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MANUAL

da e do
INGRESSANTE
2018
TENDÊNCIA ESTUDANTIL
Pró-RESISTÊNCIA POPULAR
Núcleo Marília
APRESENTAÇÃO

Sejam todas e todos bem vindas/os!!!


A Pró-Resistência Popular, é um agrupamento de tendência que atua no movimento estudantil e
preparou esse manual para ajudar você que está chegando agora na universidade a conhecer melhor
essa nova realidade. Afinal, para a maioria de nós esse momento é totalmente novo, com uma cidade,
pessoas e uma rotina completamente desconhecidas.
Pra você não ficar perdidona ou perdidão, vamos falar um pouco sobre a nossa realidade e
contar um pouco a história da nossa universidade e do campus de Marília através da perspectiva de
estudantes que ajudaram a escrever essa história. Com lutas e enfrentamentos, avanços e retrocessos,
chegamos onde estamos e é muito importante manter viva na lembrança de cada um como as coisas
aconteceram, porque a memória é um espaço de disputa.
E pra evitar que nossa história seja contada por outros, e na maioria das vezes sendo contada por
aqueles que se colocam contra o projeto de universidade defendido pelo movimento estudantil, é que
elaboramos esses textos sobre a história recente do Movimento Estudantil da UNESP.
Cotas e Permanência 35%, em 2017, 45% e a partir deste ano (2018)
Estudantil
entrarão, todos os anos, 50% de estudantes através
do sistema de cotas. Entendemos a política de
Em dezembro de 2012 foi lançado pelo
cotas, necessariamente ligada às políticas de
governador Geraldo Alckmin, o PIMESP
permanência estudantil, pois não basta entrar na
(Programa de Inclusão com Mérito no Ensino
universidade, também é necessário condições para
Superior Público Paulista), desenvolvido no início
permanecer nela.
de 2013 pelo Conselho de Reitores das
Universidades Estaduais Paulistas (CRUESP),
que congrega os reitores da UNESP, USP e
UNICAMP.
O governo do estado dizia ser um
programa de inclusão de estudantes de escolas
públicas, além de pretos, pardos e indígenas, no
ensino superior, porém se mostrava um programa
A Moradia Estudantil, assim como o
extremamente excludente. Os estudantes que
auxílio socioeconômico e o Restaurante
passavam nas universidades através do PIMESP
Universitário fazem parte dos programas de
deveriam realizar um curso a distância com a
Permanência Estudantil da UNESP. A primeira
duração de dois anos e, apenas após a conclusão
vista pode parecer que esta instituição se preocupa
do curso, teriam suas vagas garantidas nas
com a permanência do pobre na universidade,
universidades públicas.
aquele que por muitas vezes é o primeiro da
O movimento estudantil da UNESP se
família a ingressar no ensino superior e não tem
colocou contra esse programa, propondo em seu
condições de permanecer em uma nova cidade,
lugar a política de cotas. O ano de 2013 foi um
porém, é importante lembrarmos que esses
ano de fortes mobilizações, após ocupações de
programas socioeconômicos foram conquistados
direções, incluindo o campus de Marília, e após
através de muita luta, suor e organização, na
duas ocupações da reitoria, com reintegração de
contracorrente do ambiente elitista das
posse, as cotas foram conquistadas e o PIMESP
universidades, em especial as públicas e paulistas.
foi barrado na UNESP.
A moradia da UNESP de Marília foi
Após esta conquista, as cotas foram
construída após 4 anos de ocupação das salas de
implementadas gradativamente. No ano de 2014
aula da universidade, inaugurada em 1990 com o
entraram 15% de estudantes através da reserva de
intuito de servir àqueles estudantes que não têm
vagas, no ano seguinte, foram 25%, em 2016,
condições de arcar com aluguel e necessitam
dessa política de permanência. o auxílio socioeconômico. Esse auxílio é
Atualmente a moradia possui 95 vagas – destinado para os estudantes de baixa renda que
12 casas com 4 quartos, e cada quarto com duas não tem condições de se manter na cidade onde
camas de alvenaria, entretanto, residem mais de estudam. Para solicitá-lo, é necessário estar
130 estudantes que são recebidos nos chamados regularmente matriculada/o em curso de
‘sarcófagos’ - o espaço entre as duas camas, onde graduação e participar do processo seletivo
é possível colocar um colchão. comprovando sua carência; o requisito mínimo
O movimento de luta que existiu durante a para participar é ter a renda per capita familiar
segunda metade dos anos 80, que culminou na máxima de 1,5 salário mínimo. O processo
inauguração da moradia em 1990 foi o primeiro seletivo conta com as seguintes etapas: entrega da
movimento de ocupação de salas de aula com a documentação e do formulário preenchido;
reivindicação da moradia. Entre os anos de 1990 e entrevista com a assistente social; e análise da
2014 houve mais dois movimentos de ocupação, documentação e formulário pelas assistentes
que tiveram conquistas importantes, como sociais. Os auxílios possuem o valor de R$425,00,
ampliação da moradia, e dos quais R$75,00 é referente ao Auxílio
alguns direitos dos moradores, como produtos Alimentação.
limpeza e higiene, vale-transporte, entre outros. O Restaurante Universitário (R.U.) é outra
política de permanência estudantil. Por ter uma
função social, este não visa lucro pelo serviço
prestado, tendo o objetivo de atender toda a
comunidade universitária. Sua construção é fruto
das reivindicações e lutas estudantis e trabalhistas
desde a década de 1990. Foi inaugurado em 2007
servindo refeições apenas no almoço, após mais
mobilizações e muita luta dos estudantes, o
No ano de 2014 a moradia estudantil se restaurante passa a servir refeições no almoço e no
organizou enquanto 4º Movimento de Ocupação, jantar (300 refeições no primeiro e 150 no
para reivindicar, entre outras pautas, a ampliação segundo período). Entretanto, devido à falta de
da moradia e reforma dos blocos já construídos. funcionários, desde 2015 o jantar foi cortado, e
Com o fim do movimento, em maio de 2016, a 300 refeições estão longe de atender a demanda da
moradia conquistou algumas reformas e a linha de comunidade universitária.
ônibus que faz o trajeto UNESP – Moradia. O sistema para comer no restaurante
Outra política de permanência estudantil é funciona por meio da venda de tickets
correspondentes a cada dia da semana. São realização de atos na direção e na congregação
disponibilizados 150 tickets para a venda (órgão máximo de deliberação da faculdade), os
antecipada, que ocorre na seção de finanças da estudantes conseguiram barrar o aumento.
FFC. Os 150 tickets restantes são vendidos no
próprio dia da refeição no guichê do Restaurante
Universitário. O valor da refeição é: R$2,50 para
estudantes de graduação e programas de extensão
universitária (como o Cursinho Alternativo da
UNESP de Marília – CAUM); R$3,00 para
estudantes de pós-graduação e funcionárias/os da
UNESP; R$4,00 para docentes da UNESP; e
R$6,00 para visitantes. A partir de novembro de
2016, é limitada a venda de 4 tickets por pessoa,
além da obrigatoriedade de apresentação da
carteirinha de estudante ou atestado de matrícula
juntamente com um documento com foto no
momento da refeição. Mesmo após sua Nesse sentido cabe a nós estudantes
construção, o R.U. é recorrentemente pauta de conjuntamente com os trabalhadores da
mobilizações estudantis. Vale citar algumas mais universidade lutar para garantir a permanência
recentes. No ano de 2012 os estudantes estudantil do estudante pobre na universidade,
conseguiram barrar, por meio da ocupação da assegurando aquilo que é direito de todas e todos!
seção de comunicações da FFC – geralmente Outro componente da permanência estudantil é o
conhecido como “protocolo” – a terceirização do oferecimento de atendimento ginecológico,
serviço do Restaurante Universitário. A psicológico e de clínico geral pela Universidade.
ampliação do R.U foi pauta da greve de 2013, Sem precisar sair da Universidade, é possível
como resultado, foi conquistado o compromisso acessar tais serviços na Seção Técnica de Saúde,
da REItoria e da direção do campus para que a próxima ao R.U.
obra fosse realizada, o que nunca aconteceu. O
caso mais recente diz respeito a uma rápida
mobilização que aconteceu em dezembro de 2016,
quando a direção da faculdade pretendia aumentar
o valor da refeição para os estudantes de
graduação para R$3,50 ou R$4,25. Através da
Táticas e Histórico de Lutas do Movimento
Estudantil

O ano de 2018 demonstra ser um ano de


luta para a manutenção de direitos básicos da
população brasileira, e na Universidade não será
diferente. Contudo, muitas vezes nos passa batido
falar mais detalhadamente de como se luta num
Movimento, neste caso, o Estudantil. Por isso, é A greve é uma paralisação por tempo
importante resgatar o histórico de luta estudantil, indeterminado das atividades da categoria em prol
assim como as táticas utilizadas: As intervenções de suas reivindicações, muitas vezes também
estéticas, que buscam causar algum tipo de utilizando outras destas mesmas táticas para
choque sensível, seja visual, auditivo, etc., para realizá-la. O piquete, ou “trancaço”, é utilizado
chamar atenção a algo. Os atos são manifestações para fechar o acesso ao campus de maneira
com número relativamente grande de pessoas que completa, e não só das salas de aula. A ocupação
caminham e cantam juntas como meio de divulgar acontece quando o segmento em luta toma o
nossa pauta e demostrar força. espaço para si e, ao mesmo tempo, se unifica num
espaço físico, serve para articular suas próprias
causas e dar visibilidade às pautas.
Também se tornou uma importante tática
do movimento estudantil os cortes de rodovia,
que consiste basicamente em interromper o fluxo
de uma rodovia com barricadas gerando
transtornos na região e chamando atenção para as
O “entraço” é quando entramos no pautas de determinada luta.
Restaurante Universitário e servimos as refeições
de maneira gratuita,
geralmente para chamar atenção para os
problemas do Restaurante. O “cadeiraço”,
quando fechamos o acesso às salas de aula para
que estas não sejam ministradas, geralmente como
maneira de efetivar uma paralisação estudantil. A
paralisação é a paralisação das atividades da
universidade.
Agora podemos citar alguns exemplos de lutas do
movimento estudantil da UNESP para mostrar a
efetividade dessas táticas e das mobilizações
estudantis. Alguns atos do Movimento Estudantil
da UNESP são dentro do próprio campus, e outros
na cidade de Marília; compusemos e ajudamos a
organizar ativamente, e de maneira deliberada, os
atos por transporte em 2013 e 2014 na cidade, e, Em dezembro de 2015 os estudantes
no que tange a UNESP, no fim do ano de 2016, paralisaram, com trancaço do portão, em apoio à
conseguimos pressionar e tirar de pauta uma luta secundarista que naquele período ocupavam
proposta da Direção do campus de aumentar o suas escolas; o diretor da UNESP de Marília
valor da refeição no Restaurante Universitário, pediu, por conta disso, a reintegração de posse do
sempre reivindicado como uma das políticas, 4º Movimento de Ocupação por Moradia, que
junto da Moradia, mais efetivas de permanência ocupava salas de aula da faculdade desde maio de
estudantil. Em 2017, ocupamos a sessão de 2014. Isso foi discutido na Congregação
comunicações (protocolo) em defesa do prédio do (instância máxima de deliberação da faculdade),
Diretório Acadêmico (DA) que sofria ameaça de que se posicionou contrária à reintegração,
interdição pela direção local. Mais uma vez, com abrindo negociações com o 4º Movimento,
luta e organização, o movimento estudantil foi levando a seu fim em 2016.
vitorioso. No ano de 2017 muito mais ataques
aconteceram. Por conta do mesmo trancaço (de
Repressão dezembro de 2015) abriu-se um processo de
sindicância contra 35 estudantes, que ainda está
Há alguns anos, a UNESP reprime
em andamento, mesmo com manifestações
duramente o movimento estudantil na sua luta
contrárias das assembleias de estudantes,
pela democratização da Universidade. Em 2013 a
professores e servidores técnico-administrativos.
mobilização conquistou as cotas, através das
ocupações da Reitoria, que contou com ação da
tropa de choque para retirada e fichamento dos
estudantes, levando a um processo de sindicância
de 60 dias de suspensão para 95 estudantes.
Após um dos atos contra as sindicâncias, mais um UNICAMP e USP são do interesse de grandes
ataque da direção: quatro estudantes receberam empresas e de políticos que dentro da lógica do
um interdito proibitório que os proíbe de “obstruir capitalismo privilegiam o lucro e os ganhos
a inda e vinda de pessoas” na faculdade, privados aproveitando-se dos serviços públicos
penalizando com uma multa de 10 mil reais por bancados por você e por toda a sociedade.
dia de “infração”, mais uma vez recebendo críticas
dos setores. Dois destes quatro estudantes
receberam ainda uma repreensão por parte da
direção por terem desligados câmeras da
universidade durante a manifestação, mostrando
que essa é a função delas: reprimir as lutadoras e
os lutadores. Nesse cenário, as universidades públicas
sofrem ano após ano um desmonte que afeta a
vida de professores/as, de funcionários/as e de
estudantes. E claro, quem mais sofre com isso são
os e as mais pobres, que tem seus direitos atacados
constantemente – portanto é preciso lutar!

Este processo de sindicância ainda está ocê escutará da boca da Reitoria, dos jornais e das

aberto e o interdito proibitório continua em vigor; televisões, com a conivência da direção local um

as repreensões permanecem no histórico estudantil argumento que é repetido até entrar a força nas

por um ano. Pela experiência do movimento nossas cabeças: “a falta de professores e de

estudantil até aqui, só o que pode barrar a funcionários, falta de estrutura nos laboratórios,

repressão é a luta, e é isso que esperamos para bibliotecas, moradia e refeitório é culpa dos

2018. privilégios e da quantidade de servidores


públicos, assim o Estado não pode pagar por tudo

Crise de Financiamento na UNESP isso”.


Os manda-chuva da educação no governo
Como você já pôde perceber, a do estado de São Paulo, alinhados com grandes
universidade pública sofre com a falta de empresários da educação, dizem que não há
investimento do governo do estado de São Paulo e dinheiro para pagar tudo, portanto será preciso
com a má distribuição feita pela reitoria da congelar salários, realizar cortes de orçamento e
UNESP desse mesmo recuso. Isso acontece até implementar programas de demissão
porque as universidades estaduais, UNESP, voluntária.
MAS ISSO É TUDO MENTIRA! Pois o docentes e técnicos, surpreendentemente
imposto que sustenta a universidade é o ICMS diminuiu! Ou seja, não é repassado a quantidade
(Imposto ), ele está presente em cada mercadoria proporcional para promover a qualidade do
que é comprada em todo estado de São Paulo. Nos funcionamento das universidades públicas.
últimos anos a arrecadação desse imposto bateu Como podemos ver, está realmente
recordes em todos os anos, mas o dinheiro dos faltando dinheiro na universidade, mas está longe
nossos impostos não foi utilizado para garantir a de ser culpa de seus professores e funcionários; a
consolidação de uma infraestrutura e de um culpa é da política de privatização da coisa pública
quadro de servidores e docentes capaz de resistir a promovida há anos pelo governo estadual. A
períodos de crise. estratégia deles é fazer as universidades não
conseguirem se sustentar sem o apoio da iniciativa
privada, isto é, grandes empresas com interesses
no lucro e na transformação da educação em
mercadoria no lugar de uma educação
emancipadora e libertadora para classe
trabalhadora que banca esse espaço. Nossa luta
A opção do governo do estado e REItoria deve ser por aumentar a porcentagem (de 9,57%)
foi expandir cursos, criando vagas sem recurso de repasse do ICMS para a educação pública
material, financeiro e de pessoal, que pudessem estadual e barrar as tentativas de terceirização e
produzir patentes e retornos a incentivos de avanço da precarização das condições de trabalho
empresas privadas de docentes e técnico administrativos.
Desde 1995 é repassado para a educação superior
9,57% do ICMS, percentual que é dividido de
maneira desigual entre as universidades estaduais
e as Fatecs. A UNESP é a que recebe a menor
parcela do repasse, dentre as três estaduais. E aí
que está o problema, desde 1995, no governo do
PSDB, o repasse do ICMS para educação não é
reajustado, em 2016, por força de lei o índice de
9,57% passou a ser teto do repasse, mas todas as
instituições públicas cresceram muito, em número
de cursos, estudantes e campi. Entretanto o
repasse permaneceu o mesmo, a quantidade de
SIGLAS
ADUNESP: Associação dos Docentes da UNESP
ASUNESP: Associação dos Servidores da UNESP
CAC: Comissão de Atividades Culturais
CAARQ: Centro Acadêmico de Arquivologia
CABIBLIO: Centro Acadêmico de Biblioteconomia
CACS: Centro Acadêmico de Ciências Sociais
CAFIL: Cento Acadêmico de Filosofia
CAFISIO: Centro Acadêmico de Fisioterapia
CAFONO: Centro Acadêmico de Fonoaudiologia
CAPED: Centro Acadêmico de Pedagogia
CARI: Centro Acadêmico de Relações Internacionais
CATO: Centro Acadêmico de Terapia Ocupacional
CAUM: Cursinho Alternativo da UNESP de Marília
CCI: Centro de Convivência Infantil
CEDHUM: Centro de Documentação Histórica e Universitária de Marília
CEES: Centro de Estudos da Educação e da Saúde
CNPq: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
DA: Diretório Acadêmico
DCE: Diretório Central dos Estudantes
FAPESP: Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo
LABI: Laboratório de Informática
ME: Movimento Estudantil
PIBIC: Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica
PIBID: Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência
RA: Registro Acadêmico
RD: Representante Discente
RU: Restaurante Universitário
STAEPE: Seção Técnica de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão
SINTUNESP: Sindicato dos Trabalhadores da UNESP
STA: Seção Técnica Acadêmica
STI: Serviço Técnico de Informática
TENDÊNCIA ESTUDANTIL
Pró-RESISTÊNCIA
POPULAR

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