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SUCO DE FRUTAS: DE

MOCINHOS A BANDIDOS
24 de fevereiro de 2014

Por décadas os sucos de frutas foram considerados mais saudáveis do que os refrigerantes, mas
recentemente, Susan Jebb da Universidade de Cambridge na Inglaterra, sugeriu que fosse revista
a recomendação de 5 porções de frutas e vegetais por dia , já que se tem trocado o consumo da
fruta in natura por grandes quantidades de sucos, com cargas altas de açúcar, calóricos e pobres
em fibras, além de outros problemas que discutiremos nesse texto.
Ela sugere porções menores, em torno de 150ml/dia de sucos naturais e preferência pelas frutas
e vegetais ricas em vitaminas e minerais além de fibras muito importantes na regulação do
metabolismo.
COMER A FRUTA É DIFERENTE DE INGERIR O SEU
S U C O . Q U AI S S Ã O AS D I F E R E N Ç AS ?

1. Um suco leva mais frutas e portanto possui maior quantidade de açúcar do que se
ingeríssemos a fruta in natura. Para fazer um suco de laranja, usa-se no mínimo duas
frutas, por exemplo.
2. A glicemia aumenta rapidamente, o que leva a liberação de insulina pelo
pâncreas, elevando o risco de Diabetes tipo 2 a longo prazo;
3. Há diferenças entre os sucos naturais feitos da fruta in natura e os
industrializados que além dos conservantes, corantes, estabilizantes, são adoçados,
em geral, com xarope de milho, também conhecido por açúcar invertido, ou glucose
ou “frutose” ou HCFS(High Corn Fructose Syrup). O HCFS é um produto
industrializado e bem mais barato que o açucar da cana de açúcar(sacarose) , além
de bioquimicamente diferente.
A sacarose é composta de duas moléculas de açúcar, glicose e frutose, fortemente
ligadas em quantidades iguais. As enzimas do trato digestivo devem romper essa
ligação para liberar essas moléculas. Já o HCFS consiste de glicose e frutose
fracamente ligadas, em diferente proporção, e são muito mais fáceis de digerir.
A frutose é mais doce que a glicose.
Desde que nenhuma digestão é requerida para separar as moléculas do HCFS, elas
são mais rapidamente absorvidas para a corrente sanguínea. A frutose vai direto
para o fígado e deflagra lipogenesis (a produção de gorduras como os triglicérides), que
pode levar a uma condição patológica chamada Esteatose Hepática (fígado gorduroso)
que afeta milhões de pessoas.
Já a glicose que está livre e é rapidamente absorvida, dispara picos de liberação de
insulina pelo pâncreas, nosso principal hormônio estocador de gordura.

A insulina é responsável por facilitar a entrada da glicose na célula, só que o seu


excesso acaba por desencadear o que se acha de resistência à ação da insulina. É como
se a célula fechasse a porta e não deixasse entrar mais a glicose que ela não precisa,
ocasionando excesso de glicose fora da célula (hiperglicemia). O cérebro “interpreta”
isso como incompetência do pâncreas em controlar a glicemia via insulina, e acaba
dando ordem para ele enviar mais insulina (hiperinsulinemia) às celulas.
I S S O G E R A U M C I C L O VI C I O S O .
Com a repetição frequente do consumo desses sucos, o pâncreas põe o pé no acelerador
a cada ingestão. Com o tempo, isso leva o órgão à exaustão, à diminuição da fabricação
de insulina e o surgimento do Diabetes tipo 2.

Portanto, um simples hábito alimentar pode levar a distúrbios metabólicos com


aumento da glicemia, da insulina cujo aumento pode levar a hipoglicemias
reacionais, dos triglicérides, do colesterol, do ácido úrico e de todas as doenças com
eles relacionados tais como Diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, cânceres,
gota, obesidade dentre outras.
Alterações provocadas pelo excesso de frutose: aumento de triglicérides, de ácido
úrico, fígado gorduroso, resistência à insulina, obesidade, Diabetes tipo 2.

F R U T O S E D A F R U T A I N N AT U R A S E C O M P O R T A
DIFERENTE DA “FRUTOSE “ SINTÉTICA

A frutose que ocorre naturalmente nas frutas faz parte de um complexo de nutrientes e
fibras que não tem os mesmos efeitos biológicos do HCFS, mas é importante lembrar
que nada em excesso, mesmo sendo considerável saudável, é bom para nosso
organismo.
E X P L I C AN D O M E L H O R

Os monossacarídeos (ou açucares simples) mais comuns nos alimentos são a glicose, a
frutose e a galactose. Pela combinação deles, são formados os dissacarídeos – a sacarose
(glicose+ frutose), a lactose (glicose+ galactose) e a maltose (glicose+glicose).

A frutose faz parte da estrutura da sacarose, mas também é encontrada nas frutas
e mel.
Já a frutose sintética também chamada xarope de milho, açúcar ou frutose invertida,
glucose ou HCFS (High Corn Fructose Syrup) é usada para adoçar refrigerantes, sucos
industrializados, barrinhas de cerais, iogurtes, achocolatados, cereais matinais, biscoitos,
etc.

LEPTINA X INSULINA X FRUTOSE

Como já dissemos, a digestão, a absorção e o metabolismo da frutose é diferente da


glicose.

O metabolismo hepático da frutose favorece a lipogenesis (produção de gordura) neste


órgão.

Ao contrário da glicose, a frutose não estimula a secreção de insulina ou o aumento


da produção da leptina. Quando a leptina aumenta, funciona como uma chave que
ativa o centro da saciedade no cérebro para controlar o apetite, isso sugere que a
“frutose” possa contribuir para o aumento da ingestão calórica e o ganho de peso, já
que ela não ativa esse centro.
F R U T AS X S U C O S D E F R U T AS
Uma pesquisa realizada em Harvard School of Public Health pelo professor Qi
Sun, acompanhou a dieta de 187 mil pessoas nos Estados Unidos. Destas, 6,5%
desenvolveram diabetes tipo 2. Foram utilizados questionários para observar a
frequência do consumo de frutas e quais as porções.As frutas em questão eram uvas ou
passas, pêssego, ameixa, damascos, pera, maçã, laranjas, toranja (grapefruit), morangos
e mirtilos.

A análise dos dados recolhidos mostrou que três porções semanais de mirtilo, uva,
passas, maçã e peras reduziam significativamente o risco do tipo 2 da doença.
O mirtilo corta o risco de diabetes tipo 2 em 26%, enquanto outras frutas, servidas em
três porções diárias, reduzem em 2%.

O S A L T O S E B A I XO S D O A Ç U CA R N O S A N G U E
As frutas têm componentes altamente variáveis de fibra, antioxidantes, outros nutrientes
e fitoquímicos que somados influenciam no risco de desenvolvimento do Diabetes tipo
2.

Já com os sucos de frutas, os pesquisadores perceberam a um leve aumento do


risco de diabetes tipo 2, contra a redução provocada pela ingestão de frutas sólidas.
Substituindo-se sucos de frutas por mirtilos inteiros reduz-se o risco em até 33%; com
uvas e passas, em até 19%; por peras e maçãs, em até 13% – e por uma combinação de
frutas, em até 7%.

A substituição de sucos por laranjas, pêssegos, ameixas e damascos leva a resultado


similar.
“Ao fazermos um suco, separamos a (polpa) fruta de seus fluidos, que são absorvidos
mais rapidamente, aumentando os níveis de açúcar e de insulina no sangue que regula a
glicemia, facilitando a entrada da glicose na célula e reduzindo-a no sangue”, explica Qi
Sun, autor do estudo. “Para diminuir o risco de diabetes tipo 2, o ideal seria diminuir o
consumo de sucos e aumentar o de frutas”, aconselha. Nas frutas temos as fibras que
auxiliam no bom funcionamento dos intestinos, aumenta a saciedade e diminui a
velocidade de absorção da frutose e sua elevação na corrente sanguínea.

A ingestão excessiva de açúcar aumenta o risco de desenvo

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