC
construção. Nesses casos, mantém-se cotidiano, do funcionamento de es-
a planta com cuidadoso acompanha- quadrias e fechaduras.
mento de seu desenvolvimento.
Quando se trata de pequenos ar- A cada 6 meses
bustos, o melhor procedimento é • Verificação da cobertura e de seus
cortar o caule, furar e introduzir um elementos, substituindo as partes da-
produto para eliminá-los. Ao consta- nificadas;
tar a morte da planta, deve-se cortá-la
rente à parede e fechar o orifício com • Verificação das calhas de escoamen-
material similar ao da construção. to de águas pluviais. Eliminação de
Todo esse procedimento deve ser feito micro-organismos e plantas;
sob orientação de um técnico do pa- • Verificação das esquadrias e lubrifi-
trimônio para garantir a qualidade de cação dos elementos metálicos (fecha-
preservação do bem tombado duras, maçanetas, dobradiças...);
• Verificação de pisos e forros.
Criando uma rotina Todos os anos
de conservação • Verificação das instalações elétricas,
O estabelecimento de uma rotina hidráulicas, de gás, dos sistemas de
constante de inspeção e manutenção prevenção contra incêndio e dos apa-
contribuirá positivamente para o prolon- relhos de ar-condicionado e de suas
gamento da vida útil dos materiais e es- instalações;
truturas da edificação. Havendo conser-
vação adequada, um imóvel - antigo ou
novo - nunca precisará passar por inter- A cada 2 a 5 anos
venções mais intensas e custosas, como • Inspeção geral da edificação com o
costumam ser as obras de restauração. diagnóstico do estado de conservação
e verificação de todos os serviços de
Rotineiramente manutenção realizados anteriormente;
• Verificação da cobertura e calhas • Imunização dos elementos de madei-
de escoamento de águas pluviais, ra, com desinfestação, se necessário;
sempre após chuvas e ventos • Limpeza e pintura geral.
fortes. Se necessário, trocar telhas
quebradas e reposicionar as desloca-
das, evitando a infiltração constante
e paulatina de água no telhado;
• Abertura diária ou, no mínimo,
semanal dos compartimentos (salas,
quartos, depósitos e outros) sem
uso;
• Limpeza de rotina, de forma
cuidadosa, dos pisos, esquadrias,
forros e demais elementos cons-
Foto: Suelen Artuso
trutivos;
• Verificação, decorrente do uso
32 Iphan/SC
ção ou da instalação provisória, con- Restauração
tendo, no mínimo, indicação do local
onde se realizará, dimensões gerais e Solicitação para realização de
descrição dos materiais a serem utili- obra que tenha por objetivo restabe-
zados. lecer a unidade do bem cultural, res-
peitando sua concepção original, os
Reforma simplificada valores de tombamento e seu processo
histórico de intervenções. Bens tom-
bados individualmente enquadram-
Solicitação para obras de conser- -se obrigatoriamente nessa categoria,
vação e manutenção, ou serviços sim- caso a intervenção proposta não seja
ples, como pintura de fachada, troca relativa à instalação de equipamento
de telha, construção ou reforma do publicitário/sinalização ou reforma
passeio etc. simplificada.
Documentação específica exigida
- Identificação dos serviços a serem Documentação específica
realizados. exigida:
a. Anteprojeto da obra, conten-
do, no mínimo, planta de situação,
Reformas, demolições ou implantação, plantas de todos os pa-
construções novas vimentos, planta de cobertura, corte
transversal e longitudinal e fachadas,
Solicitação para realização de diferenciando partes a demolir, a
obra de reforma que implique em de- manter e a construir, conforme nor-
molição ou construção de novos ele- mas da ABNT;
mentos, como ampliação ou supressão b. Levantamento de dados sobre o
de área construída; modificação de bem, contendo pesquisa histórica, le-
volumes, vãos; aumento de gabarito; vantamento planialtimétrico, levanta-
substituição significativa da estrutura; mento fotográfico, análise tipológica,
alteração na inclinação da cobertura. identificação de materiais e sistema
São consideradas construções novas construtivo;
as propostas de construção de edifício c. Diagnóstico do estado de con-
em terreno vazio ou em lote com edi- servação do bem, incluindo mape-
ficação existente, desde que separado amento de danos e análise dos ma-
fisicamente desta. teriais, do sistema estrutural e de
Documentação específica agentes degradadores;
exigida: Anteprojeto da obra, con- d. Memorial descritivo e especifi-
tendo, no mínimo, planta de situa- cações; e
ção, implantação, plantas de todos e. Planta com a especificação de
os pavimentos, planta de cobertura, materiais existentes e propostos.
corte transversal e longitudinal e fa-
chadas, diferenciando partes a demo- Em todos os casos, procure sempre
lir, a manter e a construir, conforme o auxílio de um profissional e consulte
normas da ABNT, principalmente as se o Iphan já não possui alguma nor-
NBR 6492, 13531 e 13532. mativa específica para a área.
36 Iphan/SC
Joinville
Casa Kruger, Wally Dona Francisca Estrada D. Francisca Km 0
Casa Fleith, Alvino Pico Estrada do Pico s/n
Casa Schwisky, Otto Quiriri Estrada do Quiriri, 2223
Cemitério do Imigrante Centro Rua Quinze de Novembro, 1000
Estação Ferroviária Centro Rua Leite Ribeiro, s/n
Palácio dos Príncipes (Museu Nacional
Centro Rua Rio Branco, 229
de Imigração e Colonização)
Nova Veneza
Casa de Pedra da Família Bratti N. V. / Caravaggio Estrada que liga Nova Veneza a Caravaggio
Orleans
Casa Barzan, João Félix Palmeira Alta Estrada Geral Rio Palmeira Alta s/n
Pomerode
Casa Arndt, Erwin (Casa da Crista) Testo Alto Rua Progresso, 1241
Casa Siewert, Ovídio Testo Alto Rua Testo Alto, 7875
Casa Sievert, Wendelin Testo Alto Rua Testo Alto, 8019
Casa Lümke, Helmut (casa de taipa) Testo Alto Rua Testo Alto - Fundos, 9690
Casa Raduenz, Walter Testo Alto Rua Curitiba, 377
Casa Voigt, Ella Testo Alto Rua Progresso, 2320
Casa Wacholz, Felipe Testo Alto (mar.esq) Rua Testo Alto, 6148
Comércio Haut Testo Rega Rua Presidente Costa e Silva, 719
Comércio Weege Testo Rega Rua Presidente Costa e Silva, 677
Casa Hardt, Erich Testo Rega Rua Arnoldo Hardt, 379
Casa Wunderwald Wunderwald Rua Dr. Wunderwald, 2467
Sítio Tribess Wunderwald Rua Alberto Rahn, 1463
Conjunto Rural de Testo Alto
Rio dos Cedros
Escola Rural
São Bento do Sul
Casa Schlagenhaufer Dona Fca./Bela Aliança Estrada Dona Francisca, 7889
Casa Struck, Waldemiro Dona Fca./Bela Aliança Estrada Dona Francisca, 9135
Casa Neumann Dona Francisca Estrada Dona Francisca, 2988
Casa Eichendorf, Edeltraud Dona Francisca Estrada Dona Francisca, 158
Timbó
Casa Zimath, Norberto Pomeranos Rua Pomeranos, 3182
Escola e Casa do Professor Pomeranos Rua Pomeranos, 140 (casa) e 182 (escola)
Casa Radoll, Invalt Rio Cedro (mar.esq) Cedro Margem Esquerda
Salão Hammermeister Tiroleses SC 477 esquina com Rua Edmundo Bell
Casa Ewald Via Hass Rua Blumenau, 2240
Casa Reinecke, Érica Via Hass Rua Blumenau, 4664
Urussanga
Propriedade Bez Fontana Ria América Estrada Geral Rio América Baixo s/n
Igreja São Gervásio e São Protásio Rio Maior Estrada Geral Rio Maior (SC 446) s/n
Casa Cancelier, Ivanir Rio Maior Estrada Geral Rio Maior (SC 446) s/n
Vargem
Igreja São Judas Tadeu Centro Centro de Vargem
Vidal Ramos
Conjunto Irmãos Stoltenberg Praça Stoltenberg, BR486 - Estrada Geral
Botuverá