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MoA: O 'ocidente' já era - 09/06/2018, Moon of

Alabama

Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu

Reuniões de cúpula do G-7 deveriam simbolizar "o ocidente", a unidade e


o poder do "ocidente". Reuniões de cúpula sempre conseguiram fingir que
definiam e fixavam os rumos políticos para o mundo.
Sinto-me feliz só de ver que já não dão em nada. Morreram.

A cara deles

Não sei quem criou essa imagem. É uma intervenção


numa foto do fotógrafo da equipe da chanceler Merkel da
Alemanha Jesco Denzel publicada na conta dela em
Instagram:
A ideia teria sido mostrá-la sob luz favorável? Não é imagem parecida
com essa outra?
Outra imagem daquele momento mostra os vários chefes de Estado
redigindo alguma espécie de declaração conjunta e discutindo
formulações.

Mais uma vez, tentando escrever

Trump rejeitou a declaração da cúpula:


O lado norte-americano rejeitou a frase "ordem
internacional legal", apesar de nunca faltar em declarações
desse tipo, segundo duas pessoas com acesso às
deliberações. Europeus e canadenses estavam recuando,
mas ainda não se sabia com certeza se o governo Trump
afinal assinaria a declaração, ou se ficaria sozinho.

Trump obviamente não tinha vontade alguma de se comprometer. Não


assinou. Não é homem que se renda a "leis". Nem às que os próprios EUA
algum dia inventaram.
Antes da reunião, Trump trolou os aliados e convidou a Rússia a voltar ao
formato G-7/G-8, sem condições. A Rússia foi excluída depois que a
Crimeia escolheu ser reintegrada à sua pátria-mãe. Merkel, que negociou
o acordo de Minsk com a Rússia, ficou possessa. Agora, quer usar esse
convite como elemento para futuras negociações. (Nada mais estúpido. A
Rússia não está interessada em voltar ao formato G-7/G-8.)
Há hoje muitos campos nos quais EUA e seus aliados discordam:
mudança climática, acordo nuclear iraniano, comércio – para só citar os
principais.
Antes de deixar a reunião, Trump outra vez usou linguajar da Máfia contra
todos os demais:
Preparando-se para sair mais cedo da cúpula do G-7 em
Charlevoix, Canadá, rumo a Singapura para a planejada
reunião com o líder Kim Jong Un da República Popular
Democrática da Coreia ("Coreia do Norte"), Trump deu
um ultimatum aos líderes estrangeiros, exigindo que seus
países reduzam barreiras comerciais para os UEA, ou
arriscam-se a perder acesso ao mercado da maior economia
do mundo:
"Eles não têm escolha. Vou ser muito honesto com vocês: eles
não têm escolha" – Trump disse a repórteres numa
conferência de imprensa, acrescentando que empresas e
empregos deixaram os EUA para escapar de barreiras noutros
países. "Vamos dar jeito nessa situação. Se não for
consertado, então não negociaremos com aqueles países."
Os bate-bocas na reunião do G-7 fazem eloquente contraste com outra
importante reunião que aconteceu também hoje, a 18ª reunião de
cúpula da Organização de Cooperação de Xangai, OCX, em Qingdao,
China:
Acima da linha dos arranha-céus de Qingdao, fogos de artifício
iluminam os olhos dos convidados que viajaram por todo o
vasto continente eurasiano até o litoral do Mar Amarelo, para a
18ª reunião de cúpula da Organização de Cooperação de
Xangai (OCX), no sábado à noite.
É a primeira reunião desse tipo desde junho de 2017, quando
Índia e Paquistão foram integrados como membros plenos da
Organização de Cooperação de Xangai. ...
O Espírito de Xangai, de confiança mútua, benefício mútuo,
igualdade, consultas amplas, respeito por civilizações diversas
e a busca do desenvolvimento para todos, foi afirmado da
Carta da OCX, organização regional ampla, fundada em 2001
por China, Cazaquistão, Quirguistão, Rússia, Tadjiquistão e
Uzbequistão e depois expandida para oito estados-membros.
Esse fim de semana, Xi preside a reunião pela primeira vez
como presidente da China – da qual participam líderes dos
outros estados-membros da OCX e quatro estados
observadores, além dos presidentes de várias organizações
internacionais.
...
A OCX cobre hoje mais de 60% da extensão terrestre da
Eurásia, quase metade da população do planeta e mais de
20% do PIB global.

Dois 'realistas' norte-americanos, Henry Kissinger e Zbigniew Brzezinski,


sempre alertaram que o 'ocidente' cuidasse para manter separadas China
e Rússia, se aspirasse a conservar a posição de liderança global. Nixon foi
à China para fazer isso.
Anos depois, os EUA deixaram-se seduzir pelo mito de que teriam
'vencido' a Guerra Fria. Sentiram-se invencíveis, a 'única superpotência' e
arriscaram-se a 'governar tudo'. Só acordaram desse sonho depois de já
terem invadido o Iraque. O poderio militar dos EUA foi espancado até virar
bagaço pelos 'negros de areia' [ing. 'sand niggers'] que os norte-
americanos ridicularizavam. Poucos anos depois, os mercados financeiros
dos EUA estavam em cacos.
Tentativas grosseiras para 'cercar' a Rússia levaram à aliança China-
Rússia que agora lidera a OCX e logo, já há quem diga, liderará o planeta.
Não se verão fotos da OCX semelhantes às que se veem acima. O
presidente chinês chama Putin, da Rússia, de 'meu melhor amigo'.
Na Eurásia, o 'ocidente' perdeu.
Os EUA são como ginasiano obcecado com provocar os outros, que se
põe a espancar os membros da própria gangue, porque suas vítimas 'de
sempre' cresceram demais.
Trump está a caminho de Singapura para reunir-se com Kim Yong-un.
Diferente de Trump, o supremo líder da República Popular Democrática da
Coreia do Norte estará bem preparado. É provável que Kim, bem
preparado, apenas espere: se Trump vier com bullying, com provocações,
como provoca seus 'aliados', Kim levanta-se e vai-se. Diferente dos
'aliados' dos EUA, não precisa fazer reverências a nenhum Trump. Kim
sabe que tem China e Rússia a lhe cobrir a retaguarda. Essas são as
grandes potências que sabem liderar o mundo.
O 'ocidente' já era. O futuro está a leste.*******

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