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A leitura: atividade central na formação do sujeito

No mundo contemporâneo, a leitura tem se mostrado cada vez mais como


necessidade fundamental para o ser humano, visto que é por meio dela que o
indivíduo adquire conhecimento, transforma-se e se insere na sociedade. Apesar
desse ideal ser difundido amplamente em relatórios, estudos, programas de
governo, o retrato de leitura no Brasil ainda se configura com índices abaixo da
média, cabendo, portanto, sobretudo à escola difundir práticas que estimulem
amplamente a formação leitora em crianças e jovens.
O cenário atual demonstra a circulação massiva de informações
veiculadas por diferentes suportes que permeiam a vida social, como mídia
eletrônica, impressos, outdoors, revistas, aplicativos, etc. É nesse contexto que
o indivíduo precisa lidar cotidianamente com informações cujas finalidades
variam desde a simples leitura de placas de trânsito, mensagens veiculadas em
Smartphones até textos mais complexos, por exemplo, anúncios publicitários,
notícias, textos acadêmicos. Tais gêneros textuais requerem do sujeito
competências e habilidades para realizar operações mentais complexas, inferir
informações e realizar procedimentos de leitura, conforme as mais variadas
necessidades.
No sentido em que se vem falando, o hábito de leitura, adquirido por meio
de práticas contextualizadas e com função social clara, torna-se fundamental
para que seja assegurado o exercício da cidadania. Dificuldades de leitura, se
não sanadas a tempo, comprometem o desempenho satisfatório do aluno e
podem desestimular a frequência ao ambiente de ensino, sendo este último
apontado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada(IPEA) como um dos
principais fatores para uma trajetória de criminalidade. Tais informações
referendam a importância de se promover leitores críticos e assíduos, cujo
objetivo é promover a inclusão cidadã.
Em que pesem todas as iniciativas, o Brasil ainda ocupa dados
preocupantes no que se refere ao hábito de leitura. Conforme demonstra a última
pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, o brasileiro lê pouco e quando o faz é por
obrigação. Mas o que fazer perante o cenário que se apresenta? O poeta João
Cabral de Melo Neto, embora se refira ao ato criador de escrever poesias, revela
um procedimento que pode contribuir na formação de leitores: ler se limitaria com
catar feijão, isto é, além de se tornar um hábito rotineiro, precisa ser estimulado,
garantir a inclusão de gêneros textuais circundantes na esfera em que se
encontra o aluno, além de propiciar sentido para a prática social cotidiana.
No que se refere ao ensino de língua materna na Educação Infantil e anos
iniciais, Koch e Elias (2016) apresentam concepção de texto norteadora para o
trabalho docente. No dizer das autoras “[...]o texto é um objeto complexo que
envolve não apenas operações linguísticas como também cognitivas, sociais e
interacionais.[...] é preciso considerar também conhecimentos de mundo, da
cultura em que vivemos e das formas de interagir em sociedade”(KOCH; ELIAS,
2016, p.15). Nesse sentido, é preciso ter clareza que as interpretações sobre as
leituras feitas, ressalvados os devidos níveis, se inicia desde a Educação Infantil
e se apresenta inscrita nas entrelinhas do texto. De outro modo, não há uma
única interpretação, porém nem todas são pertinentes. Associe-se a isso o
processo feitos, durante e após a leitura, na perspectiva de perscrutar e fazer
com que o aluno perscrute as informações e as represente de distintas formas:
reprodução oral, teatro, desenho, texto escrito etc.
Outro fator preponderante na formação de leitores é que leitura se torne
atividade central, deixando de ser pretexto para outra atividade ou se sobrar
tempo no final do expediente. Em outras palavras, é preciso ler e apreciar um
livro, ler por ler, ler um texto e a ele atribuir sentido, tecer comentários, partilhar
a visão que se tem com colegas, todas atividades que a escola pode desenvolver
com qualquer faixa etária. É preciso permitir que o aluno se utilize do seu
conhecimento de mundo para interpretar o texto, valha-se da visão do colega ou
dos encaminhamentos prévios do professor para ampliar e perpetuar essa
prática ao longo da vida.
Ante o exposto, é fundamental considerar que o hábito de leitura deve,
cada vez mais, permear a prática do sujeito, a fim de lhe possibilitar o exercício
da cidadania, ao inseri-lo no mundo letrado. Por sua vez, as práticas
pedagógicas precisam contemplar os diferentes gêneros textuais que circundam
o aluno, bem como promover a leitura como atividade central de aprendizado,
considerando o texto como forma de interação e possibilidades de diálogo. Ao
assumir tal perspectiva, a escola constituir-se-á como ambiente formador de
leitores, contrapondo o cenário nacional de pouca assiduidade à leitura.

Obs.: este texto foi produzido para a disciplina de Metodologia da Alfabetização


da UNICESUMAR-Maringá, curso de Pedagogia, modalidade EAD.

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