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Eis que o poeta Rogério Lenzi deu um jardim a Vulcano, o mais feio dos deuses: “há na

noite estreita respostas ao medo” diz o poema que intitula esse livro. É esse o caminho que o leitor
percorrerá na primeira parte deste jardim: questionamentos, dúvidas, respostas, memórias,
fragmentos da infância, alguma dor, um misto de solidão e delicadeza. Mais do que ler esses
poemas, o leitor escutará a voz que permeia o Jardim de Vulcano. Ela o guiará por um rol de
poemas que vão aos poucos revelando as feiuras e as belezas do jardim e do deus que é seu dono.
Não é um percurso simples, afinal, como afirma o próprio poeta: “Este jardim se diz pelo nome e o
nome não se faz concreto.” O nome se faz assim, quase que silenciosamente, verso a verso, dentro
de quem se adentra o jardim.
Na segunda parte do livro, uma coletânea singelamente intitulada de “outros poemas”, que
se, à primeira vista, parecem se distanciar da unidade da parte que dá título ao livro, revelam outros
caminhos, outros olhares pessoalíssimos de Rogério Lenzi, que, em outra chave de leitura, age
como Vulcano, o deus ferreiro, ao construir seus poemas como leves flores de aço.

Rubens da Cunha

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