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O presente trabalho visa a contribuir com o estudo de sistemas de informações que sejam adequados aos
novos paradigmas de negócios vigentes. Num cenário econômico de incertezas e por conseqüência de
grande instabilidade, as organizações precisam habituar-se à análise de sua gestão utilizando-se de
instrumentos que muitas vezes não estão disponíveis de forma sistemática e estruturada.
As empresas inseridas no contexto da chamada nova economia percebem que a avaliação de seus
empreendimentos extrapola muitos conceitos utilizados na avaliação de negócios tradicionais.
Mas não só as empresas ditas virtuais devem desenvolver novas formas de análise e acompanhamento
de gestão. Consideramos que todas as organizações que se preocupam com sua continuidade, devem
desenvolver e manter sistemas de informações de apoio à gestão que tratem os dados, transformando-os
em informações, de forma integrada com o ambiente externo. A esse modelo de sistema de informações,
que integra a análise do ambiente interno e externo à organização, denominamos neste trabalho de
"Contabilidade Estratégica". Consideramos que a informação estimula a criação de riquezas e a
conseqüência é que um fator de competitividade de grande importância passa a ser o uso eficaz da
informação.
Segundo Kaplan (1984:118), "estamos a ponto de fazer a primeira revolução na contabilidade nas últimas
décadas". Após essa afirmação ficou salientada a preocupação da contabilidade em sua missão de
fornecedora de informações para o atingir a eficácia da empresa. Ainda que tenha avançado
consideravelmente nos últimos anos, seja como método, técnica ou ciência, a contabilidade ainda deverá
ocupar um espaço muito maior na gestão das empresas. O que verificamos é que, em todas as ocasiões
em que se discorre sobre a importância da contabilidade, esta é classificada como imprescindível para
uma gestão empresarial que busca a maximização do lucro e o conseqüente retorno sobre os
investimentos.
A discussão amplia-se quando analisamos qual o papel do contador, no âmbito da gestão da empresa,
buscando agregar valor a esta. Um sistema de contabilidade estratégica poderá auxiliar a organização,
entre outros, nos seguintes aspectos:
Para que a contabilidade possa atingir os objetivos citados é necessário que nós contadores assumamos a
função na gestão empresarial de um autêntico consultor interno (numa visão de controller), e estejamos
sempre atualizados com a melhor tecnologia de informação, pois as informações deverão ter a velocidade
das necessidades decisoriais das organizações.
Harding, Frank (Congresso Mundial de Contadores) diz que "Os profissionais contábeis têm de ser
capazes de reagir aos impactos das mudanças". Com essa afirmação e com os temas acima abordados,
verificamos a importância do papel da contabilidade de gestão ou estratégica, pois as indagações deixam
de ser individuais para tornarem-se coletivas, o uso correto da contabilidade como ferramenta completa de
gestão das empresas. Assim, a contabilidade estratégica deve preocupar-se com o futuro do mercado em
seus diversos níveis: econômico, financeiro e social e o quanto todas essas variáveis irão interferir nos
resultados das empresas.
Para que a contabilidade exerça essa função necessitamos verificar em que contexto ela está inserida no
modelo de gestão empresarial. Os dados e informações gerados, por um sistema contábil que vise apenas
o controle de resultado e do patrimônio empresarial, não têm substância como meios de informação
estratégica e, neste caso, a contabilidade perde a oportunidade de posicionar-se como elemento
integrador na gestão empresarial.
Quando os sistemas interagem com o ambiente são considerados sistemas abertos. A empresa, dada a
interação constante nos seus inputs e outputs, é um sistema aberto. Churchman (1972:49) define sistema
como sendo "um conjunto de partes coordenadas para realizar um conjunto de finalidades".
Para Gil (1995:13) sistema é "uma entidade composta de dois ou mais componentes ou subsistemas que
interagem para atingir um objetivo comum". Zorrinho (1991:36) conceitua sistema como "um conjunto
organizado, compostos de duas ou mais partes independentes, componentes ou subsistemas e delimitada
por fronteiras identificáveis em relação ao macrossistema envolvido".
Para esse autor, a empresa pode ser visualizada como um sistema aberto e dinâmico, em constante
evolução e em adaptação permanente, visando um equilíbrio dinâmico, tendo como referência os objetivos
que pretende atingir. Ambiente, segundo Oliveira (1997:25) é "o conjunto de elementos que não
pertencem ao sistema, mas qualquer alteração no sistema pode mudar ou alterar os seus elementos e
qualquer alteração, nos seus elementos, pode mudar ou alterar o sistema" .
A empresa como um sistema aberto deve buscar a melhor sinergia possível de suas divisões
organizacionais. Quando a contabilidade é posicionada e tratada pela organização como um meio
informacional estratégico surge a Contabilidade Estratégica, que leva em consideração não só a avaliação
do desempenho das áreas internas mas também reporta os aspectos do futuro e do macroambiente em
que a organização está inserida.
O enfoque sistêmico da contabilidade nada mais é do que a conclusão de que a Ciência Contábil não
poderá limitar sua atuação sobre os aspectos internos da organização. O Patrimônio, objeto da
contabilidade, recebe influência do meio externo e certamente esse meio externo deve ser visualizado e
estudado pela contabilidade.
O objetivo principal de uma informação é influenciar decisões. Deve dar o apoio necessário para que os
recursos (humanos, materiais e tecnológicos) à disposição de uma organização em determinado momento
possam ser utilizados eficientemente gerando o maior retorno possível. Informação é um tratamento
especial que se dá a um dado ou conjunto de dados à disposição do executivo. Dado, segundo Oliveira
(1997:34) é "qualquer elemento identificado em sua forma bruta que por si só não conduz a uma
compreensão de determinado fato ou situação."
A informação deve ter a capacidade de reduzir incertezas, assim como deve conter características básicas
tais como, oportunidade e utilidade. Uma determinada informação que seja útil mas que é processada e
distribuída após a ocorrência do evento dependente desta, não cumpriu sua finalidade maior que é
proporcionar a tomada de decisão. Para Oliveira (1997:35) informação é qualquer tipo de conhecimento
ou mensagem que pode ser utilizada para aperfeiçoar ou tornar possível uma decisão ou ação. Considera
o autor que as funções de planejar, organizar, dirigir e controlar operações têm seu desempenho facilitado
pelo uso da informação. E afirma que "a tomada de decisão refere-se à conversão das informações em
ação. Portanto, decisão é uma ação tomada com base na análise das informações."
Consoante Drucker (1999:81) uma nova revolução da informação está em andamento. Ela começou nas
empresas, com informações de negócios, mas seguramente irá encampar todas as instituições da
sociedade e mudará radicalmente o significado da informação tanto para organizações como para
indivíduos.
Drucker considera que a revolução da informação não se dará mais em tecnologia, máquinas ou
velocidade, mas em conceitos, pois no futuro os contadores é que farão o melhor uso da informação para
atender aos usuários da contabilidade. Até hoje, segundo o autor citado, a tecnologia da informação tem
se centrado em dados - coleta, armazenagem, transmissão, apresentação - e focalizado o "T" da
Tecnologia da Informação. As novas revoluções da informação focalizam o "I’ da informação, o que está
conduzindo a mudanças significativas no modo de gerenciamento das organizações.
O suporte à decisão é uma característica fundamental para qualquer Sistema de Informação que pretenda
ser útil à gestão empresarial. Neste caso, devemos considerar que sendo o Sistema de Informação
Contábil o maior componente do Sistema de Informação Geral, pois absorve todas as atividades que
geram valores, deve ter um tratamento especial na definição do Sistema de Informação.
A abordagem acima evidencia uma nova fase na conjuntura das organizações e que os sistemas de
informações devem contemplar, que é a abundância de informações. O elevado número de dados à
disposição do executivo faz com que a primeira preocupação deste seja com a segregação de que tipo de
informação acessará no sistema em uso.
Todo modelo de sistema de informação deve ser formatado para atender as necessidades da empresa, no
curto e no longo prazo, visando acelerar o processo de tomada de decisão e objetivando cumprir as
finalidades de planejamento e controle das organizações.
O planejamento estratégico, essencial para o direcionamento de qualquer negócio, deve ser uma
preocupação constante para as empresas que almejam manter-se competitivas, representando uma
ferramenta imprescindível na gestão dos negócios. Ao definir suas estratégias, as organizações avaliam
os prováveis cenários futuros e consideram as ameaças e oportunidades que o ambiente está
proporcionando.
Numa organização com visão estratégica, as oportunidades serão melhores e mais rapidamente
identificadas e a organização terá maior chance de neutralizar as ameaças do ambiente. A importância do
planejamento estratégico está em que, segundo Benedicto (1997:85 e 86), "estabelece metas, objetivos e
diretrizes estratégicas, determinando o que cada grupo dentro da organização vai fazer, e quais os
recursos necessários para que as metas sejam alcançadas. É o ponto inicial do sistema de gestão."
Através do planejamento tenta-se sistematicamente avaliar o comportamento da organização com vistas
ao longo prazo, buscando melhorar o futuro da empresa com ações no presente.
Na definição da estratégia avaliam-se fatores como a missão da empresa e o ambiente no qual ela está
inserida. Na análise do ambiente inclui-se a identificação dos fatores de sucesso e as variáveis ambientais
internas e externas.
Mintzberg (1999:21) afirma que "uma premissa básica para se pensar a respeito da estratégia diz respeito
à impossibilidade de separar organização e ambiente. A organização usa a estratégia para lidar com as
mudanças nos ambientes".
Vale ressaltar a afirmação de Hampton (1983:164) sobre planejamento estratégico. Afirma o autor que "a
hipótese amplamente aceita de planejamento estratégico é simples: usando um limite de tempo de vários
anos, a alta administração reavalia a sua atual estratégia, encarando as oportunidades e ameaças, no
meio ambiente, e analisando os recursos da empresa a fim de identificar os seus pontos fracos e fortes."
Além das análises tradicionais (custos, lucro, patrimônio, orçamento, etc) a contabilidade deve "estruturar
dados quantitativos e qualitativos e assessorar a gestão da empresa a obter uma visão de longo prazo em
seus negócios". Dessa análise surge uma nova qualificação para a informação, que é a informação
estratégica.
Para Kaplan (2000:44), estratégica é a informação que "orienta a tomada de decisão a longo prazo. A
informação estratégica pode conter a lucratividade dos produtos, serviços e clientes; comportamento e
desempenho dos concorrentes; preferências e tendências dos clientes; oportunidades e ameaças do
mercado e inovações tecnológicas".
CONCLUSÃO
Num cenário econômico de incertezas e de constante evolução como o que estamos vivenciando, as
organizações devem se preocupar com o acompanhamento e a avaliação de seus negócios fazendo uso
de ferramentas de gestão que sejam compatíveis com os novos tempos. A contabilidade societária ou
tradicional é um sistema de medição de variáveis patrimoniais e de resultado que obedece critérios legais
e, por esta razão, não é considerada uma forma eficaz de avaliação. Seu propósito é basicamente atender
o usuário externo. Daí a necessidade de uma padronização nos critérios contábeis.
A Contabilidade Gerencial, pelas suas características próprias, serve para apoiar o usuário interno, ou
seja, os diversos gestores organizacionais e a alta direção. Esta abordagem da contabilidade não fica
limitada ao uso de critérios padronizados de avaliação dos elementos patrimoniais e de resultado, razão
pela qual é considerada um modelo de avaliação e acompanhamento eficaz. Ou seja, cada empresa
poderá definir, segundo suas necessidades de informação, a estrutura de contabilidade gerencial que
melhor se adequa à mesma. Não obstante essas qualidades informacionais intrínsecas a esse modelo de
contabilidade, consideramos que sua abrangência limita-se ao ambiente interno das organizações.
Ocorre que devido à competitividade dos mercados e ao surgimento de novas formas de negócios, as
organizações precisam de um modelo de informações que possibilite a análise e o acompanhamento das
mudanças, no ambiente externo à empresa, favorecendo o estudo e a implementação de estratégias de
sucesso. E que complemente o sistema de informação gerencial já existente. Essa nova abordagem de
sistema de informações deve possibilitar a avaliação de cenários, bem como o acompanhamento
tempestivo dos resultados das ações executadas. Quando nos referimos a controle e avaliação, bem como
a processos de comunicação relativos a qualquer negócio, estamos estabelecendo uma relação com o
conceito de contabilidade.
Daí a necessidade das empresas terem um sistema de contabilidade de gestão implantado como fator de
competitividade, no mercado globalizado, ou seja, não apenas atender o fisco ou o usuário interno, mas
sim, considerar fatores externos como objetos de sua avaliação.
BIBLIOGRAFIA
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