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DIREITO PROCESSUAL PENAL para o XXV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Prof. Renan
Araujo Ð Aula DEMONSTRATIVA
SUMçRIO
1. APLICA‚ÌO DA LEI PROCESSUAL PENAL ..................................................... 7
1.1. Lei processual penal no espa•o ................................................................ 7
1.2. Lei processual penal no tempo ................................................................. 9
2. PRINCêPIOS PROCESSUAIS PENAIS .......................................................... 13
2.1. Princ’pio da inŽrcia ................................................................................ 13
2.2. Princ’pio do devido processo legal ......................................................... 14
2.2.1. Dos postulados do contradit—rio e da ampla defesa ..................................... 15
2.3. Princ’pio da presun•‹o de n‹o culpabilidade (ou presun•‹o de inoc•ncia)
16
2.4. Princ’pio da obrigatoriedade da fundamenta•‹o das decis›es judiciais .. 18
2.5. Princ’pio da publicidade ......................................................................... 19
2.6. Princ’pio da isonomia processual ........................................................... 20
2.7. Princ’pio do duplo grau de jurisdi•‹o ..................................................... 21
2.8. Princ’pio do Juiz Natural ........................................................................ 21
2.9. Princ’pio da veda•‹o ˆs provas il’citas ................................................... 22
2.10. Princ’pio da veda•‹o ˆ autoincrimina•‹o............................................. 23
3. RESUMO .................................................................................................... 23
4. EXERCêCIOS DA AULA ............................................................................... 28
5. GABARITO ................................................................................................. 30
Ol‡, meus amigos!
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N‹o conhecer a Banca e n‹o resolver quest›es anteriores talvez
sejam os principais motivos para um ’ndice de reprova•‹o t‹o elevado.
Isso faz com que os candidatos percam tempo estudando temas pouco
importantes. AlŽm disso, quem n‹o conhece a Banca muitas vezes acaba
se enrolando na hora da prova, pois n‹o est‡ acostumado com o ÒestiloÓ
da organizadora.
No nosso curso iremos adotar uma metodologia que visa a evitar
exatamente estes problemas. Vamos estudar teoria e quest›es, da
seguinte forma:
a)! Teoria resumida Ð Daremos •nfase ˆquilo que MAIS ƒ
COBRADO. Claro que estudaremos as outras partes do conteœdo,
mas de forma menos aprofundada. Foco!
b)! Resolu•‹o de TODAS as quest›es cobradas pela FGV no
Exame da OAB Ð Como a pr‡tica Ž fundamental, vamos analisar
em nosso curso todas as quest›es anteriores cobradas pela FGV
no exame da OAB.
c)! F—rum de dœvidas Ð Por meio do f—rum de dœvidas voc•s
poder‹o entrar em contato comigo para esclarecerem aqueles
pontos que, eventualmente, n‹o tenham sido compreendidos ou
para refor•ar a compreens‹o, etc.
Como disse, vamos dar mais import‰ncia ˆquilo que, efetivamente,
mais importa. E como saberemos o que mais importa? Somente Ž
poss’vel descobrir isso mediante uma an‡lise minuciosa das provas
anteriores. E foi isso que fiz, um RAIO-X do exame da OAB:
ASSUNTOS (atualizado atŽ o XXII exame) N¼ de
quest›es
Exce•›es 02
Quest›es prejudiciais 01
Medidas assecurat—rias 02
Incidentes 02
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Senten•a 06
Procedimento comum 03
Lei 7.492/86 01
Lei 8.666/93 01
Execu•‹o penal 03
Teoria Geral 06
Apela•‹o 02
RESE 05
Outros recursos 02
Habeas corpus 01
Revis‹o criminal 02
Mandado de seguran•a 00
TOTAL 107
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Quest›es e processos incidentes.
Aula 05 Provas (parte I) 27.12
Como disse, o conteœdo cobre todo o programa exigido no
exame da OAB. Contudo, ser‡ dada •nfase ao que mais Ž cobrado. Em
rela•‹o aos temas menos cobrados, faremos uma an‡lise menos
aprofundada.
AlŽm do nosso material em formato PDF, teremos ainda 16
videoaulas (30 minutos cada) especificamente gravadas para o
Exame da OAB. Nestas videoaulas vamos tratar dos pontos mais
relevantes para a prova da OAB, inclusive mediante a resolu•‹o de
diversas quest›es cobradas anteriormente no Exame de Ordem.
Voc•s ter‹o acesso, ainda, a todos os v’deos do curso intensivo
para a OAB, bem como ter‹o acesso aos resumos disponibilizados no
Òcurso de resumosÓ (02 aulas contendo um resumo da matŽria, com
50 p‡ginas cada)
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1.! APLICA‚ÌO DA LEI PROCESSUAL PENAL
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aplic‡vel de forma subsidi‡ria. Em rela•‹o aos processos penais da
Justi•a Militar, h‡ diverg•ncia doutrin‡ria.
H‡ quem sustente que, em rela•‹o aos processos da Justi•a Militar o
CPP n‹o Ž aplic‡vel nem mesmo de forma subsidi‡ria, pois o CPPM Ž
suficientemente abrangente. Prevalece, contudo, o entendimento de
que o CPP Ž aplic‡vel de forma subsidi‡ria (h‡ previs‹o nesse
sentido, no pr—prio CPPM).
AlŽm disso, o CPP s— Ž aplic‡vel aos atos processuais praticados
no territ—rio nacional. Se, por algum motivo, o ato processual tiver de
ser praticado no exterior (oitiva de testemunha, etc.), por meio de carta
rogat—ria (ou outro instrumento de coopera•‹o jur’dica internacional),
ser‹o aplicadas as regras processuais do pa’s em que o ato for praticado.
(FGV Ð 2013 Ð OAB Ð XI EXAME UNIFICADO)
Em um processo em que se apura a pr‡tica dos delitos de
supress‹o de tributo e evas‹o de divisas, o Juiz Federal da 4» Vara
Federal Criminal de Arroizinho determina a expedi•‹o de carta
rogat—ria para os Estados Unidos da AmŽrica, a fim de que seja
interrogado o rŽu M‡rio. Em cumprimento ˆ carta, o tribunal
americano realiza o interrogat—rio do rŽu e devolve o
procedimento ˆ Justi•a Brasileira, a 4» Vara Federal Criminal. O
advogado de defesa de M‡rio, ao se deparar com o teor do ato
praticado, requer que o mesmo seja declarado nulo, tendo em
vista que n‹o foram obedecidas as garantias processuais
brasileiras para o rŽu.
Exclusivamente sobre o ponto de vista da Lei Processual no
Espa•o, a alega•‹o do advogado est‡ correta?
A) Sim, pois no processo penal vigora o princ’pio da
extraterritorialidade, j‡ que as normas processuais brasileiras
podem ser aplicadas fora do territ—rio nacional.
B) N‹o, pois no processo penal vigora o princ’pio da
territorialidade, j‡ que as normas processuais brasileiras s— se
aplicam no territ—rio nacional.
C) Sim, pois no processo penal vigora o princ’pio da
territorialidade, j‡ que as normas processuais brasileiras podem
ser aplicadas em qualquer territ—rio.
D) N‹o, pois no processo penal vigora o princ’pio da
extraterritorialidade, j‡ que as normas processuais brasileiras
podem ser aplicas fora no territ—rio nacional.
COMENTçRIOS: No Direito Processual Penal vigora o princ’pio da
territorialidade da aplica•‹o da lei processual, o que significa dizer que a
Lei Processual brasileira (no caso, o CPP) somente se aplica no
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TERRITîRIO NACIONAL, n‹o havendo que se falar em utiliza•‹o da lei
processual brasileira para um ato praticado fora do Brasil.
Isso, inclusive, j‡ foi decidido pelo STF, exemplificativamente, no HC
91444/RJ.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA B.
3
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 96. No mesmo sentido, Eug•nio Pacelli. PACELLI,
Eug•nio. Curso de processo penal. 16¼ edi•‹o. Ed. Atlas. S‹o Paulo, 2012, p. 24.
4
XL - a lei penal n‹o retroagir‡, salvo para beneficiar o rŽu;
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Ocorre, porŽm, que dentro de uma lei processual pode haver normas
de natureza material. Como assim? Uma lei processual pode estabelecer
normas que, na verdade, s‹o de Direito Penal, pois criam ou extinguem
direito do indiv’duo, relativos ˆ sua liberdade, etc. Nesses casos de leis
materiais, inseridas em normas processuais (e vice-versa), ocorre
o fen™meno da heterotopia.
Em casos como este, o dif’cil Ž saber identificar qual regra Ž de
direito processual e qual Ž de direito material (penal). PorŽm, uma vez
identificada a norma como sendo uma regra de direito material, sua
aplica•‹o ser‡ regulada pelas normas atinentes ˆ aplica•‹o da lei penal no
tempo, inclusive no que se refere ˆ possibilidade de efic‡cia retroativa
para benef’cio do rŽu.
Diferentemente das normas heterot—picas (que s‹o ou de direito
material ou de direito processual, mas inseridas em lei de natureza
diversa), existem normas mistas, ou h’bridas, que s‹o aquelas que
s‹o, ao mesmo tempo, normas de direito processual e de direito
material.
No caso das normas mistas, embora haja alguma diverg•ncia
doutrin‡ria, vem prevalecendo o entendimento de que, por haver
disposi•›es de direito material, devem ser utilizadas as regras de
aplica•‹o da lei penal no tempo, ou seja, retroatividade da lei mais
benŽfica e impossibilidade de retroatividade quando houver preju’zo ao
rŽu.5
(FGV Ð 2017 Ð OAB Ð XXII EXAME DE ORDEM)
Em 23 de novembro de 2015 (segunda feira), sendo o dia seguinte
dia œtil em todo o pa’s, TŽcio, advogado de defesa de rŽu em a•‹o
penal de natureza condenat—ria, Ž intimado da senten•a
condenat—ria de seu cliente. No curso do prazo recursal, porŽm,
5
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 96
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entrou em vigor nova lei de natureza puramente processual, que
alterava o C—digo de Processo Penal e passava a prever que o
prazo para apresenta•‹o de recurso de apela•‹o seria de 03 dias e
n‹o mais de 05 dias. No dia 30 de novembro de 2015, dia œtil,
TŽcio apresenta recurso de apela•‹o acompanhado das
respectivas raz›es.
Considerando a hip—tese narrada, o recurso do advogado Ž
A) intempestivo, aplicando-se o princ’pio do tempus regit actum
(o tempo rege o ato), e o novo prazo recursal deve ser observado.
B) tempestivo, aplicando-se o princ’pio do tempus regit actum (o
tempo rege o ato), e o antigo prazo recursal deve ser observado.
C) intempestivo, aplicando-se o princ’pio do tempus regit actum
(o tempo rege o ato), e o antigo prazo recursal deve ser
observado.
D) tempestivo, aplicando-se o princ’pio constitucional da
irretroatividade da lei mais gravosa, e o antigo prazo recursal
deve ser observado.
COMENTçRIOS: Pelo princ’pio do tempus regit actum, a lei processual
penal tem aplica•‹o imediata aos processos em curso, mas s— se aplica
aos ATOS PROCESSUAIS FUTUROS, ou seja, n‹o se aplica ˆqueles que j‡
foram realizados, nos termos do art. 2¼ do CPP.
No caso do recurso, como o prazo recursal j‡ havia se iniciado antes da
entrada em vigor da lei nova, esse prazo ser‡ regido pela lei antiga (que
vigorava quando o prazo come•ou a fluir).
Assim, a lei processual nova s— se aplica aos prazos recursais FUTUROS,
n‹o ˆqueles que j‡ se iniciaram antes de sua vig•ncia.
Assim, considerando o prazo antigo (05 dias), o recurso Ž tempestivo,
pois o prazo findou em 28.11.2015, que foi s‡bado, sendo prorrogado atŽ
dia 30.11.2015, dia œtil seguinte.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA B.
(FGV - 2016 - OAB - XIX EXAME DE ORDEM)
Jo‹o, no dia 2 de janeiro de 2015, praticou um crime de
apropriaç‹o indŽbita majorada. Foi, ent‹o, denunciado como
incurso nas sanç›es penais do Art. 168, ¤1o, inciso III, do C—digo
Penal. No curso do processo, mas antes de ser proferida sentença
condenat—ria, dispositivos do C—digo de Processo Penal de
natureza exclusivamente processual sofrem uma reforma
legislativa, de modo que o rito a ser seguido no recurso de
apelaç‹o Ž modificado. O advogado de Jo‹o entende que a
mudança foi prejudicial, pois Ž poss’vel que haja uma demora no
julgamento dos recursos.
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Nesse caso, ap—s a sentença condenat—ria, Ž correto afirmar que o
advogado de Jo‹o
A) dever‡ respeitar o novo rito do recurso de apelaç‹o, pois se
aplica ao caso o princ’pio da imediata aplicaç‹o da nova lei.
B) n‹o dever‡ respeitar o novo rito do recurso de apelaç‹o, em
raz‹o do princ’pio da irretroatividade da lei prejudicial e de o fato
ter sido praticado antes da inovaç‹o.
C) n‹o dever‡ respeitar o novo rito do recurso de apelaç‹o, em
raz‹o do princ’pio da ultratividade da lei.
D) dever‡ respeitar o novo rito do recurso de apelaç‹o, pois se
aplica ao caso o princ’pio da extratividade.
COMENTçRIOS: No processo penal vigora o princ’pio do tempus regit
actum, ou seja, o ato processual ser‡ praticado de acordo com a lei
processual que vigorar no momento de sua realiza•‹o,
independentemente de se tratar de lei processual mais gravosa do que
aquela que vigorava no momento da pr‡tica do delito, nos termos do art.
2¼ do CPP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA A.
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Por se tratar de lei mais benŽfica, o STJ entendeu que deveria ser
aplicada aos fatos praticados antes de sua entrada em vigor, desde que o
processo ainda estivesse tramitando, devendo a v’tima manifestar seu
interesse no prosseguimento da a•‹o penal (j‡ que a a•‹o penal j‡ havia
sido ajuizada).6
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA A.
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Processo Penal, diferentemente do que ocorre no Processo Civil, vigora o
princ’pio da busca pela verdade real ou material, n‹o da verdade
formal. Assim, no processo penal n‹o h‡ presun•‹o de veracidade das
alega•›es da acusa•‹o em caso de aus•ncia de manifesta•‹o em
contr‡rio pelo rŽu, pois o interesse pœblico pela busca da efetiva verdade
impede isto.
AlŽm disso, este princ’pio ir‡ embasar diversas outras disposi•›es do
sistema processual penal brasileiro, como aquela que impede que o Juiz
julgue um fato n‹o contido na denœncia (seria uma viola•‹o indireta ao
princ’pio da inŽrcia), que caracteriza o princ’pio da congru•ncia8 entre
a senten•a e a inicial acusat—ria.
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Ao contr‡rio da defesa tŽcnica, que n‹o pode faltar no processo
criminal, sob pena de nulidade absoluta, o rŽu pode recusar-se a
exercer a autodefesa, ficando em sil•ncio, por exemplo, pois o direito
ao sil•ncio Ž um direito expressamente previsto ao rŽu.
Este princ’pio n‹o impede, porŽm, que o acusado sofra as
consequ•ncias de sua inŽrcia em rela•‹o aos atos processuais (n‹o-
interposi•‹o de recursos, aus•ncia injustificada de audi•ncias, etc.).
Entretanto, o princ’pio da ampla defesa se manifesta mais explicitamente
quando o rŽu, embora citado, deixe de apresentar Resposta ˆ Acusa•‹o.
Nesse caso, dada a import‰ncia da pe•a de defesa, dever‡ o Juiz
encaminhar os autos ˆ Defensoria Pœblica, para que atue na qualidade de
curador do acusado, ou, em n‹o havendo Defensoria no local, nomear
defensor dativo para que patrocine a defesa do acusado.
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decis›es n‹o h‡ consequ•ncias para o rŽu, permitindo-se, apenas, que seja
iniciado o processo ou a fase processual, na qual ser‹o produzidas as provas
necess‡rias ˆ elucida•‹o dos fatos.
Vou transcrever para voc•s agora alguns pontos que s‹o pol•micos e a
respectiva posi•‹o dos Tribunais Superiores, pois isto Ž importante.
¥! Processos criminais em curso e inquŽritos policiais em face do
acusado podem ser considerados maus antecedentes?
Segundo o STJ e o STF n‹o, pois em nenhum deles o acusado foi
condenado de maneira irrecorr’vel, logo, n‹o pode ser considerado
culpado nem sofrer qualquer consequ•ncia em rela•‹o a eles
(sœmula 444 do STJ).
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¥! Regress‹o de regime de cumprimento da pena Ð O STJ e o STF
entendem que NÌO Hç NECESSIDADE DE CONDENA‚ÌO PENAL
TRANSITADA EM JULGADO para que o preso sofra a regress‹o do
regime de cumprimento de pena mais brando para o mais severo (do
semiaberto para o fechado, por exemplo). Nesses casos, basta que
o preso tenha cometido novo crime doloso ou falta grave,
durante o cumprimento da pena pelo crime antigo, para que haja a
regress‹o, nos termos do art. 118, I da Lei 7.210/84 (Lei de
Execu•›es Penais), n‹o havendo necessidade, sequer, de que tenha
havido condena•‹o criminal ou administrativa. A Jurisprud•ncia
entende que esse artigo da LEP n‹o ofende a Constitui•‹o.
¥! Revoga•‹o do benef’cio da suspens‹o condicional do processo
em raz‹o do cometimento de crime Ð Prev• a Lei 9.099/95 que
em determinados crimes, de menor potencial ofensivo, pode ser o
processo criminal suspenso por determinado, devendo o rŽu cumprir
algumas obriga•›es durante este prazo (dentre elas, n‹o cometer
novo crime), findo o qual estar‡ extinta sua punibilidade. Nesse caso,
o STF e o STJ entendem que, descoberta a pr‡tica de crime pelo
acusado beneficiado com a suspens‹o do processo, este benef’cio
deve ser revogado, por ter sido descumprida uma das condi•›es,
n‹o havendo necessidade de tr‰nsito em julgado da senten•a
condenat—ria do crime novo.
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ˆ categoria de princ’pio constitucional, por ter merecido a aten•‹o da Lei
M‡xima.
Esse princ’pio decorre da l—gica do sistema jur’dico p‡trio, em que a
transpar•ncia deve vigorar. Assim, a parte (seja o acusado ou o
acusador) saber‡ exatamente o que se baseou o Juiz para proferir aquela
decis‹o e, assim, poder examinar se o Magistrado agiu dentro da
legalidade.
Ali‡s, esse princ’pio guarda estrita rela•‹o com o princ’pio da
Ampla Defesa, eis que a aus•ncia de fundamenta•‹o ou a
fundamenta•‹o deficiente de uma decis‹o dificulta e por vezes impede a
sua impugna•‹o, j‡ que a parte prejudicada n‹o tem elementos para
combat•-lo, j‡ que n‹o sabe seus fundamentos.
Alguns pontos controvertidos merecem destaque:
¥! A decis‹o de recebimento
0 da denœncia ou queixa, apesar
de possuir forte carga decis—ria, n‹o precisa de
fundamenta•‹o complexa (STF entende que isso n‹o fere a
Constitui•‹o).
¥! A fundamenta•‹o referida Ž constitucional Ð
Fundamenta•‹o referida Ž aquela na qual um —rg‹o do
Judici‡rio se remete ˆs raz›es expostas por outro —rg‹o do
Judici‡rio (Ex.: O Tribunal, ao julgar a apela•‹o, mantendo a
senten•a, pode fundamentar sua decis‹o referindo-se aos
argumentos expostos na senten•a de primeira inst‰ncia, sem
necessidade de reproduzi-los no corpo do Ac—rd‹o).
¥! As decis›es proferidas pelo Tribunal do Jœri n‹o s‹o
fundamentadas, pois os julgadores (jurados) n‹o possuem
conhecimento tŽcnico, proferindo seu voto conforme sua
percep•‹o de Justi•a indicar.
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Percebam que a Constitui•‹o determina que os julgamentos dos
—rg‹os do Poder Judici‡rio ser‹o pœblicos, mas entende-se ÒjulgamentosÓ
como qualquer ato processual.
Entretanto, essa publicidade NÌO ƒ ABSOLUTA, podendo sofrer
restri•‹o, quando a intimidade das partes ou interesse pœblico exigir. A
isso se chama de publicidade restrita.
Essa possibilidade de restri•‹o est‡ prevista, ainda, no art. 5¡, LX da
CRFB/88:
LX - a lei s— poder‡ restringir a publicidade dos atos processuais quando a
defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;
12
Por fim, vale registrar que no Tribunal do Jœri (que tem regras muito espec’ficas) o voto dos
jurados Ž sigiloso, por expressa previs‹o constitucional, caracterizando-se em mais uma exce•‹o
ao princ’pio. Nos termos do art. 5¡, XVIII, b, da Constitui•‹o:
Art. 5¼ (...)
XXXVIII - Ž reconhecida a institui•‹o do jœri, com a organiza•‹o que lhe der a lei, assegurados:
(...)
b) o sigilo das vota•›es;
Assim, nesse caso, n‹o h‡ publicidade do voto proferido pelo jurado, mas a sess‹o secreta onde
ocorre o julgamento pelos jurados (dep—sito dos votos na urna) Ž acess’vel aos procuradores.
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No campo processual este princ’pio tambŽm irradia seus efeitos,
devendo a lei processual tratar ambas as partes de maneira igualit‡ria,
conferindo-lhes os mesmos direitos e deveres. Por exemplo: Os prazos
recursais devem ser os mesmos para acusa•‹o e defesa, o tempo para
sustenta•‹o oral nas sess›es de julgamento tambŽm devem ser id•nticos,
etc.
Entretanto, Ž poss’vel que a lei estabele•a algumas situa•›es
aparentemente anti-ison™micas, a fim de equilibrar as for•as dentro do
processo.13
13
Por exemplo, quando a lei estabelece que a Defensoria Pœblica possui prazo em dobro para
recorrer, n‹o est‡ ferindo o princ’pio da isonomia, mas est‡ apenas corrigindo uma situa•‹o de
desequil’brio. Isso porque a Defensoria Pœblica Ž uma Institui•‹o absolutamente assoberbada, que
n‹o pode escolher se vai ou n‹o patrocinar uma demanda. Caso o assistido se enquadre como
hipossuficiente, a Defensoria Pœblica deve atuar. Um escrit—rio de advocacia pode, por exemplo, se
recusar a patrocinar uma defesa alegando estar muito atarefado.
14
NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 52.
15
PACELLI, Eug•nio. Op. cit., p. 37
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exce•‹o, que s‹o aqueles criados especificamente para o julgamento de
um determinado caso. Isso n‹o Ž tolerado no Brasil!
PorŽm, voc•s n‹o devem confundir Ju’zo ou Tribunal de exce•‹o com
varas especializadas. As varas especializadas s‹o criadas para otimizar
o trabalho do Judici‡rio, e sua compet•ncia Ž definida abstratamente, e
n‹o em raz‹o de um fato isolado, de forma que n‹o ofendem o
princ’pio. O que este princ’pio impede Ž a manipula•‹o das Òregras do
jogoÓ para se ÒescolherÓ o Juiz que ir‡ julgar a causa.16
Assim, proposta a a•‹o penal, ela ser‡ distribu’da para um dos Ju’zes
com compet•ncia para julg‡-la.
Boa parte da Doutrina sustenta17, ainda, a exist•ncia do princ’pio
do Promotor Natural. Tal princ’pio estabelece que toda pessoa tem
direito de ser acusada pela autoridade competente. Assim, Ž vedada a
designa•‹o pelo Procurador-Geral de Justi•a de um Promotor para atuar
especificamente num determinado caso. Isso seria simplesmente um
acusador de exce•‹o, alguŽm que n‹o estava previamente definido como
o Promotor (ou um dos Promotores) que poderia receber o caso, mas
alguŽm que foi definido como o acusador de um rŽu ap—s a pr‡tica do
fato, cuja finalidade Ž fazer com que o acusado seja processado por
alguŽm que possui determinada caracter’stica (Promotor mais brando ou
mais severo, a depender do infrator).
Entretanto, a defini•‹o de atribui•›es especializadas (Promotor para
crimes ambientais, crimes contra a ordem financeira, etc.) n‹o viola este
princ’pio, pois n‹o se est‡ estabelecendo uma atribui•‹o casu’stica,
apenas para determinado caso, mas uma atribui•‹o abstrata, que se
aplicar‡ a todo e qualquer caso semelhante. ƒ exatamente o mesmo que
ocorre em rela•‹o ˆs Varas especializadas.
16
Outra situa•‹o que tambŽm NÌO VIOLA o princ’pio do Juiz Natural Ž a atra•‹o, por conex‹o ou
contin•ncia, do processo do corrŽu ao foro por prerrogativa de fun•‹o de um dos denunciados
(sœmula 704 do STF). Veremos mais sobre isso na aula sobre jurisdi•‹o e compet•ncia.
17
Ver, por todos, NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 52
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3.! RESUMO
APLICA‚ÌO DA LEI PROCESSUAL PENAL
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Princ’pio da territorialidade Ð A Lei processual penal brasileira s—
produzir‡ seus efeitos dentro do territ—rio nacional. O CPP, em
regra, Ž aplic‡vel aos processos de natureza criminal que tramitem no
territ—rio nacional.
EXCE‚ÍES:
Ø! Tratados, conven•›es e regras de Direito Internacional
Ø! Jurisdi•‹o pol’tica Ð Crimes de responsabilidade
Ø! Processos de compet•ncia da Justi•a Eleitoral
Ø! Processos de compet•ncia da Justi•a Militar
Ø! Legisla•‹o especial
OBS.: Em rela•‹o a estes casos, a aplica•‹o do CPP ser‡ subsidi‡ria. Com
rela•‹o ˆ Justi•a Militar, h‡ certa diverg•ncia, mas prevalece o
entendimento de que tambŽm Ž aplic‡vel o CPP de forma subsidi‡ria.
OBS.: S— Ž aplic‡vel aos atos processuais praticados no territ—rio
nacional. Se, por algum motivo, o ato processual tiver de ser praticado no
exterior, ser‹o aplicadas as regras processuais do pa’s em que o ato for
praticado.
Princ’pio da inŽrcia
O Juiz n‹o pode dar in’cio ao processo penal, pois isto implicaria em
viola•‹o da sua imparcialidade. Este princ’pio fundamenta diversas
disposi•›es do sistema processual penal brasileiro, como aquela que
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impede que o Juiz julgue um fato n‹o contido na denœncia, que
caracteriza o princ’pio da congru•ncia (ou correla•‹o) entre a senten•a e
a inicial acusat—ria.
OBS.: Isso n‹o impede que o Juiz determine a realiza•‹o de dilig•ncias
que entender necess‡rias (produ•‹o de provas, por exemplo) para
elucidar quest‹o relevante para o deslinde do processo (em raz‹o do
princ’pio da busca pela verdade real ou material, n‹o da verdade formal).
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§! Princ’pio do in dubio pro reo ou favor rei, segundo o qual,
durante o processo (inclusive na senten•a), havendo dœvidas acerca
da culpa ou n‹o do acusado, dever‡ o Juiz decidir em favor deste,
pois sua culpa n‹o foi cabalmente comprovada.
Viola o princ’pio:
§! Utilizar inquŽritos policiais e a•›es penais ainda em curso como
Òmaus antecedentesÓ no momento de fixar a pena por outro delito
(sœmula 444 do STJ).
Princ’pio da publicidade
Os atos processuais e as decis›es judiciais ser‹o pœblicas, ou seja, de
acesso livre a qualquer do povo.
Essa publicidade NÌO ƒ ABSOLUTA, podendo sofrer restri•‹o, quando a
intimidade das partes ou interesse pœblico exigir (publicidade restrita).
Pode ser restringida apenas ˆs partes e seus procuradores, ou somente a
estes.
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Impossibilidade de restri•‹o da publicidade aos procuradores das
partes.
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prejudiciais a si pr—prio. O ™nus da prova incumbe ˆ acusa•‹o, n‹o ao
rŽu. Pode ser extra’do da conjuga•‹o de tr•s dispositivos constitucionais:
§! Direito ao sil•ncio
§! Direito ˆ ampla defesa
§! Presun•‹o de inoc•ncia
Bons estudos!
Prof. Renan Araujo
4.! EXERCêCIOS DA AULA
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Nesse caso, ap—s a sentença condenat—ria, Ž correto afirmar que o
advogado de Jo‹o
A) dever‡ respeitar o novo rito do recurso de apelaç‹o, pois se aplica ao
caso o princ’pio da imediata aplicaç‹o da nova lei.
B) n‹o dever‡ respeitar o novo rito do recurso de apelaç‹o, em raz‹o do
princ’pio da irretroatividade da lei prejudicial e de o fato ter sido praticado
antes da inovaç‹o.
C) n‹o dever‡ respeitar o novo rito do recurso de apelaç‹o, em raz‹o do
princ’pio da ultratividade da lei.
D) dever‡ respeitar o novo rito do recurso de apelaç‹o, pois se aplica ao
caso o princ’pio da extratividade.
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aplicada para processos em curso que n‹o haviam transitado em julgado
quando da altera•‹o legislativa.
A) Aplica-se a regra do Direito Penal de retroagir a lei, por ser norma
mais benigna.
B) Aplica-se a regra do Direito Processual de imediatidade, em que a lei Ž
aplicada no momento em que entra em vigor, sem que se questione se
mais gravosa ou n‹o.
C) Aplica-se a regra do Direito Penal de irretroatividade da lei, por ser
norma mais gravosa.
D) Aplica-se a regra do Direito Processual de imediatidade, em que a lei Ž
aplicada no momento em que entra em vigor, devendo-se questionar se a
novatio legis Ž mais gravosa ou n‹o.
5.! GABARITO
01.! ALTERNATIVA B
02.! ALTERNATIVA A
03.! ALTERNATIVA B
04.! ALTERNATIVA A
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