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SEMINÁRIO “TRABALHO INFANTIL,

APRENDIZAGEM E JUSTIÇA DO TRABALHO”

“AUTORIZAÇÃO JUDICIAL PARA TRABALHO :


COMPETÊNCIA”
SIRO DARLAN.
Desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro

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Direito à profissionalização e à
proteção no trabalho
Marcos legais:
• CLT
• Lei 10.097 de 2000.
• Estatuto da Criança e do Adolescente - Lei
8069/90
• Direito autônomo: a normativa internacional e as regras
constitucionais lhe dão a base; princípios de sua distinção; diplomas legais
específicos o separam de outros ramos; didática particular determina o
aprendizado de suas diferenças.

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Cap. V - Direito à profissionalização
e a proteção no trabalho
• De 16 a 18 anos: Trabalho protegido, com todos os
direitos trabalhistas e previdenciários.
• Promoção dos jovens no mundo do trabalho como
forma de inserção social.
• Atento à autonomia do direito da criança e do
adolescente como titulares de direitos o legislador
elegeu a Justiça da Infância e da Juventude a
competência para apreciar os conflitos originário dos
direitos assegurados pelo ECA.

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Do Juiz da Infância e da Juventude
• Direito à profissionalização como decorrência
do processo educacional que visa o pleno
desenvolvimento da pessoa em
desenvolvimento, preparo para o exercício da
cidadania e qualificação para o trabalho.

• JIJ como elo do Sistema de Garantia de


Direitos com o Conselhos Tutelares, de
Direitos, MP, Defensoria Pública, Secretarias
Sociais, etc...
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Art. 146 ECA - A autoridade é o Juiz da Infância e da Juventude.

Compete ao Juiz da Infância e da Juventude não apenas a apreciação de violação de


direitos individuais, mas também coletivos e difusos de crianças e adolescentes,
procedendo, ainda, o controle de entidades de atendimento por seu dever de fiscalização
(art. 95) e seu poder de aplicar-lhes as medidas cabíveis quando infrinjam preceitos
garantidores de direitos.
Compete, ainda disciplinar, através de portaria, mediante alvará a entrada e
permanência em estádios, ginásio e campo desportivo, bailes ou promoções dançantes,
boate ou congêneres, casa de diversões eletrônicas, estúdios cinematográficos, teatro,
rádio e televisão, além de participação em espetáculos públicos e seus ensaios e certames
de beleza.(art.149).
É de especial importância para o Sistema de Justiça Nacional a elevação de crianças e
adolescentes a categoria de sujeitos de direitos, e é a Justiça da Infância e da Juventude a
depositária destes valores e responsável pela garantia de sua implementação. A
transformação da realidade de iniquidades sociais que marca nossa história só se dará
pelo efetivo exercício de direitos por crianças, adolescentes e suas famílias.
Sob a égide do princípio constitucional da prioridade absoluta em favor de crianças e
adolescentes deve atuar, quando necessário, com efetiva preferência, afinco e eficiência
na materialização das normas de cidadania insculpidas no art. 227 da Constituição
Federal.
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COMPETÊNCIAS DECORRENTES DA AUTONOMIA DO DIREITO DA
CRIANÇA E DO ADOLESCENTE:

• Trafico internacional de drogas.


• Adoções internacionais.
• Atos Infracionais da competência da Justiça
Federal e da Justiça Militar.
• “A Constituição Federal, ao tratar dos Direitos Sociais no seu Capítulo II,
deixa claro que o direito ao trabalho (art. 6º) é anterior ao Direito do
Trabalho (art. 7º), posto que o primeiro trata da dignidade da pessoa
humana e da possibilidade de inclusão social.”

• O direito à profissionalização e a proteção do trabalho do adolescente tem


como foco o seu pleno desenvolvimento e a promoção da cidadania do
adolescente como pessoa em formação.

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Lei 10.097/2000:
• Empresas com mais de 100 funcionários devem
contratar jovens de 14 a 24 anos, sem experiência
profissional como aprendizes cumprindo cotas que
variam de 5% a 15% dos funcionários.
• Jovens devem receber aulas de capacitação teórica
de acordo com as respectivas áreas de atuação.
• IBGE : 7 em cada 10 jovens fora do mercado de
trabalho. RJ: 24% de taxa de desocupação.
• Brasil: 3º lugar na taxa de homicídios de jovens com
51,7 homicídios para cada 100 mil jovens.

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O trabalho do aprendiz tem finalidade educativa e propicia aos jovens envolvidos um
primeiro contato com o mundo do trabalho, onde o menos importante é o tipo de
tarefa desenvolvida e o primordial é a oportunidade de aprender a cumprir horário,
receber ordens, ter disciplina no cumprimento de tais tarefas e conviver com outros
trabalhadores no âmbito de uma organização empresarial ou pública, priorizando a
frequência ao ensino formal.

“Sem dúvida, o juiz, ao interpretar a lei, não pode tomar liberdades inadmissíveis com
ela. Mas, de outro lado, não deverá quedar-se surdo às exigências do real e da vida. O
direito é essencialmente uma coisa viva. Está ele destinado a reger homens, isto é, seres
que se movem, pensam, agem, mudam, se modificam. O fim da lei não deve ser a
imobilização ou a cristalização da vida, e, sim, manter contato íntimo com esta, segui-la
em sua evolução e adaptar-se a ela. Daí resulta que o direito é destinado a um fim social,
de que deve o juiz participar ao interpretar as leis, sem se aferrar ao texto, às palavras,
mas tendo em conta não só as necessidades sociais que elas visam disciplinar, como
ainda as exigências da justiça e da eqüidade que constituem o seu fim. A interpretação
das leis não deve ser formal, mas sim, antes de tudo - real, humana, socialmente útil”.
(Henri de Page, jurista belga citado pelo magistrado Waldir Vitral em sua obra
Deontologia do Magistrado, do Promotor de Justiça e do Advogado, editora Forense, pag.
40).

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O saudoso ministro do STF, Orozimbo Nonato, também citado na mesma obra (pag.
41) afirmou: “não é ele o juiz um mero aplicador mecânico de normas e leis. Sua função
verdadeira, a que tem sido fiel no curso da História, é a de adaptador do texto abstrato à
realidade palpitante e, às vezes, dramática que os pleitos oferecem”.

Valentin Carrion, ao comentar o trabalho do menor aprendiz assevera que “O


legislador não aprendeu a lição da experiência; a política de ‘proteção’ ao menor, com
exigências dos teóricos de aprendizado metódico, difícil e caro, contribuiu para jogar ao
relento das ruas milhares de menores, que poderiam estar protegidos das drogas e da
mendicância pelas únicas exigências de pequena remuneração patronal e da escolaridade.
A Emenda Constitucional 20 prossegue no desmanche: aprendiz somente após 14 anos (e
não o menor de 14 como dizia a CF/88); a essa idade já fugiu dos pais e, às vezes, já
aprendeu a trabalhar com traficantes, roubar e até matar, com passagem ou não pela
Febem; até lá o menor, que poderia ter tido a proteção referencial de um trabalho e a
vigilância de um tutor-empregador para sua freqüência à escola, terá recebido o
aprendizado das esquinas e do abandono.” (Comentários à Legislação das Leis do Trabalho,
36ª edição, 2007, pág. 144).

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A Constituição Federal, ao tratar dos Direitos Sociais no seu Capítulo II, deixa claro
que o direito ao trabalho (art. 6º) é anterior ao Direito do Trabalho (art. 7º), posto que o
primeiro trata da dignidade da pessoa humana e da possibilidade de inclusão social.
Além do que, o programa de assistência ao adolescente merece tratamento distinto
daquele estabelecido pelas normas de Direito Individual do Trabalho que protegem o
adolescente que ingressa no mercado através da aprendizagem ou do estágio
profissionalizante.
É necessário concluir que o trabalho educativo difere do trabalho de fundo
econômico, voltado exclusivamente para a subsistência. Há que se fazer a distinção entre
aquele que efetivamente vende sua força de trabalho como meio de subsistência
daquele que, ao desenvolver uma atividade laborativa, agrega valores à sua
personalidade, a sua formação e ao seu desenvolvimento pleno.

A Lei do Estágio (Lei nº 6.494/77), admite o estágio para estudantes do ensino médio
não profissionalizante, direta e especificamente, objetivando exatamente capacitar o
estudante, através do seu desenvolvimento pessoal e social, para uma parte do mercado
de trabalho onde a profissionalização não é condição sine qua non para a conquista de
uma vaga.

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Trabalho protegido: fator de proteção
individual e social

• Evita envolvimento em atividades ilegais


• Melhora nível de vida da família
• Insere num mundo organizado e regrado
• Motiva o jovem a profissionalizar-se
• Ajuda no pleno desenvolvimento da pessoa
• Exercício de cidadania e qualificação para o
trabalho.
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CRIANÇA E ADOLESCENTE : PROTEÇÃO INTEGRAL À NOSSA PRIORIDADE ABSOLUTA

MUITO OBRIGADO !

SIRO DARLAN – desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro


Membro da Associação Juízes para a Democracia
sdarlan@tjrj.jus.br E siro4darlan@hotmail.com
www.blogdosirodarlan.com
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