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TRANSFORMAÇÕES

DE FASES EM METAIS
E MICROESTRUTURAS

Engenharia e Ciência dos Materiais I


Profa.Dra. Lauralice Canale
1º. Semestre 2017
TRANSFORMAÇÕES MULTIFÁSICAS

As condições de equilíbrio caracterizadas pelo


diagrama de fases ocorrem apenas quando o
resfriamento é dado em taxas extremamente
lentas, o que para fins práticos é inviável

Um resfriamento fora do equilíbrio pode ocasionar:


 Ocorrências de fases ou transformações em
temperaturas diferentes daquela prevista no
diagrama
 Existência a temperatura ambiente de fases que
não aparecem no diagrama
Cinética das Transformações
 Normalmente nesses estudos cinéticos a
fração da transformação que ocorreu é
medida como função do tempo, enquanto
a temperatura é mantida cte.

 O progresso da transformação é verificado


por meio de exame micrográfico ou
medida de condutividade elétrica
Neste caso a fração
transformada Y

Equação de Avrami

Por convenção a taxa de


Taxa= 1/t0,5 transformação é considerada como o
inverso de tempo necessário para que
a transformação prossiga até metade
de sua conclusão
Transformações desse tipo são observáveis em
ligas metálicas e podem ser obtidas por meio de
tratamentos térmicos.

Neste caso a taxa ou velocidade de resfriamento


determinará a microestrutura final.

Para resfriamentos fora do equilíbrio, não é mais


possível se prever as microestruturas utilizando os
diagramas de equilíbrio.

Para muitas ligas tecnologicamente importantes, a


microestrutura preferida é a metaestável
CURVAS TTT

 As curvas TTT estabelecem relações


entre a temperatura em que ocorre a
transformação da austenita e a
estrutura e propriedades das fases
produzidas com o tempo.

 As transformações se processam à
temperatura constante
CURVAS TTT

início
final
TRANSFORMAÇÕES ISOTÉRMICAS
Diagrama de Transformação
isotérmica para uma liga Fe-C de
composição EUTETÓIDE

 A transformação de austenita em
perlita ocorre apenas se a liga for
super resfriada até abaixo da
temperatura do eutetóide

 Para temperaturas muito próximas


do eutetóide, o superesfriamento é
baixo necessitando de tempos
longos para a transformação
TRANSFORMAÇÕES ISOTÉRMICAS
 À esquerda da curva do
início de transformação
apenas austenita estará
presente, enquanto que a
direita da curva do término
de transformação apenas
existirá perlita.
 Entre as duas curvas ambas
estão presentes
TRANSFORMAÇÕES ISOTÉRMICAS
 A transformação
isotérmica realizada a
temperaturas
imediatamente abaixo
da temperatura do
eutetóide produz uma
perlita grosseira ,
enquanto que uma
transformação a uma
temperatura em torno
de 540o C produz
perlita fina
Temperatura Difusão Largura lamelas
©2003 Brooks/Cole, a division of Thomson Learning, Inc. Thomson Learning™ is a trademark used herein under license.
PERLITA FINA E GROSSEIRA

 Fotomicrografias de
(a)perlita grosseira
(b)perlita fina

 À temperatura em torno
de 540ºC é produzido
uma perlita mais fina,
pois com a diminuição da
temperatura, a taxa de
difusão do carbono
diminui, e as camadas se
tornam progressivamente
mais finas
BAINITA
 À medida em que a
temperatura de
transformação é reduzida
após a formação de
perlita fina, um novo
microconstituinte é
formado: a bainita
 Como ocorre na perlita a
microestrutura da bainita
consiste nas fases ferrita
e cementita, mas os
arranjos são diferentes
 No diagrama de
transformação isotérmica
a bainita se forma abaixo
do “joelho” enquanto a
perlita se forma acima
BAINITA
 Para temperaturas entre 300ºC e
540ºC, a bainita se forma como
uma série de agulhas de ferrita
separadas por partículas
alongadas de cementita (bainita
superior)

 Para temperaturas entre 200ºC e


300ºC, a ferrita encontra-se em
placas e partículas finas de
cementita se formam no interior
dessas placas (bainita inferior)

 A fotomicrografia (a) apresenta


uma estrutura bainítica superior
com finíssimas agulhas de ferrita,
e (b) apresenta uma estrutura
bainítica inferior com partículas de
cementita formadas no interior
das placas de ferrita
ESFEROIDITA
 Se uma liga de aço com
microestrutura bainítica ou
perlítica for aquecida e deixada a
uma temperatura abaixo do
eutetóide por uma longo tempo irá
se formar a esferoidita

 Em lugar das lamelas alternadas


de ferrita e cementita (perlita), ou
das microestruturas observadas
na bainita, o Fe3C aparece como Força motriz para a
partículas com aspecto esférico transformação é a
em uma matriz de ferrita redução da fronteira
entre as fases ferrita
 Essa transformação ocorre e Fe3C
mediante uma difusão adicional
do carbono
Martensita
 É uma fase metaestável e de não-equilíbrio
formada no aço sem difusão, sob condições não-
isotérmicas.

 Esta transformação de fase se dá por


cisalhamento, ocorre por pequenos
deslocamentos dos átomos ou íons (sem ocorrer
difusão), e pelo fato de não envolver difusão
acontece quase que instantaneamente.

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(a) Célula unitária da martensita TCC relacionada à célula unitária da austenita
CFC. (b) com o aumento da porcentagem de C, mais espaços intersticiais são
preenchidos por átomos de C e a estrutura tetragonal da martensita se torna mais
pronunciada.

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MARTENSITA
 Sendo uma fase fora de equilíbrio, a martensita não
aparece no diagrama de fases ferro – carboneto de
ferro
 É uma solução sólida supersatura de carbono (não
se forma por difusão), todo o carbono permanece
intersticial, podendo transformar-se em outras
estruturas por difusão quando aquecida
 É dura e frágil, por isso é sempre necessário um
tratamento de revenimento após a formação de
martensita
Martensita
 A austenita tem uma estrutura cristalina CFC, a
martensita TCC, o carbono fica retido dentro
da célula, embora não haja espaço para
acomodá-lo. Isto significa que há uma expansão
volumétrica durante a transformação. A
expansão causa tensões internas, que são
percebidas através da alta resistência mecânica
e dureza da martensita, muito embora tenha
grande fragilidade.
 O início desta transformação está representado
por uma linha horizontal designada por Mi ou Ms
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nos diagramas TTT.
Diagrama TTT de
uma liga Fe-C:
A, austenita;
B, bainita;
M, martensita;
P, perlita.
Efeito dos elementos de liga: diagrama TTT para uma liga SAE 4340.

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(a) a 1050 and (b) a 10110 steel.


MARTENSITA EM FORMA DE
RIPAS
 Para ligas que contêm menos
do que cerca de 0,6%de C, os
grãos de martensita se formam
como ripas
 São placas longas e finas, tais
como as lâminas de uma folha
 Os detalhes microestruturais
são muito finos e técnicas de
micrografia eletrônica devem
ser aplicadas para a análise
dessa microestrutura
MARTENSITA EM FORMA LENTICULAR
 A martensita lenticular (ou em
placas) é encontrada em ligas
ferro-carbono com
concentrações maiores que
0,6% de C
 Na fotomicrografia pode-se
observar os grãos de
martensita em forma de
agulhas (regiões escuras) e
austenita que não se
transformou durante o
resfriamento (regiões claras)
denominada austenita retida
Fotomicrografia de uma liga de memória de forma
(69%Cu-26%Zn-5%Al), mostrando as agulhas de
martensita numa matriz de austenita
TRANSFORMAÇÃO ISOTÉRMICA DE
LIGA FE-C
TRANSFORMAÇÃO ISOTÉRMICA DE
LIGA FE-C
TRANSFORMAÇÃO ISOTÉRMICA DE
LIGA FE-C
TRANSFORMAÇÃO ISOTÉRMICA DE
LIGA FE-C
TRANSFORMAÇÃO ISOTÉRMICA DE
LIGA FE-C
TRANSFORMAÇÃO ISOTÉRMICA DE
LIGA FE-C
RESFRIAMENTO CONTÍNUO
 A maioria dos tratamentos térmicos
para os aços envolve o
resfriamento contínuo de uma
amostra até a temperatura
ambiente
 Um diagrama de transformação
isotérmica só é válido para
temperatura constante e tal
diagrama deve ser modificado para
transformações com mudanças
constantes de temperaturas
 No resfriamento contínuo o tempo
exigido para que uma reação tenha
seu início e o seu término é
retardado e as curvas são
deslocadas para tempos mais
longos e temperaturas menores
RESFRIAMENTO CONTÍNUO
 A transformação tem início após um
período de tempo que corresponde
à intersecção da curva de
resfriamento com a curva de início
da reação, e termina com o
cruzamento da curva com o término
da transformação
 Normalmente, não irá se formar
bainita para aços ferro-carbono
resfriados continuamente, pois toda
a austenita se transformará em
perlita
 Para qualquer curva de resfriamento
que passe por AB a austenita não
reagida transforma-se em
martensita
RESFRIAMENTO CONTÍNUO
 Para o resfriamento contínuo
de uma liga de aço existe uma
taxa de têmpera crítica que
representa a taxa mínima de
têmpera para se produzir uma
estrutura totalmente
martensítica

 Para taxas de resfriamento


superiores à crítica existirá
apenas martensita. Além disso
existirá uma faixa de taxas em
que perlita e martensita são
produzidos e finalmente uma
estrutura totalmente perlítica se
desenvolve para baixas taxas
de resfriamento
RESFRIAMENTO CONTÍNUO

A (FORNO) = Perlita grossa


B (AR) = Perlita + fina (+
dura que a anterior)
C (AR SOPRADO) = Perlita
+ fina que a anterior
D (ÓLEO) = Perlita +
martensita
E (ÁGUA) = Martensita
PROPRIEDADES MECÂNICAS
 A cementita é mais dura, porém
mais frágil do que a ferrita. Dessa
forma, aumentando a fração de
Fe3C irá resultar em um material
mais duro e mais resistente.
 A espessura da camada de cada
fase também influencia. A perlita
fina é mais dura e mais resistente
que a perlita grosseira. A perlita
fina possui maior restrição ao
movimento de discordâncias e um
maior reforço de cementita na
perlita, devido à maior área de
contornos de fases
 Na esferoidita, existe uma menor
área de contornos e menor
restrição de discordâncias,
portanto é menos dura e menos
resistente
PROPRIEDADES MECÂNICAS
 Uma vez que a cementita é mais
frágil, o aumento do seu teor
resultará em uma diminuição de
ductilidade
 A perlita grosseira é mais dúctil
que a perlita fina, pois existe uma
maior restrição à deformação
plástica na perlita fina
 A esferoidita é extremamente
dúctil, muito mais do que a perlita
fina e perlita grosseira. Além disso
são extremamente tenazes, pois
qualquer trinca encontra uma
pequena de partículas frágeis de
cementita
PROPRIEDADES MECÂNICAS
 A martensita é mais dura, mais
resistente e mais frágil. A sua
dureza depende do teor de
carbono para aços com até
aproximadamente 0,6% de C

 Essas propriedades são atribuídas


aos átomos de carbono intersticiais
que restringem o movimento de
discordâncias

 A martensita revenida possui


partículas de cementita
extremamente pequenas, o que lhe
dá uma melhor ductilidade e
tenacidade
EFEITO DE ELEMENTOS DE LIGA NAS
CURVAS TTT
AISI 1335 AISI 5140

Praticamente o mesmo teor de carbono mas com diferentes elementos de liga


MARTENSITA REVENIDA
 No estado temperado, a martensita, além de
ser mais dura, é tão frágil que não pode ser
utilizada para a maioria das aplicações
 As tensões internas que possam ter sido
introduzidas durante a têmpera tem um
efeito de enfraquecimento
 A ductilidade e a tenacidade podem ser
aprimoradas e as tensões internas aliviadas
através um tratamento de revenimento
 O revenido é conseguido através do
aquecimento de um aço martensítico até
uma temperatura abaixo do eutetóide
durante um intervalo de tempo específico
 Esse tratamento permite, através de
processos de difusão, a formação de
martensita revenida
A microestrutura da martensita revenida consiste de
partículas de cementita extremamente pequenas e
uniformemente dispersas em uma matriz contínua
de ferrita. Esta microestrutura é semelhante à
globulizada exceto que as partículas de cementita
são muiiiiito pequenas menores.

O tamanho das partículas de cementita influencia o


comportamento mecânico da martensita revenida.
O aumento do tamanho das partículas diminui a
área de fronteiras entre as fases ferrita e cementita
e, consequentemente, resulta em um material de
menor dureza e menor resistência.
A martensita revenida pode ser tão dura quanto a
martensita, porém com ductilidade e tenacidades
melhoradas. A dureza e resistência podem ser explicadas
pela grande área de fronteiras por unidade de vol entre as
fases ferrita e cementita que existe para as numerosas e
finas partículas de cementita.

Essas partículas reforçam a matriz de ferrita ao longo das


fronteiras, que por sua vez atuam como barreiras para o
movimento das discordâncias durante a deformação
plástica.

A fase contínua de ferrita é muito dúctil e relativamente


tenaz, o que responde pela melhoria dessas propriedades
no revenimento.
©2003 Brooks/Cole, a division of Thomson Learning, Inc. Thomson Learning™ is a trademark used herein under
license.
Revenido
 Com o aumento de tempo, a dureza diminui, o que
corresponde ao crescimento e coalescência das partículas de
cementita

 O coalescimento é idêntico ao tratamento de


esferoidização,por isso em tratamentos à temperaturas que se
aproximam do eutetóide e após várias horas a estrutura será
composta por cementita globulizada
TRANSFORMAÇÕES
AUSTENITA
Resf. Rápido
Resf. lento (Têmpera)
Resf. moderado

Perlita Martensita
Bainita
( + Fe3C) + a
fase ( + Fe3C) (fase tetragonal)
próeutetóide
reaquecimento

Martensita
Ferrita ou cementita Revenida
( + Fe3C)

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