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VII Seminário de Justiça Ambiental, Igualdade Racial e Educação

Saneamento e Justiça Ambiental na Região Hidrográfica da Baía de Guanabara


29 e 30 de agosto de 2018
Unigranrio - Duque de Caxias / IFRJ – Nilópolis

Ambivalências em Duque de Caxias: A “vocação” industrial e


ambiental de um município da Baixada Fluminense

ALINE SOUSA
Socióloga/IPPUR-UFRJ
aline.csociais@gmail.com

DAPHNE BESEN
Mestre em Ciências Sociais/IPPUR-UFRJ
daphnebesen@gmail.com
RESUMO

Duque de Caxias é um município da Região Metropolitana do Rio de Janeiro e faz parte


da Baixada Fluminense. Após sua emancipação nos anos 1940, o município
desenvolveu seu polo industrial, que proporcionou o incremento populacional e,
consequentemente, a expansão da malha urbana municipal. Atualmente, os principais
segmentos industriais são: químico, petroquímico, metalúrgico, gás, plástico, mobiliário
e têxtil. Entretanto, Duque de Caxias possui cerca de 26 mil hectares de áreas verdes
preservadas e sofre com a vulnerabilidade socioambiental devido à ocorrência e
possibilidade de acidentes industriais e ambientais, tendo em vista sua grande
concentração de parques industriais. Logo, o objetivo deste trabalho é analisar o
município de Duque de Caxias por meio das questões socioambientais contrastando as
“vocações” industriais e ambientais da região e refletir sobre o desafio de manter uma
cidade industrial e naturalmente rica ao mesmo tempo. A metodologia a ser utilizada é
qualitativa e a pesquisa foi desenvolvida por análise de documentos oficiais e textos
bibliográficos que façam referência principalmente às temáticas da justiça ambiental e
das políticas públicas.

Palavras-chave: Duque de Caxias. Meio Ambiente. Indústrias.

ABSTRACT

Duque de Caxias is a municipality in the Metropolitan Region of Rio de Janeiro and is


part of the Baixada Fluminense. After its emancipation in the 40’s, the municipality
developed its industrial pole, which has provided the population growth and
consequently, the expansion of the municipal urban fabric. Currently, its main industrial
segments are: chemical, petrochemical, metallurgical, gas, plastic, furniture and textile.
However, Duque de Caxias has around 26 hectares of preserved green areas and suffers
with its socio-environmental vulnerability due to the occurrence and possibility of
environmental and industrial accidents because of its big concentration of industrial
areas. Thus, the objective of this paper is to analyse the municipality of Duque de
Caxias through the socio-environmental issues contrasting its industrial and
environmental “vocations” of the region and to reflect about the challenge of
maintaining an industrial city and rich environmentally at the same time. The
methodology to be used is qualitative, and the research was developed with the analysis

SESSÃO DE COMUNICAÇÃO 5 – Coordenação: Sebastião Raulino


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of official documents and bibliographic papers which are based on the thematic of the
social justice and public policies.

Keywords: Duque de Caxias. Environment. Industries.

Introdução
O estudo sobre a relação da cidade e do meio ambiente, assim como o estudo da
evolução do espaço urbano, remete à compreensão de sua estrutura para a interpretação
de suas particularidades, como também dos processos sociais e econômicos envolvidos.

Duque de Caxias está localizado na Região Metropolitana do Rio de Janeiro,


conhecida popularmente como “Grande Rio”, composta pelos seguintes municípios: Rio
de Janeiro, Belford Roxo, Duque de Caxias, Guapimirim, Itaboraí, Japeri, Magé,
Maricá, Mesquita, Nilópolis, Niterói, Nova Iguaçu, Paracambi, Queimados, São
Gonçalo, São João de Meriti, Seropédica, Tanguá, Itaguaí, Rio Bonito e Cachoeiras de
Macacu (CEPERJ, 2014). Faz parte da "Baixada Fluminense", expressão geográfica de
enfoque político-institucional e histórico-cultural, que reúne os municípios de: Belford
Roxo, Duque de Caxias, Guapimirim, Itaguaí, Japeri, Magé, Mesquita, Nilópolis, Nova
Iguaçu, Paracambi, Queimados, São João de Meriti e Seropédica (CEPERJ, 2014).

Após sua emancipação nos anos 1940, o município desenvolveu seu polo
industrial com a instalação da Refinaria de Duque de Caxias (REDUC) e da Fábrica de
Borracha (FABOR). Este período foi marcado por um “surto industrial”. A partir daí,
deu-se início ao incremento populacional e, consequentemente, expansão da malha
urbana municipal, o que reverteu sua situação de “cidade dormitório” e promoveu o
aumento demográfico significativo no município de Duque de Caxias a partir de 1960
(OSCAR JÚNIOR, 2014).

Além disso, a Lei Complementar nº 20 de 1974 criou a Região Metropolitana do


Rio de Janeiro, a partir da fusão dos estados da Guanabara e do Rio de Janeiro, e
reforçou Duque de Caxias como um dos destinos industriais do estado do Rio de
Janeiro. A Tabela 1 monstra esse incremento populacional no município, a partir de
dados dos Censos Demográficos realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE):

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Tabela 1: População residente – 1970/2010. Fonte: IBGE apud Fundação Ceperj, 2013

População residente
Região de Governo e município
1970 1980 1991 2000 2010

Duque de Caxias 431.397 575.814 667.821 775.456 855.048

Região Metropolitana 6.879.183 8.758.420 9.796.649 10.869.255 11.835.708

No decorrer dos anos, o município começou a sofrer com a vulnerabilidade


socioambiental e a ocorrência e possibilidade de acidentes industriais e ambientais,
tendo em vista sua grande concentração de parques industriais, como o polo industrial
de Campos Elíseos. A concentração industrial e os consequentes acidentes e injustiças
ambientais na região acabaram por descartar e se distanciar da relevância ambiental do
município.

Ao mesmo tempo, Duque de Caxias tem 44% de áreas verdes preservadas


(ALMEIDA, 2017) divididas nos quatro distritos, como parques naturais, reservas
biológicas e áreas de proteção ambiental de dependência administrativa federal, estadual
e municipal, configurando-se como um município rico ambientalmente na Baixada
Fluminense.

O objetivo deste trabalho é analisar qualitativamente o município de Duque de


Caxias por meio das questões socioambientais contrastando as “vocações” industriais e
ambientais da região, pois se trata de um município de contrastes, que reúne no mesmo
espaço urbano uma grande concentração industrial, uma área rural e áreas ambientais
preservadas. Com isso, busca-se compreender essas distintas “vocações” do município
de maneira crítica, de modo a produzir uma reflexão frente ao desafio de manter uma
cidade industrial e naturalmente rica ao mesmo tempo.

A cidade industrial e o distrito de Campos Elíseos

O modelo industrialista foi adotado em termos de planejamento urbano


municipal nos 1970, diante de um período de desenvolvimento, a partir do Plano de

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Desenvolvimento Integrado do Município de Duque de Caxias, Decreto nº 841, de 14


de novembro de 1973, que regulamenta o Plano Diretor Urbanístico e dá outras
providências.

Para compressão do contexto histórico, os Planos de Desenvolvimento Integrado


dos municípios metropolitanos elaborado nos anos 1970 foram resultados da iniciativa e
da orientação técnica e política da hierarquia praticada da esfera federal para esfera
estadual, onde prefeitos e governadores eram indicados pelo Presidente da República.
Tal modelo de planejamento visa um processo tecnocrático (planejamento tecnocrático),
em que definições do planejamento são feitas cientificamente a partir de técnicas de
quantidade, de uma noção de fins e meios. A produção do espaço público e privado se
torna efetiva e imersa a aspectos físicos e estatísticos, com base nas funções da cidade.
Este planejamento não havia sido passivo de discussão e gestão participativa, uma vez
que tinha como objetivo inviabilizar as relações sociais como uma “tecnificação” do
espaço urbano (SCHAVBERG; LOPES, 2011).

Duque de Caxias detém um processo de crescimento industrial, que pode ser


analisado na Tabela 2, a exemplo do período de 2006 a 2011. Contudo, esses
investimentos em estabelecimentos industriais não estão associados à melhoria das
condições de vida da população. De acordo com Raulino (RAULINO, 2013, p. 72),
esses investimentos representam “novas fontes de riscos na visão de moradores,
pesquisadores e movimentos sociais ligados ao tema”.

Tabela 2: Número de estabelecimentos industriais, por classes – Duque de Caxias, 2006-2011.


Fonte: MTE; RAIS, 2011 apud Fundação Ceperj, 2013.

Estabelecimentos industriais, por classes 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Extrativa mineral 13 12 15 13 13 15

Indústria de transformação 995 989 1.001 984 1.023 1.085

Serviços industriais de utilidade pública 20 23 22 23 27 29

Construção civil 217 212 222 262 287 324

Total 1245 1236 1260 1282 1350 1453

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No que diz respeito a aspectos do planejamento urbano no município, verifica-se


a relevância do setor industrial na definição do zoneamento municipal a partir do
Decreto nº 541/1973. Este decreto é posto em prática até os dias de hoje, pois até o
momento esse decreto não foi substituído por outro que seja compatível com a realidade
atual do município. Isso demonstra a fragilidade da legislação urbanística para o
exercício da função social da cidade, apesar de estar prevista no Plano Diretor de 2006
(Lei Complementar nº 01/2006). Entretanto, observa-se que as políticas territoriais do
Plano Diretor de 2006 possuem enfoque no desenvolvimento econômico do município,
a partir da leitura de suas diretrizes.

Outrossim, a alteração no ano seguinte do Plano Diretor (DUQUE DE CAXIAS,


2006) realizada pela Lei Ordinária 2099/2007, provocou a modificação no
macrozoneamento de Duque de Caxias para a viabilização do Arco Metropolitano,
debate acerca dos empreendimentos de grande porte de caráter regional no estado do
Rio de Janeiro (SCHAVBERG; LOPES, 2011).

A região dos Campos Elíseos, localizada no segundo distrito de Duque de


Caxias tem a maior concentração de indústrias do município: um polo industrial com
mais de 20 empresas, entre elas Texaco, Shell, Esso, Petróleo Ipiranga, White Martins,
IBF, Transportes Carvalhão, Sadia S.A., Ciferal e outras (DUQUE DE CAXIAS,
[2015]).

A expansão do processo de industrialização em Campos Elíseos se deu a partir


da instalação da Refinaria Duque de Caxias (Reduc), com atividades iniciadas na
década de 1960. A Reduc foi implantada em um território com características
essencialmente rurais, onde as ocupações do entorno se deram pelo grande quantitativo
de trabalhadores oriundos de outras partes do país (PREVOT et al., 2014). Apesar desse
movimento dito como desenvolvimentista, atualmente a região é caracterizada pela
precariedade das habitações e do saneamento básico, bem como a ausência de
equipamentos básicos de infraestrutura, como de saúde e educação, o que indica uma
área dotada de desigualdade socioeconômica diante do uso industrial (RAULINO,
2013).

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Essa população encontra-se em situação de vulnerabilidade social, além da


precariedade socioeconômica espacial, e está exposta de forma direta a impactos e
riscos ambientais pela concentração de empresas da área química e petroquímica. Isso
provoca o desenvolvimento de injustiças ambientais que afetam a comunidade e os
riscos expostos cotidianamente, a partir, principalmente do histórico de acidentes
ambientais. Assim, vale indicar que a região detém da “geografia de um espaço
desigual” de Duque de Caxias, diante de “um ambiente de injustiças”, que
historicamente se tornou uma zona de sacrifício para o desenvolvimento da capital
carioca (TENREIRO et al., 2015).

Em tempos de crise econômica, o poder executivo municipal em 2017 indicou a


execução de mecanismos de “reativação” da economia municipal, efetuado por ações de
desburocratização, o que facilita a concessão de licenças e alvarás para
empreendimentos em Duque de Caxias (FERREIRA, 2017). Isso mostra o prestigio do
setor industrial nas práticas do poder público, em um discurso resumido à arrecadação
de impostos e geração emprego (FERREIRA, 2017).

Em contraponto, uma vez que a legislação urbanística adotada no município


possui viés industrial, já citado anteriormente, tais mecanismos de desburocratização
tendem a intensificar e legitimar os episódios de vulnerabilidade social e injustiças
ambientais.

A cidade ambiental: injustiças e riquezas ambientais

A cidade de Duque de Caxias pode ser caracterizada por um espaço urbano


dotado de diversas questões ambientais, por seu histórico de injustiça social relacionada
ao meio ambiente e a quantidade expressiva de Unidades de Conservação existentes em
seu território municipal.

A relevância industrial na cidade provocou consequentes acidentes e injustiças


ambientais na região e acabou por descartar e se distanciar da relevância ambiental do
município. Situações consideradas de risco se estabeleceram diante de populações do
entorno de áreas industriais, principalmente do distrito de Campos Elíseos, em uma

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condição econômica e social precária (RAULINO, 2013). Essas populações estão


expostas a uma maior carga de danos ambientais e são caracterizadas como populações
marginalizadas e vulneráveis (ACSELRAD; HERCULANO, PÁDUA, 2004). Assim,
“grupos sociais vulnerabilizados que habitam espaços degradados e segregados,
encontram-se em uma situação de injustiça” (LIMA; SOUZA, 2014, p. 8).

Para injustiças ambientais aplica-se a correlação com o termo utilizado por


Raulino (2013) denominado “desigualdades ambientais”, no qual indicam os seguintes
dados/riscos socioambientais: risco de enchente, falta de saneamento básico, vazamento
de óleos e gases, lançamento de efluentes industriais, contaminação de solos, transporte
de carga perigosa, proximidade com gasodutos e oleoduto, áreas de armazenamento de
combustíveis, emissões, explosões e incêndios (Figura 1). Além disso, vale indicar os
riscos socioeconômicos, como existência de habitações precárias e falta de atendimento
à saúde pública.

Figura 1: Desigualdades ambientais em Duque de Caxias. Fonte: Raulino, 2013.

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Tais desigualdades se estabeleceram sob a forma de acidentes ambientais


provocados por empresas do setor petrolífero e outras fontes. Entre esses, vale citar as
explosões em três tanques esferas de gás liquefeito de petróleo (GLP) na Reduc em
março de 1972, derramamento de 1,3 milhão litros de óleo na Baía de Guanabara, em
janeiro de 2000, vazamento de alumínio silicato de sódio (pó branco) pela Reduc,
ocorrido em julho de 2001, vazamento de gás nas imediações da Reduc em agosto de
2011, entre outros (RAULINO, 2013; LIMA, SOUZA, 2014).

Entre as áreas vulneráveis, Rios (2017) aponta os bairros e localidades,


considerando o pior cenário de acidentes: Marilândia, Pilar, Centro de Campos Elíseos,
Saraiva, Ana Clara, Vila Serafim, Parque Império, Nosso Bar, Bom Retiro e Parque
Moderno.

Outro acidente de destaque no município é o caso de contaminação ambiental e


humana na Cidade dos Meninos. Em linhas gerais, trata-se de uma área de 19,4 km²,
contaminada desde 1965 pelo pesticida BHC (pó de broca) após o abandono de resíduos
contaminados de uma fábrica de fertilizantes abandonada. Anteriormente, a área
abrigava garotos órfãos e carentes em regime de internato.

Apesar disso, a área se desenvolveu e nos anos 2000 já abrigava quase 400
famílias, com a existência da produção contaminada de leite, plantações de legumes e
frutas e criação de animais para corte. Em linhas gerais, parte da população residente se
manteve resistente às recomendações de desocupação a partir de estudos do Ministério
da Saúde (OLIVEIRA, 2008).

Em 2013, a Cidade dos Meninos já contava com uma população de 750 famílias,
onde havia uma operação para o início das remoções de acordo com Bulcão (2013). A
princípio tinha-se como objetivo realocar moradores de um recente assentamento
chamado pelos moradores de Santa Isabel, a um quilômetro do foco principal de
contaminação (BULCÃO, 2013). Contudo, até o momento não há uma solução concreta
para a descontaminação da área e sobre o destino da população.

Apesar deste cenário de vulnerabilidade e injustiça ambiental, Duque de Caxias


possui extensas áreas naturais preservadas. São 26 mil hectares (ha) de unidades de

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conservação (UC) com rica fauna e flora, o que caracteriza um município dotado de
relevante riqueza ambiental na Baixada Fluminense (MAIA; RICHTER, 2016).

Entre essas áreas protegidas pelos âmbitos municipal, estadual e federal, estão:
Reserva Biológica (REBIO) Federal Tinguá; Parque Natural Municipal (PNM) da
Taquara; Área de Preservação Ambiental (APA) Petrópolis, APA São Bento; PNM da
Caixa D'água; APA Alto Iguaçu; e REBIO Municipal Equitativa (Quadro 1).

Ainda, vale mencionar as unidades de conservação da divisa com Duque de


Caxias: APA Estrela (Magé) e APA Tinguá (Nova Iguaçu).

Quadro 1: Unidades de conservação em Duque de Caxias. Fonte: Maia; Richter, 2016.

Ano de Tamanho no
UC Local Legislação
Criação município

Decreto nº
REBIO Tinguá 1989 9.102 ha Xerém
97.780/1989

PNM da Taquara 1992 20 ha Taquara Lei nº 1.157/ 1992

APA Petrópolis 1992 2.977 ha Taquara Decreto nº 527/1992

Decreto nº
APA São Bento 1997 1.033,42 ha Parque Alvorada
3.020/1997

PNM da Caixa Decreto nº


2008 17,03 ha Jardim Primavera
D'água 5.486/2008

Santa Cruz da Decreto nº


REBIO Equitativa 2009 150 ha
Serra 5.738/2009

Decreto nº
APA Alto Iguaçu 2013 13.265 há Xerém
44.032/2013

Numa perspectiva econômica, verifica-se o incentivo ao ecoturismo na Baixada


Fluminense. Em destaque está a iniciativa da Secretaria de Turismo do Estado do Rio de
Janeiro chamada “Baixada Verde”, a partir do reconhecimento do quantitativo de áreas
naturais preservadas na região. O objetivo é incluir essa perspectiva nos guias turísticos
oficiais, pois a existência de parques e reservas ambientais denota um forte potencial
turístico. Ou seja, a denominação “Baixada Verde” deseja “impulsionar o turismo na
região” em conjunto com o setor hoteleiro (ALMEIDA, 2017).

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Como medida do poder público municipal, em andamento encontra-se a


elaboração dos Planos de Manejo do PNM Taquara e PNM Caixa D'água. O Plano de
Manejo é um documento que estabelece o zoneamento da UC e as normas para o uso da
área e o manejo dos recursos naturais. Além disso, o Plano visa objetivos estabelecidos
na sua criação, orientar a sua gestão, além de promover seu manejo etc. (ICMBIO,
[2017]), o que pode permitir e intensificar iniciativas do ecoturismo.

Considerações Finais

Ao longo da pesquisa desenvolvida para elaboração deste artigo concluímos que


o potencial industrial do município de Duque de Caxias é mais explorado do que o
ambiental. A exploração tanto industrial quanto ambiental tem como foco o
desenvolvimento econômico do município na Baixada Fluminense. Acreditamos que se
esse potencial industrial de Duque de Caxias fosse explorado concomitantemente com o
desenvolvimento de políticas públicas e sociais que levassem em conta a vizinhança e o
entorno dos parques industriais, o desenvolvimento social do município seria maior,
resultando em melhorias locais como infraestrutura e educação, por exemplo. Em
relação ao potencial ambiental do município, se esse fosse explorado ao lado da
inclusão da população local nos projetos e se o número de programas de educação
ambiental fosse maior, tanto o desenvolvimento local quanto a valorização do território
por parte dos moradores seria maior. O que hoje observamos do ponto de vista das
riquezas ambientais do município é o enfoque no turismo e não necessariamente na
inclusão da população nesse trabalho.

Portanto, o município de Duque de Caxias reúne ao mesmo tempo riquezas


ambientais e um grande polo industrial no estado do Rio de Janeiro. Para que essas duas
características – meio ambiente e indústria – sejam exploradas em harmonia no
município, a sustentabilidade econômica, social e ambiental deve embasar as políticas
dedicadas a essas áreas, que deve incluir a segurança humana dos moradores da região.
Concluímos que por mais que cidades possam ter vocações exploradas pelo mercado,
pelo governo ou pela própria população, a cidade deve ser pensada, planejada e

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desenhada como um todo. As vocações das cidades não devem ser destacadas das
mesmas para serem pensadas isoladamente, pois as consequências desse processo
acabam afetando diretamente a população local.

Referências
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contramao-da-crise-diz-prefeito-de-duque-de-caxias-apos-100-dias-de-governo.ghtml>
Acesso em 15 out. 2017.

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SESSÃO DE COMUNICAÇÃO 5 – Coordenação: Sebastião Raulino

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