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Março de 2009
Carta da CNM
Diretoria CNM
Presidente
A melhoria da gestão pública municipal passa neces-
sariamente pelo avanço dos procedimentos de compras,
Paulo Roberto Ziulkoski
ampliação da disputa, aumento da competitividade.
Primeiro Vice-Presidente
Novos procedimentos vêm sendo criados e incorporados
Fernando Antônio Lobato no dia-a-dia das administrações públicas federal, estaduais
e municipais.
Segundo Vice-Presidente
Celso Cota Neto Com a aprovação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa
– Lei Complementar – 123/06 as micro e pequenas empre-
Primeiro Secretário
sas passam a ter uma ferramenta objetiva que lhes pro-
Marcos Monti
porciona tratamento diferenciado e favorecido.
Primeiro Tesoureiro
Mauri Eduardo de Barros Heinrich Cabe agora um amplo esforço de qualificação dos servido-
res públicos em todo o Brasil e dos fornecedores locais para
que eles possam incorporar os avanços da nova legislação
a fim de garantir ampla participação dos representantes do
comércio local, sem comprometer a eficácia, eficiência e
transparência dos processos de compras governamentais.
Paulo Ziulkoski,
Presidente da CNM
Carta do Sebrae
Paulo Okamotto
Diretor-presidente do Sebrae
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS.
A reprodução não autorizada dessa publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos direitos
autorais ( Lei nº 9.610)
Coodernação do projeto
Diretoria Técnica da CNM
Unidade de Políticas Públicas do Sebrae
Autores
Luís Maurício Junqueira Zanin
Cláudio Pereira Barreto
Editoração Eletrônica
Lucas Ribeiro França
Colaboração
Simone Vieira
Eduardo Viana - Themaz Comunicação Ltda.
Ficha Catalográfica
Bibliografia .......................................................................................................................................................................... 49
Compras públicas governamentais: seu novo canal de negócios 9
Introdução
Os maiores desafios para compradores e órgãos de controle de toda a administração pública são:
conhecer, regulamentar e incorporar as mudanças dos processos de compras governamentais de
nosso país de acordo com a nova legislação em vigor.
A provação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas – Lei Geral (Lei Complementar 123/2006)
trouxe mudanças profundas no Capítulo V – Do Acesso aos Mercados, no que diz respeito às condições
de competitividade das Micro e Pequenas Empresas e criou novos procedimentos operacionais para
toda a administração pública brasileira. A lei já está em vigor, mas muitos ainda não sabem como agir.
Os anos de 2007 e 2008 foram os anos de informação, mas a partir de 2009 entendemos que o pleno
conhecimento e implantação dos benefícios da nova legislação mudarão de forma marcante e defini-
tiva a realidade do cenário Brasileiro.
Trata-se de assunto novo, que vem respaldado por uma mudança de paradigma que leva a transfor-
mações radicais nos procedimentos de gestão do Estado. Surgem como desafios à implantação de
novas sistemáticas de controle por parte dos órgãos fiscalizadores, à criação de regulamentos opera-
cionais pelos entes federados, à adaptação dos sistemas eletrônicos de compras existentes, à criação
de uma nova cultura entre compradores e fornecedores e à pacificação das dissonâncias jurídicas com
posicionamentos claros dos tribunais de contas a respeito da correta interpretação e aplicação da lei.
Há novos limites para serem construídos por todos os atores, e muito trabalho a ser feito.
• Informar e convencer os governantes e os gestores públicos sobre o novo cenário legal e sobre
a importância de assumirem o protagonismo no processo de mudança em seus órgãos.
Acreditamos que mais do que mudar os procedimentos de compras públicas do Brasil a legislação
veio para mudar o Brasil, por meio das compras públicas.
O presente trabalho não pretende esgotar nenhum dos aspectos das nuances jurídicas e
operacionais relativas à contratação pública no Brasil. Trata-se de um breve ensaio em
forma de cartilha, uma obra em franca evolução devido ao momento de regulamentação
dos procedimentos em todos os âmbitos governamentais e da construção do novo
pensamento sobre o tema.
Ao optarmos por fornecer para o setor público devemos ter em conta que algumas pequenas coisas
mudam. Precisamos ainda assim garantir qualidade, pontualidade e melhor preço, no entanto, a forma
de relacionamento com os compradores é um pouco diferente e mais formal. Exige o atendimento de
prazos e procedimentos específicos.
Licitação: É a forma como a administração pública realiza a escolha de quem será o fornecedor para
seus produtos e serviços. São procedimentos formais, em que ficam registrados da maneira objetiva
quais são os critérios do que está sendo solicitado e os procedimentos para apresentação de propostas
e lances. Possuem diferentes formas de acordo com o valor do item a ser adquirido ou do grau de com-
plexidade. Pense o seguinte, a compra de material de escritório ou construção de usina hidroelétrica
possuem procedimentos distintos. Todos eles passam por algum tipo de procedimento licitatório.
Segundo o artigo 3 da Lei 8666/93 “destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da iso-
nomia e a selecionar a proposta mais vantajosa para a Administração e será processada e julgada em
estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igual-
dade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julga-
mento objetivo e dos que lhe são correlatos.”
Edital: é documento que é publicado indicando as características da compra. Pode ser obtido direta-
mente nos órgãos ou no site do órgão comprador. O edital nem sempre é gratuito. Pode envolver o
custo de reprodução das páginas ou os custos de tecnologia de informação. Edital é a lei da licitação
e do contrato dela decorrente.
12 Cartilha do For necedor
O edital assemelha-se a um contrato de adesão cujas cláusulas são formuladas unilateralmente, pelo
Estado e aceitas, em bloco, pelos licitantes, vinculando ambas as partes.
Garantia: A critério da autoridade compradora competente, em cada caso, e desde que prevista no
instrumento convocatório, poderá ser exigida prestação de garantia nas contratações de obras, servi-
ços e compras, cabendo ao contratado optar dentre as seguintes modalidades: caução em dinheiro ou
títulos da dívida pública, seguro-garantia ou fiança bancária.
Caução: Modalidade de garantia que o contratado faz para garantir a regular execução de contrato,
podendo ser em dinheiro ou em título da dívida pública.
Comissão de licitação: Comissão, permanente ou especial, criada pela Administração com a função
de receber, examinar e julgar todos os documentos e procedimentos relativos às licitações e ao cadas-
tramento de licitantes.
Compra para entrega imediata: Assim considerada aquela que estabeleça prazo de entrega inferior
a 30 (trinta) dias, podendo ser dispensado o termo de contrato independentemente de valor, desde
que não resultem obrigações futuras, inclusive assistência técnica.
Conhecer estes novos procedimentos e as características de cada licitação permitem aos fornecedores
o acesso a um novo mercado.
Compras públicas governamentais: seu novo canal de negócios 13
Cria procedimentos operacionais e jurídicos que farão a verdadeira revolução no processo de desen-
volvimento econômico e social do Brasil. Faz uma aposta no desenvolvimento de capacidades locais
e na criação de condições objetivas de melhoria das condições de vida das pessoas, dando acesso a
oportunidades de negócios e à ampliação da renda de grupos isolados e menos favorecidos.
Coloca as micro e pequenas empresas e as empresas de pequeno porte no núcleo das discussões das
mudanças dos procedimentos de aquisição pública em todos os âmbitos do Estado Brasileiro, não
como um ator menor, mas como parceiro preferencial no atendimento de suas necessidades.
Prevê uma relação “ganha-ganha” em uma perspectiva de longo prazo. Ao mesmo tempo em que o
Estado se aparelha para poder comprar das MPE, estas terão de se estruturar para atender com produ-
tos e serviços compatíveis com as necessidades do Estado.
É algo que devemos olhar com atenção, pois as mudanças não são poucas, mas vieram para ficar.
Há algumas nuances de como a vida das micro e pequenas empresas pode ser modificada. Basicamente,
ela atua na redução dos riscos do negócio e na ampliação da capacidade competitiva.
Com a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, os órgãos compradores não devem procurar apenas
comprar bem, precisam comprar bem e gerar desenvolvimento. As políticas não são apenas de garan-
tia da economia (economicidade), mas também da melhoria das condições de vida local. Precisam
prever o tratamento diferenciado e simplificado para garantir a promoção do desenvolvimento eco-
nômico e social no âmbito municipal e regional e, até, a ampliação da eficiência das políticas públicas
e o incentivo à inovação tecnológica, desde que previsto e regulamentado na legislação do respectivo
ente. Essas são as linhas gerais traçadas pelo artigo 47 da Lei que prevê, fundamenta e justifica o tra-
tamento diferenciado.
A Lei orienta a uma mudança na cultura aquisitiva do Estado. Permite a criação de reservas específica
de porcentuais de obra e produtos, ou até a realização de licitações exclusivas às MPE. Ela coloca em
linha todos os entes da federação e todos os compradores públicos num tom uníssono para incorpo-
rar e tratar a temática da MPE.
14 Cartilha do For necedor
A aquisição pública em todas as modalidades de licitação, da mais simples até a mais complexa passa a
prever a participação da MPE com tratamento diferenciado, simplificado e favorecido. Esta é a regra.
Risco de crédito: O principal fator de risco para as MPE é o atraso do pagamento. As MPE não possuem
capital para suportar atrasos no seu processo produtivo. A criação da cédula de crédito Microempresa-
rial poderá ser a resposta para a rápida liquidação das dívidas contratadas. Além disso, no caso de exe-
cução de obras que exijam a subcontratação de MPE até 30% do valor licitado, o pagamento poderá
ser feito diretamente à MPE.
Risco de habilitação: Um fornecedor que pretendesse participar de uma licitação de R$10 mil reais,
mas que estivesse com impostos atrasados no valor de R$ 5 mil reais, primeiramente teria de qui-
tar a dívida para depois pensar em concorrer. A empresa não teria condições de participar. Hoje, a
MPE pode participar de todos os processos licitatórios, mesmo que esteja com alguma restrição fiscal,
sendo-lhe concedidos dois dias, prorrogáveis por mais dois dias, para ela pagar a dívida e regularizar
sua situação caso seja considerada vencedora de algum processo. A regularidade fiscal somente será
exigida para fins de assinatura de contrato.
Reduz o risco tributário e abre um novo canal de negócios: Com a simplificação do processo de
abertura, regularização e do processo de tributação, com o recolhimento em guia única de todos os
impostos, garante a emissão do documento fiscal de quitação do produto ou do serviço. A MPE passa
a ser uma empresa formal e pode começar a se relacionar de forma oficial com o setor público.
Nas compras em que a MPE tenha efetuado uma proposta no valor até 10% acima da melhor oferta ela
deverá ser consultada se pretende cobrir a melhor oferta apresentada na licitação e se sagrar ganha-
dora do certame.
Para o pregão eletrônico, ela também será consultada, caso sua oferta esteja 5% acima do menor valor
apresentado.
As MPE concorrem entre si em condições de igualdade, mas caso haja uma oferta de valor abaixo rea-
lizada por uma empresa de médio ou grande porte, as MPE deverão ser consultadas se desejam fazer
uma oferta abaixo do valor. O interessante é que isso é válido para todas as modalidades de licitação.
Mesmo em procedimentos em que originalmente não há oferta de lances, como Convites e Tomadas
de Preços.
Compras públicas governamentais: seu novo canal de negócios 15
A Lei Geral permite que sejam criadas licitações com características muito particulares para atendi-
mento das MPE:
III – em que se estabeleça cota de até 25% (vinte e cinco por cento) do objeto para a contratação de
microempresas e empresas de pequeno porte, em certames para a aquisição de bens e serviços de
natureza divisível.
A possibilidade de ação privilegiada não é irrestrita, devendo ser limitados a 25% do total licitado em
cada ano civil.
A Lei 123/2006 cria condições gerais para facilitar o acesso da MPE aos mercados, mas elas precisam
estar atentas e realizar um passo a passo que garanta segurança operacional no caminho dessas novas
oportunidades de negócios.
A MPE precisa tomar a decisão a favor da formalização e buscar a qualificação para poder operar com
tranqüilidade na realidade das compras governamentais, tanto nas licitações presenciais quanto nas
realizadas no ambiente eletrônico.
16 Cartilha do For necedor
Passo a passo
Com a aprovação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas – Lei Geral (Lei Complementar 123/06),
os processos de abertura, alteração, fechamento, tributação e arrecadação das empresas foram modi-
ficados e simplificados. Todos os órgãos envolvidos, em todas as esferas de competências já estão
informados e se preparando para que possam incorporar as mudanças. Isso é do conhecimento de
todos, portanto ajude a fiscalizar na sua região o que já está sendo feito para que a Lei seja posta em
vigor. Se nada estiver sendo feito, reivindique, comunique e exija. A Lei Geral já está valendo e a Lei é
pra valer.
O importante é que agora você tem direito de exigir que os procedimentos sejam lineares e que não
haja duplicidade de papéis e excesso de burocracia.
Ser cidadão é conhecer e saber exigir seus direitos. A cobrança direta da população é o melhor estímulo
para que as mudanças aconteçam em um curto espaço de tempo. Se na sua região houver burocracia,
excessos ou abusos de qualquer natureza por qualquer órgão, informe ao ministério público, que, no Brasil,
é quem defende o interesse da sociedade e zela pelo respeito à lei.
Para regularizar seu empreendimento a lei garante que todas as informações devem estar claras e
disponíveis na internet para consulta prévia e que todos os documentos sejam apresentados em um
local único. Permite ainda a liberação de alvará provisório, sem vistoria prévia para todas as atividades
que não sejam declaradas de alto-risco.
Procure o Sebrae mais próximo de sua região e saiba como, em um único lugar, resolver todos os pro-
blemas de abertura, alteração e baixa da sua empresa.
Se você já possui empresa formal e quer saber quais são os avanços e os benefícios da Lei Geral, entre em
contato com seu contador, ou procure o Sebrae para verificar em seu caso quais as vantagens de migrar
para o Simples Nacional.
Compras públicas governamentais: seu novo canal de negócios 17
Veremos abaixo que todas as vantagens previstas pela Lei Geral precisam ser aplicadas no dia-a-dia
das organizações. Os editais de licitação devem prever o tratamento diferenciado, abordar a questão
do empate, do direito da MPE apresentar um lance de menor valor caso tenha sua oferta 10% acima
do melhor lance (ou 5% acima no caso dos pregões), do direito a participar do processo mesmo que
possua alguma irregularidade fiscal, sendo-lhe concedidos dois dias para a regularização da situação.
Tais procedimentos precisam ser cumpridos em todas as modalidades de licitação.
Além disso, cada órgão governamental poderá criar procedimentos exclusivos para as MPE ou desti-
nar porcentuais do processo aquisitivo ou da subcontratação de obras. Esses procedimentos podem
ser cumpridos segundo o entendimento e o interesse do administrador ou órgão público.
O fornecedor precisa estar atento à nova forma de realizar licitação pública e cobrar essa postura dos
órgãos contratantes.
Caso as normas não estejam sendo cumpridas, devem-se questionar oficialmente os procedimentos pre-
vistos no edital e pedir o posicionamento da comissão de licitação a respeito do tema, questionando como
estão sendo tratadas as condições previstas no Capítulo V – Do acesso aos mercados, da Lei Complementar
123/2006.
Há muitos benefícios na formalização e algumas responsabilidades que precisam ser conhecidas. Uma
das maiores vantagens é a abertura de um novo canal de negócios.
É preciso ter em conta se seu empreendimento possui reais condições de atender ao setor público.
Não se preocupe quanto ao porte do fornecimento, pois hoje o setor público está se adaptando para
receber as ofertas das micro e pequenas empresas, mas as MPE também precisam fazer sua parte.
Informe-se junto ao Sebrae a respeito das diferentes maneiras de formalizar seu negócio e participe
dos cursos de qualificação para aprender a utilizar as ferramentas eletrônicas para vender para o
governo federal, para seu Estado, seu município ou para quaisquer outros órgãos públicos de seu
18 Cartilha do For necedor
município e região que estão lançando suas compras na internet. Ofertas não faltam. Além disso, cada
vez mais, o governo federal, o dos Estados e o dos municípios vêm procurando estabelecer e divulgar
um planejamento anual das contratações públicas a serem realizadas, com a estimativa de quantita-
tivo e data das contratações.
O governo federal definiu no Decreto 6.204/2007 que, nas contratações públicas de bens, serviços e obras,
deverá ser concedido tratamento favorecido, diferenciado e simplificado para as microempresas e as
empresas de pequeno porte. Isso significa que além dos órgãos da administração pública federal direta,
os fundos especiais, as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de econo-
mia mista e as demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União estão todos obrigados
a seguir os procedimentos de compras favorecidas para sua MPE. Basta se cadastrar nos órgãos ou nas
ferramentas de compras eletrônicas.
É a oportunidade de dar um passo seguro, sem pressa, sem susto e dentro da sua capacidade produ-
tiva. Sempre há compradores. É hora de começar a escolher nossos clientes.
Se ainda não está seguro para começar a fornecer para o setor público, atenção: Busque qualificação. Os
procedimentos mudaram e há inúmeras alternativas que podem ajudá-lo a exercer seu direito, a receber
tratamento diferenciado e favorecido como micro e pequena empresa. Entenda com clareza os benefícios,
as responsabilidades e os riscos do processo produtivo. Esta cartilha orientará passo a passo algumas deci-
sões que precisam ser tomadas previamente para aumentar as possibilidades de sucesso do seu negócio.
O caminho do sucesso passa pelo sucesso da sua empresa. Mãos à obra e bons negócios!
O Decreto 6.204/2007 diz que todos estes órgãos vinculados direta ou indiretamente à União deverão rea-
lizar procedimentos de compras exclusivos de micro e pequenas empresas para valores até R$ 80.000,00
(oitenta mil reais). Se há um órgão do governo federal na sua região que precisa de seus produtos e servi-
ços, saiba que ele está de portas abertas para receber sua proposta. Temos o maior comprador público do
Brasil aguardando sua oferta. Cadastre-se no Comprasnet www.comprasnet.gov.br .
Participe também do processo de capacitação do Sebrae para operação dos diferentes portais de compras
que atuam na sua região. Assim, você poderá entender como o governo do seu Estado e dos municípios
de sua região estão fazendo o tratamento diferenciado às micro e pequenas empresas. Consulte o crono-
grama de cursos em www.sebrae.com.br. Os municípios são hoje os compradores mais rápidos e próximos
da sua realidade. O CidadeCompras, www.cidadecompras.com.br, maior portal de compras municipais
do Brasil, está à disposição, com atendimento exclusivo para os fornecedores. Entre em contato, tire suas
dúvidas, cadastre-se e faça bons negócios.
Compras públicas governamentais: seu novo canal de negócios 19
Reúna-se com seus sócios, sua família ou com as pessoas responsáveis pela produção e entrega dos
produtos/serviços e respondam às seguintes perguntas:
2) Ao analisar algumas variáveis que não dependem de nós, como sazonalidade, safra, dispo-
nibilidade de matéria prima, etc, perguntamos: Temos condições de suprir essas restrições
com nosso próprio recurso para atendermos ao pedido, caso sejamos declarados vencedo-
res da licitação?
4) Será que nós entendemos exatamente o que teremos de entregar, em que prazo, em qual
local e com que nível de qualidade? Temos condições de substituir algum produto, ou todos,
se eles não forem aceitos pelo comprador?
5) Qual o nosso preço mínimo para esta oferta? O preço mínimo cobre todos os custos? (Nunca
reduza o valor da oferta abaixo do preço mínimo decidido em conjunto)
6) Conseguiremos sobreviver se ocorrer atraso no pagamento? E se este atraso for maior do que
seis meses?
7) Caso venhamos a nos comprometer com essa entrega, ela não vai prejudicar o dia-a-dia da
nossa organização/empresa/produção?
9) O órgão para o qual pretendo fornecer está pagando em dia? Se não está, atrasa quanto
tempo? Alguns dias? Meses? Conheço claramente quais são os passos para receber o
dinheiro?
10) Consigo tocar o nosso dia-a-dia e manter todos os impostos pagos (em dia) durante todo o
contrato? (sabendo que isso é condição para receber os pagamentos junto aos compradores
públicos?)
Se alguma das respostas não os deixar confortáveis não participe da licitação. Procure deixar para
uma outra oportunidade em que você possa ser declarado vencedor e que não coloque a estrutura
de toda sua empresa em risco. A primeira participação em licitação deve ser entendida mais como um
processo de aprendizagem do que como uma oportunidade de lucro imediato. Participar de licitações
20 Cartilha do For necedor
mal planejadas pode fazer a empresa perder dinheiro, mesmo que ela seja declarada vencedora.
Ao responder “Não” a cada uma das perguntas acima, indica que há um determinado risco no pro-
cesso. Risco não é um motivo automático para desistir da licitação, mas é razão suficiente para refletir
e planejar alternativas, caso algo não saia de acordo com o programado. Permite antecipar problemas
e prever correções e mudanças de rota.
Se o risco não valer a pena, continue procurando em outros editais a oportunidade certa para fazer
sua primeira oferta com segurança e, com isso, poderá ter no fornecimento para o setor público um
canal seguro para a venda para seus produtos e serviços.
Comece pequeno. Com um passo de cada vez. Faça desta primeira experiência uma escola para você, sua
família, seus sócios, seus colaboradores e seus empregados, que no médio prazo valerá a pena.
De acordo com as características do edital e do processo licitatório, há procedimentos que precisam ser cum-
pridos para a entrega dos produtos. Algumas aquisições públicas são diferentes de uma compra direta no
balcão de sua loja. Pode exigir apresentação de amostra, substituição de produtos, etc. O não-cumprimento
de tais procedimentos pode acarretar punições, multas e até impedir sua empresa de licitar com outros órgãos
públicos. Tenha em mente que ganhar a licitação é só o começo do processo. Esteja preparado para a formali-
zação e para a administração de um contrato.
Antes de começar a gastar tempo e dinheiro com o processo de licitações públicas não há nada mais
estimulante que receber informações de graça, na sua casa, sobre produtos e serviços que você pode
atender na sua região.
Para isso, antes de iniciar sua atividade como fornecedor para o setor público por internet, cadastre-se
nos principais portais de compras e peça para ser notificado sobre produtos da sua linha de forneci-
mento na região de atendimento que lhe interesse.
Ao perceber que as vendas na sua loja/empreendimento estão caindo por qualquer motivo e ao ver
que, ao mesmo tempo, vários órgãos públicos precisam de produtos que você poderia atender, acaba-
se tendo um forte estímulo para conhecer um pouco mais sobre licitações públicas.
Compras públicas governamentais: seu novo canal de negócios 21
A maioria dos portais de compras distribui gratuitamente, ou a baixo custo, as informações sobre
todas as licitações já separadas por linhas de fornecimento e região de atendimento. Ou seja, se você
trabalha com suprimentos de informática, receberá diariamente um e-mail de todos os processos de
aquisição de computadores, cartuchos e impressoras. Ao mesmo tempo, não receberá pedidos de
cotação para produtos de limpeza ou medicamentos.
A interação com as ferramentas será positiva, pois exigirá um cadastro prévio e lhe trará um primeiro
contato com o ambiente de operação eletrônica.
Alguns portais fornecem ainda suporte via 0800, chat, central telefônica de dúvidas, área de perguntas
freqüentes, tutoriais off-line e ambientes de treinamento e operação, além de suporte e outros canais
de atendimento para sanar os principais questionamentos. Alguns chegam a oferecer cursos gratuitos
para os fornecedores e informações gerais de operação nas oficinas de qualificação do Sebrae.
Prove antes de usar. Faça um “test drive” dos portais de compras e opte por iniciar com aquele que lhe
pareça mais vantajoso, avaliando a quantidade de ofertas na sua região e a facilidade de uso.
Apresentamos no anexo II uma tabela com os principais portais de compras nacionais e também com os
mais representativos em cada um dos estados e regiões.
Resista à tentação de marcar para ser notificado de todos os produtos, em todas as linhas de fornecimento,
em todas as regiões do Brasil. Quanto mais qualificada a informação, maior será seu estímulo a participar
das licitações públicas. Receber mais de 500 mensagens por dia, sobre produtos que você não fornece, ou
de lugares para onde não atende acaba tendo efeito de spam (lixo eletrônico) e não leva informação válida
para seu negócio.
É importante escolher operar um portal por vez e se familiarizar com os regulamentos, com a lógica
de operação e com as formas de impugnação, recurso, etc. Nem todos os portais incorporaram
ainda função de desempate com o direito de preferência das micro e pequenas empresas, portanto
estão em franca modificação. Precisamos ficar atentos a essas modificações e exigir que elas estejam
presentes.
O ponto central é que os portais são diferentes. Conhecer os procedimentos e a operação de um por-
tal é fundamental antes de navegar e apresentar propostas em outro.
22 Cartilha do For necedor
A legislação no Brasil, por ser muito avançada e moderna, permitiu a criação de diferentes portais para
a realização de processos de compras. Apesar de muito já ter sido discutido e proposto para a unificação
dos procedimentos e nomenclaturas, cada portal funciona de acordo com as próprias regras. Ou seja, se
um fornecedor se acostuma com uma determinada lógica e procedimento, pode cometer erros severos
em outras ferramentas. Como não há unicidade de termos, de procedimentos e nem mesmo de lógica de
atualização das ferramentas, esse fato acaba sendo uma grande barreira de entendimento e participação
dos fornecedores.
Por exemplo: há portais que aceitam as propostas e os lances por valor unitário de item que está
sendo adquirido. Outros trabalham com o valor global de todos os produtos descritos naquele item.
Por isso, cada portal de compra representa não só uma nova oportunidade, mas também um desafio.
Por exemplo: A procura dos editais precisa ser feita em cada um dos sites. Ainda não há um portal
integrador que traga de maneira unificada todas as ofertas de compras públicas no Brasil. Almeja-se,
num futuro recente, que haja primeiramente a replicação das informações nos diferentes portais e
futuramente a integração para facilitar a busca e o controle social.
Um aspecto negativo para os fornecedores e para a sociedade civil é que, apesar de apregoarem a trans-
parência, muitos portais são de difícil navegação. A busca de informações sobre processos licitatórios e
atas torna-se muito trabalhosa se o fornecedor não conhecer o número do processo exato que procura ou
o código de identificação do órgão no portal.
Faremos abaixo uma breve descrição dos principais portais do Brasil nos três âmbitos da Federação:
União, Estados e Distrito Federal, municípios. No anexo II está disponível uma tabela com o endereço
de outros portais.
O Portal de Compras do governo federal é o maior portal de compras do Brasil, pela quantidade de
unidades compradoras, pelo número de fornecedores e pelo valor transacionado. Possui cerca de 330
mil fornecedores, chamado Sistema Unificado de Cadastramento de Fornecedores (Sicaf ). É para uso
dos membros do Sistema Integrado de Serviços Gerais (Sisg), mas permite a adesão de outros órgãos,
sejam eles Estados, municípios, Legislativo, Judiciário e Forças Armadas. O portal está integrado ao
Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais (Siasg), que corresponde a um dos sistemas
estruturadores do governo federal, que controla a parte de publicação, catalogação, orçamento,
empenho, etc. Permite a adesão gratuita de órgãos compradores associados, como oriundos do poder
legislativo, judiciário ou outros entes da federação desde que utilizem os mesmos procedimentos e
sistemas do governo federal. Já transacionou em 2007 mais de 21 bilhões de reais.
O cadastramento para fins de informação pode ser feito no site. No entanto a plena operação em pre-
gões exige o cadastramento do fornecedor no Sicaf ou o seu credencimento. O fornecedor realiza seu
pré-cadastro no portal e leva a documentação a uma unidade cadastradora do Sicaf ou a um órgão
Compras públicas governamentais: seu novo canal de negócios 23
público indicado mais próximo à sua casa. Esse cadastro é gratuito e precisa ser renovado anualmente.
Uma vez cadastrado no Comprasnet o fornecedor pode apresentar lances e propostas para o governo
Federal e para todos os demais órgão que tenham aderido ao Comprasnet.
Possui sistema de informação que notifica os fornecedores de forma gratuita a respeito dos edi-
tais de licitação de acordo com as linhas de fornecimento e regiões de notificação escolhidas pelo
fornecedor.
O portal é mantido pelo Ministério do Planejamento, DLSG – SLTI, e roda fisicamente nas dependên-
cias do Serpro em Brasília.
Existem diferentes portais nos estados. São sistemas com plataformas distintas e também com cadas-
tros de fornecedores e dados integrados a seus sistemas de contabilidade, controle de materiais e
serviços e processo orçamentário. As bases de fornecedores são menores, focados no atendimento do
Estado específico. Como norma, o fornecedor que quiser participar das licitações deverá estar cadas-
trado individualmente em cada portal estadual. São geralmente mantidos pelas empresas de proces-
samento local.
Cada estado possui seu próprio cadastro de fornecedores. Para participar é necessário cumprir as
regras de cadastramento do portal. Não há integração das bases de dados.
Em alguns casos, a solução envolve não apenas a ferramenta eletrônica de compras vinculada ao sis-
tema estruturador estadual, mas também a solução de conectividade e até um agente financeiro para
garantir o pagamento dos processos.
O fornecedor efetua seu registro diretamente na internet e envia a documentação por correio. Recebe
senha provisória de sete dias e já começa a operar imediatamente. Não há necessidade de presença
física do fornecedor para formalizar o procedimento de cadastro, mas há necessidade de envio dos
documentos físicos para que fiquem arquivados no provedor do sistema.
O portal é distribuído de maneira gratuita para municípios e envia informações acerca dos processos
de licitação na página Web para fornecedores cadastrados.
Cadastro no CidadeCompras
Compras públicas governamentais: seu novo canal de negócios 25
26 Cartilha do For necedor
Considerando que há uma orientação clara para utilização das ferramentas eletrônicas para contrata-
ção de bens e serviços nos órgãos governamentais, é possível se prever que a compra eletrônica será,
em curto espaço de tempo, o maior instrumento de aquisição pública no Brasil.
Todos só têm a ganhar, no entanto, é preciso garantir mecanismos concretos para evitar a exclusão das
micros e pequenas empresas do processo. Elas precisam vencer a curva de aprendizado inicial para
transformar esta oportunidade em um canal de negócios.
Após uma visita aos principais portais, faça a identificação de qual deles deseja participar. Escolha um
portal em que existam processos licitatórios em sua linha de fornecimento ou que estejam com editais
dentro de sua área de atendimento.
Após a identificação, opte por fazer o cadastramento em um portal e por conhecer todos os detalhes e os
procedimentos operacionais antes de efetuar o cadastramento em outro.
Se for de seu interesse, faça o cadastramento para receber informações dos processos de licitação dos dife-
rentes portais, mas opere um por vez para evitar confusão e erros de operação.
Conheça as regras e participe de algumas licitações, mesmo que não seja declarado vencedor. Leia
toda a documentação do portal e procure conhecer a legislação específica que se aplica.
Qualifique uma pessoa para efetuar suas propostas eletrônicas e para se relacionar com o ambiente
virtual. A compra pública eletrônica é uma nova forma de atuação que exige novos conhecimentos
e novas formas de interação. Exige que as propostas e os lances sejam feitos somente pela internet,
bem como que a pessoa esteja atenta para o cumprimento dos prazos e das especificações contidas
no edital.
É necessário qualificar uma pessoa de sua organização para ser o administrador de sua empresa junto
ao sistema eletrônico. Essa pessoa poderá efetuar propostas e lances, criar novos usuários, controlar a
relação com o portal e, principalmente, será o operador que garantirá que a sua oferta será a melhor
no momento de disputa dos lances.
Compras públicas governamentais: seu novo canal de negócios 31
Também é fundamental criar as condições materiais de participação da sua empresa. Ter computador
com acesso à internet, preferencialmente com internet de alta velocidade (banda larga), para evitar
problemas de desconexão. Isso não é pré-requisito à participação, mas auxilia a evitar a perda de
oportunidades de negócios. Alguns órgãos disponibilizam computadores para os fornecedores que
quiserem efetuar seus lances. Caso sua empresa não possua computadores saiba com antecedência
como utilizar estes ofertados por alguns órgãos compradores.
O CidadeCompras e o Comprasnet estão preparados para atender a todas as exigências da Lei Geral.
Possuem telas específicas para apresentar seus lances no caso de empate.
Veja a seguir como os procedimentos são simples. Fique atento. Algumas apresentações da oferta
somente aparecerão caso você seja o Fornecedor com o menor lance, exercendo o direito de
preferência.
Outros portais progressivamente estão sendo adaptados para que incorporem os procedimentos pre-
vistos pela Lei Geral. Verifique a relação de portais no anexo II e consulte os manuais de cada portal.
Sim, leia tudo até o fim. O edital apresenta claramente quais são as regras do jogo, e os anexos, muitas
vezes, apresentam os passos, os formulários e os campos que serão preenchidos nas planilhas que
obrigatoriamente serão apresentadas junto às propostas. Além disso, é ali que se encontra o modelo
de contrato que será assinado.
Os compradores do setor público são obrigados a publicar no edital tudo o que acontecerá, quais são
os critérios de classificação, empate, desempate e até a minuta do contrato a ser aprovado.
O mais freqüente equívoco dos compradores é apresentar propostas e lances sem o devido conheci-
mento do edital, o que acarreta punições, multas ou severos prejuízos ao fornecedor no atendimento
do contrato. Não basta ganhar eletronicamente o processo, é preciso que a venda seja rentável.
Você tem até dois dias antes da abertura do processo para impugnar o edital. Basta entrar em contato
com o órgão comprador para formalizar, por escrito, os motivos.
32 Cartilha do For necedor
Com isso, o processo pode ser prorrogado, o edital pode ser revogado, impugnado e a licitação cance-
lada e/ou a data transferida quando tudo estiver resolvido e esclarecido.
Crie uma regra de prudência. Na sua empresa só permita que efetuem lances as pessoas que leram o edi-
tal. Somente permita que ela vá para o micro quando souber o valor mínimo a que pode chegar no lance
para cada item. Começar uma licitação sem uma tabela de valores mínimos normalmente acarreta erros,
prejuízos e muita dor de cabeça.
Se estiver com uma dúvida, encaminhe por escrito ao comprador que a resposta será apresentada
para todos os licitantes.
Importante saber que há um prazo para apresentar as dúvidas na forma de questionamentos. Isso
varia de edital para edital, mas normalmente é até dois dias antes da abertura do processo.
No âmbito da União, para a ampliação da participação das microempresas e das empresas de pequeno
porte nas licitações, os órgãos ou as entidades contratantes deverão sempre que possível:
I - instituir cadastro próprio, de acesso livre, ou adequar os eventuais cadastros existentes, para iden-
tificar as microempresas e as empresas de pequeno porte sediadas regionalmente, com as respec-
tivas linhas de fornecimento, para possibilitar a notificação das licitações e facilitar a formação de
parcerias e subcontratações;
II - estabelecer e divulgar um planejamento anual das contratações públicas a serem realizadas,
com a estimativa de quantitativo e data das contratações;
III - padronizar e divulgar as especificações de bens e serviços contratados, de modo que orientem as
microempresas e as empresas de pequeno porte para que ajustem seus processos produtivos; e
IV - na definição do objeto da contratação, não utilizar especificações que restrinjam, injusti-
ficadamente, a participação das microempresas e das empresas de pequeno porte sediadas
regionalmente.
Alguns estados, municípios ou compradores do poder legislativo e judiciário por vezes não possuem fer-
ramentas próprias de compras governamentais e preferem aderir às ferramentas já existentes, por uma
questão de redução dos custos e para utilizarem a ampla base de fornecedores na procura dos menores
preços. Quando esses órgãos aderem a um portal, passam a seguir as regras do portal, salvo se houver
alguma especificação contrária no instrumento convocatório. Aderir aos principais portais é uma forma
simples e barata de garantir acesso às informações de compra de maneira transparente e imediata. Faça o
quanto antes o cadastramento nos principais portais de compras da sua região.
Compras públicas governamentais: seu novo canal de negócios 33
Informe-o! Isso mesmo. As atualizações jurídicas levam um tempo desde a publicação até a incorpora-
ção e a atualização na rotina das instituições. A legislação é nova e inovadora. É preciso que os órgãos
tenham contato o quanto antes com os novos procedimentos jurídicos para que possam fazer os
ajustes e as alterações necessárias.
1) A Lei Geral da Micro e da Pequena Empresa (LC 123/2006) é válida para todas as modalidades
de licitação. Como a aplicação da Lei envolve novos procedimentos, o comprador tem a respon-
sabilidade de conhecê-los, a fim de garantir o correto cumprimento no órgão.
2) O não-cumprimento da legislação vigente poderá gerar sanções e restrições por parte dos
órgãos fiscalizadores.
3) Que todas as informações de como serão aplicados os novos procedimentos da Lei Geral
devem estar descritos no edital ou no instrumento convocatório.
4) A Lei Geral é boa porque amplia a capacidade competitiva e fomenta o desenvolvimento do
comércio local.
5) As informações do edital não podem ser feitas de modo que exclua ou iniba a participação
das Micro e das Pequenas Empresas.
6) A questão do empate é válida para todas as modalidades de licitação, independentemente
do valor que for adquirido. Ou seja, o comprador precisa perguntar às Micro e às Pequenas
Empresas se desejam cobrir a melhor oferta válida antes de declarar o vencedor.
7) O órgão comprador poderá determinar a aplicação de benefícios exclusivos para as MPE em
um porcentual de 25 % do total licitado em cada ano civil, podendo incluir:
a. compras exclusivas para MPE até o valor de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais);
b. realização de processos licitatórios em que seja exigido dos licitantes a subcontratação
de MPE, desde que o porcentual máximo a ser contratado não exceda a 30% (trinta por
cento) do total licitado, podendo efetuar o pagamento diretamente às MPE;
c. estabelecer cota de até 25% (vinte e cinco por cento) do objeto para a contratação de
MPE em aquisição de bens e serviços de natureza divisível.
8) O tratamento simplificado e diferenciado somente não se aplica se não estiver especificado
no instrumento convocatório, no caso de não existir três fornecedores competitivos locais qua-
lificados como MPE, quando não for vantajoso ou representar prejuízo para o conjunto ou com-
plexo a ser contratado ou, ainda, quando a licitação for dispensável ou inexigível nos termos
dos artigos 24 e 25 da lei 8.666/1993.
9) O órgão pode realizar registro de preço por pregão para garantir compras caso não tenha
disponibilidade financeira, mas é importante que eles divulguem as previsões de compras para
que as MPE possam estar preparadas para o fornecimento. Sugere-se:
a.estabelecer e divulgar um planejamento anual das contratações públicas a serem reali-
zadas, com a estimativa de quantitativo e data das contratações;
b.padronizar e divulgar as especificações de bens e serviços contratados, de modo que
34 Cartilha do For necedor
Aproveite e também visite o site para conhecer um pouco mais dos benefícios da Lei Geral.
Hoje, com a Lei Geral, caso algum imposto esteja atrasado, o fornecedor pode participar do processo
de licitação, mas para ser contratado deve ter tudo pago ou a dívida negociada com o ente para o
qual deve.
A novidade advinda da Lei Geral das MPE é que os fornecedores que não estiverem em dia com os
impostos terão dois dias, prorrogáveis por mais dois dias, a critério da administração pública, para
regularizar sua situação.
No entanto, ao optar trabalhar com licitações públicas, a melhor alternativa é manter todos os impos-
tos em dia e usar esse benefício dos dois dias apenas para sanar alguma eventualidade.
Não vale a pena participar do processo de licitação o fornecedor que não esteja disposto a quitar todos
os impostos pendentes quando for declarado vencedor. No setor público só pode fornecer quem está
com todos os impostos em dia.
Compras públicas governamentais: seu novo canal de negócios 35
As certidões Federais podem ser conseguidas de forma simplificada em um único local, no endereço:
www.comprasnet.gov.br navegar em “Acesso Livre / Consultas / Certidões Negativas”
A Lei Geral não elimina a necessidade do fornecedor de estar com todos os impostos pagos e com as
contribuições em dia antes de ser contratado pelo setor público, apenas cria condições privilegiadas
para que a regularização seja feita após ele ter sido declarado vencedor.
Alguns órgãos podem ter seus próprios cadastros de fornecedores. Tais cadastros como o Sicaf, por
vezes, podem ser utilizados como prova de regularidade fiscal por validar automaticamente as certi-
dões de outros entes.
Caso esteja em dúvida, emita todas as certidões de todos os órgãos e entregue no órgão licitante para
comprovar sua regularidade fiscal.
36 Cartilha do For necedor
A regularidade fiscal era considerada uma barreira de entrada geral para os fornecedores que quisessem
participar de uma licitação, pois, sem essa comprovação, não poderiam seguir para as fases seguintes de
um processo de licitação (salvo em pregões, nos quais a regularidade fiscal é verificada após a apresenta-
ção das propostas e dos lances).
De modo prático, a MPE teria de primeiro pagar todos os eventuais impostos atrasados para poder ser
habilitada no processo de licitação e para apresentar sua proposta técnica e/ou financeira.
Com a Lei Geral, essa barreira foi eliminada para as MPE. O fornecedor pode apresentar suas propostas
mesmo sem regularidade fiscal, mas precisará comprová-la para fins de contratação.
1) Fique atento, caso você não tenha cumprido todos os itens estipulados no contrato, sua
empresa não receberá o pagamento. Também há problemas e atrasos oriundos de medições
ou multas relativas à contratação. Há toda uma área de sanções e multas que estão presen-
tes na legislação e que podem afetá-lo ou provocar descontos no valor a ser pago.
2) Se durante a execução do contrato você deixar de ter regularidade fiscal, o órgão ficará impe-
dido de realizar o pagamento, podendo gerar atrasos não previstos. Manter os impostos em
dia é pré-requisito para receber em dia.
3) A contabilidade pública exige que antes da realização de uma compra exista uma disponibi-
lidade financeira prevista e autorizada no orçamento. Em tese, o recurso deve estar disponí-
vel, porque foi autorizado. Infelizmente, a realidade mostra que, apesar da disponibilidade
orçamentária, não há disponibilidade financeira, ou seja, o dinheiro, não existe no caixa do
órgão, o que impede o funcionário de realizar o pagamento.
Por exemplo: Ocorre com freqüência que um determinado órgão do setor público que esteja
passando por um momento de restrição financeira (de dinheiro) opte por pagar a folha de
pessoal e atrasar os compromissos com os fornecedores.
4) Às vezes está tudo certo, em dia, mas o processo está simplesmente perdido no meio da buro-
cracia. A transferência do documento de um setor para outro pode levar vários dias. Fique
Compras públicas governamentais: seu novo canal de negócios 37
A questão do pagamento é um fator crítico que deve ser considerado antes de apresentar suas propostas
para o setor público. O fornecedor deve ter condições de suportar determinada variação no fluxo de paga-
mento sem comprometer seu processo produtivo ou as despesas do mês.
Enfim, saiba como o órgão está pagando, se está em dia, ou de acordo com os atrasos que você esteja em
condições de suportar, e vá em frente. Se estiver acima desse limite, ou com um histórico de atrasos, con-
centre-se no fornecimento para outros órgãos do setor público federal, estadual ou municipal.
Os pregões são processos licitatórios que são utilizados para a compra de bens e serviços comuns. O
pregão é disciplinado pela Lei 10.520/2002 e pela regulamentação complementar na União, Estado,
município ou órgão comprador.
O pregão vem se transformando no principal instrumento de aquisição pública do Brasil. Ele deve ser
realizado somente para bens e serviços comuns em que a seleção seja pelo menor preço. Ou seja, não
podem ser realizados pregões para obras ou para contratações muito específicas que envolvam alta
capacitação técnica.
Após a definição do fornecedor com o menor lance, os pregoeiros permitem o direito à preferência
no empate e perguntam às MPE, que estão com valor 5% acima do menor valor ofertado, se desejam
cobrir a oferta.
Após isso, são determinados os vencedores e é analisada a documentação para definir o vencedor do
processo.
Conheça a fundo como funciona o pregão, tanto na sua forma presencial quanto eletrônica, pois, a partir
de agora, ele se transformará em um dos mais novos e importantes canais de negócios das empresas que
pretendem fornecer para o poder público.
Compras públicas governamentais: seu novo canal de negócios 39
Anexos
Anexo I - Aprofundamento jurídico
Este anexo apresenta uma visão sintética da cartilha disponível em www.leigeral.com.br e www.cnm.org.br.
Com uma abordagem geral simplificada de todos os processos de compras e instrumentos jurídicos e pro-
cessos válidos atualmente. Faça o download e guarde como referência.
A Compra Eletrônica é uma grande evolução dos processos de aquisição do Brasil. A partir de agora, as
micro e as pequenas empresas podem passar a ver a compra eletrônica como uma nova e verdadeira
oportunidade de negócio.
Novas regras mais transparentes, simples e eficazes permitem a participação de todos os fornecedores
em mecanismos de ampla disputa.
No Brasil, todos os órgãos dos poderes Executivo, Legislativo, Judiciário e Forças Armadas poderão
realizar processos eletrônicos. Todos os órgãos públicos ou entidades que recebem recursos públicos
deverão utilizar os procedimentos descritos na legislação de compra em seu processo de aquisição.
Equivale a dizer que União, estados, Distrito Federal e municípios, assim como suas fundações, autar-
quias e empresas de economia mista podem realizar processos eletrônicos de Pregão para aquisição
40 Cartilha do For necedor
de bens e serviços comuns, ou para as atas de Registro de Preços e a Cotação Eletrônica para compras
de pequenos valores. Também podem realizar processos tradicionais para a licitação pública e efetuar
a divulgação por meio de portais de compras públicas governamentais.
Graças ao princípio da autonomia federativa garantida pela Constituição Federal, compete à União
criar normas gerais do processo de licitação e, aos estados, Distrito Federal e municípios regulamentar
a aplicação da sua área de competência.
Por isso, a União cria sua legislação própria e os estados e os municípios, de forma análoga, devem
fazer a regulamentação de como serão aplicados os princípios gerais, baixando decretos, portarias,
normas e procedimentos.
Isso confere autonomia a cada ente da federação para determinar a escolha da ferramenta tecnoló-
gica que pretende utilizar, assim como para definir os procedimentos que deverão ser seguidos para
que os fornecedores possam apresentar suas propostas e lances.
Os fornecedores, por sua vez, podem participar de todos os processos eletrônicos e presenciais divul-
gados na internet, desde que atendam aos critérios de cadastramento em cada portal ou ferramenta
eletrônica e aos critérios objetivos solicitados em cada processo licitatório.
Todos os entes públicos brasileiros são subordinados a uma legislação específica de licitação de acordo
com sua natureza. Os principais marcos regulatórios são:
A Lei 8.666/1993, também conhecida como a lei de licitações, faz a apresentação dos processos de
aquisição em diferentes modalidades.
A Lei 10.520/2002 apresenta as normas gerais de realização do pregão, uma evolução jurídica que
permite a emissão de lances sucessivos de valores menores e algumas mudanças de procedimentos
de habilitação e validação dos fornecedores para garantir maior competitividade, celeridade, redução
dos preços e aumento da transparência.
A Lei 123/2006 institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. Além
disso, realiza importantes mudanças em outros diplomas legais. Em nosso caso, no Capítulo V – Do
Acesso aos Mercados, prevê atuação de forma diferenciada e favorecida para as MPE.
Os Estados, o Distrito Federal e os municípios devem criar leis, decretos, portarias e normas que delimitem a
forma de aplicação dessas leis e a utilização dos sistemas eletrônicos de compras. Os fornecedores devem ter
em conta que, salvo a legislação federal, um aspecto que é válido para um município ou estado não é auto-
maticamente válido para outro. Por isso, a importância de o fornecedor definir claramente em qual portal
eletrônico irá apresentar suas propostas e lances e conhecer quais são suas regras de funcionamento.
Compras públicas governamentais: seu novo canal de negócios 41
Lei 8666/1993
Lei 10.520/2002
Registro de preços
Há também algumas exceções, pois alguns órgãos seguem instrumentos próprios de aquisição.
É o caso da Petrobras, do Sistema S (Sebrae, Senai, Senac, Sesi), entre outras agências executivas e socieda-
des de economia mista.
São estruturas jurídicas próprias, bastante rígidas, embasadas na lei 8.666/2003, ou análogas a ela, que
visam à economia e à garantia do melhor preço. No entanto, tais procedimentos por vezes acabam por con-
fundir os fornecedores que pretendem atender a essas entidades por terem detalhes operacionais distintos.
O objetivo desta parte é preparar as micro e as pequenas empresas a que façam parte do empolgante
e revolucionário processo de aquisição pública por meio da internet.
Pudemos perceber que novas formas de atuação permitem a participação direta dos fornecedores de
maneira simples, ágil, eficiente e segura.
Os portais eletrônicos de compras públicas vieram para ficar de modo permanente no Brasil. Eles
transformarão de maneira definitiva a forma como os fornecedores se relacionam com os governos e
como estes solicitam e fazem suas compras.
44 Cartilha do For necedor
Enquanto isso não ocorre, existe a necessidade imediata de qualificar as micro e as pequenas empresas
para que possam entender e aderir a essa nova e empolgante forma de fazer a aquisição pública, pois
os portais eletrônicos já representam o maior mercado comprador de produtos e serviços do país.
Compras públicas governamentais: seu novo canal de negócios 45
Revisão
1) Apesar da quantidade de leis, decretos, portarias, e das diferentes nuances dos processos jurídicos envol-
vidos com as compras públicas, os procedimentos para participar dos portais de aquisição eletrô-
nica são simples. Basta cadastrar-se nos diferentes portais de compras e optar pela licitação que deseja
participar.
2) É preciso estar atento às regulamentações próprias da União, dos estados e dos municípios, tanto na
administração direta, quanto indireta e fundacional. Todas as informações estão disponíveis nos portais a
que o órgão tenha aderido. Só há procedimento de contratação eletrônica com segurança jurídica, e este
aspecto deve ser garantido por cada portal.
3) Um mesmo ente pode participar de distintos portais. Há casos concretos de municípios que utilizam
uma ferramenta eletrônica e mudam para outra ferramenta ou, até, aqueles que utilizam simultanea-
mente mais do que um aplicativo de compra. É preciso estar atento em qual portal a licitação está sendo
divulgada para participar da fase de propostas e lances.
5) Pelas exigências da legislação, o fornecedor que não estiver com regularidade fiscal não será homolo-
gado como vencedor. É preciso pensar previamente na questão da regularidade fiscal como pré-requisito
para ser declarado vencedor. No pregão, por exemplo, a verificação da regularidade fiscal é realizada após
a fase de lances, mas ela é determinante para a contratação. A decisão do fornecedor de participar sem ter
condições de garantir regularidade fiscal no momento da contratação pode significar perda de esforços.
6) Os portais de compras não são responsáveis pelo pagamento das obrigações contraídas pelos órgãos.
O processo licitatório tem efeito vinculante do órgão contratante diretamente com o fornecedor. Isso repre-
senta um risco aos fornecedores. Há alguns casos em que existe um intermediário financeiro para garantia
do pagamento, mas esse não é um cenário freqüente.
7) Todos os instrumentos jurídicos atribuem uma forte carga de responsabilidade aos fornecedores. Envolvem
o conhecimento e a aceitação das regras, portanto elas não devem ser desconsideradas. As punições e todas
as regras deverão estar especificadas no instrumento convocatório (edital de licitação ou equivalente) ou no
contrato. Verifique esses procedimentos antes de apresentar propostas e lances ou firmar contratos.
46 Cartilha do For necedor
Portais Nacionais
http://www.comprasnet.gov.br – Governo Federal
https://www.licitacoes-e.com.br – Banco do Brasil
http://www.caixa.gov.br –Portal de Compras Eletrônicas da CEF
Portais Estaduais
http://www.e-compras.am.gov.br – Governo do Amazonas
http://www.comprasnet.ba.gov.br – Governo da Bahia
http://www.comprasnet.go.gov.br – Governo de Goiás
http://www.compras.mg.gov.br – Governo de Minas Gerais
http://www.redecompras.pe.gov.br – Governo de Pernambuco
http://www.compras.rs.gov.br – Governo do Rio Grande do Sul
http://www.pregao.sp.gov.br – Governo de São Paulo
http://www.comprasnet.se.gov.br – Governo de Sergipe
http://www.pregao.to.gov.br – Governo do Tocantins
Portais Municipais
http://www.cidadecompras.com.br – Confederação Nacional de Municípios
http://e-compras.santoandre.sp.gov.br – Prefeitura de Santo André (SP)
Outros Portais
http://www.bec.sp.gov.br – Bolsa Eletrônica de Compras – SP
http://www.camara.gov.br – ecompras – Câmara Federal
Compras públicas governamentais: seu novo canal de negócios 47
2) Ao analisarmos algumas variáveis que não dependem de nós, como, sazonalidade, safra,
disponibilidade de matéria prima, etc perguntamos: teremos condições de suprir essas restrições
com nosso próprio recurso para atendermos ao pedido caso sejamos declarados vencedores?
4) Será que nós entendemos exatamente o que teremos de entregar, em que prazo, em qual
local e com que nível de qualidade. Teremos condições de substituir algum produto, ou todos, se
eles não forem aceitos pelo comprador?
5) Qual o nosso preço mínimo para esta oferta? O preço mínimo cobre todos os custos? (Nunca
reduza o valor da oferta abaixo do preço mínimo decidido em conjunto)
9) Conhecemos claramente quais são os passos para receber o dinheiro?(O órgão para o qual
pretendemos fornecer está pagando em dia? Se não está, atrasa quanto tempo? Alguns dias?
Meses?)
10) Consiguiremos tocar o nosso dia-a-dia e manter todos os impostos pagos (em dia) durante
todo o contrato? ( Sabendo que isso é condição para receber os pagamentos junto aos
compradores públicos?)
TOTAL
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: Preencha um fomulário para cada edital de licitação em que planeja participar. Reúna-se com seus
sócios, sua família ou com as pessoas responsáveis pela produção e entrega dos produtos/serviços e preencham o formulário com
a opinião de consenso do grupo.
48 Cartilha do For necedor
Compras públicas governamentais: seu novo canal de negócios 49
Bibliografia
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