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INTRODUÇÃO ..............................................................................................................................

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HISTÓRICO ................................................................................................................................... 8
Aspectos abordados: ................................................................................................................... 9
ESTRESSE E DOENÇA .............................................................................................................. 11
AS VISITAS ................................................................................................................................. 12
A UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA - UTI ........................................................................ 12
CONCEITO .............................................................................................................................. 12
OBJETIVOS ................................................................................................................................. 12
CARACTERIZAÇÃO DE SERVIÇOS DE TRATAMENTO INTENSIVO .............................. 13
É obrigatória a existência de UTI quando:................................................................................ 13
CLASSIFICAÇÃO DAS UTIs ..................................................................................................... 14
PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO ..................................................................................... 14
FILOSOFIA DO TRABALHO EM UTI ...................................................................................... 14
PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DE UMA UTI ............................................................. 15
Localização ............................................................................................................................... 15
Planta física ............................................................................................................................... 15
MATERIAIS E EQUIPAMENTOS ............................................................................................. 17
MATERIAIS E EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS PARA O FUNCIONAMENTO DA UTI 17
ORGANIZAÇÃO E ATUAÇÃO DO SERVIÇO DE ENFERMAGEM DA UTI ....................... 20
Critérios para admissão de pacientes na UTI ............................................................................ 21
OBSERVAÇÕES .......................................................................................................................... 22
CONTROLE DE QUALIDADE .................................................................................................. 23
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NOS DISTÚRBIOS RESPIRATÓRIOS ........................ 23
OXIGÊNIOTERAPIA .............................................................................................................. 23
DISPOSITIVOS PARA SUPLEMENTAÇÃO DE O2:................................................................ 24
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM .......................................................................................... 25
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM PACIENTES COM USO DE ACESSÓRIOS DE
VIAS AÉREAS ............................................................................................................................. 25
ACESSÓRIOS PARA VIAS AÉREAS ........................................................................................ 26
Cânula Orofaríngea ................................................................................................................... 26
Técnica de inserção: .................................................................................................................. 26
Cânula Endotraqueal ................................................................................................................. 26
CÂNULA DE TRAQUEOSTOMIA ............................................................................................ 27
ASPIRAÇÃO TRAQUEOBRÔNQUICA .................................................................................... 27
A Técnica de Aspiração Consiste em: ...................................................................................... 28
AVALIAÇÃO E INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM ......................................................... 28
Paciente com tubo endotraqueal: .............................................................................................. 28

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Para a extubação são necessários alguns cuidados: .................................................................. 29
Paciente com traqueostomia: .................................................................................................... 29
Paciente com cânula de Guedell: .............................................................................................. 30
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AOS PACIENTES COM VENTILAÇÃO MECÂNICA 30
INDICAÇÕES .......................................................................................................................... 30
AVALIAÇÃO E INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM ......................................................... 31
Monitorar complicações:........................................................................................................... 31
Aspiração: ................................................................................................................................. 31
Peep (pressão positiva expiratória final), CPAP (pressão positiva contínua nas vias aéreas),
BIPAP. ...................................................................................................................................... 32
Desmame ................................................................................................................................... 32
Alcalose respiratória aguda ....................................................................................................... 33
Elevação da PIC ........................................................................................................................ 33
Meteorismo ............................................................................................................................... 33
PNEUMONIA ............................................................................................................................... 33
ATELECTASIAS: INTUBAÇÃO SELETIVA, PRESENÇA DE ROLHAS NO TUBO OU NAS
VIAS AÉREAS E HIPOVENTILAÇÃO. .................................................................................... 34
BAROTRAUMA: PNEUMOTÓRAX, ENFISEMA SUBCUTÂNEO........................................ 34
HIPÓXIA ...................................................................................................................................... 34
ALARMES DO VM ..................................................................................................................... 34
HIPOTONIA MUSCULAR ESQUELÉTICA.............................................................................. 35
DISFUNÇÃO G. I/NUTRICIONAL ............................................................................................ 35
COMPLICAÇÕES RELACIONADAS AO USO DE TUBOS ENDOTRAQUEAIS OU
TRAQUEÓSTOMOS ................................................................................................................... 35
Extubação acidental .................................................................................................................. 35
Lesões de pele ou lábios/boca ................................................................................................... 35
Lesões traqueais ........................................................................................................................ 36
Obstrução das vias aéreas ......................................................................................................... 36
MONITORIZAÇÃO HEMODINÂMICA BÁSICA .................................................................... 36
INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES ................................................................................. 36
MONITORIZAÇÃO CARDÍACA CONTÍNUA ......................................................................... 36
TIPOS DE MONITORIZAÇÃO: SISTEMA DE TRÊS ELETRODOS ...................................... 36
EQUIPAMENTOS DE MONITORAÇÃO .................................................................................. 38
AJUSTE DO MONITOR: ............................................................................................................. 38
TÉCNICA DE MONITORIZAÇÃO CARDÍACA: ..................................................................... 38
Problemas com a Monitorização Cardíaca e Intervenções de Enfermagem. ............................ 39
IMPORTANTE: ............................................................................................................................ 40
DERIVAÇÕES DO ECG: ............................................................................................................ 41

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OXIMETRIA DE PULSO ............................................................................................................ 42
Limitações do Oxímetro de pulso ............................................................................................. 43
Complicações e aplicação clínica ............................................................................................. 43
PRESSÃO ARTERIAL ................................................................................................................ 43
MÉTODO DE AFERIÇÃO NÃO INVASIVO AUTOMATIZADO. .......................................... 44
Vantagens .................................................................................................................................. 44
Desvantagens ............................................................................................................................ 44
Método de aferição invasivo ..................................................................................................... 44
Indicações e Contraindicações .................................................................................................. 44
Indicações.................................................................................................................................. 44
Contraindicações ....................................................................................................................... 44
Vantagens .................................................................................................................................. 44
Desvantagens ............................................................................................................................ 45
Complicações ............................................................................................................................ 45
PRESSÃO VENOSA CENTRAL ................................................................................................ 45
LIMITAÇÕES E COMPLICAÇÕES ........................................................................................... 45
Limitações ................................................................................................................................. 45
TRATAMENTO DO AUMENTO DA PIC ................................................................................. 47
Intervenções de Enfermagem .................................................................................................... 48
CATETER DE BULBO JUGULAR............................................................................................. 48
Indicações e contraindicações ................................................................................................... 48
NOÇÕES DE POSICIONAMENTO E MANEJO DE PACIENTES NEUROLÓGICOS EM UTI
....................................................................................................................................................... 49
Introdução e Conceitos Básicos ................................................................................................ 49
Posicionamentos preventivos devem ser adotados em pacientes: ............................................ 50
Posicionamento do Paciente...................................................................................................... 50
Decúbito Dorsal ........................................................................................................................ 50
Decúbito Lateral ........................................................................................................................ 51
Sentado na Cadeira.................................................................................................................... 51
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DO CHOQUE ................................................................... 52
Conceito .................................................................................................................................... 52
Tipos: ........................................................................................................................................ 52
Princípios de tratamento: .......................................................................................................... 52
Agentes vasopressores e inotrópicos......................................................................................... 53
SUPORTE NEUROLÓGICO ....................................................................................................... 53
DIAGNÓSTICOS E CONSIDERAÇÕES ESPECÍFICAS .......................................................... 54
A. Trauma craniano: ................................................................................................................. 54

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B. Hemorragia intracerebral espontânea (não relacionada ao trauma ou derrame): ................. 55
C. Derrame: o “derrame” cerebral isquêmico (não hemorrágico) geralmente ocorre devido à
obstrução tromboembólica de vasos nutrientes. O tratamento de suporte inclui: ..................... 55
D. Emergências metabólicas / infecciosas/convulsões ............................................................. 55
E. Hemorragia subaracnóidea: .................................................................................................. 55
ISQUEMIA MIOCÁRDICA E INFARTO................................................................................... 55
Angina Instável ......................................................................................................................... 55
Infarto do Miocárdio ................................................................................................................. 56
Diagnóstico ............................................................................................................................... 56
Manuseio geral .......................................................................................................................... 57
MANUSEIO DOS GRAVES DISTÚRBIOS ELETROLÍTICOS E METABÓLICOS .............. 58
Distúrbios Eletrolíticos ............................................................................................................. 58
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NOS DISTÚRBIOS NUTRICIONAIS ........................... 61
NUTRIÇÃO ENTERAL ............................................................................................................... 61
Acesso Enteral........................................................................................................................... 61
Acessos mais frequentes: .......................................................................................................... 61
Técnica de sondagem gástrica ou enteral .................................................................................. 62
Métodos de administração de alimentação por sonda ............................................................... 63
Monitorização geral de enfermagem......................................................................................... 63
NUTRIÇÃO PARENTERAL ....................................................................................................... 65
Cuidados de enfermagem .......................................................................................................... 65
A ESSÊNCIA DO SUPORTE AVANÇADO DE VIDA EM CARDIOLOGIA (SAVC) ........... 65
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 66
Conceitos básicos do SAVC ..................................................................................................... 66
PARADA CÁRDIO-RESPIRATÓRIA ........................................................................................ 66
Epidemiologia: causas de PCR e predisposições ...................................................................... 66
Modalidades de parada cardíaca ............................................................................................... 67
RESSUSCITAÇÃO CARDIORRESPIRATÓRIA AVANÇADA - SOCORRO
ESPECIALIZADO: SUPORTE AVANÇADO DE VIDA .......................................................... 69
Definição ................................................................................................................................... 69
CAB PRIMÁRIO E SECUNDÁRIO ............................................................................................ 69
Primário ..................................................................................................................................... 69
Secundário ................................................................................................................................. 70
Importância da desfibrilação precoce ....................................................................................... 70
DESFIBRILADORES .................................................................................................................. 70
Logo que o desfibrilador esteja disponível, deve ser utilizado (quadros II e III). .................... 71
Técnicas de ventilação .............................................................................................................. 72
Técnicas alternativas para circulação: novas técnicas .............................................................. 73
5
Técnicas invasivas de RCR ....................................................................................................... 74
Uso de medicamentos na RCR.................................................................................................. 76
Reanimação cerebral ................................................................................................................. 77
Redução das demandas metabólicas ......................................................................................... 77
HUMANIZAÇÃO NA UTI .......................................................................................................... 78
A EQUIPE..................................................................................................................................... 79
Medo da morte .......................................................................................................................... 81
UTI NEONATAL ......................................................................................................................... 82
HISTÓRICO ................................................................................................................................. 82
INSTALAÇÃO ............................................................................................................................. 83
A UTIN pode ser dividida nas seguintes áreas: ........................................................................ 84
A UTIN deve contar ainda, para o seu funcionamento, com: ................................................... 85
Serviço de Apoio:...................................................................................................................... 85
RECURSOS HUMANOS ............................................................................................................. 86
EQUIPE MÉDICA ........................................................................................................................ 86
EQUIPE DE ENFERMAGEM ..................................................................................................... 86
CUIDADOS INTERMEDIÁRIOS ............................................................................................... 86
CUIDADOS ESPECIAIS ............................................................................................................. 86
OUTROS PROFISSIONAIS DA EQUIPE DA UNIDADE NEONATAL ................................. 86
INDICAÇÃO PARA A UTIN ...................................................................................................... 87
RECURSOS MATERIAIS ........................................................................................................... 88
SALA DE ADMISSÃO ................................................................................................................ 88
Deverá ter: ................................................................................................................................. 88
SALA DE OBSERVAÇÃO .......................................................................................................... 88
SALA DE CUIDADOS INTERMEDIÁRIOS ............................................................................. 88
SALA DE CUIDADOS ESPECIAIS (UTI E SEMI - INTENSIVO) .......................................... 89
Deverá ter: ................................................................................................................................. 89
ISOLAMENTO ............................................................................................................................. 90
CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR EM UTI NEONATAL....................................... 90
ENFERMAGEM NA UTI NEONATAL ..................................................................................... 90
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................... 92

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INTRODUÇÃO

A autora Ide (1989), no texto: ”Prática de Enfermagem em UTI e Contexto de


Saúde”, aborda a inserção da UTI no Sistema Nacional de Saúde, explicitando as
contradições na sua prática e algumas formas de mudança.
O texto enfatiza a criação da UTI, a primeira surgiu na década de 60 nos EUA, e
tinha como prioridade à assistência coronariana. No Brasil as mesmas só foram criadas
em 1970, e tinha a mesma finalidade de oferecer uma assistência vinculada a
tecnologia.
Sobre a assistência da Enfermagem na UTI, faz análise da situação da mesma e dos
enfermeiros nas UTIS.
A presença ou risco iminente, de comprometimento de função vital, em doentes
recuperáveis, requer tratamento especializado, caracterizando o paciente grave “crítico”
e a especialidade “Medicina Intensiva” (Amaral, 2000).

HISTÓRICO

Nightingale, durante a Guerra da Criméia foi a primeira a classificar os doentes de


acordo com o grau de gravidade, sendo que os mais graves ficassem o mais próximo
das áreas de trabalho dos enfermeiros para maior vigilância e melhor atendimento.
Com o avanço das cirurgias e a necessidade de se prestar maiores cuidados ao
paciente nos P.O.I., levou o desenvolvimento de Unidades Especiais de Terapia
Intensiva.
Assim temos:
1920 – Criação de salas de recuperação para assistência à pacientes de
neurocirurgia, no Hospital John Hopkins.
1940 – Surgiram várias salas de recuperação nos Estados Unidos.
1950 – Em virtude da epidemia de poliomielite surgiram os primeiros
equipamentos de assistência ventilatória.
1950 – Em Los Angeles surgiu a primeira unidade de choque com a introdução da
monitorização cardiovascular invasiva.
1962 - Primeira Unidade Coronariana em Kansas City-EUA.
1970 – Surgimento das primeiras Unidades de Terapia Intensiva no Brasil.

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Aspectos abordados:

 Estratificação do trabalho: quem presta a assistência na UTI? Conforme o


Conselho Federal de Enfermagem há o predomínio de técnicos, auxiliares e
atendentes sobre o número de Enfermeiros, e conforme dita o texto e a prática
são esses que prestam a assistência ao paciente, supervisionada pelo Enfermeiro.
Em alguns serviços, não existe o Enfermeiro, e tudo é realizado sem a supervisão
e orientação desse. Sabe-se que o paciente de UTI precisa receber uma
assistência complexa e intensiva e nem sempre recebe;
 Qualidade da assistência: Alguns estudos detectam a insatisfação da clientela,
haja vista que a maioria das pessoas não quer ser tratada nesse serviço, devido
ao atendimento impessoal e pouco humanizado, voltado mais para a tecnologia.
O paciente deixa de ser visto como ser humano e passa a ser visto apenas como
um caso, que exige monitorização, e condutas técnicas corretas. E o ser
individual, dotado de costumes, pudor, família? Na maioria dos serviços ainda
acontece tudo isso, o paciente é visto como doença e é esquecido. Parece que
com a tecnologia as pessoas esqueceram de ser gentis, orientar o paciente, dar
conforto, atenção, apenas se olha o monitor e os alarmes. A sua roupa é
arrancada, ele é contido, introduzem tubos e sondas, acabou a privacidade, as
luzes permanecem sempre acesas, nunca se sabe se é dia ou noite. Se começa a
reclamar demais é porque está confuso ou agitado, as perguntas nem sempre
são sanadas. E a família é afastada, existe horário de informações e visitas;
 Perspectivas para a prática da assistência: O principal é a conscientização, que
todos os engajados, tenham compromisso de prestar uma assistência
individualizada, que a tecnologia é necessária, mais sozinha é pouco essencial,
que não substitui o contato e a presença do profissional junto com o paciente, e
o quanto é importante à validade do relacionamento, o respeito. E fundamental
o engajamento dos profissionais com o conhecimento técnico e científico, esse
deve ser entendido como necessário, porém não suficiente. Conscientizar que
essa luta é importante, quando todos trabalham em equipe, e dessa forma
reformular o cuidado intensivo ao ser gravemente enfermo.

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SILVA, M.J.P (2000), discute sobre alguns aspectos fundamentais:
 Repensar a humanização: Definida como a capacidade de ser frágil, poder
chorar, sentir o outro, ser vulnerável e ao mesmo tempo ter vigor, lutar, resistir,
poder traçar caminhos. Ter uma consciência humanística parece estar
relacionado com a empatia, fazer com outro aquilo que gostaríamos que
fizessem conosco. O ser humano não significa algo pronto, nem perfeito, é
buscar o outro na sua essência. Não adianta só ser bondoso, compreensivo,
justo, mas também alguém capaz de chorar, reconhecer erros, recomeçar,
tentar de novo;
 Ser ético: A tecnologia está sempre presente na UTI, e os profissionais precisam
se aperfeiçoar para acompanhar as mudanças, mas não basta tudo isso, se
faltar o respeito ao paciente, o nosso papel é cuidar... A máquina jamais
substituirá a essência humana;
 Conhecer a si próprio: Só é possível humanizar, humanizando a si próprio.
Aprender a ser mais inteiro, íntegro consigo mesmo. Ser autêntico, ou seja,
reconhecer a experiência e a expectativa interna e ter coerência entre suas
crenças e comportamentos. Nossas crenças são transmitidas aos nossos
pacientes, pois há uma harmonia entre nosso comportamento, pensamentos e
sentimentos. O encontro com o paciente nunca é neutro, devemos reconhecer
que a nossa presença é tão importante quanto ao procedimento técnico;
 Saber ouvir e falar: Saber ouvir o outro é fundamental, falar com um tom de voz
agradável é imprescindível. O BOM CLÍNICO É AQUELE QUE SABE OUVIR E RESPEITAR
O DISCURSO DO PACIENTE;
 Respeitar o outro;
 Saber dizer não sem culpa;
 Coleguismo: O desenvolvimento de coleguismo ou boas relações precisa ser
criado, no dia a dia;
 Saber julgar: A maneira como nos julgamos é a maneira como julgamos o
outro;

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 Não reprimir os sentimentos; A frieza não livra ninguém do sofrimento. Alguns
enfermeiros pensam que não é permitido sentir raiva, medo, tristeza ou amor
quando estão trabalhando;
 O Familiar na UTI: Não é suficiente apenas deixar a família entrar na UTI, é
necessário dar apoio, orientar, respeitar, compreender suas emoções;
 Trabalhar numa UTI é humanizá-la...”Amor sem conhecimento é cego,
conhecimento sem amor é inútil...”.

ESTRESSE E DOENÇA

A internação na unidade de cuidados intensivos indica uma ameaça á vida e ao


bem-estar de todos que são admitidos. Por um lado, os profissionais envolvidos na
terapia intensiva percebem a unidade como um local onde vidas frágeis são
vigilantemente observadas, cuidadas e preservadas. Por outro lado, os pacientes e suas
famílias frequentemente percebem a internação na unidade como um sinal de morte
iminente devido as suas próprias experiências prévias ou a de outros.
Os pacientes podem apresentar comportamentos de adaptação como negação,
raiva, passividade ou agressão.
O tipo de trabalho desenvolvido em UTI condiciona o aparecimento de estresse
emocional, não só no doente ou familiar, mas na equipe que trabalha com ele. As
atividades geralmente se desenvolvem num ambiente de tensão e expectativa. A
condição geral do paciente gera um constante esperar por situações de emergência,
onde as atitudes devem ser certas, inequívocas e precisas.
Todos os pacientes são críticos e muito deles inconscientes, confusos ou
incapazes de se comunicarem. A alta rotatividade dos pacientes e o constante contato
com a morte causam frequentemente sentimentos de aproximação e separação que
não são facilmente suportados pela equipe.
A sucessão de emergências, as frequentes quedas no estado geral dos pacientes,
a falta de comunicação paciente/equipe e o retorno do paciente ao quarto tão logo ele
melhore, torna o ambiente da UTI um tanto impessoal. Em consequência disto, há
sempre a proximidade de uma aproximação técnica e, consequentemente confusão
entre os membros da equipe. Torna-se necessário um aprendizado constante e uma
atualização periódica entre os membros da equipe.

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AS VISITAS

A princípio as visitas devem ser limitadas, para não prejudicar a atuação da


equipe que atua na unidade. Elas devem ser estabelecidas de acordo com as condições
e as necessidades de cada paciente. Não devem ser recusados os visitantes, mas se
estabelecerão critérios para que não haja interferência no tratamento do paciente.
Na maioria dos casos, as visitas podem ser limitadas a um período de 5 a 10
minutos, a cada 2 horas. Em unidades dotadas de visores individuais, o critério de visitas
pode ser modificado, estabelecendo-se um período maior de permanência de visitantes,
2 a 3 vezes ao dia. Os visores permaneceriam abertos por mais tempo, e os familiares
poderiam acompanhar mais de perto seus pacientes.
Recomenda-se que haja na unidade um impresso de orientação aos familiares e
amigos, que deve ser utilizado pelo profissional responsável pela recepção dos visitantes
como norteador das informações a serem oferecidas. As informações deverão ser
simples e objetivas, explicando, de forma geral, o que é uma UTI, quem presta
assistência ao paciente durante sua permanência, quando e como visitar o paciente e a
quem se dirigir para solicitar as informações desejadas.

A UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA - UTI

CONCEITO
UTIs ou CTIs são áreas geograficamente definidas e integradas ao hospital,
dotadas de recursos humanos e técnicos especializados, organizados para a assistência
a pacientes graves, agudos ou recuperáveis, capaz de proporcionar observação e
tratamento intensivo não facilmente disponível em enfermaria.

OBJETIVOS

- Manter a qualidade de atendimento através de:


 Direito a sobrevivência, assim como a garantia da manutenção de estabilidade de
seus parâmetros vitais;
 Direito a assistência humanizada;
 Exposição mínima a riscos decorrentes dos métodos terapêuticos ou do próprio
tratamento em relação aos benefícios obtidos;
 Monitoramento permanente da evolução do tratamento assim como efeitos
adversos.

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- Dar apoio aos serviços de Urgência e centro Cirúrgico;

- Minimizar riscos legais.

CARACTERIZAÇÃO DE SERVIÇOS DE TRATAMENTO INTENSIVO

a) Unidade de Tratamento Intensivo: Constitui de um conjunto de Elementos


funcionalmente agrupados, destinado ao atendimento de pacientes graves
ou de risco que exijam assistência médica ou de enfermagem ininterruptas,
além de equipamentos e recursos humanos especializados.
Dividem-se de acordo com a faixa etária dos pacientes que atendem:
 Neonatal: atende pacientes com idade de 0 a 28 dias.
 Pediátrico: atende pacientes de 29 dias a 18 anos incompletos.
 Adulto: destinado ao atendimento de pacientes com idade acima de 14
anos.

OBS: Pacientes na faixa etária de 14-18 anos incompletos podem ser atendidos
na UTI adulto ou pediátrico de acordo com a rotina de cada serviço.

É obrigatória a existência de UTI quando:


 Hospital secundário ou terciário com 100 leitos ou mais;
 Hospital materno infantil que atenda gravidez/parto de risco deve possuir
UTI neonatal.
b) Unidade Semi-Intensiva: constitui de conjunto de elementos, destinado ao
atendimento de pacientes, preferencialmente oriundos da UTI, que requeiram
maiores cuidados de enfermagem e acompanhamento médico, sendo este
último não necessariamente contínuo. Só podem existir onde exista também
uma UTI.

c) Serviço de Tratamento Intensivo Móvel: Conjunto de elementos agrupados e


uma frota móvel de veículos destinados a dar suporte avançado de vida
durante o transporte de pacientes graves ou de risco, no atendimento de
emergência pré-hospitalar e no transporte inter-hospitalar.

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CLASSIFICAÇÃO DAS UTIs

 Categoria A – grau de complexidade menor, com requisitos mínimos de


funcionamento;
 Categoria B – de complexidade intermediária que atendam às necessidades
de hospitais secundários;
 Categoria C – de alta complexidade.

PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO

A criação das UTIs veio responder a necessidade de prestar melhor assistência ao


paciente grave, concentrando recursos humanos e materiais, capazes de possibilitar
racionalização, rapidez e eficiência no trabalho. A história das UTIs remonta a 1930, mas
só na década de 70 foram desenvolvidas como unidades especiais para o tratamento de
casos de politraumatismos e queimaduras extensas.
Alguns quesitos são essenciais para o cuidado intensivo:
 Enfermagem permanente, com treinamento específico completo e
desenvolvendo um serviço contínuo;
 Pronta avaliação médica e complementação científica;
 Padronização técnica de investigação e tratamento;
 Definição de áreas e facilidades (estabelecer que tipos de pacientes serão
atendidos, e definir áreas específicas dentro da UTI para alojar cada tipo de
paciente, de acordo com sua condição).
 Atitudes constantemente renovadas para o cuidado intensivo.

FILOSOFIA DO TRABALHO EM UTI

A UTI não é apenas um serviço com equipamento especial; ela implica uma
atitude particular da equipe que ali trabalha.

Em qualquer situação, o paciente é o objetivo da unidade. A observação e


manutenção das funções básicas de vida desse paciente são as finalidades da unidade,
atingidas através de um atendimento em tempo hábil. A esse atendimento unem-se o
ensino e a pesquisa, aliados a uma boa qualidade de assistência médica e de
Enfermagem.

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PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DE UMA UTI

Para o planejamento e organização de uma UTI, é recomendável a


participação efetiva e conjunta de uma equipe multiprofissional composta de
médicos, enfermeiros, nutricionistas, engenheiros, arquitetos e administradores
hospitalares.

Localização
Deve estar bem afastada das áreas de intensa circulação, tendo fácil acesso aos
elevadores e serviços auxiliares de radiologia e laboratório, pronto-socorro e centro
cirúrgico e de recuperação pós-anestésica.

Planta física
 Todos os leitos devem ser vistos da mesa central de controle;
 A área para cada leito deve permitir ampla circulação e fácil manuseio da
aparelhagem;
 Os leitos devem ficar tanto quanto possível isolado uns dos outros;
 Deve haver amplas aberturas de vidro ou janelas isolantes para o exterior;
todos os leitos devem ter 3 tomadas elétricas para aparelhagem, e que
permitam ligar aparelhos de 110 e 220 W, e a rede elétrica da unidade deve
estar ligada a um gerador de emergência do hospital;
 Todos os cabos elétricos devem ser rigorosamente isolados e com terra
especial;
 Recomenda-se a existência de pelo menos um sanitário destinado aos
pacientes;
 Deve haver um vestiário masculino e um feminino, dotado de instalações
sanitárias completas para o uso dos funcionários;
 Cada leito deve possuir uma pia para lavagem das mãos (uma pia para cada
dois leitos) do tipo comandado sem o uso das mãos. Se isso for impossível
recomenda-se uma pia única, de comando semelhante, em local de fácil
acesso para todos os leitos;
 Área: A OPS, em sua publicação científica Nº. 264/73 fixa um mínimo de 150
m2 como área necessária para instalar uma UTI com 6 leitos. Deduz-se um
índice de 25m2/leito. A legislação federal, através de suas normas de

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Construção e Instalação do Hospital Geral, estabelece os seguintes limites
mínimos para leitos de UTI:
 7 m2, em recinto aberto, separado apenas por cortinas retráteis e com
afastamento mínimo de 2m entre os leitos;
 10 m2, em quartos separados, com afastamento mínimo de 1,20 m de cada
lado aos pés do leito;
 Forma da Unidade: Há muitas formas de unidade, a disposição dos leitos em
área comum (aberta), separados por divisórias, é a melhor, pois permite uma
visão global, facilitando a observação contínua dos pacientes; Existe também a
disposição em quartos separados (unidade fechada) esse tipo de unidade
consome mais recursos para a sua construção, mas tem muitas vantagens:
como isolamento dos pacientes infectados, redução do nível de ruídos,
diminuição do risco de infecção cruzada, isolamento do paciente agitado e
maior privacidade para o paciente e sua família;
 Iluminação: recomenda-se usar tanto quanto possível, a iluminação natural,
através de instalação de amplas janelas, além dessa deve haver uma fonte
luminosa geral e cada leito deverá contar com uma fonte de luz direcional;
 Temperatura e umidade: Deverão ser mantidas, evitando mudanças bruscas
sem recirculação de ar. Recomenda-se uma umidade relativa do ar entre 50 e
60%, e uma temperatura média de 22 a 24 graus Celsius;
 Pisos, paredes, portas e elevadores: O piso deverá ser de material que permita o
menor número possível de junções, liso, antiderrapante, não absorvente e
lavável. As paredes deverão ser revestidas de material liso, não absorvente, e
em cor suave e repousante. As portas e elevadores devem ser amplos, a fim de
possibilitar a passagem de macas, camas e aparelhos para a locomoção de
pacientes;
 Central de Oxigênio, Vácuo e Ar comprimido: Recomenda-se a instalação do
tipo central, com terminais individuais em cada leito. O abastecimento deve ser
fora da unidade, diminuindo o número de pessoas circulantes dentro desta,
mas deve haver uma central de alarme na unidade, que permita denunciar
problemas no abastecimento;
 Número de leitos: Segundo a Norma, deve ser o máximo de 12 leitos/unidade;
 Elementos da unidade:

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 Área de tratamento: Destinada especificamente ao tratamento de pacientes;
 Áreas de Controle e de Serviço: Representadas pelo posto de enfermagem,
central de monitores e áreas para preparo de medicamentos e material.
 Área de Apoio da Unidade: Compreendem as áreas para reserva de
medicamentos, de material esterilizado, de roupa limpa, de material contaminado
(expurgo) de roupa suja, de guarda de material e equipamentos especializados,
de guarda de material de limpeza, laboratório, raios x, áreas para visitantes e
secretaria da unidade;
 Áreas de Conforto médico e de Enfermagem: Incluem as áreas para descanso do
pessoal da unidade, contando com leitos para plantonistas, copa, vestiários com
instalações sanitárias completas e sala de reuniões;
 Área de circulação e acessos: Na UTI há quatro tipos de circulação a considerar:
de pacientes, de funcionários, de visitantes e abastecimento.
 Equipamentos e materiais necessários: O material deve ser de fácil
operacionalidade, eficiente e de utilidade comprovada, deve ter assistência
técnica contínua e eficaz, e que ofereça segurança na assistência ao paciente;
 A unidade do paciente: Deve ser provida de cama com estrado sem molas, sem
cabeceira, com suporte para soro, colchão de espuma revestido de material
lavável, aparelho de PA, lixeira, suporte para frascos coletores, monitor cardíaco,
terminal de O2, vácuo, ar comprimido, fonte artificial de luz direcional, bombas
de infusão e respirador.

MATERIAIS E EQUIPAMENTOS

Com relação aos materiais e equipamentos necessários para o pleno


funcionamento da unidade, além da cama de Fowler e demais móveis para cada leito,
destacam-se a seguir outros materiais e sua quantidade.

MATERIAIS E EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS PARA O FUNCIONAMENTO DA UTI

TIPO DE MATERIAL / EQUIPAMENTO QUANTIDADE


Carro de emergência com monitor / desfibrilador
sincronizado e material para entubação endotraqueal
Negatoscópio

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Aspirador portátil
Glicosímetro ou Hemoglucoteste Uma unidade do material /
Ventilômetro / Vacuômetro equipamento para cada UTI
Marca-passo provisório (eletrodo e gerador) neonatal, pediátrica e adulta
Geladeira para conservação de medicamentos
Recipiente para aquecimento (banho-maria)
Materiais para oxigenoterapia, com diferentes
concentrações
Maca de transporte com grades laterais e suporte para
soluções parenterais

TIPO DE MATERIAL / EQUIPAMENTO QUANTIDADE


 Bandejas equipadas para:
 Curativos Uma unidade do material / equipamento
 Pequenas cirurgias disponível para cada UTI neonatal,
 Diálise peritoneal pediátrica e adulta ou para todo o centro
 Drenagem torácica de tratamento intensivo
 Flebotomia
 Biópsias
 Urodensímetro
 Hemogasômetro
 Cilindro de oxigênio com
capacidade mínima de 115 pés Uma unidade do material / equipamento
cúbicos (3,0 a 3,2 m3), provido de disponível para cada UTI neonatal,
válvulas de segurança e pediátrica e adulta ou para todo o centro
manômetro, devidamente de tratamento intensivo
acondicionados
 Ar comprimido
 Eletrocardiógrafo portátil
 Aparelho de radiografia móvel
 Oftalmoscópio

Uma unidade do material / equipamento

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 Respirador com blender para cada leito, berço ou incubadora de
UTI adulta ou pediátrica
 Monitor de beira de leito com
visoscópio
 Adaptador para monitor
(cardioscópio e oximetria de pulso)
 Máscara de oxigênio de diferentes Uma unidade do material / equipamento
tamanhos para cada leito, berço ou incubadora de
 Termômetro UTI adulta, pediátrica ou neonatal
 Tensiômetro
 Estetoscópio
 Ressuscitador manual (Ambú)
 Bomba de infusão
 Suporte para frascos de drenagem
 Balança Uma unidade do material / equipamento
 Capacete para oxigenoterapia / para cada leito, berço ou incubadora de
Oxitenda UTI pediátrica ou neonatal
 Kit de CPAP nasal com umidificador Uma unidade do material / equipamento
aquecido para cada dois leitos, berços ou
incubadoras de UTI pediátrica
 Aparelho de fototerapia Uma unidade do material / equipamento
para cada três incubadoras de UTI
neonatal

A UTI tem um responsável técnico para cada área, isto é, cada profissional
controla sua área de conhecimento. Um médico coordena a área médica e um
enfermeiro controla a enfermagem.
No entanto, é a enfermagem que tem gerenciado todas as atividades que
envolvem a coordenação, o controle, o acompanhamento, a avaliação e a intervenção
para que tudo funcione no momento certo. Esse profissional providencia material e
equipe para que tudo aconteça de forma sincronizada.
Apesar disso, a equipe de enfermagem tem um conhecimento específico além
daquele que a tecnologia lhe obriga a ter; por isso ela tem grande responsabilidade
antes, durante e depois de uma situação instalada. A intensidade de sua intervenção

19
pode diminuir em alguns momentos, por exemplo, durante a entubação de um cliente
em parada cardiorrespiratória, no entanto, se ela se ausentar, pode atrapalhar todo o
resto da equipe.

ORGANIZAÇÃO E ATUAÇÃO DO SERVIÇO DE ENFERMAGEM DA UTI

Um Serviço de Enfermagem eficiente torna-se essencial para o


desenvolvimento das atividades que proporcionam a concretização dos objetivos da
UTI.

O Enfermeiro é o profissional que planeja a assistência completa, contando com


a colaboração dos outros profissionais da equipe de Enfermagem, que trabalham em
torno de um objetivo comum, a recuperação do paciente criticamente enfermo.

 Dotação de pessoal: A OMS, estipula um padrão a respeito da quantidade de


pessoal: um enfermeiro para até cada 4 leitos recomenda-se também que 02
técnicos de enfermagem para cada 3 leitos/turno, os auxiliares de enfermagem
devem ser utilizados quando não dispusermos de técnicos;
 Planejamento do pessoal e suas atribuições:
 Ao Enfermeiro-chefe cabe a administração da unidade. É de sua
responsabilidade a coordenação geral, o entrosamento com outras áreas, a
supervisão e o controle, o recrutamento de pessoal, o planejamento, a
coordenação dos programas de educação em serviço e o planejamento e direção
do programa de cuidados de Enfermagem. Cabe ainda a elaboração e
participação em pesquisas de enfermagem, participação nas pesquisas de outros
profissionais, e o acompanhamento das visitas médicas, controle da qualidade/
funcionamento do equipamento da unidade, avaliação do desempenho da
equipe de enfermagem e distribuição quanti-qualitativa dos membros da equipe
de enfermagem no serviço.
 Secretário de enfermagem: controle de estoque, encaminhamentos de altas e
transferências, pedidos de almoxarifado e farmácia, reposição do material no
posto de enfermagem, organização dos prontuários, atendimento ao telefone,
serviços de datilografia.
 Técnicos e auxiliares de enfermagem: Bem treinados e motivados contribuem
significativamente para a manutenção de um bom padrão de atendimento.

20
Quanto ao potencial humano, cada unidade deverá dispor de:
 Um responsável técnico, com título de especialista em medicina intensiva,
específico para ter a UTI sob sua responsabilidade;
 Um enfermeiro-chefe exclusivo da unidade, responsável pela área de
enfermagem;
 Um médico diarista e um plantonista para cada dez leitos ou fração, especialista
em medicina intensiva, responsável pelo acompanhamento diário da evolução
clínica dos clientes internados na UTI, ou na semi-intensiva, quando existente;
 Um fisioterapeuta;
 Um psicólogo
 Um auxiliar de serviços diverso / secretária;
 Um auxiliar ou técnico de enfermagem para cada dois leitos.

Critérios para admissão de pacientes na UTI


A admissão pode ser realizada por duas vias:

 Direta: Quando o paciente vem de sua residência ou de um outro hospital;


 Transferência interna: Quando o paciente vem de outra unidade do hospital.
Os doentes cujas internações na UTI são desejáveis incluem duas categorias:

 Doente grave: aquele que apresenta um comprometimento importante de suas


funções vitais: alterações hemodinâmicas, respiratórias, renais, neurológicas ou
metabólicas de tal intensidade que podem levar a morte;
 Doente de alto risco: é o paciente que embora se encontre bem no momento,
pode apresentar subitamente alterações graves de suas funções vitais em face da
natureza complexa do seu problema básico. É o doente “potencialmente grave”.

Na UTI, pelo menos dois leitos devem ser mantidos prontos para receber
pacientes. Deve-se deixar preparado (testado e pronto para uso) um aparelho para
assistência ventilatória. O leito deve estar pronto (cama de operado), e a unidade deve
dispor de monitor cardíaco e cabo (ligado e pronto para o uso), sistema de aspiração
montado e testado, monitor cardíaco testado, eletrodos para monitorização cardíaca
contínua, fluxômetro de oxigênio, cateter nasal, sondas para aspiração traqueal de
calibres variados, Esfigmomanômetro e estetoscópio, 2 frascos de drenagem,

21
termômetro, extensões de látex para sondas, pacotes de gazes e compressas, luvas,
máscaras, recipiente para lixo protegidos com saco plástico.

OBSERVAÇÕES

Toda unidade deve estabelecer um manual de rotinas de procedimentos,


assinado pelo responsável técnico (RT) e pela chefia de enfermagem, elaborado em
conjunto com os setores afins do hospital (Comissão de Controle de Infecção Hospitalar
– CCIH), farmácia, serviço de manutenção, entre outros, e que contemplem no mínimo,
os seguintes tópicos:
 Procedimentos médicos;
 Procedimentos de enfermagem;
 Processamento de artigos e superfícies;
 Controle de manutenção dos equipamentos;
 Procedimentos de biossegurança;
 Transporte inter-hospitalar.

Toda a unidade deve dispor também de medicamentos essenciais para suas


necessidades, conservados em condições adequadas de segurança, organização, fácil
acesso e controle de prazo de validade, constando, no mínimo, de:

 Anticonvulsivantes;

 Drogas inotrópicas positivas e vasoativas;

 Analgésicos opioides e não opioides;

 Sedativos;

 Bloqueadores neuromusculares.

Além de medicamentos com as seguintes indicações:


 Eficazes na reanimação cardíaca e arritmias;
 Eficazes na anafilaxia;
 Para controle de vias aéreas;
 Para controle de psicose aguda.

22
É de responsabilidade do enfermeiro o devido acondicionamento e controle dos
medicamentos controlados por lei, tais como psicotrópicos.

CONTROLE DE QUALIDADE

O controle de qualidade dos serviços prestados na UTI deve ser também uma
preocupação. Para tanto, compete a cada serviço de tratamento intensivo prover os
meios necessários para monitoramento e prevenção dos riscos de natureza química,
física e microbiológica inerentes ao tratamento, assim como o registro de dados de
relevância para controle de qualidade do serviço, devendo este dispor de um relatório
mensal dos seguintes indicadores, calculados especificamente para cada UTI:
 Taxa de procedimentos para ventilação mecânica, traqueostomia, métodos
dialíticos, nutrição parenteral, monitoração hemodinâmica invasiva, pressão
intracraniana e acesso venoso profundo;
 Taxa de mortalidade geral;
 Taxa de mortalidade institucional;
 Média de permanência;
 Índice de intervalo de substituição;
 Média de cliente por dia;
 Taxa de complicações ou intercorrências;
 Taxa de infecção hospitalar.

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NOS DISTÚRBIOS RESPIRATÓRIOS

OXIGÊNIOTERAPIA

Indicações e finalidades
A maioria dos pacientes com Irpa requer suplementação de oxigênio. A passagem
do oxigênio do gás alveolar para o sangue ocorre por difusão. Esta passagem de
oxigênio através da membrana alvéolo-capilar é determinada pelo gradiente de pressão
parcial de O2 entre a PAO2 e a PO2 do sangue do capilar pulmonar. Em alguns casos de
Irpa, a PAO2 pode ser aumentada com o uso de oxigênio suplementar, aumentando o
gradiente através da membrana e melhorando a PAO2.

23
DISPOSITIVOS PARA SUPLEMENTAÇÃO DE O2:

 Cateter nasal: É um sistema de baixo fluxo, que não fornece oxigênio suficiente
para suprir um volume inspiratório completo. O oxigênio oferecido é de
100%,mas o fluxo irá variar de 0.5 a 5.01/min. Pode ser usado o cateter
nasofaríngeo (sonda de nelaton) ou cateter nasal. É confortável e bem tolerado
por muitos pacientes em Irpa, nos quais o controle da FIO2 não é necessário. É
um dispositivo de baixo fluxo e baixa concentração de O2.

 Máscara facial de Venturi: Oferece oxigênio a 100% através de um dispositivo de


mistura (ar-Oxigênio) que aumentando a velocidade de oxigênio, causa a
aspiração controlada de ar ambiente. A FIO2 pode ser bem controlada de 0.24a
0.5(24-50%) durante alto fluxo, pela troca de diferentes dispositivos e pelo ajuste
do fluxo de O2. Úteis em pacientes com DPOC, que necessitam de algum grau de
hipoxemia para manterem o estímulo respiratório. É um dispositivo de alto fluxo
e concentração controlada de 02.

 Máscara facial de aerossol: Combina concentrações variáveis de oxigênio e fluxos


moderados. A máscara apresenta aberturas laterais grandes e é conectada a um
tubo largo ligado a um nebulizador que mistura oxigênio a 100% e ar ambiente
para oferecer o nível de FIO2 desejado. Adequação do fluxo pode ser adequada
avaliando o paciente durante a respiração espontânea. Se a névoa do aerossol
desaparece durante a inalação fluxo inspiratório que o paciente demanda é
maior. É um dispositivo de fluxo moderado e concentração variável de O2.

 Máscara facial com reservatório: Esse tipo incorpora uma bolsa reservatório na
qual o paciente respira. Esse reservatório é preenchido com O2 a 100% vindo da
fonte de suprimento. É um dispositivo de alta concentração e alto fluxo de O2.

 Unidade de Reanimação ou AMBU: Geralmente não é considerado como


dispositivo de suplementação de O2. Mas esse costuma estar sempre disponível
na emergência. Quando a máscara é firmemente aplicada sobre a face, a entrada
de ar ambiente é praticamente excluída. Se o fluxo de O2 para a bolsa é mantido

24
elevado (> que 15L), um alto suprimento de O2 é oferecido, a um fluxo suficiente.
O AMBU não precisa ser comprimido para suplementar O2. É um dispositivo de
altas concentrações de O2 e de alto fluxo;

 Umidificadores e nebulizadores: Fundamentais para manter a umidificação das


vias aéreas, usar sempre água destilada esterilizada;
 Toxicidade de O2. Se oferecido em altas concentrações sem necessidade causa
distúrbios visuais e oculares, podendo levar a morte por hiperóxia;
 Aerosolterapia: Indicado para fluidificar e auxiliar na mobilização das secreções.

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

 Avaliar a necessidade de O2 observando os sinais de hipóxia e comunicar:


Taquipnéia, taquicardia ou arritmias, alteração do nível de consciência. A cianose
é um sinal tardio (PO2 < 45). Observar o esforço respiratório e o estresse
miocárdico;
 Administrar oxigênio na quantidade adequada (concentração);
 Monitorar a resposta com monitoramento da oximetria e gasometria;
 Aumentar ou diminuir a concentração de O2 conforme indicado.

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM PACIENTES COM USO DE ACESSÓRIOS DE VIAS


AÉREAS

A ventilação adequada de um paciente depende da livre movimentação de ar


através das vias aérea superiores e inferiores. Em muitas condições, a via aérea se torna
estreitada ou bloqueada em consequência do processo patológico, bronco-constrição,
corpo estranho ou secreções. A manutenção de uma via aérea patente é obtida através
de meticuloso controle das vias aéreas, quer numa situação de emergência ou em longo
prazo.

O paciente com nível de consciência, de qualquer etiologia está sob risco de


obstruir a via aérea superior, porque ele perde os reflexos protetores (tosse e deglutição)
e o tono dos músculos faríngeos, fazendo com que a língua bloqueie a via aérea.
Em situações de emergência podemos lançar mão de alguns acessórios como:
cânula de Guedell, tubo Orotraqueal ou até mesmo de um “abocath” em caso de se

25
precisar fazer uma Cricotiroidotomia. Para manutenção permanente temos a cânula de
traqueostomia.

ACESSÓRIOS PARA VIAS AÉREAS


Cânula Orofaríngea
A cânula orofaríngea é um acessório semicircular que mantém a língua afastada
da parede posterior da faringe. A cânula orofaríngea facilita a aspiração da faringe e
evita que o paciente morda, ocluindo assim, um tubo endotraqueal. As cânulas mais
frequentemente utilizadas são de material plástico e descartável. Os dois tipos mais
comuns são o Guedell e o Berman. O Guedell é tubular e o Berman possui canais ao
longo de suas laterais.

Técnica de inserção:
Deve-se remover as secreções, sangue ou vômitos, da boca e faringe utilizando-se
um cateter de aspiração faríngea. Um método que facilita a introdução da cânula na via
aérea é rodá-la, a fim de que seja inserida com a parte côncava voltada para cima,
conforme penetra na boca. Quando a cânula atravessa a cavidade oral e se aproxima
da parede posterior da faringe o operador deve fazer uma rotação da cânula para sua
posição adequada. Outro método utilizado compreende o afastamento da língua, com
uma lâmina depressora, antes da inserção da cânula. Se a cânula está na posição
correta e tem o tamanho adequado, pode-se auscultar ruídos respiratórios claros nos
pulmões, durante a ventilação. Mesmo com esse acessório deve-se manter o
posicionamento adequado da cabeça.

Cânula Endotraqueal
Está indicada para:
 Proteção das vias aéreas contra possíveis contaminações seja de conteúdo
gástrico, conteúdo brônquico ou pulmonar contralateral, principalmente
em pacientes com depressão do nível de consciência, incapazes de deglutir
ou de tossir;
 Manutenção de via aérea permeável em pacientes com obstruções altas ou
baixas das mais diversas origens (aspiração de corpo estranho, hipotonia de
nasofaringe e língua, trauma de vias aéreas, etc);

26
 Aspiração de secreções pulmonares em pacientes em que a abundância de
secreções, muitas vezes de origem infecciosa, impede a oxigenação e a
ventilação adequadas; a aspiração frequente é de fundamental importância;
 Ventilação com pressão positiva nos casos de insuficiência respiratória de
diversas etiologias;
 Manutenção de oxigenação e ventilação adequadas por meio de uma
oferta de fração inspirada de oxigênio conhecida, bem como de parâmetros
ventilatórios adequados para eliminação de gás carbônico.

CÂNULA DE TRAQUEOSTOMIA

Permite acesso permanente ás vias aéreas para ventilação e oxigenação. A


abertura e inserção de um tubo de traqueotomia são feitas por meio de técnica
cirúrgica, não sendo um procedimento adequado para situações de urgência, tais como
obstrução das vias aéreas ou paradas cardíacas.

Atualmente é um procedimento indicado com os seguintes objetivos:


 Aliviar obstruções das vias aéreas superiores;
 Oferecer suporte ventilatório prolongado;
 Reduzir o espaço morto;
 Facilitar a limpeza brônquica por aspiração;
 Permitir um “desmame” mais rápido;
 Diminuir os riscos de lesões laríngeas;
 Diminuir os riscos de lesões estenóticas da traqueia.

ASPIRAÇÃO TRAQUEOBRÔNQUICA

Um cateter faríngeo é utilizado para remoção de secreções, coágulos


sanguíneos e outros materiais estranhos da boca e faringe. O cateter de aspiração
traqueobrônquico é utilizado para remover secreções através do tubo endotraqueal
ou nasofaringe. Altas pressões de aspiração são necessárias para aspiração faríngea
(não ultrapassando 120 mmHg). O cateter de aspiração deve ser de tal maneira que:

 Produza mínimo traumatismo à mucosa, tenha extremidades moldadas e


orifícios laterais;

27
 Seja longo o suficiente para passar através da extremidade do tubo
endotraqueal;
 Tenha resistência friccional mínima durante a inserção através do tubo
endotraqueal;
 Seja estéril e descartável.

A Técnica de Aspiração Consiste em:


 Utilizar técnica estéril, introduzindo o cateter, com fluxo de vácuo
interrompido, aproximadamente ao nível da Carina.
 A aspiração é feita intermitentemente, liberando o fluxo do vácuo, enquanto
o cateter é retirado com movimentos de rotação.
 A aspiração não deve ser aplicada por mais de 15 segundos.
 O paciente deverá ser ventilado com oxigênio a 100% por 30 segundos entre
as aspirações.
O ritmo eletrocardiográfico do paciente deve ser monitorizado. Caso estejam
presentes arritmias ou bradicardia, a aspiração deverá ser interrompida e o paciente
ventilado e oxigenado manualmente.

 Proceder à aspiração orotraqueal na ordem-cânula, nariz e boca.

AVALIAÇÃO E INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM

Alguns aspectos devem ser observados durante a utilização de vias aéreas


artificiais:

Paciente com tubo endotraqueal:


1. Verificar simetria da expansão torácica;
2. Estabelecer elevada umidificação;
3. Administrar a concentração de oxigênio de acordo com a prescrição;
4. Fixar o tubo à face do paciente, de modo a não feri-lo e marcar a extremidade
proximal para a manutenção da posição;
5. Higiene oral rigorosa para evitar infecções (3x ao dia) ou SOS;
6. Aspirar orofaringe, sempre que necessário;
7. Inspecionar bem a pele do nariz e boca;
8. Monitorar a pressão do Cuff a cada período (Manter Cuff entre 10 –20);

28
9. Método usado para infiltrar o balão é denominado VOM (volume ocluído
mínimo), o ar é injetado lentamente durante a inspiração pelo ventilador.
Durante esse período auscultar sobre a traqueia. Quando o ronco rude não for
mais audível ou estiver sendo administrado o volume corrente prescrito, foi
atingido o VOM, o balão do tubo está ocluindo a via aérea sem pressão
excessiva sobre a traqueia, e não acrescentar mais ar;
10. Observar padrão ventilatório e a saturação de O2.

Para a extubação são necessários alguns cuidados:


1. Explicar o procedimento ao paciente;
2. Ter máscara e ambos prontos para os casos de emergência;
3. Aspirar árvore traqueobrônquica e a orofaringe;
4. Retirar a fixação, desinsuflar o balonete;
5. Retirar o tubo, e iniciar oxigenoterapia (por mascara ou cateter);
6. Monitorizar frequência respiratória, e a qualidade das incursões respiratórias
(observar estridor, alteração da coloração e modificações do nível de
consciência e comportamento.);
7. Solicitar que o paciente inspire lentamente e no momento da inspiração
máxima retirar delicadamente a cânula;
8. Orienta-lo a tossir e expectorar;
9. Em caso de dieta, interromper 30 minutos antes e após;
10. Instalar O2 apropriado;
11. Avaliar FR, saturação, gasometria, tosse excessiva, uso de musculatura
acessória;
12. Orientar sobre a dificuldade da fala e orientar repouso nas primeiras 24hs;
13. Solicitar fonoaudióloga para avaliação.

Paciente com traqueostomia:


1. Fazer curativo frequentemente
2. Em caso de cânula de metal, retirar a mesma e lavar o seu interior com solução
salina estéril diariamente.
3. Trocar os cadarços de fixação sempre que estiverem sujos, observando se há
sinais de ulceração local.

29
Paciente com cânula de Guedell:

1. Laringe, produzindo obstrução completa da via aérea;


2. Só deve ser utilizada em pacientes inconscientes, devido à probabilidade de
induzir vômitos e laringoespasmo;
3. Usar uma cânula de tamanho adequado, pois uma cânula muito longa poderá
pressionar a epiglote contra a entrada da deve-se assegurar de que os lábios e
a língua não estejam entre os dentes e a cânula, para se evitar traumatismos.

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AOS PACIENTES COM VENTILAÇÃO MECÂNICA

INDICAÇÕES

Anormalidades da ventilação: Disfunção da musculatura respiratória, Doença


neuromuscular, estímulo (drive) ventilatório diminuído e resistência aumentada da via
aérea ou obstrução ou por anormalidades da oxigenação: hipoxemia refratária,
necessidade de Peep ou trabalho respiratório excessivo.
Classificação da ventilação mecânica: A maioria é ciclado a volume.
Modos:
 Ventilação mecânica controlada (CMV): A CMV dispara os movimentos
respiratórios do ventilador a uma frequência predeterminada até atingir um
volume corrente (VT) predeterminado ou um pico de pressão da via aérea
também predeterminada;

 Ventilação assisto-controlada (AC): A ventilação AC é tipicamente deflagrada em


ventilação ciclada a volume. Um VT predeterminado é oferecido com uma
frequência respiratória (FR) predeterminada;

 Ventilação mandatória intermitente sincronizada (SIMV): A SIMV deflagra um VT


predeterminado numa frequência pré-estabelecida. Como vantagem adicional, o
paciente pode, a qualquer momento, acessar o reservatório de gás para
respirações espontâneas, gerando um VT próprio;

 Ventilação com pressão de suporte (PSV): PSV é uma forma de ventilação com
pressão positiva (PPV) idealizada para prover uma assistência respiratória. Essa

30
assistência respiratória é planejada para ajudar o paciente a vencer a resistência e
o trabalho respiratório aumentados pela doença pulmonar, tubo endotraqueal,
válvulas inspiratórias e outros aspectos mecânicos do suporte ventilatório. O valor
da PSV escolhida aumenta o movimento respiratório gerado pelo paciente;

 Ventilação com pressão controlada (PCV): A PCV é um modo de ventilação


ciclado a tempo que permite a limitação do pico de pressão inspiratório. No
modo PCV, como no mundo PSV, o médico estabelece um valor de pressão que é
rapidamente alcançado no início da inspiração e se mantém durante todo o ciclo
inspiratório;

AVALIAÇÃO E INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM

Monitorar complicações:
 Obstrução das vias aéreas
 Lesão da traqueia
 Infecção pulmonar
 Barotrauma
 Diminuição do débito cardíaco
 Atelectasia
 Alteração na função G. I.
 Alteração na função renal
 Alteração do estado cognitivo

Aspiração:
 Quando vistas ou auscultados ruídos, após fisioterapia, após tratamento com
broncodilatadores, após um aumento brusco da pressão máxima na via aérea e nos
achados radiográficos;

 Explicar sobre o procedimento de ventilação mecânica;


 Após auxiliar na intubação, observar pressão do Cuff e verificar se os movimentos
respiratórios estão adequados com o modo e frequência;
 Monitorar e comunicar problemas nos alarmes;
 Mobilização no leito de 2/2 hs ou conforme indicação;

31
 Manter decúbito elevado;
 Realizar exercícios passivos de amplitudes de movimentos;
 Medir pressão do Cuff a intervalos;
 Monitorar função cardiovascular;
 Monitorar a presença de infecção pulmonar;
 Monitorar a saturação de O2;
 Monitorar e comunicar alterações dos SSVV e balanço hídrico;
 Avaliar o refluxo gástrico em pacientes com nutrição enteral;
 Restringir membros superiores dos pacientes confusos;

Peep (pressão positiva expiratória final), CPAP (pressão positiva contínua nas vias
aéreas), BIPAP.
 Verificar o fluxo de O2 oferecido
 Comunicar em caso de distensão abdominal
 Observar fluxo urinário
 Realizar higiene oral 4x/dia

Desmame
 Certificar de que o paciente esteja consciente, com bom padrão respiratório
espontâneo e hemodinamicamente estável.
 Esse procedimento deverá ser realizado pelo fisioterapeuta ou enfermeiro:

 Iniciar o desmame de manhã;


 Orientar o procedimento;
 Avaliar valores da oximetria e gasometria;
 Observar e avaliar padrão respiratório;
 Fazer tabelas para desmame;
 Extubar conforme descrito.

Complicações relacionadas à Ventilação mecânica


Diminuição do débito cardíaco / sobrecarga volêmica

Ventilação mecânica sob pressão positiva  pressão intratorácica  pré-carga


ventricular D  débito cardíaco

32
 Administrar fluidos corretamente
 Pesar e anotar
 Realizar balanço hídrico de 2/2hs
 Monitorar Sinais e sintomas de hipóxia e comunicar alterações

Alcalose respiratória aguda


 Tranquilizar o paciente ou sedar
 Avaliar nível de consciência
 Diminuir o espaço morto conforme indicado

Elevação da PIC
 Monitorar a PIC
 Se a PIC aumentar comunicar

Meteorismo
 Introdução de SNG

PNEUMONIA

 Lavar as mãos antes e após manipulação do paciente;


 Manter cabeceira elevada;
 Usar técnica asséptica de aspiração;
 Tocar curativo de traqueostomo;
 Trocar fixação da cânula endotraqueal e traqueostomia;
 Evitar pós ou cremes no local da traqueostomia;
 Monitorar a curva térmica;
 Observar o aspecto da secreção (cor, volume, consistência);
 Promover desinfecção de alto nível ou esterilização dos circuitos de VM;
 Utilizar tubos ou traqueóstomos descartáveis;
 Descartar sempre cateteres de aspiração;
 Proceder à aspiração na ordem-tubo, traqueia, nariz e boca;
 Fazer culturas das águas dos umidificadores;

33
 Preferir filtro se tiver;
 Trocar filtro a cada 24h;
 Proteger o circuito do respirador ao desconectar do paciente;
 Usar luvas para montar o sistema;

ATELECTASIAS: INTUBAÇÃO SELETIVA, PRESENÇA DE ROLHAS NO TUBO OU NAS


VIAS AÉREAS E HIPOVENTILAÇÃO.

 Mudança de decúbito de 2/2hs


 Monitorar a oxigenação, SSVV.
 Avaliar nível de consciência e comunicar

BAROTRAUMA: PNEUMOTÓRAX, ENFISEMA SUBCUTÂNEO.

 Evitar volumes ou pressões muito elevadas para pacientes de risco (DPOC)


 Monitorar a oxigenação, SSVV.
 Avaliar nível de consciência
 Monitorar sinais e sintomas de pneumotórax: das pressões das vias aéreas,
desconforto respiratório, MV, presença de enfisema subcutâneo, expansão
pulmonar unilateral.
 Providenciar Raios X de tórax
 Tranquilizar o paciente
 Providenciar o material para drenagem torácica

HIPÓXIA
 Monitorar sinais de hipóxia: agitação, taquicardia, hipertensão arterial, arritmias,
midríase e cianose.
 Avaliar nível de consciência
 Observar alterações do padrão ventilatório

ALARMES DO VM

 Observar montagem do circuito e testar antes do uso.


 Monitorar os parâmetros estabelecidos
 Detectar vazamento nos circuitos, com checagem a cada período.

34
 Verificar funcionamento do circuito de umidificação e regulagem de temperatura
 Verificar funcionalidade dos alarmes
 Providenciar troca de circuito ou do ventilador em caso de disfunção
 Esvaziar H2O condensada nos circuitos, pois aumenta a resistência para entrada
de ar.

HIPOTONIA MUSCULAR ESQUELÉTICA


 Posicionamento adequado do paciente no leito
 Mobilização no leito
 Movimentação passiva no leito
 Sentar o paciente em poltrona se possível

DISFUNÇÃO G. I/NUTRICIONAL
 Verificar rotinas de nutrição enteral
 Observar a aceitação da dieta por sonda e comunicar
 Avaliar complicações
 Avaliar hematócrito
 Avaliar hidratação do paciente

COMPLICAÇÕES RELACIONADAS AO USO DE TUBOS ENDOTRAQUEAIS OU


TRAQUEÓSTOMOS

Extubação acidental
Lesões de pele ou lábios/boca
 Trocar a fixação da COT ou Traqueostomo
 Mudar posição do tubo a cada 12 hs
 Amortecer contato entre tubos e lábios com gazes
 Manter tubo ou traqueostomo alinhados a traqueia
 Manter a pele limpa e seca ao redor do COT
 Trocar curativo da traqueostomia SOS
 Observar lesões de ângulo labial e ao redor do estoma traqueal, fazendo
curativos diários.

35
Lesões traqueais
 Usar tubos e balonetes de pressão 
 Controlar pressão do Cuff de 12/12 s
 Observar presença de fissuras

Obstrução das vias aéreas


 Aspiração SOS
 Usar guedell SOS
 Observar se o circuito tem dobras
 Monitorar sinais e sintomas de broncoespasmo
 Comunicar alterações da oximetria

MONITORIZAÇÃO HEMODINÂMICA BÁSICA

INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES

MONITORIZAÇÃO CARDÍACA CONTÍNUA

A monitorização cardíaca permite observar as alterações do ritmo, propiciando


o diagnóstico de arritmias. O rodízio dos eletrodos previne lesões da pele.

Cada batimento cardíaco é o resultado de um estímulo elétrico o qual se origina


no nodo sino atrial até as células de Purkinge. Essa mesma força elétrica se espalha
também para fora do coração e alcança a superfície do coração onde pode ser
detectada através dos eletrodos fixados na pele. O propósito do monitor cardíaco é o de
captar os sinais elétricos gerados pelo coração e mostrá-los numa tela de osciloscópio,
sob forma de um eletrocardiograma contínuo. Analisando-se os formatos das ondas
eletrocardiográficas, pode-se identificar qualquer distúrbio na frequência, ritmo ou
condução cardíaca.

TIPOS DE MONITORIZAÇÃO: SISTEMA DE TRÊS ELETRODOS

a. Convencional:
Os monitores que exigem três eletrodos usam eletrodos positivos, negativos e
terra.

36
O posicionamento dos eletrodos na parede do tórax anterior na posição
convencional é: o eletrodo direito é colocado no lado direito do externo, abaixo da
clavícula. O eletrodo esquerdo é colocado ao nível da última costela palpável na linha
axilar anterior esquerdo. E o eletrodo terra é colocado na área mais inferior da caixa
torácica direita, oposto ao lado esquerdo. Esta colocação geralmente produz as mais
altas ondas "R" (complexos ventriculares).

b. Modificado:
O eletrodo direito (ED) é colocado no quarto espaço intercostal, no bordo
direito do esterno, o esquerdo (EE) é colocado no ombro esquerdo e o terra colocado
no ombro direito. O eletrodo direito (+) poderá ser colocado no quinto espaço
intercostal na linha média axilar esquerda.

Sistema de Quatro e Cinco

O sistema de quatro ou cinco eletrodos aumenta a capacidade acima do de três


eletrodos. O monitor de quatro eletrodos exige um eletrodo na perna direita que é o
terra para todos os eletrodos descritos do sistema de três eletrodos.

37
Monitor de cinco eletrodos adiciona um eletrodo torácico explorador que permite
obter qualquer uma das seis derivações torácicas modificadas, bem como as
derivações padrões de membros.

EQUIPAMENTOS DE MONITORAÇÃO

Estas ondas originais são muito pequenas para serem vistas na tela do monitor, e
por esta razão elas passam através de um amplificador, a onde suas amplitudes serão
aumentadas mil vezes.
O monitor conta cada batimento cardíaco e mostra a média da freqüência
cardíaca por minuto, num medidor de freqüência.
Integrado ao medidor de freqüência encontramos um sistema de alarmes qual
emite um sinal áudio e visual, todas as vezes que a freqüência cardíaca cai ou excede os
níveis pré fixados, o monitor é acionado com alarmes.

AJUSTE DO MONITOR:

A não obtenção de sinais claros é devida, na maioria dos casos, as falhas técnicas
durante os dois primeiros passos da monitorização, ou a interferência elétrica externa.
Mesmo com o emprego das mais apuradas técnicas da colocação e conexão dos
eletrodos é necessária a realização de três ajustes no monitor: aumentar ou diminuir a
luminosidade; centrar as ondas obtidas e ajustar a amplitude das ondas vistas no
osciloscópio.

TÉCNICA DE MONITORIZAÇÃO CARDÍACA:

A monitorização cardíaca se processa em quatro etapas: colocação e ajustamentos


dos eletrodos à parede torácica do paciente; conexão dos fios dos eletrodos ao monitor
através do chamado cabo do “paciente”; ajustamento do monitor até obter uma
imagem nítida E.C.G; fixação do sistema de alarme tanto para baixo quanto para alta
freqüência.
Proceda a tricotomia, se necessário. Limpe os locais da pele para a colocação dos
eletrodos com álcool a 70%. A pele deve estar isenta de gordura, descamação e
umidade para que não haja alterações dos impulsos elétricos que chegam até os
eletrodos; coloque os eletrodos no tórax do paciente de acordo com a opção escolhida,
pressionando-os ao longo da borda para melhor fixá-los a pele.

38
Problemas com a Monitorização Cardíaca e Intervenções de Enfermagem.

Diagnóstico de Enfermagem Intervenção de Enfermagem

Alarmes falsos de taquicardia:  Um método simples de se reduzir a interferência


destes potenciais de músculo, é não colocar os
eletrodos diretamente sobre grandes massas
musculares. Ex: músculo grande peitoral ou
músculos dos ombros;
 Verificar se o filtro está ligado ou não.

Alarmes falsos de bradicardia:  Este problema pode ser corrigido quer pelo
aumento da amplitude dos complexos, quer pela
mudança de posição dos eletrodos.

Falsos alarmes:  Ajustar os limites do alarmes corretamente e não


em grandes extremos. Ex: quarenta e cento e
oitenta.
 Tentar correção do monitor e não desligar
mecanismo de alarmes.

Interferência elétrica:  Verificar se o contato do eletrodo com a pele está


perfeita e se os cabos estão bem colocados.
 Se interferência elétrica for insistente chamar o
técnico responsável.

Linha de base descontínua:  Os eletrodos devem ser colocados longe das


costelas mais inferiores, a fim de minimizar os
efeitos dos movimentos da parede torácica
durante a respiração.

39
Perigos elétricos:  Verificar se o sistema “terra” da unidade está
absolutamente eficaz.
 Observar se o monitor está em perfeitas condições
de uso.
 Não usar monitores com problemas elétricos.

Irritação cutânea:  É importante se examinarem as áreas cutâneas em


intervalos regulares, no mínimo a cada vinte e
quatro horas, a fim de se detectar a presença de
irritação cutânea.
 Quando a pele já estiver com sinais de irritação
deve se mudar o posicionamento dos eletrodos.

IMPORTANTE:

É bom lembrar que alguns monitores possuem o dispositivo de oximetria e neste


temos algumas intervenções diante dos problemas apresentados.

Diagnóstico de Enfermagem Intervenção de Enfermagem

Alarme falso da SO2:


 Observar se o sensor está bem adaptado.
 Ajustar os limites do alarme.

Queimaduras das
extremidades em que o sensor  Alternância do local de posicionamento do
é fixado. Oxímetro, pelo menos a cada vinte e quatro horas.

Princípio básico do ECG: Forças dentro do coração transmitidas para as


superfícies do corpo, detectadas através de eletrodos fixados nas extremidades.
O fluxo das forças produz ondas para cima (deflexões positivas) e para baixo
(deflexões negativas), captadas no galvanômetro.

40
As ondas são ampliadas e registradas em fita corrente de papel especial
milimitrado dando a “imagem” contínua da atividade elétrica de um ciclo cardíaco
completo (ECG).

ECG: só informa sobre a atividade elétrica.


ECG na prática médica: diagnóstico de um IAM e identificação de arritmias
cardíacas.

DERIVAÇÕES DO ECG:

Forças elétricas geradas no coração se espalham em várias direções → é


necessário registrar o fluxo de corrente em diversos planos para uma visão conjunta da
atividade elétrica cardíaca.
Cada derivada capta a diferença de potencial elétrico entre 2 eletrodos* e produz
um aspecto diferente no ECG.
*A corrente elétrica flui entre 2 polos ou eletrodos, um positivo e outro negativo.

Planos especiais: eletrodos no BD, BE e PE, para registro das derivações I, II e III:

Coração = impulso elétrico

Prática: um eletrodo em cada extremidade:

Aparelho
de
ECG
 Verde e amarelo, nas extremidades E;
 Vermelho e preto, nas extremidades D;

 Cores escuras (preto e verde) nos MMII;


 Cores claras (vermelho e amarelo), nos MMSS;

 Um 4º eletrodo é colocado na PD = apenas


“terra”.

41
ECG completo = 12 variações:
Alterar as posições do
aparelho
3 derivações standart (DI, DII e DIII):
Eletrodo adicional
no tórax
3 derivações modificadas (AVR, AVL e AVF)

6 derivações torácicas (V1, V2, V3, V4, V5 e V6)

Onda “P”: despolarização dos átrios;


Onda QRS: despolarização dos ventrículos;
Onda “T”: representa a maior parte da fase de recuperação ventricular após uma
contração.
Onda QT: duração total das fases de despolarização e de repolarização dos
ventrículos = período total de estimulação e de recuperação
ventricular.
Vai do início do QRS até o fim da onda “T”.
Varia de acordo com a FC.
Ritmo sinusal normal: duração raramente excede 0,4 segundos.

OXIMETRIA DE PULSO

Refere-se a quantidade de oxigênio que é transportado no sangue ligado a


hemoglobina
1941: Glenn Milikan apresentou um Oxímetro auricular (foi o primeiro
pesquisador a usar o termo Oxímetro) era muito rudimentar.
1945: Drabkin e Austin - primeiros a medir saturação de hemoglobina in-vitro.
1972: Takuo Aoyagi - construiu o primeiro Oxímetro de pulso.

42
A oximetria de pulso está baseada na lei de Lambert-Beer: ”A transmissão da luz,
através de uma solução, é função logarítmica da densidade ou da concentração das
moléculas absorvidas na solução”.
 Os oxímetros de pulso medem a saturação da hemoglobina, baseando-se na
pulsatilidade do sangue arterial (emite uma onda luminosa com um
comprimento aumentado) e no uso de dois comprimentos de onda, na faixa de
660nm(faixa vermelha) e 940nm(faixa infravermelha).
Limitações do Oxímetro de pulso
 Envenenamento por monóxido de carbono;
 Metemoglobinemia;
 Uso do azul de metileno;
 Onicomicose;
 Uso de esmalte nas unhas;
 Insuficiência tricúspide e o uso do BIA (Balão intra-aórtico);
 Vaso-constrição periférica;
 Tremores e movimentação do paciente;
 Níveis de hematócrito muito baixos;
 Os sensores auriculares.

Complicações e aplicação clínica


 São raras:
 Queimaduras
 Lesões de pressão

Aplicação clínica
 Detecção de hipoxemia/Monitorar hiperóxia em prematuros
 Avaliar perfusão tecidual e circulação

PRESSÃO ARTERIAL

É a pressão gerada na parede das artérias, resultante dos batimentos cardíacos e


da resistência da parede dos vasos.

 Método não invasivo auscultatório;


 Método de aferição não invasivo automatizado;

43
 Método de aferição invasivo;

MÉTODO DE AFERIÇÃO NÃO INVASIVO AUTOMATIZADO.

Vantagens
 Método não invasivo
 Possibilita medidas mais frequentes em relação ao método auscultatório.

Desvantagens
 Incômodo para alguns pacientes;
 Medidas frequentes podem dar falsos valores;
 Inviável em pacientes com lesões cutâneas;
 Não fidedigno no choque e Vaso-constrição.

Método de aferição invasivo


 Consiste na cateterização de uma artéria por punção percutânea, conectando-a
um sistema de transmissão de pressão (automatizado ou não).
 Proporciona contínua mensuração das pressões arteriais (sistólica, média e
diastólica).

Indicações e Contraindicações

Indicações
 Cirurgias de grande porte;
 Instabilidade hemodinâmica;
 Monitorização da PIC;
 Drogas vasopressoras e vasodilatadoras.

Contraindicações
 Doença vascular periférica
 Doenças hemorrágicas
 Uso de anticoagulantes e trombolíticos

Vantagens
 Método contínuo
 Confiabilidade

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Desvantagens
 Método invasivo
 Maior risco de complicações
 Necessidade de pessoal treinado para inserção do cateter

Complicações
 Embolização arterial e sistêmica
 Insuficiência vascular
 Necrose isquêmica
 Infecção
 Hemorragia
 Injeção acidental de drogas intra-arterial

PRESSÃO VENOSA CENTRAL

 É a pressão existente no sistema venoso central podendo ser uma estimativa


indireta da pré-carga do VD.
 A PVC se correlaciona com as variáveis:
 Retorno venoso, pressão atrial direita e pressão diastólica final do VD.
 Uma PVC baixa pode sugerir hipovolemia, e alta sobrecarga volumétrica ou falência
ventricular.

LIMITAÇÕES E COMPLICAÇÕES

Limitações
 Ela nunca deve ser usada como marcador único de volemia. (hipovolemia com
veno-constrição, alterações anatômicas, ventilação com pressão positiva e uso de

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PEEP podem falsear suas medidas. Doenças pulmonares, alterações da
complacência, valvulopatia da tricúspide tornam sua mensuração sem utilidade).
Complicações
 Hemorragia durante a punção
 Erosão vascular
 Arritmias atriais e ventriculares
 Infecções
 Sobrecarga hídrica acidental
 Complicações trombolíticas
 Embolia gasosa
 Perfuração de câmaras cardíacas

Como verificar a PVC

• Posiciona-lo em posição supina

• Se não suportar, realizar a medida a 20 graus.

• O zero do transdutor deve ficar na linha axilar média

• Pode ser utilizado o método da coluna de água ou o transdutor de pressão

MONITORIZAÇÃO DA PIC
A PIC é determinada por 3 componentes dentro do crânio:
 (parênquima/ liquor/ sanguíneo).
 Valor varia de 0 a 15 mmHg - decúbito dorsal e a cabeça levemente elevada.
 PPC = PAM-PIC (normal acima de 70mmHg)

46
Indicações e contraindicações
Indicações
 Traumatismo craniano
 Hemorragia subaracnóidea
 Tumores encefálicos
 Parada cardíaca
 AVC
 Cirurgias
Contraindicações
 Infecção na área de inserção
 Coagulopatia grave

Formas de monitorização da PIC


 É monitorizada medindo-se a pressão do LCR no interior do ventrículo lateral, no
espaço subaracnóideo ou no espaço subdural.
 Várias são as formas de monitorização, através de sensores ou transdutores,
conectados a um cateter de localização intraventricular ou implantados no
crânio.
 Técnicas básicas:
 Intraventricular, subaracnóidea (subdural), intra-parenquimatosa, e epidural
(extradural).

TRATAMENTO DO AUMENTO DA PIC

 Descompressão cirúrgica
 Ventilação (PO2 acima de 70 mmHg)
 Cabeça 15 a 30 º, exceto se contraindicado por fraturas do membro ou
insuficiência hepatorrenal.
 Hipotermia
 Controle da Pressão arterial
 Drenagem do LCR
 Osmoterapia (manitol a 20%)/se PIC ultrapassar 20mmHg por 10 a 15 minutos

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Intervenções de Enfermagem
 Documentar a medida da PIC h/h
 Cabeceira em 15-30 º
 Evitar flexão do pescoço
 Manter alinhamento da cabeça
 Avaliação neurológica h/h
 Calcular a PPC h/h
 Evitar aumentos de pressão intratorácica
 Evitar flexão do quadril tosse, vômito.
 Medidas se houver agitação
 Aspirar SOS, proporcionar Hiperventilação antes.
 Controlar ambiente para reduzir estímulos
 Limitar o contato ao paciente para reduzir os estímulos
 Tratar febre prontamente
 Realizar exercícios passivos se não for contraindicado
 Usar meias elásticas;
 Dieta enteral

CATETER DE BULBO JUGULAR


 É a passagem de um cateter intravenoso retrogradamente na veia jugular
escolhida, para monitorização contínua entre a oferta e demanda de O 2
cerebral ou sobre a adequação da perfusão cerebral.
 Objetivos:
 Detecção precoce de episódios de isquemia cerebral
 Avaliação dos efeitos da elevação da PIC no fluxo sanguíneo e no metabolismo
cerebral

Indicações e contraindicações
Pacientes com risco de isquemia cerebral global:
 Quadros de HIC
 No TCE grave;
 Hemorragia subaracnóidea;

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 Lesão da coluna cervical
 O procedimento está contraindicado na presença de coagulopatia grave,
deformidades anatômicas ou trombose da veia jugular.

NOÇÕES DE POSICIONAMENTO E MANEJO DE PACIENTES NEUROLÓGICOS


EM UTI

Introdução e Conceitos Básicos


Pacientes com lesões cerebrais severas e doenças do Sistema Nervoso central
(SNC) frequentemente são mantidos restritos ao leito quer pela gravidade da sua
condição, isto é, coma, Hipertensão Intracraniana (HIC), múltiplas fraturas, instabilidade
hemodinâmica, etc., quer por sua condição sensório-motora, cognitiva e psicológica.
As manifestações clínicas secundárias à mobilidade são bastante conhecidas e se
refletem por alterações nos sistemas músculo-esquel ético, respiratório, cardiovascular,
renal, gastrointestinal e nervoso. Associada aos equipamentos de monitorização e
suporte, drogas para sedação e curarização, presença de dor e má nutrição, acabam por
aumentar ainda mais a mobilização do paciente, formando um ciclo vicioso.
Embora conforto do paciente deva ser considerado e constitua uma razão para o
posicionamento cuidadoso do paciente, tal posicionamento visa também:
 Explorar o potencial remanescente do paciente dando-lhe confiança e
evitando o excesso de zelo e subestimação do seu potencial.
 Impedir o desenvolvimento de encurtamentos dos tecidos moles, que
acarretaria diminuição da força e da eficiência da contração, diminuição da
amplitude articular com consequente perda funcional;
 Prevenir a formação de micro atelectasias decorrentes do posicionamento
mantido sempre com a mesma relação da força da gravidade e da pressão do
decúbito, que favoreceriam a hipoxemia;
 Favorecer a mobilidade de secreções traqueobrônquicas através da
arquitetura da árvore brônquica em conjunto com a ação da gravidade;
 Aliviar pontos de pressão em pele, subcutâneo e estruturas circulatórias,
neurais, linfáticas e outras;
 Promover estimulação sensorial íntero e exteroceptiva, evitando distúrbios
emocionais e comportamentais e favorecendo o despertar.

49
Dessa forma, o posicionamento do paciente deve ser pensado antes, durante e
na conclusão de qualquer procedimento a ser realizado com o paciente e quando o
mesmo for ser mantido em repouso por um tempo prolongado.
Alguns princípios do posicionamento adequado devem ser considerados:
 A cabeça, o tronco e as extremidades superiores e inferiores devem estar sempre
suportados e estabilizados, evitando sobrecarga articular e estimulação muscular
excessiva;
 A cabeça e o tronco devem ser mantidos de forma alinhada, evitando posições
de rotação, inclinação, flexão ou extensão. Tais posturas prejudicam o retorno
venoso cerebral e possibilitam a ocorrência de HIC;
 Os membros superiores e inferiores devem ser mantidos em posição funcional
favorecendo seu uso e independência do paciente;
 O paciente deve ser posicionado de forma a permitir que o terapeuta administre
o tratamento de forma eficiente, efetiva e segura;
 O paciente deve ser coberto para expor apenas as áreas ou partes do corpo a
serem utilizados, evitando assim, exposição excessiva do paciente;
 Toda estimulação luminosa, sonora, tátil de contato e cuidados com o paciente
deve enfatizar o lado mais comprometido.

Posicionamentos preventivos devem ser adotados em pacientes:


 Que sofreram amputação de extremidade inferior dependente da altura da lesão.
A ausência do equilíbrio entre músculos agonistas e antagonistas nestes casos,
favorece o aparecimento de posturas fixas com consequente diminuição da
amplitude de movimento articular;
 Que apresentem queimaduras associadas posturas em flexão e adução dos
segmentos devem ser evitadas, já que favorecem retrações de pele. Nestes casos
a mudança de postura deve ser mais frequente, pois a pele em regeneração está
mais apta a desenvolver escaras e úlceras de pressão.

Posicionamento do Paciente
Decúbito Dorsal
 Posicionar a cabeça com travesseiro, levemente inclinada para o lado sadio,
observando sempre o alinhamento entre cabeça e tronco.

50
 Utilizar uma toalha de rosto e dobrá-la em quatro e posicioná-la sob o ombro
comprometido, evitando que ocorra depressão e facilitando seu posicionamento
em relação o membro superior.
 Posicionar o membro superior apoiado sobre um travesseiro, cuidado para não
forçar o ombro.
 Apoiar o quadril sobre uma toalha de banho dobrada em quatro ou sobre um
travesseiro, salvo quando fizer uso de boia.
 Manter o joelho apoiado sobre uma toalha dobrada evitando qualquer torração
dos membros inferiores.
 Utilizar apoio nos pés somente quando indicado, e ao posicioná-lo com versa-
form. Evitar ao máximo as áreas de contato por um tempo prolongado.

Decúbito Lateral
 Apoiar a cabeça sobre um travesseiro que tenha a largura do ombro.
 O tronco deverá estar alinhado e ligeiramente inclinado para frente, mesmo que
necessite de apoios. O comprometimento deverá estar para frente, com o braço
apoiado sobre um travesseiro, com cotovelo estendido, e antebraço em uma
posição neutra.

Sentado na Cadeira

 Tronco e cabeça alinhados na linha média e paciente reto. O peso deverá estar
apoiado igualmente sobre os “ossinhos” dos glúteos.

 Quando sentado em cadeira, manter o quadril e joelho à 90° de flexão, com peso
distribuído igualmente sobre a região posterior das coxas.

 O braço deverá estar sempre apoiado sobre um travesseiro ou sobre o apoio da


cadeira.

 O cotovelo semi-flétido e a mão e dedos em forma de concha, posicionando com


uma toalha, intercalando pregas entre os dedos.

51
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DO CHOQUE
Conceito
O choque é caracterizado por perfusão orgânica inadequada para atender á
demanda de oxigênio pelos tecidos.
Tipos:
 Cardiogênico: O fluxo sanguíneo é inadequado em razão de uma falha primária
na função cardíaca;
 Hipovolêmico: Ocorre quando o volume intravascular é depletado em razão de
hemorragia, vômitos, Diarréia, desidratação e perdas para o terceiro espaço;
 Distributivo (Sepse): A forma mais comum é o choque séptico. Outras formas são:
choque anafilático, insuficiência adrenal aguda e o choque neurogênico.
 Obstrutivo: Tamponamento cardíaco, no qual existe obstrução mecânica ao
enchimento do coração.

Princípios de tratamento:
 Choque cardiogênico: O objetivo primário no tratamento do choque
cardiogênico é melhorar a função miocárdica. As arritmias devem ser tratadas
prontamente. É necessário ser cauteloso ao iniciar volume, a dobutamina pode
ser usada.
 Choque hipovolêmico: O objetivo terapêutico é a restauração do volume
intravascular. Na reanimação inicial, tanto colóide (gelatina) ou cristaloides (Soro
Ringer) são efetivos desde que administrado volume suficiente. O tratamento
deve visar ao restabelecimento da Pressão arterial, do pulso e da perfusão
orgânica. Por exemplo, sangue deve substituir sangue e cristaloides devem ser
usados quando ocorrer vômitos e desidratação. Para hipotensão a escolha é os
cristaloides como a solução fisiológica e salina ou Ringer lactato, devido a
osmolaridade necessária para restaurar o volume intravascular. Não se utiliza a
glicose para restaurar choque hipovolêmico.
 Choque distributivo: A abordagem inicial do paciente com a síndrome da
resposta inflamatória (SIRS) associada ao choque séptico é a restauração e
manutenção do volume intravascular adequado. A expansão volêmica é a
infusão de soluções cristaloides isotônicas, é necessário também iniciar
rapidamente a antibioticoterapia, e descobrir o foco infeccioso. O choque
anafilático é tratado com adrenalina subcutânea e reanimação com líquidos.

52
 Choque obstrutivo: A Pericardiocentese pode ser salvadora se existir
tamponamento cardíaco. O pneumotórax hipertensivo deve ser tratado
prontamente.

Agentes vasopressores e inotrópicos


 Dopamina: é o agente inotrópico/vasopressor mais usado, depende da dose
usada aumenta o fluxo sanguíneo renal, vasoconstrição.
 Dobutamina: Aumenta o débito cardíaco, a pressão pode permanecer inalterada
ou elevar-se discretamente.
 Noradrenalina: é um agente adrenérgico importante, junto com a dopamina
preserva o fluxo sanguíneo renal.
 Adrenalina: Aumenta a demanda de oxigênio pelo miocárdio acima da oferta.
 Assistência de Enfermagem:
 Manter controle rigoroso do gotejamento conforme prescrito;
 Usar preferencialmente bombas infusoras;
 Comunicar em caso de alterações hemodinâmicas;
 Manter acesso venoso exclusivo para essas drogas, preferencialmente o acesso
venoso central.
 A oligúria é um importante marcador de hipoperfusão, avisar alterações do
padrão urinário.

SUPORTE NEUROLÓGICO

A escala de Coma de Glasgow é usada nas avaliações inicial e sequencial dos


pacientes com trauma craniano e é considerado útil em outras lesões cerebrais.

Parâmetro clínico Adultos Pontos


Espontânea 4
Á estimulação verbal 3
Abertura ocular
A dor 2
Sem resposta 1
Orientada e apropriada 5
Resposta verbal
Desorientada e confusa 4

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Palavras inapropriadas 3
Sons incompreensíveis 2
Sem resposta 1
Espontânea 6
Localiza a dor 5
Retirada a dor 4
Melhor resposta motora
Flexão 3
Extensão 2
Sem resposta 1

Pontuação na escala de comas de Glasgow = escores de abertura ocular + verbal


+motor
Melhor escore = 15
Pior escore = 3

DIAGNÓSTICOS E CONSIDERAÇÕES ESPECÍFICAS

A. Trauma craniano:
 Cerca de 25% dos pacientes vítimas de trauma craniano fechado necessita de
esvaziamento urgente de hematoma subdural ou epidural para aliviar a
compressão cerebral.
 Princípios que orientam os primeiros socorros quando a PIC não pode ser
medida:
 Garantia do ABC - evitando e tratando a hipotensão arterial e hipoxemia
 Alinhamento da cabeça e tronco
 Posicionamento em decúbito horizontal ou na melhor das hipóteses a 30O.
elevação
 Uso de salina normal como solução primária, evitar solução glicosada ao
menos que haja hipoglicemia. Evitar soluções hipotônicas
 Tratamento ativo da febre
 Administração profilática de anticonvulsivantes
 Usar manitol em casos de sinais de herniação ou deterioração neurológica;
 Os esteróides não são úteis e devem ser evitados;

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B. Hemorragia intracerebral espontânea (não relacionada ao trauma ou derrame):
 A hipertensão arterial é comum em pacientes acometidos de hemorragia
intracerebral espontânea;

C. Derrame: o “derrame” cerebral isquêmico (não hemorrágico) geralmente ocorre


devido à obstrução tromboembólica de vasos nutrientes. O tratamento de suporte
inclui:
 Cuidados de controle de hipertensão;
 Usar aspirinas
 Em caso de edemas ou hemorragia na zona isquêmica usar monitorização da PIC
ou craniotomia;

D. Emergências metabólicas / infecciosas/convulsões


 Todos os pacientes adultos com nível de consciência rebaixados devem receber
glicose a 50% e tiamina (100 mg)IV para o tratamento da hipoglicemia potencial
e prevenção de encefalopatia de Wernicke;
 A atividade convulsiva deverá ser interrompida imediatamente com doses
apropriadas de benzodiazepínicos intravenosos, e depois devem ser
administradas dose de Fenitoína ou fenobarbital;
 Manter a via aérea pérvia, administrar O2 suplementar;
 Virar o paciente de lado durante a crise.

E. Hemorragia subaracnóidea:
 Siga o ABC da reanimação
 Controle a pressão arterial sistólica < 150 mmHg, vários agentes anti-
hipertensivos são úteis;
 Iniciar nimodipina 60 mg VO;
 Manter o estado de euvolemia.

ISQUEMIA MIOCÁRDICA E INFARTO

Angina Instável
É causada por diminuição abrupta no suprimento do oxigênio ao miocárdio, ou
por demanda aumentada do oxigênio pelo miocárdio.

55
Diagnóstico: baseado na anamnese.
Manuseio
 Realizar monitoração cardíaca;
 Manter paciente em repouso no leito;
 Utilizar aspirina em doses de 325 mg/ dia, associados com heparina,
nitroglicerina SL.
 Administrar O2 – 2 a 4 ℓ/ min – cateter nasal;
 Realizar ECG/ raios X.

Infarto do Miocárdio
Ocorre quando a artéria coronária é ocluída usualmente por um trombo formado
em uma placa que sofreu rotura. Após cerca de 20 minutos, a necrose miocárdica
começa na superfície endocárdica. O infarto progride em direção ao epicárdio em 6
horas, a menos que haja fluxo colateral, reperfusão espontânea ou intervenção.

Diagnóstico
 Dor torácica prolongada;
 25% dos IAM são indolores;
 Alteração do ECG;
 Exames laboratoriais;

56
Manuseio geral
(algoritmo de tratamento para IAM)

Paciente com dor torácica

História
Exame físico
ECG/ Radiografia do tórax

IM presente Não Angina Estável

Sim

Internação
Oxigênio
Aspirina
Nitroglicerina sublingual
Nitroglicerina intravenosa
Morfina
Heparina
Considere o uso de uso de B - bloqueador

Candidato a trombolítico Não Angina Estável

Complicações

Não Sim Consulta Cardiológica de


emergência

Avaliação Coletiva

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MANUSEIO DOS GRAVES DISTÚRBIOS ELETROLÍTICOS E METABÓLICOS

Distúrbios Eletrolíticos
 POTÁSSIO
Essencial para a manutenção do potencial elétrico da membrana. As alterações
nesse íon afetam primariamente os sistemas cardiovasculares, neuromuscular e
gastrintestinal.

1. Hipocalemia (potássio <)


Resulta de perdas renais ou extrarrenais, diminuição da ingesta;
Manifestações: arritmias, distúrbios de condução e bradicardia sinusal, alterações
eletrocardiográficas, fraqueza ou paralisia muscular, parestesias, íleo, cólicas abdominais,
náuseas e vômitos.
Tratamento: Correção da causa e administração de potássio.
Cuidados de enfermagem: realizar monitoração cardíaca contínua e comunicar em
caso de arritmias.
2. Hipercalemia (potássio >)
Resulta da disfunção renal.
Manifestação clínica: arritmias, bloqueio cardíaco, bradicardia, diminuição da
condução e contração, alterações do ECG, fraqueza muscular, paralisia, parestesia e
reflexos hipoativos.

Tratamento: inclui o reconhecimento da doença de base, remoção das drogas


poupadoras de potássio, limitação da ingesta e correção da acidemia. Usar cloreto de
cálcio, bicabornato de sódio, diuréticos e diástole.

Cuidados de enfermagem: monitorizar o eletrocardiograma (monitorização


cardíaca contínua) e comunicar alterações.

 SÓDIO (Na)
Funciona como determinante primário da osmolalidade sanguínea e está
envolvido na regulação do volume extracelular.

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1. Hiponatremia (sódio <)
 Causas: excesso de secreção de hormônio antidiurético, condições hipovolêmicas
e hipervolêmicas, uso de soluções isentas de sódio, glicose e manitol.

 Manifestações Clínicas: desorientação, diminuição do nível de consciência,


irritabilidade, convulsões, letargia, coma, náuseas/vômitos, fraqueza, parada
respiratória.
 Tratamento: reposição volêmica (SFO 5%).

2. Hipernatremia (sódio >)


 Indica depleção de volume intracelular, com perda de água livre, que excede a
perda de sódio.
 Causas: diarréia, vômito, sudorese, diurese, diabetes insipidus, alterações de sede,
tabletes de sal, solução salina hipertônica, bicarbonato de sódio.
 Manifestações Clínicas: alterações do nível de consciência, letargia, convulsões,
coma e fraqueza muscular. Poliúria sugere a presença de diabetes insipidus ou
excesso de ingestão de água e sal.
 Tratamento: correção da causa e reposição de água livre.

 CÁLCIO
Necessário para contração muscular, transmissão do impulso nervoso, secreção
de hormônios, coagulação do sangue, divisão celular, motricidade celular e cicatrização
de feridas.

1. Hipocalcemia (cálcio <)

 Causas: hipoparatireidismo, sepse, queimadura, pancreatite.


 Manifestações Clínicas: hipotensão, bradicardia, arritmias, insuficiência cardíaca,
parada cardíaca, má resposta à digital, fraqueza, espasmo muscular,
laringoprismo, hiper-reflexor, convulsões, convulsões, tetania e parestesia.
 Tratamento: visa a correção da doença de base e de outra anormalidade
eletrolítica, administração de cálcio.

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 Cuidados de enfermagem: comunicar em caso de efeitos adversos do tratamento
com cálcio (hipercalcemia, bradicardia, náusea/vômitos, rubor). Manter
monitorização cardíaca contínua.

2. Hipercalcemia (cálcio >)


 Causas: hiperparatireoidismo, malignidade, imobilização, excesso de vitamina A
ou D;
 Manifestações Clínicas: hipertensão, isquemia cardíaca, arritmia, bradicardia,
alterações na condução, intoxicação digitálica, desidratação, hipotensão,
fraqueza, diminuição do nível de consciência, coma, convulsões e morte súbita;
 Tratamento: Visa o controle da doença de base, reidratação do paciente e diálise;
 Cuidados de enfermagem: monitorizar o débito urinário.

 DISTÚRBIOS METABÓLICOS

1. Insuficiência Adrenal
É a dificultada pela pobreza de sinais e sintomas específicos. Pode resultar de
falência da glândula adrenal;

 Tratamento:
 Obter amostras de sangue para dosagem de cortisol e eletrólitos;
 Infundir glicose a 5% e solução salina para manter pressão arterial;
 Administrar Dexametasona e hidrocortisona.

 SÍNDROMES HIPERGLICÊMICAS
 Diabetes Melittus: resulta de perda relativa ou absoluta de insulina e é
caracterizada por hiperglicemia, cetoacidose e desidratação induzida por
diurese osmótica.
- Síndrome hiperglicêmicas ameaçadoras: cetoacidose diabética e síndromes
hiperosmolares hiperglicêmicas não cetóticas;
- Manifestações Clínicas: fraqueza, desidratação, poliúria, polidpsia, alteração
do nível de consciência, coma, taquicardia, arritmia, hipotensão arterial,

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anorexia, náuseas/vômitos, íleo, dor abdominal, hiperpnéia e odor de fruta na
respiração;
- Tratamento: reposição salina, monitorização hemodinâmica invasiva,
monitorizar débito urinário.
- Prioridades e ressuscitação inicial de cetoacidose diabética:
- Instituir solução salina;
- Instituir infusão de insulina a 0,1 V/kg/l;
- Considerar bicarbonato de ph < 7,0;
- Procurar fatores precipitantes de cetoacidose;
- Utilizar ??? Sob infusão, se potássio <;
- Adicionar glicose se glicemia  250 mh/de manter glicemia > 150 mg/de;
- Manter infusão de insulina até a depuração da citose.

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NOS DISTÚRBIOS NUTRICIONAIS


NUTRIÇÃO ENTERAL
Acesso Enteral

Para a escolha do acesso deve-se levar em conta:


 Duração prevista da nutrição enteral
 O risco de broncoaspiração (problemas de deglutição, nível de consciência).
 Limitações estruturais do trato digestivo
 Disponibilidade de acesso cirúrgico ou endoscópico para a sonda em questão
 Estado nutricional
 Diagnóstico do paciente
 Tipo de dieta a ser utilizada

Acessos mais frequentes:


 Acesso nasoenteral: Sondas (poliuretano) posição nasogástrica, nasoduodenal,
ou nasojejunal, havendo ainda a sonda nasogastrojejunal.
 Gastrostomia: Sondas de alimentação de silicone, com ancora ou balão de
fixação interna.
 Jejunostomia: Sondas de poliuretano que podem ser colocadas pela técnica
endoscópica percutânea ou por técnica cirúrgica aberta.

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Técnica de sondagem gástrica ou enteral
Material: sonda, xilocaína gel (2%), seringa de 20 ml, gaze, cadarço ou
esparadrapo, estetoscópio, extensão de látex, se for permanecer aberta, luvas, toalha.

Método:
 Lavar as mãos
 Reunir o material e levar para junto do paciente
 Explicar o que vai ser feito
 Posiciona-lo em Fowler
 Proteger o tórax com a toalha
 Pacientes com suspeita de lesão cervical, sondar em decúbito dorsal.
 Calçar as luvas
 Medir o comprimento da sonda a ser introduzido: da ponta do nariz ao lóbulo da
orelha e até o apêndice xifoide. Marcar com uma fita.
 Lubrificar com xilocaína gel mais ou menos 10 cm da sonda com gazes
 Introduzir a sonda por uma das narinas e, após a introdução da parte lubrificada,
flexionar o pescoço de tal forma que o queixo aproxime do tórax. Pedir para
deglutir
 Observar se a sonda não está na cavidade bucal
 Observar durante o procedimento: dispneia, cianose, tosse.
 Aspirar com uma seringa o fluido gástrico até observar a presença de secreção
na sonda: medir o pH do aspirado e anotar o resultado. O pH do aspirado
gástrico é ácido, aproximadamente 2 a 3 e o intestinal é aproximadamente 5, o
pH do aspirado respiratório é mais alcalino 7 ou mais.
 Verificar a posição através da ausculta de ar, auscultar na região epigástrica.
 Na colocação da sonda em posição pós-pilórica às cegas alguns autores indicam
a insuflação do estômago com ar. Deve se manter o paciente em DLD e
introduzir a sonda mais 15 cm.
 Retirar as luvas
 Fixar a sonda
 Não tracionar a asa do nariz
 Manter o paciente em 35o

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 Solicitar raios X no leito
 Checar a posição da sonda enteral diariamente e sempre que necessário por
ausculta, aspecto do material drenado e pH.

Métodos de administração de alimentação por sonda


 Administração intermitente: gotejamento por gravidade, sempre verificar refluxo
gástrico antes iniciar cada dieta, observando a drenagem espontânea ou
aspirando gentilmente o conteúdo gástrico com seringa de 20 ou 50 ml até que
se encontre resistência. Se o volume aspirado for menor que a metade do volume
infundido, nas últimas duas horas, o refluxo deverá ser desprezado e aproxima
dieta será administrada normalmente. Se o retorno for maior ou igual á metade
do volume da dieta, o conteúdo deverá ser reintroduzido e o volume devolvido
será descontado na próxima dieta.

 Administração contínua: É administrada por gotejamento lento e contínuo por


bomba de infusão, usar sempre que a sonda estiver pós-pilórica, iniciar com 25
ml/h, a velocidade final é de 80 a 125 ml/h. Medir o refluxo a cada 4 ou 8 horas.
Se o volume aspirado for igual ou maior que o volume infundido nas últimas
duas horas, a alimentação é atrasada. Lavar a sonda a cada 4 a 6 horas, com 20 a
50 ml de água. Antes e após cada dose de medicação, serão administradas sob
pressão 20 ml de água. A sonda deve ser lavada com 20 ml de água quando
diferentes tipos de medicamentos forem administrados, cada um é dado
separadamente. A sonda é lavada com 20 ml de água após cada dose. Os
medicamentos não devem misturar uns com outros ou com a fórmula alimentar.

Monitorização geral de enfermagem


 Manter decúbito elevado para evitar broncoaspiração
 Avaliar a colocação da sonda, a posição do paciente e a velocidade do fluxo.
 Caso a sonda esteja em posição gástrica, deverá ser feita uma pausa na
administração da dieta por 30 minutos antes do banho e fisioterapia.
 As fórmulas após o preparo podem permanecer até 4 horas em temperatura
ambiente e até 24 hs em refrigeração de 4 a 8o.C

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 Conferir no frasco: nome do paciente/número do leito/composição e volume
total/data e hora da instalação.
 Observar se o paciente tolera a fórmula (avaliar sensação de plenitude,
náuseas, vômitos e diarréia).
 Avaliar as condições gerais do paciente, observando o aspecto da pele,
membranas mucosas, débito urinário, hidratação, ganho de peso e perda.
 Registrar vômitos, refluxo, diarréia, ou distensão abdominal.
 Monitorar a ingestão e eliminação
 Verificar o peso a cada 24 s
 Trocar os equipos de nutrição a cada 24 hs
 Fazer a limpeza da bomba de infusão diariamente com álcool a 70%, em caso
de isolamento limpar com glutaraldeído.
 Para evitar diarréia:
 Sempre que possível, manter a sonda em posição gástrica.
 Não infundir dieta gelada, mas a temperatura ambiente.
 Aumentar o tempo da administração em bomba infusora, especialmente se for
pós-pilórica.
 Na ocorrência de diarréia (número de evacuações superior a 3 ao dia com
fezes líquidas e semilíquidas) é fundamental a coleta de fezes.

Não macerar formulações com revestimento entérico ou para liberação


programada e comprimida sublinguais

Cápsulas gelatinosas devem ser abertas, e o pó reconstituído com 15 a 30 ml de


água, antes da administração.
Cada medicamento deve ser administrado separadamente e em seguida a sonda
deve ser lavada com 3 a 5 ml de água entre as doses
Se a nutrição enteral for administrada continuamente, interromper 30 minutos
antes da administração da droga e 30 minutos após.

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NUTRIÇÃO PARENTERAL

Cuidados de enfermagem
 Não utilizar o cateter de NP para monitorizar PVC, infusão de
hemocomponentes ou uso de drogas vasoativas
 Veias mais usadas: subclávia e veia jugular interna
 Realizar sempre os raios x sempre antes de iniciar a dieta
 Se for cateter duplo ou triplo lúmen, o lúmen distal é utilizado para administrar
sangue ou outros líquidos viscosos e para coletar sangue, o médio para infusão
de NPT e o próximo para medicamentos e coleta de sangue.
 A via de acesso deverá ser exclusiva para NPT
 Conservar a solução parenteral em geladeira, exclusiva para medicamentos,
com temperatura de 2 a 8O C
 Antes de a sua instalação conferir integridade da embalagem, precipitação e
alteração da cor, prese3nça de partículas, data e hora de fabricação, prazo de
validade, composição, volume total, nome do paciente e identificação
hospitalar.
 Realizar curativo do sítio de inserção, a cada 24 hs.
 Examinar durante o curativo, e observar se há a presença de sítios flogísticos.
 Usar bomba de infusão
 Trocar equipos e conexões a cada 24 s de forma asséptica
 Proteger da luz
 Quando for interrompida instalar solução glicosada a 10% na mesma
velocidade da infusão
 Em hipótese nenhuma, compensar o volume de NPT em caso de atraso ou
infusão rápida.
 Registrar o peso
 Balanço nitrogenado 2 vezes por semana.

A ESSÊNCIA DO SUPORTE AVANÇADO DE VIDA EM CARDIOLOGIA (SAVC)

“Corações param de bater todos os dias. Para muitos, esta parada do pulso é
prematura – seus corações são bons demais para morrer”.

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INTRODUÇÃO
Esforços de ressuscitação podem restaurar estes corações à atividade espontânea,
antes que o cérebro seja permanentemente lesado.

Conceitos básicos do SAVC

 O Cérebro - Ressuscitação cerebral -objetivo mais importante.


 O Paciente - Trate o paciente não o monitor.
 O Tempo - O passar do tempo determina todos os aspectos do atendimento
cardíaco de emergência e a evolução do paciente.
 A Causa - A equipe médica de emergência deve identificar as condições médicas
que levaram á parada cardíaca tão urgentemente quanto possível.
 Cuidados pós-ressuscitação - A equipe médica de emergência deve prosseguir na
avaliação e terapia adequadas durante o período imediatamente após a
restauração da circulação espontânea.

PARADA CÁRDIO-RESPIRATÓRIA

 PCR é a interrupção súbita da atividade mecânica ventricular, útil e suficiente, e


da respiração;
 Morte clínica: falta de movimentos respiratórios e batimentos cardíacos eficientes
na ausência de consciência, com viabilidade cerebral e biológica;
 Morte biológica irreversível: deterioração irreversível dos órgãos, que se segue à
morte clínica, quando não se institui as manobras de RCR;
 Morte encefálica (freqüentemente referida como morte cerebral): ocorre quando
há lesão irreversível do tronco e do córtex cerebral, por injúria direta ou falta de
oxigenação, por um tempo, em geral, superior a 5min em adulto com
normotermia.

Epidemiologia: causas de PCR e predisposições

Em adultos: a doença coronária é a principal causa de PCR. Em nosso país, a


doença de Chagas, por levar a importantes distúrbios elétricos no coração, também tem
papel deflagrador desses episódios.

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Menos de 10% dos casos devem-se a fibrilação ventricular (FV), sendo
geralmente associados a doenças cardíacas congênitas. Por este motivo, a sobrevida é
muito baixa. Como a falência respiratória é a causa fundamental das PCR na criança,
prevenir a insuficiência respiratória e, principalmente, observar muito de perto crianças
com insuficiência respiratória, diminuirão a necessidade de medidas de ressuscitação,
nessa faixa etária.

Modalidades de parada cardíaca

Assistolia - É a cessação de qualquer atividade elétrica ou mecânica dos


ventrículos. No eletrocardiograma (ECG) caracteriza-se pela ausência de qualquer
atividade elétrica ventricular observada em, pelo menos, duas derivações (fig. 1).

Fig. 1 - Assistolia ventricular; no início do traçado registrou-se um complexo QRS e onda


T, seguido de linha isoelétrica.

Fibrilação ventricular - É a contração incoordenada do miocárdio em


conseqüência da atividade caótica de diferentes grupos de fibras miocárdicas,
resultando na ineficiência total do coração em manter um rendimento de volume
sangüíneo adequado. No ECG, ocorre a ausência de complexos ventriculares
individualizados que são substituídos por ondas irregulares em ziguezague, com
amplitude e duração variáveis (fig. 2).

Fig. 2 - Fibrilação ventricular. A) ondas amplas e rápidas - fibrilação ventricular


tipo "grosseiro"; B) ondas pequenas e lentas - fibrilação tipo "fino".

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Taquicardia ventricular sem pulso - É a sucessão rápida de batimentos ectópicos
ventriculares que podem levar à acentuada deterioração hemodinâmica, chegando
mesmo à ausência de pulso arterial palpável, quando, então, é considerada uma
modalidade de parada cardíaca, devendo ser tratada com o mesmo vigor da FV. O ECG
caracteriza-se pela repetição de complexos QRS alargados não precedidos de ondas P e,
se estas estiverem presentes, não guardam relação com os complexos ventriculares.
Podem ocorrer capturas isoladas de alguns complexos QRS. Em geral os ciclos
ventriculares têm sucessão a intervalos irregulares (fig. 3).

Fig. 3 - Taquicardia ventricular.


Atividade elétrica sem pulso - É caracterizada pela ausência de pulso detectável na
presença de algum tipo de atividade elétrica, com exclusão de taquicardia ou FV. A
atividade elétrica sem pulso incorpora a dissociação eletromecânica (DEM) e um grupo
heterogêneo de ritmos que inclui: pseudo DEM, ritmo idioventricular, ritmo de escape
ventricular, ritmo idioventricular pós desfibrilação e ritmos bradiassistólicos. Ao ECG,
caracteriza-se pela presença de complexos QRS largos e bizarros que não produzem
resposta de contração miocárdica eficiente e detectável (fig. 4).

Fig. 4 - Dissociação eletromecânica ou ritmo agônico. Complexos QRS largos e bizarros.


Ritmo idioventricular, sem contração mecânica ventricular correspondente.

Tratamento
Consiste no conjunto de medidas básicas e avançadas de RCR.

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RESSUSCITAÇÃO CARDIORRESPIRATÓRIA AVANÇADA - SOCORRO ESPECIALIZADO:
SUPORTE AVANÇADO DE VIDA

Definição
A RCR avançada (RCRA) ou o suporte avançado de vida (SAV) consiste na
ressuscitação com uso de equipamento adicional ao usado no suporte básico ou ABC.
Inclui desfibrilação e monitorização, marcapasso, equipamentos e técnicas para
obtenção das vias aéreas e ventilação, obtenção de via venosa, e administração de
medicamentos e cuidados pós-ressuscitação. Deve ser realizada por médico ou pessoal
treinado e amparado pela lei.

CAB PRIMÁRIO E SECUNDÁRIO

Primário

Circulação (compressões torácicas)

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Abrir via aérea
Boca-a-boca/bolsa valva-máscara
Desfibrilação (uso do DEA)

Secundário

Assegurar a via aérea (uso avançado do tubo endotraqueal)


Boa respiração (confirmação da posição, checagem da efetividade).
Circulação (acessar a circulação, administrar medicações conforme indicado).
Diagnóstico diferencial

Importância da desfibrilação precoce

• Desfibrilação é o uso terapêutico do choque elétrico de corrente elétrica


contínua, com grande amplitude e curta duração aplicada no tórax ou diretamente
sobre o miocárdio. Durante uma atividade elétrica irregular, a desfibrilação despolariza
todas as células cardíacas, permitindo o reinício do ciclo cardíaco normal, de forma
organizada em todo o miocárdio;

• Importância da desfibrilação - Nos casos de parada cardíaca súbita, o ritmo mais


freqüentemente observado é a FV; o único tratamento realmente eficaz da FV é a
desfibrilação elétrica; a probabilidade de sucesso na desfibrilação decai rapidamente
com o passar do tempo; a FV tende a se transformar em assistolia em poucos minutos.

DESFIBRILADORES

Um desfibrilador é o equipamento que permite aplicar um choque elétrico controlado


ao paciente, com o objetivo de terminar uma FV (desfibrilação) ou uma TV ou
supraventricular (cardioversão). Consiste num sistema eletrônico que, partindo de uma
fonte de corrente elétrica alternada ou contínua, carrega um capacitor com alta
voltagem, cujo valor é selecionado pelo médico, descarregando-o sobre o tórax ou
sobre o miocárdio, de forma sincronizada ou não-sincronizada com o ritmo cardíaco.

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Eletrodos ou pás de desfibrilação - Por razões de eficácia, acima dos 10kg de peso
(1 ano de idade) devem ser usadas pás de desfibrilação para adultos, que apresentam
de 8,5 a 12cm de diâmetro.
 Isto é obtido colocando-se uma das pás no lado direito do esterno, na região
infraclavicular e, a outra, ao nível do ápex, na linha médio-axilar esquerda. Nos
portadores de marcapassos implantados na região infraclavicular direita, esta
disposição não deve ser utilizada. Nestes casos deve-se usar a posição antero-
posterior: uma pá colocada no precórdio e a outra na região dorsal, na área
infraescapular esquerda. Nunca se deve colocar a pá do desfibrilador sobre ou
muito próxima do gerador do marcapasso. Após a desfibrilação é importante
realizar uma avaliação e, eventualmente, uma reprogramação do marcapasso
para avaliar a integridade e segurança do sistema;

 Energia para desfibrilação/cárdio-versão


O tratamento das taquicardias supra-ventriculares, fibrilação e flutter atriais, deve
ser feito com cárdio-versão sincronizada com a onda R. Tipicamente são necessárias
menores quantidades de energia, iniciando-se com 100J.

Quadro 1 - Recomendações sobre os níveis de energia em desfibrilação


Desfibrilação externa transtorácica (indireta) em adultos
1ª desfibrilação: 200J
2ª desfibrilação: 300J
3ª e subseqüentes desfibrilações: 360J

É essencial verificar-se a presença ou a ausência do pulso arterial antes de se


proceder a desfibrilação.
É importante, depois de cada uso, limpar os eletrodos e os fios do desfibrilador,
assim como todo o restante da unidade, utilizando um pano úmido com água e
detergente líquido. Se a unidade não tiver sido utilizada, é necessário limpar sua
superfície, periodicamente, com um pano umedecido com água.

Logo que o desfibrilador esteja disponível, deve ser utilizado (quadros II e III).

Quadro II – Protocolo para desfibrilação externa (indireta)

71
1. Aplicar o creme ou a pasta condutora nos eletrodos, ou colocar na parede
torácica, o emplastro com o material condutor, ou então as gazes embebidas com
solução salina.
2. Ligar o desfibrilador. Assegurar-se que o sincronizador está desligado.
3. Selecionar o nível de energia (200J para a 1ª descarga).
4. Carregar o condensador. O indicador para a carga completa pode ser uma luz
ou um som, ou ambos.
5. Colocar os eletrodos no tórax, de acordo com as recomendações prévias.
Assegurar-se de que não haja ponte entre os mesmos quando se usar creme, pasta ou
solução salina.
6. Assegurar-se de que não há contato físico entre o paciente e os ajudantes. É
necessário verbalizar (dizendo em voz forte: afaste-se) e visibilizar (observar o paciente
desde a cabeça até os pés) antes de proceder à descarga.
7. Mantendo a pressão adequada de 10kg sobre os eletrodos, acionar os botões de
descarga em ambos os eletrodos; ou então, a descarga pode ser procedida
diretamente na unidade por um auxiliar.
8. Sem desprender os eletrodos do tórax do paciente, o operador ordena que o
pulso seja verificado e observa-se o osciloscópio. Se não houver pulso e o paciente
continuar em FV, proceder à 2ª desfibrilação (300J). Se for necessário, dar uma 3ª
desfibrilação consecutiva (360J), sem desprender os eletrodos do tórax. Avaliar o pulso
e observar o osciloscópio depois de cada desfibrilação.
9. Não interromper a RCR básica por períodos prolongados; se houver dificuldades
técnicas com o desfibrilador, deve-se continuar com a RCR.
10. Iniciar a intervenção farmacológica, antes de proceder a uma nova desfibrilação.

Técnicas de ventilação

 Ventilação boca a máscara - É superior à técnica boca a boca porque se pode


aumentar a concentração de oxigênio. Outra enorme vantagem é que se diminui
ou elimina-se o contato direto entre o reanimador e o paciente, com menor
possibilidade de se adquirirem infecções através de secreções ou sangue
provenientes da vítima;

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 Ventilação com unidade bolsa-válvula-máscara - Ambu - Recomenda-se que
durante a ressuscitação seja usada uma unidade que contenha bolsa acessória,
que atue como reservatório para o acúmulo de oxigênio a 100%. Esta bolsa
acessória se mantém com suficiente volume quando o fluxo de oxigênio é de
12L/min. Durante a ventilação, o oxigênio ministrado mistura-se com ar,
resultando numa concentração <100%. Pode ser utilizada com cânulas oro ou
nasofaríngea ou com sonda traqueal, sendo neste último caso a forma mais
efetiva de ventilação.
 Deve-se ofertar 10 a 15mL/kg num período de 2s.

Técnicas alternativas para circulação: novas técnicas

Várias alterações nas técnicas de RCR têm sido propostas para melhorar o estado
hemodinâmico. Nenhuma das novas técnicas demonstrou, até o momento, suficiente e
comprovada melhora na mortalidade, capaz de substituir as técnicas convencionais.

 Compressão abdominal intercalada com torácica - Esta técnica tem sido proposta
como alternativa a RCR convencional. Requer 3 pessoas e tem sido usada após
entubação endotraqueal. O 1º socorrista ventila, o 2º executa a compressão torácica
externa, e o 3º comprime o abdômen imediatamente após a compressão torácica,
mantendo a mesma freqüência de compressões.

A pressão abdominal intermitente aumenta o retorno venoso e a pressão


diastólica aórtica e, desta forma, melhora a perfusão miocárdica. Não sendo ainda
recomendada como rotina.

 Compressão torácica de alta freqüência - Evidências teóricas demonstraram que esta


técnica seria superior à convencional no que diz respeito às alterações
hemodinâmicas. Entretanto, ainda não foram realizados estudos em humanos que
comprovassem o seu real benefício. Sabe-se ainda que freqüências acima de 120
causam prejuízo ao DC, motivo pelo qual seu uso também não é preconizado;

 Vestes antichoque - São vestes colocadas principalmente em membros inferiores e


abdômen, que teriam vantagem teórica de melhorar as medidas hemodinâmicas,

73
por aumentarem o retorno venoso. Seriam indicadas, principalmente, em pacientes
traumatizados hipovolêmicos. Como o estudo não tem demonstrado melhora de
sobrevida em humanos, não tem uso indicado rotineiramente.

Técnicas invasivas de RCR

 Compressão torácica direta - Toracotomia e compressão torácica direta não são


recomendadas, de rotina, na parada cardíaca. A grande indicação de massagem
aberta é em vítima de trauma cardíaco por lesão penetrante de tórax. A
toracotomia permite a drenagem do tamponamento cardíaco, a identificação do
local da hemorragia e o tratamento de eventual hemorragia abdominal
concomitante, através do clampeamento da aorta. Somente deve ser realizada
por equipe treinada em ambiente adequado.

As indicações relativas de compressão torácica direta são: parada cardíaca


secundária a hipotermia, embolia pulmonar, tamponamento cardíaco ou hemorragia
abdominal; deformidade torácica em que a técnica convencional é ineficaz; lesão
perfurante abdominal com choque e parada cardíaca; trauma torácico fechado e
parada cardíaca.

 Circulação extracorpórea - A circulação extracorpórea é usada rotineiramente


nas paradas cardíacas durante cirurgias cardíacas. Tem sido utilizada em modelos
experimentais de RCR, em animais, com bons resultados hemodinâmicos e de
sobrevida. Também tem sido estudada em situações clínicas especiais, porém
maiores estudos clínicos seriam necessários para definir seu real papel na RCR.

Vias de infusão de medicamentos

 Endovenosa - Sem interrupção das manobras de ressuscitação ou retardo das


tentativas iniciais de desfibrilação, é essencial o estabelecimento precoce de uma
via venosa segura para infusão de fluidos e medicamentos. As prioridades no
acesso venoso são: veias da prega antecubital, punho ou dorso das mãos; jugular
externa; veia subclávia por via supraclavicular (por pessoa experiente); via intra-

74
óssea (em criança); veia femoral (com cateter longo que se posicione
centralmente); via intracardíaca subxifóidea (somente como último recurso).

 Se o paciente não tiver uma via endovenosa disponível antes da parada cardíaca,
recomenda-se que se obtenha uma via venosa periférica, devendo-se procurar
uma veia na fossa antecubital (veia cefálica ou basílica), punho ou dorso da mão
ou, então, a jugular externa, pois não se recomenda a interrupção das
compressões torácicas para se conseguir uma via venosa. No entanto, o índice de
complicações quando se punciona a jugular externa é igual ao das outras vias
centrais. Deve-se evitar vias venosas em regiões distais das extremidades,
sobretudo nos pés e nas pernas, pois isto retardaria a chegada do medicamento
ao coração. No adulto, após a administração do medicamento, deve-se injetar
rapidamente um bolo de 20mL de solução salina EV;

 Endotraqueal - É utilizado como alternativa à injeção endovenosa. O


medicamento é absorvido pelo epitélio pulmonar, principalmente ao nível da
membrana alvéolo capilar. Por este motivo, o medicamento deve ser diluído em
10mL de solução fisiológica (SF) e administrado por uma sonda introduzida
profundamente, através da cânula endotraqueal; em seguida, os pulmões devem
ser hiperventilados com o Ambu, o que auxilia a absorção do fármaco.
 Pode-se administrar por esta via, a epinefrina, a atropina e a lidocaína, em dose 2 a 3
vezes à recomendada por via EV.

 Via intra-óssea - Durante um colapso cardiovascular no grupo pediátrico, o


acesso vascular por uma via periférica ou central é difícil. Nesses casos, a técnica
de infusão intra-óssea oferece uma entrada rápida na zona vascular da medula
óssea. Esta via para administração de medicamentos pode ser utilizada quando
ocorre retardo na obtenção de uma veia periférica em crianças de até 6 anos
com parada cardíaca. Pode-se usar uma agulha grossa comum, que "cede" ao
entrar na medula e o sangue venoso pode ser aspirado pela seringa. O ponto de
punção é de 1 a 3cm abaixo da tuberosidade da tíbia, apontando para o pé com
um ângulo de 60o. Por essa via podem ser administrados todos os medicamentos
usados em parada cardíaca, nas mesmas dosagens da via EV;

75
 Via intracardíaca - A injeção intracardíaca deve ser reservada como último
recurso em casos em que não tenha sido possível estabelecer nenhuma outra via.
Para tanto, devem ser interrompidas as compressões torácicas, pois é possível que
um vaso coronariano se lacere, produzindo sangramento na cavidade
pericárdica. Quando se efetua a ressuscitação com o tórax aberto, é possível
administrar-se medicamentos por injeção intracardíaca no VE com uma agulha
pequena. Imediatamente após a injeção do medicamento faz-se a compressão
direta do ventrículo.

Uso de medicamentos na RCR


 Adrenalina - O efeito que torna a adrenalina o medicamento de escolha em
todas as modalidades de RCR é a restauração do tônus vascular pelo efeito alfa-
adrenérgico, propiciando um melhor fluxo sangüíneo cerebral e coronariano.
Recomendações: classe I - na RCR a 1ª dose é de 1mg EV em bolo; repetir a cada
3 a 5min. Cada dose usada na circulação periférica deverá ser seguida pela
injeção de 20mL de SF para permitir que o medicamento atinja a circulação
central;
 Atropina - Esta medicação parassimpaticolítica tem indicação apenas na
modalidade de assistolia ou bradicardia com atividade elétrica sem pulso (AESP),
quando não houver resposta às doses iniciais de adrenalina. Recomendações:
1mg EV em bolo, repetida a cada 3 a 5min;
 Lidocaína - É recomendada na FV e na TV sem pulso, persistentes após
administração de adrenalina e desfibrilação;
 Bicarbonato de sódio (BS) - O uso de BS era usado indiscriminadamente na RCR;
nas últimas décadas tem se demonstrado que seu uso pode ser deletério. Nas
fases iniciais de reanimação, os agentes tampões não devem ser utilizados, pois
determinam hiperosmolaridade plasmática, hipernatremia e alterações
neurológicas;
 Cálcio (classe III) - Não existem benefícios comprovados no emprego de cálcio na
RCR, podendo mesmo ser deletério (lesão cerebral pós anóxica);
 O oxigênio deverá ser utilizado o mais precocemente e na maior concentração
possível

76
Reanimação cerebral
Manutenção da perfusão cerebral - O fluxo sangüíneo cerebral (FSC) pode ser
inferido pela pressão de perfusão cerebral (PPC), obtida pela diferença entre a pressão
arterial média e pressão intracraniana (PIC). A PPC deve ser mantida acima de 50mmHg.
A pressão arterial sistólica (PAS) deve ser no mínimo de 90-100mmHg e mantida às
custas de reposição volêmica e ou medicamentos vasoativos. A PaCO2 deve ser mantida
entre 25 e 30, obtendo-se assim, redução moderada da PIC, sem queda importante do
FSC. Não se deve hiperventilar o paciente de forma indiscriminada e não controlada.
Os diuréticos osmóticos (manitol) e a furosemida devem ser empregados nas
primeiras 48-72h e de preferência sob monitorização da PIC e osmolaridade plasmática.

Redução das demandas metabólicas

Hipotermia - embora teoricamente possa auxiliar na proteção cerebral, os


resultados de seu emprego são desapontadores; barbitúricos - não foi comprovada sua
eficácia; prevenção das convulsões.
O paciente pós RCR pode necessitar de transporte para outras áreas no hospital
ou outros hospitais. Para que ocorra um transporte seguro é necessário:

1) Transporte de um paciente de uma cama para outra;


2) Vias aéreas - No paciente intubado, o tubo endotraqueal deve ser posicionado
com segurança, dando preferência durante a transferência pela ventilação manual para
assegurar a capacidade de ventilar sem um respirador mecânico; o paciente antes do
transporte deve ser aspirado, a avaliação do balonete feita com uma ventilação manual
e uma radiografia de tórax realizada para confirmação da posição do tubo
endotraqueal.
3) Suplementação de oxigênio - A suplementação de oxigênio adequada deve estar
disponível, assim como os cilindros de oxigênio e as máscaras apropriadas, ou conexões
de tubo endotraqueal;
4) Cuidados gerais - Para pacientes estáveis, um manguito de PA, um monitor de
ECG e a palpação do pulso podem ser suficientes para o transporte.

77
HUMANIZAÇÃO NA UTI

Humanizar a UTI significa cuidar do paciente como um todo, englobando o


contexto familiar e social. Esta prática deve incorporar os valores, as esperanças, os
aspectos culturais e as preocupações de cada um. Através dela os princípios
humanitários do exercício da medicina pregados por Hipócrates, são revividos na união
da ciência ao humanismo. É um conjunto de medidas que engloba a) o ambiente físico;
b) o cuidado dos pacientes e seus familiares; c) as relações entre a equipe de saúde.
Estas intervenções visam, sobretudo tornar efetiva a assistência ao indivíduo
criticamente doente, considerando-o como um todo biopsico-sócio-espiritual.
As mudanças do ambiente físico são importantes, mas não pode ser considerado o
foco principal. A falta de recursos financeiros não deve ser uma desculpa para a
inexistência de um programa de humanização. Na realidade, os profissionais que
assistem direta ou indiretamente os pacientes são os verdadeiros responsáveis pela
humanização.
A humanização é um processo que envolve todos os membros da equipe na UTI.
A responsabilidade da equipe se estende para além das intervenções tecnológicas e
farmacológicas focalizadas no paciente. Inclui a avaliação das necessidades dos
familiares, grau de satisfação destes sobre os cuidados realizados e a preservação da
integridade do paciente como ser humano. Com a internação do ente querido em uma
Unidade de Terapia Intensiva, os familiares ficam desesperançados, deprimidos, o que
colabora para a desestruturação sob o ponto de vista emocional. Cada indivíduo deve
ser considerado único, tendo necessidades, valores e crenças específicas. Manter e
preservar a sua dignidade significa respeitar os princípios da moral e do código de ética
médica.
O conceito de humanização pode ser traduzido como uma busca incessante do
conforto físico e psíquico e espiritual ao paciente, família e equipe. Algumas
particularidades do ambiente físico de uma UTI, como: a ausência de janelas, o alto
índice de ruídos, o grande número de equipamentos precisam ser revistos e carecem de
cuidados, pois vai de encontro à qualidade.
Os pacientes internados UTI, são na maioria das vezes dependentes e sentem-se
impotentes com a falta de autonomia e controle de si mesmo. A pessoa internada em
uma Unidade de Terapia Intensiva fica cercada de pessoas ativas e ocupadas o que
frequentemente pode ser um coadjuvante para a instalação da ansiedade e sentimentos
de isolamento (estar só). A equipe hospitalar que ignora a presença de um paciente,
78
independentemente do seu estado de vigilância, contribui para que ele se sinta isolado.
Esta sensação de isolamento pode ser reduzida incluindo-se o paciente em conversas
sobre o tratamento por contato tranquilizador em momentos de medo. A doença grave
e o medo de morrer também separam o paciente de sua família. É necessário o
desenvolvimento imediato de relações dependentes e íntimas com estranhos. O clichê
tranquilizador, “você ficará bem”, frequentemente oferecido pela equipe que tentam
confortá-lo, serve apenas para reforçar a sensação de distância que o paciente está
sofrendo. Ele impede a expressão de temores e perguntas sobre o que ocorrerá a seguir.
A eficiência e a atividade que circundam o paciente aumentam a sensação de
separação. Enfim a insegurança do paciente deve ser considerada sensivelmente no
processo da humanização. Cohn descreve comportamentos como características
humanistas da assistência ao paciente que não podem ser substituídos por tecnologia:
ouvir, dar atenção, humor, envolvimento e compartilhar.
A atenção por parte da equipe aumenta o conforto, a identidade e a integridade
do paciente. A ausência de atenção pode realmente ter efeitos prejudiciais sobre a
saúde e a recuperação. O calor humano, o amor e a atenção compreensiva estão entre
os elementos essenciais em qualquer recuperação.
No processo da Humanização a equipe, confrontada com o sofrimento diário,
passa a manifestar mecanismos de defesa para diminuição de sua sensibilidade,
favorecendo o aparecimento da calosidade profissional.
Para que haja a humanização total em uma UTI, três diferentes aspectos devem ser
considerados:
 Modo de ser cuidado do paciente e seus familiares
 Atenção ao profissional da equipe
 Ambiente físico

A EQUIPE

É fundamental no processo de humanização, entender a equipe, de maneira


interdisciplinar, atuando e potencializando as ações entre si, respeitando o potencial de
cada um.
Os profissionais da saúde que trabalham em UTI são confrontados diariamente
com questões relativas à morte; o que pode ser relacionado às causas geradoras de
estresse. Vários estudos assinalam a violenta gama de estímulos emocionais nocivos aos

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quais os profissionais de saúde estão intermitentemente expostos entre eles: A atitude
(muitas vezes interpretada como agressiva e/ou invasiva) de lidar com a intimidade
emocional e corporal do paciente; Conviver com limitações técnicas, pessoais e materiais
em contraponto ao alto grau de expectativas e cobranças lançadas sobre este
profissional pelos pacientes, familiares, instituição hospitalar e até mesmo do próprio
profissional; A solicitação intermitente de decisões rápidas e precisas, a cruel e
desumana tarefa de “selecionar” quem usa este ou aquele equipamento, pois o número
de urgências graves é quase sempre superior aos recursos; Nos berçários de alto risco,
estas equipes têm que optar em atender uma superpopulação de bebês gravemente
enfermos, expondo-os a riscos de contaminação e infecção hospitalar e,
consequentemente, à morte ou dizer não a pais desesperados, que sabem que as
chances de encontrar outro hospital com recursos necessários são pequenas. Diante
destes questionamentos espera-se que as equipes estejam treinadas e experimentadas
para lidar com essas situações.
As intercorrências inesperadas como mudanças repentinas no estado clínico de
um paciente que estava bem, aumentam a tensão e a ansiedade. Estas situações geram
inquietude na equipe como um todo e os faz avaliar as capacidades pessoais de
conviver no ambiente da UTI. Estes sentimentos podem levar a frustração, raiva,
depressão e falta de confiança em si próprio, diminuindo a satisfação com o trabalho.
É importante que a equipe esteja atenta e colabore para o trabalho interativo,
contribuindo para o saber multidisciplinar, facilitando sempre o processo
comunicacional. Uma equipe coesa facilitará o trabalho interacional, podendo
estruturar grupos para reuniões científicas, discussão de casos clínicos, buscando
aperfeiçoar o atendimento aos pacientes, através da estruturação de condutas
discutidas em equipe. Muitas vezes, há necessidade de esclarecimentos, trocas de
informações e conhecimentos, que permitirão aos profissionais preparar melhor o
paciente com informações esclarecedoras.
Vale lembrar que o cuidado emocional é de responsabilidade de toda a equipe
de saúde, que precisa estar em condições emocionais de trabalhar com os pacientes,
seus familiares e comunidades. Ser saudável é uma conquista que deve ser buscada não
só para os pacientes, mas também para a vida dos profissionais que atuam em UTI.
Pequenas atitudes dos profissionais podem indicar o processo da humanização, e
resgatar a dignidade do ser humano, muitas vezes abalada pela situação de internação,
tais como:

80
 Chamar o paciente pelo nome;
 Utilizar tom de voz calmo e em volume normal;
 Olhar para o rosto do paciente e estabelecer contato cortês e respeitoso;
 Dirigir-lhe a palavra sempre que se aproximar do leito para algum procedimento;
 Examinar o paciente de maneira atenciosa;
 Utilizar-se do toque cuidadoso.

Frequentemente não é possível para a equipe simplesmente remover o estímulo


nocivo que provoca a ansiedade no paciente que é internado em uma Unidade de
Terapia Intensiva. A equipe deve avaliar a eficácia dos comportamentos de adaptação
do paciente e apoiá-los. A ansiedade ocorre quando há:
 Ameaça de desamparo
 Perda de controle
 Sensação de perda de função e autoestima
 Falha dos mecanismos de defesa
 Sensação de isolamento

Medo da morte
A equipe deve estar preparada para permitir pequenas escolhas quando o
paciente desejar e ajudar a aumentar a sensação de controle do paciente. Tais como:
 Proporcionar ordem e previsibilidade
 Utilizar orientação antecipada
 Permitir escolha sempre que possível
 Incluir o paciente nas decisões
 Fornecer informações e explicações.

A equipe pode ainda enviar mensagens que estimule a segurança do paciente, o


sentimento de controle e a esperança, e que o coloque em um papel ativo, positivo e
não em um papel passivo de vítima. A equipe deve ajudar o paciente a desenvolver
mensagens de auto diálogo que aumentam no paciente:
 Segurança
 Sensação de controle

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 Capacidade de adaptação
 Otimismo
 Esperança

UTI NEONATAL

Uma das características do período neonatal são as altas taxas de


morbimortalidade devido ser uma fase de grande fragilidade do ser humano e a alta
propensão a ocorrência de sequelas muitas vezes incapacitantes e de longa duração.
Para que estas taxas diminuam e haja a recuperação de alguma patologia que venha
ocorrer neste período sem que haja sequelas, é indicado o encaminhamento para
Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal (UTIN).
Na unidade de cuidados intensivos neonatais são internados, principalmente, os
recém-nascidos prematuros, que correm risco de vida e necessitam de cuidados 24h por
dia, bem como aqueles que sofreram algum problema ao nascimento.

HISTÓRICO

A história do surgimento da Neonatologia é relatada por AVERY (1984) em seu


livro "Neonatologia, Fisiologia e Tratamento do Recém-Nascido". Segundo este autor, a
Neonatologia, como especialidade, surgiu na França. Um obstetra, Dr. Pierre Budin,
resolveu estender suas preocupações além da sala de parto e criou o Ambulatório de
Puericultura no Hospital Charité de Paris, em 1882. Posteriormente, chefiou um
Departamento Especial para Debilitados estabelecido na Maternidade por Madame
Hery, antiga parteira chefe. Em 1914, foi criado por um pediatra, Dr. Julius Hess, o
primeiro centro de recém-nascidos prematuros no Hospital Michel Reese, em Chicago.
Depois disso, foram criados vários outros centros, que seguiram os princípios do

82
obstetra, Dr. Budin e do pediatra, Dr. Hess, para a segregação dos recém-nascidos
prematuros com a finalidade de lhes assegurar enfermeiras treinadas, dispositivos
próprios, incluindo incubadoras e procedimentos rigorosos para a prevenção de
infecções.
Um centro criado em 1947, na Universidade do Colorado, além dos cuidados
prestados aos prematuros, possuía leitos para mães com gravidez de risco para parto
prematuro e programas de treinamento para médicos e enfermeiros para serem
ministrados em todo o Colorado.

INSTALAÇÃO

Na instalação de uma unidade de atendimento ao RN e gestante tem-se


seguindo o modelo de 'Sistema de Regionais Integrado e Hierarquizado'. Este modelo
tem implícita a assistência integral à gestante e ao RN, sendo que a atenção é efetuada
dentro do nível hierárquico em que o caso for indicado. No caso de maternidades, o
sistema prevê três níveis com um adequado sistema de referência e contra referência
entre eles, a saber:

 PRIMÁRIO: será feito o acompanhamento de gestante e RN de baixo risco, identificando e


encaminhado os casos de maior risco para os próximos níveis de assistência mais complexa.
 SECUNDÁRIO: acompanhará gestantes e RN de baixo e médio risco, selecionando e
encaminhado casos de maior risco para os Centros mais habilitados para o seu
atendimento.
 TERCIÁRIO: destinado ao atendimento de gestante e RN de alto risco e de internação de RN
com algumas patologias, transportados de outras unidades para a Unidade de
Tratamento Intensivo Neonatal (UTIN).

A UTIN deve ser localizada dentro de uma estrutura hospitalar que disponha de
recursos para o diagnóstico e tratamento de qualquer tipo de patologia neonatal,
incluindo os procedimentos especializados (cateterismo umbilical e cardíaco, cirurgia
neonatal, assistência ventilatória, monitorização de dados vitais, etc.), próxima do centro
cirúrgico e sala de parto.

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A UTIN precisa ser bem planejada, para evitar falta ou leitos ociosos e para isto é
preciso considerar alguns fatores importantes, como:

 Localização geográfica;
 População assistida;
 Taxa de crescimento populacional;
 Recursos disponíveis (físicos e humanos);
 Índice de prematuridade;
 Número de admissão potencial de uma UTIN;
 Ocupação média de um leito.

A UTIN pode ser dividida nas seguintes áreas:

 Sala de Admissão do RN (primeiros atendimentos): local aonde ocorre a recepção


do RN de partos não contaminados e aonde permanecerão em observação nas
primeiras quatro horas de vida. Cada sala deve ter, no máximo, seis leitos, com
área mínima de 2,50m2 por berço.
 Sala para RN em Observação (opcional): destinada aos RN com mais de 4 horas
de nascimento que, embora não patológicos, estejam por algum motivo
impedidos de fazerem uso do alojamento conjunto. Cada sala deverá contar
com, no máximo, quatro leitos, com área mínima de 2m2 por berço e distância de
60 cm, no mínimo, por leito.
 Sala de Cuidados Intermediários: indicada para RN que precisarão de tratamento
simples por problemas não infecciosos, ou para RN que saíram da fase aguda da
doença, mas necessitam de cuidados específicos de enfermagem. Cada sala deve
ter, no máximo, seis leitos, com área de 2 a 2,5m2 por berço e espaço de 60 cm
entre os berços.
 Sala de Cuidados Especiais (incluindo Unidade de Tratamento Intensivo):
destinado a RN de alto risco que necessitem de recursos físicos e humanos
especializados para prestação de cuidados médicos hospitalares constantes. Cada
sala deve ter, no mínimo, quatro leitos, respeitando área mínima de 2,5m 2 à 5m2,
com espaço mínimo de 80 cm entre berços.
 Isolamento: destinados aos RN com diagnóstico confirmado de de processo
infeccioso, conforme as normas da Comissão de Controle de Infecções

84
Hospitalares (CCIH). Cada sala deve conter seis leitos, no máximo, área mínima
de 2,5m2 por berço e distância mínima de 80cm. Deve ser considerada a
proporção de berços para o total de RN, sendo adequado um berço de
isolamento para cada 20 RN (5% do total de leitos).

A UTIN deve contar ainda, para o seu funcionamento, com:

 Posto de Enfermagem
 Sala de Serviço
 Rouparia
 Sala de Amamentação
 Área de Apoio:
 Depósito de Armazenamento de Material;
 Depósito de Armazenamento de Medicamento;
 Depósito para Equipamento;
 Sala de Ordenha/amamentação;
 Central de Enfermagem;
 Chefia de Enfermagem;
 Expurgo;
 Consultório/escritório médico;
 Repouso Médico.

Serviço de Apoio:

Laboratório próprio, equipado no mínimo com:

 Micro centrífugo;
 Bilirrubinômetro;
 Refratômetro;
 Aparelho de gasometria;
 Kit para glicemia;
 Kit para colheita de bacteriologia;
 Aparelho para dosagem de eletrólitos;
 Diagnóstico por imagem (raios-X, ultrassonografia e ecografia);

85
 Hemoterapia.

RECURSOS HUMANOS

A assistência a um RN exige vigilância constante de pessoal competente e bem


treinado, dadas às características de emergência, frequentemente oligossintomática, da
patologia neonatal.

EQUIPE MÉDICA

 1 MÉDICO CHEFE
 1 MÉDICO PLANTONISTA/ 24H/ 100 NASCIMENTOS/ MÊS (deverá estar presente
em todos os partos para realizar a assistência ao RN durante as 24h do dia.
 2 MÉDICOS DIARISTAS/100 NASCIMENTOS/ MÊS

EQUIPE DE ENFERMAGEM

A Equipe de Enfermagem da Unidade de Neonatologia deverá permanecer sob a


supervisão constante de uma enfermeira com treinamento específico em neonatologia.
Todo o pessoal auxiliar deve ser submetido a treinamento prévio e mantido em
atualização constante e fixo no setor.

CUIDADOS INTERMEDIÁRIOS

A equipe de enfermagem deverá contar com, no mínimo, um elemento para


cada quatro RN por plantão.

CUIDADOS ESPECIAIS

A equipe de enfermagem deverá contar com um elemento para cada um ou dois


RN, no máximo, por plantão.

OUTROS PROFISSIONAIS DA EQUIPE DA UNIDADE NEONATAL

 Assistente Social;
 Fonoaudiólogo;
 Nutricionista;
 Psicólogo;

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 Fisioterapeuta e outros.

INDICAÇÃO PARA A UTIN

 Baixo peso, <1500g, grandes ou pequenos para idade gestacional;


 Pré-termo;
 Filho de mãe diabética;
 Malformação;
 Suspeita de infecção congênita;
 Icterícia não fisiológica;
 Pós-maturidade;
 Asfixia perinatal;
 Duração do parto ativo: PRIMÍPARA: +24h, MULTÍPARA: + de 12h, Segundo
Estágio: + de 2h;
 Anomalias congênitas importantes;
 Anemia Aguda;
 Síndromes Hemorrágicas;
 Convulsões;
 Pré e pós-operatório;
 Prolapso de Cordão Umbilical;
 Sofrimento fetal crônico, subagudo, ou agudo;
 Placenta prévia ou descolamento de placenta;
 Parto difícil ou toco traumatismo;
 Gravidez múltipla;
 Parto cesárea (observação);
 Parto pélvico (observação);
 Oligo e polidrâmio;
 Membrana Hialina ou outra dificuldade respiratória;
 Sepsis;
 Doença hemolítica;
 Cardiopatia congênita;
 RN sintomático.

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RECURSOS MATERIAIS

Todas as salas deverão ter número suficiente de pontos de vácuo, de oxigênio e


de instalações elétricas.

SALA DE ADMISSÃO
Deverá ter:

 Antessala com lavatório de água corrente e solução antisséptica, de preferência


acionada pelos pés ou cotovelos;
 Berço aquecido (um para cada 35 nascimentos/mês);
 Fonte de oxigênio canalizado (um para cada berço);
 Fonte de aspiração (uma para cada dois berços);
 Armário com roupas limpas;
 Antropômetro e uma balança (de preferência, eletrônica).

SALA DE OBSERVAÇÃO

 Antessala com lavatório de água corrente e solução antisséptica, de preferência


acionada pelos pés ou cotovelos;
 Berço, de preferência de acrílico, que permita mudanças de eixo horizontal (1
para cada 40 nascimentos/mês);
 Aparelho de fototerapia (1 para cada 3 berços);

SALA DE CUIDADOS INTERMEDIÁRIOS

 Antessala com lavatório de água corrente e solução antisséptica, de preferência


acionada pelos pés ou cotovelos;
 Dispositivo de toalha de papel;
 Recipiente para toalhas usadas;
 Armário de roupas limpas;
 Hampers;
 Berços individuais, de preferência de acrílico;
 Fonte de oxigênio canalizado (um para dois berços);
 Fonte de aspiração (uma para cada dois berços);
 Tomadas elétricas com terragem (um para cada berço);
 Uma balança para cada 10 RN (de preferência eletrônica);

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 Aparelho de fototerapia (1 para cada 2 berços);
 Otoscópio, oftalmoscópio, martelo de pesquisa de reflexo;
 Medidor de pressão não invasivo (1 para cada 3 berços);
 Material para reanimação do RN de tamanho adequado;
 Material para cauterização umbilical;
 Berço aquecido (um para cada 120 nascimentos/mês);
 Oxímetro, um para cada incubadora;
 Nebulizadores e umidificadores;
 Capacetes, um para dois RN;
 Incubadoras, uma para cada 120 nascimentos/mês;

SALA DE CUIDADOS ESPECIAIS (UTI E SEMI - INTENSIVO)


Deverá ter:

 Instalações elétricas: 10 a 20 tomadas elétricas aterradas e ligadas aos circuitos de


emergência do gerador;
 Dois a quatro pontos de oxigênio por leito;
 Dois pontos de ar comprimido por leito;
 Dois a três pontos de vácuo por leito;
 Iluminação suplementar através de aparelho de braço articulado;
 Temperatura mantida entre 27 a 280C;
 Umidade relativa do ar em 50%;
 Piso sem fresta e lavável;
 Antessala com lavatório de água corrente e solução antisséptica, de preferência
acionada pelos pés ou cotovelos;
 Teto rebaixado para facilitar a limpeza;
 Portas e esquadrias pintadas com tinta lavável;
 Itens de segurança anti-incêndio e saída de emergência;
 Um monitor de freqüência cardíaca por leito;
 Um monitor de apnéia por leito;
 Um respirador por leito;
 Capacetes, um por leito;
 Oxímetro, um para cada incubadora;
 Nebulizadores e umidificadores, um por leito;

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 Um medidor de pressão não invasivo, um por leito;
 Material para reanimação do RN de tamanho adequado;
 Uma bomba de infusão por leito;
 Aparelho de fototerapia, 1 por leito;
 Um aparelho portátil de RX, um de ultrassonografia com transdutor neonatal;
 Material descartável;
 Um saturímetro por leito;
 Incubadora de parede dupla, uma para cada 30 nascimentos/mês.

ISOLAMENTO

 Incubadora de parede dupla, 1% do número de nascimentos/mês;


 Aparelho de fototerapia, 0,5% dos nascimentos/mês;
 Antessala com lavatório de água corrente e solução antisséptica, de preferência
acionada pelos pés ou cotovelos e com pressão negativa;
 10% dos leitos de isolamento deverão ser leitos de cuidados intensivos. Os leitos
intensivos, sempre que possível, deverão estar em Box próprio, isolado dos
demais.

CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR EM UTI NEONATAL

O melhor meio de evitar infecção hospitalar dentro de uma UTI Neonatal e em


todo hospital é a lavagem de mãos.

ENFERMAGEM NA UTI NEONATAL

O trabalho da enfermeira dentro de uma UTIN é um desafio constante, pois


requer vigilância, habilidade, respeito e sensibilidade, porque o paciente que vai ser
atendido não fala, é extremamente vulnerável e altamente dependente da equipe que
lhe está prestando assistência.

A enfermeira é responsável por promover a adaptação do RN ao meio externo


(manutenção do equilíbrio térmico adequado, quantidade de umidade, luz, som e
estimulo cutâneo), observar o quadro clínico (monitorização de sinais vitais e emprego
de procedimentos de assistência especial), fornecer alimentação adequada para suprir
as necessidades metabólicas dos sistemas orgânicos em desenvolvimento (se possível,

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aleitamento materno), realizar controle de infecção, estimular o RN, educar os pais,
estimular visitas familiares, elaborar e manter um plano educacional, organizar,
administrar e coordenar a assistência de enfermagem ao RN e a mãe, desenvolver
atividades multidisciplinares, orientar o ensino e supervisionar os cuidados de
enfermagem prestados, entre outras atividades (VIEGAS, 1986; FONTES 1984).

Em neonatologia é necessário à conscientização de que quanto mais cedo forem


identificados os fatores de risco para o RN, melhores as condições para serem ajudados.
Este é um dos papéis da enfermagem neonatal para promover segurança ao RN.

Além da assistência ao RN, caberá enfermagem o controle do uso e conservação


dos materiais e instrumental, registro de todas as ocorrências importantes referentes ao
RN, bem como ao pessoal, as mudanças de procedimento, entre outras coisas.

Um aspecto importante para assistência de enfermagem neonatal é a criação de


um ambiente propício para o tratamento do RN, livre de estímulos nocivos, que
promova o desenvolvimento positivo do RN e minimize os efeitos negativos da doença
e da separação dos pais.

O papel da enfermagem envolve o relacionamento com os familiares do RN. No


período neonatal estaria fortalecendo-se o vínculo afetivo entre mãe e filho, mas
quando a criança precisa ser encaminhada para uma UTIN, logo após o parto, esta
ligação fica prejudicada. A enfermeira deve ajudar os pais a começarem a estabelecer o
vínculo com seu filho durante a internação na UTIN. É necessário explicar os
procedimentos realizados, o tratamento e reforçar continuamente as informações
passadas pelo médico do RN em relação à sua condição e prognóstico. A enfermeira
constitui, portanto, a fonte de apoio para os pais.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FCCS. Fundamental critical care support, 2a ed. AMIB, 1998.

Nettina S.M. et al. PRÁTICA DE ENFERMAGEM, 6ª ed, Guanabara Koogan, Vol.01


Rio de Janeiro, 1998.

ACLS. Advanced cardiac life support, American Heart Association, 1997-1999.

INTERNET (htpp/www.ufpe.br/utihc/irpa.htm).

AVERY, G.B. Neonatologia, Fisiologia e Tratamento do Recém-Nascido. 2 ed., Rio


de Janeiro: Medsi, 1984, 1035 p.

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