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Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da 1a Vara Cível de Paranavaí-PR.

Ação Declaratória
Autos n. 311/03

UNIVERSIDADE PARANAENSE – UNIPAR, já


qualificada nos autos epigrafados, vem, por seu procurador, com o
devido acatamento, apresentar suas CONTRA-RAZÕES ao Recurso
de Apelação interposto pelo CADUM, o que faz nos seguintes termos:

DO EFEITO SUSPENSIVO

1. O Apelante julga ser necessário a concessão de efeito suspensivo


ao recurso de apelação para o fim de que os acadêmicos
representados continuem a pagar R$ 115,00 a título de
mensalidade até o transito em julgado.

2. Primeiramente cumpre esclarecer a confusão processual que


acomete o Apelante. Isto se dá em razão da mistura de dois
institutos processuais em seu petitório: antecipação da tutela
recursal e efeito suspensivo ao recurso de apelação.

3. Na verdade, o que o Apelante deveria postular seria a


antecipação de tutela recursal no sentido de ver mantida a
eficácia das liminares que autorizavam os depósitos pelos
acadêmicos em razão da revogação de todas as medidas
cautelares por perda de objeto. Porém, não foi este o pedido
postulado.
4. Pede, o Apelante, que seja conferido efeito suspensivo ao
Recurso de Apelação. Contudo, tal pedido não tem a eficácia por
ele pretendida: permitir o depósito de R$ 115,00. Na verdade
terá como conseqüência apenas a suspensão da execução
provisória da sentença por parte dos acadêmicos que pretendam
reaver o indébito.
5. Como se vê, o distúrbio processual é flagrante, mas que do
mesmo modo não poderá ser concedido por dois motivos: 1) tal
pedido vai de encontro com aos limites da coisa julgada, e 2)
inexiste Fumus boni iuris a amparar a suspensão da sentença.

6. Com relação ao primeiro, é de se atentar para o fato de que a


coisa julgada não poderá ir além do pedido, muito menos
alcançar fatos futuros.

7. Isto porque a sentença se limita ao conteúdo do pedido inicial


(CPC, art. 460) o qual deve ser interpretado restritivamente
(CPC, art. 293). Do mesmo modo, não poderia o magistrado
abordar na sentença fatos que ainda não ocorreram.

8. A sentença é proferida com base nos fatos apontados pelo


Apelante – que a Apelada não cumpriu a Lei das Mensalidades
nos contratos celebrados entre 1996/2003 –, e, sob este mesmo
fundamento foi proferida.

9. Ao contrário disto pretende o Apelante que o Judiciário aprecie


questões que sequer ocorreram no mundo fenomênico. E pior,
sem que haja um pedido adequado e específico para tanto –
como o já anotado pelo MP com respeito às tutelas inibitórias
(fls. 1.412).

10. É por esta razão que se demonstra inadequada a concessão de


efeito suspensivo ao Apelo, pois não resta ao Apelante
interesse processual e cabimento quanto a este pedido nos
termos em que colocada a questão fática e jurídica na inicial.

11. Acaso fosse permitido, hoje, o depósito de R$ 115,00 como quer


o Apelante, tal concessão colidiria com a sentença e com os
limites da coisa julgada, eis que a ação questiona tão somente o
reajuste das mensalidades nos contratos celebrados até o ano de
2003.

12. Concedido o efeito suspensivo como pleiteado pelo Apelante,


seria estender os efeitos da sentença e os limites da coisa
julgada para os contratos celebrados em 2004, 2005, 2006
etc..., negócios jurídicos estes que não foram, nem
poderão ser apreciados na presente ação.

13. Em segundo lugar, tendo o magistrado a quo revogado todas as


medidas cautelares (fls. 1349), observa-se que não há respaldo
jurídico que embase o pleito do Apelante.

14. Até porque não teria sentido prático a manutenção das liminares
concedidas nas cautelares, pois os pedidos deduzidos têm como
data limite o ano de 2003.

15. Decorrido o ano de 2003 carece ao Apelante interesse


processual em ver mantido o tramite das cautelares, eis que já
esgotado o substrato fático e jurídico que lhes amparavam,
tornando prejudicado o seu objeto.

16. Tais particularidades foram exaustivamente apreciadas pelo


Juízo a quo nos seguintes termos:

Por fim, urge salientar que, por força do princípio da adstrição do juiz
ao pedido (CPC, arts. 128 e 460), a invalidação das cobranças
abusivas de mensalidades restringir-se-á aos anos letivos de 1996
(inclusive) a 2003 (inclusive). Foi essa a pretensão deduzida na inicial
pelo autor, e a ela está circunscrita toda a atividade jurisdicional
desempenhada nestes autos. Significa isto dizer que se apresentam
ilegítimas as tentativas do demandante – tais quais as que se vêem nos
petitórios de fls. 790 e fls. 796-804 dos autos n. 224/2001 em apenso –
de estender os efeitos da sentença ou mesmo de provimentos de
urgência aos anos letivos de 2004 ou 2005.
(fls. 1348)

17. Colocada a questão nestes termos, há que ser indeferido o


pedido de efeito suspensivo ao recurso de apelação interposto
pelo CADUM nos termos da fundamentação supra.

DA PREVENÇÃO DO REL. LUIZ ESPÍNDOLA

18. Entende o Apelante que a apreciação da apelação deverá ser


feita pelo Des. Juiz Luiz Espíndola em decorrência do mesmo ter
apreciado os agravos de instrumento interpostos contra a
liminar proferida na MC 157/03.

19. Não prospera a alegação, mormente considerando que nos


presentes autos o Des. Juiz J. J. Guimarães da Costa já atuou
como relator dos autos de Agravo de Instrumento n. 248.202-2
que desafiava a liminar concedida nos presentes autos, recurso o
qual inclusive já foi julgado o mérito.

20. Deste modo, se há prevenção quanto à apreciação dos presentes


autos, está competência recai sobre o Des. Juiz J. J. Guimarães da
Costa, visto ter atuado diretamente e anteriormente a qualquer
outro magistrado do TJPR no presente feito.

21. A este respeito, regra do art. 137 do RITJ:

Art. 137. A distribuição de mandado de segurança, de mandado de


injunção, de hábeas corpus e de recurso torna preventa a competência
do Relator para todos os demais recursos e incidentes posteriores,
tanto na ação quanto na execução referentes ao mesmo processo; (...).

22. Ainda que não seja este o entendimento, a distribuição do


presente caderno processual deverá ser feita livremente, eis que
com a reforma do judiciário o foi editada a Resolução-TJPR n.
10/2005 que extinguiu o Tribunal de Alçada do Paraná e o
remanejamento dos órgãos daquela Corte para esta.

23. Assim sendo, não há que se falar em prevenção quanto aos feitos
distribuídos antes da edição da Resolução n. 10/05, devendo o
presente feito ser distribuído aleatoriamente. No mesmo sentido,
julgou este Egrégio Tribunal:

AGRAVO REGIMENTAL. PREVENÇÃO. PROCESSOS DISTRIBUÍDOS


ANTES DA RESOLUÇÃO 10/2005. INCOMPETÊNCIA DA CÂMARA.
INOCORRÊNCIA. DECISÃO DO RELATOR QUE NEGA SEGUIMENTO
A AGRAVO DE INSTRUMENTO POR SER MANIFESTAMENTE
IMPROCEDENTE. DECISÃO DE 1o GRAU QUE NEGA SEGUIMENTO
A RECURSO DE APELAÇÃO, POR SER INTEMPESTIVO. DECISÃO
MANTIDA.
1. Os processos distribuídos antes da vigência da Resolução 10/2005
não tornam preventa a competência do Relator.
2. Correta a decisão de 1o grau que nega seguimento ao recurso de
apelação quanto interposto fora do prazo legal.
3. Agravo regimental desprovido.
(TJPR – AgReg 0309429-7/01 – Rel. Des. Juiz Jucimar Novachadlo – j.
23.11.05)

24. Logo, tendo o Des. Juiz J. J. Guimarães da Costa atuado no AI n.


248.202-2 que desafiou a liminar concedida nos presentes autos,
preventa tornou a sua competência para julgar o Recurso de
Apelação em tela, ou, caso entenda-se diversamente, há que ser
realizada distribuição aleatória deste caderno processual ante a
novel configuração dos órgãos julgadores do TJPR impingida
pela Resolução n. 10/2005.
DO MÉRITO DAS MEDIDAS CAUTELARES

25. O Apelante se ressente da revogação das liminares concedidas


nas Medidas Cautelares abrangidas pela r. sentença proferida
nos presentes autos. Nada de injurídico há na r. sentença que
mereça reforma neste sentido.

26. A razão é bem simples: os fatos e fundamentos apostos nas


medidas cautelares têm por objeto permitir aos acadêmicos
representados pelo CADUM o depósito em juízo da quantia de
R$ 115,57 ao argumento de que os reajustes das mensalidades
de 1996 a 2003 foram realizados ilegalmente.

27. Ora, a prolação da r. sentença ocorreu em 21.9.05, data esta em


que não havia mais motivos para que as liminares continuassem
em vigor, eis que o objeto das cautelares eram limitados ao ano
de 2003.

28. Acaso continuassem vigorando as liminares, tal situação colidiria


com o pedido deduzido na ação principal, nas medidas
cautelares e com os limites da coisa julgada. E mais. Estar-se-ia
frente a uma situação esdrúxula: as liminares teriam eficácia
além do pedido deduzido na inicial e colidiria com os
fundamentos da r. sentença.

29. Como poderia a r. sentença reconhecer a ilegalidade das


mensalidades cobradas até dez/2003 e permitir o depósito
quanto as mensalidades exigidas após dez/2003???

30. Como se vê, a pretensão do Apelante é incoerente, e sentença


que autorizasse tal depósito seria ultra petita e ilegal, posto que
colidiria com a regra do art. 460 do CPC.

31. Quanto a argumento de que as Medidas Cautelares mereciam


julgamento, tal afirmação é ingênua ou fruto de uma leitura
apressada da r. sentença, considerando o fato de que nela está
às claras:

Ficam extintas, com julgamento de mérito (CPC, art. 269, I), as ações
principais e cautelares ns. 311/03 e 157/03; 368/01 e 224/01; 453/02 e
364/02; 595/02 e 491/02; 741/02 e 645/02; 590/01 e 537/01.
Trasladem-se cópias desta sentença para esses autos.
Pela sucumbência recíproca, cada parte arcará com 50% das custas e
despesas processuais, suportando os honorários de seus respectivos
advogados.
(fls. 1.349)

32. Portanto, não houve qualquer irregularidade quando da prolação


da r. sentença, visto ter ela abrangido todas a ações nela
nominada quanto ao seu mérito, o qual era idêntico tanto nas
cautelares como nas principais. Diante disso, observa-se que
nada há para ser reformado neste particular.

DO MÉRITO DA AÇÃO PRINCIPAL

33. Sob este aspecto o Apelante coloca oito questões distintas:

i. não é possível os efeitos da sentença se limitarem aos


acadêmicos filiados ao CADUM até a data de sua prolação;
ii. está preclusa a discussão quanto as adesões dos
acadêmicos durante o tramite do feito;
iii. o objeto da demanda não está limitada aos contratos
celebrados entre 1996/2003;
iv. a Apelada deverá restituir o indébito em dobro;
v. não deve ser permitida a correção monetária dos
valores das mensalidades;
vi. deve ser reconhecida a isenção de custas à Apelante;
vii. deve ser afastada a aplicação da multa de 1%
decorrente dos embargos procastinatórios;
viii. a Apelada deve se condenada em custas e honorários
advocatícios.

i. Efeitos da sentença x acadêmicos beneficiados

34.

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