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Aula 00

Direito Processual Penal p/ OAB 1ª Fase XXV Exame - Com videoaulas

Professor: Renan Araujo

00000000000 - DEMO
DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Prof. Renan
Araujo Ð Aula DEMONSTRATIVA

AULA DEMONSTRATIVA: PRINCêPIOS DO PROCESSO


PENAL. APLICA‚ÌO DA LEI PROCESSUAL PENAL

SUMçRIO

1. APLICA‚ÌO DA LEI PROCESSUAL PENAL ..................................................... 7
1.1. Lei processual penal no espa•o ................................................................ 7
1.2. Lei processual penal no tempo ................................................................. 9
2. PRINCêPIOS PROCESSUAIS PENAIS .......................................................... 13
2.1. Princ’pio da inŽrcia ................................................................................ 13
2.2. Princ’pio do devido processo legal ......................................................... 14
2.2.1. Dos postulados do contradit—rio e da ampla defesa ..................................... 15
2.3. Princ’pio da presun•‹o de n‹o culpabilidade (ou presun•‹o de inoc•ncia)
16
2.4. Princ’pio da obrigatoriedade da fundamenta•‹o das decis›es judiciais .. 18
2.5. Princ’pio da publicidade ......................................................................... 19
2.6. Princ’pio da isonomia processual ........................................................... 20
2.7. Princ’pio do duplo grau de jurisdi•‹o ..................................................... 21
2.8. Princ’pio do Juiz Natural ........................................................................ 21
2.9. Princ’pio da veda•‹o ˆs provas il’citas ................................................... 22
2.10. Princ’pio da veda•‹o ˆ autoincrimina•‹o............................................. 23
3. RESUMO .................................................................................................... 23
4. EXERCêCIOS DA AULA ............................................................................... 28
5. GABARITO ................................................................................................. 30

Ol‡, meus amigos!

Hoje, aqui no ESTRATƒGIA CONCURSOS (Projeto EstratŽgia


OAB), daremos in’cio ˆ sua prepara•‹o para o XXV EXAME DA OAB.
Vamos estudar muito Direito Processual Penal, rumo ˆ sua aprova•‹o.
A vermelhinha est‡ chegando!!
O edital ainda n‹o foi publicado, mas a Banca, como sabemos, Ž
a FGV.
E a’, povo, preparados para a maratona?
Como Ž de conhecimento comum, o ’ndice de reprova•‹o na prova
da OAB Ž muito elevado. Mais de 80% dos candidatos n‹o consegue
ser aprovado. Para ser mais exato, o ’ndice de aprova•‹o Ž de
17,5% (’ndice hist—rico). ƒ muito pouco!

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N‹o conhecer a Banca e n‹o resolver quest›es anteriores talvez
sejam os principais motivos para um ’ndice de reprova•‹o t‹o elevado.
Isso faz com que os candidatos percam tempo estudando temas pouco
importantes. AlŽm disso, quem n‹o conhece a Banca muitas vezes acaba
se enrolando na hora da prova, pois n‹o est‡ acostumado com o ÒestiloÓ
da organizadora.
No nosso curso iremos adotar uma metodologia que visa a evitar
exatamente estes problemas. Vamos estudar teoria e quest›es, da
seguinte forma:
a)! Teoria resumida Ð Daremos •nfase ˆquilo que MAIS ƒ
COBRADO. Claro que estudaremos as outras partes do conteœdo,
mas de forma menos aprofundada. Foco!
b)! Resolu•‹o de TODAS as quest›es cobradas pela FGV no
Exame da OAB Ð Como a pr‡tica Ž fundamental, vamos analisar
em nosso curso todas as quest›es anteriores cobradas pela FGV
no exame da OAB.
c)! F—rum de dœvidas Ð Por meio do f—rum de dœvidas voc•s
poder‹o entrar em contato comigo para esclarecerem aqueles
pontos que, eventualmente, n‹o tenham sido compreendidos ou
para refor•ar a compreens‹o, etc.
Como disse, vamos dar mais import‰ncia ˆquilo que, efetivamente,
mais importa. E como saberemos o que mais importa? Somente Ž
poss’vel descobrir isso mediante uma an‡lise minuciosa das provas
anteriores. E foi isso que fiz, um RAIO-X do exame da OAB:
ASSUNTOS (atualizado atŽ o XXII exame) N¼ de
quest›es

TEMA 1: PRINCêPIOS DO PROCESSO PENAL E APLICA‚ÌO 04


DA LEI PROCESSUAL PENAL

TEMA 2: INQUƒRITO POLICIAL 08

TEMA 3: A‚ÌO PENAL 08

TEMA 4: A‚ÌO CIVIL EX DELICTO 01

TEMA 5: JURISDI‚ÌO E COMPETæNCIA 11

TEMA 6: QUESTÍES E PROCESSOS INCIDENTES 06

Exce•›es 02

Quest›es prejudiciais 01

Medidas assecurat—rias 02

Incidentes 02

TEMA 7: DIREITO PROBATîRIO 10

TEMA 8: SUJEITOS PROCESSUAIS 00

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TEMA 9: COMUNICA‚ÌO DOS ATOS PROCESSUAIS 01

TEMA 10: ATOS JUDICIAIS 06

Senten•a 06

TEMA 11: DA PRISÌO E DAS DEMAIS MEDIDAS 06


CAUTELARES. LIBERDADE PROVISîRIA

Pris‹o (em flagrante, preventiva e tempor‡ria) 06

Medidas cautelares diversas da pris‹o 00

Liberdade provis—ria e fian•a 00

TEMA 12: PROCEDIMENTOS DO CPP 09

Procedimento comum 03

Procedimento do Tribunal do jœri 06

Outros procedimentos do CPP 00

TEMA 13: PROCEDIMENTOS ESPECIAIS NA LEGISLA‚ÌO 14


EXTRAVAGANTE

Lei 7.492/86 01

Juizados Especiais Criminais 05

Lei 8.666/93 01

Lei 11.340/06 (Lei Maria da Penha) 02

Lei 11.343/06 (Lei de Drogas) 02

Execu•‹o penal 03

TEMA 14: NULIDADES 02

TEMA 15: RECURSOS E A‚ÍES AUTïNOMAS DE 19


IMPUGNA‚ÌO

Teoria Geral 06

Apela•‹o 02

RESE 05

Agravo em execu•‹o penal 01

Outros recursos 02

Habeas corpus 01

Revis‹o criminal 02

Mandado de seguran•a 00

TOTAL 107

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Como voc•s podem perceber, existem temas que s‹o recorrentes e


temas que s‹o absolutamente ESQUECIDOS pela Banca. Para se ter uma
ideia, quem souber os temas ÒrecursosÓ, ÒinquŽrito policialÓ e Òjurisdi•‹o e
compet•nciaÓ j‡ sabe praticamente 40% daquilo que costuma cair
na prova. Por outro lado, ficar estudando Òsujeitos processuaisÓ n‹o vai
levar voc• a lugar algum.
Bom, est‡ na hora de me apresentar a voc•s, n‹o Ž?
Meu nome Ž Renan Araujo, tenho 30 anos, sou Defensor Pœblico
Federal desde 2010, atuando na Defensoria Pœblica da Uni‹o no Rio de
Janeiro, e mestre em Direito Penal pela Faculdade de Direito da
UERJ. Antes, porŽm, fui servidor da Justi•a Eleitoral (TRE-RJ), onde
exerci o cargo de TŽcnico Judici‡rio, por dois anos. Sou Bacharel em
Direito pela UNESA e p—s-graduado em Direito Pœblico pela Universidade
Gama Filho. Fiz o exame da OAB em 2009 e, gra•as a Deus, deu
tudo certo!
Neste curso voc•s receber‹o todas as informa•›es necess‡rias para
que possam ter sucesso na prova da OAB. Acreditem, voc•s n‹o v‹o se
arrepender! O EstratŽgia OAB est‡ comprometido com sua
aprova•‹o, ou seja, com voc•!
Bom, como j‡ adiantei, neste curso estudaremos todo o conteœdo
de Direito Processual Penal previsto no edital do exame da OAB.
Adotaremos o seguinte cronograma:
Abaixo segue o plano de aulas do curso todo:
!
AULA CONTEòDO DATA

Introdu•‹o ao processo penal: Princ’pios


Aula 00 do Direito Processual Penal. Aplica•‹o da 22.11
Lei processual penal.
Aula 01 InquŽrito Policial 29.11

A•‹o Penal (Denœncia, Queixa-crime e


Aula 02 06.12
representa•‹o). A•‹o Civil ex delicto.
Aula 03 Jurisdi•‹o e compet•ncia 13.12

Sujeitos processuais (o Juiz, do MinistŽrio 20.12


Pœblico, do Acusado e Defensor, dos
Assistentes e Auxiliares da Justi•a). Atos
Aula 04
de comunica•‹o no processo - Das
cita•›es e intima•›es. Atos judiciais Ð
Despacho, decis‹o e senten•a. Nulidades.

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Quest›es e processos incidentes.
Aula 05 Provas (parte I) 27.12

Provas (parte II): Provas em espŽcie. 03.01


Aula 06 Intercepta•‹o das comunica•›es
telef™nicas (Lei 9.296/96).
Pris›es cautelares: Pris‹o em flagrante 10.01
(espŽcies, hip—teses, etc.). Pris‹o
Aula 07 preventiva. Pris‹o tempor‡ria (Lei
7.960/89). Medidas cautelares diversas da
pris‹o. Liberdade provis—ria.
Aula 08 Procedimentos do CPP (parte I) 17.01

Aula 09 Procedimentos do CPP (parte II) 24.01

Recursos. A•›es aut™nomas de 31.01


Aula 10
impugna•‹o.
Procedimentos especiais na legisla•‹o 07.02
Aula 11
extravagante


Como disse, o conteœdo cobre todo o programa exigido no
exame da OAB. Contudo, ser‡ dada •nfase ao que mais Ž cobrado. Em
rela•‹o aos temas menos cobrados, faremos uma an‡lise menos
aprofundada.
AlŽm do nosso material em formato PDF, teremos ainda 16
videoaulas (30 minutos cada) especificamente gravadas para o
Exame da OAB. Nestas videoaulas vamos tratar dos pontos mais
relevantes para a prova da OAB, inclusive mediante a resolu•‹o de
diversas quest›es cobradas anteriormente no Exame de Ordem.
Voc•s ter‹o acesso, ainda, a todos os v’deos do curso intensivo
para a OAB, bem como ter‹o acesso aos resumos disponibilizados no
Òcurso de resumosÓ (02 aulas contendo um resumo da matŽria, com
50 p‡ginas cada)

No mais, desejo a todos uma boa maratona de estudos!


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(copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida
a legisla•‹o sobre direitos autorais e d‡ outras provid•ncias.

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professores que elaboram os cursos. Valorize o trabalho de nossa equipe
adquirindo os cursos honestamente atravŽs do site EstratŽgia Concursos.
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1.! APLICA‚ÌO DA LEI PROCESSUAL PENAL

1.1.! Lei processual penal no espa•o


O estudo da aplicabilidade da Lei Processual Penal est‡ relacionado ˆ
sua aptid‹o para produzir efeitos. Essa aptid‹o para produzir efeitos
est‡ ligada a dois fatores: espacial e temporal.
Assim, a norma processual penal (como qualquer outra) vigora em
determinado lugar e em determinado momento. Nesse sentido,
devemos analisar onde e quando a lei processual penal brasileira se
aplica.
O CPP adotou, como regra, o princ’pio da territorialidade. O que
seria esse princ’pio? Esse princ’pio determina que a lei produzir‡
seus efeitos dentro do territ—rio nacional1. Simples assim!
Desta maneira, o CPP Ž a lei aplic‡vel ao processo e julgamento das
infra•›es penais no Brasil. As regras de aplica•‹o da Lei Penal brasileira
est‹o no C—digo Penal, mas isso n‹o nos interessa aqui. O que nos
interessa Ž o seguinte: se for caso de aplica•‹o da Lei Penal brasileira, as
regras do processo ser‹o aquelas previstas no CPP, em todo o territ—rio
nacional.
Portanto, n‹o se admite a exist•ncia de C—digos Processuais
estaduais, atŽ porque compete privativamente ˆ Uni‹o legislar sobre
direito processual, nos termos da Constitui•‹o Federal.
Como disse a voc•s, esta Ž a regra! Mas toda regra possui
exce•›es2. S‹o elas:
A)!Tratados, conven•›es e regras de Direito Internacional
B)!Jurisdi•‹o pol’tica - Prerrogativas constitucionais do Presidente
da Repœblica, dos ministros de Estado, nos crimes conexos com os
do Presidente da Repœblica, e dos ministros do Supremo Tribunal
Federal, nos crimes de responsabilidade (Constitui•‹o, arts. 86,
89, ¤ 2o, e 100)
C)!Processos de compet•ncia da Justi•a Eleitoral
D)!Processos de compet•ncia da Justi•a Militar
E)!Legisla•‹o especial

Assim, o CPP Ž aplic‡vel aos processos de natureza criminal que


tramitem no territ—rio nacional, com as ressalvas feitas anteriormente.
Em rela•‹o aos tratados internacionais, ao julgamento dos crimes
de responsabilidade, aos procedimentos previstos na Legisla•‹o
especial e aos processos criminais da Justi•a Eleitoral, o CPP Ž

1
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execu•‹o penal. 12.¼ edi•‹o. Ed.
Forense. Rio de Janeiro, 2015, p. 92
2
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 85-92

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aplic‡vel de forma subsidi‡ria. Em rela•‹o aos processos penais da
Justi•a Militar, h‡ diverg•ncia doutrin‡ria.
H‡ quem sustente que, em rela•‹o aos processos da Justi•a Militar o
CPP n‹o Ž aplic‡vel nem mesmo de forma subsidi‡ria, pois o CPPM Ž
suficientemente abrangente. Prevalece, contudo, o entendimento de
que o CPP Ž aplic‡vel de forma subsidi‡ria (h‡ previs‹o nesse
sentido, no pr—prio CPPM).
AlŽm disso, o CPP s— Ž aplic‡vel aos atos processuais praticados
no territ—rio nacional. Se, por algum motivo, o ato processual tiver de
ser praticado no exterior (oitiva de testemunha, etc.), por meio de carta
rogat—ria (ou outro instrumento de coopera•‹o jur’dica internacional),
ser‹o aplicadas as regras processuais do pa’s em que o ato for praticado.


(FGV Ð 2013 Ð OAB Ð XI EXAME UNIFICADO)
Em um processo em que se apura a pr‡tica dos delitos de
supress‹o de tributo e evas‹o de divisas, o Juiz Federal da 4» Vara
Federal Criminal de Arroizinho determina a expedi•‹o de carta
rogat—ria para os Estados Unidos da AmŽrica, a fim de que seja
interrogado o rŽu M‡rio. Em cumprimento ˆ carta, o tribunal
americano realiza o interrogat—rio do rŽu e devolve o
procedimento ˆ Justi•a Brasileira, a 4» Vara Federal Criminal. O
advogado de defesa de M‡rio, ao se deparar com o teor do ato
praticado, requer que o mesmo seja declarado nulo, tendo em
vista que n‹o foram obedecidas as garantias processuais
brasileiras para o rŽu.
Exclusivamente sobre o ponto de vista da Lei Processual no
Espa•o, a alega•‹o do advogado est‡ correta?
A) Sim, pois no processo penal vigora o princ’pio da
extraterritorialidade, j‡ que as normas processuais brasileiras
podem ser aplicadas fora do territ—rio nacional.
B) N‹o, pois no processo penal vigora o princ’pio da
territorialidade, j‡ que as normas processuais brasileiras s— se
aplicam no territ—rio nacional.
C) Sim, pois no processo penal vigora o princ’pio da
territorialidade, j‡ que as normas processuais brasileiras podem
ser aplicadas em qualquer territ—rio.
D) N‹o, pois no processo penal vigora o princ’pio da
extraterritorialidade, j‡ que as normas processuais brasileiras
podem ser aplicas fora no territ—rio nacional.
COMENTçRIOS: No Direito Processual Penal vigora o princ’pio da
territorialidade da aplica•‹o da lei processual, o que significa dizer que a
Lei Processual brasileira (no caso, o CPP) somente se aplica no

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TERRITîRIO NACIONAL, n‹o havendo que se falar em utiliza•‹o da lei
processual brasileira para um ato praticado fora do Brasil.
Isso, inclusive, j‡ foi decidido pelo STF, exemplificativamente, no HC
91444/RJ.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA B.

1.2.! Lei processual penal no tempo


Nos termos do art. 2¡ do CPP:
Art. 2o A lei processual penal aplicar-se-‡ desde logo, sem preju’zo da
validade dos atos realizados sob a vig•ncia da lei anterior.

Por este artigo podemos extrair o princ’pio do tempus regit actum,


tambŽm conhecido como princ’pio do efeito imediato ou aplica•‹o
imediata da lei processual. Este princ’pio significa que a lei processual
regular‡ os atos processuais praticados a partir de sua vig•ncia, n‹o se
aplicando aos atos j‡ praticados.3
Esta Ž a regra de aplica•‹o temporal de toda e qualquer lei, meus
caros, ou seja, produ•‹o de efeitos somente para o futuro. Caso
contr‡rio, o caos seria instalado!
Assim, voc•s devem ter muito cuidado! Ainda que o processo tenha
se iniciado sob a vig•ncia de uma lei, sobrevindo outra norma, alterando
o CPP (ainda que mais gravosa ao rŽu), esta ser‡ aplicada aos atos
futuros. Ou seja, a lei nova n‹o pode retroagir para alcan•ar atos
processuais j‡ praticados, mas se aplica aos atos futuros dos
processos em curso.
Esta possibilidade n‹o ofende o art. 5¡, XL da Constitui•‹o Federal4.
N‹o ofende, pois n‹o se trata de retroatividade da lei. Mais que isso, esse
dispositivo s— se aplica ˆs normas puramente processuais.
EXEMPLO: Imaginemos que uma pessoa responda pelo crime de
homic’dio. Nesse caso, a Lei prev• dois recursos, ÒAÓ e ÒBÓ. Durante o
processo surge uma lei alterando o CPP e excluindo a possibilidade de
interposi•‹o do recurso ÒBÓ, ou seja, Ž prejudicial ao rŽu. Nesse caso,
trata-se de norma puramente processual, e a aplica•‹o da lei nova ser‡
imediata. Entretanto, se o acusado j‡ tiver interposto o recurso ÒBÓ, a lei
nova n‹o ter‡ o cond‹o de fazer com que o recurso deixe de ser julgado,
pois se trata de ato processual j‡ praticado (interposi•‹o do recurso),
devendo o Tribunal apreci‡-lo.


3
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 96. No mesmo sentido, Eug•nio Pacelli. PACELLI,
Eug•nio. Curso de processo penal. 16¼ edi•‹o. Ed. Atlas. S‹o Paulo, 2012, p. 24.
4
XL - a lei penal n‹o retroagir‡, salvo para beneficiar o rŽu;

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Ocorre, porŽm, que dentro de uma lei processual pode haver normas
de natureza material. Como assim? Uma lei processual pode estabelecer
normas que, na verdade, s‹o de Direito Penal, pois criam ou extinguem
direito do indiv’duo, relativos ˆ sua liberdade, etc. Nesses casos de leis
materiais, inseridas em normas processuais (e vice-versa), ocorre
o fen™meno da heterotopia.
Em casos como este, o dif’cil Ž saber identificar qual regra Ž de
direito processual e qual Ž de direito material (penal). PorŽm, uma vez
identificada a norma como sendo uma regra de direito material, sua
aplica•‹o ser‡ regulada pelas normas atinentes ˆ aplica•‹o da lei penal no
tempo, inclusive no que se refere ˆ possibilidade de efic‡cia retroativa
para benef’cio do rŽu.
Diferentemente das normas heterot—picas (que s‹o ou de direito
material ou de direito processual, mas inseridas em lei de natureza
diversa), existem normas mistas, ou h’bridas, que s‹o aquelas que
s‹o, ao mesmo tempo, normas de direito processual e de direito
material.
No caso das normas mistas, embora haja alguma diverg•ncia
doutrin‡ria, vem prevalecendo o entendimento de que, por haver
disposi•›es de direito material, devem ser utilizadas as regras de
aplica•‹o da lei penal no tempo, ou seja, retroatividade da lei mais
benŽfica e impossibilidade de retroatividade quando houver preju’zo ao
rŽu.5

CUIDADO! No que se refere ˆs normas relativas ˆ


execu•‹o penal (cumprimento de pena, sa’das tempor‡rias, etc.), a
Doutrina diverge quanto ˆ sua natureza. H‡ quem entenda tratar-se de
normas de direito material, h‡ quem as considere como normas de
direito processual. Entretanto, para n—s, o que importa Ž o que o STF e o
STJ pensam! E eles entendem que se trata de norma de direito
material. Assim, se uma lei nova surge, alterando o regime de
cumprimento da pena, beneficiando o rŽu, ela ser‡ aplicada aos
processos em fase de execu•‹o, por ser considerada norma de direito
material.


(FGV Ð 2017 Ð OAB Ð XXII EXAME DE ORDEM)
Em 23 de novembro de 2015 (segunda feira), sendo o dia seguinte
dia œtil em todo o pa’s, TŽcio, advogado de defesa de rŽu em a•‹o
penal de natureza condenat—ria, Ž intimado da senten•a
condenat—ria de seu cliente. No curso do prazo recursal, porŽm,

5
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 96

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entrou em vigor nova lei de natureza puramente processual, que
alterava o C—digo de Processo Penal e passava a prever que o
prazo para apresenta•‹o de recurso de apela•‹o seria de 03 dias e
n‹o mais de 05 dias. No dia 30 de novembro de 2015, dia œtil,
TŽcio apresenta recurso de apela•‹o acompanhado das
respectivas raz›es.
Considerando a hip—tese narrada, o recurso do advogado Ž
A) intempestivo, aplicando-se o princ’pio do tempus regit actum
(o tempo rege o ato), e o novo prazo recursal deve ser observado.
B) tempestivo, aplicando-se o princ’pio do tempus regit actum (o
tempo rege o ato), e o antigo prazo recursal deve ser observado.
C) intempestivo, aplicando-se o princ’pio do tempus regit actum
(o tempo rege o ato), e o antigo prazo recursal deve ser
observado.
D) tempestivo, aplicando-se o princ’pio constitucional da
irretroatividade da lei mais gravosa, e o antigo prazo recursal
deve ser observado.
COMENTçRIOS: Pelo princ’pio do tempus regit actum, a lei processual
penal tem aplica•‹o imediata aos processos em curso, mas s— se aplica
aos ATOS PROCESSUAIS FUTUROS, ou seja, n‹o se aplica ˆqueles que j‡
foram realizados, nos termos do art. 2¼ do CPP.
No caso do recurso, como o prazo recursal j‡ havia se iniciado antes da
entrada em vigor da lei nova, esse prazo ser‡ regido pela lei antiga (que
vigorava quando o prazo come•ou a fluir).
Assim, a lei processual nova s— se aplica aos prazos recursais FUTUROS,
n‹o ˆqueles que j‡ se iniciaram antes de sua vig•ncia.
Assim, considerando o prazo antigo (05 dias), o recurso Ž tempestivo,
pois o prazo findou em 28.11.2015, que foi s‡bado, sendo prorrogado atŽ
dia 30.11.2015, dia œtil seguinte.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA B.

(FGV - 2016 - OAB - XIX EXAME DE ORDEM)
Jo‹o, no dia 2 de janeiro de 2015, praticou um crime de
apropriaç‹o indŽbita majorada. Foi, ent‹o, denunciado como
incurso nas sanç›es penais do Art. 168, ¤1o, inciso III, do C—digo
Penal. No curso do processo, mas antes de ser proferida sentença
condenat—ria, dispositivos do C—digo de Processo Penal de
natureza exclusivamente processual sofrem uma reforma
legislativa, de modo que o rito a ser seguido no recurso de
apelaç‹o Ž modificado. O advogado de Jo‹o entende que a
mudança foi prejudicial, pois Ž poss’vel que haja uma demora no
julgamento dos recursos.

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Nesse caso, ap—s a sentença condenat—ria, Ž correto afirmar que o
advogado de Jo‹o
A) dever‡ respeitar o novo rito do recurso de apelaç‹o, pois se
aplica ao caso o princ’pio da imediata aplicaç‹o da nova lei.
B) n‹o dever‡ respeitar o novo rito do recurso de apelaç‹o, em
raz‹o do princ’pio da irretroatividade da lei prejudicial e de o fato
ter sido praticado antes da inovaç‹o.
C) n‹o dever‡ respeitar o novo rito do recurso de apelaç‹o, em
raz‹o do princ’pio da ultratividade da lei.
D) dever‡ respeitar o novo rito do recurso de apelaç‹o, pois se
aplica ao caso o princ’pio da extratividade.
COMENTçRIOS: No processo penal vigora o princ’pio do tempus regit
actum, ou seja, o ato processual ser‡ praticado de acordo com a lei
processual que vigorar no momento de sua realiza•‹o,
independentemente de se tratar de lei processual mais gravosa do que
aquela que vigorava no momento da pr‡tica do delito, nos termos do art.
2¼ do CPP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA A.

(FGV Ð 2013 Ð OAB Ð XI EXAME UNIFICADO)


A Lei n. 9.099/95 modificou a espŽcie de a•‹o penal para os
crimes de les‹o corporal leve e culposa. De acordo com o Art. 88
da referida lei, tais delitos passaram a ser de a•‹o penal pœblica
condicionada ˆ representa•‹o. Tratando-se de quest‹o relativa ˆ
Lei Processual Penal no Tempo, assinale a alternativa que
corretamente exp›e a regra a ser aplicada para processos em
curso que n‹o haviam transitado em julgado quando da altera•‹o
legislativa.
A) Aplica-se a regra do Direito Penal de retroagir a lei, por ser
norma mais benigna.
B) Aplica-se a regra do Direito Processual de imediatidade, em
que a lei Ž aplicada no momento em que entra em vigor, sem que
se questione se mais gravosa ou n‹o.
C) Aplica-se a regra do Direito Penal de irretroatividade da lei, por
ser norma mais gravosa.
D) Aplica-se a regra do Direito Processual de imediatidade, em
que a lei Ž aplicada no momento em que entra em vigor, devendo-
se questionar se a novatio legis Ž mais gravosa ou n‹o.
COMENTçRIOS: No caso espec’fico da altera•‹o da natureza da a•‹o
penal em rela•‹o aos crimes de les›es corporais leves e culposas, o STJ
entendeu que a norma possu’a car‡ter h’brido (de direito processual e de
direito material), devendo ser aplicada a regra relativa ˆs normas de
Direito Penal, no que tange ˆ retroatividade da lei mais benŽfica.

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Por se tratar de lei mais benŽfica, o STJ entendeu que deveria ser
aplicada aos fatos praticados antes de sua entrada em vigor, desde que o
processo ainda estivesse tramitando, devendo a v’tima manifestar seu
interesse no prosseguimento da a•‹o penal (j‡ que a a•‹o penal j‡ havia
sido ajuizada).6
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA A.

2.! PRINCêPIOS PROCESSUAIS PENAIS

2.1.! Princ’pio da inŽrcia


Alguns doutrinadores n‹o consideram este um princ’pio do processo
penal com base constitucional, embora seja un‰nime que Ž aplic‡vel ao
processo penal brasileiro.
Este princ’pio diz que o Juiz n‹o pode dar in’cio ao processo penal,
pois isto implicaria em viola•‹o da sua imparcialidade, j‡ que, ao dar
in’cio ao processo, o Juiz j‡ d‡ sinais de que ir‡ condenar o rŽu.
Um dos dispositivos constitucionais que d‡ base a esse entendimento
Ž o art. 129, I da Constitui•‹o Federal:
Art. 129. S‹o fun•›es institucionais do MinistŽrio Pœblico:
I - promover, privativamente, a a•‹o penal pœblica, na forma da lei;

Percebam que a Constitui•‹o estabelece como sendo privativa do MP


a promo•‹o da a•‹o penal pœblica. Assim, diz-se que o MP Ž o Òtitular
da a•‹o penal pœblicaÓ.
Mas e a a•‹o penal privada? Mais ˆ frente voc•s ver‹o que a a•‹o
penal privada Ž de titularidade do ofendido. Assim, o Juiz j‡ n‹o
poderia a ela dar in’cio por sua pr—pria natureza, j‡ que a lei considera
que, nesses casos, o interesse do ofendido em processar ou n‹o o infrator
se sobrep›e ao interesse do Estado na persecu•‹o penal.
Este princ’pio Ž o alicerce m‡ximo daquilo que se chama de sistema
acusat—rio, que Ž o sistema adotado pelo nosso processo penal7. No
sistema acusat—rio existe uma figura que acusa e outra figura que julga,
diferentemente do sistema inquisitivo, no qual acusador e julgador se
confundem na mesma pessoa, o que gera parcialidade do julgador,
ofendendo inœmeros outros princ’pios.
Entretanto, este princ’pio n‹o impede que o Juiz determine a
realiza•‹o de dilig•ncias que entender necess‡rias para elucidar
quest‹o relevante para o deslinde do processo. Isso porque no

6
(HC 10.841/RS, Rel. Ministro VICENTE LEAL, SEXTA TURMA, julgado em 22/08/2000, DJ
11/09/2000, p. 292)
7
Alguns sustentam que se adotou um sistema PREDOMINANTEMENTE acusat—rio. Outros
sustentam ter sido adotado um sistema misto (entre acusat—rio e inquisitivo), pois h‡ caracteres
de ambos. NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p.71

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Processo Penal, diferentemente do que ocorre no Processo Civil, vigora o
princ’pio da busca pela verdade real ou material, n‹o da verdade
formal. Assim, no processo penal n‹o h‡ presun•‹o de veracidade das
alega•›es da acusa•‹o em caso de aus•ncia de manifesta•‹o em
contr‡rio pelo rŽu, pois o interesse pœblico pela busca da efetiva verdade
impede isto.
AlŽm disso, este princ’pio ir‡ embasar diversas outras disposi•›es do
sistema processual penal brasileiro, como aquela que impede que o Juiz
julgue um fato n‹o contido na denœncia (seria uma viola•‹o indireta ao
princ’pio da inŽrcia), que caracteriza o princ’pio da congru•ncia8 entre
a senten•a e a inicial acusat—ria.

2.2.! Princ’pio do devido processo legal


Esse princ’pio Ž o que se pode chamar de base principal do Direito
Processual brasileiro, pois todos os outros, de uma forma ou de outra,
encontram nele seu fundamento. Este princ’pio est‡ previsto no art. 5¡,
LIV da CRFB/88, nos seguintes termos:
LIV - ninguŽm ser‡ privado da liberdade ou de seus bens sem o devido
processo legal;

Assim, a Constitui•‹o estabelece que ninguŽm poder‡ sofrer priva•‹o


de sua liberdade ou de seus bens sem que haja um processo prŽvio, em
que lhe seja assegurada toda a sorte de instrumentos de defesa.
Desta maneira, especificamente no processo penal, esse princ’pio
norteia algumas regras, como o Direito que o acusado possui de ser
ouvido pessoalmente (Sim, o interrogat—rio Ž um direito do rŽu), a fim de
expor sua vers‹o dos fatos, bem como o direito que o acusado possui de
arrolar testemunhas, contradizer todas as provas e argumentos da
acusa•‹o etc. Todos eles tiram seu fundamento do Princ’pio do Devido
Processo Legal.
A obedi•ncia ao rito previsto na Lei Processual (seja o rito ordin‡rio
ou outro), bem como ˆs demais regras estabelecidas para o processo Ž
que se chama de Devido Processo Legal em sentido formal.
Entretanto, existe outra vertente deste princ’pio, denominada
Devido Processo Legal em sentido material. Nessa œltima acep•‹o,
entende-se que o Devido Processo Legal s— Ž efetivamente respeitado
quando o Estado age de maneira razo‡vel, proporcional e
adequada na tutela dos interesses da sociedade e do acusado.
O princ’pio do Devido Processo Legal tem como corol‡rios os
postulados da Ampla Defesa e do Contradit—rio, ambos tambŽm
previstos na Constitui•‹o Federal, em seu art. 5¡, LV9.

8
TambŽm chamado de princ’pio da adstri•‹o ou princ’pio da corre•‹o entre acusa•‹o e senten•a.
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 608
9
Art. 5 (...)

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2.2.1.! Dos postulados do contradit—rio e da ampla defesa


O princ’pio do Contradit—rio estabelece que os litigantes em geral e,
no nosso caso, os acusados, tem assegurado o direito de contradizer os
argumentos trazidos pela parte contr‡ria e as provas por ela produzidas.
Entretanto, este princ’pio sofre limita•›es, notadamente quando a
decis‹o a ser tomada pelo Juiz n‹o possa esperar a manifesta•‹o
do acusado ou a ci•ncia do acusado pode implicar a frustra•‹o da
decis‹o.
EXEMPLO: Imagine que o MP aju’za a•‹o penal em face de JosŽ,
requerendo seja decretada sua pris‹o preventiva, com base na
ocorr•ncia de uma das circunst‰ncias previstas no art. 312 do CPP. O
Juiz, ao receber a denœncia, verificando estarem presentes os requisitos
que autorizam a decreta•‹o da pris‹o preventiva, a decretar‡ sem ouvir
o acusado, pois aguardar a manifesta•‹o deste acerca da pris‹o
preventiva pode acarretar na frustra•‹o desta (fuga do acusado).

J‡ o postulado da ampla defesa prev• que n‹o basta dar ao acusado


ci•ncia das manifesta•›es da acusa•‹o e facultar-lhe se manifestar, se
n‹o lhe forem dados instrumentos para isso. Ampla Defesa e
Contradit—rio caminham juntos (atŽ por isso est‹o no mesmo inciso da
Constitui•‹o), e retiram seu fundamento no Devido Processo Legal.
Entre os instrumentos para o exerc’cio da defesa est‹o a previs‹o
legal de recursos em face das decis›es judiciais, direito ˆ produ•‹o de
provas, bem como a obriga•‹o de que o Estado forne•a assist•ncia
jur’dica integral e gratuita, primordialmente atravŽs da Defensoria
Pœblica.10
Portanto, ao acusado que n‹o possuir meios de pagar um advogado,
deve ser garantida a defesa por um Defensor Pœblico, ou, em n‹o
havendo sede da Defensoria Pœblica na comarca, ser nomeado um
defensor dativo (advogado particular pago pelos cofres pœblicos), a fim de
que lhe seja prestada defesa tŽcnica.
AlŽm da defesa tŽcnica, realizada por profissional habilitado
(advogado particular ou Defensor Pœblico), h‡ tambŽm a autodefesa,
que Ž realizada pelo pr—prio rŽu, especialmente quando do seu
interrogat—rio, oportunidade na qual pode, ele mesmo, defender-se
pessoalmente, sem a intermedia•‹o de procurador. Assim, se o Juiz se
recusar a interrogar o rŽu, por exemplo, estar‡ violando o
princ’pio da ampla defesa, por estar impedindo o rŽu de exercer sua
autodefesa.

LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral s‹o
assegurados o contradit—rio e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
10
LXXIV - o Estado prestar‡ assist•ncia jur’dica integral e gratuita aos que comprovarem
insufici•ncia de recursos;

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Ao contr‡rio da defesa tŽcnica, que n‹o pode faltar no processo
criminal, sob pena de nulidade absoluta, o rŽu pode recusar-se a
exercer a autodefesa, ficando em sil•ncio, por exemplo, pois o direito
ao sil•ncio Ž um direito expressamente previsto ao rŽu.
Este princ’pio n‹o impede, porŽm, que o acusado sofra as
consequ•ncias de sua inŽrcia em rela•‹o aos atos processuais (n‹o-
interposi•‹o de recursos, aus•ncia injustificada de audi•ncias, etc.).
Entretanto, o princ’pio da ampla defesa se manifesta mais explicitamente
quando o rŽu, embora citado, deixe de apresentar Resposta ˆ Acusa•‹o.
Nesse caso, dada a import‰ncia da pe•a de defesa, dever‡ o Juiz
encaminhar os autos ˆ Defensoria Pœblica, para que atue na qualidade de
curador do acusado, ou, em n‹o havendo Defensoria no local, nomear
defensor dativo para que patrocine a defesa do acusado.

2.3.! Princ’pio da presun•‹o de n‹o culpabilidade (ou


presun•‹o de inoc•ncia)
A Presun•‹o de inoc•ncia Ž o maior pilar de um Estado Democr‡tico de
Direito, pois, segundo este princ’pio, nenhuma pessoa pode ser considerada
culpada (e sofrer as consequ•ncias disto) antes do tr‰nsito em julgado se
senten•a penal condenat—ria. Nos termos do art. 5¡, LVII da CRFB/88:
LVII - ninguŽm ser‡ considerado culpado atŽ o tr‰nsito em julgado de
senten•a penal condenat—ria;

O que Ž tr‰nsito em julgado de senten•a penal condenat—ria? ƒ a


situa•‹o na qual a senten•a proferida no processo criminal, condenando o rŽu,
n‹o pode mais ser modificada atravŽs de recurso. Assim, enquanto n‹o
houver uma senten•a criminal condenat—ria irrecorr’vel, o acusado n‹o
pode ser considerado culpado e, portanto, n‹o pode sofrer as consequ•ncias da
condena•‹o.
Este princ’pio pode ser considerado:
⇒! Uma regra probat—ria (regra de julgamento) - Deste princ’pio
decorre que o ™nus (obriga•‹o) da prova cabe ao acusador (MP ou
ofendido, conforme o caso). O rŽu Ž, desde o come•o, inocente, atŽ que o
acusador prove sua culpa. Assim, temos o princ’pio do in dubio pro reo ou favor
rei, segundo o qual, durante o processo (inclusive na senten•a), havendo
dœvidas acerca da culpa ou n‹o do acusado, dever‡ o Juiz decidir em favor
deste, pois sua culpa n‹o foi cabalmente comprovada.

CUIDADO: Existem hip—teses em que o Juiz n‹o decidir‡ de acordo com


princ’pio do in dubio pro reo, mas pelo princ’pio do in dubio pro societate. Por
exemplo, nas decis›es de recebimento de denœncia ou queixa e na decis‹o de
pronœncia, no processo de compet•ncia do Jœri, o Juiz decide contrariamente ao
rŽu (recebe a denœncia ou queixa no primeiro caso, e pronuncia o rŽu no
segundo) com base apenas em ind’cios de autoria e prova da materialidade. Ou
seja, nesses casos, mesmo o Juiz tendo dœvidas quanto ˆ culpabilidade do rŽu,
dever‡ decidir contrariamente a ele, e em favor da sociedade, pois destas

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decis›es n‹o h‡ consequ•ncias para o rŽu, permitindo-se, apenas, que seja
iniciado o processo ou a fase processual, na qual ser‹o produzidas as provas
necess‡rias ˆ elucida•‹o dos fatos.

⇒! Uma regra de tratamento - Deste princ’pio decorre, ainda, que o rŽu


deve ser, a todo momento, tratado como inocente. E isso tem uma dimens‹o
interna e uma dimens‹o externa:
a)! Dimens‹o interna Ð O agente deve ser tratado, dentro do processo,
como inocente. Ex.: O Juiz n‹o pode decretar a pris‹o preventiva do
acusado pelo simples fato de o rŽu estar sendo processado, caso
contr‡rio, estaria presumindo a culpa do acusado.
b)! Dimens‹o externa Ð O agente deve ser tratado como inocente FORA do
processo, ou seja, o fato de estar sendo processado n‹o pode gerar
reflexos negativos na vida do rŽu. Ex.: O rŽu n‹o pode ser eliminado de
um concurso pœblico porque est‡ respondendo a um processo criminal
(pois isso seria presumir a culpa do rŽu).
==0==

Desta maneira, sendo este um princ’pio de ordem Constitucional,


deve a legisla•‹o infraconstitucional (especialmente o CP e o CPP)
respeit‡-lo, sob pena de viola•‹o ˆ Constitui•‹o. Portanto, uma lei que
dissesse, por exemplo, que o cumprimento de pena se daria a partir da senten•a
em primeira inst‰ncia seria inconstitucional, pois a Constitui•‹o afirma que o
acusado ainda n‹o Ž considerado culpado nessa hip—tese.

CUIDADO! A exist•ncia de pris›es provis—rias (pris›es


decretadas no curso do processo) n‹o ofende a presun•‹o de inoc•ncia,
pois nesse caso n‹o se trata de uma pris‹o como cumprimento de pena, mas
sim de uma pris‹o cautelar, ou seja, para garantir que o processo penal seja
devidamente instru’do ou eventual senten•a condenat—ria seja cumprida. Por
exemplo: Se o rŽu est‡ dando sinais de que vai fugir (tirou passaporte
recentemente), e o Juiz decreta sua pris‹o preventiva, o faz n‹o por consider‡-
lo culpado, mas para garantir que, caso seja condenado, cumpra a pena. Voc•s
ver‹o mais sobre isso na aula sobre Pris‹o e Liberdade Provis—ria! J
Ou seja, a pris‹o cautelar, quando devidamente fundamentada na
necessidade de evitar a ocorr•ncia de algum preju’zo (risco para a instru•‹o ou
para o processo, por exemplo), Ž v‡lida. O que n‹o se pode admitir Ž a
utiliza•‹o da pris‹o cautelar como Òantecipa•‹o de penaÓ.

Vou transcrever para voc•s agora alguns pontos que s‹o pol•micos e a
respectiva posi•‹o dos Tribunais Superiores, pois isto Ž importante.
¥! Processos criminais em curso e inquŽritos policiais em face do
acusado podem ser considerados maus antecedentes?
Segundo o STJ e o STF n‹o, pois em nenhum deles o acusado foi
condenado de maneira irrecorr’vel, logo, n‹o pode ser considerado
culpado nem sofrer qualquer consequ•ncia em rela•‹o a eles
(sœmula 444 do STJ).

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¥! Regress‹o de regime de cumprimento da pena Ð O STJ e o STF
entendem que NÌO Hç NECESSIDADE DE CONDENA‚ÌO PENAL
TRANSITADA EM JULGADO para que o preso sofra a regress‹o do
regime de cumprimento de pena mais brando para o mais severo (do
semiaberto para o fechado, por exemplo). Nesses casos, basta que
o preso tenha cometido novo crime doloso ou falta grave,
durante o cumprimento da pena pelo crime antigo, para que haja a
regress‹o, nos termos do art. 118, I da Lei 7.210/84 (Lei de
Execu•›es Penais), n‹o havendo necessidade, sequer, de que tenha
havido condena•‹o criminal ou administrativa. A Jurisprud•ncia
entende que esse artigo da LEP n‹o ofende a Constitui•‹o.
¥! Revoga•‹o do benef’cio da suspens‹o condicional do processo
em raz‹o do cometimento de crime Ð Prev• a Lei 9.099/95 que
em determinados crimes, de menor potencial ofensivo, pode ser o
processo criminal suspenso por determinado, devendo o rŽu cumprir
algumas obriga•›es durante este prazo (dentre elas, n‹o cometer
novo crime), findo o qual estar‡ extinta sua punibilidade. Nesse caso,
o STF e o STJ entendem que, descoberta a pr‡tica de crime pelo
acusado beneficiado com a suspens‹o do processo, este benef’cio
deve ser revogado, por ter sido descumprida uma das condi•›es,
n‹o havendo necessidade de tr‰nsito em julgado da senten•a
condenat—ria do crime novo.

CUIDADO MASTER! Recentemente, no julgamento do HC 126.292 o STF


decidiu (entendimento confirmado posteriormente) que o cumprimento da
pena pode se iniciar com a mera condena•‹o em segunda inst‰ncia por um
—rg‹o colegiado (TJ, TRF, etc.). Isso significa que o STF relativizou o
princ’pio da presun•‹o de inoc•ncia, admitindo que a ÒculpaÓ (para fins de
cumprimento da pena) j‡ estaria formada nesse momento (embora a CF/88
seja expressa em sentido contr‡rio). Isso significa que, possivelmente, teremos
(num futuro breve) altera•‹o na jurisprud•ncia consolidada do STF e do STJ, de
forma que a•›es penais em curso passem a poder ser consideradas como maus
antecedentes, desde que haja, pelo menos, condena•‹o em segunda inst‰ncia
por —rg‹o colegiado (mesmo sem tr‰nsito em julgado), alŽm de outros reflexos
que tal relativiza•‹o provoca (HC 126292/SP, rel. Min. Teori Zavascki,
17.2.2016).

2.4.! Princ’pio da obrigatoriedade da fundamenta•‹o das


decis›es judiciais
Este princ’pio est‡ previsto no art. 93, IX da Constitui•‹o11. Desta
maneira, pode-se elevar esse princ’pio (motiva•‹o das decis›es judiciais)

11
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, dispor‡ sobre o Estatuto
da Magistratura, observados os seguintes princ’pios:
(...)
IX todos os julgamentos dos —rg‹os do Poder Judici‡rio ser‹o pœblicos, e fundamentadas todas as
decis›es, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presen•a, em determinados atos, ˆs
pr—prias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preserva•‹o do
direito ˆ intimidade do interessado no sigilo n‹o prejudique o interesse pœblico ˆ informa•‹o;

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ˆ categoria de princ’pio constitucional, por ter merecido a aten•‹o da Lei
M‡xima.
Esse princ’pio decorre da l—gica do sistema jur’dico p‡trio, em que a
transpar•ncia deve vigorar. Assim, a parte (seja o acusado ou o
acusador) saber‡ exatamente o que se baseou o Juiz para proferir aquela
decis‹o e, assim, poder examinar se o Magistrado agiu dentro da
legalidade.
Ali‡s, esse princ’pio guarda estrita rela•‹o com o princ’pio da
Ampla Defesa, eis que a aus•ncia de fundamenta•‹o ou a
fundamenta•‹o deficiente de uma decis‹o dificulta e por vezes impede a
sua impugna•‹o, j‡ que a parte prejudicada n‹o tem elementos para
combat•-lo, j‡ que n‹o sabe seus fundamentos.
Alguns pontos controvertidos merecem destaque:
¥! A decis‹o de recebimento
0 da denœncia ou queixa, apesar
de possuir forte carga decis—ria, n‹o precisa de
fundamenta•‹o complexa (STF entende que isso n‹o fere a
Constitui•‹o).
¥! A fundamenta•‹o referida Ž constitucional Ð
Fundamenta•‹o referida Ž aquela na qual um —rg‹o do
Judici‡rio se remete ˆs raz›es expostas por outro —rg‹o do
Judici‡rio (Ex.: O Tribunal, ao julgar a apela•‹o, mantendo a
senten•a, pode fundamentar sua decis‹o referindo-se aos
argumentos expostos na senten•a de primeira inst‰ncia, sem
necessidade de reproduzi-los no corpo do Ac—rd‹o).
¥! As decis›es proferidas pelo Tribunal do Jœri n‹o s‹o
fundamentadas, pois os julgadores (jurados) n‹o possuem
conhecimento tŽcnico, proferindo seu voto conforme sua
percep•‹o de Justi•a indicar.

2.5.! Princ’pio da publicidade


Este princ’pio estabelece que os atos processuais e as decis›es
judiciais ser‹o pœblicas, ou seja, de acesso livre a qualquer do povo. Essa
Ž a regra prevista no art. 93, IX da CRFB/88:
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, dispor‡
sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princ’pios:
(...)
IX- todos os julgamentos dos —rg‹os do Poder Judici‡rio ser‹o pœblicos, e
fundamentadas todas as decis›es, sob pena de nulidade, podendo a lei
limitar a presen•a, em determinados atos, ˆs pr—prias partes e a seus
advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preserva•‹o do direito
ˆ intimidade do interessado no sigilo n‹o prejudique o interesse pœblico ˆ
informa•‹o;

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Percebam que a Constitui•‹o determina que os julgamentos dos
—rg‹os do Poder Judici‡rio ser‹o pœblicos, mas entende-se ÒjulgamentosÓ
como qualquer ato processual.
Entretanto, essa publicidade NÌO ƒ ABSOLUTA, podendo sofrer
restri•‹o, quando a intimidade das partes ou interesse pœblico exigir. A
isso se chama de publicidade restrita.
Essa possibilidade de restri•‹o est‡ prevista, ainda, no art. 5¡, LX da
CRFB/88:
LX - a lei s— poder‡ restringir a publicidade dos atos processuais quando a
defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;

Ressalto a voc•s que essa publicidade pode ser restringida apenas ˆs


partes e seus procuradores, ou somente a estes. O que isso significa?
Que alguns atos podem n‹o ser pœblicos nem mesmo para a outra parte!
Sim! Imaginem que, numa audi•ncia, a ofendida pelo crime de estupro
n‹o queira dar seu depoimento na presen•a do acusado. Nada mais
natural. Assim, o Juiz poder‡ mandar que este se retire da sala,
permanecendo, porŽm, o seu advogado. Aos procuradores das partes
(advogado, membro do MP, etc.) nunca se pode negar publicidade
dos atos processuais! Gravem isso!
Essa impossibilidade de restri•‹o da publicidade aos procuradores
das partes Ž decorr•ncia natural do princ’pio do contradit—rio e da ampla
defesa, pois s‹o os procuradores quem exercem a defesa tŽcnica, n‹o
podendo ser privados do acesso a nenhum ato do processo, sob pena de
nulidade.12

2.6.! Princ’pio da isonomia processual


O princ’pio da isonomia processual decorre do princ’pio da isonomia,
genericamente considerado, segundo o qual as pessoas s‹o iguais
perante a lei, sendo vedadas pr‡ticas discriminat—rias. Est‡ previsto no
art. 5¡ da Constitui•‹o:
Art. 5¼ Todos s‹o iguais perante a lei, sem distin•‹o de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pa’s a
inviolabilidade do direito ˆ vida, ˆ liberdade, ˆ igualdade, ˆ seguran•a e ˆ
propriedade, nos termos seguintes:


12
Por fim, vale registrar que no Tribunal do Jœri (que tem regras muito espec’ficas) o voto dos
jurados Ž sigiloso, por expressa previs‹o constitucional, caracterizando-se em mais uma exce•‹o
ao princ’pio. Nos termos do art. 5¡, XVIII, b, da Constitui•‹o:
Art. 5¼ (...)
XXXVIII - Ž reconhecida a institui•‹o do jœri, com a organiza•‹o que lhe der a lei, assegurados:
(...)
b) o sigilo das vota•›es;
Assim, nesse caso, n‹o h‡ publicidade do voto proferido pelo jurado, mas a sess‹o secreta onde
ocorre o julgamento pelos jurados (dep—sito dos votos na urna) Ž acess’vel aos procuradores.

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No campo processual este princ’pio tambŽm irradia seus efeitos,
devendo a lei processual tratar ambas as partes de maneira igualit‡ria,
conferindo-lhes os mesmos direitos e deveres. Por exemplo: Os prazos
recursais devem ser os mesmos para acusa•‹o e defesa, o tempo para
sustenta•‹o oral nas sess›es de julgamento tambŽm devem ser id•nticos,
etc.
Entretanto, Ž poss’vel que a lei estabele•a algumas situa•›es
aparentemente anti-ison™micas, a fim de equilibrar as for•as dentro do
processo.13

2.7.! Princ’pio do duplo grau de jurisdi•‹o


Este princ’pio estabelece que as decis›es judiciais devem estar
sujeitas ˆ revis‹o por outro —rg‹o do Judici‡rio. Embora n‹o esteja
expresso na Constitui•‹o, grande parte dos doutrinadores o aceita
como um princ’pio constitucional impl’cito14, fundamentando sua tese nas
regras de compet•ncia dos Tribunais estabelecidas na Constitui•‹o, o que
deixaria impl’cito que toda decis‹o judicial deva estar sujeita a recurso,
via de regra.
Entretanto, mesmo aqueles que consideram ser este um princ’pio de
’ndole constitucional entendem que h‡ exce•›es, que s‹o os casos de
compet•ncia origin‡ria do STF, a•›es nas quais n‹o cabe recurso da
decis‹o de mŽrito (—bvio, pois o STF Ž a Corte Suprema do Brasil). Assim,
essa exce•‹o n‹o anularia o fato de que se trata de um princ’pio
constitucional, apenas n‹o lhe permite ser absoluto.

2.8.! Princ’pio do Juiz Natural


A Constitui•‹o estabelece em seu art. 5¡, LIII que:
LIII - ninguŽm ser‡ processado nem sentenciado sen‹o pela autoridade
competente;

Assim, desse dispositivo constitucional podemos extrair o princ’pio do


Juiz Natural.
O princ’pio do Juiz Natural estabelece que toda pessoa tem direito de
ser julgada por um —rg‹o do Poder Judici‡rio brasileiro, devidamente
investido na fun•‹o jurisdicional, cuja compet•ncia fora previamente
definida15. Assim, est‡ vedada a forma•‹o de Tribunal ou Ju’zo de


13
Por exemplo, quando a lei estabelece que a Defensoria Pœblica possui prazo em dobro para
recorrer, n‹o est‡ ferindo o princ’pio da isonomia, mas est‡ apenas corrigindo uma situa•‹o de
desequil’brio. Isso porque a Defensoria Pœblica Ž uma Institui•‹o absolutamente assoberbada, que
n‹o pode escolher se vai ou n‹o patrocinar uma demanda. Caso o assistido se enquadre como
hipossuficiente, a Defensoria Pœblica deve atuar. Um escrit—rio de advocacia pode, por exemplo, se
recusar a patrocinar uma defesa alegando estar muito atarefado.
14
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 52.
15
PACELLI, Eug•nio. Op. cit., p. 37

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exce•‹o, que s‹o aqueles criados especificamente para o julgamento de
um determinado caso. Isso n‹o Ž tolerado no Brasil!
PorŽm, voc•s n‹o devem confundir Ju’zo ou Tribunal de exce•‹o com
varas especializadas. As varas especializadas s‹o criadas para otimizar
o trabalho do Judici‡rio, e sua compet•ncia Ž definida abstratamente, e
n‹o em raz‹o de um fato isolado, de forma que n‹o ofendem o
princ’pio. O que este princ’pio impede Ž a manipula•‹o das Òregras do
jogoÓ para se ÒescolherÓ o Juiz que ir‡ julgar a causa.16
Assim, proposta a a•‹o penal, ela ser‡ distribu’da para um dos Ju’zes
com compet•ncia para julg‡-la.
Boa parte da Doutrina sustenta17, ainda, a exist•ncia do princ’pio
do Promotor Natural. Tal princ’pio estabelece que toda pessoa tem
direito de ser acusada pela autoridade competente. Assim, Ž vedada a
designa•‹o pelo Procurador-Geral de Justi•a de um Promotor para atuar
especificamente num determinado caso. Isso seria simplesmente um
acusador de exce•‹o, alguŽm que n‹o estava previamente definido como
o Promotor (ou um dos Promotores) que poderia receber o caso, mas
alguŽm que foi definido como o acusador de um rŽu ap—s a pr‡tica do
fato, cuja finalidade Ž fazer com que o acusado seja processado por
alguŽm que possui determinada caracter’stica (Promotor mais brando ou
mais severo, a depender do infrator).
Entretanto, a defini•‹o de atribui•›es especializadas (Promotor para
crimes ambientais, crimes contra a ordem financeira, etc.) n‹o viola este
princ’pio, pois n‹o se est‡ estabelecendo uma atribui•‹o casu’stica,
apenas para determinado caso, mas uma atribui•‹o abstrata, que se
aplicar‡ a todo e qualquer caso semelhante. ƒ exatamente o mesmo que
ocorre em rela•‹o ˆs Varas especializadas.

2.9.! Princ’pio da veda•‹o ˆs provas il’citas


No nosso sistema processual penal vige o princ’pio do livre
convencimento motivado do Juiz, ou seja, o Juiz n‹o est‡ obrigado a
decidir conforme determinada prova (confiss‹o, por exemplo), podendo
decidir da forma que entender, desde que fundamente sua decis‹o em
alguma das provas produzidas nos autos do processo.
Em raz‹o disso, ˆs partes Ž conferido o direito de produzir as provas
que entendam necess‡rias para convencer o Juiz a acatar sua tese.
Entretanto, esse direito probat—rio n‹o Ž ilimitado, encontrando
limites nos direitos fundamentais previstos na Constitui•‹o. Essa limita•‹o
encontra-se no art. 5¡, LVI da Constitui•‹o. Vejamos:
LVI - s‹o inadmiss’veis, no processo, as provas obtidas por meios il’citos;


16
Outra situa•‹o que tambŽm NÌO VIOLA o princ’pio do Juiz Natural Ž a atra•‹o, por conex‹o ou
contin•ncia, do processo do corrŽu ao foro por prerrogativa de fun•‹o de um dos denunciados
(sœmula 704 do STF). Veremos mais sobre isso na aula sobre jurisdi•‹o e compet•ncia.
17
Ver, por todos, NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 52

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Vejam que a Constitui•‹o Ž clara ao dizer que n‹o se admitem no


processo as provas que tenham sido obtidas por meios il’citos. Mas o que
seriam meios il’citos? Seriam todos aqueles meios em que para a
obten•‹o da prova tenha que ser violado um direito fundamental de
alguŽm.
A Doutrina divide as provas ilegais em provas il’citas (quando
violam normas de direito material) e provas ileg’timas (quando violam
normas de direito processual). Veremos mais sobre o tema na aula
sobre provas.

ATEN‚ÌO! A Doutrina dominante admite a utiliza•‹o de


provas il’citas quando esta for a œnica forma de se obter a
absolvi•‹o do rŽu.

2.10.!Princ’pio da veda•‹o ˆ autoincrimina•‹o


Tal princ’pio, tambŽm conhecido como nemo tenetur se detegere,
tem por finalidade impedir que o Estado, de alguma forma, imponha ao
rŽu alguma obriga•‹o que possa colocar em risco o seu direito de n‹o
produzir provas prejudiciais a si pr—prio. O ™nus da prova incumbe ˆ
acusa•‹o, n‹o ao rŽu.
Este princ’pio pode ser extra’do da conjuga•‹o de tr•s dispositivos
constitucionais:
¥! Direito ao sil•ncio
¥! Direito ˆ ampla defesa
¥! Presun•‹o de inoc•ncia

Assim, em raz‹o deste princ’pio, o acusado n‹o Ž obrigado a praticar


qualquer ato que possa ser prejudicial ˆ sua defesa, como realizar o teste
do baf™metro (trata-se de uma fase prŽ-processual, mas o resultado seria
utilizado posteriormente no processo), fornecer padr›es gr‡ficos para
realiza•‹o de exame grafotŽcnico, etc.


3.! RESUMO

APLICA‚ÌO DA LEI PROCESSUAL PENAL

Lei processual penal no espa•o

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Princ’pio da territorialidade Ð A Lei processual penal brasileira s—
produzir‡ seus efeitos dentro do territ—rio nacional. O CPP, em
regra, Ž aplic‡vel aos processos de natureza criminal que tramitem no
territ—rio nacional.
EXCE‚ÍES:
Ø! Tratados, conven•›es e regras de Direito Internacional
Ø! Jurisdi•‹o pol’tica Ð Crimes de responsabilidade
Ø! Processos de compet•ncia da Justi•a Eleitoral
Ø! Processos de compet•ncia da Justi•a Militar
Ø! Legisla•‹o especial
OBS.: Em rela•‹o a estes casos, a aplica•‹o do CPP ser‡ subsidi‡ria. Com
rela•‹o ˆ Justi•a Militar, h‡ certa diverg•ncia, mas prevalece o
entendimento de que tambŽm Ž aplic‡vel o CPP de forma subsidi‡ria.
OBS.: S— Ž aplic‡vel aos atos processuais praticados no territ—rio
nacional. Se, por algum motivo, o ato processual tiver de ser praticado no
exterior, ser‹o aplicadas as regras processuais do pa’s em que o ato for
praticado.

Lei processual penal no tempo


REGRA Ð Ado•‹o do princ’pio do tempus regit actum: o ato processual
ser‡ realizado conforme as regras processuais estabelecidas pela Lei que
vigorar no momento de sua realiza•‹o (ainda que a Lei tenha entrado em
vigor durante o processo).
Obs.: A lei nova n‹o pode retroagir para alcan•ar atos processuais j‡
praticados (ainda que seja mais benŽfica), mas se aplica aos atos futuros
dos processos em curso.
Obs.: Tal disposi•‹o s— se aplica ˆs normas puramente processuais.
Ø! Normas materiais inseridas em Lei Processual (heterotopia)
Ð Devem ser observadas as regras de aplica•‹o da lei PENAL no
tempo (retroatividade benŽfica, etc.).
Ø! Normas h’bridas (ou mistas) Ð H‡ controvŽrsia, mas prevalece
que tambŽm devem ser observadas as regras de aplica•‹o da lei
PENAL no tempo.
Ø! Normas relativas ˆ execu•‹o penal Ð H‡ controvŽrsia, mas
prevalece que s‹o normas de direito material (logo, devem ser
observadas as regras de aplica•‹o da lei PENAL no tempo).
PRINCêPIOS DO DIREITO PROCESSUAL PENAL

Princ’pio da inŽrcia
O Juiz n‹o pode dar in’cio ao processo penal, pois isto implicaria em
viola•‹o da sua imparcialidade. Este princ’pio fundamenta diversas
disposi•›es do sistema processual penal brasileiro, como aquela que

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impede que o Juiz julgue um fato n‹o contido na denœncia, que
caracteriza o princ’pio da congru•ncia (ou correla•‹o) entre a senten•a e
a inicial acusat—ria.
OBS.: Isso n‹o impede que o Juiz determine a realiza•‹o de dilig•ncias
que entender necess‡rias (produ•‹o de provas, por exemplo) para
elucidar quest‹o relevante para o deslinde do processo (em raz‹o do
princ’pio da busca pela verdade real ou material, n‹o da verdade formal).

Princ’pio do devido processo legal


NinguŽm poder‡ sofrer priva•‹o de sua liberdade ou de seus bens sem
que haja um processo prŽvio, em que lhe sejam assegurados
instrumentos de defesa.
Ø! Sentido formal - A obedi•ncia ao rito previsto na Lei Processual
(seja o rito ordin‡rio ou outro), bem como ˆs demais regras
estabelecidas para o processo.
Ø! Sentido material - O Devido Processo Legal s— Ž efetivamente
respeitado quando o Estado age de maneira razo‡vel, proporcional
e adequada na tutela dos interesses da sociedade e do acusado.

Dos postulados do contradit—rio e da ampla defesa


Contradit—rio Ð As partes devem ter assegurado o direito de contradizer
os argumentos trazidos pela parte contr‡ria e as provas por ela
produzidas.
Obs.: Pode ser limitado, quando a decis‹o a ser tomada pelo Juiz n‹o
possa esperar a manifesta•‹o do acusado ou a ci•ncia do acusado pode
implicar a frustra•‹o da decis‹o (Ex.: decreta•‹o de pris‹o, intercepta•‹o
telef™nica).
Ampla defesa - N‹o basta dar ao acusado ci•ncia das manifesta•›es da
acusa•‹o e facultar-lhe se manifestar, se n‹o lhe forem dados
instrumentos para isso. Principais instrumentos:
§! Produ•‹o de provas
§! Recursos
§! Direito ˆ defesa tŽcnica
§! Direito ˆ autodefesa

Princ’pio da presun•‹o de n‹o culpabilidade (ou presun•‹o de


inoc•ncia)
Nenhuma pessoa pode ser considerada culpada (e sofrer as
consequ•ncias disto) antes do tr‰nsito em julgado se senten•a penal
condenat—ria. Decorr•ncias l—gicas:
§! ïnus da prova (materialidade a autoria do fato) cabe ao
acusador (MP ou ofendido, conforme o caso)

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§! Princ’pio do in dubio pro reo ou favor rei, segundo o qual,
durante o processo (inclusive na senten•a), havendo dœvidas acerca
da culpa ou n‹o do acusado, dever‡ o Juiz decidir em favor deste,
pois sua culpa n‹o foi cabalmente comprovada.

OBS.: N‹o violam o princ’pio da presun•‹o de inoc•ncia:


§! A exist•ncia de pris›es provis—rias (pris›es decretadas no
curso do processo) Ð N‹o s‹o baseadas na culpa. Possuem
fundamento cautelar.
§! A determina•‹o de regress‹o de regime do cumprimento de
pena (pena que est‡ sendo cumprida em raz‹o de outro delito) em
raz‹o da pr‡tica de novo delito, mesmo antes do tr‰nsito em
jugado.

Viola o princ’pio:
§! Utilizar inquŽritos policiais e a•›es penais ainda em curso como
Òmaus antecedentesÓ no momento de fixar a pena por outro delito
(sœmula 444 do STJ).

OBS.: O STF decidiu, recentemente, que o cumprimento da pena pode se


iniciar com a mera condena•‹o em segunda inst‰ncia por um —rg‹o
colegiado (TJ, TRF, etc.), relativizando o princ’pio da presun•‹o de
inoc•ncia (HC 126292/SP, rel. Min. Teori Zavascki, 17.2.2016).

Princ’pio da obrigatoriedade da fundamenta•‹o das decis›es


judiciais
Os —rg‹os do Poder Judici‡rio devem fundamentar todas as suas decis›es.
Guarda rela•‹o com o princ’pio da Ampla Defesa.
Pontos importantes:
§! A decis‹o de recebimento da denœncia ou queixa n‹o precisa de
fundamenta•‹o complexa (posi•‹o do STF e do STJ).
§! A fundamenta•‹o referida Ž constitucional
§! As decis›es proferidas pelo Tribunal do Jœri n‹o s‹o fundamentadas
(n‹o h‡ viola•‹o ao princ’pio).

Princ’pio da publicidade
Os atos processuais e as decis›es judiciais ser‹o pœblicas, ou seja, de
acesso livre a qualquer do povo.
Essa publicidade NÌO ƒ ABSOLUTA, podendo sofrer restri•‹o, quando a
intimidade das partes ou interesse pœblico exigir (publicidade restrita).
Pode ser restringida apenas ˆs partes e seus procuradores, ou somente a
estes.

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Impossibilidade de restri•‹o da publicidade aos procuradores das
partes.

Princ’pio da isonomia processual


Deve a lei processual tratar ambas as partes de maneira igualit‡ria,
conferindo-lhes os mesmos direitos e deveres.
EXCE‚ÌO: ƒ poss’vel que a lei estabele•a algumas situa•›es
aparentemente anti-ison™micas, a fim de equilibrar as for•as dentro do
processo (ex.: prazo em dobro para a Defensoria Pœblica).

Princ’pio do duplo grau de jurisdi•‹o


As decis›es judiciais devem estar sujeitas ˆ revis‹o por outro —rg‹o do
Judici‡rio. N‹o est‡ expresso na Constitui•‹o.
EXCE‚ÌO: Casos de compet•ncia origin‡ria do STF, a•›es nas quais n‹o
cabe recurso da decis‹o de mŽrito.

Princ’pio do Juiz Natural


Toda pessoa tem direito de ser julgada por um —rg‹o do Poder Judici‡rio
brasileiro, devidamente investido na fun•‹o jurisdicional, cuja
compet•ncia fora previamente definida. Vedada a forma•‹o de Tribunal
ou Ju’zo de exce•‹o.
OBS.: N‹o confundir Ju’zo ou Tribunal de exce•‹o com varas
especializadas. As varas especializadas s‹o criadas para otimizar o
trabalho do Judici‡rio, e sua compet•ncia Ž definida abstratamente, e n‹o
em raz‹o de um fato isolado, de forma que n‹o ofendem o princ’pio.
Obs.: Princ’pio do Promotor natural - Toda pessoa tem direito de ser
acusada pela autoridade competente (admitido pela Doutrina majorit‡ria).

Princ’pio da veda•‹o ˆs provas il’citas


N‹o se admitem no processo as provas que tenham sido obtidas por
meios il’citos, assim compreendidos aqueles que violem direitos
fundamentais. A Doutrina divide as provas ilegais em provas il’citas
(quando violam normas de direito material) e provas ileg’timas (quando
violam normas de direito processual).
ATEN‚ÌO! A Doutrina dominante admite a utiliza•‹o de provas il’citas
quando esta for a œnica forma de se obter a absolvi•‹o do rŽu.

Princ’pio da veda•‹o ˆ autoincrimina•‹o


TambŽm conhecido como nemo tenetur se detegere, tem por finalidade
impedir que o Estado, de alguma forma, imponha ao rŽu alguma
obriga•‹o que possa colocar em risco o seu direito de n‹o produzir provas

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prejudiciais a si pr—prio. O ™nus da prova incumbe ˆ acusa•‹o, n‹o ao
rŽu. Pode ser extra’do da conjuga•‹o de tr•s dispositivos constitucionais:
§! Direito ao sil•ncio
§! Direito ˆ ampla defesa
§! Presun•‹o de inoc•ncia

Bons estudos!
Prof. Renan Araujo


4.! EXERCêCIOS DA AULA

01.! (FGV Ð 2017 Ð OAB Ð XXII EXAME DE ORDEM)


Em 23 de novembro de 2015 (segunda feira), sendo o dia seguinte dia
œtil em todo o pa’s, TŽcio, advogado de defesa de rŽu em a•‹o penal de
natureza condenat—ria, Ž intimado da senten•a condenat—ria de seu
cliente. No curso do prazo recursal, porŽm, entrou em vigor nova lei de
natureza puramente processual, que alterava o C—digo de Processo Penal
e passava a prever que o prazo para apresenta•‹o de recurso de apela•‹o
seria de 03 dias e n‹o mais de 05 dias. No dia 30 de novembro de 2015,
dia œtil, TŽcio apresenta recurso de apela•‹o acompanhado das
respectivas raz›es.
Considerando a hip—tese narrada, o recurso do advogado Ž
A) intempestivo, aplicando-se o princ’pio do tempus regit actum (o
tempo rege o ato), e o novo prazo recursal deve ser observado.
B) tempestivo, aplicando-se o princ’pio do tempus regit actum (o tempo
rege o ato), e o antigo prazo recursal deve ser observado.
C) intempestivo, aplicando-se o princ’pio do tempus regit actum (o
tempo rege o ato), e o antigo prazo recursal deve ser observado.
D) tempestivo, aplicando-se o princ’pio constitucional da irretroatividade
da lei mais gravosa, e o antigo prazo recursal deve ser observado.

02.! (FGV - 2016 - OAB - XIX EXAME DE ORDEM)


Jo‹o, no dia 2 de janeiro de 2015, praticou um crime de apropriaç‹o
indŽbita majorada. Foi, ent‹o, denunciado como incurso nas sanç›es
penais do Art. 168, ¤1o, inciso III, do C—digo Penal. No curso do
processo, mas antes de ser proferida sentença condenat—ria, dispositivos
do C—digo de Processo Penal de natureza exclusivamente processual
sofrem uma reforma legislativa, de modo que o rito a ser seguido no
recurso de apelaç‹o Ž modificado. O advogado de Jo‹o entende que a
mudança foi prejudicial, pois Ž poss’vel que haja uma demora no
julgamento dos recursos.

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Nesse caso, ap—s a sentença condenat—ria, Ž correto afirmar que o
advogado de Jo‹o
A) dever‡ respeitar o novo rito do recurso de apelaç‹o, pois se aplica ao
caso o princ’pio da imediata aplicaç‹o da nova lei.
B) n‹o dever‡ respeitar o novo rito do recurso de apelaç‹o, em raz‹o do
princ’pio da irretroatividade da lei prejudicial e de o fato ter sido praticado
antes da inovaç‹o.
C) n‹o dever‡ respeitar o novo rito do recurso de apelaç‹o, em raz‹o do
princ’pio da ultratividade da lei.
D) dever‡ respeitar o novo rito do recurso de apelaç‹o, pois se aplica ao
caso o princ’pio da extratividade.

03.! (FGV Ð 2013 Ð OAB Ð XI EXAME UNIFICADO)


Em um processo em que se apura a pr‡tica dos delitos de supress‹o de
tributo e evas‹o de divisas, o Juiz Federal da 4» Vara Federal Criminal de
Arroizinho determina a expedi•‹o de carta rogat—ria para os Estados
Unidos da AmŽrica, a fim de que seja interrogado o rŽu M‡rio. Em
cumprimento ˆ carta, o tribunal americano realiza o interrogat—rio do rŽu
e devolve o procedimento ˆ Justi•a Brasileira, a 4» Vara Federal Criminal.
O advogado de defesa de M‡rio, ao se deparar com o teor do ato
praticado, requer que o mesmo seja declarado nulo, tendo em vista que
n‹o foram obedecidas as garantias processuais brasileiras para o rŽu.
Exclusivamente sobre o ponto de vista da Lei Processual no Espa•o, a
alega•‹o do advogado est‡ correta?
A) Sim, pois no processo penal vigora o princ’pio da extraterritorialidade,
j‡ que as normas processuais brasileiras podem ser aplicadas fora do
territ—rio nacional.
B) N‹o, pois no processo penal vigora o princ’pio da territorialidade, j‡
que as normas processuais brasileiras s— se aplicam no territ—rio nacional.
C) Sim, pois no processo penal vigora o princ’pio da territorialidade, j‡
que as normas processuais brasileiras podem ser aplicadas em qualquer
territ—rio.
D) N‹o, pois no processo penal vigora o princ’pio da extraterritorialidade,
j‡ que as normas processuais brasileiras podem ser aplicas fora no
territ—rio nacional.

04.! (FGV Ð 2013 Ð OAB Ð XI EXAME UNIFICADO)


A Lei n. 9.099/95 modificou a espŽcie de a•‹o penal para os crimes de
les‹o corporal leve e culposa. De acordo com o Art. 88 da referida lei, tais
delitos passaram a ser de a•‹o penal pœblica condicionada ˆ
representa•‹o. Tratando-se de quest‹o relativa ˆ Lei Processual Penal no
Tempo, assinale a alternativa que corretamente exp›e a regra a ser

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aplicada para processos em curso que n‹o haviam transitado em julgado
quando da altera•‹o legislativa.
A) Aplica-se a regra do Direito Penal de retroagir a lei, por ser norma
mais benigna.
B) Aplica-se a regra do Direito Processual de imediatidade, em que a lei Ž
aplicada no momento em que entra em vigor, sem que se questione se
mais gravosa ou n‹o.
C) Aplica-se a regra do Direito Penal de irretroatividade da lei, por ser
norma mais gravosa.
D) Aplica-se a regra do Direito Processual de imediatidade, em que a lei Ž
aplicada no momento em que entra em vigor, devendo-se questionar se a
novatio legis Ž mais gravosa ou n‹o.

5.! GABARITO

01.! ALTERNATIVA B
02.! ALTERNATIVA A
03.! ALTERNATIVA B
04.! ALTERNATIVA A

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