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<p.237> “(...), Em maio de 1973 Ernesto Geisel obteve o consenso dos militares, e em
junho foi designado candidato da ARENA. Seu companheiro de chapa seria o general
Adalberto Pereira dos Santos, ministro do Superior Tribunal Militar e pouco conhecido
fora dos círculos militares. A escolha de Geisel, mesmo quando em gestação em 1972,
pôs um fim abrupto à tentativa do ministro da Justiça Buzaid de convencer os generais
de que um modelo corporativista seria o mais adequado ao futuro do Brasil. Assim o
governo Medici perdeu toda a possibilidade de institucionalizar a Revolução segundo as
suas próprias luzes.”.
<p.246> “O governo militar brasileiro a partir de 1974 pode ser definido como uma
"situação autoritária" em parte porque não produziu um Franco. O governo
Medici ateve-se ao cronograma da sucessão em 1974, apesar de alguns membros da
linha dura e seus aliados civis estarem agitando a bandeira da Prorrogação do mandato
presidencial.”.
GOVERNO GEISEL
<p.274> “Geisel era conhecido por sua personalidade relativamente fechada. Seu
estilo autocrático de administrar tinha pouco do encanto e cordialidade tão
característicos do homem público brasileiro.”
<p.277-278> “A quarta meta era manter altas taxas de crescimento, de cuja importância
os castelistas estavam bem conscientes. Eles sabiam que o governo Medici dependeu da
aceleração do crescimento econômico para se legitimar. Geisel deixou claro aos
tecnocratas responsáveis pela política econômica que era essencial crescer a taxas
elevadas. O novo governo preocupava-se também com a distribuição cada vez mais
desigual dos benefícios do crescimento econômico. Embora o governo não considerasse
esta meta prioritária, achava não obstante que uma distribuição mais uniforme devia
acompanhar a liberalização política.
Um primeiro passo foi a criação de um novo Ministério da Previdência e
Assistência Social para reunir os mal coordenados programas sociais criados por
governos anteriores. Seu primeiro ministro foi Luiz Gonzaga do Nascimento e
Silva, um advogado e tecnocrata que dirigiu o Banco Nacional de Habitação no
governo Castelo Branco.
Medidas para distribuir melhor os benefícios do "milagre" econômico
seriam mais fáceis de adotar se o crescimento continuasse a taxas altas. Com o
bolo crescendo, as fatias relativas podiam ser alteradas sem que ninguém
perdesse em termos absolutos. Era esta uma razão a mais para manter o
crescimento acelerado.”
<p.281-282> “Os primeiros seis meses do governo Geisel foram de contínuas manobras
encetadas por autoridades governamentais e críticos civis em torno de uma possível
redemocratização. Era claro desde o início que a meta de liberalização de Geisel-
Golbery os levaria a um confronto com os torturadores e o SNI. O objetivo militar de
Geisel era devolver o poder aos generais de quatro estrelas, que haviam perdido
autoridade na mata espessa do DOI-CODI, do SNI e dos tumultuados grupos terroristas
paramilitares de direita. Dos observadores que percebiam a iminente batalha, poucos
eram os que achavam que Geisel e Golbery teriam alguma chance.”
<p.282> “Nos primeiros meses do governo Geisel os linhas duras deram mostras de
que ainda controlavam o aparato de repressão e o estavam usando para
enfraquecer os esforços visando à liberalização.”