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FUMO E DESENVOLVIMENTO
LOCAL EM ARAPIRACA /AL
Primeiras observações e análises
para a elaboração
do diagnóstico sócio-econômico
municipal e regional.
^2 Pai:- ^
índice
PREFÁCIO - ^
INTRODUÇÃO ^
CAPÍTULO 1: DEFINIÇÃO DO TERRITÓRIO, TEORIA E PRIMEIROS ENSAIOS 13
1. PRESUPOSTOS TEÓRICOS
1.1. Nova ideologia
1.2. Aprodução do conhecimento local ou territorial 13
1.3. Definir umterritório: uma tarefa complexa. 1^
1.4. Um exemplo de aplicação teórica: oProjeto de Território 22
2. AREGIÃO FUMAGEIRA DEARAPIRACA E OCONCEITO DE"RURBANIDADE" 25
2.1. Aformação da Região Fumageira de Arapiraca 25
2.2. Análise das estatísticas e das concentrações populacionais 27
2.3. Outros índices de 29
2.4. AEducação como fator de transição ^^
3. CONCLUSÃO
CAPÍTULO 2: DECADÊNCIA DA CULTURA DO FUMO NO NORDESTE. MITO E
REALIDADE. CRISES E MUDANÇAS ESTRUTURAIS 35
1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 36
2. DESENVOLVIMENTO DAFUMICULTURA NONORDESTE E NOBRASIL 38
2.1. Período colonial: exclusividade do fiimo de corda 39
2.2. O século XIX: mercado interno, charutos e primeiros cigairos 40
2.3. Aera dos cigarros industrializados 41
2.4. Avirada dos anos 60e o milagre brasileiro 42
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TABELAS E GRÁFICOS
TABELA 1: POPULAÇÃO URBANA E RURAL NA REGIÃO FUMAGEIRA DE ARAPIRACA -
2000 28
GRÁFICO 1: PRODUÇÃO DE FUMO NO NORDESTE (BA+AL) 1945-1990 46
GRÁFICO 2: PRODUÇÃO DE FUMO AM ALAGOAS 1945-2002 49
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ANEXOS-.,
131
ANEXO 1 PROJETO DETERRITÓRIO I
ANEXO 2 MAPA DOESTADO DE ALAGOAS Dl
ANEXO 3 MAPA DOS MUNICÍPIOS DA REGIÃO FUMAGEIRA DE ARAPIRACA IV
ANEXO 4 FORMAÇÃO DOS MUNICÍPIOS DA REGIÃO FUMAGEIRA DE ARAPIRACA V
ANEXOS MUNICÍPIODE ARAHRACA LISTAE MAPA DAS COMUNIDADES DA ZONA RURAL VI
ANEXO 6 MUNICÍPIO DE ARAHRACA LISTA E MAPADAS COMUNIDADES DAZONAURBANA...IX
ANEXO? REGIÕES DE PRODUÇÃO DE FUÍ/IO NOBRASIL EM 1980 XI
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PREFÁCIO
pelo tamanho do problema, fiz uma proposta de seminário sobre a questão, similar ao
evento que eu tinha organizado em maio do mesmo ano na Bahia. Por razões técnicas, o
seminário foi substituído por várias reuniões com os principais responsáveis das secretarias
de agricultura, municipal e estadual, sindicatos rurais, FACOMAR, representante de
empresas fumageiras etc. Sentido a necessidade de aprofundar a análise da crise, suas
causas e conseqüências, fiz uma proposta de estudo neste sentido à Fundação Universidade
Estadual de Alagoas - FUNESA e à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de
Alagoas - FAPEAL. Esta mostrou-se muito interessada pelo assunto e, em convênio cora o
CNPq, concedeu-me uma bolsa de três anos voltada para o seguinte tema: "Impacto sócio-
econômico da crise do setor fiimageiro em Arapiraca/AL e perspectivas. Projeto para o
Desenvolvimento Local".
Presente em Arapiraca desde setembro de 2003, iniciei primeiras linhas de trabalho, mas
é somente a partir de janeiro deste ano 2004 e depois de minha mudança para esta cidade
que começou verdadeiramente a atual pesquisa.
Mais do que a questão do fumo, percebi que era preciso, antes de qualquer estudo
técnico ou especifico, conhecer a cultura local, saber como as pessoas daqui pensam,
agem, ciente de que não poderia haver estudo aprofundado e propostas de mudanças sócio-
econômicas possíveis sem eu ter esteconhecimento preliminar.
Os últimos meses foram de descobrimento do município mediante o contato com as
comunidades rurais e urbanas, de aprendizagem da cultura local, de integração, mesmo que
superficial. Tentei participar da vida comunitária, administrativa e política da cidade e
tomar-me "quase cidadão arapiraquense".
pessoal. Aproveito para agradecer aqui o Prof. Moisés Caiu de Oliveira que, por sua
experiência e amizade, sempre me dá apoio e orientação.
O estudo que apresento aqui é o fhito da observação e reflexão de apenas alguns meses
de trabalho. É obviamente parcial e, sem dúvida, mostra defeitos, erros de percepção e sua
divulgação visa, além de trazer os resultados da pesquisa a quem trabalha na área agrícola
ou social do município, proporcionar debates. As críticas, sugestões são bem-vindas e
agradeço antecipadamente aqueles que contribuirão desta forma na elaboração do
diagnóstico final, previsto para outubro de 2006.
Não é novidade dizer que o Estado de Alagoas se distingue pelos piores índices sociais
e econômicos do Brasil. O economista Fernando José Lira, no fmal da década passada, fez
um balanço bastante relevante das causas da crise geral, conjuntural e estrutural, pelo qual
estava passando a sociedade alagoana (LIRA, 1997 e 1998). Mais de cinco anos depois, a
situação parece idêntica, senão pior. Os índices divulgados pelo IBGE (PNAD) em agosto
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passado são significativos dessa tendência, embora sejam muito criticados, em particular
pelo governo estadual, por serem referentes ao ano 2001 e, por isso, não refletiriam a
evolução positiva que se constataria em 2004. Por exemplo, a mortalidade infantil é de
57,7 por mil (Brasil, 27,7/1000), o analfabetismo entre pessoas de mais de 15 anos de
31,2% (Brasil, 11,8%, Nordeste, 23,4%) (GA, 43/2004)
Entretanto, pesquisas feitas por outros institutos ou organizações dão resultados
semelhantes. O instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade, por exemplo, verificou a
diminuição do número de pobres no Brasil, de 41% para 33% enquanto houve um leve
aumento em Alagoas, de 63,4% para 63,5%. A renda do alagoano, que passou de R$ 173
para R$ 188, teve um dos menores crescimentos regionais. A exclusão social está em tomo
de 71,5%. A riqueza do Estado está nas mãos de 4.920 famílias ou, em outras palavras, a
renda salarial média de 1% da população é 20,7 vezes maior do que a renda média de todo
o resto da população (O JORNAL, 288/2004).
Outro estudo realizado pelo Ministério do Trabalho mostra que apesar de apresentar um
índice positivo de número de postos de trabalho criados entre fevereiro de 2003 e fevereiro
10
pequena e média produção, Alagoas passará a reunir as condições para superar o ciclo de
reprodução permanente e crescente da ignorância, do subemprego, da pobreza, da miséria e
da estrutura coronelista do poder (LIRA, 1998:132).
Nesse contexto, como se enquadra a situação de Arapíraca, e por extensão da região
fumageira, devido à atual crise pela qual está passando esta lavoura? Como extrair o
particular do geral, destacar o que é especificamente local do que é estadual? Podem existir
soluções "embaixo" para problemas que têm que ser resolvidos "emcima"?
Diferentes das propostas tradicionais, macro, microeconômicas ou sociais, surgiram
novas abordagens para solucionar os problemas da sociedade que privilegiam as noções de
local, de desenvolvimento integrado e sustentável ou projeto de território, a solidariedade,
a economia popular.
1. PRESUPOSTOS TEÓRICOS
Aintegração corresponde àarticulação entre os atores que interagem num mesmo local,
os fatores que influenciam no processo de desenvolvimento, à busca de "um equilíbrio
dinâmico nas relações possibilitando aflorar as forças unificadoras, que levam àintegração
eminimizar as forças divisoras, que levam àcompetição" (FONTES, VELLOSO, DIOGO,
2004)
São sete as dimensões de sustentabilidade que esse conceito incorpora; (i) ambiental e
ecológica; (ii) social; (iii) política; (iv) econômica; (v) cultural; (vi) espacial; (vii)
institucional" (Idem).
condições de vida das populações, visando sobretudo a qualidade. Até se imagina, talvez
de forma prematura, em estabelecer contatos entre as diversas redes localmente
constituídas, em diversos países —ou "territórios" —e conectá-las entre si para formar redes
maiores de nível mundial (REDEDLIS, 2004; REDESOLIDARIA, 2004).
Por isso, acreditamos que não pode existir ação e desenvolvimento sem, primeiro, a
existência de um sólido substrato de conhecimentos e informações sobre a sociedade
construído através da pesquisa, independentemente da linha ideológica que motiva esta ou
sustenta seus objetivos finais.
Voltada para olocal ou oregional, apesquisa apresenta vários aspectos edevemos parar
um instante para definir, na medida do possível, os campos do conhecimento e da
informação.
das empresas e que as mais competitivas hoje são aquelas que fazem o melhor uso dos
conhecimentos (STEWART, 1998). O"valor" do capital intangível (educação, formação,
pesquisa, saúde) supera muitas vezes o do capital tangível (estruturas e equipamentos,
estoques, recursos naturais). Segundo as estimações de Kendrick em nível nacional, o
capital intangível representava 35% do capital total norte-americano em 1929 e 53% em
1990 (Apud FORAY, 2000: 20).
Nota-se aqui que essa percepção faz parte dos princípios de Pesquisa & Desenvolvimento
ou Ciência & Tecnologia do desenvolvimento sustentável, tendo aqui um cunho particular,
um pouco restrito (MMA, 2000).
Embora "uma boa base estatística" seja necessária (COELHO, 2004), as informações
não são compostas unicamente de dados quantitativos. Aliás, pensamos que, pelo
contrário, as informações qualitativas são a principal base do conhecimento para o
Desenvolvimento Local. A apreensão e definição do território passam por uma
identificação dos atores, agentes, das redes de relações e mentalidades, da história ou
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Nesse contexto, a pesquisa que se considerava como "regional" deve ser então pensada
como local e de forma cada vez mais pormenorizada, em função da área abrangente pelo
projeto de desenvolvimento. Assim devemos hoje, mais do que nunca, produzir o
conhecimento a partir da "pesquisa territorial" sendo a definição do território uma
condição prévia bastante árdua a realizar.
18
Para Juarez de Paula (PAULA, 3, 2004), um território pode ser físico-geográfico, étno-
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No entanto, as coisas não são tão simples assim, pois há uma dialética entre o que vem
"de fora" ou "de cima" e o que sai "de dentro" ou "de baixo". Muitos projetos, para não
falar de programas e políticas não têm bons resultados em nível local porque são decididos
em nível superior, por exemplo, em Brasília, em função derealidades ás vezes abstratas ou
demais condensadas, e não correspondem às necessidades reais ou não são aplicáveis em
determinados territórios. Geralmente, os programas agrícolas são pensados em função das
condições de produção ou de organização das regiões Sul, Sudeste ou Centro-Oeste e
raramente do Nordeste.
Cabe lembrar aqui que a formação do sul do Brasil ocorreu há uns 150 anos e teve seus
fundamentos principais na imigração européia, em pessoas às vezes naturais da mesma
aldeia que criaram aqui colônia com espírito comunitário, coletivo que se perpetua até
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hoje. A colonização no Nordeste tem 500 anos e baseia-se num sistema oligárquico, isto é,
não democrático, dividido entre a grande propriedade agrária e o minifúndio de
subsistência que dificulta qualquer tipo de iniciativa ou ação coletiva.
Por outro lado, as forças locais nem sempre têm condição de promover o
Desenvolvimento porfalta de uma instituição que conceitue o projeto, inicie-o, coordene a
ação, acompanhe sua realização. Também órgãos que participam ativamente do
Desenvolvimento Local muitas vezes não possuem os recursos humanos e o conhecimento
metodológico necessários para a elaboração de projetos territoriais. Desta forma, o
resultado da maior parte das iniciativas locais e até das políticas publicas municipais tem
um caráter extremamente limitado. Em suma, o "protagonismo local" que permitiria a
definição do território a nível local careceria de atores unifícadores, consensuais e
devidamente formados ou capacitados.
Próxima desta percepção é a opinião expressa por Franklin Coelho (COELHO, 2004):
"A organização do território que objetiva o Desenvolvimento Local deve ter como ponto
de partida o pacto territorial que viabilize a associação de interesses promovida entre os
20
"Pacto territorial" é outra expressão para designar o que chamamos de "Projeto Comum
de Desenvolvimento" que se origina na mobilização popular a partir de um determinado
problema local. Quem atua na esfera social e econômica sabe muito bem o quanto é difícil
conscientizar, animar, reunir populações, mesmo quando se trata de questões de interesses
de categoria ou simples dificuldades casuais. ODesenvolvimento Local junta-se, em certas
modalidades, ao espírito sindicalista, para detectar, denunciar e solucionar um problema
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por meio da justa reivindicação mas vai além disso, pois procura estabelecer novas formas
de relações que permitam antecipar a criação ou pioria de situações críticas.
Muitas organizações tais a Agenda 21, o Fórum para o Desenvolvimento Integrado e
Sustentável - FDLIS, SEBRAE, ONGs e comissões ou outros grupos formadas pelas
prefeituras padecem de coordenação e competências jurídicas claramente definidas, razões
pelas quais, infelizmente, muitas vezes suas ações são restritas.
O íundamento da ação é uma questão justamente destacada por Paula: "Quem possui a
autoridade, representatividade e legitimidade para decidir sobre o futuro das pessoas?"
Para ele, na base do desenvolvimento estão: a democracia, as relações sociais e a formação
de redes onde o poder é horizontal e não vertical, uma mudança radical de comportamentos
onde não se pensa mais em dominação política, exploração econômica e exclusão social.
Porém, podemos perguntar onde começa a rede, quem a inicia, a organiza, a conduz? Quais
são seus objetivos, suas dimensões espaciais, sua área de atuação?
Oaspecto predominante no território - e parece haver uma quase unanimidade por entre
os autores consultados - são as relações sociais que se estabelecem num processo histórico
combinatório assim como diz Milton Santos: "Modo de produção, fonnação social, espaço
- essas três categorias são interdependentes. Todos os processos que, juntos, formam o
modo de produção (produção propriamente dita, circulação, distribuição, consumo) são
histórica e espacialmente determinados num movimento de conjunto, e isto através de uma
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Ampliando essas noções haveria de procurar como essas relações sociais se manifestam
de ponto de vista formal e informal, ou seja, como a sociedade está organizada de maneira
geral e do ponto de vista individual. Em outras palavras, seria necessário antes saber como
os indivíduos se relacionam entre si, dentro do meio familiar, na rua, no bairro ou na
comunidade rural, e nos agrupamentos que inclui associações, empresas e cooperativas,
instituições administrativas etc.
As populações territoriais seriam, de certa forma, esses micro-grupos sociais que Michel
Maffesoli assimila ao tribalismo (MAEFESOLI, 2002), idéia que também desenvolve John
Naisbitt paraquem a volta das tribos é umadas conseqüências da globalização, um de seus
paradoxos (NAISBITT, 1994).
Para Fredrick Barth (apud CUCHE, 1996: 86-87), é na relação entre os grupos que
devemos procurar a identidade. Nada é mais complexo do que a definição de cultura e
identidade como lembra Denys Cuche (CUCHE, 1996).
22
Segundo Alex MucchielU, uma mentalidade carrega em si uma visão do mundo egera
atitudes e comportamentos em atos, um conjunto de predisposições psicológicas voltado
para um sistema de crenças e valores (MUCCHIELLI, 1985: 17-18). É um componente
essencial da identidade cultural de um grupo, aliás, dependente e estreitamente relacionada
a outros elementos que formam a identidade de um grupo (origens, posses, composição,
relações, produções...) {Idem: 21). E o autor enfatiza a importância da mentalidade dizendo
que "não se pode escapar de seu conhecimento para compreender as ações coletivas"
(Jdenv. 22).
elabora na relação que opõe o gnipo com os outros e possui em si uma dinâmica que lhe
permite evoluir.
Ochamado "Projeto de Território" que apresentamos aqui e tem nossa preferência por
entre as várias aplicações das teorias do Desenvolvimento Local {Ver anexo J).
O primeiro passo seria criar um Grupoi de Reflexão e Pesquisa, constituído por
membros da sociedade, na partecomunitária, administrativa, econômica ou educacional.
23
Nota-se aqui que tentamos esboçar esse grupo, conhecido como Centro de Pesquisas
Regionais de Arapiraca - CEPRAR e cujos objetivos e modos de funcionamento,
infelizmente, foram mal compreendidos por algumas instâncias acadêmicas, levando à
paralisação - esperamos provisória - do Centro.
O Grupo de Reflexão detecta ou define o problema inicial que pode ser do domínio
social, econômico, meio ambiental, político-administrativo etc. Realiza uma pesquisa de
campo em termos quantitativos (dados estatísticos) e qualitativos (depoimentos da
população) que são analisados, classificados para elabora um diagnóstico. Este pode
receber vários nomes em função dos órgãos que o realizam e de seus objetivos: Plano
Estratégico, Plano Diretor etc.
Por fim, cada proposta desemboca em um projeto, integrado aos outros, formando um
conjunto coerente.
Falando de medidas e projetos concretos, é bom salientar, para concluir, que a maioria
dos diagnósticos e propostas que tivemos oportunidade de consultar avançam medidas do
tipo: é preciso "promover, incentivar, estimular, elaborar, reunir, criar" etc. Raramente,
mesmo nos documentos que oferecem ações com objetivos claramente definidos e
estratégias detalhadas, encontramos idéias simples. Sugerir uma mudança de política do
governo em determinado setor não é uma medida concreta, "fomentar o artesanato"
tampouco é. Pedir o asfaltamento de estradas em zona rural para facilitar o escoamento da
produção e dizer quem vai estudar os aspectos técnicos, o custeio, financiar e realizar a
obra, é, sim, proposta concreta.
Por isso, acreditamos que devemos pensar antes de tudo em "mini-projetos". A maior
parte dos grandes problemas não podem ser resolvidos de maneira global. Solucionar um
problema é ter o conhecimento de sua complexidade e dos elementos que constituem
problemas menores ou sub-problemas interrelacionados. A eliminação ou menorização
25
O Desenvolvimento Local, para nós, e como seu nome sugere, não é "macro", mas sim,
produtores, analisar a cadeia produtiva e seus problemas, mas passa pela procura de
elementos comuns que possibilitem a ação.
' Anadia é apenas uma subdivisão de Marechal Deodoro, as outras são Maceió, Atalaia, Rio Largo, São
Miguel dos Campos, Pilar, Coruripe, quase todos criados na primeira metade do século XIX.
26
As outras subdivisões de Penedo, no século XIX, foram Piaçabuçu ePorto Real do Colégio
27
As sedes de municípios que são consideradas como zona urbana não passam de vilas.
Com excepção de São Sebastião, Girau do Ponciano, Lagoa da Canoa e Craíbas, que
abrigam mais de 6.000 habitantes, todas as cidades possuem entre 2.000 e4.500 habitantes,
o que corresponde à população de vilas do município de Arapiraca que são consideradas
como zona rural: Bananeiras, São Francisco, Canaã, Capim, São José, Pau d^Arco"* etc. As
infra-estruturas dessas vilas e sedes de municípios, muitas vezes, são de nível similar.
vilas e os bairros um tipo de "cultura comum" que seria entre o rural e o urbano, ou seja, a
rurbanidade
Não podemos esquecer que, durante décadas, Arapiraca viveu ao ritmo da lavoura do
fiirao. Na cidade, nas praças do centro, os produtores se reuniam para vender suas bolas:
quem não se lembra da "pedra"? Em inúmeras ruas havia salões cheias de mulheres e
crianças destalando fumo e cantando...; os rolos ficavam à mostra nas calçadas; os
armazéns das exportadoras estavam abarrotadas de folhas; a cidade toda cheirava a fumo...
Isso contribuiu a manter o espirito rural na cidade.
30
Ocaráter caótico do trânsito na cidade pode também ser um índice de que Arapiraca
ainda não adquiriu os reflexos urbanos. Odesrespeito das regras básicas do Código de
Trânsito é quase constante: faixas para pedestres, sinalização horizontal e vertical, mãos,
não uso do cinto de segurança e do capacete etc. A circulação de inúmeras bicicletas e
motos não facilita a organização do movimento, mas também influem a ausência de
sincronia entre os sinaleiros, a alternância ilógica das mãos, os espaços suficientes ou
adequados para o estacionamento. Em breve, e de maneira geral, inexiste um plano de
trânsito coerente, mostrando assim a carência da visão urbana por parte dos responsáveis
da Prefeitura Municipal ou que, pelos menos, estes não souberam acompanhar oprogresso
da cidade.
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O mesmo poderíamos dizer a respeito das infra-estruturas básicas. A cidade não tem
saneamento, a iluminação pública é deficiente, há locais sem energia (FACOMAR, 2003).
Mas o aspecto mais saliente é a falta de calçamento em bairros junto ao centro. Em
Primavera eBrasília, por exemplo, apenas alguns grandes eixos são pavimentados, mais da
metade das ruas são de terra e cheias de buracos, sem falar na lama em época de chuvas.
Esses bairros são parecidos às vilas da zona rural tais quais Bananeiras, São José, Batingas
ou Canaã. As ruas de outros bairros residenciais como, por exemplo, Nova Esperança,
Brasiliana, Planalto são totalmente desprovidas de calçamento e estes não seriam muito
diferentes de povoados rurais se não fosse aaparência mais conceituada de algumas casas e
moradias.
Em muitos aspectos, Arapiraca se mostra como avila que cresceu rapidamente demais.
31
Maria José Carneiro (2004) e sua equipe estudaram a população jovem de duas
comunidades rurais, nos estados do JiÜo Grande do Sul e do Rio de Janeiro. A autora
mostra que o vai-e-vem entre a tradição e a modernidade leva a formação de um espaço
indefinido, justamente qualificado por ela de ruvbano.
A escolarização parece serum dos fatores principais de mudanças no mundo rural, tanto
por razões educacionais quanto materiais no município de Arapiraca.
A taxa de alfabetização é extremamente baixa na RFA (45%), sendo desta forma um
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- Um hectare em Alagoas é equivalente a, aproximadamente, três tarefas. Lembra-se que se considera como
Agnc^tura Familiar a propriedade que vai até 4 módulos fiscais de 15 ha, ou seja, um total de 60 ha. A
maioria dos produtores da RFA, ede outras regiões do Nordeste, possuem apenas um terço de um módulo A
redefinição da Agricultura Familiar, portanto, ou a diferenciação das faixas de produtores aparece como
fundamental na elaboração de políticas. Aliás, isso foi uma reivindicação da CONTAG quando da criação do
PRONAF (Santos, 2001).
33
3. CONCLUSÃO
1, RÍEV/SÃO BIBLIOGRÁFICA.
Alguns trabalhos são específicos demais para serem utilizados como fonte de análise de
nosso tema. É o caso da tese de Fernando Lira (LIRA. 1987). Cláudia Malta traçou o
"perfil sòcio-econômico das famílias de produtores e trabalhadores na região fumageira de
Alagoas" (MALTA, nov/99), mas o resultado do estudo só serve em termos comparativos
com a situação atual, pesquisa de campo nossa em curso.
Paulo Henrique Almeida, recuando até o início da colonização, aponta como causas da
decadência na Bahia após a segunda guerra mundial, fatores importantes tais quais as
condições do mercado, internacional e nacional (demanda), as mudanças no consumo (do
charuto para o cigarro), fatores técnicos e financeiros (dificuldades de adaptação, carência
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de capital) (ALMEIDA, 1983). A pesquisa, porém, foi realizada antes das crises que
flagelariam a fumicultura nas décadas de 70, 80 e 90.
(justamente por causa do fumo de corda), entrando os fatos em forte contradição com as
idéias que ela desenvolve.
Atese apresenta os defeitos de muitos trabalhos de cunho marxista onde ateoria supera
a realidade. A autora, pesquisando no campo, tinha, a nosso ver, um tema de ouro -
realização naquela época mais fácil do que hoje - que era aexistência dessas relações pré-
capitalistas, típica da época colonial e de muitas décadas do século XIX. Contrapondo-as
às relações realmente capitalistas, o estudo teria permitido trazer uma valiosa luz sobre a
evolução da agricultura nordestina, sem fugir de sua linha ideológica.
Outra tese de caráter marxista é a de José Alberto Ramos que apresenta as mesmas
carências. O autor insiste em comprovar que a decadência é o fato das empresas -
principalmente multinacionais —e da concentração do capital. Deixa de lado, contudo, os
fatores internacionais (queda da demanda do flimo baiano), setoriais (campanhas
antitabagistas, mudanças nos produtos e nos hábitos dos consumidores) e ainda muitos
outros tais como as questões fiscais, omitindo o autor o fornecimento de dados estatísticos
comparativos relativos à produção ou a composição do capital empresarial (RAMOS,
1990).
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situação presente, faltando ainda elementos que os limites do estudo proposto talvez não
permitisse desenvolver (MESQUITA / OLIVEIRA, 2004).
Ultimo trabalho conhecido é a tese de Moisés Caiu de Oliveira que mostra como se
reorganiza aos poucos o espaço agrário na região fumageira de Alagoas a partir do declínio
da cultura do forno (OLIVEIRA, 2004). A pesquisa, apesar de ter sido realizada antes da
recente e grave crise do setor, vai ser um imiportante instrumento para a compreensão das
mudanças a virem e o planejamento da economia regional.
Por fim, convém citar alguns estudos que se inscrevem na continuidade de nossas
pesquisas sobre a história e economia do fumo brasileiro; constituem uma tentativa de
esclarecer os aspectos mais escuros das últimas décadas de fomicultura no Nordeste.
Em 2001, na ocasião do Sô/itináno sobre a cultura dofumo que realizamos em parceria
com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais no município de Irará, na Bahia, esboçamos a
idéia de "falsa decadência" como um dos fatores de análise da recente evolução da
fomicultura nordestina, mostrando, do ponto de vista da Bahia, a estreita relação entre os
Estados da Bahia e de Alagoas, onde se houvesse crise em um dos Estados, o mesmo
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talvez não acontecesse ao nível regional (NARDI, jul/2001). Dois anos depois, retomamos
a mesma idéia, desta vez com o ponto devista de Alagoas (NARDI, 2003).
A comparação ou integração dos Estados da Bahia e de Alagoas numa só "unidade
produtora" - aqui designado por simplificação como "Nordeste" - é uma chave para a
compreensão da evolução da fomicultura em cada um deles, além dos inúmeros fatores de
interferência; permite diferenciar as noções de decadência e de crise e explica a
divergência das percepções locais.
comprar escravos.
Um pouco da produção baiana fica para o consumo local e também vai para o Rio de
Janeiro. Contudo, com a descoberta do ouro e o desenvolvimento da atual região Sudeste, a
quantidade do fumo baiano é insuficiente para atender as necessidades. Começa então, por
volta de 1720, a cultura do fumo em Minas Gerais. Cresce tanto a produção que o fiimo
mineiro chega a ser exportado ffaudulosamente para as colônias espanholas vizinhas de
Montevidéu e Buenos Aires.
Àvéspera daIndependência, o Brasil produz cerca de 9.500 toneladas, sendo 9 mil pela
Bahia e 500 pelas Minas Gerais. O mercado europeu representa 70% das exportações e a
África os 30% restantes.
O fumo de corda da Bahia é destinado ao mercado interno, mas pelas dificuldades das
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Ofumo de corda é picado pelo próprio consumidor que enrola seu cigarro. Mas também
é desfiado de forma semi-industrial e serve para a fabricação manual de cigarros. Assim
aparecem fábricas de ílimo desfiado e cigarros nas principais capitais do país ainda que as
maiores indústrias se desenvolvam no Rio e em São Paulo.
A partir de 1880, a fabricação dos cigarros passa a ser totalmente mecanizada graças à
invenção de máquinas cada vez mais sofisticadas. Depois de 1910, o cigarro toma-se o
principal produto do fiimo consumido no mundo.
Todos os fumos cultivados no mundo são de tipo escuro, ou negro. Mas criam-se nos
Estados Unidos, por volta de 1870, novos tipos de fiimos - o virginia e o burley -
conhecidos como "fumos claros" cujo mercado não pára então de crescer. Os fumos claros
começam a ser produzidos no Brasil em 1920, no Rio Grande do Sul e Santa Catarina; é a
"segunda revolução ílimageira brasileira".
41
Apartir daí, o Brasil divide-se em três regiões, conforme o tipo de fumo cultivado {Ver
anexo 7):
a) Aprimeira região é a região Sul (R.S, SC e PR) com os ílimos claros para cigarros;
b) Asegunda região reúne parte da produção da Bahia e de Alagoas com o ftimo em folha
escuro para charutos e cigarros;
Nota-se aqui que o Estado de Sergipe pertence exclusivamente à terceira região. Reage,
como qualquer outro estado, às flutuações da produção nacional de corda mas fica alheio
aos movimentos do "Nordeste fumageiro" tal qual o definimos, razão pela qual não ficou
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Durante a fase conhecida como "milagre brasileiro", entre 1966 e 1975, entram no
Brasil outras empresas multinacionais tais quais a Philip Morris e a R. J. Reynolds que
tentam competir com a BAT, dona da Souza Cruz. Mas a Souza Cruz existe no país há
muitos anos e possui uma experiência deste que os outros grupos não têm. Assim após
anos de luta, apenas a Philip Morris consegue se manter no Brasil ficando com uma fatia
de 15% do mercado nacional.
43
O fato principal que inicia a crise é o dobramento do preço do flimo na Bahia, entre
1974 e 1978, em dólar, ou seja, em valor constante, tanto ao nível do produtor (corda e
folha) quanto na exportação, sendo que este sobe de menos de 1 dólar o quilo para 2
dólares. As causas dessa mudança não são ainda muito claras. Pode ter razões nacionais e
internacionais. A queda da produção de fumo de cordaem outros estados brasileiros ou de
fumo em folha escuro em outros países pode ter aumentado a procura do fiimo baiano e ter
tido um efeito no preço. Mas constatamos que entre 1970 e 1975 dobratambém o preço na
Indonésia, principal concorrente de fumo baiano no mercado internacional, passando de
44
1,24 para 2,27 US$/Kg (FAO, 2004). Acreditamos então que, em reação, as empresas da
Bahia "reajustaram" o preço do ílimo local para adequá-lo ao mercado externo, havendo
um efeito similar no preço da corda.
somam-se, chegando a níveis absurdos: cerca de 50 mil toneladas em 1982! A oferta é duas
vezes superior à demanda e o mercado acaba regulando a produção. Na luta feroz que opõe
os dois estados, por uma questão de qualidade e preço, a Bahia está obrigada a abrir mão
desse fumo, entre 1983 e 1985, ficando apenas com o flimo em folha. É um fato histórico
de primeira importância, pois termina aqui 400 anos de cultura do fumo de corda na Bahia.
termos econômicos, representava cerca de 80% do valor gerido pelo fumo no Estado, em
transformação industrial, comércio e tributos.
Mas isso não impede a concorrência de crescer, em particular do Equador cujo tabaco
negro compôs ovolume das 3.600 toneladas produzidas em 1987 (ECUADOR, 2004). As
exportações triplicam em menos de 10 anos: 241 t. (1985), 700 t. (1990) e 750 t. (1995)
(FAO, 2004)
GRÁFICO 1
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FraXÇto[^ERJVD^D^^CFOESTE(EA•^^ 1945-1990-Tcrelacte
7Q000 - 64476
eaoco -
51.687
4S8CA 47.440
50lOOO • 44S38 40414
^135
37280
40000 • 45.517 34.068
31.414 31506
30.000 -
17ai9
2QOOO - 10665 27.196 '•-.16X12
5339 10549
IOlOOO - 1.267
1 1
1
—ALAGCAS —TCIWL
E preciso anotar aqui uma das maiores dificuldades da pesquisa: as estatísticas nunca
separam o fiimo de corda do fumo em folha e temos que recorrer a informações de campo
e estimativas. Aliás, os dados não precisam ser rigorosamente exatos, desde que estejam
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coerentes: o que importa são astendências. Também é bom lembrar que ambos os produtos
são cultivados em áreas separadas na Bahia, enquanto são misturados em Alagoas.
A crise na Bahia, porém, não foi percebida pelo setor produtivo e empresarial do fumo
em folha, concentrado no Recôncavo, já que apenas o setordo fumo de corda foi atingido e
sendo este cultivado em regiões periféricas, ou Sertão. No caso de Alagoas, vemos que não
se pode falar de maneira alguma de decadência, mas sim, de crescimento. Porém, segundo
opiniões relatadas por Gusmão, dá para entender que certos atores do setor fumageiro de
Arapiraca, em 1983, já percebiam o aumento da produção, e até seu excesso, como uma
crise e diziam que se não se tomasse providência esta ia ser pior: como já salientamos a
atual crise era previsível. As questões das relações de produção, da qualidade, dos preços,
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A análise da crise em Alagoas fíca, mais uma vez, sujeita à escassez de dados. As
informações fornecidas pelo IBGE, que constituem a fonte oficial, não correspondem com
dados de outras origens (Secretaria de Planejamento do Estado, empresas) e de maneira
alguma à realidade constatada no terreno. A discrepância de dados decorre antes da falta de
recursos do órgão que não pode realizar aprimoradas pesquisas de campo em cada ano.
Por outro lado, convém dizer que os produtores, por desconfiança ou ignorância, não
sempre comunicam as informações exatas, exagerando ou diminuindo a área cultivada, a
produção e o valor da venda.
Isso vem modificando as percepções da evolução do setor por aqueles que utilizam
apenas esses dados (pesquisadores universitários ou técnicos) e por aqueles que estão
confrontados à verdadeira situação.
Assim, o IBGE continua registrando altos Índices de produção entre 1998 e 2000
enquanto se verifica o declive nas roças e nas indústrias. Em 1998 e 1999 o volume
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produzido seria de, respectivamente, 31.270 e 32.148 t.. isto é, sensivelmente igual ao dos
anos anteriores e a crise ocorreria somente em 2000 com 15.876 t. (menos 50,6%). No
entanto, a produção de folha em Arapiraca, que está atrelada à produção de corda, registra
quedas sucessivas de 25%, 37,5% e49,3% entre 1998 e 2000, segundo fontes empresariais.
A crise, portanto, começa efetivamente em 1998 e para medi-la de forma quantitativa e
comparativa temos que recorrer a cruzamento de informações e cálculos que permitem
obter dados nunca satisfatórios, pois deixam margens a dúvidas. Voltamos a dizer que vale,
sobretudo, a tendência.
Depois há uma primeira caída de uns 27% entre 1990 e 1995. No entanto, há
divergências nos dados relativos ao período 1991-1994, indicando alguns uma tendência á
produção elevada, com uma média em tomo de 31 mil t. e outros uma tendência ao declino
com uma média de 27 mil t.
GRÁFICO 2
35.000 31.584
31.414
29.322
30.000 . 27.198
20.000 - 17.619
16.885
13.151
1Z281
15.000
1 8.772
10.000 -
5.339 % B i 6.670
5.000 1.287
k gld é
k Kí'
1945 1955 1965 1975 1980 1935 1990 1995 1997 1998 1999 2000 2001 2002
A partir de 1998, há uma tremenda queda de 77% da produção no espaço de três anos.
Em 2001 há uma pequena recuperação, mas em 2002 a safi^a volta a cair, mostrando a
tendência dos anos a virem.
50
No gráfico 3, vemos que o consumo aumenta entre 1950 e 1980 mas depois cai. No ano
2000 está igual ao consumo de 1950.
GRi^LFICO 3
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FONTES: IBGE,AB1F1JM0,AFUBRA.
consumo global de fumo permaneceu estável, o que corresponde a uma diminuição efetiva
do consumo per capita (AFUBRA, 2004).
A partir de 1990 aparece o contrabando dos cigarros que domina uns 30% do mercado
em 2000. Isso acelera a queda do fumo de corda. Esse contrabando é uma das
conseqüências diretas da lei antifumo de 1996.
GRAFICO 4
1.172
1.052
800 84S
— I.OII
646
636
410 180
254 . 67
GRií.FICO 5
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Outra causa é a queda do consumo de cigarros escuros, ficando estes tipos de íumo
quase restritos à fabricação de charutos e misturas para cachimbo. Hoje representam uns
20% dos fumos consumidos no mundo.
Só para dar um dado, a França, que sempre foi um dos principais consumidor desse
tipos de fumo, viu cair de 70% as vendas de cigarros escuros em 25 anos. Aformação da
União Européia e a quebra do monopólio estatal nesse país nos anos 70 facilitaram a
circulação dos cigarros de fumos claros, modificando o gosto dos fumantes. O mesmo
fenômeno ocorreu na Espanha, embora mais rápido, pois entrou na União somente em
1986 (ENTREVISTAS). Outros dados confirmam essa tendência: as exportações dos
Camarões, na África, um dos principais fornecedores da França em fumos escuros para
cigarros, caíram de 2 milhões de toneladas em 1980 para 290 mil em 1995 e 90 mil em
1998, ou seja, de quase 100% em 18 anos (FAO, 2004).
Podemos ter uma idéia dessa queda no Brasil comparando as exportações da Bahia e de
Alagoas entre 1975 e 2003 {ver gráfico 6).
Vemos que a tendência geral está no declínio, pois em 25 anos as exportações passam
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Dez anos depois (1994) a situação parece relativamente estável, sensivelmente idêntica
à do ano de 1983 no qual Alagoas representa 75% das exportações e a Bahia 25% (seria
talvez uma fase de recuperação em nível regional, mas faltam dados para confirmar essa
opinião).
Mas a partir de 1995, as exportações globais voltam a cair: -40% em 1996 e -20% em
1998. Desta vez é Alagoas que mais padece da crise. Em 2000, o resultado é catastrófico,
pois o volume é de apenas 1.654 t., o que representa umaqueda de 90% em relação a 1995
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(17.125 t.) e 76% em relação ao ano anterior (7.119 t). Em 2003, a perda regional é de
70% mas de 86% em Alagoas e 7% na Bahia, em relação a 1995 e anos anteriores.
GRAFICO 6
40.000 37.100
35.000 32.940
30.000 25.968
25.000 22.113 21.840
21.425
18.620
20.000 12.731
♦
15.000 12.787..
10.000
5.000
/ Aec9-193
-
6.461
6.410
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1 I I
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Há ainda fatores internos que teriam tido uma grande influência na crise. Aquestão está
ainda em suspenso, pois a realidade da crise é atualmente objeto de estudo e não se
reuniram ainda todos os elementos de análises. Venhamos aqui responder a algumas
hipóteses que são lançadas pelos atores em Arapiraca.
Oprimeiro fator seria a fim do financiamento bancário para a cultura do fumo. Alguns
testemunhas dizem que essa mudança ocorreu há 5 ou 6 anos. Mas a legislação que proíbe
o crédito bancário para a cultura do fiimo teve início na safra de 2001. Acrise é anterior. O
que aconteceu provavelmente é que, com a crise de produção, os agricultores não tiveram
mais as condições de sacar as dividas e osbancos deixaram de financiá-los.
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O secundo fator seria o grande estoque que teriam acumulado as empresas e alguns
produtores de fumo de corda: esse estoque teria sido liberado a partir de 1998. E mais
provável que a queda das vendas lenha proporcionado grandes quantidades de fumo
estocado. Mesmo assim, é difícil acreditar que esses estoques pudessem representar 10 ou
15 mil toneladas durante cinco anos, ou seja, um total de 50 a 75 mil toneladas. E mania
pôr a culpa em alguém (geralmente as empresas, os produtores ou os poderes públicos)
quando não se pode explicar um acomecimento.
O terceiro fator seria, segundo muitas pessoas, a baixa qualidade que teria adquirido o
fumo em Arapiraca nos últimos anos. Os produtores misturariam o fiimo com água, areia
ou outras folhas para aumentar o peso e conseguir melhores preços. Mas discordamos
dessa opinião porque já se falava a mesma coisa no período colonial e temos como prova
disso vários relatórios da época bem como o Alvará de 1775 que baixou o Marquês de
Pombal, ministro de Portugal, sobre as formas adequadas de cultivar o fiimo (NARDI,
1996). Portanto, acreditamos que as eventuais misturas no fiimo de corda sempre
existiram.
56
O "boom" dos charutos aumenta a procura dos fiimos escuros para enchimento e capa,
porém, convém assinalar que as quantidades necessárias para a fabricação de charutos são
ínfimas em relação aos volumes consumidos pela indústria dos cigarros: 100 toneladas
permitem produzir milhões de charutos, grandes e pequenos; o impacto do "boom dos
charutos", portanto, em termos de quantidade produzida é relativamente pequeno. Mesmo
assim cresce a produção de fumos para charutos em muitos países. Nos Estados Unidos a
folha conmcticíit ganha fama e até chega a ser importada pelos fabricantes da Bahia! O
Equador passa a produzir ótimas folhas conmcticut e sumaira e conquista mercados
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CO
fatores climáticos, técnicos ou econômicos. As produções da Bahia e de Alagoas
completam-se.
GRÁFICO 7
tendência
32
Crise de Nc 23
anos
superprodução Estabilidade relativa 12 anos
10 anos Crise
Estab. ?
3 anos
i" t 1
in in
5- (í) fSI
O) O)
.Si
Assim prepara-se a crise que ocorre na quarta fase, de 1998 a 2000. Mas o mercado
externo é apenas um elemento desta crise, já que se combina com a queda da demanda do
fumo de corda no mercado interno. No caso, a lei antifumo de 1996, involuntariamente,
favorece o desenvolvimento do consumo de cigarro de contrabando que prejudica o
consumo de fumo de corda no Brasil e a produção deste.
Estamos hoje na quintafase que é, talvez, de estabilidade, mas por quantos anos?
tradicional e essa mudança, a nosso ver, só poderá se realizar se for feita em nível coletivo,
isto é, mediante a associação e acordo de todos os atores da cadeia produtiva. E isso
possível?
ajudasse a aprimorar a compreensão das crises. Contudo, faltam ainda muitas informações,
quantitativas e qualitativas, que permitam tal metodologia.
Nota-se, sim, a existência de duas crises estruturais maiores que envolvem tantos os
lugares de produção quanto os volumes e tipos de fumo produzidos.
A primeira crise (1975-1985) leva ao sumiço da cultura do fiimo de corda da Bahia sem
atingir totalmente o setor do fumo em folha. Não se trata de decadência mais de termino
61
puro e simples de uma cultura tradicional e secular; se fosse uma empresa falaríamos em
"falência".
Hoje, os agentes da cadeia produtiva bem como as pessoas vinculadas à economia dos
Estados da Bahia e Alagoas consideram que a fiamicultura está em decadência sem
perceber que se trata de uma nova crise, de certa forma "anunciada" pela primeira. Não
conhecemos suas conseqüências, pois estamos ainda vivendo a situação; apenas podemos
especular sobre o futuro da íiimicultura nordestina. Assim acreditamos que ainda por
muitos anos haverá necessidade de fumos em folha nordestinos no mercado internacional,
para charutos, cigarros e misturas, embora o volume dificilmente puder ultrapassar 2 ou 3
mil toneladas. No que diz respeito ao fumo de corda, é mais provável que o cultivo
desaparecerá progressivamente.
4. CONCLUSÃO
Mostrar a realidade dos fatos e destruir os mitos faz parte do papel do economista, ou do
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historiador-economista, para trazer uma melhor compreensão dos mecanismos que regem
um setor de atividade e contribuir com uma adaptação mais suave às mudanças necessárias
para amelhoria das condições de vida das populações. Épelo menos o que tentamos fazer.
Assim, a decadência da cultura do flirno no Nordeste é ao mesmo tempo um mito e uma
realidade. É uma realidade porque, efetivamente, houve diminuição da produção de forno
de corda, do forno em folha e das exportações entre o final da segunda guerra mundial e
hoje. No entanto, é também um mito porque foi se repetindo anos após anos que a cultura
estava em decadência em época em que não era. Justifica-se essa percepção apenas pelo
seu caráter local ou setorial e circunstancial, quando cai a produção em determinado lugar
e de determinado produto. Mas de maneira global, isto é, a nível regional, a evolução da
fomicultura apresenta-se diferentemente. Com efeito, o que se considerava como
"decadência" era, na verdade, crises estruturais de grande importância e não se pode
confundir crise com decadência. A construção do mito deve-se, tanto pelos atores quanto
pelos autores de teses, ao fato de ter considerado os problemas de forma parcial e,
sobretudo, não ter considerado a estreita ligação entre os Estados da Bahia e de Alagoas; as
62
análises que se fizeram até agoranão conseguiram agregar os inúmeros elementos e fatores
que contribuíram nas crises e finalmente para a decadência da cultura do fumo nordestino.
Por outro lado, esse estudo mostra que não podemos limitar-nos a simples análises
quantitativas e que múltiplas razões econômicas nacionais e internacionais, técnicas,
fiscais, legislativas e também sociais e psicológicas interferiram na evolução da
fumicultura tomando extremamente complexa a análise da questão. Os movimentos
nacionais e mundiais que influíram sobre o declínio são importantes e resultou deles a
quedasimultânea do consumo global do fumo, dos cigarros de fumos escuros e do fumo de
corda.
A mistura dos segmentos dos fumos para corda, cigarros e charutos, até chegando a ser
produzido numa só planta como acontece em Alagoas, com suas respectivas relações de
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O que importa hoje é que a crise do ílimo atinge profundamente Arapiraca e sua região:
numa rápida avaliação, perderam-se uns 25 mil empregos na zona rural e 8 ou 10 mil na
indústria e no comércio, no espaço de cinco anos.
63
Isso significa que o ílimo ocupou uni espaço dominante na economia de Arapiraca e
teve uma influência primordial sobre a formação da sociedade local e sua organização. A
crise deveria ser o revelador desse processo histórico.
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65
Juntam-se a estes produtores aqueles que estão em outros setores agrícolas e praticam
uma agricultura diversificada ou a pecuária; são médios e grandes produtores, fazendeiros,
com recursos próprios ou acesso fácil ao crédito; são empresários; é o agro-negócio. E o
setor que recebe mais ajuda do governo federal. Em 2003, foram liberados 32,5 bilhões de
reais para a agricultura por meio do Plano Agrícola e Pecuário, sendo 27 (83%) destinado
ao agronegócio e 5,4 (17%) para a Agricultura Familiar, apesar de esta gerar "7 de cada 10
emprego no campo", segunda apostilha do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento.
para utilizar para esse fim. Haveria de analisar como o grau de escolaridade e formação
profissional interfere nessas relações.
Na tabela 2, consideramos dois anos A e B com produção similar à dos anos 2003 e
2004.
procura é alta, a concorrência forte e o preço médio oferecido alto: 10,00 R$ o quilo. O
valor da produção é então de 60 milhões de reais, o que corresponde ao faturamento do
agricultor.
Supomos que todo o fumo seja desfiado e empacotado por uma empresa. As 6 mil
toneladas permitem produzir 150 milhões de pacotinhos de 40 gramas (o peso líquido é na
verdade de 36 ou 38 g) que, vendidos a 1,00 R$ a unidade, dão um faturamento de 150
milhões de reais, quase três vezes superior ao do agricultor.
No ano B, o alto preço do fumo precedente anima o agricultor que dobra sua produção.
Mas o aumento da oferta tem um efeito sobre a demanda e cai o preço médio para 5,00 R$.
Assim, o faturamento do agricultor é igual ao do ano anterior enquanto aumentou suas
despesas em insumos, terra ocupada e tempo de trabalho e, consequentemente, diminuiu
sua renda líquida.
69
N° de pacotinhos de 40 g
ANCA 150.000.000 1,00 150.000.000
A empresa dispõe este ano de mais fumo, 12 mil toneladas, com as quais fabrica o
dobro do número de pacotinhos em relação ao ano anterior e também fatura duas vezes
mais, ou seja, 300 milhões de reais e cinco vezes mais do que o agricultor.
Dessa forma, vemos que a variação da produção de ftimo de corda tem uma
conseqüência global e natural no volume e na circulação do dinheiro na região (diminuição
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Nota-se que essa classificação difere um pouco das estatísticas do IBGE ou de outras
pesquisas porque consideramos apenas os produtores de fiimo. OLIVEIRA (2004), por
exemplo, realizou outra pesquisa de campo em Arapiraca com os estabelecimentos onde há
fumo e outras lavouras. Aqueles de até 5 ha. (15 tarefas), representam 75%, de 5 a 10 ha.
(15 a 30 tarefas), 16,5%, de 10 a 20 ha. e mais de 20 (30 a 60 tarefas), 9,2%.
A produção máxima segundo a maioria dos produtores é de 3 bolas por tarefas, ou seja
900 kg/há., o que é um rendimento relativamente baixo. Mas a maioria não consegue isso,
chegando apenas a 2 bolas quando não for 1,5 ou I só como no ano passado, chegando o
rendimento a 300 kg/ha.
Dai calcula-se a renda bruta média entre as diferentes categorias na base deum preço de
5 reais (Ver tabela 3).
71
mini média
maxi
Nesse cálculo, constatamos que 83% da renda do fumo ficam na mão de 22,6% dos
produtores e 4% somente em posse de 50% dos produtores que nem conseguiriam ter um
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salário mínimo de renda bruta mensal. Imaginamos o que seria a renda real, descontados os
gastos em eventuais adubos e terra arrendada, em horas trabalhadas, A repartição seria
ainda mais desigual se incluíssemos a produção dos agricultores de grande porte que
indiretamente são produtores de fiimo e de que falamos acima.
Embora o raciocínio seja baseado numa situação meramente teórica, ele permite
entender que a riqueza do fumo ficou quase sempre transferida do campo para a cidade,
mantendo a zona rural em situação sócio-econômica de estagnação, ao passo que crescia a
zona urbana. A indústria atraiu o dinheiro de fora pela venda de seu produto, aumentou o
volume e a circulação interna, fortaleceu e ampliou as atividades econômicas e melhorou o
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Nota-se aqui que o fumo vendido em corda teve um efeito similar, ainda que de menos
importância, pois o preço é apenas um pouco superior ao preço pago ao agricultor e de
muito inferior ao do produto manufaturado. Seria talvez em tomo de 12 e 7 reais,
respectivamente, nos anos A e B.
Analisando os dados recentes, podemos ver que a variação da produção de fumo influi
na economia geral do município através da evolução da arrecadação do ICMS.
1998 21.053
Agora é fácil imaginar o que representou a riqueza do íumo quando a produção era de
30 mil toneladas na região fumageira e 15 mil no município de Arapiraca (anos 70 e 80). A
atividade teria gerido anualmente, na mesma base de cálculo, mais de 1 bilhões de reais,
cabendo a metade "somente" em Arapiraca. Mesmo sendo a cifra muito inferior, e pagando
apenas 10% de impostos, o setor do firmo, sozinho poderia ter realizado quase todo o
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de Arapiraca a situação dos mais de 5.500 municípios brasileiros, num processo piramidal,
aumenta a dívida pública dos estados e ex-tema do país. Isso gera ainda mais dependência
(FMI) e desigualdade social (GONÇALVES/ POMAR, 2000 e 2002).
Com a crise do íümo que se delineou no decorrer da década de 90 e, sobretudo a partir
de 1998, mostrando uma queda de 70% da produção, agravaram-se o desemprego e a
pobreza no município. Mesmo assim, aumentou a riqueza, pois cresceu o PIB per capita
passando de 1.475 para 1.667 e 2.376 dólares nos anos 1991, 1996 e 2000. A taxa foi de
+13% entre 1991 e 1996 e +42,5% entre 1996 e 2000, sendo esta última superior à taxa
constatada no Estado de Alagoas no mesmo período (Ver tabela 5).
+42,5 1 2488
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Essa situação paradoxal é um forte índice de que a repartição do dinheiro do fumo tenha
sido desproporcionada e que apenas uma pequena faixa da população se aproveitou
realmente da riqueza que, conforme o faturamento teórico que descrevemos, apesar da
crise fumageira, continuou existindo. Escavou-se então o abismo entre os mais ricos e os
mais pobres. Uma grande parte da população, hoje mais carente, de baixa renda ou sem
renda nenhuma, ficou assim excluída do processo de desenvolvimento que a cultura do
fumo desencadeou e a percentagem que representa em constante aumento.
médio na região fiamageira de Arapiraca foi de 74,4%. Chega a +94% emLagoa da Canoa,
o que parece fora da realidade. Pensamos que, para melhorar o índice, muitos municipios
tenham matriculado oficialmente um grande número de alunos nas escolas, sem levar em
consideração a qualidade do ensino e si evasão escolar; ainda haveria de contabilizar o
número de pessoas que deixaram a escola depois da 3® ou 4"" série, esqueceram tudo, isto é,
ler e escrever, e voltaram a ser analfabetos... (Ver tabela 6).
FONTES: SEPLAN/AL
A crise flimageira mais recente, nos últimos oito anos, acarretou novos problemas
principalmente urbanos.
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bairros mais afetados, passando de 439 para 660 o número de casos, sendo mais da metade
constatados no Centro, e o ano 2004 ainda não terminou... (AT, 38/2004).
O Conselho Tutelar e Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente também
registra o aumento de 36% nos atendimentos, no mesmo período. O "direito à convivência
familiar e comunitária" é que domina com 66% dos casos.
São assim inúmeros problemas administrativos crescentes, sempre mais agudos, que o
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governo municipal —e estadual —tem que enfrentar, sem ter os recursos suficientes para
isso, já que o fumo não injeta tanto dinheiro quanto antes, mesmo sendo este na economia
informal.
É quase impossível, pela falta de informações adequadas, saber com exatidão quais são
as atividades da população de Arapiraca. Como incluir o setor informal, os inativos,
aqueles que vivem de bico, os desempregados reais, os ociosos? No entanto vamos tentar
uma avaliação juntando dados e cálculos, por mais arbitrárias que sejam determinadas
classificações e aleatórios os resultados.
zona urbana, 61.000 homens e 55.000 deles com idade entre 25 e 49 anos.
O número é relativamente esdrúxulo (mas perto daquele calculado acima a partir dos
dados do Estado) porque incluímos na população ativa os desempregados pela
impossibilidade técnica de separar aqueles que são realmente desempregados e procuram
um trabalho daqueles que trabalham no setor informal, ou vivem de bico. Desconhece-se a
cifra exata do desemprego. O dado utilizado é próximo daqueles que são geralmente
avançados (entre 20 e 30 mil pessoas) por responsáveis da cidade. A categoria
representaria 13,9% da população total e29,4% da população ativa. No estado de Alagoas,
^Aimportância deste setor em Arapiraca énatural por serasegunda cidade do Estado, mas, mesmo assim, é
mfenor no que diz respeito ao número de pessoas que ela ocupa em Palmeira dos índios ou Maceió eque se
situa em tomo de 35% da população ativa.
79
a taxa de desemprego em 1999 era de Vi,6% na zona urbana e 6,9% na zona rural (LIRA,
2004).
Feitas essas ressalvas, a agricultura, ou setor primário, aparece como dominante com
20,5% da população total, o que não é surpreendente por uma cidade qualificada de
"capital do ílimo". Pretende incluir o dado, baseado no número de estabelecimentos rurais
do município, a Agricultura Familiar e os trabalhadores rurais.
Digitalizado em: 13/11/2015 - 11:19:19
% 47 53
A avaliação, por exemplo, mostra o peso dos feirantes, com 2,5% da população ativa,
equivalente à percentagem da indústria, e integra a atividade da "maior feira livre do
Nordeste" no perfil sócio-econômico da cidade.
Também os artesãos, presentes todas as sexta-feira na Praça Luiz Pereira Lima e todo
Digitalizado em: 13/11/2015 - 11:19:19
Por entre as pessoas inativas, entram as crianças de Oa 9 anos que não vão na escola, os
idosos de 60 anos e mais, embora muitos deles continuem trabalhando e os estudantes.
Juntas, as três categorias atingem 53% da população e totalizam 98.288 pessoas.
Por fim, incluímos um dado "técnico" para completar o número certo de habitantes de
Arapiraca, 186.466 pessoas.
82
13,3%.
O setor dos Transportes (10,6%) não inclui os moto-taxistas que são cerca de 800, no
setor formal e informai, e com eles viria a subir o setor no ranking.
Ocupadas
Todos os demais setores se situam abaixo de 6%, Alguns setores se destacam porque
existe uma atividade dominante. Éocaso do setor Saúde, Beleza que representa 5,8% por
causa do número de farmácias (111 pessoas) e também do setor Comunicação, Cultura,
Lazer que conta com 108 pessoas nas oficinas eletrônicas de rádio eTV. Osetor Madeiras,
Móveis têm reputação de ser importante da cidade, mas sua participação é baixa (1,9%),
inferior ao setor Construção, Ferramentas, Vidros (4,9%). Podemos constatar afraqueza do
setor Turismo, Hotelaria (1,1%). O setor Agrícola é insignificante porque é formado
essencialmente por depósitos de adubos; é possível que a participação seja ainda menor
hoje, devido à queda da demanda em adubos porcausa da crise da cultura do fumo.
Esse retrato da repartição sócio-profíssional da população de Arapiraca abre algumas
perspectivas.
ou prostitutas é significativo.
econômicos, promoção da cidade para atrair empresas e visitantes que gerariam renda de
que toda a população se beneficiaria.
2004, ao tema com duas páginas inteiras, além do editorial, e a seguinte manchete; "A
morte anunciada da cultura".
Segundo Ana Cavalcante, autor dos artigos, o município "é considerado como um
celeiro de cultura, com representantes de destaque em várias áreas, do artesanato, teatro,
folclore, literatura, artes plásticas e música, para citar algumas".
Com unanimidade, a falta de apoio e investimento institucional é responsável pelo
vácuo cultural.
Não existe lugar adequado para espetíiculo variado, com acústica, iluminação, cenário
de qualidade e conforte para os espectadores. OEspace, local para realização de eventos,
não é apropriado para espetáculos culturais e, segundo a opinião de Albério Carvalho,
presidente da ONG Candeiro Aceso organizadora do Festival de Artes de Arapiraca desde
2003, a sala da Casa da Cultura não passa de "um grande salão com um monte de cadeira".
De fato, o ponto forte desta Casa é sua biblioteca, com um acervo de aproximadamente,
20 mil títulos, embora nem todos nas prateleiras, por falta de um sistema informático e
funcionários. A freqüentarão média situa-se entre 200 e 350 pessoas por dia. Em sala
Digitalizado em: 13/11/2015 - 11:19:19
Por falta de apoio, a Fundação Morro Santo, não conseguiu fazer a encenação daPaixão
do Cristo na Páscoa de 2003, que acompanhava, desde 1996, a procissão do Morro Santo
da Massaranduba, tradição religiosa na Semana Santa existente havia mais de um século.
Para o coordenador da Fundação, Wagno Luís de Godez, as pessoas de Arapiraca têm
cultura, mas "a maioria não tem contato com a arte e, por isso, não gostam. O problema é a
falta de incentivo" (AT, 10/2003).
Mesma constatação de Sérgio Lúcio, diretor do trio elétrico Chiclete com Cachaça, a
respeito da Micaraca 2003. "O evento não contou cora o apoio da prefeita. Em vez dela
incentivar os foliões, disse que não queria a festa e que a Micaraca seria acanhada". De
fato o caniaval fora de época - que em qualquer outro lugar faz sucesso - foi um fracasso
público e muitos pensavam que seria a última edição. "É uma pena", lamentou um
estudante, acrescentando que "Não existe nenhuma outra festa na cidade onde a gente
87
possa sedivertir degraça" (AT, 10, 2003). No entanto, a edição de 2004 aconteceu de 10 a
12 de setembro, mas apesar do ano eleitoral, não foi melhor, para o publico e até encolheu,
segundo o Alagoas em Tempo (AT, 40, 2004)
É lugar-comum dizer que a televisão é responsável pela falta de interesse das pessoas
poratividades "culturais" tão simples quanto a leitura dejornais, o cinema ou o teatro. Mas
poderíamos acrescentar as outras culturas de massa que são a radio e a indústria do disco
que diminuem o interesse pelo espetáculo "erudito". A vulgarização das fitas vídeo e do
videocassete, e agora do DVD, transformou a vida do homem, pois ele tem o
entretenimento em casa (quase) de graça.
bairro emArapiraca em cada duas, três semanas, em função da aceitação do público; vai ao
encontro deste, como antes se fazia de vilas em vilas, povoados em povoados. "As
telenovelas liquidaram o teatro circense", diz Jonas. Ele estranha ao constatar que o
público é hoje constituído na sua maioria por homens adultos, em vez de crianças, que vêm
ver as "rumbeiras". Enquanto, antigamente eram apenas uma atração de intervalo, hoje
virou quadro principal do circo: "O pessoal está mais interessado em pornografia, não
entendo porque isso acontece, disse Jonas, na praia ou na piscina eles podem ver mulheres
com menos roupas" (AT, 10, 2003).
Ir ao circo por esse motivo seria o resultado da baixa renda da população que não tem
condição de freqüentar piscinas e praias como não tem o poder aquisitivo para comprar
revistas, cassetes video e DVDs especializados. Mesmo vestida, a "rumbeira" seria um
suporte para soltar a imaginação do homem e os especialistas em psiquiatria relacionariam
provavelmente esse comportamento a uma grande fhistração, uma "miséria" sexual...
Mas também a falta de lazeres na cidade é patente. A depressão é uma das maiores
causas de suicídio em Arapiraca (CAVALCANTE, 2001).
88
O que seria típico de uma cidade quase não existe. Oúnico cinema, alguns anos atrás,
só mostrava filmes pomos, como na maioria das pequenas cidades do interior. Sobra então
a freqüentarão dos bares, cabarés, strip-teíise, das "tocas" e danceterias.
As casas de festas, tipo Everz/o 'sou Es^aaço Livre, parecem substituir, na cidade, o baile
ou forró de noite de sábado da zona niral como se vê pela simplicidade do lugar -
geralmente um galpão meio aberto - e a apresentação de uma banda de qualidade
discutível (um teclado e um cantor, às vezes um contrabaixo).
Impressionante é o número de lugares de prostituição. São, na maioria dos casos,
espaços em íiindo de casa, de uma tristeza incrível, assim como a boate de strip-tease {By
Nights Drinks).
Parece que cada um desses grupos tem seus lugares prediletos e não se misturam entre
Digitalizado em: 13/11/2015 - 11:19:19
si, sobretudo no que diz a classe média com o povo. A classe média ou elite se reúne em
festas privadas ou em clubes fechados. A classe trabalhadora prefere estabelecimentos do
tipo "bar do caldinho" que são pontos de encontro, de entretenimento (DVD musical e
jogos de futebol) e de descontração.
A<5 estatísticas não deixam destacar a faixa clária 15-25 anos que seria mais adequada para falar da
juventude.
Alaranja teve no crescimento de Limeira um papel similar ao do fumo em Arapiraca.
89
arapiraquenses vestidos com elegância que vão ao forró, show de Calypso, Kctrisma ou
qualquer outra banda, são iguais a todos os demais jovens que, nas pequenas cidades do
Brasil, querem se divertir, escutar música, dançar e paquerar.
Destarte, a visão da cultura em Arapiraca fica distorcida por uma elite que não quer
enxergar como ela também é, essa mistura derural e urbano, depassado com modernidade.
Não adiante querer que Arapiraca seja ií^ual a qualquer grande cidade ou capital do país,
Digitalizado em: 13/11/2015 - 11:19:19
porque não é. Por isso, há de valorizar a cultura local, deixando de desprezar o "popular".
Pelo contrário, há de resgatar esta cultura, tentar compreendê-la em todas as suas
modalidades e graus de desenvolvimento, ampliá-la, dando-lhe por isso os meios
financeiros, materiais e educacionais, pois assim se transformaria paulatinamente, a
momento qualquer, em "erudito" genuinamente arapiraquense.
situações é possível que apareça alguém para tirar proveito. Podemos relacionar esse valor
a outro que seria o respeito da ordem. Atrelar-se-ia a esses valores o fatalismo - a
aceitação da vida como ela é - e seu corolário que é acreditar que ela é o resultado da
vontade de Deus e que só ele pode mudá-la, faz com que as pessoas se acomodem de
qualquer situação e vivem em total passividade.
Apesar de sua honestidade, em inúmeros casos, o arapiraquense não cumpra o que ele se
comprometeu a fazer. Assim não vai a um simples encontro amistoso ou profissional, não
comparece em reunião ou evento ainda que tenha "assegurada", "garantida" sua presença,
não entrega trabalho ou outros documentos que prometeu. Quem não ficou esperando um
colega, a relação profissional que, muitas vezes, nem tenta avisar a ausência, nem
apresenta desculpa? A palavra, em Arapiraca, não ter valor; é falta de comprometimento.
Esse comportamento existe no campo quando, por exemplo, o produtor firma, de forma
orai, um "contrato" de fornecimento de matéria-prima a um atravessador, uma indústria ou
empresa e, na hora de vender, conclui a venda com outro comprador porque este oferece
um preço muito atrativo. Em setores profissionais urbanos, não é muito diferente. O
resultado dessa mentalidade é que se toma difícil dar fé na palavra do outro. A falta de
91
vaidade, que seria responsável por boa parte do fracasso dos projetos e programas, até
criaria empecilhos para trava qualquer forma de ação.
qualquer pessoa que merece auxílio. Aajuda toma-se totalmente ineficaz se, por parte da
pessoa que a recebe não há nenhum sinal de continuidade, ou seja, que o apoio foi útil e
serviu para, senão de modo ocasional, a dita pessoa se conscientizar que ela mesma pode
modificar suas condições com um pouquinho de ação própria. Quem procura melhorar a
vida das pessoas mais carentes está muito ciente disso. Confrontada todos os dias a
situações extremas, apessoa que tenta mudar as coisas, muitas vezes, fica sem saber oque
fazer. Avontade, agenerosidade tem seus limites. Apartir do momento em que apessoa
beneficiada só recebe enão aceita, de maneira alguma, fazer qualquer coisa para ajudar asi
mesmo, então não há solução moral, religiosa ou política que possa funcionar.
Também levanta-se muito cepticismo no que diz respeito às chances de instaurar-se em
Arapiraca uma economia solidária". li difícil pensar em soluções comunitárias ou
coletivas para resolver os problemas locais. Preciso, portanto, ainda aprofundar os
conhecimentos das mentalidades locais para descobrir os meios que os moradores estão
prontos a aceitar para mudar deles mesmos a própria vida deles. Enquanto não se fizer esse
trabalho de fundo, pensamos que todas as experiências de desenvolvimento estarão sujeitas
ao mesmo destino, isto é, terminar no nada.
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5, CONCLUSÃO
Tentar descrever uma sociedade em toda sua complexidade não é tarefa fácil. Vemos
que os dados estatísticos não são suficientes para repartir a população em camadas sociais
coerentes, por serem incompletos. Além disso, o caráter oficial, a padronização dos
critérios de seleção das estatísticas, necessária para as comparações, deixa de lado
especificidades locais que o olhar do morador ou do pesquisador facilmente percebe.
Assim, mesmo que de maneira imperfeita, acreditamos ter integrado aos dados
quantitativos elementos qualitativos (categorias) que fazem com que oleitor arapiraquense
se sinta mais próximo de nosso retrato do que das tabelas frias do IBGE ou outro órgão.
Por outro lado, a pesquisa qualitativa sobre as mentalidades mostra a grande dificuldade
em traduzir para quadros sintéticos numerosos fatos constatados no cotidiano, nas relações
93
mudanças em Arapiraca.
Nas lavouras temporárias, o ílimo domina, mas por quanto tempo? O que poderia
substituí-lo? A introdução da cana-de-açúcar e do arroz não seria possível devido à
estrutura agrária e o meio ambiente do município. As lavouras que já existem (abacaxi,
algodão, feijão, mandioca e milho) poderiam ser expandidas, mais outros produtos tais
como amendoim, batata doce, fava aparecem como novas opções.
96
Arroz 0 40687 -
Cana-de-açúcar 0 27798034 -
Fava 0 238 t _
Castanha de caju 0 78 t 0
Coco-da-baia 0 56118 mil frutos 0
iLaranja 0 186353 mil frutos 0
Limão 0 2742 mil frutos 0
Mamão 0 236 mil frutos 0
Manga 0 18033 mil frutos 0
m- PRODUÇÃO ANIMAL
Asininos 235 7804 Cabeça 3,0
Bovinos 16532 778750 Cabeça 2,1
Bubalinos 0 2105 Cabeça 0,0
Caprinos 2622 48718 Cabeça 5.4
Codomas 0 103912 Cabeça 0,0
97
ARAPIRACA ESTADO
Digitalizado em: 13/11/2015 - 11:19:19
VALOR VALOR % % %
PRODUTO
Amendoim - 10 - 0,0 -
Nbmona - 1 - 0,0 -
Aparte norte do município é a área que parece mais propícia à atividade de criação
(pastagens) e a participação da produção animal de Arapiraca no Estado mostra que o
município ainda possui muitas oportunidades de expansão em caprinos, ovinos, suínos ou
codornas, coelhos, além de galinhas, fiangos eovos que representam aproximadamente um
quarto da produção estadual. Aestrutura agrária, limitaria a pecuária e a produção de leite.
O valor da produção restringe-se às lavouras temporárias, por não haver produção
permanente e, infelizmente, faltar os dados relativos à produção animal (Ver tabela J3).
Vemos então que Arapiraca atinge apenas 1, 6% da produção estadual, devido à
importância da cana-de-açúcar que representa 88,5% do valor. Mesmo extraindo este valor
do total estadual, Arapiraca nem chega aos 15% do valor da produção no Estado e a
introdução e ampliação de atividades aumentaria este percentual. É uma questão de
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Esse rápido exame mostra que Arapiraca está muito abaixo de seu potencial de
produção, tanto em termos de quantidade e valor atuais quanto na abertura de novas
atividades diversificadas. Oaproveitamento desse potencial passaria pela organização das
cadeias produtivas de tal maneira que os ai^ricultores e criadores de animais - sobretudo os
da pequena Agricultura Familiar que são amaioria —não entrem em negócios arriscados,
assegurando-lhes o financiamento adequado, a assistência técnica e a venda de seus
produtos.
quando, um funcionário vem acrescentar cloro! Além do mais existe apenas uma bomba,
insuficiente em determinadas hora, deixando a população sem água nenhuma... Em dias de
chuva a água que sai da torneira tem cor de suco de caju!
lhes tinha emprestado quando se principiaram as obras da referida usina e acabaram por
desistir. Mas essas mulheres são animadas, têm vontade de produzir, e competências, mas
faltam-lhes as condições mínimas para se estruturar em associação ou cooperativa, em
particular a assistência técnica.
Independentemente disso, as duas federações parecem ser mais uma plataforma política
do que um instrumento de ação em prol das comunidades^. Os dois presidentes afastaram-
se do cargo em 2004, por serem candidatos a vereador, em coligações diferentes (aliás,
como muitos responsáveis de outras instituições).
Ofato do ano 2004 serdeeleições municipais pode ter influído nesta percepç«io nossa.
103
Outros presidentes preferem ser apolíticos e abrem sua porta a todos os candidatos ou
nenhum deles. Desta forma respeitam a deontologia associativa que pressupõe que o
presidente seja o representante da comunidade inteira, na qual se expressam várias
opiniões políticas, epor essas duas razões não pode, dentro das atribuições efunções pelas
quais foi eleito, se pronunciar a favor de tal ou tal partido.
A filiação ou apoio a um determinado partido pode vir prejudicar a comunidade, pois,
sendo os adversários eleitos na prefeitura, estes não teriam escrúpulos em castigar a
comunidade do dito presidente deixando de assumir o compromisso pelo qual também
foram eleitos, que é de administrar toda a população sem forma alguma de discriminação.
De maneira geral, acreditamos que essas questões venham prejudicar o movimento
comunitário como ator local, pois, além da divisão institucional, os associados parecem ter
pouco interesse nas associações. Em 2001, na ocasião do diagnóstico efetuado pela
FACOMAR, a taxa de adesão ao trabalho foi em tomo de 5% na zona mral e 24% na zona
urbana. As reivindicações e/ou ações são geralmente voltadas para questões de infra-
estruturas (calçamento de rua, iluminação, segurança, abastecimento em energia e água,
creche, escola, casa de farinha, campo de íiitebol etc.).
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Na mesma linha de pensamento, vemos que a luta pelo poder e a renda fácil está
perturbando a criação da Cooperativa de Crédito Rural de Alagoas - COOPCRAL. Aidéia
foi lançada em 2003 e inspirada pela SICOOB de Feira de Santana, naBahia, que funciona
muito bem.
Não podemos entrar em detalhes nesse assunto em andamento. Salientamos apenas que
a COOPCRAL ainda não existe e nem começou a fiincionar que já vive de brigas internas
104
a respeito da eleição da diretoria e dos salários dos membros da mesma. Por enquanto
espera-se a decisão do Banco Central para sua criação, mas mesmo assim, o ambiente em
que está se construindo deixa supor que corre orisco de não atingir seus objetivos efechar
lapidamente suas portas como muitas outras cooperativas alagoanas. O sistema
cooperativista dificilmente funciona em Alagoas. Já houve várias tentativas que foram
desastrosas tais quais à da CAPIAL criada nosanos 80.
Erradicação do Trabalho Infantil - PETI deixam boas esperanças para as populações mais
carentes, mas nem sempre atingem os resultados esperados em Arapiraca. Sem levar em
consideração os desvios, supostos ou comprovados, dos recursos, muitas famílias
contempladas não procuram melhorar de vida, pela formação, busca de emprego ou
atividade, e se limitam aviver com odinheiro recebido (renda fácil) cuja quantia, às vezes
corresponde ao salário mínimo que a família, ou seu chefe teria se tivesse trabalhando. O
baixíssimo nível salarial do Brasil érespoiiisável por esse tipo de comportamento.
O programa Fome Zero do Governo Federal é um fracasso segundo o depoimento do
responsável por sua implantação, Carlos Alberto. Múltiplos são os problemas:
administrativos, políticos, financeiros, criminosos. Existem inúmeras irregularidades.
Arapiraca deveria ter oito comitês gestores mas cinco seriam suficientes para realizá-lo.
No entanto, existe apenas um que "não vem cumprindo suas atividades... porque não sabe
- ou não quer - fazer o programa funcionar". Dois integrantes do comitê eleito passaram
por um treinamento para saber como o programa funcionar, mas "por incapacidade ou má
vontade esse treinamento não foi bem passado para os outros integrantes". Além do mais
105
Na área da educação, a situação é muitas vezes crítica, aliás, como no Brasil inteiro, e
não convém aqui tratar dos numerosos problemas que existem em todo o município de
Arapiraca: estabelecimento, material, transporte, salário e formação dos professores,
merenda etc. (AT, 32). Podemos contudo dizer quer a falta de recursos municipais e a
migração rural, decorrentes dacrise do ftimo, são fatores agravantes.
O PETI - Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, de que se beneficiam 71532
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crianças, apesar de seus generosos objetivos gera muitos problemas. Sem falar das
denuncias feitas pela Câmara de vereadores de desvio de verbas por parte da responsável
do programa na Prefeitura, vê-se, sim, as crianças nas escolas, mas não nas salas de aulas.
Em determinadas comunidades o PETI funciona no salão comunitário por que não tem
espaço na escola. Muitas vezes não tem mesa nem cadeira com prancha para escrever. Os
professores e monitores reclamam da falta de material didático, de orientação; algumas
turmas compreendem alunos que vão da 2® até a 7® série, obrigando-os a uma complexa
pedagogia diversificada.
Como já felamos, o risco do PETI é que as crianças saem sem conhecimento de técnica
agrícola e não querem mais trabalhar na roça, ficando na ociosidade e, por alguns deles, na
marginalidade.
Mesmo assim o PETI e seu recém-criado Fundo Comunitário dão alguns exemplos de
retornos positivos. Na Vila São José, 154 famílias utilizam o crédito oferecido - 400 reais
por família - para desenvolver a criação de bodes, cabras e porcos (O JORNAL,
19/09/2004). Nototal, são 250 famílias contempladas pelo sistema no município.
106
A palestra principal que durou quase duas horas, por mais interessante que foi, falhou
muito em termos informativos sobre os aspectos realmente técnicos, a questão da
assistência técnica e dos aspectos financeiros (custo de produção e renda bruta e líquida)
fundamentais para os pequenos agricultores.
Consórcio.
O Consiagre, com as dúvidas que levanta, aparece mais como uma iniciativa privada
tentando utilizar os recursos públicos para a montagem, funcionamento e administração de
interessesparticulares do que uma entidadevoltada para o bem do pequeno agricultor.
como a maior parte dos projetos, reservado a uma categoria deagricultores de porte médio
ou grande: o pequeno agricultor, por falta de terras, de recursos, e por sua necessidade de
produzir gêneros alimentícios para seu próprio sustento estaria excluído de tal atividade.
A criação recente de uma cooperativa, ao nível do Nordeste (Alagoas, Pernambuco,
Paraíba e Rio Grande do Norte) viria confirmar isto: "Trata-se de uma cooperativa (...)
ftmdada por um grupo de empresários, pecuaristas e profissionais liberais ligados ao
agronegòcio (GA, 29/08/2004); a criação de avestruz esta implantada há cinco anos no
município de São Sebastião e não em Arapiraca...
Esses três projetos, embora tenham chance de realização em Alagoas, não parecem
adequado, por suas próprias estruturas, para o município deArapiraca. Confrontados com a
realidade territorial, eles superam as possibilidades e destaformanão passam de propostas,
vindo de interesses privados, e justificativas para dizer que se faz algo do que real vontade
de resolver os problemas neste município.
A SEAGRI alguns tempos atrás dispunha apenas de um carro (às vezes sem
combustível) e um técnico, insuficiente para atender as eventuais necessidades de apoio ou
assistência (não é caso único no Brasil), O órgão, seguindo as diretivas estaduais, este ano
2004, estava mais preocupado pela importante questão da febre aftosa que motivou várias
reuniões em nível regional. Existem projetos e muitas participações em eventos.
Vários técnicos trabalham na SMA, mas não vimos muitos resultados concretos no
campo, ainda que saibamos que há assistência técnica e desenvolvimento de projetos.
Também atua na construção de poçosartesianos e açudes para irrigação.
Entretanto, para a opinião da população rural, a Secretaria Municipal está muito carente
e não consegue atender as necessidades.
As explicações muitas vezes eram expreissas com linguagem técnica pouco acessível aos
produtores. No final de algumas reuniões ouvimos conversas particulares entre os
agricultores, cada um procurando do outro saber o que tinha entendido e percebemos que
se transmitiam desta forma muitas informações errôneas.
Assim, tivemos a impressão que a única informação que sobressaiu dessas reuniões,
pelo menos na maioria da população presente, é que através do PRONAF se podia "tirar o
¥
111
dinheiro", considerando o agricultor estis dinheiro como uma "doação", pois este ia ser
utilizado inadequadamente para a compra de alimentos, roupas ou ainda sacar outras
dívidas.
Assim, a SMA apenas teve um papel meramente administrativo, no caso, uma extensão
do programa PRONAF sem grande interferência nos seus objetivos; o que era importante
eracadastrar e não saber se o dinheiro ia serefetivamente utilizado para os devidos fins.
Tivemos depois confirmação da falta de atuação da SMA neste particular quando
ocorreram problemas com os bancos financiadores do PRONAF (Banco do Brasil e Banco
do Nordeste) a partir do final de maio e até o mês de agosto. Não houve intervenção para
ajudar os agricultores, por depoimento dos mesmos e dos próprios técnicos da SMA Se
acontecesse em alguma ocasião, isso não chegou a nosso conhecimento.
O principal problema das secretarias de agricultura, que, infelizmente, não é privilégio
das de Alagoas ou de Arapiraca, estaria nas suas estruturas e na (in)definição de suas
competências.
Digitalizado em: 13/11/2015 - 11:19:19
A falta de recursos patente (existe há. anos...) corresponde a uma política geral onde o
investimento no setor primário é deficiente, apesar do Brasil ser um país onde a agricultura
é uma atividade dominante. O agronegócio recebe a maior parte das verbas alocadas ao
desenvolvimento agrícola. Os programai! em prol da Agricultura Familiar, que em número
de estabelecimentos é majoritária, não atingem os pequenos produtores que também
constituem uma maioria.
contrário da política geral, pois as empreisas agem em função de seus interesses próprios e
não dos interesses sociais e coletivos.
Moisés Caiu de Oliveira mostrou na sua tese de mestrado (OLIVEIRA, 2004) o papel
riindamental que tiveram e tem algumas en^resas em Arapiraca e região para o
Desenvolvimento Local, tanto no setor da agricultura pelas culturas que promovem quanto
Digitalizado em: 13/11/2015 - 11:19:19
A cultura orgânica também tem tudo para dar certo, apesar dela ainda ser muito tímida.
Originou-se em iniciativas privada e associativa tais quais, respectivamente, a Vale Verde
e a Aragreste (Associação Rural Agro-ecològica do Agreste), ambas criadas em 1996.
Apesar de ser vista como uma volta ao passado, a cultura orgânica possui regras e técnicas
rígidas (SILGUY, 1998; DOUZOU, 2001). Na Europa as exigências são tais que muitos
produtores não conseguem ser "creditados" para colocar nos seus produtos o label
"orgânico" ou "biológico". Em Arapiraca, o mesmo acontece: pouco mais da metade dos
Digitalizado em: 13/11/2015 - 11:19:19
Com esses exemplos, vemos que a parceria é um fator determinante para a realização de
ações concretas que dão resultados. Que seja privada, individual ou associativa, a iniciativa
precisa de instituições que lhe permite estruturar-se. Nesse sentido, foi recentemente criada
a empresa Ara Pesquisa (www.arapesquisa.com) que pretende cadastrar todas as empresas,
industriais, comerciais ou de serviços, e instituições de Arapiraca, dando acesso aos sites
das mesmas. Esse banco de dados inédito futuramente poderá ser um ótimo instrumento
para a identificação de atores e busca de parceiros.
114
Vem se construindo em Arapiraca uma nova força apartir de três entidades, com apoio
de vários parceiros, que são oSEBRAE/^lL, oFórum do Desenvolvimento Local Integrado
e Sustentável - FDLIS e a Agenda 21
Não precisa mais apresentar o SEBRAE que há anos, com pesquisas eprojetos próprios
além de participação em grandes programas, contribui ao Desenvolvimento Local
(SEBRAE/AL, 1997, 1998, 1999).
Criado em 1999, seguindo o programa chamado de "Comunidade Ativa" (FONTES,
2004), o Fórum do Desenvolvimento Local Integrado e Sustentável é composto de um
conselho de mais de 75 membros que representam os mais diversos setores de atividade,
profissões e administração: associação comercial, sindicatos rurais, secretarias municipais,
professores universitários, empresas privadas, estabelecimento de ensino regular e
professionalizante etc.
integrantes desta coordenação, oFDLIS não realiza diretamente os projetos que lança, mas
pretende detectar os problemas e apoiar, até "pressionar", os órgãos competentes para
solucionar os problemas. Eis aqui alguns exemplos: Revitalização do comércio (mediante
melhoria das inffaestruturas). Parque Ceei Cunha, Praça da Rodoviária, Banda Peti,
Unidade de produção de alimentos Centro administrativo (redução de contrapartida),
Barragem da Bananeira (redução de contrapartida). Centro de zoonoses (redução de
contrapartida de equipamento).
Uma das realizações das qual o FDLIS se sentiu mais útil é a alfabetização de jovens e
adultos em que o programa, junto com escolas da rede municipal e estadual, com apoio de
MEC, atendeu 10.800 alunos em três anos enquanto a meta era de 10 mil.
No entanto, o FDLIS aparece mais como um conselho consultivo, sem poder real, uma
autoridade moral mais do que um órgão com largas competência e margem de ação.
Assim que já foi dito, a Agenda 21 é uma idéia que surgiu na já citada II CNUMAD de
1992. A agenda de Arapiraca nasceu em julho de 2004 e tem um plano de ação de 14
meses, com recursos principais de Ministério do Meio Ambiente, de que depende.
115
A Agenda 21 apresenta-se como um projeto "de cima" feito com atores "de baixo".
A grande dificuldade a nosso ver, que encontraria a Agenda é, primeiro, a dificuldade
era motivar, reunir pessoas participantes de forma efetiva e constante. Precisa de tempo
para isso. O segundo receio é que a equipe esteja presa por suas obrigações "contratuais"
em relação ao MMA, tendo que cumprir as etapas, realizar os trabalhos e que, também por
falta de tempo, todo essetrabalho fique na superficialidade.
Apesar desses empecilhos, todas as pessoas que participaram das reuniões do
SEBRAE/AL, FDLIS e da AG21, nos últimos meses tiveram o sentimento que um forte
movimento estava se criando e que o "protagonismo local" estaria se associando aos
programas (inter)nacionais.
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Ô. CONCLUSÃO
Arapiraca nasceu e cresceu com o fumo, viveu ao ritmo de sua produção. Visto pelo
cunho da evolução dessa lavoura, o que narramos é muito diferente da tradicional história
dos Manoel André, Nunes Pereira ou Paula Magalhães. Ainda que criada na segunda
metade do século XDC, a sociedade que se assentou no fumo reproduziu os moldes
herdados da época colonial, na base de relações mercantilistas, ou seja, pré-capitalistas. O
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processo de formação não diferiria, nas suas linhas gerais, do de toda a sociedade alagoana,
se acreditamos no que diz Fernando Lira a esse respeito e o contexto geral, a crise
conjuntural e estrutural do Estado de Alagoas, não é muito favorável ao Desenvolvimento
Local de Arapiraca.
Entretanto, Arapiraca possui inúmeros recursos naturais de qualidade: clima, terra, água.
As oportunidades de atividades agrícolas são diversificadas: milho, algodão, fumo,
mandioca, feijão, hortaliças, frutas, apicultura e piscicultura, criação de animais de
pequeno porte. O solo é rico em mais de dez tipos de minerais. Em termos empresariais ou
118
Mas a economia, até anos recentes, esteve quase que exclusivamente relacionada a uma
só atividade agrícola: o íumo. A organização da sociedade impede em curto prazo
mudanças estruturais fundamentais. O conservadorismo, bem como o conformismo,
dificulta a introdução de novas tecnologias e formas de organização social e produtiva. O
individualismo compromete as organizações e ações coletivas. A falta de
comprometimento impossibilita a realização de projetos a médio ou longo prazo.
As infra-estruturas do município, tanto na zona rural quanto na zona urbana, são
deficientes: energia, água, ruas e estradas sem pavimento, transporte e comunicação. Em
quase todos os setores agrícolas, há carência ou desorganização da cadeia produtiva. A
estrutura fundiária dominante que é o minifúndio fecha a porta a muitas mutações. O
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No estado atual de nossa pesquisa, não podemos ter propostas imediatas. Como já
frisamos setorialmente em quase todas as partes do texto, o Desenvolvimento Local na sua
totalidade dependeria de conhecimentos, coordenação, e elaboração de micro-projetos
concretos, integrados, voltados para a resolução de problemas maiores formando assim
uma estrutura piramidal. Tentar solucionar os problemas da Educação, por exemplo, é
enfrentar um dragão tentacular. Aumentar o número de escolas, melhorar a formação dos
professores, dar-lhes mais material didático, providenciar a merenda, estão medidas ao
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alcanço do município mas que também dependem de uma política geral, nacional, que está
longe de satisfazer as necessidades qualitativas e quantitativas. A educação é um
investimento em longo prazo, quem recolheria os frutos da presente ação seria a geração
que está nascendo agora. Em suma, a chave do Desenvolvimento Local estaria mais na
metodologia do que na execução de programas e projetos, mesmo bem conceituados,
parciais e aleatórios.
futuro próximo, incerto mas que não pode ser pior. Há de superar o medo, ter coragem e
ousadia. As mutações sociais, econômicas, espaciais, não se farão sem essa transição para
um novo "ser arapiraquense" que compartilha os problemas, divide o poder pelo exercício
da real democracia, a consciência da cidadania, isto é, o sentimento de pertencer a uma
mesma comunidade, visando o coletivo antes dos interesses particulares.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
Nota prévia. Devido ao importante número de documentos consultados pela Internet, bem
como fontes de mesma origem, a apresentação da presente bibliografia difere das normas
geralmente estabelecidas.
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8. JORNAIS E REVISTAS
ANEXOS
PROBLEMA
INICIAL
PESQUISA
Quantitativa Qualitativa
(dados (depoimentos)
estatísticos) Análise
Classifícaç-ao
DIAGNOSTICO
ANALISE ANALISE
EXTERNA INTERNA
/ \
OPORTU AMEAÇAS PONTOS PONTOS
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DEFINIÇÃO DO
TERRITÓRIO
T
BALANÇO
PROPOSTAS PROPOSTAS
PlUORIDADES
PROJETO DE TERRITÓRIO
II
PROJETO DE TERRITÓRIO
Longo prazo
CADA PROJETO
Mobilizar Financiar
ATORES PARCEIROS
FINALIZAR
III
SF
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IV
Craibas
Taquarana
^^RAPIRACA
Giraii do Limoeiro do
Ponciano Anadia
Lagoa
c[a
Canoa
Feira
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Grande
Campo
Grande São
Sebastião
MARECHAL
DEODORO 1636
Am^DIA
18 01
Limoeiro de Anadia
1882
Arapiraca
1924
Junqueiro
1903,35,
47
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Coite do
Craíbas
Giráu do 1982
PENEDO TRAIPU
Ponciano
1636 1835
1958
Feira Grande
1889/1935
Campo Grande
1960
1 - ALAZÃO
2 - ALTO DOS GALDINOS
3-BAIXA DA HORA
4-BAIXA DA ONÇA
5 - BAIXA DO CAPIM
6 - BÁLSAMO
7 - BANANEIRAS
8 - BARREIRAS
9 - BATINGAS
10-BOM JARDIM
n -BOMNOMEI
12-BOM NOME II
13 -BRAÚNAS
14 - BREU
15 - CAJARANA
16 - CAMPESTRE
17 -CANAÃ
18 - CANGANDU
19-CAPIM
Digitalizado em: 13/11/2015 - 11:19:19
20 - CARRASCO
21 - CORREDOR
22 - ESPORÃO
23-FAZENDA VELHA
24-FERNANDES
25-FLEXEIRAS
26-FURNAS
27 - GENIPAPO
28 - GRUTA D'AGUA
29 - INGAZEIRA
30 - ITAPICURU
31 - LAGOA CAVADA
32-LAGOADÁGUA
33 - LAGOA DE DENTRO
34 - LAGOA DO MATO
35 - LAGOA DO POÇÃO
36 - LAGOA NOVA
37 - LARANJAL
38 - LOGRADOURO SÃO PEDRO
39 - MANGABEIRAS
40 - MASSARANDUBA
41 - MULUNGU
42-MUNDONOVO ^
VII
43 - OrriZEIRO
44 - OLHO D*ÁGUA DE CIMA
45-PAUD'ARCO
46 - PAU FERRO DOS LARANJEIRAS
47-PÉ LEVE VELHO
48-PERUCABA
49-PIAUÍ
50-POÇÃO
51-POÇO DA PEDRA
52 - POÇO DE BADCO
53 - POÇO DE SANTANA
54 - QUATIS
55-RIO DOS BICHOS
56-SANTA MÔNICA
57 - SAPUCAIA
58 - SERRA DOS FERREIRAS
59 - SERROTE DO JOÃO DIAS
60 - TABOQUINHA
61 - TAQUARA
62-TERRAFRIA
63 - TINGUI
64 - UNBUZEIRO
65 - VARGINHA
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66 - VILA APARECIDA
67 - VILA SÃO FRANCISCO
68 - VILA SÃO JOSÉ
69 - VILA SÃO VICENTE
70 - XEXEU
71 - BARRO VERMELHO
VIII
PI
AL 115
AL 486
AL 220
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AL 115
Escala aproximativa
01 - ALTO DO CRUZEIRO
02 - BAIXA GRANDE
03 - BAIXÂO
04-BOA VISTA
05 - BRASÍLIA
06-BRASILIANA
07 - CACIMBAS
08 - CAimUS
09 - CANAFÍSTULA
10 - CAPIATÃ
11-CAVACO
12 - CONJUNTO MANGABEIRAS
13 - ELDORADO
14 - GUARIBAS
15-ITAPUÃ
16 - JARDIM ESPERANÇA
17 - JARDIM TROPICAL
18-MANOELTELES
19 - NOVA ESPERANÇA
20 - NOVO HORIZONTE
21 - O. D'ÁGUA DOS CAZUZINHAS
22 - OURO PRETO
23 - PLANALTO
24-PRIMAVERA
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25-SANTAEDWIGES
26 - SANTA ESMERALDA
27 - SÃO LUIZ
28 - SÀO LUIZ II
29 - SENADOR ARNON DE MELO
30 - SENADOR NILO COELHO
31 - SENADOR TEOTÔNIOVILELA
32 - SÍTIO RIACHO SECO*
33 - VERDES CAMPOS
34 - ZÉLIA ROCHA
35 - CENTRO**
36-POÇOFRIO**
37-ROSA CRUZ**
BA
ePI
AL 220
30 TA
AL no
AL 220
LA
34 03
35
Digitalizado em: 13/11/2015 - 11:19:19
CENTRO
09
24
27
28
33
AL 110
Região 2
BA+AL
Fiuiios escuros
Folha
(cigarros)
(chaintos)
16%
Região 3
BA+AL+
outros estados
„Fiunos escuros
Corda
UmAS G£ftA{$
(ciganos)
5%
A Região 1
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RS+SC+PR
SANTA CATARINA Fumos claros
Folha