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Ter personalidade implica uma totalidade psíquica, dotada de decisão, resistência, e força. Por
outro lado, em cada adulto, está oculta uma criança em desenvolvimento, até que a personalidade
possa completar-se, casos mais raros. O homem de nosso tempo se acha imensamente distante dessa
totalidade. O conto de ANDERSEN a respeito das roupas novas do Imperador (do meu livro: Nunca
mais quero me sentir vulnerável), retrata o quanto as crianças são perceptivas e não tolas como às
vezes se imagina. Tudo aquilo que quisermos mudar nas crianças é melhor examinarmos se não é
melhor mudarmos em nós mesmos.
Sem determinação, inteireza e maturidade não há personalidade, o que, naturalmente, não pode
nem deve ser exigido da criança, uma vez que isso faria com que perdesse sua infantilidade, o que lhe
é próprio. Mas, se a criança puder ver isto em um adulto que a eduque, crescerá sendo estimulado por
suas realizações. Ninguém pode educar para a personalidade se não tiver personalidade. Atingir a
personalidade significa o melhor desenvolvimento possível da totalidade de um indivíduo
determinado. Não é possível calcular o número de condições que devem ser satisfeitas para que isto
aconteça. Envolve o desenvolvimento de aspectos, bio, psico, sociais e espirituais.
Personalidade é a obra a que se chega pela máxima coragem de viver, pela afirmação absoluta
do ser individual, e pela adaptação, a melhor possível, a tudo que existe de universal, tudo isto aliado à
máxima liberdade de decisão própria. Trata-se da maior de todas as tarefas de um desenvolvimento
espiritual. A personalidade se desenvolve no decorrer da vida e somente pela nossa ação e pelo modo
através do qual agimos, é que pode ser vislumbrada. De início não sabemos o que está oculto em nós,
que feitos sublimes ou que crimes estão contidos em nós, que espécie de bem ou de mal. Ninguém
desenvolve sua personalidade porque alguém disse que é isto o que precisa ser feito, a natureza não se
deixa impressionar por falatórios. Sem que haja necessidade, nada muda e menos ainda a
personalidade. A natureza precisa ser motivada pela coação de acontecimentos internos ou externos. A
expressão: muitos são os chamados e poucos os escolhidos, é válida neste caso como em nenhum
outro, pois, o desenvolvimento da personalidade até o seu termo é um carisma ou mesmo uma
maldição. Como primeira e inevitável conseqüência, o indivíduo se separa da massa, que é
indeterminada e inconsciente. Isto significa isolamento, o qual não se pode evitar nem com a melhor
adaptação; o preço da felicidade decorrente de desenvolvermos nossa personalidade é caro e ninguém
pode pagá-lo por nós. Fala-se muito em desenvolvimento da personalidade, mas pensa-se pouco nas
conseqüências, as quais podem atemorizar profundamente os espíritos dotados de menos vigor. Como
segunda conseqüência, não menos difícil, indica-se também uma: fidelidade à própria lei, isto é, é
preciso obedecer à “voz da consciência”. Requer-se para isto, uma confiança, semelhante àquela que
uma pessoa religiosa tem para com Deus. . A personalidade jamais poderá desenvolver-se se a pessoa
não escolher seu próprio caminho, de maneira consciente e por uma decisão consciente e moral.
Portanto, aqui, unem-se, necessidade, consciência, decisão e moral. A escolha do caminho sempre
pressupõe que este caminho seja o melhor, os outros caminhos, podem ser convenções, morais, sociais,
políticas, filosóficas ou religiosas. O fato de as convenções de algum modo sempre florescerem prova
que a maioria esmagadora das pessoas não escolhe seu próprio caminho, mas a convenção, aquilo que
é mais convenientes, que criará menos transtornos, que nos fará mais “bem vistos”, e quem sabe,
porque não, o caminho mais fácil? Não há um método. É preciso aprender a ouvir a própria
consciência.
O empreendimento de desenvolver a personalidade, é, na opinião dos que estão de fora, uns
riscos nada popular e nada simpático, pois implica de certa forma, viver ao modo do eremita, à
margem de. Implica também na coragem de ir se libertando das convenções e de afastar-se dos
caminhos largos, seguindo a via estreita, enquanto a massa apega-se a temores, convicções, leis e
métodos pré-estabelecidos.
TEXTO 02 - Desenvolvimento Psicológico
“ O Homem deseja ser confirmado em seu Ser pelo Homem, e anseia por ter uma presença no
Ser do outro... – secreta e timidamente, ele espera por um sim que lhe permita ser, e que só pode vir de uma
pessoa humana a outra”. Martim Buber.
Desenvolvimento
Iniciaremos este tema falando, rapidamente, sobre a teoria psicanalítica: segundo Freud o
aparelho psíquico está dividido em três planos ou sistemas – consciente, pré-consciente e inconsciente, com a
analogia de que o funcionamento mental ocorre “comparado” ao iceberg. Pontua que a porção acima da
superfície corresponde ao consciente, a porção que se torna visível, conforme o movimento das águas,
corresponde ao pré – consciente e a parte sempre submersa, proporcionalmente muito maior corresponde ao
inconsciente.
O conceito de desenvolvimento da personalidade, segundo Freud, ocorre em sete fases: oral,
anal, fálica, latência, adolescência, maturidade e velhice. Afirmando que em cada fase, a pessoa deve aprender a
resolver certos problemas específicos, originados do próprio crescimento físico e da interação com o meio. A
solução dos diferentes problemas, que em grande parte depende do tipo de sociedade ou cultura, resulta na
passagem de uma fase para a outra e na formação do tipo peculiar de personalidade. No decorrer das fases, o
indivíduo expressa seus impulsos e suas necessidades básicas dentro de moldes que visam a continuação da
cultura.
Abordaremos o desenvolvimento psicológico em cada uma dessas fazes, salientando os pontos
onde a sociabilização, a linguagem, a segurança no mundo e em si mesmo, a vinculação, a independência, a
auto-estima, etc, poderão ser fortalecidos, e o que poderia causar problemas, uma vez que o ser humano, tem por
natureza, grande capacidade para a alegria. Observando crianças vemos que não apenas vêem graça nas coisas,
como criam a graça para si, querendo mostrar suas brincadeiras para quem está ao seu lado, funcionando como
forma social de aproximação.
Os estudos demonstram ser o bebê extremamente competente sob muitos aspectos – é sensível,
curiosos, um aprendiz eficaz, manifestando percepção ao tom de voz, gestos, atitudes, expressões e movimentos
dos adultos que estão ao seu redor, principalmente àqueles que tem algum significado emocional para ele.
A criança ao explorar seu meio, em busca das descobertas, logo descobre as restrições que lhe serão
impostas, e irá manifestar seu desagrado através de birras e choro, aprendendo, no entanto, a conviver com algumas
limitações o que, saberá mais tarde, terá por toda a vida.
Os seres humanos aprendem cedo e prontamente a lidar com coisas que exercem influência direta
sobre seus objetivos, suas esperanças e seus medos, mesmo que isso exija muita abstração conceitual.
TEXTO 03 - DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE
A humanidade custou muito a conhecer e por o seu serviço a realidade que a cerca. Houve
épocas em seu passado remoto, que o impacto da realidade externa na consciência dos homens se
acompanhava de grande ansiedade e tinha como resultado um reflexo na consciência deles,
determinando uma realidade interna que passava a predominar sobre a realidade externa e perturbando-
os em seus esforços para pô-la a seu serviço.
Chamamos esta época, em que na mente da humanidade predominava a realidade interna sobre
a realidade externa, de ‘época do pensamento mágico’, em contraposição à atual, que é chamada de
‘época do pensamento lógico’. O desenvolvimento da humanidade pode ser encarado como a história
de sua passagem do pensamento mágico a um pensamento lógico; em outras palavras, a história de
como a humanidade aprendeu a colocar a seu serviço a realidade externa.
É isto também o que se passa no desenvolvimento do indivíduo, da personalidade. Também ela
tem um passado remoto – o passado infantil – em que predomina o pensamennto mágico. Seu
desenvolvimento é a história da passagem ao pensamento lógico, ou a história da passagem do
predomínio da realidade interna para o predomínio da realidade externa.
Já temos subentendido o conceito de realidade externa e o de realidade interna. Realidade
externa é a realidade objetiva que nos cerca e que independe, em certo sentido, de nós.. Por exemplo:
esta sala, as pessoas que aqui estão, independem de mim, existem sem mim. Realidade interna é a
realidade externa dentro de uma pessoa, vista por outra pessoa; é o reflexo dad realidade externa na
mente de uma pessoa. Por exemplo: esta sala, estas pessoas, tais como eu as vejo, ou melhor, ainda,
com as emoções que eu tenho hoje, pelo fato de estar aqui. Uma e outra inter-atuam. A realidade
externa corrige a realidade interna, através da experiência; por outro lado, a realidade interna pode
perturbar, em maior ou menor grau, em virtude das emoções com que ela se reveste a realidade
externa. Por exemplo: uma pessoa que tem fobia aos ratos. Ela racionalmente sabe que um rato não
poderá lhe fazer mal, mas quando vê este animal é tal a quantidade de afetos que põe nele (sabemos
que o rato é um objeto que representa outro mais temido) que estas emoções da realidade interna se
sobrepõem ao conhecimento racional do fato de que o animal em si é inofensivo e a pessoa reage com
intensidade.
Um outro exemplo: uma pessoa acorda à noite, com um barulho em seu quarto. Podemos
imaginar várias hipóteses: que há ladrões forçando a janela, etc. A pessoa acende a luz e verifica que o
barulho é feito pelo vento na janela. Acalma-se e dorme A realidade externa corrigiu a realidade
interna. Suponhamos, entretanto, que essa pessoa seja muito impressionável e viva preocupada com o
medo de ladrões. Ela poderá acender a luz – ou nem fará isto: não perceberá o vento na janela, tapará a
cabeça com as cobertas e ficará um tempo maior ou menor a tremer de medo, imaginando a presença
de ladrões em sua casa. Neste caso, a realidade interna se sobrepõe à realidade externa, deformando-a.
Note-se que o que determinou esta distorção foi à ansiedade do indivíduo. Isto é uma regra – a de que
a ansiedade seja uma causa perturbadora da correta percepção da realidade externa. Por outro lado, a
diminuição da ansiedade, que é feita pela experiência, é fato que proporciona uma perfeita percepção
da realidade externa.
Uma outra noção preliminar importante é a que diz respeito ao crescimento dos seres vivos.
Sabemos, por exemplo, que num organismo em crescimento, numa planta, nma raiz, num embrião, há
uma zona chamada zona de crescimento, que determina e comanda este processo. No crescimento
psicológico, encontramos como base orgânica, zonas de crescimento, zonas que comandam a direção
do crescimento psicológico. Estas zonas servem de elemento de ligação entre o aspecto somático e
psicológico da personalidade: seriam zonas onde se fariam sentir as experiências somáticas e
psíquicas. Estas zonas de crescimento evoluem progressivamente das regiões da boca, mucosa e
estruturas da face, como os olhos, olfato e audição, para a região anal e trato terminal do aparelho
digestivo, estrutra esfincteriana anal e vesical, até os genitais.
TEXTO 04 - FASES DO DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE
O instinto tem uma fonte, um objeto e uma finalidade. A fonte é a modificação físico-química
do organismo, que dá origem ao impulso. A finalidade é alcançar o equilíbrio físico-químico, que se
alterou. O objeto é aquilo por meio do qual o instinto vai alcançar o seu objetivo. Sentem-se fome, o
objeto para sua satisfação sera a comida. Na criança este objeto sera a mãe, mais particularmente o seio
da mãe, pois nos primeiros tempos a criança não percebe a mãe como um todo. Quando o indivíduo
quer alcançar uma satisfação instintiva, ele procura um objeto, com o qual ele se põe em contato. É o
que se chama relação de objeto. Como sempre, esta relação de objeto se faz no mundo real, mas tem
uma representação interna. Por isto falamos em objeto externo e objeto interno; relação de objeto
externo, relação de objeto interno. O desenvolvimento da personalidade é a história dos instintos e suas
vicissitudes, a história das fantasias e das relações objeta.
A Fase Oral é a mais precoce e reina quase absoluta nos primeiros anos de vida. Nesta época a
criança tem um Ego muito pouco desenvolvido: tão pouco desenvolvido como foi a ‘parte racional’do
homem primitivo. Devido a isto, a exemplo deste ‘homem primitivo’, a criança percebe mal a
realidade externa e povoa o mundo com suas fantasias. Também quase não há limite entre o Eu da
criança e o mundo. Poder-se-ia dizer que o mundo da criança é ela mesma. Ela tolera muito mal as
tensões instintivas e as sente como uma descarga maciça de afetos. O fato de que ela projeta no mundo
externo essas situações faz com que ela mesma faça deste mundo algo cheio de tensões e ansiedades.