Você está na página 1de 4

II SIEPS

XX ENFERMAIO
I MOSTRA DO INTERNATO EM ENFERMAGEM

Fortaleza - CE
23 a 25 de Maio de 2016

VALIDAÇÃO DE CONTEÚDO DA CONDOM SELF-EFFICACY SCALE


PARA USO NO BRASIL
Carla Suellen Pires de Sousa1, Escolástica Rejane Ferreira Moura2, Régia Christina Moura Barbosa Castro2, Anaíze Viana Bezerra de
Menezes1, Ana Karina Bezerra Pinheiro1, Priscila de Souza Aquino2.
1. Universidade Estadual do Ceará - Fortaleza
2.Universidade Federal do Ceará- Fortaleza

carla_suellenps@hotmail.com

EIXO: INTERNACIONALIZAÇÃO DOS SABERES NA PRÁTICA CLÍNICA E NA DOCÊNCIA EM


ENFERMAGEM E SAÚDE

Introdução
Autoeficácia influencia o uso do preservativo e pode ser estimulada entre adolescentes e
adultos jovens para aumentar adesão ao método (HANNA, 1999). Por ser também
considerada convicção de que se pode executar com sucesso determinada tarefa
(BANDURA, 1997), autoeficácia propicia confiança na própria capacidade de utilizar o
preservativo, tornando a atividade sexual segura. Diante da influência da autoeficácia nos
resultados satisfatórios, essa crença tem mostrado poderoso preditor em vários domínios
da saúde. Por isso, vários autores desenvolveram instrumentos e escalas utilizando tal
conceito (DENNIS, 1999; SOUZA; SILVA; GALVÃO, 2002; JOVENTINO, 2013). Em
1999, pesquisadora enfermeira norte-americana da Universidade de Indiana, nos Estados
Unidos, desenvolveu a Condom Self-Efficacy Scale (CSE), com objetivo de avaliar a
percepção de autoeficácia do uso do preservativo entre adolescentes e adultos jovens.
CSE é instrumento multifatorial que mensura conjunto de habilidades cognitivas,
motivacionais, além de variáveis sociais e comportamentais que revelam a autoeficácia na
utilização do preservativo. Foi desenvolvida a partir de vasta análise da literatura
disponível, bem como da experiência da pesquisadora, acerca da temática (HANNA,
1999). Assim, objetivou-se avaliar a validade de conteúdo da Condom Self-Efficacy Scale
para mensurar a autoeficácia no uso do preservativo.

Metodologia
ISSN: 2446-533X
Trata-se de uma pesquisa metodológica. Os estudos metodológicos abordam o
desenvolvimento, a validação e a avaliação de métodos de ferramentas e de pesquisa
(POLIT; BECK, 2011). A validação de conteúdo tem a finalidade de avaliar se a escala e
os itens que a constitui são contempladas no domínio do conteúdo que o pesquisador
pretende medir (LOBIONDO-WOOD; HABER, 2001). Os critérios para seleção dos
especialistas foram construídos pelos autores do estudo, embasado por leituras de
pesquisas de tradução e validação realizadas no Brasil (CONTI; HEARST; LATORRE,
2011; FIUZA; SARRIERA; BEDIN, 2013). Após o percurso para a seleção dos
especialistas, foi enviado por meio eletrônico uma carta convite para 56 especialistas com
o intuito de diversificar o comitê de também considerando as perdas; destes 23 se
disponibilizaram a participar da pesquisa. Os critérios avaliados pelo comitê de
especialistas quanto aos itens da escala foram: clareza e compreensão, pertinência do
item ao constructo, classificação dos itens em seus domínios, relevância do item e grau
de relevância (1. Irrelevante; 2. Pouco relevante; 3. Relevante; 4. Muito relevante).
Ressalta-se que, após o recebimento, as respostas foram analisadas e um instrumento foi
excluído por estar incompleto, totalizando a amostra final de 22 especialistas. Após a
avaliação da escala pelo comitê de especialistas, utilizou-se o Índice de Validação de
Conteúdo (IVC) que avalia a concordância dos especialistas em relação ao conteúdo que
a escala representa. O projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa
da Universidade de Federal do Ceará, por meio da Plataforma Brasil, e aprovado
conforme o parecer 702.946/2014

Resultados e Discussão
Os responsáveis pela validação de conteúdo da escala foram 22 enfermeiros. Do total,
86,3% eram do gênero feminino. Em relação à área de atuação, 72,7% exerciam
exclusivamente a pesquisa e a docência e 31,8% atuavam tanto na docência quanto na
área assistencial. O tempo de formação dos profissionais variou de 3 a 38 anos e a
experiência profissional de 2 a 29 anos. Baseado nos índices de validação de conteúdo
(IVC) constatou-se que oito itens obtiveram escores maior ou igual a 0,85. No entanto,
dois itens do instrumento, o item 6 (Eu poderia usar um preservativo sem que ele
escorregasse) e o item 12 (Eu conversaria sobre o uso do preservativo com um possível
parceiro (a) sexual antes de começarmos a nos abraçar e beijar) obtiveram valores do
IVC inferior a 0,78. Assim, necessitaram de revisão e de nova avaliação pelos
especialistas (POLIT; BECK, 2006).

ISSN: 2446-533X
No entanto, dois itens do instrumento, o item 6 (Eu poderia usar um preservativo sem que
ele escorregasse) e o item 12 (Eu conversaria sobre o uso do preservativo com um
possível parceiro (a) sexual antes de começarmos a nos abraçar e beijar) obtiveram
valores do IVC inferior a 0,78. Assim, necessitaram de revisão e de nova avaliação pelos
especialistas (POLIT; BECK, 2006). Cabe destacar que a validação de conteúdo na
presente pesquisa ocorreu em duas etapas para que os itens obtivessem o consenso
entre pelo comitê de especialistas. Isso acontece quando o acordo absoluto não é
atingido para um item ou são realizados alguns ajustes, ele deve ser reavaliado até que
haja um consenso entre os especialistas (PASQUALI et al , 2010). Resultado semelhante
ocorreu no estudo de Natallo et al. (2014) durante o processo de validação de um
instrumento de avaliação clínica da subida e descida de escadas de indivíduos com
hemiparesia, em que houve a necessidade de reavaliação dos itens pelo comitê de
especialista. Essa reavaliação dos itens pelo comitê é uma oportunidade de modificá-los,
evitando assim sua exclusão do instrumento. Ressalta-se que a versão final foi aprovada
pelos 22 especialistas do comitê. No presente estudo, a quase totalidade dos itens atingiu
o valor acima de 0,85. O valor desejável para um comitê de especialistas composto por
mais de seis profissionais deve ser igual ou superior a 0,78 (POLIT; BECK, 2006).

Conclusão
No processo de validação de conteúdo, após a realização de alguns ajustes nos itens, os
mesmos foram considerados relevantes, o instrumento ficou constituído por 14 itens,
semelhante à versão original. Conclui-se que essa etapa classificou-se como uma tarefa
árdua, visto que, foram convidados 56 profissionais da área da saúde, com retorno de
apenas 22 especialistas.

Referências

ISSN: 2446-533X
BANDURA, A. Self- Efficacy: the exercise of control. New Work: WH Freeman and
Company, 1997.

CONTI, M.A.; HEARST, N., LATORRE, M.R.D.O. Tradução e validação para o Brasil
da escala de imagem corporal para adolescentes Offer Sel-Image Questionnaire
(OSIQ). Rev Bras. Epidemiol., v.14, n.3, p.308-21. 2011.

DENNIS, C.L.; FAUX, S. Development and psychometric testing of Breastfeeding Self-


Efficacy Scale. Rev Nurs Health, v.22, n.5, p.399-9. 1999.

FIUZA. P.J.; SARRIERA, J.C.; BEDIN, L.M. Educação a distância- tradução,


adaptação e validação da escala de motivação EMITICE. Ass. Bras. Psicol. Escol.
Educ., São Paulo, v. 17, n.1, p.45-53, jan/jun.2013.

HANNA, K.M. An adolescent and yong adult condom self-efficacy scale. Journal of
Pediatric. Nursing, v.14, n.1, p. 59-66, feb. 1999.

JOVENTINO, E.S.; ORIÁ, M.O.B.; SAWADA, N.O.; XIMENES, L.B. Validação aparente
e de conteúdo da escala de autoeficácia materna para prevenção da diarréia infantil.
Rev. Latino-Am. Enfermagem, v.21, n1, p.1-9. 2013.

LOBIONDO-WOOD, G.; HABER, J. Pesquisa em enfermagem: métodos, avaliação


crítica e utilização. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.

NATALIO, M.A.; FARIA, C.D.C.M.; TEIXEIRA-SALMELA, L.F.; MICHAELSEN,


S.M. Validação de conteúdo do instrumento de avaliação clínica da subida e descida
de escadas em indivíduos com hemiparesia. Braz. J. Phys. Ther. [online], São Carlos,
v.18, n.4, p.353-63, july. 2014. Acesso em 01 mar. 2015. Disponível em: <
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-
35552014000400008&script=sci_arttext&tlng=pt>.

PASQUALI, L.; CAPOVILLA, A. G. S.; ALONSO, A. O. L.; ALVES, A. R.; BORBA, A. C.


P.; BATISTA, C. G. Instrumentação psicológica: fundamentos e práticas. 1. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2010.

POLIT, D.F.; BECK, C.T. The Content Validity Index: are you sure know what´s being
reported? Critique and recommendations. Res.Nurs.Health. v. 29, n.5, p.489-97.2006.

POLIT, D. F.; BECK, C. T. Fundamentos de pesquisa em enfermagem. 7. ed. Porto


Alegre: Artmed, 2011.

SOUZA, G.A.; SILVA, A.M.M.; GALVÃO, R. A autoeficácia como mediadora da


melhora em índices clínicos de saúde oral. Pesq. Odontol. Bras. v.16, n.1, p.57-62.
2002.

ISSN: 2446-533X

Você também pode gostar