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DIREITO E PROCESSO DO TRABALHO E

DIREITO PREVIDENCIÁRIO

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APRESENTAÇÃO 5

EMENTAS 6
AULA 1: CONTRATO DE TRABALHO 6
AULA 2: REQUISITOS DO CONTRATO DE TRABALHO 6
AULA 3: CONTRATO DE TRABALHO POR PRAZO 6
AULA 4: ALTERAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO 6

AULA 1: CONCEITOS E NATUREZAS JURÍDICAS DO CONTRATO DE


TRABALHO 7

INTRODUÇÃO 7
CONTEÚDO 9
CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO DE TRABALHO 11
MORFOLOGIA DO CONTRATO 12
DURAÇÃO DO CONTRATO INDIVIDUAL DE TRABALHO 13
OUTRAS HIPÓTESES DE CONTRATO DE TRABALHO POR PRAZO DETERMINADO 15
ATIVIDADE PROPOSTA 15
APRENDA MAIS 16
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 16
REFERÊNCIAS 18

AULA 2: REQUISITOS DE VALIDADE E DE EXISTÊNCIA DO CONTRATO DE


TRABALHO. 19

INTRODUÇÃO 19
CONTEÚDO 20
CASO 20
REQUISITOS DE VALIDADE E DE EXISTÊNCIA DO CONTRATO DE TRABALHO 20
VÍCIOS E DEFEITOS 25
ESTRUTURA JURÍDICA DO CONTRATO 26
DA QUALIFICAÇÃO DAS PARTES 26
DA CLÁUSULA ESSENCIAL 27
DO CONSENTIMENTO 27

2
DAS CLÁUSULAS ASSESSÓRIAS 28
DOS CONTRATOS DE TRABALHO COM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 29
ATIVIDADE PROPOSTA 31
APRENDA MAIS 32
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 33
REFERÊNCIAS 35

AULA 3: AUSÊNCIA DE REQUISITOS DE VALIDADE E DE EXISTÊNCIA DO


CONTRATO DE TRABALHO E MODALIDADES DE CONTRATOS DE
TRABALHO A TERMO 37

INTRODUÇÃO 37
CONTEÚDO 39
DAS NULIDADES CONTRATUAIS E DAS MODALIDADES DE CONTRATOS DE TRABALHO POR
PRAZO DETERMINADO 39
TEORIA GERAL DA NULIDADE DO CONTRATO 40
DISTINÇÃO ENTRE NULIDADE RELATIVA E ABSOLUTA NA ESFERA CÍVEL 41
ADAPTAÇÃO DAS REGRAS CIVILISTAS À NULIDADE TRABALHISTA 42
PRINCÍPIOS QUE INFORMAM A NULIDADE TRABALHISTA 43
PRINCÍPIO DA CONSERVAÇÃO DOS CONTRATOS: CONVALIDAÇÃO E SANAÇÃO 45
NULIDADE POR DESPREZO À FORMALIDADE ESSENCIAL 46
CONTRATO DE TRABALHO POR TEMPO DETERMINADO 47
CONTRATO DE EXPERIÊNCIA 48
PRINCIPAIS REGRAS A SEREM APLICADAS AOS CONTRATOS POR TEMPO DETERMINADO
PREVISTOS NA CLT 49
CONTRATO DETERMINADO DA LEI 9.601/98 51
CONTRATO POR TEMPO DETERMINADO DA LEI 6.019/1974 51
ATIVIDADE PROPOSTA 53
APRENDA MAIS 53
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO 54
REFERÊNCIAS 56

AULA 4: AUSÊNCIA DE REQUISITOS DE VALIDADE E DE EXISTÊNCIA DO


CONTRATO DE TRABALHO E MODALIDADES DE CONTRATOS DE
TRABALHO A TERMO. 58

INTRODUÇÃO 58

3
CONTEÚDO 59
CASO 60
ALTERAÇÕES CONTRATUAIS TRABALHISTAS: SUBJETIVAS E OBJETIVAS 60
1. ALTERAÇÕES CONTRATUAIS SUBJETIVAS 60
2. ALTERAÇÕES CONTRATUAIS OBJETIVAS 61
3. ALTERAÇÕES CONTRATUAIS OBJETIVAS: PRINCÍPIOS APLICÁVEIS 65
PRINCÍPIOS APLICÁVEIS ÀS ALTERAÇÕES CONTRATUAIS OBJETIVAS 65
PRINCÍPIO DA INALTERABILIDADE CONTRATUAL LESIVA 65
ALTERAÇÕES OBJETIVAS DO TIPO QUALITATIVAS 69
ALTERAÇÕES OBJETIVAS DO TIPO QUANTITATIVO 74
ATIVIDADE PROPOSTA 77
APRENDA MAIS 78
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO 78
REFERÊNCIAS 81

CHAVES DE RESPOSTA 82

AULA 1 82
ATIVIDADE PROPOSTA 82
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 83
AULA 2 84
ATIVIDADE PROPOSTA 84
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 85
AULA 3 86
ATIVIDADE PROPOSTA 86
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 86
AULA 4 87
ATIVIDADE PROPOSTA 87
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 88

CONTEUDISTA 90

4
Nesta disciplina, estudaremos os conceitos traduzidos pelas doutrinas
civilistas e trabalhistas dentro de uma conotação histórica e legal do instituto,
para depois analisarmos a caracterização jurídica desta modalidade
contratual, assim como as críticas quanto à morfologia utilizada pelo mercado
de trabalho.

Posteriormente, definiremos os elementos essenciais de validade dos


contratos de trabalho (agente capaz, objeto lícito, possível e determinado e
forma prescrita e não defesa em lei) diante do Código Civil Brasileiro, de
utilização autorizada pelo art. 8º da CLT, principalmente, com relação aos
efeitos a serem produzidos em uma eventual declaração de nulidade,
diferenciando, ainda, o trabalho proibido do trabalho ilícito.

Em seguida, analisaremos as diferentes modalidades de contrato a termo ou


por prazo determinado, fazendo um paralelo com as Cooperativas de
Trabalho e a Terceirização.

Para concluir, estudaremos quando a doutrina e a lei permitem a alteração do


contrato de trabalho, assim como seus efeitos jurídicos.
1. Sendo assim, essa disciplina tem como objetivos:
2. Conceituar a natureza jurídica do contrato de trabalho;
3. Definir as diversas modalidades existentes no ordenamento legal
brasileiro;
4. Capacitar o aluno para analisar todos os efeitos jurídicos produzidos
antes, durante e depois do término do contrato de trabalho.

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Ementas

Aula 1: Contrato de Trabalho


Nesta aula, analisaremos os diversos conceitos e suas naturezas jurídicas
defendidas pelas doutrinas civilistas e trabalhistas. Além disso, estudaremos o
histórico, a natureza jurídica e a morfologia do contrato de trabalho.

Aula 2: Requisitos do Contrato de Trabalho


Nesta aula, descreveremos os requisitos de validade e de existência do
contrato de trabalho, diante do art. 104 do Código Civil, e dos efeitos
pretéritos produzidos quando da declaração de nulidade pela inexistência de
um dos referidos requisitos, principalmente, quando o empregador for a
Administração Pública Direta, Indireta e Fundacional.

Aula 3: Contrato de Trabalho por prazo


Nesta aula, analisaremos o contrato de trabalho por prazo determinado, o
aprofundamento nas diversas modalidades previstas na CLT, como da Lei
6.019/74 (Lei do Trabalho Temporário) e da Lei 9.601/98. Em seguida,
faremos uma comparação com Terceirização e com as Cooperativas de
Trabalho.

Aula 4: Alteração do Contrato de Trabalho


Nesta aula, compreenderemos como e quando a CLT e a jurisprudência
trabalhista permitem a alteração do contrato de trabalho por uma ou ambas
as partes sob pena de nulidade da alteração, em face dos princípios
trabalhistas da intangibilidade contratual e da continuidade da relação de
emprego.

6
Introdução
Nem sempre os homens admitiram que suas relações de trabalho fossem
juridicamente reguladas mediante a previsão de direitos e deveres. Essa ideia
não foi conhecida na antiguidade Grega onde a realidade da relação de
trabalho era a escravidão, onde o grupo de homens que trabalhavam era
subjugado pelo outro grupo e as pessoas eram consideradas como coisas.
Entre o escravo e o senhor não havia contrato algum.

O próprio direito antigo previa situações em que o homem poderia se tornar


escravo, por exemplo: recusa de fazer inscrição no senso, recusa de prestar
serviços militares, não pagamento de credores, prática de certas infrações
criminais, etc. Os filhos poderiam ainda ser vendidos pelos pais.

Na servidão a ideia do jurídico foi ignorada, embora com certa atenuação com
o homem começando a ser visto como pessoa, a limitação e o absolutismo
era a regra geral.

Na fase seguinte, as corporações de ofício, apresentam características de


disciplina trabalhista institucionalizada, padronizada, sem possibilidade de
discussão, substituído tanto o poder do senhor pelo autoritarismo da
corporação. Representa sem dúvida um progresso nas relações trabalhistas.

O seu desaparecimento se deu com a Revolução Francesa e os ideais de


liberdade por ela proclamada. Após a Revolução Industrial, seguiu-se o
período denominado de liberdade de trabalho, caracterizado pela inexistência
de qualquer empecilho à livre estipulação das relações de emprego, tão livre

7
que os homens que precisavam trabalhar se ofereciam por qualquer valor e
condição.

O resultado foi o problema social decorrente da indignidade com que o


trabalhador foi aviltado. O contrato individual de trabalho surge como
instrumento que se convencionou admitir para mudar, na medida do possível,
os rumos da História.

Significa, antes de mais nada, a jurisdição do problema trabalhista, ou seja, a


transformação em normas legais das obrigações que antes eram livremente
pactuadas de acordo com as conveniências particulares e segundo o arbítrio
de cada um.

É também um fenômeno de substituição da vontade do Estado pela vontade


dos particulares. Envolve uma problemática que é o mínimo de direito
estipulado pelo Estado, abaixo do qual nenhum trabalhador pode viver, e a
liberdade dos contratantes que poderão estipular regras de acordo com seus
interesses. O contrato de trabalho desde o início deve possuir: o empregado,
o empregador, o trabalho e a regulamentação dos direitos e deveres
recíprocos.

Objetivo:
1. Conceituar a natureza jurídica do contrato de trabalho.

8
Conteúdo
O conceito está previsto no artigo 442 (caput) da CLT, onde o legislador
utilizou duas teorias para edificar a natureza jurídica do contrato de emprego.

A teoria contratualista considera que a relação entre empregado e


empregador é um contrato, por depender da vontade das partes para sua
formação. Na maioria dos contratos de trabalho tem-se um pacto de adesão.
O empregado adere às cláusulas especificadas pelo empregador no contrato,
sem discuti-las.

Pela teoria anticontratualista ou acontratualista o contrato de trabalho


não possui consensualidade entre as partes, ou seja, a livre manifestação da
vontade era desconsiderada, pois a prestação de serviços, objeto do contrato,
era o que mais importava, haja vista a necessidade do trabalho para a
sobrevivência. Logo, o trabalhador se encontrava numa situação de
desequilíbrio contratual, pois não poderia discutir os termos do contrato.

Na teoria institucionalista, a empresa era vista como uma instituição


despersonalizada onde o trabalhador, ao aderir a esta organização, passava a
ser considerado como membro de um conjunto de pessoas cuja permanência
não se submetia à vontade particular de seus componentes. Esta teoria
aceitava a livre manifestação de vontades, que eram exercidas no momento
da contratação, mas o caráter individual se perdia no momento que a
instituição passava a ser mais importante.

OBS.: atualmente o posicionamento majoritário da doutrina é no sentido de


que o Contrato Individual de Trabalho é uma espécie distinta de contrato de
direito privado, uma vez que, além de possuir todas as características do
mesmo, sofre intervenção do Estado através da normatização e imposição de
regras e condições mínimas a serem respeitadas em todo contrato individual
de trabalho.

9
Desta forma é possível concluir que o conceito da CLT misturou as teorias
contratualista e institucionalista, pois afirma ser o contrato de trabalho um
ACORDO TÁCITO ou EXPRESSO, VERBAL ou ESCRITO, por prazo
DETERMINADO ou INDETERMINADO, correspondente à relação de emprego.

Art. 442 da CLT - Contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou


expresso, correspondente à relação de emprego.
Parágrafo único - Qualquer que seja o ramo de atividade da
sociedade cooperativa, não existe vínculo empregatício entre ela e seus
associados, nem entre eles e os tomadores de serviços daquela.

Art. 443 da CLT - O contrato individual de trabalho poderá ser


acordado tácita ou expressamente, verbalmente ou por escrito
e por prazo determinado ou indeterminado.

OBS.: deve-se chamar o Contrato individual de Trabalho, tecnicamente, de


CONTRATO DE EMPREGO.

O normal é que o contrato seja expresso. No caso de contrato tácito, fará o


empregado uso de provas constituídas e aceitas processualmente para
comprovar o que for firmado. Por regra, o contrato de emprego é por tempo
indeterminado.

OBS.: qualquer situação específica, em relação ao contrato de emprego,


deverá ser anotada como observação na Carteira de Trabalho.

Mesmo que o contrato seja verbal e o período de experiência for estipulado, o


mesmo deverá ser anotado em Carteira de Trabalho.

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Características do Contrato de Trabalho
a) Natureza Jurídica de Direito Privado – mesmo com a intervenção
estatal impondo regras e condições mínimas a serem seguidas
obrigatoriamente pelas partes.

b) Informalidade - em regra geral não há forma prescrita em lei,


principalmente porque ele pode surgir de forma tácita e ser celebrado
verbalmente.

c) Consensualidade – uma vez que nasce do livre consentimento entre as


partes, e passível de nulidade quando existente um defeito do negócio
jurídico na forma dos artigos 138 a 165 do CC.

d) Bilateralidade (quanto à forma – os dois podem opinar) - uma vez que


gera direitos e obrigações para ambas as partes.

e) Sinalagmático – onde as partes possuem direitos e obrigações


recíprocas e antagônicas.

f) Comutatividade – onde os referidos direitos e obrigações deverão ser


equivalentes para que não haja desequilíbrio contratual entre as
partes.

g) Intuitu Personae – somente em relação à figura do empregado.

h) De Trato Sucessivo – pois o objeto desta espécie contratual, em teoria,


se inicia e se exaure todo dia em que os direitos e obrigações se
renovam a cada período. Contudo, não há necessidade da celebração
de um novo contrato todo início de dia, uma vez que seu objeto, em
regra geral, é por tempo indeterminado.

i) Onerosidade – pois trabalho gratuito é trabalho voluntário.

11
O Direito do Trabalho, com a intervenção do Estado, busca manter o
equilíbrio na relação entre Empregado e Empregador, pois considera o
empregador parte mais fraca na relação, onde sem intervenção, sucumbiria à
necessidade de trabalho para sobrevivência.

Morfologia do contrato
Elementos de um contrato de trabalho são pressupostos ou requisitos legais
que, quando agrupados, formam a relação jurídica entre empregado e
empregador. Para firmar um contrato de trabalho o agente precisa ser capaz,
ou seja, ter poderes para agir. A capacidade para o trabalho é a partir de 14
anos de idade. Nenhuma criança abaixo desta idade poderá trabalhar, e
quando a tiver, somente na condição de aprendiz.

A partir dos 16 anos, ela poderá ser empregada, mesmo assim com limitações
grandes à sua capacidade, como proibição de trabalho noturno e em
ambientes inadequados à sua formação, como bares. A partir dos 18 anos
poderá trabalhar normalmente. Essa classificação por idade aproxima-se
muito da categorização de capacidade civil, que descreve que o ser humano é
absolutamente incapaz até seus 16 anos, e todos os seus atos nulos perante
o direito, tendo que ser representado por seus responsáveis.

Entre 16 e 18 serão consideradas relativamente capazes, ou seja, seus atos


são anuláveis, precisando da assistência de seus responsáveis para tudo o
que fazem, e a partir dos 18 plenamente capazes para todos os atos.

O trabalho deve ser prestado com continuidade, pois aquele que presta
serviços eventualmente não é empregado. O contrato de trabalho é um
contrato de duração sucessiva. Alguns se exaurem com uma única prestação,
como ocorre com a compra e venda, em que, entregue a coisa e pago o
preço, há o término da relação obrigacional. No contrato de trabalho não é

12
isso que ocorre, pois há um trato sucessivo na relação entre as partes, que
perdura no tempo. A continuidade é da relação jurídica, da prestação de
serviços.

O objeto tem que ser lícito e possível, ou seja, o objeto do contrato deve ser
possível de ser feito e seu objeto não pode ser contra a lei, como o serviço de
“matador de aluguel”. O trabalho não pode ser eventual ou temporário, pois o
eventual não cria vínculo empregatício; deve realizar a tarefa ele mesmo, não
poderá agenciar, terceirizar o seu próprio ofício, pois o contrato de trabalho é
intuitu personae, ou seja, realizado com certa e determinada pessoa. Não
pode o empregado fazer-se substituir por outra pessoa.

O empregado somente poderá ser pessoa física, pois não existe contrato de
trabalho em que o trabalhador seja pessoa jurídica, podendo ocorrer, no
caso, locação de serviços, empreitada, etc. A locação de serviços é regida
pelo Código Civil em seu art. 593. É um contrato pelo qual o locador
compromete-se a prestar certos serviços, sendo que a outra parte, no caso o
locatário, obriga-se a remunerar. O primeiro possui uma obrigação de fazer, a
qual se contrapõe a uma obrigação de dar, por parte do segundo.

Duração do contrato individual de trabalho


O contrato de trabalho é firmado no intuito de durar, conforme o Princípio da
Continuidade. A regra é a indeterminação do prazo, mas existe uma exceção
legal onde o contrato pode ser firmado num prazo indeterminado.

A contratação do empregado por tempo determinado pode ocorrer segundo


art. 443 CLT, no seu § 1º admitiu a contratação a prazo determinado e no §
2º lista as circunstâncias em que são permitidas as contratações por prazo
determinado, e só autoriza em duas ocasiões: Devido à transitoriedade do
serviço e da atividade empresarial, e ao contrato de experiência.

13
A lei admite a exceção nos casos da transitoriedade do trabalho e da
atividade empresarial, e contrato de experiência, pois ambos são
incompatíveis com a indeterminação do prazo.

Há prazos máximos para os contratos a prazo determinado, há limites no


contrato determinado. As partes não podem estipular o período como bem
entenderem. Quanto ao prazo a lei estabelece limites máximos de
transitoriedade de serviço e empresa de 2 anos. Passando do prazo cai
automaticamente no contrato indeterminado. Já no contrato de experiência o
prazo máximo é de 90 dias.

Nos contratos determinados o consentimento tem que ser expresso, até


porque se exige um prazo final. O indeterminado, além de expresso, ainda
pode ser feito tacitamente.

Quanto à estabilidade, o contrato determinado é incompatível com o instituto


da estabilidade do emprego, pois este instituto só se relaciona com os
indeterminados.
Mas isso não quer dizer que o determinado não seja estável.

Com relação à suspensão do contrato, no contrato indeterminado suspenso, o


empregador não pode mandar embora o empregado. Já no determinado, se o
termo final prefixado ocorrer durante a suspensão, a extinção deste contrato
ocorre naturalmente.

No que tange ao aviso prévio, no contrato determinado não tem aviso prévio,
pode acabar antes, mas será indenizado, com exceção do art.481, que fala da
clausula assecuratória de rescisão antecipada.

14
Outras Hipóteses de Contrato de Trabalho por Prazo
Determinado
 Lei nº 6.019/74 – que trata do trabalho temporário.
 Lei nº 9.601/98 – que trata do contrato de trabalho por prazo
determinado.

 Além das hipóteses já mencionadas, válidas para todo empregado, há


para algumas atividades ou profissões dispositivos legais que autorizam a
celebração de contrato por prazo determinado para permitir ao
empregador, segundo as particularidades de seu empreendimento,
evitar a sobrecarga de pessoal.

- contrato de técnico estrangeiro;


- contrato de atleta profissional de futebol;
- contrato de artistas;
- contrato por obra certa;
- contrato de safra no meio rural;

Atividade proposta
Joana foi contratada para prestar serviços na residência da Sra. Marta Rosa
três vezes por semana. Suas atribuições eram a limpeza da casa e o preparo
da comida para a família. Esta prestação de serviços perdurou por
aproximadamente dois anos. Joana resolveu que retornaria para o Ceará sua
terra natal, e com isso informou que não retornaria para o trabalho. A
Carteira de Trabalho de Joana nunca foi assinada, tendo em vista que a
tomadora de serviços informou que não havia elementos suficientes para a
caracterização do vínculo doméstico. Analisando a lei e o entendimento
jurisprudencial sobre o tema, informe se procede ou não a argumentação da
Sra. Marta? Fundamente.

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Aprenda mais
 Leitura da Lei Pelé
 Forma dos Dissídios Coletivos de Trabalho
 Nacionalização do Trabalho na CLT

Exercícios de fixação
Questão 1
O Juiz do Trabalho pode privilegiar a situação de fato que ocorre na prática,
devidamente comprovada, em detrimento do contrato ou do rótulo conferido
à relação de direito material. Tal assertiva, no Direito do Trabalho, refere-se
ao princípio da________________:

a) Irrenunciabilidade.
b) Intangibilidade salarial.
c) Continuidade.
d) Primazia da realidade.

Questão 2
Complete com a opção CORRETA.
O contrato de trabalho do jogador de futebol é de prazo determinado, com
vigência nunca inferior a ______ meses e nem superior a ______ anos.

a) 3; 2;
b) 3; 5;
c) 6; 3;
d) 12; 5;

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Questão 3
Quando alguém presta serviço não eventual a outrem, sob dependência deste
e mediante salário, muito embora não tenham as partes contratantes
externado de forma explícita e clara esta vontade, ocorre o contrato de
trabalho de forma:

a) Expressa.
b) Expressa e verbal.
c) Verbal.
d) Tácita.

Questão 4
A prestação de serviços em duas empresas do mesmo grupo econômico, na
mesma jornada de trabalho:

a) Caracteriza a existência de mais de um contrato de trabalho.


b) Caracteriza a coexistência de mais de um contrato de trabalho, salvo
ajuste em contrário.
c) Não caracteriza a coexistência de mais de um contrato de trabalho.
d) Não caracteriza a coexistência de mais de um contrato de trabalho,
salvo ajuste em contrário.

Questão 5
Sobre o trabalhador autônomo, é correto afirmar que na relação de trabalho:

a) Existe a percepção de salário, assim como o empregado assalariado.


b) Deverá obrigatoriamente ser celebrado um contrato escrito de
trabalho.

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c) Não há subordinação, nem a necessidade de contrato escrito de
trabalho.
d) A simples existência de um contrato gera o vínculo de emprego.

Referências
BARROS, Alice Monteiro de. Curso de direito do trabalho. São Paulo: LTr,
2013.

CASSAR, Volia Bonfim. Direito do trabalho. Niterói: Impetus, 2013.

DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. São Paulo:


LTr, 2013.

MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do trabalho. 30. ed. São Paulo: Atlas, 2013.

NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito do trabalho. 32. ed. São


Paulo: Saraiva, 2013.

RUSSOMANO, Mozart Victor. Comentários à Consolidação das Leis do


Trabalho. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005.

SARAIVA. Renato. Curso de direito do trabalho. São Paulo: Método, 2013.

SÜSSEKIND, Arnaldo; MARANHÃO, Délio; VIANNA, Segadas; TEIXEIRA, Lima.


Instituições de direito do trabalho. São Paulo: LTr, 2000. v. 1.

VILHENA, Paulo Emílio Ribeiro de. Relação de emprego: estrutura legal e


supostos. 3. ed. São Paulo: LTr, 2005.

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Introdução
O Contrato Individual de trabalho é basicamente a relação de prestação de
serviços estabelecida entre o empregado e o empregador. A CLT, a partir de
seu artigo 442 até o artigo 510, (Título IV) expressa o contrato de trabalho.

Contrato de trabalho é o negócio jurídico em que o empegado presta serviços


ao empregador, mediante remuneração, subordinação, pessoalmente e com
continuidade.

Os elementos de um contrato de trabalho são os requisitos legais que formam


a relação jurídica entre empregado e empregador.

Objetivo:
1. Estudo dos requisitos de validade e de existência do contrato de
trabalho, diante do art. 104 do Código Civil, e dos efeitos pretéritos
produzidos quando da declaração de nulidade pela inexistência de um
dos referidos requisitos.

19
Conteúdo
Antes de iniciar a aula, conheça o caso de um empregado que teve, em seu
contrato de experiência, um problema: o empregador deixou de indicar a data
de término no contrato de experiência, que tem como finalidade avaliar
diversos aspectos da prestação de serviços que levarão à decisão de
continuidade ou de extinção da relação de emprego.

Caso
No caso examinado pela 2ª Turma do TRT-MG, o empregador deixou de
indicar a data de término no contrato de experiência. A empresa sustentou
que estava tudo certo e que o reclamante sabia que o contrato era de
experiência.

Requisitos de validade e de existência do contrato de trabalho


De acordo com o artigo 104 do CC, são assim determinados os requisitos de
validade do negócio jurídico:

Art. 104 do CC - A validade do negócio jurídico requer:


I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III - forma prescrita ou não defesa em lei.

a) Agente Capaz

 maioridade é obtida com 18 anos de idade. Menor é todo aquele


abaixo de 18 anos.

 o trabalho do menor na TV, por exemplo, não pode interferir em seu


desenvolvimento físico ou intelectual.

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 toda resolução devida ao trabalho do menor é de responsabilidade da
Vara da Infância e da Juventude.

 menor de 16 anos é representado. Menor de 18 e maior de 16 anos


são assistidos.

 a capacidade para a obtenção de qualquer emprego é alcançada aos


16 anos conforme artigo 7º, inciso XXXIII da CRFB. Este mesmo inciso
determina que com as idades entre 14 e 16 anos é possível a
contratação do menor como APRENDIZ. Por fim, ainda apresenta que
todo menor não poderá prestar serviços no horário noturno e/ou em
locais perigosos e insalubres.

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de


outros que visem à melhoria de sua condição social:
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a
menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis
anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos;

 a CLT, no artigo 402, define como menor todo trabalhador entre 14


(quatorze) e 18 (dezoito) anos.

Art. 402 da CLT - Considera-se menor para os efeitos desta


Consolidação o trabalhador de quatorze até dezoito anos. (Redação
dada pela Lei nº 10.097, de 19.12.2000)
Parágrafo único - O trabalho do menor reger-se-á pelas disposições
do presente Capítulo, exceto no serviço em oficinas em que trabalhem
exclusivamente pessoas da família do menor e esteja este sob a
direção do pai, mãe ou tutor, observado, entretanto, o disposto nos
arts. 404, 405 e na Seção II.

21
 o artigo 439 da CLT determina que o menor poderá firmar recibos
salariais e de férias sem a necessidade de assistência ou de
representação de seus representantes legais. Contudo, elas serão
necessárias nas assinaturas do contrato e da rescisão.

Art. 439 da CLT - É lícito ao menor firmar recibo pelo pagamento dos
salários. Tratando-se, porém, de rescisão do contrato de trabalho, é
vedado ao menor de 18 (dezoito) anos dar, sem assistência dos seus
responsáveis legais, quitação ao empregador pelo recebimento da
indenização que lhe for devida.

 contra os menores não ocorre a prescrição.

 a CTPS também poderá ser retirada, sem a necessidade de assistência,


pelo menor.

 a emancipação civil causará os mesmos efeitos na vida do menor


trabalhador.

Obs.: o trabalho do menor está regulamentado nos artigos 402 a 441 da CLT,
e deverá ser analisado em conjunto com o Estatuto da Criança e do
Adolescente.

b) Objeto lícito, possível e determinado – a jurisprudência trabalhista


diferencia o trabalho proibido do trabalho ilícito para fins de
pagamento de verbas salariais e rescisórias referentes ao período
anterior à declaração de nulidade (efeito ex nunc – do momento para
frente).

Art. 444. As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre


estipulação das partes interessadas em tudo quanto não contravenha

22
às disposições de proteção ao trabalho, aos contratos coletivos que
lhes sejam aplicáveis e às decisões das autoridades competentes.

Art. 9º Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo


de desvirtuar ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente
Consolidação.

No trabalho proibido a nulidade produzirá efeitos ex nunc, ou seja, da


declaração de nulidade em diante. Desta forma, como o trabalho é lícito, o
empregado fará jus aos direitos trabalhistas referentes ao período
compreendido entre a contratação e a declaração de nulidade judicial.

Na administração pública há uma regra específica para este caso, no que


tange à contratação sem a realização de concurso público pois, neste caso, o
trabalhador só terá direito ao valor das horas trabalhadas e do FGTS,
conforme Súmula nº 363 do TST.

No trabalho ilícito o contrato não poderá produzir qualquer efeito, uma vez
que seu objeto é considerado um ilícito na forma da lei penal, sendo assim,
será considerado nulo desde a sua celebração (efeito ex tunc). A OJ
(Orientação Jurisprudencial) nº 199 da SDI 1 do TST afirma expressamente
que contrato de trabalho de “JOGO DE BICHO” é nulo por causa de
seu objeto ilícito, mesmo que existam autores e poucos julgados que
afirmem que o efeito seria ex nunc.
Com relação à possibilidade jurídica, o contrato de trabalho deverá ter como
objeto uma atividade passível de ser exercida pelo empregado, assim como
deverá estar expresso no contrato o referido objeto, uma vez que sua
indeterminação não é protegida nem aceita pelos princípios gerais do Direito
do Trabalho.

No que tange à possibilidade jurídica do objeto, o Direito do Trabalho destaca


que o empregado deverá ser contratado para a realização de atividades

23
possíveis de serem alcançadas em decorrência das suas aptidões e
qualificações, pois, caso contrário, será passível de rescisão indireta por parte
do trabalhador conforme art. 483 da CLT. Por outro lado, este item também
deve ser analisado com relação à sua possibilidade material, ou seja, se o
empregado será capaz de realizar a atividade para qual foi contratado.

Por fim, cumpre ainda analisar a determinação do objeto, que para a doutrina
e a jurisprudência, deverá ser obrigatoriamente estipulada no contrato de
trabalho. Contudo, há hoje um novo entendimento que admite a sua omissão
em face do disposto no art. 456, parágrafo único da CLT, onde o empregado
só deverá realizar serviço compatível com a sua condição pessoal.

Art. 456. A prova do contrato individual de trabalho será feita pelas


anotações constantes da carteira de trabalho e previdência social ou
instrumentos escritos e suprida por todos os meios permitidos e de
direito.
Parágrafo único. À falta de prova ou inexistindo cláusula expressa a tal
respeito, entender-se-á que o empregado se obrigou a todo e qualquer
serviço compatível com a sua condição pessoal.

c) Forma do contrato de trabalho – em regra geral, não há forma


prescrita em lei, podendo o contrato surgir de forma tácita ou
expressa, ser celebrado verbalmente ou por escrito, por prazo
determinado ou indeterminado.

Obs.: CONTRATO DE INAÇÃO – contrato onde não existe determinado o


objeto da função a ser estabelecida. É possível, neste caso, solicitar a rescisão
contratual por parte do Empregador, como previsto no artigo 483 da CLT.

24
Vícios e defeitos
a) ERRO
Tudo que não condiz com a realidade dos fatos. O erro é o modo falso que
não tem consentimento algum de existir.

b) DOLO
O dolo essencial implica em anulação do ato. O dolo acidental não tem
influência decisiva sobre a manifestação da vontade e só obriga à
satisfação das perdas e danos.

c) COAÇÃO
É instrumento de intimidação que poderá manifestar-se por meio de força
física ou por força moral. O coagido (vítima) deverá ter consciência dos danos
causados pelo coator.

É toda a pressão exercida sobre um indivíduo para obrigá-lo a concordar com


um ato.

Para que a coação ocorra é necessário que a ameaça seja a causa do ato;
que ela seja grave, injusta, atual ou iminente; que traga receio de prejuízo
igual ao decorrente do ato extorquido; que o prejuízo recaia sobre a pessoa
ou sobre sua família.
A consequência desse ato implica em crimes descritos no Código Penal como
constrangimento ilegal e ameaça.

d) SIMULAÇÃO
O ato só existe na aparência estando encoberta a verdade. É a intenção
deliberada de prejudicar terceiros com infringência dos dispositivos gerais.

Por exemplo: o empregado que aceita ser registrado na CTPS com salário
menor do que realmente recebe está sendo vítima de simulação.

25
e) FRAUDE (CONTRA CREDORES)
As ações que visam à anulação de atos fraudulentos contra credores são
denominadas de Ações Revogatórias. Trata-se de um artifício entabulado pelo
devedor no sentido de prejudicar o credor, dificultando o cumprimento de
uma obrigação.

Estrutura Jurídica do Contrato


Quando de forma escrita, o contrato surge através de uma estrutura formal,
visando criar um vínculo jurídico entre empregador e empregado, sem
prejuízo à proteção do trabalhador. Destarte, deve o contrato ser precedido
da identificação das partes, cláusulas essenciais e formação de
consentimento. Podemos então admitir que três requisitos são necessários na
construção da estrutura jurídica do contrato individual de trabalho.

Da Qualificação das Partes


Identificar as partes segue a forma de mencionar quem é o empregador e
quem é o empregado. O empregador pode ser pessoa jurídica ou pessoa
física individual, sendo aquele devidamente inscrito no Cadastro Nacional de
Pessoas Jurídicas (CNPJ) ou, no caso deste, no Cadastro Específico Individual
(CEI) do INSS, ainda, pela expressão do artigo 2º, § 1º da CLT.

“Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de


emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as
associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que
admitirem trabalhadores como empregados”.

Também constará o endereço completo da sede do empregador e sua


atividade econômica principal.

26
O empregado é somente pessoa física, portador da Carteira de Trabalho e
Previdência Social (CTPS) e CPF, devendo constar endereço completo e data
de nascimento.

Obs.: A identificação correta e completa das partes no contrato de trabalho


proporciona uma transparência mais adequada nas relações, podendo a partir
dessas informações, constituir outras importantes para um eventual litígio,
como por exemplo, o local de trabalho, objeto da atividade do empregador e
a capacidade das partes. E partindo dessas informações constituir a validade
das partes, as quais, eivadas de vícios, podem caracterizar um contrato nulo
ou anulável.

Da Cláusula Essencial
Cláusula essencial em um contrato de trabalho deve ser entendida como
aquela primordial à tutela do empregado e aos requisitos da lei. Podemos
analisar que não existe contrato de trabalho a título gratuito, sendo certo que
toda prestação de serviço empregatícia tem sua onerosidade. Assim, podemos
incluir entre as cláusulas essenciais:

a) Modalidade do contrato: Determinado ou Indeterminado;


b) Se contrato determinado: data de início e fim;
c) Valor da contraprestação pelos serviços prestados como empregado;
d) Dia e horário de trabalho;
e) Período de descanso na jornada e entre jornadas;
f) Cargo a ser ocupado pelo empregado;
g) Data de admissão.

Do Consentimento
Consentimento é o cerne da questão em qualquer tipo de contrato, não podia
ser diferente no contrato de trabalho. Consentir é estar de acordo, é
promover sua fidelidade, é demonstrar que saberá o que fazer e o que terá

27
como contraprestação. Ferir essa formalidade é tornar o contrato anulável,
pois nenhuma pessoa pode coagir outra a assinar ou tomar parte de um
contrato.

Nos dizeres do professor Fran Martin: “Diz-se que um contrato é consensual


quando se forma e gera obrigações pelo simples consentimento das partes;
assim, não é necessário nenhum outro fato para tornar o contrato perfeito e,
consequentemente, exequível. O mero acordo de vontades faz nascerem as
obrigações para a existência das quais o contrato se formou”.

Assim é o contrato de trabalho, regulado também pela vontade das partes, o


que pode ser simbolizado expressamente pela assinatura, seguida ou não de
testemunhas. Nos contratos de trabalho com menor de idade (entre 14 e 18
anos), é imprescindível a assinatura do representante legal, pois sua ausência
torna o contrato anulável.

Das Cláusulas Assessórias


Afora a obrigação de formar uma estrutura jurídica legal, pode-se nos
contratos acrescentar cláusulas que lhes possam valer de adaptação à
necessidade do empregador e do empregado, sendo livre o estipulado entre
as partes, nos limites da lei.

“As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre


estipulação das partes interessadas em tudo quanto não
contravenha às disposições de proteção ao trabalho, às convenções
coletivas que lhes sejam aplicáveis e às decisões das autoridades
competentes” art. 444 da CLT,

Dentre as cláusulas assessórias, destacam-se:


a) Prorrogação na jornada de trabalho;
b) Autorização para descontos de benefícios concedidos;

28
c) Determinação de disposição para o exercício de outra atividade,
quando da ausência da principal;
d) Possibilidade de viagem;
e) Transferência de local de trabalho;
f) Prorrogação de prazo no contrato determinado;
g) Cumprimento extensivo ao regulamento interno da empresa;
h) Responsabilidade por danos causados, ainda que por culpa ou dolo;
i) Mudança de horário;
j) Eleição do foro competente.

Dos contratos de trabalho com a Administração Pública


Os servidores públicos subdividem-se em categorias de acordo com a
natureza de seus vínculos com o Estado:

Servidor Estatutário: submete-se a regime estabelecido em lei por cada


uma das unidades da federação e modificável unilateralmente, desde que
respeitados os direitos já adquiridos pelo servidor. Quando nomeados,
ingressam numa situação jurídica predefinida, à qual se submetem com o ato
da posse. Seu posto de trabalho denomina-se cargo público.

Empregado Público: é contratado sob regime celetista, com as alterações


decorrentes da Constituição Federal. Aqui não podem Estados e Municípios
disciplinar o vínculo, posto que lhes falta competência para legislar sobre
Direito do Trabalho (art. 22, I, CF). Ficam, portanto, submetidos à legislação
federal, que proíbe alterações unilaterais do contrato de trabalho. No âmbito
da União, gozam de certa estabilidade, porquanto pela Lei nº 9.962/00 não
há dispensa sem justa causa. Destaque-se que tal lei não pode ser aplicada a
cargos públicos em comissão. Seu posto de trabalho denomina-se emprego
público.

29
Servidores Temporários: contratados para exercer funções temporárias,
mediante regime jurídico especial a ser definido em lei de cada unidade da
federação. Baseia-se no permissivo constitucional do artigo 37, IX, que traz
que a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para
atender à necessidade temporária de excepcional interesse público. Seu posto
de trabalho denomina-se função pública.

Desde a contratação, a relação do Estado com seus empregados apresentam


particularidades que o afastam da situação vivida no âmbito privado em geral.
Nos termos do art. 37, inciso II, da Constituição Federal, a contratação de
servidores púbicos em geral, exceto para os cargos de confiança, deve ser
precedida de concurso público, sob pena de nulidade (CF, art. 37, § 2º). Com
efeito, reconhecida a nulidade, firmou-se o entendimento jurisprudencial de
que o empregado não faz jus a direito trabalhista algum, sendo-lhe deferido
apenas, a título de indenização, o pagamento pelo labor prestado, com base
no valor salarial pactuado, desde que não inferior ao mínimo legal. Parte
dessa injustiça foi corrigida pelo legislador, conferindo ao trabalhador, em tais
circunstâncias, o direito ao FGTS (Lei nº 8.036/90, art. 19-A). A redação do
Enunciado da Súmula nº 363 do TST assim dispõe:

“Súmula 363 – Contrato Nulo. Efeitos. A contratação de servidor


público, após a CF/1988, sem prévia aprovação em concurso público,
encontra óbice no respectivo art. 37, II e § 2º, somente lhe conferindo
direito ao pagamento da contraprestação pactuada, em relação ao
número de horas trabalhadas, respeitado o valor da hora do salário
mínimo, e dos valores referentes aos depósitos do FGTS.”

A solução adotada no Enunciado nº 363 do TST, no entanto, está longe de


ser ideal. Em primeiro lugar, desconsidera que quem deve promover o
concurso público é a Administração, não o trabalhador. Afora isso, não atenta
para a natureza dos valores devidos ao trabalhador, no caso. Com efeito, nos
termos do art. 182 do Código Civil, anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão

30
as partes ao estado em que antes dele se achavam, e, não sendo isso
possível, serão indenizadas com o equivalente. O fundamento pelo qual deve
o empregador pagar o equivalente aos serviços prestados é o fato de ser
impossível a devolução da força de trabalho despendida pelo obreiro. E, no
caso, é irrelevante se alguma das partes ou ambas estava de má-fé. O que se
busca evitar é o enriquecimento ilícito. Assim, se a Administração contrata
empregados para prestar-lhe serviços, mas por não promover concurso livra-
se da obrigação de pagamento da maior parte das verbas trabalhistas, estará
havendo enriquecimento sem causa. Por fim, não se pode dizer que à
prestação de trabalho subordinado correspondam apenas os salários em
sentido estrito, uma vez que a equivalência entre as prestações das partes,
no contrato laboral, estabelece-se pelo conjunto das obrigações assumidas
por cada uma delas. Assim, não se poderiam tratar os adicionais, por
exemplo, como prêmio, senão como salário em sentido estrito, uma vez que
visam retribuir o trabalho prestado em condições mais gravosas.

Em suma, sendo a responsabilidade maior pela ausência de concurso público


da própria Administração, a quem cabia promovê-lo, não poderia beneficiar-
-se por sua omissão. Além disso, estaria transferindo para os ombros do
trabalhador os encargos resultantes da prestação de um serviço público, com
benefício a toda a sociedade, em detrimento de quem empregou sua energia
pessoal em prol da coletividade.

Atividade proposta
Atividade 1: Antes de iniciar a aula, conheça o caso de um empregado que
teve, em seu contrato de experiência, um problema: o empregador deixou de
indicar a data de término no contrato de experiência, que tem como
finalidade avaliar diversos aspectos da prestação de serviços que levarão à
decisão de continuidade ou de extinção da relação de emprego. Em seguida,
responda à questão abaixo: Ao termo final nesta modalidade de contrato é
imprescindível? Qual a consequência jurídica da sua inexistência?

31
Atividade 2: Antônio foi contratado por experiência pelo prazo de 30(trinta)
dias. Findo o prazo, o empregador resolveu extinguir o contrato de trabalho,
mas o Sr. Arthur, colega de Antônio, pediu mais uma chance para que ele
pudesse mostrar seu trabalho. O empregador então prorrogou por mais
30(trinta) dias o contrato de trabalho. Extinta a primeira prorrogação, Antônio
foi comunicado que seu contrato estava extinto e ele não continuaria na
empresa. Desesperado, pediu ao empregador uma nova oportunidade e
informou que estava com a mãe muito doente e o dinheiro do salário seria
utilizado para custear os medicamentos. Ponderou que o prazo máximo de
experiência é de 90 (noventa) dias e com isso conseguiu uma nova
prorrogação pelo prazo de 30 (trinta) dias. Após 90 (noventa) dias de
prestação de serviços, o empregador extinguiu o contrato de trabalho e
efetuou o pagamento das verbas trabalhistas considerando a extinção
contratual a termo.
Pergunta-se: Agiu corretamente o empregador? Fundamente.

Aprenda mais
• Leitura da Súmula nº 331 do C. TST
• Terceirização na Administração Pública

32
Exercícios de fixação
Questão 1
Conforme a Consolidação das Leis do Trabalho, é CORRETO afirmar que:

a) O contrato de trabalho é formal, devendo ser declarada a sua nulidade


quando realizado de forma verbal.
b) Considera-se empregado toda pessoa física que presta serviços de
natureza não eventual ao empregador, sob a dependência deste,
mesmo que a título gratuito.
c) As instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras
instituições sem fins lucrativos que admitirem trabalhadores como
empregados não terão esta relação regida pala CLT, por existirem
normas específicas que regem essas relações de trabalho.
d) O contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso,
correspondente à relação de emprego.

Questão 2
O contrato individual de trabalho:

a) Deve ser celebrado sempre por escrito.


b) Pode ser celebrado por escrito ou verbalmente, havendo ou não prazo
fixado.
c) Pode ser celebrado por escrito ou verbalmente somente nos casos de
contrato por prazo determinado.
d) Pode ser celebrado por escrito ou verbalmente somente nos casos de
contrato sem prazo determinado.

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Questão 3
Quanto ao contrato individual de trabalho, considere as assertivas abaixo.

I - É imprescindível a determinação do prazo.


II - Sendo o contrato verbal, o trabalhador não terá seus direitos garantidos,
tornando-se necessário o ajuizamento de ação trabalhista para reivindicá-los.
III - A CLT não exige forma à celebração do pacto laboral, podendo o ajuste
se dar tácita ou expressamente, sem prejuízo dos direitos previstos em lei.

Quais são corretas?


a) Apenas a I
b) Apenas a III
c) Apenas a I e II
d) Todas.

Questão 4
Assinale a alternativa correta:

a) Constatado o intuito de fraude no contrato de trabalho, cabe ao Juiz


decretar-lhe a nulidade em sua inteireza.
b) A sucessão trabalhista pode ocorrer em quaisquer dos polos da relação
de emprego.
c) O princípio tutelar tido como princípio cardeal do Direito do Trabalho
em nada afronta o moderno conceito de contrato abarcado pelo novo
Código Civil. Ao contrário, implica no reconhecimento da desigualdade
dos sujeitos da relação de emprego.
d) A onerosidade é elemento indispensável à caracterização do contrato
de trabalho. Portanto, pode-se dizer que tanto o trabalho gratuito
como aquele em que o beneficiário não honrou com obrigação de
pagar não podem ser reconhecidos como contrato de trabalho.

34
Questão 5
Quanto a contrato individual de trabalho, analise as proposições e assinale a
letra que contenha a ordem que expresse a correlação correta:

V – verdadeiro
F – falso
( ) Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de
natureza eventual ao empregador, sob dependência dele e mediante salário.
( ) Não se reconhece a validade do contrato de experiência se não houver
sido formalizado por meio de documento escrito.
( ) O contrato individual de trabalho, correspondendo à relação jurídica de
emprego, apenas se caracteriza quando celebrado de modo expresso, com os
registros na CTPS do operário.
( ) De acordo com a CLT, considera-se empregador a empresa, individual ou
coletiva, que assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e
dirige a prestação pessoal de serviços.

a) F/V/V/F.
b) V/F/F/V.
c) F/V/F/V.
d) V/V/F/F.

Referências
BARROS, Alice Monteiro de. Curso de direito do trabalho. São Paulo: LTr,
2013.

CASSAR, Volia Bonfim. Direito do trabalho. Niterói: Impetus, 2013.

DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. São Paulo:


LTr, 2013.

35
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do trabalho. 30. ed. São Paulo: Atlas, 2013.

NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito do Trabalho. 32. ed. São


Paulo: Saraiva, 2013.

RUSSOMANO, Mozart Victor. Comentários à Consolidação das Leis do


Trabalho. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005.

SARAIVA. Renato. Curso de direito do trabalho. São Paulo: Método, 2013.

SUSSEKIND, Arnaldo; MARANHÃO, Délio; VIANNA, Segadas; TEIXEIRA, Lima.


Instituições de direito do trabalho. São Paulo: LTr, 2000. v. 1.

VILHENA, Paulo Emílio Ribeiro de. Relação de emprego: estrutura legal e


supostos. 3. ed. São Paulo: LTr, 2005.

36
Introdução
Dentro do plano da validade, os negócios poderão ser nulos ou anuláveis.
Convém registrar que, ao se falar em negócio nulo, estar-se-á falando em
nulidade absoluta. Ao revés, quando se referir a negócio anulável, estar-se-á
referindo à nulidade relativa. Já as genéricas expressões nulidade e validade
abrangem as duas espécies: absoluta e relativa.

A CLT contém pouquíssimos dispositivos que versam sobre nulidade. Deles,


nenhum se reporta à nulidade do contrato de trabalho, mas apenas dos atos
praticados no curso do contrato.

Antes de adaptarmos a teoria civilista da nulidade dos atos jurídicos à órbita


trabalhista, devemos conhecê-la ao longo desta aula.

Por fim, analisaremos as principais modalidades de contratos de trabalho por


prazo determinado em seus mais diversos aspectos.

Objetivo:
1. Estudo dos efeitos pretéritos produzidos quando da declaração de
nulidade pela inexistência de um dos requisitos de validade e/ou de
existência estudados na aula anterior.
2. Análise das diversas modalidades de contratos de trabalho por prazo
determinado previstas na CLT, como os da Lei 6.019/74 (Lei do
Trabalho Temporário) e da Lei 9.601/98.

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38
Conteúdo

Das nulidades contratuais e das modalidades de contratos de


trabalho por prazo determinado
A ineficácia do negócio jurídico não se confunde com falta de consequências
jurídicas. Para esclarecer o que se está a dizer, traz-se a seguinte distinção:
a) contrato nulo, ineficaz, porém com consequências jurídicas, b) contrato
nulo e eficaz.

No primeiro caso, tem-se como exemplo o contrato de trabalho do servidor


público celetista que ingressou na Administração Pública sem prestar o
necessário concurso público exigido pelo art. 37, II, da CF. A nulidade
absoluta nesse caso, art. 166, V, do novo Código Civil, ensejará ineficácia do
contrato de trabalho. Contudo, nem por isso ele deixará de ter consequências
jurídicas: o obreiro terá direito à indenização por perdas e danos, nos termos
dos artigos 182 e 186 do novo Código Civil.

Para a segunda situação, contrato nulo com eficácia, cite-se o exemplo do


contrato celebrado por menor de 16 anos. A nulidade do contrato (art. 166, I,
do NCCB), nesse caso, não lhe retirará a eficácia: mesmo nulo, o contrato
produzirá todos os efeitos jurídicos desejados pelas partes. Em suma, há
sensível diferença entre eficácia e consequência jurídica. Contrato eficaz é
aquele que produz, de forma parcial ou integral, efeitos jurídicos próprios
(efeitos desejados pelas partes). Contrato com consequências jurídicas é
aquele que, mesmo ineficaz, produz determinados efeitos impróprios (efeitos
diversos dos desejados pelos contratantes), indenização do prejuízo causado
pela nulidade. Diante do exposto, conclui-se que tanto o plano da existência
quanto o da eficácia não requerem maiores dificuldades de compreensão. Ao
contrário, é o plano da validade que vem estorvando a doutrina e a
jurisprudência, vez que a nossa legislação trabalhista é precária e o
regramento civil das nulidades não é integralmente compatível com os
princípios do Direito do Trabalho.

39
Teoria geral da nulidade do contrato
Dentro do plano da validade, os negócios poderão ser nulos ou anuláveis.
Convém registrar que, ao se falar em negócio nulo, estar-se-á falando em
nulidade absoluta. Ao revés, quando se referir a negócio anulável, estar-se-á
referindo à nulidade relativa. Já as genéricas expressões nulidade e validade
abrangem as duas espécies: absoluta e relativa.

A CLT contém pouquíssimos dispositivos que versam sobre nulidade. Deles,


nenhum se reporta à nulidade do contrato de trabalho, mas apenas dos atos
praticados no curso do contrato.

Antes de adaptarmos a teoria civilista da nulidade dos atos jurídicos à órbita


trabalhista, devemos conhecê-la. Um breve escorço das questões
fundamentais faz-se mister. Com fulcro no artigo 166 do novo Código Civil, é
nulo o negócio quando praticado por (I) pessoa absolutamente incapaz, (II)
for ilícito, impossível ou indeterminável o objeto, (IV e V) for inobservada a
forma ou alguma solenidade prescrita em lei e (VII) quando a lei
taxativamente assim o declarar ou proibir-lhe a prática, sem cominar outra
sanção. Além de tais casos, o novel Código de 2002 incluiu duas hipóteses de
nulidade absoluta no regramento do art. 166: no inciso VI, a inquinação dar-
se-á quando o negócio jurídico tiver por objetivo fraudar lei imperativa e, no
inciso III, a nulidade absoluta ocorrerá quando o motivo determinante,
comum a ambas as partes, for ilícito. A nulidade absoluta por fraus legis (VII)
é muito comum na esfera trabalhista e, de certa forma, já se encontrava
plasmada na regra do art. 9º da CLT. Quanto à inclusão do inciso III ao art.
166 do NCCB, o legislador foi coerente com sua nova postura de traspassar a
simulação como causa de anulabilidade para causa de nulidade absoluta ex vi
do caput do art. 167: "É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o
que se dissimulou, se válido for na substância e na forma".

O artigo 171 do mesmo digesto legal passa a dispor ser anulável o negócio
jurídico praticado por (i) agente relativamente incapaz ou por (ii) vício

40
resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra
credores. Impende registrar, outrossim, que o novo Código incluiu a lesão e o
estado de perigo como vícios de consentimento capazes de anular o negócio
jurídico. Doravante, o contratante que assumir prestação excessivamente
onerosa em face de premente necessidade ou por inexperiência (lesão – art.
157) ou em face de premente necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua
família, de grave dano conhecido pela outra parte (estado de perigo – art.
156), poderá anular o negócio ou o ato jurídico. Não se negue que o instituto
da lesão já era concebido na CLT, contudo numa dimensão mais ampla e
objetiva, conforme dicção do art. 468 da CLT, que declara nula a novação
contratual que importar prejuízo direto ou indireto ao empregado,
independente da investigação da vontade. A nulidade se dá por presunção
legal e absoluta de vício (júris et de jure), haja vista a natureza protetiva da
relação de emprego.

Distinção entre nulidade relativa e absoluta na esfera cível


A doutrina civilista consagrou três diferenças quanto à convalidação,
pronunciamento e efeitos da nulidade absoluta e relativa:

a) Convalidação: enquanto a nulidade relativa pode ser confirmada pela


parte lesada de forma expressa (ratificação) ou tácita (convalidação), a
nulidade absoluta não comporta nenhuma dessas confirmações.
Artigos 169 e 172 do NCCB;

b) Pronunciamento: os atos nulos deverão ser decretados ex officio pela


autoridade competente ou a requerimento da parte interessada ou do
Ministério Público; os atos anuláveis somente serão declarados após
provocação da parte interessada, sendo vedada a decretação de ofício.
A nulidade relativa aproveita exclusivamente a parte alegante, salvo os
casos de solidariedade ou indivisibilidade. Artigos 168 e 177 do NCCB.

41
c) Efeitos: a nulidade absoluta tem efeitos ex tunc e a nulidade relativa,
ao ser declarada em sentença, também contém efeitos retroativos. O
artigo 158 do CC/16 e, em igual regra, o art. 182 do CC/02, além de
contemplarem o efeito ex tunc da anulação, estatui que, se o retorno
ao status quo ante for impossível (por exemplo, nos contratos de trato
sucessivo), as partes serão indenizadas com o equivalente.

Adaptação das regras civilistas à nulidade trabalhista


Enquanto na esfera civil os efeitos da nulidade absoluta e relativa são
retroativos, na seara trabalhista, ambas as nulidades geram, em regra, efeitos
ex nunc. Somente quando a nulidade trabalhista versar sobre objeto ilícito é
que, excepcionalmente, implicará efeitos retroativos. Em relação à decretação
da nulidade trabalhista, na absoluta, a autoridade deve declará-la de ofício,
enquanto que, na relativa, somente a parte interessada pode provocá-la e os
seus efeitos alcançam exclusivamente a parte alegante. Havendo inércia na
arguição da nulidade relativa, os efeitos se convalidam. Como se vê, nesse
particular as regras dos arts. 172 e 177 do NCCB estendem-se aos contratos
de trabalho. Assim, combinando as duas observações anteriores, traz-se o
seguinte exemplo: se um contrato de trabalho for anulado por erro verificado
na contratação individual de vários empregados, a nulidade relativa alcançará
somente o interessado que a arguiu e os seus efeitos serão ex nunc, haja
vista o princípio da irretroatividade dos efeitos da nulidade trabalhista.

Em se tratando de nulidade absoluta, como, por exemplo, a participação


direta do empregado no objeto penalmente ilícito, a autoridade deverá
declará-la de ofício e, caso o contrato ainda esteja em curso, o juiz deverá
rescindi-lo ope judicis. Ressalvada a exceção vista acima (ilícito penal), os
efeitos da nulidade absoluta também serão irretroativos, em face dos
princípios trabalhistas que informam o tema.

42
Princípios que informam a nulidade trabalhista
O princípio de proteção ao empregado repercute sobre todo o Direito do
Trabalho. Por conseguinte, também é regente para o instituto da nulidade
trabalhista. Importante analisá-lo numa perspectiva contratual
contemporânea.

Do princípio maior da proteção ao empregado, derivam e se aperfeiçoam


outros específicos ao estudo das nulidades. São eles:

a) Conservação e eficácia do contrato nulo. O princípio da conservação


deve estar presente nos três planos, tanto no Direito Civil, quanto no
Direito do Trabalho. Nele se propugna pela busca máxima de
existência, validade e eficácia dos atos negociais. Daí que o antigo
brocardo de que o ato nulo nenhum efeito produz (quod nullum est,
nullum producit effectum) não tem valor absoluto e comporta inúmeras
exceções.

A título exemplificativo, aponte-se o tecido civil normativo que disciplina o


casamento. O art. 1.561 do NCCB39 estatui que, mesmo nulo, o matrimônio
produz todos os efeitos civis para os filhos e o cônjuge de boa-fé.

Com efeito, também a nulidade do contrato de trabalho, ainda que absoluta,


implicará eficácia e proteção jurídica a uma relação de emprego cujos atos
materiais já tenham se ultimado. Haverá casos que o contrato de trabalho
nulo será ineficaz, porém, ainda assim, implicará consequências jurídicas,
v.g., contrato nulo e ineficaz do servidor que não se submeteu a concurso
público, porém com direito à indenização por perdas e danos equivalente a
extensão do prejuízo.

b) Presunção de boa-fé do empregado na celebração do contrato. Antes


de qualquer ilação, deve-se considerar o seguinte silogismo. Premissa
maior: é causa típica do contrato de trabalho, por parte do empregado,

43
receber salário que, por sua vez, tem natureza alimentícia. Premissa
menor: em tese, quando se celebra o contrato, o trabalhador adere às
condições predeterminadas pelo empregador.

A partir das premissas, maior e menor, num exercício silogístico, conclui-se


que o empregado, quando dá o seu consentimento negocial em relação ao
objeto do contrato, age presumidamente de boa-fé, haja vista sua condição
de mero aceitante da proposta formulada (arts. 422 a 424 do NCC). Destarte,
na análise da nulidade do contrato de trabalho, deve-se ponderar a boa-fé
presumida do obreiro, máxime quando da delimitação dos efeitos do nulo.

c) Impossibilidade de retorno ao status quo ante e vedação ao


locupletamento. Sendo o contrato de trabalho de trato sucessivo e,
portanto, impossível a devolução física e material da energia
despendida pelo empregado, "qualquer tentativa de atribuir à nulidade
efeitos retroativos seria beneficiar o empregador, que poderia reter o
salário devido até exigir a devolução dos salários pagos".42 Logo, o
empregador passa a estar obrigado a retribuir o serviço ilícito prestado
porque, doutro modo, enriqueceria ilicitamente.

d) Razoabilidade na apreciação de cada caso. Um dos princípios que


informam o Direito do Trabalho é o da razoabilidade, ou seja, na
análise de cada caso concreto deve-se considerar que o ser humano,
em suas relações trabalhistas, procede e deve proceder conforme a
razão.44 Não se olvide a exata constatação de Recaséns Siches de que
a lógica do Direito é a lógica do razoável e, por isso, ao juiz e ao
legislador não interessam a realidade pura, mas sim decidir sobre o
que fazer de certos aspectos de determinadas realidades.

É importante esclarecer que a eficácia jurídica conferida ao ato nulo visa


atender situações que envolvam os seguintes interesses de proteção:

44
a) da família;
b) da ordem pública;
c) da boa-fé.

Eis o trinômio axiológico em que a eficácia do contrato nulo passa a ser regra
geral e não exceção. Não se negue que o contrato de trabalho está em
sintonia com esses três valores: a) familiar – em face do alcance do conceito
de salário e sua natureza alimentícia do trabalhador e de sua família; b) de
ordem pública – ante o caráter cogente e irrenunciável de suas normas; c)
boa-fé – decorrente da presunção de que o obreiro assim age em face de sua
condição de signatário aderente às condições preestabelecidas pelo
empregador.

Diante de tais razões principiológicas e axiológicas, podemos asseverar que


na órbita do contrato individual do trabalho prevalecem duas regras gerais
imbricadas:
a) Eficácia do contrato nulo, quando exercido por agente de boa-fé;
b) Irretroatividade dos efeitos da nulidade.

Até mesmo a conhecida divisão entre trabalho ilícito e trabalho proibido


corrobora o efeito irretroativo das nulidades trabalhistas como regra geral.
Assim, em se tratando de labor proibido — aquele vedado na legislação civil
ou do trabalho — há produção de efeitos trabalhistas. Já o trabalho ilícito —
aquele que configura crime ou contravenção penal — constitui exceção e, por
isso, a nulidade operará efeitos ex tunc.

Princípio da conservação dos contratos: convalidação e sanação


Pelo princípio da conservação, "aproveita-se, ao máximo possível, o negócio,
em atenção, principalmente, à intenção negocial manifestada pelas partes.
Com outras palavras: deve-se, na medida do possível, afastar do âmbito da
nulidade todos os atos possíveis que por ela não foram afetados. Daqui

45
decorrem consequências práticas para o contrato de trabalho em sua visão
estrutural. Entre elas, citem-se: a) convalidação e sanação; b) conversão
negocial.

A convalidação e a sanação, em tese, consistem na validação de um ato


anulável (nulidade relativa). Na primeira figura é a inércia da parte
interessada em deixar de denunciar ou arguir a invalidade que irá ensejar o
aperfeiçoamento do ato inquinado. Na sanação, também chamada ratificação
ou confirmação, o ato inválido deixa de ser deficiente através de uma ação da
parte legítima.

Em Direito Civil, a nulidade absoluta, além de não se convalidar, é insanável,


ex vi legis (art. 169 do NCCB). Ocorre que, na esfera negocial trabalhista, a
nulidade absoluta é vista sob outras lentes e as figuras da sanação e da
convalidação do ato nulo, além de serem possíveis, implicam a unicidade do
contrato de trabalho.

Nulidade por desprezo à formalidade essencial


Outro caso digno de nota é o contrato de trabalho nulo por descumprir
formalidade prescrita em lei (art. 166, IV e IV do NCC). Enfrentemos, a título
exemplificativo, o caso típico do servidor público celetista que deixou de se
submeter à aprovação em concurso público. A nulidade proveniente da
violação da solenidade prevista no art. 37, II da CF obstará o aproveitamento
de qualquer outra espécie contratual. Assim, aplicando-se os princípios que
informam a nulidade trabalhista, o obreiro que, nessas condições, laborou de
boa-fé terá seu contrato declarado nulo em face da inércia do administrador
que deixou de proceder à abertura de concurso público. Assim, mesmo nulo o
contrato, o trabalhador terá direito à indenização equivalente a extensão dos
prejuízos decorrentes. Em tal situação haverá um contrato nulo, ineficaz,
porém com consequências jurídicas (a indenização devida).

46
Quanto à indenização cabível em face da nulidade do contrato de trabalho, a
doutrina alienígena já pacificou entendimento de que, por ser ele de trato
sucessivo, seus efeitos são irretroativos como regra, salvo os casos de objeto
ilícito. Acerca dos contratos de execução continuada, evoca-se a parte final do
artigo 182 do novo Código Civil:

Art. 182. Anulado o ato, restituir-se-ão as partes ao estado em que


antes dele se achavam, e, não sendo possível restitui-las, serão
indenizadas com o equivalente.

Quanto ao alcance da indenização, o novo Código Civil, ao contrário da


omissão do CC/16, não deixou qualquer margem a dúvidas acerca da plena
aplicação da restitutio in integrum. A propósito, reza o CC/02:

Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.


Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade
da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a
indenização.

Como se vê, seja pelo efeito ex nunc das nulidades dos contratos de trato
sucessivo, que expressamente determina a indenização pelo equivalente (art.
182 do CC/02), seja pela aplicação do comezinho princípio da restitutio in
integrum, aplicada no campo da reparação do dano, a indenização deve
abranger toda a extensão do prejuízo, conforme comando estampado na lei
(art. 944, caput, do CC/02).

Contrato de trabalho por tempo determinado


Tendo em vista que o contrato por tempo indeterminado é exceção do Direito
Trabalhista Brasileiro, ele só será admitido nas hipóteses estabelecidas em lei,
tendo como as principais:

47
 Nas situações previstas no artigo 443, §1º e §2º da CLT;
 Nas hipóteses da Lei 6.019/74;
 Nas hipóteses da Lei 9.601/98;
 No contrato de trabalho por obra certa.

Nas situações descritas pelo artigo 443 da CLT, temos as seguintes


características:

a) Necessidade de comprovação de serviço cuja natureza ou


transitoriedade justifique a predeterminação do prazo: Neste
caso o que se avalia é a natureza ou a provisoriedade do serviço a ser
desempenhado pelo empregado;

b) Serviços de caráter transitório: diferentemente da letra anterior, o


que vai importar é a atividade desempenhada pela empresa que,
obrigatoriamente, deverá possuir natureza temporária ou transitória;

c) Contrato de experiência: também conhecido como “contrato de


prova” ou “contrato a contento”, uma vez que este contrato possui
como objeto a avaliação mútua entre as partes, no sentido de verificar
a possibilidade da continuação por prazo indeterminado.

Contrato de experiência
 para alguns doutrinadores, o contrato de experiência, segundo o §2º do
artigo 445 da CLT, que não poderá ultrapassar 90 dias, possui natureza
jurídica de cláusula contratual e não especificamente uma espécie de contrato
de trabalho.

 apesar de o fundamento jurídico ser aceitável, já que na prática o período de


experiência vem realmente descrito na forma de cláusula contratual, o

48
posicionamento majoritário ainda é no sentido de uma espécie de contrato de
trabalho por tempo determinado.

 assim como as demais espécies, só se admite uma única prorrogação a ser


realizada dentro do prazo do contrato, ou seja, o somatório dos dois pedidos
não poderá ultrapassar o prazo máximo previsto na CLT, que na experiência é
de 90 dias (artigo 451 da CLT).

 o mesmo artigo 451 da CLT determina que, havendo mais de uma


prorrogação, ou ultrapassado o limite legal de tempo (90 dias), o contrato
por tempo determinado converter-se-á automaticamente em contrato
por tempo indeterminado.

 como um contrato pode ser celebrado verbalmente, admite-se que o contrato


de experiência também o possa ser, de acordo com o disposto no artigo 447
da CLT.

 o contrato de experiência não se presume, devendo, inclusive, ser anotado no


campo DAS OBSERVAÇÕES GERAIS da CTPS do empregado N/F do artigo 456
da CLT c/c a Súmula 12 do TST.

 atualmente se admite a obtenção da estabilidade pela empregada gestante


cuja concepção ocorreu durante o período de experiência.

Principais regras a serem aplicadas aos contratos por tempo


determinado previstos na CLT
1. Salvo o contrato de experiência, o prazo máximo será de 2 (dois) anos
das demais modalidades, mediante o caput do artigo 445 da CLT.

2. Segundo o artigo 452 da CLT, só se admite um novo contrato por


tempo determinado depois de 6 (seis) meses após o término do último,

49
salvo quando o término ocorreu em virtude da realização dos serviços
especializados ou de certos acontecimentos. Uma vez violada esta
regra, aplica-se a teoria do contrato único, considerando-se por tempo
indeterminado todo o contrato.

3. Pelo artigo 487 da CLT não há necessidade da concessão do aviso


prévio.

4. Não há necessidade do pagamento da indenização de 40% do FGTS,


mas se permite o levantamento (saque) pelo empregado dos valores
depositados no decorrer do período contratual (Lei 8.036/90).

5. Aplicam-se os artigos 479 a 481 da CLT com relação à extinção do


contrato antes do período predeterminado.

479 da CLT – o empregador que despede sem justa causa em um contrato


por tempo determinado deverá pagar o equivalente ao saldo que resta para
quitar o contrato, pela metade.

480 da CLT – o empregado que pedir desligamento, sem justa causa, em


contrato por tempo predeterminado, deverá indenizar o empregador pelo que
ofertará como prejuízo, tendo como limite o valor da multa inversa que
poderia receber.

481 da CLT – é possível manter cláusula assecuratória do direito recíproco


de decisão. Nesse caso, as verbas rescisórias serão embasadas pelas regras
do contrato indeterminado.

Em regra geral, não se adquire quaisquer espécies de garantias provisórias ao


emprego, uma vez que já se sabia dos termos (prazo) inicial e final do
contrato e, principalmente, porque poderiam acarretar a prorrogação por
período superior ao previsto na CLT.

50
OBS.: quanto ao contrato de experiência, ver as Súmulas 12, 163 e 188 do
TST.

Contrato determinado da Lei 9.601/98


 é possível, através desta lei, a contratação desvinculada das hipóteses
previstas na CLT, em qualquer atividade exercida pela empresa, inclusive
por tempo superior a 2 (dois) anos com número ilimitado de prorrogações,
mas a contratação só poderá ocorrer mediante autorização expressa
prevista em acordo coletivo ou convenção coletiva de trabalho,
respeitando os percentuais descritos no artigo 3º da referida lei.

 - esta Lei não é aplicada na prática em virtude da exigência da autorização


pelo sindicato da categoria profissional demonstrada na assinatura da
norma coletiva, pois os sindicatos defendem a contratação por prazo
indeterminado. Ademais, os benefícios fiscais e tributários indicados no
artigo 2º da Lei só perduraram por 60 meses se findando em 2003.

OBS.: uma das poucas leis que favorecem ao empregador.

Contrato por tempo determinado da Lei 6.019/1974


 esta lei regulamenta o trabalho temporário dos empregadores urbanos em
duas hipóteses: para atender necessidade transitória de substituição de
trabalhador efetivo e para acréscimo extraordinário de serviços.

 é possível se identificar as seguintes características dessa modalidade:

1. A contratação ocorrerá por intermédio de uma empresa de trabalho


temporário, empresa esta que poderá ser pessoa física ou jurídica com
registro obrigatório no MTE (Ministério do Trabalho e Emprego).

51
2. O trabalhador temporário não é empregado da tomadora de serviços,
mas sim da empresa de trabalho temporário, cabendo, inclusive, à
Justiça do Trabalho dirimir os litígios entre eles.

3. O contrato entre a empresa de trabalho temporário e a tomadora de


serviços deverá ser obrigatoriamente por escrito, não podendo
ultrapassar 3 (três) meses, com relação a um mesmo trabalhador,
podendo ser prorrogado por mesmo período somente através de
autorização expressa do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego).

4. Não é possível a inclusão de cláusula no contrato entre as empresas,


vedação de contratação posterior daquele trabalhador, pela tomadora
de serviços.

5. Esta modalidade contratual deverá ser anotada na CTPS do


trabalhador.

6. O temporário está passível de justa causa para com seu empregador


direto, como também com o tomador de serviços, já que receberá
ordens diretas de seus representantes, uma vez que trabalhará dentro
das instalações da tomadora.

7. O temporário terá os mesmos direitos da categoria profissional da


empresa tomadora dos seus serviços, bem como dos demais direitos
inerentes a relação de emprego urbano, pois não se admite a utilização
desta lei para os rurais.

CONTRATO DE TRABALHO POR TEMPO DETERMINADO DE OBRA CERTA


 esta modalidade, apesar de estar regulamentada pela Lei 2.959/56,
seguirá as mesmas regras previstas na CLT para contratos com prazo
determinado. Dessa forma, trata-se de mais uma lei que caiu em desuso,
pois um contrato de obra certa seguirá os ditames da CLT.

52
Atividade proposta
Comente sobre a possibilidade jurídica da inclusão de cláusula contratual
onde o empregado se compromete a não trabalhar para concorrentes de seu
empregador após a extinção de seu contrato, por determinado período, sem
qualquer contraprestação pactuada.

Aprenda mais
• Leitura integral das Leis 2.959/1956, 6.019/1974 e
9.601/1998

53
Exercício de fixação
Questão 1
Sobre o trabalho temporário, leia as afirmações abaixo e, em seguida,
assinale a alternativa correta:

I. O contrato de trabalho temporário é preponderantemente considerado um


contrato a termo.
II. Embora o trabalhador preste serviços efetivos à empresa cliente, o vínculo
de emprego estabelece-se com a empresa tomadora, o que rompe com a
dualidade clássica celetista.
III. As hipóteses legais de pactuação do trabalho temporário são acréscimo
extraordinário de serviços ou necessidade permanente de substituição de seu
pessoal regular.
IV. O contrato de trabalho temporário obedece à regra geral de inexigibilidade
de observância de formalidade na sua pactuação.
V. O prazo máximo é de três meses para a utilização pela empresa tomadora
dos serviços de um mesmo trabalhador temporário, salvo autorização
conferida pelo órgão local do Ministério do Trabalho e Emprego.

a) ( ) Somente uma afirmativa está correta.


b) ( ) Somente duas afirmativas estão corretas.
c) ( ) Somente três afirmativas estão corretas.
d) ( ) Somente quatro afirmativas estão corretas.

54
Questão 2:
Uma funcionária que foi admitida no dia 15 de março, sendo seu prazo de
experiência de 90 dias, terá seu contrato vencido a partir do dia:

a) 16 de julho.
b) 12 de junho.
c) 15 de junho.
d) 15 de maio.

Questão 3
A experiência é uma das classificações dos contratos de trabalho que se
justifica quando as partes não se conhecem profissionalmente (art. 443, §2º,
“c”, da CLT). Durante a vigência do contrato de trabalho experimental, o
trabalhador é registrado normalmente, não fazendo jus a certos títulos, por
total incompatibilidade com a predeterminação de prazo. São eles:

a) Aviso prévio, salário-mínimo e multa de 40% do FGTS.


b) Estabilidade, multa de 40% do FGTS e repouso semanal remunerado.
c) Repouso semanal remunerado, salário-mínimo e aviso prévio.
d) Aviso prévio, estabilidade e multa de 40% do FGTS.

Questão 4
Para que passe a vigorar por tempo indeterminado, é necessário que o
contrato de trabalho por prazo:
a) Determinado tenha sido, tacitamente, prorrogado por mais de uma
vez;
b) Indeterminado tenha sido, expressamente, prorrogado por mais de
duas vezes;
c) Determinado tenha sido, tácita ou expressamente, prorrogado por mais
de uma vez;
d) Indeterminado tenha sido, tácita ou expressamente, prorrogado por
mais de duas vezes.

55
Questão 5
Em relação à duração do contrato individual de trabalho, é correto afirmar
que o contrato por prazo determinado:

a) Será lícito, seja qual for a sua finalidade.


b) Quando for prorrogado mais de uma vez, passará a vigorar sem
determinação de prazo.
c) Não prevê o pagamento de indenização caso seja rescindido sem justa
causa de forma antecipada.
d) Poderá ser estipulado por prazo superior a dois anos, desde que o seu
objeto dependa da realização de determinados acontecimentos.

Referências
BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr,
2013.

CASSAR, Volia Bonfim. Direito do Trabalho. Niterói: Impetus, 2013.

DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo:


LTr, 2013.

MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 30. ed. São Paulo: Atlas,
2013.

NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. 32. ed. São


Paulo: Saraiva, 2013.

RUSSOMANO, Mozart Victor. Comentários à Consolidação das Leis do


Trabalho. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005.

SARAIVA. Renato. Curso de direito do trabalho. São Paulo: Método, 2013.

56
SÜSSEKIND, Arnaldo; MARANHÃO, Délio; VIANNA, Segadas; TEIXEIRA, Lima.
Instituições de direito do trabalho. São Paulo: LTr, 2000. v. 1.

VILHENA, Paulo Emílio Ribeiro de. Relação de emprego: estrutura legal e


supostos. 3. ed. São Paulo: LTr, 2005.

57
Introdução
A relação de emprego indubitavelmente tem natureza contratual, e, muito
embora haja uma determinação imposta pelo sistema jurídico de um
conteúdo mínimo para a formação contratual, essa determinação não faz com
que deixe de existir certa autonomia de cada uma das partes no transcorrer
da celebração contratual, quando serão pactuadas as condições do contrato
laboral. Assim, celebrado tal negócio jurídico, as partes se comprometem a
cumprir com as cláusulas avençadas.
Seguindo essa linha de raciocínio, podemos concluir que o contrato de
trabalho é uma norma jurídica individual, que tem um caráter protecionista
face ao empregado, devido à sua hipossuficiência; e nesse contrato as partes
se comprometem a cumprir as obrigações assumidas, e como regra, o
conteúdo acordado deve ser mantido até o término do contrato. Entretanto,
não podemos nos olvidar que uma das principais características do contrato
de trabalho é o trato sucessivo, se prolongando no tempo, fazendo com que
haja a necessidades de alterações, a fim de que o mesmo vá se adequando
às condições impostas pelas constantes mudanças socioeconômicas. A grande
celeuma ocorre na limitação dessas modificações, pois há uma linha tênue
que separa a ilicitude da licitude. Há que se sopesar as alterações
considerando os polos da relação contratual: empregado e empregador.
O núcleo intangível do contrato de trabalho tem respaldo no caráter protetivo
do Direito do Trabalho e é invocado em defesa do empregado, evitando o
abuso por parte do empregador. A dinâmica de tais alterações contratuais dá
ensejo a uma das dimensões mais importantes – e polêmicas – do cotidiano
empregatício; dá origem, correspondentemente, a uma das áreas temáticas

58
mais intrincadas de todo o Direito do Trabalho: a dimensão e área das
alterações contratuais trabalhistas.

Objetivo:
1. Estudo das possibilidades de alteração do contrato individual de
trabalho e as consequências jurídicas.

Conteúdo
Antes de iniciar a aula, conheça o caso ocorrido com o McDonald’s, no qual
este foi obrigado a rever todos os contratos trabalhistas de seus empregados
após denúncia do MPT.

59
Caso
McDonald's firma acordo de R$ 7,5 milhões para reparar danos trabalhistas. A
empresa se comprometeu a modificar contratos de trabalho, alterar sistema
de ponto e permitir que funcionários tragam comida de suas casas. A Justiça
do Trabalho determinou que a Arcos Dourados, empresa que detém 600
franquias do McDonald’s no Brasil, regularize a jornada de trabalho de cerca
de 42 mil funcionários em todo o país. A decisão da juíza também obriga que
os funcionários tenham liberdade para levar a própria alimentação para
consumir no refeitório. Ou seja, os funcionários podem escolher não comer
apenas o lanche do McDonald's. A desobediência pode ser punida com multa
mensal de 3 mil reais por trabalhador prejudicado.

A decisão da juíza Virgínia Lúcia de Sá Bahia, da 11ª Vara do Trabalho do


Recife, anunciada nesta terça-feira, atendeu pedido do Ministério Público do
Trabalho (MPT) na ação civil pública contra a empresa. Há um pedido de
indenização de 50 milhões de reais por dano moral coletivo, que ainda não foi
decidido pela Justiça. O valor inicial pedido por dano moral coletivo era de 30
milhões de reais, segundo a assessoria de imprensa do Ministério Público.

Alterações contratuais trabalhistas: subjetivas e objetivas

1. Alterações Contratuais Subjetivas


As alterações contratuais subjetivas dizem respeito à alteração das partes
envolvidas em um contrato, porém as alterações subjetivas no contrato de
trabalho tratam apenas da alteração da figura do empregador, pois a
alteração se dá apenas no polo passivo, através da sucessão trabalhista, haja
vista que no outro polo incide a regra da infungibilidade, pois o caráter da
relação de emprego face ao empregado será sempre intuitu personae. Já em
relação ao empregador não há que se falar em intuitu personae, pois a
despersonalização faz com que a mudança na estrutura ou personalidade
jurídica da empresa não afete os contratos de trabalho em curso, tomando
por base o princípio da continuidade. A Consolidação das Leis do Trabalho foi

60
expressa ao demonstrar que em caso de sucessão o contrato de trabalho
permanece em vigor garantindo os direitos do empregado.

Art. 10. Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não


afetará os direitos adquiridos por seus empregados.
Art. 448. A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da
empresa não afetará os contratos de trabalho dos respectivos
empregados.

Através da leitura dos artigos supracitados, podemos notar a garantia da


intangibilidade dos direitos adquiridos do empregado, qualquer que seja a
transformação sofrida pela empresa.

2. Alterações Contratuais Objetivas


As alterações contratuais objetivas são as que englobam as cláusulas
contratuais ou circunstanciais, pois atingem o conteúdo do contrato de
trabalho, modificando e afetando as cláusulas avençadas no contrato.
Doutrinariamente, são classificadas conforme sua origem e obrigatoriedade.

A) Classificações Segundo a Origem


1ª - Alterações Normativas:
São as alterações que decorrem de diplomas normativos do Estado. Como
exemplo podemos citar: a Constituição Federal, leis, medidas provisórias,
sentenças normativas (alterações normativas heterônomas); e ainda,
convenção, acordo e o contrato coletivos de trabalho (alterações normativas
autônomas).

2ª – Alterações Meramente Contratuais:


As alterações meramente contratuais são as resultantes do exercício unilateral
da vontade das partes, "em geral, exclusivamente do empregador, como se
passa em regra, com os dispositivos do regulamento empresarial."[04]

61
B) Classificação Segundo a Obrigatoriedade
No que tange à classificação segundo a obrigatoriedade, as alterações
contratuais se dividem em: imperativas ou obrigatórias e voluntárias.

1ª – Alterações Contratuais Imperativas ou Obrigatórias:


São as alterações contratuais que independem da vontade dos contratantes,
são impostas por força de lei ou de norma coletiva. Dessa forma, o conteúdo
contratual sofre influências de leis, de sentenças normativas ou de
convenções coletivas de trabalho supervenientes à celebração do contrato de
trabalho.
Quando a alteração decorre de um desses fatores, ela será plenamente
justificável com fulcro no princípio da supremacia da ordem pública, pois, tais
normas, se sobrepõem às cláusulas contratuais, de modo que as substitui
automaticamente.

2ª – Alterações Contratuais Voluntárias:


As alterações contratuais voluntárias são que advêm das vontades das partes,
caracterizando-se como unilaterais quando emanam da vontade de apenas
uma das partes, já que a alteração contratual unilateral é aquela precedida
pelo empregador, uma vez que em relação ao empregado não há qualquer
possibilidade de o mesmo alterar seu contrato ou sua execução, sem o
consentimento do empregador, já que não podemos ignorar dois fatores
importantíssimos da relação laboral, quais sejam: subordinação jurídica e
poder diretivo do empregador; e bilaterais, se decorrentes do consentimento
de ambos, conforme disposto no art. 468, CLT:

Art. 468. Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração


das respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim
desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao
empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta
garantia.

62
Parágrafo único. Não se considera alteração unilateral a determinação
do empregador para que o respectivo empregado reverta ao cargo
efetivo, anteriormente ocupado, deixando o exercício de função de
confiança.

No que tange às relações bilaterais, estas resultam de um novo ajuste


contratual, consentido pelas partes, entretanto, o que devemos ter sempre
em mente é o fato de que tais alterações apenas serão lícitas se não trouxer
quaisquer prejuízos ao empregado, pois é vedada qualquer alteração
prejudicial ainda que haja o consentimento do empregado, salvo o disposto
no art. 7º, inciso VI, Constituição Federal: "São direitos dos trabalhadores
urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição
social: (...) VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou
acordo coletivo;".

C) Classificação Segundo o Objeto


Em sua classificação segundo o objeto, as alterações contratuais são divididas
em três tipos básicos de modificações: qualitativas, quantitativas e
circunstanciais.

1ª – Alterações Qualitativas:
São as alterações contratuais que afetam a qualidade do trabalho em si
mesma, ou através de mudanças relativas à qualificação profissional do
empregado. Essa qualificação profissional se refere à função do empregado
dentro do organograma da empresa, tendo sempre em mente as cláusulas
contratuais pactuadas no momento da sua contratação.

2ª – Alterações Quantitativas:
Quantitativas são as alterações que se referem a situações que afetam, seja
para mais ou para menos, o teor da prestação de serviços, e as alterações
podem ser em relação à jornada e/ou horário de trabalho, salário, forma de
produção. Porém, insta salientar que a validade dessas alterações está

63
intrinsecamente relacionada com os efeitos que essas produzirão, haja vista
que quando beneficiam o empregado, são válidas; quando prejudicam, são
nulas.

3ª – Alterações Circunstanciais:
Alterações contratuais circunstanciais são as alterações que estão
relacionadas com o local da prestação laboral, abrangendo tanto aquelas que
importam em mera mudança de sala, como as mais amplas, como mudança
de cidade. Vale lembrar que a intransferibilidade é a regra geral adotada pela
Consolidação das Leis do Trabalho, em seu art. 469:

Art. 469. Ao empregador é vedado transferir o empregado, sem a sua


anuência, para localidade diversa da que resultar do contrato, não se
considerando transferência a que não acarretar necessariamente a
mudança de seu domicílio.
§ 1º Não estão compreendidos na proibição deste artigo os
empregados que exerçam cargos de confiança e aqueles cujos
contratos tenham como condição implícita ou explícita a transferência,
quando esta decorra de real necessidade de serviço.
§ 2º É lícita a transferência quando ocorrer extinção do
estabelecimento em que trabalhar o empregado.
§ 3º Em caso de necessidade de serviço o empregador poderá
transferir o empregado para localidade diversa da que resultar do
contrato, não obstante as restrições do artigo anterior, mas, nesse
caso, ficará obrigado a um pagamento suplementar, nunca inferior a
25%, dos salários que o empregado percebia naquela localidade,
enquanto durar essa situação.

D) Classificação Segundo os Efeitos


A classificação das alterações contratuais segundo os efeitos toma por base
os efeitos que estas geram no pacto laboral. São divididas em favoráveis e
desfavoráveis.

64
1ª – Alterações Contratuais Favoráveis:
As alterações contratuais favoráveis podem ser compreendidas como um
patamar de direitos superior ao padrão normativamente fixado, e devido a
essa superioridade, tendem a ser sempre válidas, desde que não agrida
norma proibitiva do Estado.

2ª – Alterações Contratuais Desfavoráveis:


Com fulcro no art. 468 da Consolidação das Leis do Trabalho, as alterações
contratuais desfavoráveis são presumidamente ilícitas, baseado no princípio
da inalterabilidade contratual lesiva, porém cumpre salientar que no art. 7º,
VI, CF/88 existe uma previsão de redução salarial desde que disposta em
acordo ou convenção coletivos.

3. Alterações contratuais objetivas: princípios aplicáveis

Princípios Aplicáveis às Alterações Contratuais Objetivas


As alterações contratuais objetivas se submetem a alguns princípios do Direito
do Trabalho. À medida que cumprem os princípios o central poder de fachos
iluminadores à compreensão da ordem jurídica, comandos jurídicos
instigadores, sua análise propiciará que melhor se compreenda as
possibilidades e limites abertos pelo Direito às modificações nas cláusulas
integrantes dos contatos de emprego.
São três os princípios que se aplicam à dinâmica das alterações objetivas do
contrato de trabalho: princípio da inalterabilidade contratual lesiva, princípio
do direito de resistência do obreiro – jus resistentiae; e o princípio do jus
variandi empresarial.

Princípio Da Inalterabilidade Contratual Lesiva


O princípio da inalterabilidade contratual lesiva tem suas origens no Direito
Civil, é um dos mais importantes princípios gerais do direito que foi

65
incorporado pelo Direito do Trabalho, pode ser resumido aforismo jurídico
pacta sun servanda, o que significa no direito civilista que as convenções
firmadas pelas partes não podem ser unilateralmente modificadas no curso do
prazo de sua vigência, de modo a impor aos pactuantes o cumprimento fiel
do que foi avençado.

Para que o princípio supracitado pudesse ingressar no Direito do Trabalho, o


mesmo passou por uma adequação, tanto que passou a se enunciar como
princípio da inalterabilidade contratual lesiva.

Uma das alterações sofridas por tal princípio é que o Direito do Trabalho, até
incentiva as alterações contratuais, desde que tais alterações sejam
favoráveis ao empregado, conforme dispõe art. 468, CLT.

Por outro lado, a ideia de inalterabilidade torna-se extremamente rígida no


que tange às alterações contratuais desfavoráveis ao empregado, e tais
alterações são tendentes à vedação pela normatividade justrabalhista – arts.
444 e 468, CLT.

Cumpre destacar que no Direito do Trabalho, a fórmula rebus sic stantibus


(que é atenuadora para a inalterabilidade contratual unilateral, pois esta
deixou de ser absoluta, podendo ser suplantada por uma compatível
retificação de cláusulas do contrato ao longo de seu andamento, fazendo
assim com que haja uma possibilidade retificadora), normalmente é rejeitada.
Logo, podemos concluir que a inalterabilidade é regra geral e a alterabilidade
é exceção. Assim, podemos constatar que com fulcro nesse princípio, o
contrato de trabalho pode ser modificado no decorrer de sua vigência, desde
que exista um consentimento bilateral por parte dos contratantes.

Entretanto, apenas o consentimento mútuo não basta, pois o Estado impõe


normas positivas que regulamentam tais alterações, já que existe um
conteúdo mínimo que deve ser mantido, haja vista que, caso não houve tal

66
conteúdo mínimo, o empregador poderia extrapolar seu poder diretivo de
modo a causar prejuízos ao empregado.

Assim, com o intuito de proteger aquele que encontra-se em posição de


inferioridade econômica, a legislação, de modo imperativo, determina que a
alteração será nula sempre que acarretar prejuízo, direto ou indireto, ao
trabalhador, mesmo que havido sua concordância. A verificação do prejuízo é
feita baseando-se nas condições originais estipuladas no contrato.

Conforme disposição no art. 2º da CLT, o empregador deve arcar com os


riscos da atividade, dessa maneira, as obrigações trabalhistas empresariais
são mantidas, ainda que por algum motivo relevante o empregador tenha
sofrido qualquer prejuízo, como por exemplo, no caso de uma crise
econômica geral, ou crise de um determinado seguimento econômico,
portanto, podemos notar que nenhum desses motivos serve de atenuantes ou
excludentes da responsabilidade trabalhista do empregador.

Não obstante o critério geral do art. 2º. Da CLT e o interpretação


jurisprudencial referida (em favor da assunção empresarial dos riscos
econômicos), é inquestionável que a legislação trabalhista, tendeu, em certo
momento histórico, a incorporar certos aspectos da fórmula rebus sic
stantibus, reduzindo assim os riscos trabalhistas do empregador.

1. Princípio Do Direito De Resistência Do Obreiro – Jus


Resistentiae
O direito de resistência não é objeto exclusivo do Direito do Trabalho, mas
sim de todos os campos do Direito, podendo ser descrito como a resistência
exercida em nome da justiça, de tal sorte que, toda vez que nos depararmos
com uma lesão de direito, o direito de resistência deverá ser invocado.

67
O direito de resistência pode ser considerado como um meio de preservar a
liberdade e a dignidade do trabalhador. Indubitavelmente, o empregado tem
o direito de negar-se a cumprir ordens ilegais ou contrárias à sua pessoa ou
aos seus direitos.

Podemos então perceber que da mesma forma o princípio do direito de


resistência nos é dado como um segundo fator – ao lado da diretriz de
inalterabilidade contratual lesiva, fazendo com que haja uma proteção maior
dos interesses do empregado face às alterações contratuais objetivas.

2. Princípio do Jus Variandi Empresarial


O jus variandi trata sempre de um ato unilateral e voluntário, pois depende
única e exclusivamente da vontade do empregador. Em suma, podemos dizer
que é uma concretização do poder diretivo do empregador, ao qual se refere
o art. 2º da CLT. Mas, não podemos nos olvidar que essa alteração tem
limites a serem respeitados. Os limites do jus variandi estão nas cláusulas
essenciais do contrato de trabalho e em necessidades reais da empresa,
coibindo o uso abusivo desse poder.

O jus variandi não constitui uma exceção ao princípio da força obrigatória dos
contratos, mas apenas uma adaptação necessária tendo em vista as
necessidades decorrentes de novas realidades econômicas e, ainda, a função
social que o próprio contrato possui. Portanto, a regra da imutabilidade do
pactuado torna-se mais flexível com a utilização do direito de variar, sem que
com isso afaste a ideia de proteção do empregado.

Vale lembrar que o jus variandi não atinge o conteúdo básico do contrato de
trabalho, mas apenas seus aspectos circunstanciais que o envolvem.

Caso o empregador proceda a variações substanciais, atingindo cláusulas


essenciais do contrato, tais como as relativas a local, jornada de trabalho,
qualificação profissional e função exercida, não mais estaremos diante do jus

68
variandi, mas passaremos ao campo das alterações contratuais. Se as
modificações importam uma alteração substancial do contrato, já se saiu do
âmbito do jus variandi, uma vez que este é exercido sem atingir o vínculo
contratual que muitas vezes deixa uma margem indefinida.

As alterações do contrato individual de trabalho nada mais são que alterações


de seu conteúdo essencial, do que foi ajustado preliminarmente entre
empregador e empregado, e também de cláusulas que necessariamente
devem existir em um contrato de trabalho, seja por força de lei ou de norma
coletiva, de modo a refletir o dirigismo contratual, e tem fundamento em uma
das principais características do contrato de trabalho: o trato sucessivo.

Impende salientar que quando estudamos alterações contratuais não


podemos nos olvidar de um importante princípio que também reveste o
contrato de trabalho, o da força obrigatória das convenções (pacta sun
servanda): as cláusulas básicas do contrato de trabalho não podem ser
modificadas, já que são revestidas de segurança jurídica face ao empregado,
como parte mais fraca que é, para que este não fique submetido às
imposições da parte hiperssuficiente do contrato: o empregador.

Alterações objetivas do tipo qualitativas


1. Conceito
As alterações contratuais objetivas do tipo qualitativo podem ser definidas
como alterações no objeto do contrato de trabalho que afetam a natureza das
prestações pactuadas, ou seja, a estrutura constitutiva dessas prestações. A
alteração de função é considerada como a alteração qualitativa principal.

2. Alteração de Função

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Indubitavelmente a alteração funcional é a mais recorrente e relevante
alteração qualitativa assimilada pelo Direito do Trabalho.

A priori se faz necessária a distinção entre função e tarefa, nas palavras de


Maurício Godinho Delgado, Função é o conjunto sistemático de atividades,
atribuições e poderes laborativos, integrados entre si, formando um todo
unitário no contexto da divisão do trabalho estruturada no estabelecimento ou
na empresa.

A tarefa consiste em uma atividade laborativa específica, estrita e delimitada,


existente na divisão do trabalho estruturada no estabelecimento ou na
empresa. É uma atribuição ou ato singular no contexto da prestação
laboral.[16]

Nessa linha de raciocínio, podemos concluir que a função nada mais é que um
conjunto unitário e sistemático de tarefas, que impõe ao empregado um
posicionamento específico dentro da empresa na qual presta serviços. Insta
salientar que a função também pode envolver poderes, prerrogativas laborais
que tem origem no contrato de trabalho. Porém também é possível que a
função englobe uma única tarefa, mas isso é raro, o que normalmente ocorre
é o englobamento de várias tarefas, atribuições, poderes e atos materiais
concretos. Mas a simples execução de algumas tarefas componentes de outra
função não implica necessariamente a ocorrência de uma alteração funcional,
é preciso que haja uma concentração significativa do conjunto de tarefas
integrantes da enfocada função para que se configure a alteração funcional
objetivada.

As alterações funcionais podem ser favoráveis ou desfavoráveis ao


empregado.
As alterações funcionais favoráveis são lícitas, e normalmente resultam de um
acordo que pode ser unilateral ou bilateral, porém existem alterações
funcionais favoráveis que podem decorrer de alterações normativas.

70
As alterações funcionais desfavoráveis, em oposição às favoráveis, são ilícitas,
porém passíveis de discussão judicial. Aliás, dependendo da gravidade da
alteração de função, o empregado pode solicitar a rescisão indireta do
contrato de trabalho, com fulcro no art. 483 da CLT.

Todavia, cumpre destacar que existem alterações funcionais lícitas, que, aliás,
são muito comuns dentro das empresas, onde determinadas situações
vivenciadas pelo empregador faz com que sejam necessárias tais alterações.
São elas:

a) Situações excepcionais ou de emergência: são entendidas como parte do


jus variandi, são alterações funcionais de curto tempo, em casos de
emergência ou excepcionais, tem sempre caráter transitório, sem qualquer
prejuízo salarial. São resultantes da aplicação combinada do art. 450 da CLT
[19] [20]
, Súmula nº 159 do TST , princípio da boa-fé e da lealdade.

b) Substituição Temporária: esta situação ocorre em casos específicos onde


substituição temporária ou comissionamento interino resulta de situações
intrínsecas à dinâmica da própria empresa, como por exemplo, substituições
em caso de licença-maternidade, licenças previdenciárias, férias etc.
Esse tipo de substituição guarda certa semelhança com a substituição
excepcional ou de emergência, no que tange à temporariedade, porém
decorre de situações previsíveis pelo empregador.

c) Destituição do Cargo de Confiança ou Função de Confiança: essa alteração


contratual é específica, pois se trata de retorno ao cargo efetivo após a
ocupação de cargo ou função de confiança (reversão). Para melhor
compreensão desse tipo de alteração contratual, convém fazermos a distinção
entre reversão, retrocessão e rebaixamento.

71
 Reversão – é o retorno ao cargo efetivo, após ocupação do cargo ou
função de confiança. Art. 450 da CTL.

 Retrocessão – é o retorno ao cargo ao longo efetivo anterior, sem se estar


ocupando cargo de confiança. De um cargo efetivo mais alto para um mais
baixo. (art. 444 e 468 da CLT).

 Rebaixamento – é o retorno, determinado com o intuito punitivo ao cargo


efetivo anterior mais baixo, após o empregado ter ocupado cargo mais
alto. O rebaixamento é grosseiramente ilícito.

Prima face, esse tipo de alteração é prejudicial ao empregado, haja vista que,
[21]
durante o exercício de tal função, nos moldes do art. 62, II e parágrafo
único; e 224, §2º da CLT.

Nos moldes do art. 499 da CLT, não há que se falar em estabilidade ou


garantia de emprego aos trabalhadores em cargos de confiança empresarial.
A reversão à função anteriormente exercida também é lícita, em decorrência
desse tipo de função ter como exercício do poder diretivo do empregador,
conforme art. 468, parágrafo único, CLT.

Todavia, convém destacar a Súmula nº 372 do TST, que dá ao empregado


uma estabilidade financeira, vedando a supressão da gratificação a
empregado que exerceu função de confiança por mais de 10 anos.

d) Extinção de Cargo ou de Função – a princípio será válida, desde que não


cause prejuízo patrimonial ou moral para o empregado e haja afinidade entre
a nova e a velha função.

e) Alteração de Plano de Cargos e Salários (PCS) ou Quadro de Carreira: A


priori é lícita a alteração que resulte de modificação do PCS ou do quadro de
carreira adotado pela empresa. É necessário que seja respeitado o novo

72
posicionamento funcional do empregado, a qualificação profissional e o nível
salarial. Por óbvio, não existe qualquer óbice quando tais alterações forem
benéficas ao empregado.

f) Readaptação Funcional por Causa Previdenciária: Esse tipo de alteração


contratual envolve empregado com deficiência física ou mental superveniente
à sua contratação. A ideia do legislador foi a de manter o indivíduo com o
vínculo empregatício, por vários motivos, que vão desde a sua inserção social,
bem como seu sustento e o de sua família. Assim, o que se propõe com a
readaptação é a preservação do emprego e da dignidade do trabalhador,
porém tal alteração contratual, embora lícita, sofre certa limitação, pois, é
vedada a irredutibilidade garantia no art. 7º, VI da Constituição Federal.
Impende salientar que no moldes do art. 461, §4º da CLT2[26], o empregado
readaptado não pode servir de paradigma para equiparação salarial de outros
empregados, ainda que exerçam funções idênticas.

g) Promoção ou Remoção: Promoção é o ato pelo qual o empregado é


transferido, em caráter permanente, com efetivas vantagens, na estrutura de
cargos e funções da empresa, de uma categoria para outra categoria
superior. Esta engloba duas variantes: progressão horizontal e progressão
vertical.

A progressão horizontal é aquela através da qual o empregado passa a


exercer outra função, entretanto, com o mesmo nível hierárquico, dessa
forma o empregado é deslocado para outra função ou setor da empresa, mas
sem que tal deslocamento afete de modo significativo sua situação funcional.
Em um primeiro momento, desde que justificada, tal alteração é lícita, pois
ainda que de forma unilateral, está no âmbito das alterações garantidas pelo
poder diretivo do empregador. E a mesma só será ilícita caso resulte em
[27]
prejuízos salariais e/ou profissionais graves.
Já a progressão vertical é quando o empregado é deslocado de uma categoria
inferior para uma categoria superior, com efetivas vantagens.

73
Devemos sempre ter em mente que a promoção implica necessariamente em
melhorias para o empregado, seja de condições econômicas, seja de
condições de hierarquia. Mas o simples fato de haver um aumento salarial
não resulta em promoção se o empregado continuar exercendo as mesmas
funções e tendo as mesmas responsabilidades.

Embora normalmente o empregado aceite a promoção, ele também pode se


recusar a aceitar, com fulcro no art. 468 da CLT:
Nos contratos individuais de trabalho só é lícita à alteração das respectivas
condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem,
direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da
cláusula infringente desta garantia (grifos nossos].

Não é pacífico o entendimento de recusa por parte do empregado, mas é


pacífico que, caso a empresa possua quadro de pessoal organizado em
carreira, será impossível a recusa da promoção, pois, no ato da celebração do
contrato já existia a previsão de ocupação de determinado cargo. De encontro
a essa impossibilidade de recusa, temos a possibilidade de que o empregado
em empresa com quadro de carreira, se recuse a continuar exercendo a
mesma função, se ele já preencheu os requisitos necessários para ser
promovido e não o foi.

Já remoção importa na alteração circunstancial do contrato na qual o


empregado é transferido do local de trabalho, de modo que seja necessária a
mudança de sua residência.

Alterações objetivas do tipo quantitativo


As alterações quantitativas são variações no objeto do contrato de trabalho,
que atingem o montante das prestações pactuadas, apresentando como
formas mais significativas as alterações na duração do trabalho e as
alterações de salário.

74
1. Alteração da Duração do Trabalho
As modificações relativas à duração laborativa podem configurar três
modalidades: a primeira, no sentido ampliativo da duração do trabalho; outra,
no sentido redutor da duração do trabalho; e, a terceira, nas alterações
ocorridas no horário de trabalho, com ou sem influência na própria duração
laborativa.

Antes do estudo de cada uma das referidas modalidades de alteração


contratual, faz-se necessário relembrar qual a distinção entre os conceitos de
duração do trabalho, jornada de trabalho e horário de trabalho.

Inicialmente duração do trabalho é a expressão mais ampla para designar o


lapso de tempo de labor ou de disponibilidade do empregado ao empregador,
em função do contrato de trabalho; abrange os distintos e crescentes
módulos temporais de dedicação do trabalhador e pode ser diária, semanal,
mensal e até mesmo anual. A CLT regula a duração do trabalho nos artigos
57 a 75, englobando a jornada, a duração semanal, os intervalos intra e
interjornadas e repousos trabalhistas.

Jornada de trabalho constitui a denominação em sentido mais restrito,


compreendendo o tempo diário à disposição do empregador, ou seja, designa
a mensuração diária do horário de trabalho. Por exemplo, a jornada de
trabalho dos jornalistas é de seis horas diárias.

Por último, a expressão horário de trabalho é utilizada rigorosamente para


referir o momento em que o trabalhador inicia e termina suas atividades
laborativas. A CLT estabelece nos artigos 7º, 62 e 74 algumas normas
relativas ao horário de trabalho, suscitando discussões acerca de três tipos de
jornadas (controladas, não controladas e não tipificadas).
Cumpre ressaltar, desde logo, que a prorrogação da duração laborativa
obreira enseja, via de regra, o pagamento do adicional correspondente às

75
horas extraordinárias, consoante mandamento constitucional previsto no
artigo 7º, XVI, CF/88. Exceto nas hipóteses de regime compensatório lícito e
de força maior, em que aludido acréscimo não incide nas verbas salariais do
trabalhador.

Além disso, em geral, devem ser observadas duas condições para a validade
da dilação da jornada: a primeira, só é lícita a alteração por mútuo
consentimento; e a segunda condição exige que não resulte em prejuízos
para o obreiro.

2. Alteração de Salário
As alterações contratuais objetivas quantitativas também englobam as
modificações do salário, podendo ser positivas ou negativas, considerado o
montante percebido pelo trabalhador.

As alterações positivas de salário não merecem maiores considerações, em


virtude de que, a princípio, são modificações lícitas do contrato empregatício,
mais favoráveis ao obreiro.

As reduções salariais, ao seu turno, podem ser diretas ou indiretas. As


primeiras envolvem tanto a redução nominal do salário quanto sua redução
real. Tendo em vista a vedação expressa pela ordem jurídica vigente, pode-se
afirmar que as reduções salariais são, em regra, ilícitas. Entretanto, existem
situações que autorizam alterações redutoras, dentro do jus variandi. A
redução salarial direta pode ser nominal ou real. A primeira é aquela que
atinge a expressão numérica da remuneração, a qual é vedada seja pela
renúncia, ato unilateral do empregador ou acordo bilateral.

A redução real de salários, por sua vez, consiste naquela que atinge o efetivo
valor econômico monetário da remuneração, diminuindo-a sob o aspecto
substantivo. Vale lembrar que a ordem jurídica atual não apresenta
mecanismos eficazes contra a desvalorização da moeda e,

76
consequentemente, do salário real. Após o advento do Plano Real,
estabeleceu-se a desindexação de salários, inexistindo hoje reajustes
automáticos.

A Redução Salarial Indireta Consiste na hipótese de alteração objetiva


quantitativa decorrente de mudança em cláusula contratual distinta da
regulatória do salário, mas que repercute no nível remuneratório. Trata-se de
alteração contratual lesiva, sendo, em regra, proibida no Direito do Trabalho.
Entretanto, a norma comporta exceções, considerando válidas algumas
modificações autorizadas por norma coletiva de trabalho, com fulcro na parte
final do inciso VI do artigo 7º da Carta Magna.

Desse modo, verifica-se o relevante papel das negociações coletivas no


Direito Laboral moderno, sobretudo aplicável às hipóteses das alterações
objetivas quantitativas estudadas, sendo certo, também, que suas
possibilidades não são ilimitadas, conforme amplamente demonstrado.

Atividade proposta
Atividade 1: Após ter conhecido o caso Mc Donald’s, responda à questão
abaixo: O que significa o jus variandi no direito material do trabalho e quando
ele pode ser exercido pelo empregador?

Atividade 2: João Felix exerceu, durante 05 (cinco) anos, uma função


comissionada no Banco Brasileiro S/A. Afastou-se do cargo efetivo e da
função comissionada para exercer o cargo de presidente do sindicato dos
bancários. Durante o período de 08 (oito) anos em que esteve afastado do
emprego, por causa do exercício de dois mandatos sindicais, recebeu
remuneração paga pelo Banco, na qual estava incluída a gratificação de
função comissionada, por força de previsão em acordo coletivo de trabalho.
Ao término do segundo mandato sindical, João Felix retornou ao serviço no
Banco, que o reverteu para o cargo de carreira, com perda da função

77
comissionada. João Felix requereu judicialmente a incorporação da
gratificação de função comissionada suprimida. De acordo com a
jurisprudência pacificada do TST, há fundamento jurídico para a pretensão de
João Felix?

Aprenda mais
Estude as diversas hipóteses de alterações no capítulo de
Jornada de Trabalho.

Exercício de fixação
Questão 1
Analise as afirmativas abaixo sobre o contrato de trabalho,

1. A alteração na estrutura jurídica da empresa pública, que passa de


sociedade limitada para sociedade anônima de capital aberto, afetará
os direitos adquiridos por seus empregados.
2. A alteração do regime jurídico de celetista para estatutário implica a
extinção do contrato de trabalho, fluindo o prazo da prescrição bienal a
partir da mudança de regime.

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3. O policial militar trabalhando para uma empresa, no popular que esteja
fazendo um “bico”, sujeita-se à penalidade disciplinar prevista em
estatuto da corporação, mas a jurisprudência trabalhista tem entendido
que pode ser reconhecida a relação de emprego entre ele e a empresa
se estiverem preenchidos os requisitos do art. 3º da CLT.

Assinale a alternativa que indica a(s) afirmativa(s) correta(s).


a) É correta apenas a afirmativa 1.
b) São corretas apenas as afirmativas 1 e 2.
c) São corretas apenas as afirmativas 1 e 3.
d) São corretas apenas as afirmativas 2 e 3

Questão 2
Sobre a alteração do contrato de trabalho, é INCORRETO afirmar:

a) Não se considera alteração unilateral a determinação do empregador


para que o respectivo empregado reverta ao cargo efetivo,
anteriormente ocupado, deixando o exercício de função de confiança.
b) Nos contratos de trabalho só é lícita a alteração das respectivas
condições, por mútuo consentimento, e, ainda assim, desde que não
resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena
de nulidade da cláusula infringente dessa garantia.

79
c) O empregador pode transferir o empregado, independentemente de
sua concordância, quando ocorrer a extinção do estabelecimento em
que o mesmo trabalhar, sendo que a recusa à transferência implica em
dispensa por justa causa.
d) As despesas resultantes da transferência correrão por conta do
empregador.

Questão 3
Quanto ao contrato de trabalho a termo, qual a exata afirmação?

a) A lei não permite a prorrogação do contrato de experiência.


b) A prorrogação tácita ou expressa por mais de uma vez não o torna por
prazo indeterminado.
c) Só será válido quando a natureza do serviço for transitória, ou quando
o contrato for de experiência.
d) É nulo o contrato de trabalho a termo com cláusula de duração por
mais de dois anos.

Questão 4
No que se refere ao direito do trabalho, assinale a opção correta:

a) Conforme pensamento dominante atual do Tribunal Superior do


Trabalho (TST), a contratação de servidor público sem prévia
aprovação em concurso público encontra óbice na CF, sendo, todavia,
garantido a este servidor o direito ao pagamento da contraprestação
pactuada, em relação ao número de horas trabalhadas, respeitado o
valor da hora do salário mínimo e dos valores referentes aos depósitos
do FGTS.

80
b) O contrato por prazo determinado somente é válido apenas quando se
trata de contrato de experiência ou de serviços cuja natureza ou
transitoriedade justifique a predeterminação do prazo.
c) É facultado ao empregado sob o regime de tempo parcial converter um
terço do período de férias a que tiver direito em abono pecuniário, no
valor da remuneração que lhe seria devida nos dias correspondentes.
d) A duração de um estágio, na mesma parte concedente, não pode, em
hipótese alguma, exceder dois anos.

Questão 5
Constitui situação de regular exercício de "Jus Variandi":

a) Transferência, para localidade diversa da que resultar do contrato, de


empregado que exerça cargo de confiança, sem comprovação da real
necessidade de serviço.
b) Estipulação de jornada de oito horas para o trabalho realizado em
turnos ininterruptos de revezamento, independentemente de
negociação coletiva.
c) Transferência lícita do empregado para o período diurno de trabalho
com a supressão do pagamento do adicional noturno.
d) Redução salarial, sem previsão em convenção ou acordo coletivo.

Referências
BARROS, Alice Monteiro de. Curso de direito do trabalho. São Paulo: LTr,
2013.

CASSAR, Volia Bonfim. Direito do trabalho. Niterói: Impetus, 2013.

DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. São Paulo:


LTr, 2013.

81
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do trabalho. 30. ed. São Paulo: Atlas, 2013.

NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito do trabalho. 32. ed. São


Paulo: Saraiva, 2013.

RUSSOMANO, Mozart Victor. Comentários à Consolidação das Leis do


Trabalho. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005.

SARAIVA. Renato. Curso de direito do trabalho. São Paulo: Método, 2013.

SÜSSEKIND, Arnaldo; MARANHÃO, Délio; VIANNA, Segadas; TEIXEIRA, Lima.


Instituições de direito do trabalho. São Paulo: LTr, 2000. v. 1.

VILHENA, Paulo Emílio Ribeiro de. Relação de emprego: estrutura legal e


supostos. 3. ed. São Paulo: LTr, 2005.

Aula 1

Atividade proposta
Resposta: Procede a alegação da Sra. Marta, tendo em vista que para a
caracterização do vínculo de emprego doméstico a Lei 5859/72 utiliza a
expressão continuidade e com isso os tribunais vêm defendendo que seria
necessário a prestação de serviços mais de três vezes por semana. No Rio de
Janeiro já há uma Súmula neste sentido e este vem sendo o entendimento
predominante no Tribunal Superior do Trabalho. Contudo, cumpre ressaltar
que o TRT da 1ª Região editou a Súmula 19 com a seguinte redação:

"TRABALHADOR DOMÉSTICO. DIARISTA. PRESTAÇÃO LABORAL

82
DESCONTÍNUA. INEXISTÊNCIA DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO. A prestação
laboral doméstica realizada até três vezes por semana não enseja
configuração do vínculo empregatício, por está ausente o requisito da
continuidade previsto no art. 1º da Lei 5.859/72? Não é súmula vinculante,
mas é influente."

Exercícios de fixação
Questão 1: D
Justificativa: O princípio da primazia da realidade destaca justamente que o
que vale é o que acontece realmente e não o que está escrito. Neste princípio
a verdade dos fatos impera sobre qualquer contrato formal, ou seja, caso
haja conflito entre o que está escrito e o que ocorre de fato, prevalece o que
ocorre de fato.

Questão 2: B
Justificativa: Por força expressa do art. 30 da Lei 9.615/98.

Questão 3: D
Justificativa: Os artigos 442 e 443 da CLT determinam que o contrato de
trabalho é o acordo tácito ou expresso, correspondente à relação de
emprego, ajustado de forma verbal ou por escrito.

Questão 4: D
Justificativa: De acordo com a Súmula nº 129 do TST, a prestação de serviços
a mais de uma empresa do mesmo grupo econômico, durante a mesma
jornada de trabalho, não caracteriza a coexistência de mais de um contrato
de trabalho, salvo ajuste em contrário.

Questão 5: C

83
Justificativa: Trata-se da hipótese de inexistência de vínculo de emprego e
logo não se aplicam às regras contidas na CLT quanto ao contrato individual
de trabalho.

Aula 2

Atividade proposta
Resposta atividade 1: A juíza convocada, Maria Raquel Ferraz Zagari
Valentim, não lhe deu razão e confirmou a sentença que concluiu pela
inexistência de instrumento válido que ateste a contratação na modalidade de
experiência.
Conforme ressaltou a julgadora, não há como se conferir validade ao contrato
de experiência, no qual sequer foi determinado o prazo de duração. "Ora, em
que pese a menção ao caráter de experiência, o contrato não registra sequer
o prazo pelo qual foi celebrado, o que é requisito imprescindível à respectiva
validade", destacou. A magistrada constatou ainda que na carteira de
trabalho do reclamante não constou qualquer anotação relativa a contrato de
experiência.
"Portanto, ausente requisito essencial à pactuação do contrato por prazo
determinado, qual seja, a data do respectivo término, é inválido o documento
que pretendeu limitar o período de vigência do pacto celebrado", concluiu a
julgadora. Por essa razão, foi mantida a sentença que considerou por tempo
indeterminado o contrato de trabalho celebrado entre as partes.
A reclamada foi condenada a pagar aviso prévio, ficando autorizada a
compensar o valor pago a título de multa do artigo 479 da CLT. A Turma
julgadora acompanhou o entendimento. (0001256-82.2011.5.03.0066 RO).

Resposta atividade 2: Resposta sugerida: O empregador não agiu


corretamente, tendo em vista que no contrato por prazo determinado só é
admitida uma única prorrogação (artigos 445 c/c 451, CLT).

84
Exercícios de fixação
Questão 1: D
Justificativa: O art. 442 da CLT dispõe que realmente o contrato de trabalho
pode existir de forma implícita ou expressa e sempre corresponderá à uma
relação de emprego.

Questão 2: C
Justificativa: Nos casos de contrato por prazo determinado, os contratantes
deverão expressamente pactuar a determinação do prazo, principalmente, em
decorrência da regra geral contratual trabalhista, que é pela indeterminação
do prazo.

Questão 3: B
Justificativa: A assertiva I está incorreta haja vista a possibilidade da
determinação do prazo em um contrato de trabalho. A assertiva II está
incorreta porque seja qual for a modalidade estabelecida, os direitos
trabalhistas deverão ser respeitados pelas partes.

Questão 4: C
Justificativa: O princípio da proteção contratual em favor do empregado não
pode ser interpretado como uma violação à livre manifestação das partes,
uma vez que ela existe somente sendo aplicada à proteção quando houver
alguma dúvida na interpretação das cláusulas contratuais.

Questão 5: C
Justificativa: A 1ª assertiva é falsa, pois o art. 3º da CLT determina que
empregado é aquele que presta serviços de natureza não eventual. A 3ª
assertiva é falsa por causa da palavra APENAS, já que o contrato de trabalho
pode surgir de forma expressa ou tácita.

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Aula 3

Atividade proposta
Resposta: Há notória nulidade do pacto acessório sob exame, considerando a
manifesta lesividade da alteração contratual levada a cabo, cuja anuência do
empregado só se pode presumir obtida sob coação econômica, sendo
portanto nula.

Exercícios de fixação
Questão 1: B
Justificativa: Somente as afirmativas I e V estão corretas em face da Lei
6.019/74. Na II o vínculo é com a empresa de trabalho temporário. Na III, a
parte final se encontra errada pois a necessidade não é permanente. Na IV a
regra geral é pela observância da formalidade no contrato temporário.

Questão 2: D
Justificativa: Em função da ciência do termo final do contrato desde a sua
celebração, não há necessidade das partes comunicarem a outra o desejo de
seu término da data aprazada, fazendo assim com que não haja necessidade
do aviso prévio e do pagamento da indenização compensatória de 40% do
FGTS já que está só é devida em caso de rescisão imotivada em contratos por
tempo indeterminado. Com relação à estabilidade, este instituto é
incompatível com a determinação do prazo pois caso contrário o empregado
poderia permanecer mais tempo do que o permitido legalmente.

Questão 3: D
Justificativa: Em função da ciência do termo final do contrato desde a sua
celebração, não há necessidade das partes comunicarem a outra o desejo de
seu término da data aprazada, fazendo assim com que não haja necessidade
do aviso prévio e do pagamento da indenização compensatória de 40% do
FGTS já que esta só é devida em caso de rescisão imotivada em contratos por
tempo indeterminado. Com relação à estabilidade, este instituto é

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incompatível com a determinação do prazo pois caso contrário o empregado
poderia permanecer mais tempo do que o permitido legalmente.

Questão 4: C
Justificativa: O art. 451 da CLT determina que o contrato de trabalho por
prazo determinado que tácita ou expressamente, for prorrogado mais de uma
vez. passará a vigorar sem determinação de prazo.

Questão 5: B
Justificativa: O citado art. 451 da CLT determina que o contrato de trabalho
por prazo determinado que tácita ou expressamente, for prorrogado mais de
uma vez. passará a vigorar sem determinação de prazo.

Aula 4

Atividade proposta
Resposta 1: É o direito do empregador de alterar de forma impositiva e
unilateral as condições de trabalho do empregado, visando fazer modificações
relativas à prestação do serviço. Esse direito decorre do poder diretivo do
empregador e tem como finalidade adequar o trabalho do empregado às
transformações sociais e econômicas pelas quais a empresa passa.
Alguns doutrinadores defendem que o jus variandi, no que diz respeito às
alterações referentes ao modo, lugar e tempo da execução do trabalho, não
causaria qualquer violação ao contrato, pelo contrário, seria inerente a ele.

Quanto ao modo, observe-se o seguinte: o empregador e o empregado na


celebração do contrato definem a forma como será executado o serviço e
consequentemente sua contraprestação. No entanto, pelo jus variandi, o
empregador poderá alterar a forma de execução do contrato, visando uma
maior produtividade, desde que não cause prejuízos à saúde do trabalhador.
No que diz respeito ao lugar, a realização dos serviços acontecem no local
definido pelas partes envolvidas e sua alteração só é lícita com a

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concordância do empregado. Há casos, porém, em que se faz a alteração sem
o consentimento do obreiro, nos casos de fechamento do estabelecimento
comercial, em que pode haver a transferência para outro e em outra
localidade e quando a mudança do domicílio for inerente ao cargo.

E quanto ao tempo, o empregado realiza suas atividades no horário definido


pelo empregador, e sua alteração pode ocorrer, desde que respeitados os
intervalos previstos na lei.
Assim, a regra que persiste no contrato de trabalho é de que não pode haver
alteração sem que o empregado tenha conhecimento, salvo nos casos acima
elencados. Sendo o jus variandi, porém, exceção a essa regra, de modo que o
empregador só deve se utilizar dessa prerrogativa quando não trouxer
prejuízo ao empregado, o que configuraria a arbitrariedade.

Como principais exemplos, temos as alterações de função, horário de


trabalho, forma e data de pagamento da remuneração, local de trabalho etc.

Resposta 2: Sim, pois não é considerada alteração unilateral a reversão para


o cargo anteriormente ocupado, conforme artigo 468, parágrafo único da CLT
e que é devida a manutenção da gratificação da função de confiança porque
recebida por mais de 10 anos, conforme Súmula nº 372, I, TST.

Exercícios de fixação
Questão 1: D
Justificativa: Os artigos 10 e 448 da CLT dispõem que a mudança na
propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos de
trabalhos dos respectivos empregados.

Questão 2: C
Justificativa: De acordo com o art. 469, § 2º da CLT, é lícita a transferência
quando ocorrer extinção do estabelecimento em que trabalhar o empregado,

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sendo a sua recusa considerada uma forma de rescisão motivada na forma do
art. 482 da CLT.

Questão 3: C
Justificativa: Conforme o artigo 443, § 2º da CLT, o contrato por prazo
determinado só será válido em se tratando:

a) de serviço cuja natureza ou transitoriedade que justifique a


predeterminação do prazo;
b) de atividades empresariais de caráter transitório;
c) de contrato de experiência.

Questão 4: A
Justificativa: A Súmula nº 363 do C.TST dispõe que a contratação de servidor
público, após a CF/1988, sem prévia aprovação em concurso público,
encontra óbice no respectivo art. 37, II e § 2º, somente lhe conferindo direito
ao pagamento da contraprestação pactuada, em relação ao número de horas
trabalhadas, respeitado o valor da hora do salário mínimo, e dos valores
referentes aos depósitos do FGTS.

Questão 5: C
Justificativa: De acordo com a Súmula nº 265 do C.TST o empregador está
autorizado a transferir o empregado do horário noturno para o diurno sem a
necessidade da sua comunicação ou anuência, inclusive lhe retirando o direito
ao adicional noturno já que não permanecerá mais laborando no período
noturno.

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Ricardo Motta Vaz de Carvalho é Doutorando em Direito Público,
Mestrando em Filosofia, Mestre em Direito Privado, Advogado com ampla
experiência em Gestão das áreas Comercial, Cível, Tributária,
Trabalhista/Previdenciária e Contenciosa em empresas e escritórios de grande
porte. Graduado em Administração de Empresas pela UFRJ e em Direito pela
UER. Possui Pós-Graduação Lato Sensu em Direito e Processo do Trabalho
pela EMATRA/RJ. Além de advogado, também atua como palestrante, autor e
Professor Universitário, de Pós-Graduação e de cursos preparatórios para
concursos públicos em diversas instituições de ensino.

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/9798171125034087

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